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L Í NG U A P O RT U G UE S A
SUMÁRIO
1. Compreensão e Interpretação de Textos...................................................................... 03
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
COMPREENSÃO E
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
DEFINIÇÃO DE TEXTO
A palavra texto, sem sombra de dúvida, é familiar a qualquer pessoa e aparece frequente-
mente no linguajar cotidiano, mas o texto não é simplesmente um aglomerado de frases.
De acordo com Infante (1998, p. 90),
“A palavra texto provém do latim textum, que significa ‘tecido, entrelaçamento’. Há, por-
tanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que o texto resulta de uma ação de
tecer, de entrelaçar unidades e partes a fim de formar um todo inter-relacionado. Daí po-
dermos falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua
coesão, sua unidade.”
“Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu.
De uma forma ou outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar
de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples
notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre uma intenção por trás”.
Portanto, num texto, o significado de uma parte depende de sua relação com as outras
partes, tornando-se uma estrutura construída de tal modo que as frases não têm significado autô-
nomo, pois o seu sentido depende da correlação que elas possuem com as demais frases.
Não podemos esquecer que existem textos verbais e não verbais, consistindo aqueles dos
textos escritos ou orais, e estes dos textos visuais, constituídos por ícones e/ou símbolos.
Interpretar um texto consiste em analisar o que está escrito, ou seja, coletar dados sobre o
texto. Para interpretar um texto devemos abstrair tanto as ideias explícitas quanto as implícitas
nele contidas. Como afirmado anteriormente, não existe texto desprovido de contexto e de várias
implicações, que podem ser políticas, filosóficas, sociológicas, acadêmicas, entre outras.
• Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para ob-
servar como o texto está articulado; desenvolvido.
• Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma con-
clusão, ou, ainda, uma falsa oposição.
• Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante (tópico frasal).
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• Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do que
foi pedido.
• Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento
de responder a questão.
• Escrever, ao lado de cada parágrafo, ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida ne-
les.
• Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu.
• Se o enunciado mencionar tema ou ideia principal, deve-se examinar com atenção a intro-
dução e/ou a conclusão.
• Se o enunciado mencionar argumentação, deve-se preocupar com o desenvolvimento.
• Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto:
pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.)
Três erros comuns na interpretação de textos, e que podem levar a uma escolha errada no
momento da interpretação, são a extrapolação, redução e contradição.
Bechara (2006) define esses erros capitais na análise de um texto da seguinte forma:
Extrapolação: consiste em “fugir do texto”. Ocorre quando se interpreta o que não está
escrito, não se atendo ao que está relatado.
Redução: Consiste em valorizar uma parte do texto em detrimento da sua totalidade. Dei-
xa-se de considerar o texto como um todo para ater-se somente a uma parte dele.
Contradição: Consiste em se entender o contrário do que está escrito.
Observe que as provas de concurso estão cada dia mais complexas na interpretação, assim, para se
obter um bom resultado, não basta somente interpretar o texto, mas sim demonstrar o conheci-
mento do candidato a respeito do assunto, levando em consideração as atualidades, pois todos os
textos de concursos são, de algum modo, ligados às atualidades. O texto é o ponto de partida, mas
deve-se avaliar o contexto e a atualidade.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
Questão de prova: Subentende-se da argumentação do texto que “os picos” (l. 6) corres-
pondem aos mais salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —,
referidos no texto também como “extremos” (l. 5) e “polos” (l. 7).
Comentário: Antes de passarmos à análise da questão propriamente dita, é importante res-
saltar que o texto em questão é um bom exemplo da necessidade de o candidato possuir uma
boa “bagagem de leitura” da atualidade, de tal forma que possa interpretar o texto no contex-
to em que está inserido. Essa observação aplica-se à interpretação de textos em geral, como
ressaltamos anteriormente. Com relação à questão em análise, embora o texto afirme que
classificar por extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira, os
“picos” referidos na linha 6 são os “extremos” das classes sociais, os quais funcionam como
“polos” (l. 7) opostos: a classe privilegiada e a não privilegiada. A alternativa, portanto, está
CERTA.
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1 O texto defende que a sociedade brasileira, apesar de vítima da violência do contexto tecnológico
atual, tem por valor superafetado a proteção do direito à vida, garantido constitucionalmente.
2 Entre os pilares que sustentam a Carta Magna brasileira — a dignidade da pessoa, o respeito ao
cidadão, a garantia da sua integridade, o fortalecimento do bem comum e o resguardo do direito à
vida —, sobreleva-se este último, pela qualidade de incondicional.
3 É redundante afirmar que a Constituição do Brasil dá especial ênfase à defesa à existência no país,
uma vez que a vida sobreleva-se a constituições sociais e está pressuposta em vários dispositivos
legais.
4 O texto argumenta que é universal e incontestável a consciência de que urge o estabelecimento de
formas mais fraternas de convivência no mundo atual.
5 O texto estrutura-se de forma dissertativa, com léxico predominantemente denotativo, apesar de
haver palavras empregadas em sentido conotativo, a exemplo de “soa” (l.10) e “ornada” (l.27).
Comentário: Conforme temos observado nas últimas provas, a prova de conhecimentos básicos a-
presenta questões de ordem linguística e de interpretação utilizando um mesmo texto como base.
Embora se trate de uma prova do ano de 2004, é interessante observar as mudanças ocorridas e o
grau de dificuldade cada vez maior constante nas provas de concursos.
Vamos analisar somente o item 3, para exemplificar, pois é uma típica questão de interpretação de
texto, que necessita uma reflexão sobre o texto como um todo, levando-se também em consideração
os aspectos externos a ele (atualidades). A Constituição brasileira visa, acima de tudo, garantir prote-
ção incondicional ao direito à vida ou à existência, e pode-se considerar redundante (superafetação –
l. 12) tal afirmação. A vida sobreleva-se (está acima – linha 13) a constituições sociais (normas – l.
13), porém ela não está pressuposta em vários dispositivos legais (a parte do enunciado legal em que
se prevê o efeito de sua incidência), mas sim compõe todos os artigos, parágrafos, incisos e alíneas
de todas as constituintes (referente à constituição ou que tem a missão de elaborar a constituição).
Dessa forma, o item está ERRADO.
a) tenha uma boa noção de História e dos fatos ocorridos nos últimos anos (atualidades);
b) tenha concentração na leitura do texto;
c) o texto é a fonte primária e principal; se ele contrariar as atualidades, siga o texto;
d) tenha em mente que todo entendimento de texto é, de alguma forma, limitado, pois nin-
guém domina todas as áreas do conhecimento;
e) preste atenção a todos os detalhes. Muitas vezes, uma única palavra constante na questão
pode fazer a diferença entre ela ser considerada certa ou errada em relação ao conteúdo do
texto.
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RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS
Considerando-se que um texto, em geral, apresenta características mistas, a delimitação de
seus traços específicos torna-se muito complexa. Assim, o importante, na redação textual, é que
haja uma ideia em torno da qual se possa considerar um núcleo, os dados que apoiam essa afirma-
ção e a relação entre ambos. Basicamente, existem três tipos de texto: descritivo, narrativo e dis-
sertativo.
TEXTO DESCRITIVO
Segundo Platão e Fiorin (2007, p. 297), “o texto descritivo relata as características de uma pes-
soa, de um objeto ou de uma situação qualquer, inscritos num certo momento estático do tempo”.
CARACTERÍSTICAS:
Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua pes-
soa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência
do abdômen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumescentes.
Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes. Tinha o na-
riz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão vermelho. A dila-
tação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão.
(Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo)
Não Literário
TEXTO NARRATIVO
Para Platão e Fiorin (2007, p. 289), “o texto narrativo é aquele que relata as mudanças pro-
gressivas de estado que vão ocorrendo com as pessoas e as coisas através do tempo”. Assim, “os
episódios e os relatos estão organizados numa disposição tal que entre eles sempre existe uma
relação de anterioridade ou posterioridade”.
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TEXTO DISSERTATIVO
Segundo Platão e Fiorin (2007, p. 298-9), “dissertação é o tipo de texto que analisa e inter-
preta dados da realidade por meio de conceitos abstratos”. Dessa forma, “a referência ao mundo
real se faz através de conceitos amplos, de modelos genéricos, muitas vezes abstraídos do tempo e
do espaço”. Podemos citar como exemplo de texto dissertativo mais típico o discurso da ciência e
da filosofia, pois, nele, as referências ao mundo concreto só ocorrem como recursos de argumenta-
ção, para ilustrar leis ou teorias gerais.
VEJA UM EXEMPLO DE TEXTO DISSERTATIVO:
As condições de bem-estar e de comodidade nos grandes centros urbanos como São Paulo são reco-
nhecidamente precárias por causa, sobretudo, da densa concentração de habitantes num espaço que
não foi planejado para alojá-los. Com isso, praticamente todos os polos da estrutura urbana ficam
afetados: o trânsito é lento; os transportes coletivos, insuficientes; os estabelecimentos de prestação
de serviços, ineficazes.
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EXPOSITIVO
EXEMPLO:
Desde 2008, quando foram anunciadas as primeiras descobertas na região do pré-sal brasileiro, o
setor aguarda por definições regulatórias e estudos técnicos que vão determinar como e quando a
área será explorada. O ritmo de avanço da extração no Brasil, portanto, reflete ainda um panorama
antigo. Naquele ano, o Brasil tinha 11,4 bilhões de barris em reservas provadas, segundo a ANP. No
fim de 2010, o volume havia crescido para 14 bilhões de barris, avanço de 23%.
ARGUMENTATIVO
Consiste numa opinião que tenta convencer o leitor de que a razão está do lado de quem
escreveu o texto. Para isso, lança-se mão de um raciocínio lógico, coerente, baseado na evidência
das provas. Esse tipo de texto não somente lança ideias, mas defende um ponto de vista, ou, pelo
menos, o explica bem. É importante ressaltar que a dissertação argumentativa é o tipo de texto
normalmente mais utilizado pelos examinadores nas provas de interpretação.
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Comentário: Observe que o autor do texto tece sua argumentação utilizando fatos históricos (“De
fato, boa parte da história política, econômica e cultural da humanidade, particularmente durante
os últimos duzentos anos no ocidente (...)” – linhas 8-10) e as atualidades, analisando, brevemente,
a condição do ser humano enquanto ser social e, ao mesmo tempo, individual.
a) é um texto temático, pois trata de análises que evoluem a partir de um raciocínio lógico;
b) mostra mudanças de situação. É importante observar que a ordenação obedece às relações
lógicas e não cronológicas;
c) o tempo verbal por excelência é o presente.
Segundo Infante (1998) existe uma forma já consagrada para a organização do texto dissertativo.
Consiste em estruturarmos o material de que dispomos em três momentos principais: a introdu-
ção, o desenvolvimento e a conclusão.
Introdução: É o ponto de partida do texto. Deve apresentar de maneira clara o assunto a ser trata-
do e também delimitar questões referentes ao assunto que será abordado.
Ao redigir a introdução, procure utilizar recursos que chamem a atenção do leitor: formular uma
tese, que deverá ser discutida e provada pelo texto; lançar uma afirmação surpreendente, que o
corpo do texto tratará de justificar ou refutar; propor uma pergunta, cuja resposta será dada no
desenvolvimento e explicitada na conclusão.
Conclusão: É a parte final do texto, um resumo forte e sucinto de tudo aquilo que já foi dito. Além
de retomar e condensar o conteúdo anterior, a conclusão deve expor claramente uma avaliação
final do assunto.
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e) não fuja do tema, pois isso pode ocasionar a eliminação do candidato. Por menor que seja seu
conhecimento sobre o tema, ele deve ser abordado;
f) A utilização de citações dá credibilidade e consistência ao texto, porém, elas devem ser ade-
quadas ao contexto. As citações podem ser diretas (entre aspas) ou indiretas (utilizar suas pró-
prias palavras);
g) a ilustração (dados, exemplos, citações) é um dos recursos argumentativos mais importantes,
porém, deve ser utilizado com cautela. Não polua o texto com ilustrações, procurando dar credi-
bilidade a ele. Além disso, não invente dados, pois os exemplos devem ser dados de domínio
público, não particular;
h) fuja das conclusões vagas, genéricas ou apelativas. Se o texto for argumentativo, o ponto de
vista do autor deve ficar evidente na conclusão, sempre baseado na argumentação precedente.
Não existe forma melhor de preparar-se para um concurso do que estudar as últimas provas de
redação discursiva das bancas dos concursos anteriores. Para uma melhor compreensão, faremos
um recorte do que foi cobrado em algumas provas dos últimos anos.
João denunciou ao promotor de justiça do Ministério Público do seu estado a suspeita de des-
vios financeiros em hospital da periferia da sua cidade. Nos primeiros meses do ano, a fim de
receber medicamento receitado após consulta médica naquela unidade de saúde, João dirigia-
se à farmácia hospitalar desse hospital e sempre obtinha a dose recomendada. Mas, nos últi-
mos dois meses, ele não conseguiu mais receber a dose prescrita, pois o funcionário que o a-
tendeu informou que o estoque do medicamento indicado
havia se esgotado. Não se conformando com a situação, João retornou àquela farmácia em dias
diferentes, solicitando a dose recomendada, e a justificativa do funcionário repetiu-se. Após
João ter narrado essa situação ao referido promotor, este elaborou um relatório referente ao ca-
so em tela.
Considerando essa situação hipotética, discorra sobre os direitos constitucionais violados nesse
caso. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
▪ os princípios do direito administrativo que podem ser evocados na defesa do referido cidadão;
▪ os poderes que o Ministério Público exerce na defesa do cidadão, nesse caso;
▪ os fundamentos, dispostos nas Leis Complementares n.º 75/1993 e n.º 8.625/1993, aplicáveis
pelo Ministério Público à situação.
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo
acerca da importância do mapeamento de competências em uma organização pública para a im-
plantação da referida política. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspec-
tos:
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Reclamar dos governos é uma constante nas sociedades contemporâneas, especialmente nos
países democráticos. Tal comportamento revela uma qualidade: a cobrança contínua do poder
público e dos governantes pode aperfeiçoar o exercício da cidadania. Mas nem sempre a popu-
lação tem o conhecimento e os instrumentos necessários para atuar corretamente na função de
controlador. Recentemente, os brasileiros obtiveram a ferramenta que permite uma ação fisca-
lizadora inteligente e responsável, a Lei de Acesso à Informação, que poderá mudar de forma
profunda as relações entre Estado e sociedade no Brasil.
Comentário: Observe que há uma constante nas provas dissertativas: o comando “aborde, necessa-
riamente, os seguintes aspectos”, o qual aparece nos três exemplos. A banca, quando solicita a
abordagem dos aspectos, procura não somente o domínio do conteúdo, mas também a qualidade
da estrutura textual. Leve em consideração que cada aspecto deve ser organizado em um parágrafo
específico, não abordando no mesmo parágrafo mais de um assunto, e não confundindo o que está
sendo abordado. Também se certifique que o seu texto seja coeso, observando as regras para a
coesão textual que serão abordadas no item 4, Domínio dos mecanismos de coesão textual.
Exercício:
Pratique tendo como base as três questões apresentadas acima. Redija os textos solicitados e lembre-
se, quando de trata da redação de textos, tenha em mente que “a prática traz a perfeição”. Só se a-
prende a redigir um bom texto praticando através da escrita.
DOMÍNIO DA
ORTOGRAFIA OFICIAL
Ortografia (do grego ortho = correto; grafia = escrita) é a parte da gramática que trata da es-
crita correta das palavras, segundo os padrões da língua culta. Na Língua Portuguesa, alguns fatores
dificultam essa escrita. Os dois principais itens que acarretam essa dificuldade relacionam-se, pri-
meiro, à possibilidade de alguns fonemas admitirem grafias diferentes e, segundo, à etimologia,
isto é, à origem das palavras. Ainda há a incorreção gráfica provocada pela pronúncia errada.
A ortografia oficial da Língua Portuguesa é composta dos sistemas ortográficos fonético, eti-
mológico e misto, como podemos verificar no quadro:
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Embora listemos a seguir algumas dicas práticas referentes à ortografia oficial da Língua Por-
tuguesa, a melhor forma de se aprender a correta grafia de um vocábulo é a retenção da sua ima-
gem, o que ocorre por meio da leitura e da escrita.
Não podemos esquecer que, de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, o alfabeto da língua
portuguesa passou a ter oficialmente 26 letras, com a inclusão das letras k, w e y.
B) Uso do G
Usa-se a letra G nos seguintes casos:
• nas terminações AGEM, IGEM, UGEM, EGE e OGE: garagem, vertigem, ferrugem, bege, foge.
• nas terminações ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO: sufrágio, sortilégio, vestígio, relógio, refúgio.
• nos verbos terminados em GER e GIR: eleger, dirigir.
• depois da letra R (com poucas exceções): emergir, surgir.
• depois da letra A, quando não seja radical terminado com J: ágil, agente.
C) Uso do J
Usa-se a letra J nos seguintes casos:
• nas palavras derivadas de outras palavras terminadas em JA: franja, gorjeta, laranjeira, lojista.
• antes do ditongo EI, com algumas exceções: jeito, sujeito, sujeira. Algumas exceções: bagageiro,
estrangeiro, ligeiro, mensageiro, passageiro.
• todas as formas dos verbos terminados em JAR: arranjar – arranjei / enferrujar - enferrujei / viajar
– viajei.
• nas palavras de origem latina: jeito, majestade, hoje.
• nas palavras de origem árabe, africana ou exótica: alforje, jiboia, manjerona. Atenção: a palavra
SERGIPE é uma exceção.
• nas palavras terminadas com AJE: laje, ultraje.
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D) Uso do S
Usa-se S nos seguintes casos:
• nos sufixos ês, esa, esia e isa, quando o radical é substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
cos: freguês, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
• nos sufixos gregos ase, ese, ise e ose: catequese, morfose.
• nas formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quis, quiseste.
• nos nomes derivados de verbos com radicais terminados em d: aludir – alusão / decidir – decisão /
empreender – empresa / difundir – difusão.
• nos diminutivos cujos radicais terminam com s: Luís – Luisinho / Rosa – Rosinha / lápis – lapisi-
nho.
• após ditongos: coisa, pausa, pouso.
• em verbos derivados de nomes cujo radical termine com s: análise – analisar / pesquisa – pesquisar.
• nos grupos IST e UST: misto, justo, custo.
• verbos cujos radicais terminam em D, ND, RG, RT, CORR, PEL e SET: aludir – alusão / repreen-
der – repreensão / imergir – imersão / reverter – reversão / recorrer – recurso / impelir – impulso /
consentir – consenso.
• adjetivos terminados em OSO e OSA: bondoso, generoso, piedoso, maravilhosa, gostosa.
E) Uso do SS
Usa-se SS nos seguintes casos:
• verbos cujos radicais terminem em GRED, CED, MET e PRIM: progredir – progresso / interceder
– intercessão / prometer – promessa / reprimir – repressão.
• quando o prefixo termina com vogal e se junta com palavra iniciada por s: a + simétrico – assimé-
trico / re + surgir – ressurgir.
• no pretérito perfeito do subjuntivo: ficasse, falasse.
F) Uso do X
Usa-se a letra X nos seguintes casos:
• depois de ditongo, de EM, BRU, ME e PU: queixa, deixa, enxada, enxoval, bruxa, mexer, puxar.
Observação: a palavra capucho é exceção.
Atenção: Se a palavra primitiva se escrever com CH, este é mantido: encher (vem da palavra cheio),
encharcar (vem da palavra charco), enchumaçar (vem da palavra chumaço).
• nas palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, muxoxo, xucro.
• nas palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (j): xampu, lagartixa.
G) Uso do Z
Usa-se a letra Z:
• nos sufixos EZ e EZA em substantivos abstratos derivados de adjetivos: rapidez, sensatez, esperte-
za, pobreza.
• no sufixo IZAR, quando a palavra primitiva não se escreve com S: atual – atualizar / concreto –
concretizar / ironia – ironizar.
• como consoante de ligação se o radical não terminar com S: café + al – cafezal / pé + zinho – pezi-
nho.
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• Significante e significado
Significado é o sentido da palavra que provoca na mente do ouvinte ou do leitor uma ima-
gem ou uma ideia.
• Sinônimos e antônimos
Sinônimos são palavras que têm um sentido geral comum, porém distinguem por particulari-
dades e se empregam em situações diferentes.
Ex.: Adversário – antagonista / Transformação – metamorfose
• Homônimos e parônimos
Homônimos são palavras diferentes no sentido, mas que têm a mesma pronúncia. Dividem-
se em homônimos perfeitos e homônimos imperfeitos.
• Homônimos perfeitos são palavras diferentes no sentido, mas idênticas na escrita e na pronún-
cia.
Ex.: Homem são. (adj.) / São João. (subst.) / São várias as causas. (verbo)
Homônimos homógrafos, quando têm a mesma escrita e a mesma pronúncia, exceto a aber-
tura da vogal.
Ex.: Almoço (substantivo) / Almoço (verbo)
• Denotação e conotação
• Denotação é o emprego da palavra em seu sentido próprio (usada quando se quiser dar caráter
técnico ou científico ao texto).
• Conotação é o uso da palavra em sentido figurado, dando ao texto várias interpretações (esse
recurso é muito utilizado em textos literários). Exemplos:
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PARTICULARIDADES GRAMATICAIS
A seguir apresentamos algumas das palavras da Língua Portuguesa que apresentam dificul-
dade quanto ao seu emprego no que se refere à grafia correta.
PORQUÊ
• Substantivo
Ex.: Não sei o porquê de tanta alegria.
POR QUE
• usado em perguntas diretas.
Ex.: E tu, por que resolveste aderir à greve?
• quando puder ser substituído por “pelo qual, pelos quais, pela qual, pelas quais, por qual, por
quais”.
Ex.: São profundas as crises por que passamos.
POR QUÊ
• em fim de frase.
Ex.: Não recorreram ao advogado, por quê?
PORQUE
• introduz explicação, indicação de causa.
Ex.: Todos foram embora porque já estava tarde.
Observe as seguintes propostas de reformulação da frase “Por que uma melodia român-
tica pode disparar sensações tão agradáveis?”
I – Perguntamo-nos sobre o porquê de uma melodia romântica poder provocar sensações tão
agradáveis.
II – Perguntamo-nos porque uma canção romântica pode desferir sensações tão agradáveis.
III – Perguntamo-nos por que motivo uma música romântica pode suscitar sensações tão a-
gradáveis?
Quais mantêm o sentido e a correção?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) Apenas II e III.
Observe as frases.
I – Não foste à palestra _____ o assunto não interessava?
II – Eis _____ nós fomos aprovados.
III – A reportagem revela _____ os hospitais são tão caros.
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MAL E MAU
• mal é antônimo de bem. Pode ser advérbio, substantivo, ou conjunção temporal.
Ex.: Ele estava passando mal. (advérbio)
O bem sempre vence o mal. (substantivo)
Mal cheguei, ela saiu. (conjunção temporal)
ONDE E AONDE
• onde: indica lugar (o lugar onde se está); refere-se a verbos que exprimem estados, permanência.
Ex.: Onde fica o hospital mais próximo?
SENÃO E SENÃO
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HÁ E A
• há: do verbo haver. Utiliza-se no tempo passado. Para saber se o seu emprego está correto, subs-
titua-o pelo verbo fazer.
Ex.: Há (faz) cinco anos que não o vejo.
MAS E MAIS
USO DO HÍFEN
Vogais iguais Usa-se o hífen anti-ibérico, auto- Mas os prefixos co, pro, pre, re
quando o prefixo e organização, contra- se juntam ao segundo elemento,
o segundo ele- almirante, infra-axilar, micro- ainda que este inicie pelas vogais
mento juntam-se ondas, neo-ortodoxo, sobre- o ou e: coocupar, coorganizar,
com a mesma elevação, anti-inflamatório. coautor, coirmão, cooperar,
vogal. preenchimento, preexistir, pre-
estabelecer, proeminente, pro-
por reeducação, reeleição, rees-
crita.
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Ex, sota, soto, Usa-se hífen com ex-almirante, ex-presidente, Escreva, porém, sobrepor.
vice os prefixos: ex, sota-piloto, soto-pôr, vice-
sota, soto, vice. almirante, vice-rei.
Pré, pós, pró Usa-se hífen com pré-escolar, pré-nupcial, pós- Se os prefixos não forem autô-
os prefixos pré, graduação, pós-tônico, pós- nomos, não haverá hífen: prede-
pós, pró (tônicos e cirúrgico, pró-reitor, pós- terminado, pressupor, pospor,
acentuados com auricular. proativo, propor.
autonomia).
Os acentos agudo e circunflexo servem para indicar a sílaba tônica (mais forte) dos vocábu-
los, a abertura ou não da vogal, a flexão de número (singular/plural) do verbo e a diferença entre
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palavras homônimas (que têm a mesma pronúncia e/ou a mesma grafia). O acento grave serve para
indicar a fusão entre duas vogais (crase). Quanto à posição da sílaba tônica, veja a tabela a seguir:
A tabela abaixo apresenta as regras para acentuação das palavras, já de acordo com a nova
ortografia. As colunas em negrito indicam as regras que foram alteradas.
Í e Ú em palavras oxí- Í e Ú levam saída, saúde, Atenção: Segundo o novo acordo orto-
tonas e paroxítonas acento se estive- miúdo, aí, gráfico, nas paroxítonas o i e u não
rem sozinhos na Araújo, Esaú, serão mais acentuados se vierem de-
sílaba (hiato) Luís, Itaú, pois de um ditongo: baiuca, bocaiuva,
feiura. Porém, se, nas oxítonas, mesmo
baús, Piauí com ditongo, o i e u estiverem no final,
haverá acento: tuiuiú, Piauí, teiú.
Ditongos abertos em ÉIS, ÉU(S), papéis, herói,
palavras oxítonas ÓI(S) heróis, troféu,
céu, mói (mo-
er)
Verbos ter e vir, bem Na terceira pes- eles têm, eles
como seus derivados. soa do plural do vêm
presente do
indicativo
Derivados de ter e vir Na terceira pes- ele obtém,
soa do singular detém, man-
leva acento tém; eles ob-
agudo; na tercei- têm, detêm,
ra pessoa do
plural do presen- mantêm
te levam circun-
flexo
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“Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamen-
to semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o nome de textualida-
de. O encadeamento semântico que produz a textualidade chama-se coesão. Podemos definir
a coesão, mais especificamente, dizendo que se trata de uma maneira de recuperar, em uma
sentença B, um termo presente em uma sentença A”.
A coesão é a ligação entre as partes mínimas do texto, está inserida na microestrutura do tex-
to. Esse elemento é fundamental tanto na interpretação quando na redação de textos. Um tex-
to coeso é um texto no qual as ideias não se contradizem, e a sequência do desenvolvimento
do tema abordado observa uma sequência lógica.
Palavras como preposições, conjunções e pronomes possuem a função de criar um sistema de
relações, referências e retomadas no interior de um texto, garantindo unidade entre as diver-
sas partes que o compõem. Essa relação de elementos no texto recebe o nome de coesão tex-
tual.
Com relação à análise de provas, coesão textual é a ligação entre as partes do texto, sempre
levando em conta que um bom texto deve prezar pela coesão entre orações, períodos e, prin-
cipalmente, parágrafos.
Exófora
Na exófora, a remissão é feita a algum elemento da situação comunicativa, ou seja, o refe-
rente está fora da superfície textual. Acrescentamos aqui a noção de dêixis à referência situacional
(exofórica).
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
Podemos definir dêixis como a coesão em que um termo com significado se refere a outro
também com significado. Assim, A dêixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões
dêiticas) que têm como função "apontar" para o contexto situacional (exófora) de uma dada intera-
ção.
Segundo Melo, a raiz etimológica do vocábulo dêixis remete à noção de indicação. Dêixis
significa, na tradição greco-latina, “apontar”, “indicar”, “demonstrar”; mas, na Linguística contem-
porânea, faz referência à função dos pronomes pessoais e demonstrativos, tempos verbais e outras
categorias gramaticais que relacionam enunciados aos aspectos de tempo, espaço e pessoa na e-
nunciação, isto é, dêixis é a localização e identificação de pessoas, objetos, eventos, processos e
atividades sobre as quais falamos ou a que nos referimos no momento da interação verbal.
Podemos tratar a dêixis como o modo mais óbvio de efetivação do elo entre a produção
linguística dos falantes e os contextos situacionais em que tal produção ocorre. Ela permite marcar
no enunciado as circunstâncias de sua enunciação por meio de cinco categorias: lugar, pessoa,
tempo, discurso e dinâmica social.
Por exemplo, veja um bilhete no qual está escrita a seguinte frase: Eu quero que você vá
hoje à minha escola. Observe que o termo “hoje” perde o sentido se não houver, no bilhete, uma
data referencial de quando ele foi escrito. O pronome “eu” também deve estar explícito no contex-
to, caso contrário ninguém sabe a quem se refere.
Veja mais um exemplo de dêixis: O que você quer que eu faça com uma cadeira assim?
Certamente a cadeira está em péssimo estado e a palavra “assim” indica (= aponta) isso.
a) Esta mesa está quebrada. (= Esta mesa [aqui perto de mim que falo, primeira pessoa do discurso]
está quebrada.)
b) Passe-me esse copo, por favor! (= Passe-me esse copo [que está aí perto de você a quem falo,
segunda pessoa do discurso], por favor).
c) Isso é seu? Refiro-me a esse belo relógio que está em seu pulso.
d) Isto é meu! Estou falando deste relógio que está em meu pulso.
Endófora
A endófora é dividida em: anáfora e catáfora.
Anáfora: expressão que retoma uma ideia anteriormente expressa. A anáfora, assim como a catá-
fora, remete sempre a algo que esteja dentro dos limites do texto. Observe:
O garoto acordou sobressaltado. Ele não conseguia lembrar-se do que tinha acontecido.
Nesse exemplo, o pronome “Ele” retoma uma expressão já citada anteriormente – “o garoto” –,
portanto trata-se de uma retomada por anáfora.
Sandra e Helena, apesar de serem gêmeas, são muito diferentes. Por exemplo, esta é cal-
ma, e aquela é explosiva.
Nesse exemplo, “esta” retoma o nome próprio “Sandra”, e “aquela” retoma o nome pró-
prio “Helena”. “Este” e “aquele” são chamados anafóricos.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
Observe que os termos anafóricos são bem mais comuns nos textos que os catafóricos. Essa é, inclu-
sive, a regra para produção de textos. Dê preferência ao uso dos anafóricos por indicarem mais clare-
za nos textos. É melhor dizer e depois retomar do que fazer uma referência genérica e, só depois,
expor o termo com significado.
Platão e Fiorin (2007, p. 282) observam que “Quando um elemento anafórico está empre-
gado num contexto tal que pode referir-se a dois termos antecedentes distintos, isso provoca am-
biguidade e constitui uma ruptura de coesão”. Por isso, “é importante tomar cuidado para que o
leitor perceba claramente a que termo se refere o elemento anafórico”.
Nesse sentido, veja o exemplo a seguir: O PT entrou em desacordo com o PMDB por causa de sua
proposta de aumento de salário. No caso, sua pode estar se referindo à proposta do PT ou à do
PMDB.
Catáfora: pronome ou expressão nominal que antecipa uma expressão presente em porção poste-
rior do texto. A remissão catafórica realiza-se, preferencialmente, através de pronomes demonstra-
tivos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies
de pronomes, de advérbios e de numerais. Observe:
Só quero isto: ser aprovado no concurso! No exemplo, o pronome “isto” só pode ser recuperado se
identificarmos o termo aprovado, que aparece na porção posterior à estrutura.
O pronome indefinido “tudo” antecipa os substantivos que virão a seguir: casas, móveis, plantações,
os quais irão esclarecer a frase.
a) Vi uma saia linda na loja. Pena que essa roupa era muito cara. (Essa roupa = uma saia)
b) João foi preso como estelionatário. Esse cara nunca me enganou! (Esse cara = João)
c) Tivemos hoje uma aula sobre o uso da anáfora. Isso já foi estudado no semestre anterior. (Isso =
anáfora)
2. Um elemento de referência é catafórico quando sua interpretação depender de algo que se se-
guir no texto; aqui, ele será representado pelos pronomes demonstrativos esta, este e isto. Exem-
plos:
a) Estas foram as últimas palavras do meu professor: estude muito, pois somente a dedicação aos
estudos fará com que você obtenha o resultado que espera.
b) Quando saí de casa, meu pai me disse isto: respeite os outros, pois somente assim você será
respeitado.
c) Este foi o anúncio do Ministro da Economia: “A inflação vai se manter nos patamares previstos.”
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SUBSTITUIÇÃO
A coesão por substituição consiste na colocação de um item em lugar de outro(s) elemen-
to(s) do texto, ou até mesmo de uma oração inteira.
Veja o exemplo:
Ela comprou um sapato. Eu também quero comprar um.
Ela comprou um sapato novo e eu também.
Observe que ocorre uma redifinição, ou seja, não há identidade entre o item de referência
e o item pressuposto. O que existe, na verdade, é uma nova definição nos termos: um, também.
Compare com outro exemplo:
Comprei um sapato preto, mas Maria preferiu um marrom.
O termo “preto” é o adjunto adnominal de sapato. Ele é, então, o modificador do substan-
tivo.
Todavia, esse termo é silenciado e, em seu lugar, faz-se presente a porção especificativa
“marrom”. Logo, trata-se de uma redefinição do referente.
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Repetição
A repetição, na coesão textual, está ligada à coesão lexical, que pode ser garantida através
de diferentes processos.
Repetição: por não ser possível a sua substituição, a repetição da mesma unidade lexical ao longo
do texto pode revelar-se necessária para a coesão do texto. Veja o exemplo a seguir, extraído da
obra Capitães de Areia, de Jorge Amado:
“Professor riu. Assim passaram a manhã, Professor fazendo a cara dos que vinham pela rua,
Pedro Bala recolhendo as pratas ou os níqueis que jogavam.”
Nesse exemplo, a repetição do nome Professor é necessária para evitar a ambiguidade.
A repetição pode ser evitada, quando necessário, através da substituição lexical, que já foi
abordada. Como já foi mencionado anteriormente, no que tange à redação de textos visando à prova
descritiva, a repetição desnecessária de palavras pode ser compreendida pela banca examinadora
como pobreza de vocabulário.
CONECTORES
A coesão textual por conectores, ou coesão interfrásica, utiliza mecanismos de sequencializa-
ção que marcam diversos tipos de interdependência entre as frases que ocorrem num texto. Basicamente, a
conexão interfrásica é assegurada pelos conectores, que podem ser conjunções (ex.1) ou advérbios conecti-
vos (ex.2). Veja os exemplos:
(1) Parto para uma longa viagem, quando acabar este trabalho.
(2) Estou disposta a abdicar do feriado. Agora, não me peçam que trabalhe 12 horas por dia.
O uso correto dos conectores permite uma maior coesão textual e facilita a compreensão global do
texto. Os conectores podem ser: conjunções, locuções conjuncionais, advérbios, locuções adverbiais, preposi-
ções, locuções prepositivas, expressões adjetivas ou orações completas. Veja o quadro abaixo:
TIPO DE CONEXÃO /
CONECTORES
FUNÇÃO DA CONEXÃO
e, além disso, além do mais, e ainda, e até, também, igualmente, do mesmo modo, não só
Adição ...como também, não só ... como ainda, bem como, assim como, por um lado ... por outro,
nem...nem, de novo, incluindo...
Certeza com certeza, decerto, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida que,...
mas, porém, todavia, contudo, no entanto, doutro modo, ao contrário, pelo contrário,
Oposição / contraste
contrariamente, não obstante, por outro lado...
apesar de, ainda que, embora, mesmo que, por mais que, se bem que, ainda assim, mes-
Concessão
mo assim...
pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim, concluindo, em conclusão, em síntese,
Conclusão / síntese /
consequentemente, em consequência, por outras palavras, ou seja, em resumo, em suma,
resumo
ou melhor...
com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, sem dúvida, de certo, deste modo, na
Confirmação
verdade, ora, aliás, sendo assim, veja-se, assim...
quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, por exemplo, ou seja, é
Explicitação /
o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros, especificamente, ou
particularização
melhor, assim, ressalte-se, saliente-se, importa salientar, é importante frisar ...
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Na minha opinião, a meu ver, em meu entender, no meu ponto de vista, parece-me que,
Opinião
creio que, penso que, para mim, ...
Dúvida talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente, é possível, porventura...
fosse...fosse, ou, ou então, ou ...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, alternativamente,
Alternativa
em alternativa, senão ...
como, conforme, também, tanto...quanto, tal como, assim como, tão como, pela mesma
Comparação
razão, do mesmo modo, de forma idêntica, igualmente, ...
por tudo isto, de modo que, de tal forma que, de sorte que, daí que, tanto...que, é por isso
Consequência que...
pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa de, posto que,
Causa
em virtude de, devido a, graças a ...
Fim / intenção com o intuito de, para (que), a fim de, com o fim de, com o objetivo de, de forma a ...
se, caso, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que, desde que, supondo que, admi-
Hipótese / Condição
tindo que ...
em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo lugar, em seguida,
seguidamente, então, durante, ao mesmo tempo, quando, simultaneamente, depois de,
Sequência temporal /
após, até que, enquanto, entretanto, logo que, no fim de, por fim, finalmente, acima,
espacial.
abaixo, atrás, ao lado, à direita, à esquerda, ao centro, adiante, diante, em cima, em baixo,
no meio, naquele lugar, detrás, por trás (de), próximo de sob, sobre...
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10 ético da cultura.
O fato histórico do alheamento de indivíduos ou
grupos humanos em relação a outros não é novo na dinâmica
13 social. Desqualificar moralmente o outro significa não vê-lo
como um agente autônomo e criador potencial de normas
éticas ou como um parceiro na obediência a leis partilhadas
16 e consentidas ou, por fim, como alguém que deve ser
respeitado em sua integridade física e moral.
No estado de alheamento, o agente da violência não
19 tem consciência da qualidade violenta de seus atos. Se o
possível objeto da violência nada tem a oferecer-lhe, então
não conta como pessoa humana e pouco importa o que venha
22 a sofrer. Ao contrário da crueldade inspirada na rivalidade
ameaçadora, real ou imaginária, a indiferença anula quase
totalmente o outro em sua humanidade.
Questão de prova (item 3) As expressões “o outro” (l.13), “-lo” (l.13) e “alguém” (l.16) estabele-
cem uma cadeia coesiva, designando o mesmo referente.
Comentário: A alternativa está CERTA, pois as expressões referidas na questão designam o mesmo
referente.
(...) Pode-se dizer que o caminho da inovação é um percurso de difícil travessia para a maioria das
instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de
um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa. (...)
Questão de prova O período sintático iniciado por “Inovar significa” (l.12) estabelece, com o perío-
do anterior, relação semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte, escreven-
do-se: Por conseguinte, inovar significa (...).
Comentário: “Por conseguinte” é um conector que indica conclusão, síntese, resumo, o que não se
aplica ao caso acima. O período iniciado por “inovar” não conclui o período anterior, mas sim apre-
senta uma definição do que significa “inovar”. A alternativa, portanto, está ERRADA.
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Questão de prova: Nas relações de coesão do texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e “dessa
dualidade” (l.12-13) remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência cotidiana”
(l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2).
Comentário: O “dilema” a que se refere o texto é a “dualidade” de ser social (= o ser dos outros) e
individual (= unitário) ao mesmo tempo. A alternativa está CERTA.
(...) Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de um corte epistemológico, na me-
dida em que fica óbvio que classificar por extremos não reflete a complexidade de classes da socie-
dade brasileira, apesar de indicar os picos.
Questão de prova: Na linha 4, para se evitar a repetição de “que”, seria adequado substituir o trecho
“que classificar” (l.4-5) por ao classificar, preservando-se tanto a coerência textual quanto a correção
gramatical do texto.
Comentário: A substituição dos trechos indicados na questão não lhes confere o mesmo significado
semântico. Tanto a coerência textual quanto a correção gramatical do texto são prejudicadas na subs-
tituição sugerida. Observe: “(...) na medida em que fica óbvio ao classificar por extremos (...)”. A
alternativa, portanto, está ERRADA.
(...) Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e traficantes que possam ser encontrados
em uma rua escura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais criminosos
causam são minúsculos quando comparados com os de criminosos respeitáveis, que vestem colari-
nho
branco e trabalham para as organizações mais poderosas. (...)
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Observação: O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor, impor) perten-
cem a 2ª conjugação devido à sua origem latina poer.
Elementos Estruturais do Verbo: As formas verbais apresentam três elementos em sua
estrutura: Radical, Vogal Temática e Tema.
Radical: elemento mórfico que concentra o significado essencial do verbo. Observe as for-
mas verbais dos verbos cantar, beber e abrir. Flexionando esses verbos, nota-se que há uma parte
que não muda, e que nela está o significado real do verbo.
Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual conjugação pertence o verbo. Há
três vogais temáticas: 1ª conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.
Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal temática: cantar: -cant (radical) +
a (vogal temática) = tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical: cantei =
cant ei.
Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao tema, para indicar as flexões
de modo e tempo, desinências modo temporais e número pessoa, desinências número pessoais.
Cantávamos
Cant = radical
a = vogal temática
va = desinência modo temporal
mos = desinência número pessoal
Flexões Verbais: Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar o número e a pessoa.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
O indicativo expressa ação real (no passado, no presente ou no futuro), enquanto o subjun-
tivo expressa incerteza, dúvida, possibilidade ou hipótese. Além dessa regra geral, deve-se lembrar
que, em períodos subordinados, o subjuntivo é característico das orações subordinativas (não da
oração principal).
Modo Indicativo:
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Modo Subjuntivo:
Formas Nominais:
OBSERVAÇÕES:
O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o per-
feito e o mais que perfeito nas formas compostas.
Tempos
Presente do indicativo - indica um fato real situado no momento ou época em que se fala.
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Prover: Prover (irregular) - presente do indicativo - provejo, provês, provê, provemos, pro-
vedes, proveem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste, proveu...
Reaver: este verbo só é conjugado nas pessoas em que o verbo haver apresenta apenas a
letra V. Assim, no presente do indicativo temos só reavemos, (havemos), vós reaveis (ha-
veis). Pretérito perfeito indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do haver,
mas só é conjugado nas formas verbais com a letra v)
Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito indicativo
- vali, valeste, valeu...
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
Comentário: A alternativa está CERTA. Se o sujeito da frase estivesse explícito, a frase ficaria da
seguinte forma: “Inovar é o fermento do crescimento econômico e social de um país”.
(...) O particularismo das diferenças produz exclusão social e simbólica, dificultando os sentimentos
de pertencimento e interdependência social, necessários para a efetiva institucionalização do univer-
salismo na esfera pública. (...)
Questão de prova: As relações entre as ideias do texto mostram que a forma verbal “dificultando”
(l.10) está ligada a “diferenças” (l.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os argumentos
dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso se tornasse explícita essa relação, por
meio da substituição dessa forma verbal por e dificultam.
Comentário: O verbo “dificultar”, na frase em questão, está no gerúndio. Ao ser alterada a forma
verbal para o presente do indicativo, o verbo deve ser flexionado de acordo com o núcleo do sujeito,
“o particularismo” (3ª pessoa do singular). Dessa forma, a substituição sugerida no texto está incorre-
ta, pois deveria ser “e dificulta”. A alternativa está ERRADA.
Cada vez que sai a lista das melhores empresas para se trabalhar, as pessoas se perguntam o que elas
têm de diferente. (...)
Questão de prova: Textualmente, a expressão “Cada vez” (l.1) corresponde a Todas as vezes, mas,
para que essa substituição seja gramaticalmente aceitável, é necessário empregar o verbo seguinte no
plural: saem.
Comentário: O verbo “sair” refere-se ao termo “lista das melhores empresas para se trabalhar”, que
está no singular. Assim, o verbo não deve ser empregado no plural, mas no singular, como já consta
no texto. A alternativa está ERRADA.
Questão de prova: Na linha 2, para manter a coerência textual e a concordância verbal, a supressão
do pronome “elas” exigiria também a supressão do sinal de acento em “têm”.
Comentário: Mesmo que houvesse a supressão do pronome “elas”, o verbo continuaria flexionado
na 3ª pessoa do plural, pois se refere às “melhores empresas”. A alternativa está ERRADA.
(...) Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa superior a 3% em 12 meses, mas a maioria
dos analistas aposta que a economia americana perderá força no segundo semestre. (...)
Questão de prova: Se o verbo da oração “mas a maioria dos analistas aposta” (l.6) estivesse flexio-
nado no plural — apostam —, o período estaria incorreto, visto que, de acordo com a prescrição
gramatical, a concordância verbal, em estrutura dessa natureza, deve ser feita com o termo “maioria”.
Comentário: Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, representadas por “a maio-
ria de, a maior parte de, a metade de, uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue. Assim, o verbo “apostar”
poderia estar flexionado no plural, para concordar com “analistas”, e o período estaria correto. A
alternativa está ERRADA.
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DOMÍNIO DA ESTRUTURA
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO
As três orações que compõem esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si
nenhuma dependência sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de
sentido, mas, uma não depende da outra sintaticamente.
As orações independentes de um período são chamadas de orações coordenadas (OC), e o
período formado só de orações coordenadas é chamado de período composto por coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois tipos: Coordenadas Assindéti-
cas e Coordenadas Sindéticas.
Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através de nenhum conectivo. Es-
tão apenas justapostas.
Ex.: Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
Coordenadas Sindéticas
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas que são ligadas através de
uma conjunção coordenativa.
Ex.: A mulher saiu da casa / e entrou no carro.
Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração uma classificação:
As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas,
alternativas, conclusivas e explicativas.
Vejamos exemplos de cada uma delas:
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: e, nem, não só… mas também, não só… como, assim…
como.
-Não só cantei como também dancei.
- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
- Comprei o protetor solar e fui à praia.
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Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no en-
tanto, ainda, assim, senão.
- Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: logo, portanto, por fim, por conseguinte, consequen-
temente.
- Passei no concurso, portanto irei comemorar.
-Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
O período:
Todos esperam sua volta.
É um período simples, pois apresenta uma única oração. Nele podemos identificar:
Todos (suj.) esperam (v.t.dir.) sua volta. (obj. direto)
Se transformarmos o período simples acima em um período composto, teremos:
Nesse período, a 1ª oração apresenta o sujeito todos e o verbo transitivo direto esperam,
mas não apresenta o objeto direto de esperam. Por isso, a 2ª oração é que tem de funcionar como
objeto direto do verbo da 1ª oração.
I. a 1ª oração não exerce, no período acima, nenhuma função sintática. Por esse motivo ela é
chamada de oração principal.
II. a 2ª oração depende da 1ª, serve de termo (objeto direto) da 1ª e completa-lhe o sentido.
Por esse motivo, a 2ª oração é chamada de oração subordinada.
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Resumindo:
Oração principal: é um tipo de oração que no período não exerce nenhuma função sintáti-
ca e tem associada a si uma oração subordinada.
Oração subordinada: é toda oração que se associa a uma oração principal e exerce uma
função sintática (sujeito, objeto, adjunto adverbial etc.) em relação à oração principal.
1ª. Subjetivas: são aquelas que exercem a função de sujeito em relação à outra oração.
Importa estudar continuamente.
Sabe-se que a situação econômica ainda vai ficar pior.
Convém que não saias de casa.
2ª. Objetivas diretas: são aquelas que exercem a função de objeto direto de outra oração.
Observa-se que o objeto direto é identificado da seguinte maneira: quem confia, confia em
alguma coisa; quem sabe, sabe de alguma coisa; quem espera, espera alguma coisa; e assim por
diante.
As locuções “tenho medo”, “estou com esperança” e “sou de opinião” ou “ele é de opinião”
têm força transitiva direta, isto é, são equivalentes a verbos transitivos diretos: temer, esperar,
opinar. Se estas expressões vierem acompanhadas de preposição de antes da conjunção que, as
orações já não serão objetivas diretas, mas completivas nominais:
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3ª. Objetivas indiretas: são aquelas que exercem a função de objeto indireto de outra oração, isto
é, ligam-se à oração principal mediante preposição. Exemplos:
4ª. Completivas nominais: são aquelas que completam o sentido de um substantivo, adjetivo ou
advérbio.
Exemplos:
- Ele tinha esquecido de que sua proposta não agradara.
- Eles estavam esperançosos de que tudo se resolveria.
- A opinião de que Ana desistirá do concurso é conclusão precipitada.
Assim como alguns verbos exigem objeto que lhes complete o sentido, há algumas palavras
que necessitam de outras que lhes completem o sentido. Assim, pode-se à semelhança dos verbos,
perguntar: Acordo de quê? Esperançoso de quê? Opinião de quê? (ou sobre o quê?) Medo de quê? A
reposta a estas perguntas constitui o complemento nominal.
Exemplos:
- O bom é que eles não desconfiam nunca.
- O mal é você ficar de braços cruzados.
- O certo é que Ricardo não se casará.
- A falácia é que para ficar rico é preciso ficar pobre.
Exemplos:
- É certo que o Barcelona não ganhará do Real Madrid = subjetiva.
A oração grifada funciona como sujeito
Exemplos:
- Sua instrução foi única: estudar muito.
- Pedi-lhe um favor: que me chamasse às seis horas.
O aposto é uma forma de adjunto adnominal, que é constituído de uma palavra ou expres-
são em aposição, exemplificando um ou vários termos expressos na oração. Note-se nos exemplos
que estudar sempre explica a frase inicial, determina qual foi sua instrução; qual foi o favor pedido.
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Exemplo:
- O garoto que era triste tornou-se um garoto alegre.
Exemplos:
Todo aluno que é estudioso é digno de aprovação.
- Todo político que é honesto é capaz de causar revoluções administrativas.
- Não acredito no médico do qual me falaste há pouco.
- O professor cujas orientações não são diretivas tem conseguido resultados assus- ta-
dores nos últimos tempos.
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Exemplos
Não te emprestarei dinheiro para gastares com futilidades. (adverbial final reduzida de infi-
nitivo)
Chegando ao cinema, comprei os ingressos. (subordinada adverbial temporal reduzida de
gerúndio)
Terminada a aula, voltei pra casa. (subordinada adverbial temporal reduzida departicípio)
As orações subordinadas adverbiais são dos seguintes tipos: causais, comparativas, conse-
cutivas, concessivas, condicionais, conformativas, finais, proporcionais e temporais.
1ª. Causais: são aquelas que modificam a oração principal apresentando uma circunstância de cau-
sa, isto é, respondem à pergunta "por quê?" feita à oração principal.
Exemplos:
Daniela saiu porque precisava.
Luísa não saiu porque estava frio.
Luís deixou o trabalho porquanto sua saúde era precária.
São conjunções causais: porque, que, porquanto, visto que, por isso que, como, visto como,
uma vez que, já que, pois que.
2ª. Comparativas: são aquelas que correspondem ao segundo termo de uma comparação.
Exemplos:
- Marisa é tão boa vendedora quanto Teresa
- "A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro."
São conjunções comparativas: como, mais do que, assim como, bem como, que nem (co-
mo), tanto quanto.
3ª. Consecutivas: são aquelas que são introduzidas por um termo intensivo que vem em seguida à
oração principal, acrescentando-lhe ideias e explicações, ou completando-a, ou tirando uma con-
clusão.
Exemplos:
- O Plano de Estabilização Econômica foi tão cercado de flores de todos os lados que não
percebemos suas consequências menos interessantes.
- Onde estás, Luciana, que não te vejo!
- José bebia tanto que morreu afogado no seu próprio vômito.
- Faça seu trabalho de tal modo que não venha a lastimar-se do resultado que dele possa
advir.
São conjunções consecutivas: (tanto) que, (tão) que, (de tal forma) que.
4ª. Concessivas: são aquelas que se caracterizam pela ideia de concessão que transmitem à oração
principal.
Exemplos:
- Ainda que faça frio, o jogo se realizará.
- Ela foi ao parque, embora estivesse chovendo.
São conjunções concessivas: embora, posto que, se bem que, ainda que, sempre que, desde
que, conquanto, mesmo que, por pouco que, por muito que.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
5ª. Condicionais: são aquelas que se caracterizam por transmitir ideias de condição à oração prin-
cipal.
Exemplos:
- Se o filme for ruim, sairei do cinema.
- Caso tivesse realizado as obras necessárias, não teria perdido a eleição.
São conjunções condicionais: se, salvo se, senão, caso, desde que, exceto se, contanto que,
a menos que, sem que, uma vez que, sempre que.
6ª. Conformativas: são aquelas que indicam o modo como ocorreu a ação expressa na oração prin-
cipal.
Exemplos:
- Conforme os últimos acontecimentos, o Oriente Médio corre risco de uma guerra generali-
zada.
- Escrevi um memorando, segundo o estilo oficial estabelece.
São conjunções conformativas: de modo que, assim como, bem como, de maneira que, de sorte
que, de forma que, do mesmo modo que, segundo conforme.
7ª. Finais: são aquelas que indicam o fim ou finalidade à oração principal.
Exemplos:
- É preciso que haja políticos de concepções liberais extremadas para que os conservadores
não reduzam os homens a títeres.
- Acenei-lhe para que silenciasse.
8ª. Proporcionais: são aquelas que transmitem ideia de proporcionalidade à ideia principal.
Exemplos:
- À proporção que o tempo passa, a agonia recrudesce.
- O barulho de algazarra aumenta à medida que se aproxima das crianças.
9ª. Temporais: são aquelas que indicam relação de tempo naquilo que se refere à ação expressa
pela oração principal.
Exemplos:
- Enquanto ouço música, recupero o equilíbrio emocional.
- Cada vez que eu penso, te sinto, te vejo...
São conjunções subordinadas temporais: quando, enquanto, agora que, logo que, desde
que, assim que, tanto que, apenas, antes que, até que, sempre que, depois que, cada vez que.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
ORAÇÕES REDUZIDAS
São denominadas orações reduzidas aquelas que apresentam o verbo numa das formas
nominais, ou seja, infinitivo, gerúndio e particípio.
As orações reduzidas de formas nominais podem, em geral, ser desenvolvidas em orações
subordinadas. Essas orações são classificadas como as desenvolvidas correspondentes.
As orações reduzidas não são introduzidas por conectivo.
No caso de se fazer uso de locução verbal, o auxiliar indica se se trata de oração reduzida
ou não.
Na frase:
Tendo de ausentar-se, declarou vacante seu cargo.
Temos aqui uma oração reduzida de gerúndio. Portanto, é condição para que a oração seja
reduzida que o auxiliar se encontre representado por uma forma nominal.
Exemplos:
- Não convém agires assim
- É certo ter ocorrido uma disputa de desinteressados.
- Urge partires imediatamente.
Substantivas objetivas diretas: são aquelas que exercem a função de objeto direto.
Exemplos:
- Ordenou saírem todos logo.
- Respondeu estarem fechadas as matrículas.
- Peça-lhes fazer silêncio.
Substantivas objetivas indiretas: são aquelas que funcionam como objeto indireto da oração prin-
cipal.
Exemplo:
- Aconselho-te a sair imediatamente.
Substantivas predicativas: são aquelas que funcionam como adjetivo da oração principal.
Exemplos:
- O importante é não se deixar corromper pela desonestidade.
- Seu desejo era adquirir um automóvel.
Substantivas completivas nominais: são aquelas que funcionam como complemento de um nome
da oração principal.
Exemplos:
- Maria estava disposta a sair da casa.
- Tinha o desejo de espalhar os fatos verdadeiros.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
Substantivas apositivas: são aquelas que funcionam como aposto da oração principal.
Exemplos:
- Fez uma proposta a sua companheira: viajarem para a praia, no fim do ano.
- Recomendou-lhe dois procedimentos: ler e refletir exaustivamente a obra de José de Alen-
car.
Adverbiais: são aquelas que funcionam como adjunto adverbial da oração principal.
Exemplos:
- Chegou para poder colaborar. (final)
- Alegraram-se ao receberem os campeões. (temporal)
- Não obstante ser ainda jovem, conquistou posições invejáveis. (concessivas)
- Não poderá voltar ao trabalho sem me avisar com antecedência. (condicional)
- Não compareceu por se encontrar doente. (causal)
- É alegre de fazer inveja. (consecutiva)
Exemplos:
- O aluno não era de deixar de ler suas redações.
Adverbiais:
- Retornando de férias, volte ao trabalho. (temporal)
- João Batista, ainda trajando à moda antiga, apresentava-lhe galhardamente.
(concessiva)
- Querendo, você conseguirá obter resultados positivos nos exames. (condicional)
- Desconfiando de suas palavras, dispensei-o. (causal)
- Xavier, ilustre comerciante, enriqueceu-se vendendo carros. (modal ou conformativa)
Adverbiais:
- Terminada a aula, os alunos retiraram-se da classe. (temporal)
- Reconhecido seu direito, teriam tido outro comportamento. (condicional)
- Acossado pela política, não se entregou. (concessiva)
- Quebradas as pernas, não pôde correr. (causal)
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
O segundo grupo compreende os sinais cuja função essencial é marcar a melodia, a entoa-
ção: os dois-pontos ( : ), o ponto de interrogação ( ? ), o ponto de exclamação ( ! ), o travessão ( ‒ ),
o parênteses ( ( ) ), entre outros.
USO DO PONTO
Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de uma frase declarativa de um
período simples ou composto.
- Desejo-lhe uma feliz viagem.
- A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu
interior era conservado com primor.
O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev. = fevereiro,
hab. = habitante, rod. = rodovia.
O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final.
a) separar orações coordenadas que tenham certo sentido ou aquelas que já apresentam separa-
ção por vírgula:
Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tor-
nou-se uma doidivanas.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
USO DA VÍRGULA
De todos os sinais de pontuação, a vírgula, normalmente, é o que apresenta maior grau de
dificuldade na sua utilização correta.
A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não somente para separar
elementos de uma oração, mas também orações de um só período.
Emprega-se a vírgula nos seguintes casos:
Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula
deve ser empregada:
- Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e
roía as unhas.
d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás,
além disso, etc.):
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
a) uma enumeração:
... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque falou: e daí
tornou atrás, ao próprio ato. Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o
grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...
(Machado de Assis)
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
b) uma citação:
Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:
- Afinal, o que houve?
c) um esclarecimento:
Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse,
mas para magoar Lucila.
Observe que os dois pontos são também usados na introdução de exemplos, notas ou obser-
vações.
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratifi-
car/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar etc.
Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de per si (= cada um
por sua vez, isoladamente).
Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios:
cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc.
Ponto de Exclamação:
O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com ento-
nação exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.
- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito
repousante, Jacinto!
- Então janta, homem!
(Eça de Queiroz)
O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:
Oh!
Valha-me Deus!
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
(...)
3 Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo,
4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano
5 como um contínuo devir de experiências individuais
6 intransferíveis. (...)
Questão de prova: Na linha 4, o sinal de dois-pontos tem a função de introduzir
uma explicação para as orações anteriores; por isso, em seu lugar, poderia ser escrito por-
que, sem prejuízo para a correção gramatical do texto ou para sua coerência.
Comentário: Efetivamente, os dois-pontos poderiam ser substituídos por “porque”, pois in-
troduzem uma explicação para o que foi dito anteriormente: “Ao mesmo tempo, seres hu-
manos, somos indivíduos porque vivemos nosso ser cotidiano como um contínuo devir de
experiências individuais.” A alternativa está CERTA.
(...)
11 Como tentativas de acompanhar essa velocidade
12 vertiginosa que marca o processo de constituição da sociedade
13 hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a
14 fluidez das relações interpessoais. (...)
Questão de prova: A ausência de vírgula depois de “vertiginosa” (l.12) indica que a oração
iniciada por “que marca” (l.12) restringe a ideia de “velocidade vertiginosa” (l.11-12).
Comentário: As orações adjetivas restritivas delimitam o sentido do substantivo antece-
dente. São indispensáveis ao sentido total da oração. A oração iniciada por “que marca”,
restringe o substantivo velocidade, que a antecede. A alternativa está CERTA.
Questão de prova: O segmento “em setembro último” (l.2) está empregado entre
vírgulas por constituir expressão adverbial intercalada entre termos da oração de que faz
parte.
Comentário: O segmento “em setembro” exerce efetivamente a função, nessa oração, de
expressão adverbial, motivo pelo qual aparece entre vírgulas. A alternativa está CERTA.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
Concordância verbal
É o processo pelo qual o verbo altera suas desinências para se adequar morfossintatica-
mente ao sujeito. Em alguns casos, porém, a relação de concordância se estabelece entre verbo e
predicativo, verbo e aposto, verbo e adjunto adnominal, verbo e complemento nominal.
Regra geral: O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, especificamente com o núcleo.
b) Quando o sujeito for representado por nomes próprios de lugar ou título de obra:
- O verbo ficará no singular, se o nome não estiver precedido de artigo ou se o artigo estiver
no singular.
d) Quando o sujeito for representado pelo pronome relativo que, o verbo concordará com
o antecedente do pronome.
e) Quando o sujeito for representado pelo pronome relativo quem, o verbo poderá ficar na
3ª pessoa do singular ou concordar com a pessoa do antecedente do pronome.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
f) Quando o sujeito for o pronome relativo da expressão um dos que, o verbo ficará no plu-
ral (mais comum) ou no singular (mais raro).
- Uma das pessoas que desconfiavam (ou desconfiava) de mim era Maria.
g) Quando o sujeito for um pronome interrogativo ou indefinido singular seguido das ex-
pressões de nós, de vós, dentre nós, dentre vós, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.
h) Quando o sujeito for expressão partitiva ‒ parte de, uma porção de, a maioria de, grande
parte de, a maior parte de ‒ seguida de um substantivo no plural, o verbo ficará no singular ou no
plural.
i) Quando o sujeito contiver uma expressão que denota quantidade aproximada ‒ cerca de,
perto de, mais de, menos de ‒ o verbo concordará com o numeral que o acompanha.
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a) Quando os núcleos do sujeito são sinônimos (ou aproximadamente sinônimos), o verbo pode
ficar no singular ou no plural. Assim:
palavra resumitiva
d) Quando o sujeito apresenta a expressão "um e outro", o verbo pode ficar no singular ou no plu-
ral. Por exemplo:
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1º núcleo
Exemplos:
- A Itália ou a Holanda vencerá a próxima copa do mundo.
- A chuva ou o frio o fariam desistir da viagem.
- Nem você nem aquele pintor medíocre se casará com ela.
- Nem você nem meu amigo sabem a verdade.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância nominal é a concordância de nomes entre si. A que vai nos interessar particularmen-
te é a concordância do adjetivo com o substantivo.
PRINCIPAIS CASOS
Primeiro caso:
Preste atenção a este exemplo:
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
Segundo caso:
Preste atenção nestes exemplos:
Comprei abacate e maçã estragados.
Comprei maçã e abacate estragado.
Comprei abacate e maçã estragada.
Conclusão: Quando o adjetivo modifica dois ou mais substantivos do mesmo número, mas de gêne-
ros diferentes (abacate é masculino; maçã é feminino), o adjetivo vai para o masculino plural ou
concorda com o mais próximo.
Terceiro caso:
Preste atenção a estes exemplos:
Comprei maduro abacate e melão.
Comprei estragada maçã e abacate.
Conclusão: Quando o adjetivo aparece antes dos substantivos, faz-se a concordância sempre com o
substantivo mais próximo.
Quarto caso:
Preste atenção a estes exemplos:
Ela tem ideia e pensamento fixo.
Ela tem pensamento e ideia fixa.
Conclusão: Quando o adjetivo modifica dois substantivos sinônimos ou tomados por sinônimos,
concorda sempre com o substantivo mais próximo.
Quinto caso:
Preste atenção a este exemplo:
Comprei o livro e a maçã madura.
Conclusão: Quando o adjetivo se refere apenas ao último substantivo, só com ele concorda. (Claro!
Não existe livro “maduro”.)
Sexto caso:
Preste atenção a este exemplo:
Passei dia e noite frios no Canadá.
Sétimo caso:
Preste atenção a estes exemplos:
O rapaz e a garota eram argentinos
Eram argentinos o rapaz e a garota.
Eram argentinos a garota e o rapaz.
Conclusão: Quando o adjetivo é predicativo (tanto do sujeito quanto do objeto), faz-se a concor-
dância normal, qualquer que seja a ordem dos termos da oração, ou seja, o masculino prevalece
sempre, quando há mistura de gêneros.
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
OUTROS CASOS
Variam normalmente:
a) MESMO E PRÓPRIO
- Ele mesmo (ou próprio) lava suas roupas.
- Ela mesma (ou própria) lava suas roupas.
- Eles mesmos (ou próprios) lavam suas roupas.
- Elas mesmas (ou próprias) lavam suas roupas.
b) EXTRA E QUITE
- Ele fez apenas uma hora extra.
- Ele fez muitas horas extras.
- Estou quite com o banco.
- Estamos quites com o banco.
c) JUNTO
Só varia quando equivale a “um com outro” (e variações).
Ex.:
- Nunca vi esses rapazes juntos. (= um com outro)
- Minhas filhas chegaram juntas na escola. (= uma com a outra)
- Do contrário, não varia:
- Nunca vi esses rapazes junto com a mãe.
- Minhas filhas chegaram junto comigo.
d) SÓ
Varia quando equivale a “sozinho”, mas não quando equivale a “somente”.
Ex.:
- As crianças ficaram sós em casa. (sozinhas)
- Só as crianças ficaram em casa. (somente)
e) LESO
Concorda com o substantivo a que se refere.
Ex.:
- Eles cometeram um crime de leso-idioma.
- Eles cometeram um crime de lesa-pátria.
f) OBRIGADO
Concorda com o substantivo a que se refere.
Ex.:
- Ele saiu dizendo muito obrigado.
- Ela saiu dizendo muito obrigada.
- Eles saíram dizendo muito obrigados.
- Elas saíram dizendo muito obrigadas.
g) ANEXO
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Ex.:
- Anexo segue o recibo.
- Anexa segue a fotografia.
- Anexos seguem os recibos.
- Anexas seguem as fotografias.
- Quando é empregado antecedido da preposição “em” fica invariável.
- Em anexo segue o recibo.
- Em anexo segue a fotografia.
- Em anexo seguem os recibos.
- Em anexo, seguem as fotografias.
h) INCLUSO
Ex.:
- Já está incluso na conta o antepasto.
- Já está inclusa na conta a sobremesa.
- Já estão inclusos na conta os refrigerantes.
- Já estão inclusas na conta as bebidas.
i) NENHUM
Ex.:
- Eles não são nenhuns coitadinhos.
- Elas não são nenhumas coitadinhas.
j) CARO E BARATO
Variam apenas quando são adjetivos.
Ex.:
- A gasolina brasileira não é barata, é cara.
- As frutas importadas estão caras, e não baratas.
- Quando advérbios, não variam. Ex.:
- A gasolina brasileira custa caro , e não barato.
- As frutas importadas estão custando caro, e não barato.
k) BASTANTE
Varia normalmente, quando é adjetivo.
Ex.:
- Comam bastantes frutas, crianças!
- Vi bastantes novidades na feira.
- Quando advérbio, não varia:
- As crianças comem bastante.
- As crianças riram bastante no circo.
l) MEIO
Varia quando é adjetivo ou numeral. Nesse caso, significa “metade”.
Ex.:
- Cheguei ao meio-dia e meia (hora).
- Comprei duas meias melancias na feira.
- Quando advérbio, é invariável:
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
CASOS FINAIS
PRIMEIRO CASO: As expressões é bom, é necessário, é proibido, além de outras asseme-
lhadas, ficam invariáveis, se acompanhadas de substantivos que exprimem ideia genérica, indeter-
minada.
Ex.:
- É preciso muita paciência para dirigir no trânsito paulistano.
- É necessário folga semanal remunerada.
- Água é bom para matar a sede.
- É proibido entrada de pessoas estranhas.
- Não é permito entrada de pessoas estranhas neste local.
Ex.:
- É precisa sua presença aqui.
- É necessária nossa participação ativa nessa reivindicação.
- Esta água é boa para matar a sede.
- É proibida a entrada de pessoas estranhas.
- Não é permitida a presença de estranhos neste local.
Ex.:
- Feita a denúncia, regressamos a casa.
- Dada a ordem, tratou-se de cumpri-la.
- Dados os últimos retoques, partimos.
- Elas tinham feito a denúncia, eles haviam dado a ordem.
- Foi inaugurada, na manhã de ontem, nova creche no bairro.
Questão de prova: O uso da forma verbal “se trata” (l.3), no singular, atende às
regras de concordância com o termo “um corte epistemológico” (l.4) e seriam mantidas a
coerência entre os argumentos e a correção gramatical do texto se fosse usado o termo no
plural, cortes epistemológicos, desde que o verbo fosse flexionado no plural: se tratam.
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(...)
11 Como tentativas de acompanhar essa velocidade
12 vertiginosa que marca o processo de constituição da sociedade
13 hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a
14 fluidez das relações interpessoais. (...)
Questão de prova: A forma verbal “surge” (l.13) está flexionada no singular porque es-
tabelece relação de concordância com o conjunto das ideias que compõem a oração ante-
rior.
Comentário: A oração iniciada por surge está no singular porque o verbo “surge” estabe-
lece relação de concordância com “a flexibilidade”, que está no singular. A alternativa,
portanto, está ERRADA.
(...)
11 As razões para esse estancamento encontram-se no comportamento
12 do polo dinâmico da economia mundial, os países emergentes,
13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar —
14 ainda que a partir de taxas exuberantes de expansão.
Comentário: A construção sintática destacada com travessão inicia pela conjunção con-
cessiva “ainda que”, que pode ser substituída, no trecho em análise, por “embora” ou
“mesmo que”, indicando ideia de concessão, não de causa e consequência. A alternativa,
portanto, está ERRADA.
O artigo definido feminino quando vem precedido da preposição a, funde-se com ela, e tal
fusão é representada na escrita por um acento grave sobre a vogal (à):
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L Í NG U A P O RT U G UE S A
1ª) É condição essencial que o acento grave venha antes de palavra feminina.
2ª) É necessário que a palavra dependa de outra que exija a preposição a.
3ª) É necessário que a palavra admita o artigo feminino (sentido particularizado).
2º) Nas indicações de horas, desde que determinadas. Atenção: zero e meia incluem-se na
regra.
Ex.:
- Veio às 10 horas.
- Chegou à meia-noite em ponto.
- A greve iniciará à zero hora.
3º) Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas: às pressas, à risca, às vezes, à noite,
à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à
medida que, à proporção que, à forma de, à espera de, etc.
Ex.:
- À direita ficava a biblioteca.
- Saiu às pressas.
- Estava à espera do pai.
- O bife foi servido à moda da casa.
4º) Nas locuções que indicam meio ou instrumento e em outras nas quais a tradição linguís-
tica o exija: à bala, à chave, à mão, à tinta, à venda, à vista, à toa, à espera, etc. Com relação a essa
regra, há divergências entre os estudiosos da língua, porém, prefira o uso do acento grave.
Atenção: Neste caso não se pode usar a regra prática de substituir a por ao.
Ex.:
- Morto à bala.
- Escrito à mão.
- Pagamento à vista.
- Andava à toa.
5º) Antes dos relativos que, qual e quais, quando o a ou as puderem ser substituídos por ao
ou aos.
Ex.:
- Esta é a mulher à qual você se referiu.
(Equivalente: este é o homem ao qual você se referiu.)
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Ex.:
- Salto à Luís XV (à moda de Luís XV).
- Estilo à José de Alencar (à maneira de).
- Refiro-me à UFRGS (universidade).
- Vou à Verbo Jurídico (editora)
4º) Substantivos repetidos: Cara a cara, frente a frente, gota a gota, de ponta a ponta.
5º) Ela, esta e essa: Pediram a ela que saísse. / Cheguei a esta conclusão. / Dedicou o livro a essa
mulher.
6 º) Outros pronomes que não admitem artigo, como: ninguém, alguém, toda, cada, tudo, você,
alguma, qual, etc.
8 º) Uma: Foi a uma festa. Exceções. Na locução à uma (ao mesmo tempo) e no caso em que uma
designa hora (Chegará à uma hora).
9º) Palavra feminina tomada em sentido genérico: Não damos ouvidos a reclamações. / Em respei-
to a morte em família, faltou ao serviço. Repare: Em respeito a falecimento, e não ao falecimento. /
Não me refiro a mulheres, mas a meninas.
Alguns casos são fáceis de identificar: se couber o indefinido uma antes da palavra femini-
na, não existirá crase. Assim: A pena pode ir de (uma) advertência a (uma) multa. / Igreja reage a
(uma) ofensa de candidato em Guarulhos. / As reportagens não estão necessariamente ligadas a
(uma) agenda. / Fraude leva a (uma) sonegação recorde. / Empresa atribui goteira a (uma) falha no
sistema de refrigeração. / Partido se rende a (uma) política de alianças.
Havendo determinação, porém, a crase é indispensável: Morte de vítima de roubo leva à
punição (ao castigo) dos ladrões. / Funcionário admite ter cedido à pressão (ao desejo) do chefe.
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11º) Nomes de mulheres célebres: Ele a comparou a Anita Garibaldi. / Preferia Julia Roberts a San-
dra Bullock.
12º) Dona e madame: Deu o dinheiro a dona Carmem . / Já se acostumou a madame Isabel.
Exceção: Há crase se o dona ou o madame estiverem particularizados: Referia-se à Dona Flor dos
dois maridos.
13º) Numerais considerados de forma indeterminada: O número de mortos chegou a cinco. / Nas-
ceu a 2 de junho. / Fez uma visita a três empresas.
14º) Distância, desde que não determinada: Ele ficou a distância. / O trem estava a distância.
Quando se define a distância, existe crase: O trem estava à distância de 300 metros da estação. /
Ele ficou à distância de dez metros dos assaltantes.
15º) Terra, quando a palavra significa terra firme: O navio estava chegando a terra. / O marinheiro
foi a terra. (Não há artigo com outras preposições: Viajou por terra. / Esteve em terra.) Nos demais
significados da palavra, usa-se a crase: Voltou à terra natal. / Os astronautas regressaram à Terra.
16º) Casa, considerada como o lugar onde se mora: Voltou a casa. / Chegou cedo a casa. (Veio de
casa, voltou para casa, sem artigo.) Se a palavra estiver determinada, existe crase: Voltou à casa
dos pais. / Faremos uma à Casa Branca.
(...) Estudos a respeito de riqueza e pobreza ora dão quitação a classes pela forma quantita-
tiva da ordem do ganho econômico, ora pelo grau de consumo na sociedade capitalista, ora
pela forma de apresentação em vestuário, ora pela violência de quem não tem mais nada a
perder e assim por diante. O imaginário, em sua organização dinâmica e com sua capaci-
dade de produzir imagens simbólicas e estereótipos, maneja representações que possibili-
tam pôr ordem no caos. (...)
(...) A ocultação, pela indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por seus
produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as destruídas por todos os assassinatos
ocorridos nos Estados Unidos da América durante uma década inteira; e outros produtos pe-
rigosos, como o cigarro, também provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.
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Questão de prova: Com base na estruturação sintática dos períodos do texto III,
assinale a opção correta.
Somente a alternativa D será analisada, por abordar o uso da crase.
(item D) O sinal indicativo de crase empregado na linha 5 é dispensável, porque “meio am-
biente” (l.5-6) é uma simples complementação do vocábulo antecedente.
Comentário: O sinal indicativo de crase utilizado neste período não é dispensável. Obser-
ve: “ligados a” + “a preservação” = “ligados à preservação”. A alternativa está ERRADA.
Em uma oração, o pronome oblíquo átono pode ocupar três posições em relação ao verbo. Essa
colocação pronominal recebe as seguintes classificações: próclise, ênclise e mesóclise.
A próclise ocorre quando o pronome está antes do verbo; já na ênclise o pronome posiciona-
se depois do verbo, enquanto que na mesóclise o pronome fica no meio do verbo. Veja a seguir as
particularidades de cada uma.
Próclise
→ pronome oblíquo átono antes do verbo.
1) Palavras com sentido negativo sempre irão atrair o pronome para junto de si.
- Não te quero aqui.
- Ninguém me faltou com o respeito.
- Nada me deixa tranquilo quando penso nela.
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3) Os pronomes relativos (quem, qual, que, cujo, onde, quando) pedem o uso de próclise.
- O seu irmão que me disse isso.
- A notícia à qual me referi é manchete do jornal de hoje.
4) Pronomes indefinidos (alguém, quem, algum, qualquer, cada qual, pouco, vários) atraem o pro-
nome para junto de si.
- Quem te disse isso?
- Alguém me contou.
5) Pronomes demonstrativos (isso, aquilo, aquele, aquela, esta, este, esse, essa) pedem o uso de
próclise.
- Isso me alegra muito!
- Aquilo me mostrou que não devo confiar em você.
- Esse me agrada.
7) As conjunções subordinativas e coordenativas (quando, se, como, porque, logo que, conforme,
mas) pedem o pronome junto de si.
- Ela sorriu logo que o viu.
- Ela partiu quando lhe contaram sobre o acidente dos pais.
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos mais próximos.
8) Em frases interrogativas.
- Quanto me cobrará pelo conserto do carro?
- Quem te buscará?
Ênclise
Sua colocação pronominal ocorre com o uso do pronome oblíquo átono depois do verbo.
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Mesóclise
Na mesóclise o pronome fica no meio do verbo e essa colocação pronominal ocorre nos seguintes
tempos verbais: futuro do presente ou futuro do pretérito.
Exemplos:
O concurso realizar-se-á no próximo mês.
Far-lhe-ei uma proposta de trabalho.
• Com palavras atrativas: quando a locução vem precedida de palavra atrativa, o pronome se colo-
ca antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplo:
Não lhe quero dizer o que aconteceu.
Não quero dizer-lhe o que aconteceu.
• No início da oração ou depois de pausa: quando a locução está no início da oração, não se usa o
pronome antes do verbo auxiliar.
Exemplo:
Posso-lhe dar um excelente desconto. (início da oração)
Posso dar-lhe um excelente desconto. (início da oração)
No inverno, pode-se esquiar no lago perto da minha casa. (pausa)
No inverno, se pode esquiar no lago perto da minha casa. (pausa)
• Sem atração nem pausa: quando a locução verbal não vem precedida de palavra atrativa nem de
pausa, admite-se qualquer colocação do pronome. Exemplo: Esse relacionamento lhe pode trazer
desgostos.
Esse relacionamento pode-lhe trazer desgostos.
Esse relacionamento pode trazer-lhe desgostos.
• Verbo auxiliar no futuro do presente ou no futuro do pretérito: Nesse caso, o pronome pode vir
em mesóclise em relação a ele.
Exemplo:
Ter-nos-ia dito a verdade.
• Particípio: Nesse caso, jamais se usa pronome oblíquo átono depois do particípio.
Exemplo:
Não a haviam esperado. (correto)
Não haviam esperado-a. (errado).
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Exemplos:
- Próclise: Eu não vo-lo expliquei?
- Ênclise: A encomenda, entregaram-lha ontem.
- Mesóclise: Dir-vo-lo-ei logo que souber.
Exemplos:
Nunca houve brigas entre eu e ela. (errado)
Nunca houve brigas entre mim e ela. (certo)
Todas as dúvidas entre eu e tu foram sanadas. (errado)
Todas as dúvidas entre mim e ti foram sanadas. (certo)
Sem você e eu, aquele trabalho não acaba. (errado)
Sem você e mim, aquele trabalho não acaba. (certo)
Perante eu e vós, aquelas criaturas são bem mais infelizes. (errado)
Perante mim e vós, aquelas criaturas são bem mais infelizes. (certo)
Observação: Os pronomes “eu” e “tu”, no entanto, podem aparecer como sujeito de um verbo no
infinitivo, embora precedidos de preposição.
Exemplos:
Não vais sem eu mandar.
Dei o dinheiro para tu comprares o carro.
Esta regra é para eu não esquecer.
Veja a seguir questões de concurso que abordam o uso dos pronomes átonos.
(...)
8 O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança
9 de gradual retomada do crescimento do mercado de trabalho no
10 curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. (...)
Questão de prova: Na linha 10, o deslocamento do pronome “se” para
imediatamente após a forma verbal “concretizar” — não deverá concretizar-se — não pre-
judicaria a correção gramatical do texto.
Comentário: Nas locuções adverbiais (deverá concretizar), o pronome oblíquo pode ficar
proclítico ou enclítico ao verbo auxiliar ou, ainda, enclítico ao principal. Se houver palavra
que motive a próclise (não), o pronome ficará antes do auxiliar ou enclítico ao principal. Por-
tanto, estão corretas ambas as formas não deverá se concretizar e não deverá concretizar-
se. A alternativa, portanto, está CERTA.
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REESCRITURA DE FRASES E
PARÁGRAFOS DO TEXTO
Este item será abordado de forma geral, pois entendemos que os subitens (6.1 Substituição
de palavras ou de trechos de texto e 6.2 Retextualização de diferentes gêneros e níveis de formali-
dade.) estão intrinsicamente ligados, já que a substituição de palavras ou trechos tem tudo a ver
com a retextualização.
Figuras de estilo, figuras ou desvios de linguagem são nomes dados a alguns processos que
priorizam a palavra ou o todo para tornar o texto mais rico e expressivo ou buscar um novo signifi-
cado, possibilitando uma reescritura correta de textos.
FIGURAS DE PALAVRAS
No segundo exemplo, a palavra chave sofreu um desvio na sua significação própria, toman-
do um sentido diferente do que o usual. Semelhantes desvios de significação a que são submetidas
as palavras, quando se deseja atingir um efeito expressivo, denominam-se figuras de palavras.
Metáfora
A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e
transportá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação im-
plícita, de uma similaridade existente entre as duas.
Veja os exemplos:
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Símbolo - É a metáfora que acontece quando o nome de um ser ou coisa concreta assume
um valor convencional e abstrato.
Sinestesia
É a figura em que se fundam as sensações visuais com auditivas, gustativas, olfativas, táteis.
A figura dos sentidos.
Catacrese
É uma variedade de metáfora natural da língua, de emprego corrente, que serve para suprir
a inexistência de um nome específico para determinada coisa.
Nariz do avião, pé da mesa, boca da noite, dente de alho, embarcar no trem, etc.
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Metonímia
Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas
algum grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição
fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos:
Sinédoque
Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, havendo ampliação ou
redução do sentido usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos sinédoque nos se-
guintes casos:
- o todo pela parte e vice-versa: “A cidade inteira (o povo) viu assombrada, de queixo caído, o
pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (parte das patas) de seu cavalo.” (J. Cândido de
Carvalho)
- o singular pelo plural e vice-versa: O carioca (todos os cariocas) é descontraído.
- o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Para os artistas ele foi um mece-
nas (protetor).
Antonomásia
Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou
fato que a distingue.
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja
origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome próprio.
Exemplos:
- Pelé (= Edson Arantes do Nascimento) / O poeta dos escravos (= Castro Alves)
Figuras de construção
As figuras de construção ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao sig-
nificado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao sentido.
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Exemplos:
- A cada um o que é seu. (Deve se dar a cada um o que é seu.)
- Pedro estava atrasado. Preferiu ir direto para o trabalho. (Ele, Pedro, preferiu ir
direto para o trabalho, pois estava atrasado.)
Pleonasmo
Consiste no emprego de palavras redundantes para reforçar uma ideia. Exemplos: Ela vive
uma vida feliz.
Observação: Devem ser evitados os pleonasmos viciosos, que não têm valor de reforço, sendo antes
fruto do desconhecimento do sentido das palavras, como por exemplo, as construções “descer para
baixo”, “protagonista principal”, “sair para fora”, etc.
Polissíndeto / Assíndeto
Para estudarmos essas duas figuras de construção, é necessário recordar um conceito estu-
dado em sintaxe sobre período composto. No período composto por coordenação, podemos ter
orações sindéticas ouassindéticas. A oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assindética.
Recordado esse conceito, podemos definir as duas figuras de construção:
• Polissíndeto
É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos.
Exemplo:
“Trabalha, e teima, e sofre, e lima, e sua!” (Olavo Bilac)
•Assíndeto
É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando
no uso de orações coordenadas assindéticas.
Exemplo:
“Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, (e) sondava os arredores, (e)
bradava com desespero, até ouvia duas notas estridentes, (e) localizava o
fugitivo, (e) saía de casa como (...).” (Graciliano Ramos)
Inversão ou Hipérbato
Consiste em alterar a ordem normal dos termos ou orações com o fim de lhes dar desta-
que.
Exemplo: “Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond de
Andrade)
Observação: o termo que desejamos realçar é colocado, em geral, no início
da frase.
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Anacoluto
Consiste na mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos des-
ligados do resto do período.
Exemplo:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Silepse
A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim
com a ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicológica, espiritual, latente, por-
que se faz com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero,
número e pessoa.
• Silepse de Gênero
Os gêneros são masculino e feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância
se faz com a ideia que o termo comporta.
Exemplo:
A bonita Porto Alegre sofreu mais uma vez com o frio intenso.
Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Alegre, que grama-
ticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de Porto
Velho).
• Silepse de Número
Os números são singular e plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração
não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida.
Exemplo:
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
Note que no exemplos acima, o verbo gritavam não concorda gramaticalmente com o su-
jeito das oração (povo, que se encontra no singular), mas com a ideia de pluralidade que nele está
contida.
• Silepse de Pessoa
Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa o-
corre quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito
da oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no sujeito.
Exemplo:
Os professores temos orgulho de nosso trabalho.
Observe que o verbo temos não concorda gramaticalmente com os seu sujeitos (professo-
res que está na terceira pessoa), mas com a ideia que nele está contida (nós, os professores).
Onomatopeia
Consiste no aproveitamento de palavras cuja pronúncia imita o som ou a voz natural dos
seres. É um recurso fonêmico ou melódico que a língua proporciona ao escritor.
Exemplo:
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Zeugma
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencio-
nado anteriormente.
Exemplo:
Ele gosta de matemática; eu, de português.
Paranomásia
São palavras com sons semelhantes, mas de significados diferentes, vulgarmente chamada
de trocadilho.
Exemplo:
A queda do político eminente era iminente.
Neologismo
É a criação de palavras novas.
Exemplo:
O projeto foi considerado imexível.
FIGURAS DE PENSAMENTO
São processos estilísticos que se realizam na esfera do pensamento, no âmbito da frase.
Nelas intervêm fortemente a emoção, o sentimento, a paixão. Eis as principais figuras de pensa-
mento:
Antítese
Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.
Exemplo:
“Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fa-
zem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal.” (Rui Barbosa).
Apóstrofe
Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que
pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar
ênfase à expressão.
Exemplo:
“Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” (Castro Alves).
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Eufemismo
Ocorre quando, no lugar das palavras próprias, são empregadas outras com a finalidade de
atenuar ou evitar a expressão direta de uma ideia desagradável ou grosseira.
Exemplo:
“E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe pague”.
(Chico Buarque).
Gradação
Ocorre quando se organiza uma sequência de palavras ou frases que exprimem a intensifi-
cação progressiva de uma ideia.
Exemplo: “
Aqui… além… mais longe por onde eu movo o passo.” (Castro Alves).
Hipérbole
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem
emocionante e de impacto. Consiste em aumentar uma expressão a fim de impressionar o interlo-
cutor.
Exemplo:
“Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac).
Ironia
Consiste em dizer o contrário do que pensamos, mas dando a entender o tom irônico, ge-
ralmente, com a intenção de obter uma reação do leitor, ouvinte ou interlocutor. A ironia estabele-
ce um contraste entre o que se pensa e o que fala ou escreve.
Exemplo:
Veja que “belo” serviço você fez! (A ideia de beleza é desmentida pela ênfase dada à
palavra “belo”, indicando que a intenção da pessoa é o contrário da expressa.
Paradoxo
Consiste no encontro de ideias que se opõem; ideias opostas. Paradoxo é a reunião de idei-
as contraditórias e aparentemente irreconciliáveis, num só pensamento, o que nos leva a expressar
uma verdade com aparência de mentira.
Exemplo:
“Amor é fogo que arde sem se ver, / é ferida que dói, e não se sente,
É um contentamento descontente, / É dor que desatina sem doer.” (Camões)
Reticência
Consiste em suspender o pensamento, deixando-o meio velado.
Exemplo:
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se digo.”
(Machado de Assis)
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Retificação
Como a própria palavra indica, consiste em retificar uma afirmação anterior.
Exemplo:
O policial, aliás uma policial muito prestativa, não sabia como solucionar o caso.
VÍCIOS DE LINGUAGEM
Ao contrário das figuras de linguagem, que representam realce e beleza às mensagens emi-
tidas, os vícios de linguagem são palavras ou construções que vão de encontro às normas gramati-
cais. Os vícios de linguagem costumam ocorrer por descuido, ou ainda por desconhecimento das
regras por parte do emissor. Veja, a seguir, os principais vícios de linguagem:
Barbarismo
É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis:
• Pronúncia
• Semântica
Exemplo:
Ele comprimentou seu vizinho ao sair de casa. (cumprimentou)
• Estrangeirismos
Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando já
existe palavra ou expressão correspondente na língua.
Exemplo:
Após o trabalho, vou tomar um drink. (drinque)
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Solecismo
É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis:
• Concordância
Exemplo:
Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia)
• Regência
Exemplo:
Eu assisti o filme ontem. (ao)
• Colocação
Exemplo:
Trabalhei tanto que não aguento-me em pé. (não me aguento em pé)
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MINISTÉRIO PÚBLICO
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS