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AULA 5
1. Tipos textuais;
2. Gêneros textuais 1;
3. Gêneros textuais 2;
4. O roteiro;
5. O texto acadêmico.
CONTEXTUALIZANDO
O que um texto quer? É possível dizer que o texto tem uma intenção?
Sim, é possível, e essa intenção se manifesta no seu gênero e na tipologia
empregada. Por exemplo: um texto argumentativo quer nos convencer de
alguma ideia ou conceito; já um texto narrativo quer contar uma história.
Narrar, descrever e argumentar são as “ações” que os textos executam,
e essas ações indicam sua tipologia. Além disso, nossa cultura organiza os
textos em categorias mais abrangentes, conjuntos de textos que fazem
determinados usos desses recursos da linguagem para atingir seus propósitos
comunicativos: um conto, por exemplo, deve narrar e descrever – mas não é
provável que ele desenvolva uma argumentação, certo?
Portanto, ao longo desta aula, vamos pensar a respeito dos diferentes
tipos de texto e das maneiras como eles se organizam em gêneros. Isso significa
compreender suas intenções, sua estrutura interna e a relação que eles
estabelecem com o contexto social e cultural.
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podemos dizer que há cinco tipos textuais mais facilmente identificáveis:
narrativo, descritivo, argumentativo, expositivo e injuntivo. Também é possível
encontrar textos que misturam essas tipologias, portanto, é mais útil pensar nelas
como “coisas que os textos fazem” do que como rótulos que identificam os
textos, sendo que eles podem fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. O que
vale, nesse caso, é definir qual é a intenção do texto. Vejamos como funcionam
esses cinco tipos.
1.1 Narrativo
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Na publicidade, a narração é empregada quando se faz o uso de
personagens, por exemplo: “Maria queria comprar uma casa, mas não tinha
dinheiro. Até que um dia, conversando com seu gerente do banco XYZ,
descobriu que era possível…”.
1.2 Descritivo
1.3 Expositivo
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ciência, em que se faz a exposição de dados ou mesmo a definição de termos;
e também ao jornalismo, especificamente nos textos de caráter informativo, já
que o texto expositivo é aquele que se concentra na tarefa de transmitir uma
informação. Por exemplo:
• “Em mais uma edição inédita na manhã de sábado (20), o Ciência é Tudo
apresenta a tecnologia por trás dos satélites e de que forma eles facilitam
a comunicação global por sinais de TV, internet e telefone. O programa
vai ao ar às 8h30, na TV Brasil” (TV Brasil, 2020).
1.4 Argumentativo
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1.5 Injuntivo
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Podemos pensar na publicidade como um grande gênero textual cujo
principal representante é o anúncio publicitário. Na publicidade, o texto é livre
para empregar qualquer recurso comunicativo que o ajude a atingir seu objetivo:
convencer. Observe o anúncio abaixo, publicado em uma revista brasileira há
quase um século.
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A publicidade certamente usa recursos da linguagem literária. Na
literatura, por sua vez, podemos distinguir dois grandes conjuntos: a prosa e a
poesia. O gênero poético é aquele em que a forma de expressão, o como se diz
algo, está em evidência. Compare os dois textos reproduzidos abaixo:
É o amor
Que mexe com minha cabeça [...]
(Trecho de É o Amor, de Zezé di Camargo)
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poetas modernos da língua portuguesa foi Fernando Pessoa (1888-1935), que
escrevia poemas como este, que já foi adaptado pela publicidade e também para
um roteiro de novela:
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caminha em direção à sua conclusão, sem digressões ou derivações em
narrativas paralelas.
O romance, por sua vez, é uma forma narrativa longa, mais complexa,
que se desenvolveu ao longo dos séculos – considera-se Dom Quixote, de
Miguel de Cervantes, 1605, seu modelo fundador –, alcançando seu momento
de maior proeminência entre os séculos XIX e XX. Assim como no conto, não há
uma extensão padrão para o romance, mas ele será uma narrativa que
apresenta vários conflitos e personagens, geralmente cobrindo um espaço
temporal longo (como a vida inteira de uma pessoa). Grandes romancistas da
literatura universal escreveram obras que foram essenciais ao desenvolvimento
da cultura de seus países, ampliando a compreensão sobre sua realidade e
construindo literariamente uma nova forma de entender a subjetividade humana.
Entre esses artistas, podemos citar o brasileiro Machado de Assis, a inglesa Jane
Austen, o francês Gustav Flaubert, o norte-americano Mark Twain, o russo
Fiódor Dostoiévski e o alemão Thomas Mann.
O pesquisador inglês Ian Watt (2000) identifica no romance moderno, que
se consolida no movimento realista do século XIX, uma nova estética centrada
em dois elementos, a caracterização dos personagens e a descrição do cenário:
“o romance certamente se distingue de outros gêneros e formas anteriores da
ficção pela grande atenção que dedica sistematicamente à individualidade de
seus personagens e à detalhada apresentação do ambiente” (Watt, 2000, p. 17-
18). Podemos dizer que esse interesse pelo indivíduo, marca central do
romance, é uma característica definidora das sociedades capitalistas em que
vivemos. Algo que se exacerbou ainda mais nas últimas décadas, quando
nossos projetos de vida se tornaram projetos de construção de uma identidade,
especialmente evidente na duplicação de nossas existências no ambiente virtual.
A publicidade, por sua vez, se constrói em grande medida a partir desse desejo
que todos temos de nos sentirmos únicos.
Ao longo do século XX, o romance perderia gradualmente sua relevância
como forma narrativa na sociedade na medida em que o cinema assumia esse
papel. Hoje, com a ascensão das séries de TV e de outros conteúdos
audiovisuais, a prosa literária ocupa um espaço ainda mais restrito na vida das
pessoas. No entanto, não devemos nos esquecer de que a literatura de ficção
continua sendo a gênese de grande parte do conteúdo ficcional que
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consumimos. É o caso de séries muito populares, como O conto de Aia, assim
como franquias de cinema como Jogos mortais, que nascem como romances
para depois ganhar as telas e os milhões de fãs pelo mundo.
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Que tal assistir à cena em que o ator Osmar Prado interpreta o poema de
Álvaro de Campos, como uma fala de seu personagem na novela O clone
(2002)? Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=lti9RLys-48>.
Você pode ouvir o conto Curriculum vitae, na íntegra, nesta edição do
programa “Nocaute por Escrito”. Disponível em:
<https://www.uninter.com/radio/nocaute-por-escrito1>. Acesso em: 15 jul. 2020.
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terceiro turno de oito horas. Mesmo assim, não consegue suprir a
demanda desde que o remédio começou a ser associado ao
tratamento da covid-19. Tem encomendas para os próximos dois
meses, mantido o ritmo atual de produção, sem parar. (Lobato, 2020)
A onda de protestos que tomou conta dos Estados Unidos nos últimos
dias, motivada pelo assassinato de George Floyd, escancarou uma
janela para o racismo institucional e sistêmico presente na sociedade
norte-americana. Assim como no Brasil, a herança escravista nos
Estados Unidos impôs imensos flagelos à população negra no país
que, mesmo tendo a sua liberdade garantida pela 13ª Emenda, viu
centenas de obstáculos ao exercício pleno da cidadania por um regime
segregacionista que — sob o lema separate but equal — legitimava o
racismo em suas formas mais brutais. (João; Frota, 2020)
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seus textos. Todavia, é preciso lembrar que faz parte das estratégias de
convencimento, tanto no jornalismo quanto na publicidade, naturalizar a
interpretação proposta, ou seja, fazer com que o leitor receba os argumentos
como se eles fossem “fatos da vida”.
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TEMA 4 – O ROTEIRO
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estrutura narrativa padrão usada em muitos filmes de ficção, ainda que de forma
simplificada. Essa estrutura pode ser descrita em três etapas:
1. Exposição do problema/complicação/conflito;
2. Clímax (ponto da virada);
3. Resolução (conclusão).
Agência: Talent
Cliente: Ipiranga
Produto: Postos Ipiranga
Título: Ambulância
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TEMA 5 – O TEXTO ACADÊMICO
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(nunca escreva “eu analisei os dados”, “eu entendo que…”), e na opção pela
primeira pessoa do plural, ou ainda pelas formas impessoais (“analisamos”,
“entendemos”; ou “analisaram-se”, “entende-se”).
Por fim, devemos comentar o uso da palavra dissertação. A rigor, uma
dissertação é o texto de conclusão de um curso de mestrado. No entanto,
emprega-se frequentemente esse termo para se referir a textos de caráter
acadêmico-científico. Há certa confusão em torno de seu uso, mas, em geral,
entende-se que um texto dissertativo será uma combinação de argumentação e
exposição, feita com profundidade.
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TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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Pensamos também a respeito das relações entre diferentes gêneros e a
publicidade. Por fim, analisamos o roteiro do filme publicitário, um modelo de
texto que é a gênese do produto audiovisual, e o texto acadêmico, o gênero
textual da ciência.
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REFERÊNCIAS
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