Você está na página 1de 69

1

LÍNGUA PORTUGUESA
ENSINO MÉDIO
AVISO: Não precisa imprimir. Pode acompanhar pelo celular e/ou computador.
Responda no seu caderno de Língua Portuguesa.

FONTE: http://www.aficcionados.com

“A função da educação é ensinar a pessoa a pensar


intensamente e a pensar criticamente. Inteligência mais
caráter - esse é o objetivo da verdadeira educação.”
Martin Luther King Jr.

1 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


2

“A liberdade é uma luta constante.”


Ângela Davis

2 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


3

Clique aqui e ouça o


podcast explicativo

TEXTO 1
Discurso
Autor: Sírio Possenti,

Instituição: Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP / Instituto de Estudos da Linguagem-IEL

Discurso é o enunciado ou texto produzido em uma situação de


enunciação e determinado pelas condições históricas e sociais.
Nem sempre nos damos conta, mas é relativamente fácil
demonstrar que dizemos “bom dia” ao primeiro encontro, que
falamos de eleição em época de eleição, de Copa de quatro em
quatro anos, que lamentamos acontecimentos dramáticos que
acabam de ocorrer, que falamos dos assuntos que estão em pauta
(numa conversa ou nos jornais, conforme o caso), que se fala de
gramática nas aulas de Português, de genes nas de Biologia, do
descobrimento do Brasil nas aulas de História, ou em abril. Ou
seja: não se diz qualquer coisa a qualquer momento, ou não
fazemos frases “com a palavra pato”, como naquela tarefa da
escola de antigamente.

3 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


4

A situação de enunciação pode ser uma interlocução entre duas


pessoas, como uma compra numa loja. Observe-se a diferença entre
uma compra real e uma aula sobre o que dizer ao comprar. Mas pode
ser também uma situação mais ampla, como “época das eleições / da
crise política na Europa”. Em cada caso, as condições definem o que é
relevante dizer e como o que é dito é usualmente compreendido.
Pode-se resumir esta concepção dizendo que todo discurso é situado.
Uma longa tradição escolar analisou textos ou enunciados sem
considerar quando foram proferidos, por quem o foram, contra ou a
favor de quais outros enunciados. Isso implicava basicamente uma
análise da forma do texto e de seu conteúdo. Mas levar em conta a
situação e o contexto histórico permite compreender melhor como um
texto funciona – o que significa, se apoia ou critica outros etc. Esses
fatores explicam por que algo foi dito (não se falava de vacina nem de
direitos das mulheres na Grécia antiga; a literatura realista propõe
linguagem e enredos diferentes dos que propõe a literatura romântica)
e qual é o sentido do que foi dito.
Considerar o discurso é contrapor-se a só considerar o texto e os
elementos que o compõem: quantos parágrafos tem? a qual gênero
pertence? Ou a só perguntar pelos sentidos gerais do texto: em “o
menino leu o livro”, o que fez o menino? quem leu o livro? O principal
efeito pedagógico desta concepção é ir além da leitura do conteúdo
expresso para descobrir o que eventualmente está implícito no texto:
se é uma informação, uma resposta, a quem se dirige (há jornais e
revistas para grupos sociais diferentes, por exemplo).

Referências bibliográficas:
FIORIN, J. L. O pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006.

MAINGUENEAU, D. Análise dos textos de comunicação. São Paulo: Cortez


Editora, 2000.

MAZIÈRE, F. A análise do discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

4 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


5

MODALIZADORES
DISCURSIVOS
Clique abaixo
para ouvir a
explicação

'Modalizador é palavra da área da linguística, e


«diz-se de ou elemento gramatical ou lexical por
meio do qual o locutor manifesta determinada
atitude em relação ao conteúdo de seu próprio
enunciado». Segundo o Dicionário Eletrônico
Houaiss, «entre os modalizadores tem-se:

a) os advérbios (talvez, sem dúvida, a meu ver


Referências Bibliográficas
etc.), que indicam se o conteúdo do enunciado
CASTILHO, A. T.; CASTILHO, C. M. M de. Advérbios modalizadores. In: ILARI, Rodolfo
foi oudonão
(Org.). Gramática inteiramente
português assumido
falado. 2. ed. Campinas: pelo
Editora locutor;
da Unicamp, 1993. v. II

b) o modo verbal (indicativo, subjuntivo), que indi-


CORBARI, Alcione Tereza. A modalização deôntica no artigo de opinião: força ilocutória
regulada pelo contexto enunciativo. Cadernos de Letras da UFF. nº 46, p. 195-218.
ca se SILVA,
RISSO, Mercedes;
o enunciado expressa
Giselle Machline de Oliveira &um
fatoHudinílson.
URBANO,
ou umMarcadores
de-
sejo
discursivos: (Pedro
traços veio.
definidores. Em:/Gostaria
I.G.V. Koch (Org. que
1996:Pedro
21-94). viesse);

c) o verbo auxiliar modal, que indica a noção de


necessidade ou possibilidade (Alícia pode vir;
Alícia deve vir);
d) uma oração principal cujo verbo expressa mo-
dalidade (É possível que Alícia venha). '
FONTE: in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-
iul.pt/consultorio/perguntas/o-termo-modalizador/21713 [Texto adapta-
do. Consultado em 06-09-2020]

5 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


6

Clique aqui e ouça o


podcast explicativo

A ARTE DE ARGUMENTAR
Sobre o Argumento
Para escrever um artigo de opinião é preciso, antes de tudo, ter
uma tese muito clara para defender diante de uma questão
polêmica. Afinal, toda a organização textual do artigo, assim
como sua consistência, estarão subordinadas à defesa dessa tese.
Por isso, todo o artigo deve poder ser resumido por um
argumento central. É com esse argumento que o autor articula
sua opinião pessoal (a tese ou a conclusão de seu raciocínio e os
dados e as justificativas que a sustentam).
O articulista precisa, então, definir seus argumentos de acordo
com o tema escolhido e, portanto, também de acordo com o
público (o auditório) para quem escreve: um artigo para um jornal
de economia, por exemplo, deverá apoiar-se em conceitos e
valores da área, assim como em dados estatísticos, entre outros;
para defender uma lei que esteja sendo criada, um articulista
deve citar exemplos de situações em que a sua aplicação trouxe
melhorias; num debate sobre novos costumes, terá de evocar
valores, lembrar dados históricos, fazer análises comparativas; e
assim por diante. Quanto mais o articulista dominar o tema sobre
o qual está escrevendo e conhecer o perfil e as expectativas do
auditório a quem se dirige, maiores serão as chances de ele
elaborar uma estratégia argumentativa eficaz.
Parte dessa estratégia consiste em perceber com precisão que
tipo(s) de argumento pode(m) funcionar melhor no contexto do
debate. Com base na relação lógica estabelecida entre os dados,
as justificativas e a conclusão ou tese, tem-se um tipo de
argumento.
FONTE: https://www.escrevendoofuturo.org.br/caderno_virtual/etapa/tipos-de-argumento/
index.html
6 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.
7

7 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


8

AQUI VOCÊ ENCONTRARÁ MATERIAIS E


DICAS QUE VÃO IMPULSIONAR SEUS
ESTUDOS RUMO AO SUCESSO!

8 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


9

REDAÇÃO

9 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


10

LITERATURA

Ouça a explicação
desse infográfico
clicando nele!

10 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


11

CLIQUE NA
FIGURA
ABAIXO

11 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


12

1ª FASE—
MODERNISMO

Veja a videoaula aqui!

MATERIAL DE APOIO
Clique abaixo para acessar

12 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


13

Clique na figurinha para ver


a Videoaula!
2ª GERAÇÃO

MODERNISMO

3ª GERAÇÃO
Clique na figurinha para ver —
a Videoaula! MODERNISMO

13 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


14

Veja a aula aqui!

MATERIAL DE APOIO
Clique nos livros abaixo para acessar

14 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


15

Veja a videoaula aqui!

LIVRO

Em seu último romance, Clarice Lispector criou um


narrador fictício, Rodrigo S.M, que relata a vida da jovem
nordestina Macabéa, ao mesmo tempo em que reflete
sobre os sonhos, as manias e os conflitos...

Leia mais em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/a-


hora-da-estrela-resumo-da-obra-de-clarice-lispector/

Leia o livro clicando na capa.

FILME
A hora da estrela é um filme sobre o livro
homônimo de Clarice Lispector em que
acompanhamos a vida da personagem Macabéia,
uma imigrante nordestina que vive em São Paulo e
trabalha como datilógrafa. Trata-se de uma das
obras mais famosas da escritora Clarice
Lispector.
Direção: Suzana Amaral | Ano: 1985 | Duração: 1h 36 min.

Assista o filme clicando na


capa.

15 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


16

REVISANDO...

A BASE DA
LITERATURA
NACIONAL
SÉCULO XIX

16 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


17

ASSISTA AQUI AS
VIDEOAULAS

ROMANTISMO NO BRASIL E A FORMAÇÃO DA


IDENTIDADE NACIONAL

17 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


18

APROFUNDANDO
CLIQUE NAS FIURINHAS E ASSITA AOS VÍDEOS.

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO

Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o sono reter!... já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

(Enem) O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica,


porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O
fundamento desse lirismo é
a) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte.
b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.
c) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.
d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.
e) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.

18 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


19

TEXTO A TEXTO B

Canção do exílio Canto de regresso à Pátria

Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem palmares


Onde canta o Sabiá, Onde gorjeia o mar
As aves, que aqui gorjeiam, Os passarinhos daqui
Não gorjeiam como lá. Não cantam como os de lá

Nosso céu tem mais estrelas, Minha terra tem mais rosas
Nossas várzeas tem mais flores, E quase tem mais amores
Nossos bosques tem mais vida, Minha terra tem mais ouro
Nossa vida mais amores. Minha terra tem mais terra

[...] Ouro terra amor e rosas


Eu quero tudo de lá
Minha terra tem primores, Não permita Deus que eu morra
Que tais não encontro eu cá; Sem que volte para lá
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer eu encontro lá; Não permita Deus que eu morra
Minha terra tem palmeiras Sem que volte pra São Paulo
Onde canta o Sabiá. Sem que eu veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá; ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno
Sem que desfrute os primores Oswald. São Paulo: Círculo do Livro. s/d.
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá.

DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de


Janeiro: Aguilar, 1998.

2. (ENEM) Os textos A e B, escritos em contextos históricos e culturais


diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a paisagem brasileira
entrevista a distância. Analisando-os, conclui-se que:

a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha excessivamente do país em que


nasceu, e o tom de que se revestem os dois textos.

b) a exaltação da natureza é a principal característica do texto B, que


valoriza a paisagem tropical realçada no texto A.

c) o texto B aborda o tema da nação, como o texto A, mas sem perder a


visão crítica da realidade brasileira.

d) o texto B, em oposição ao texto A, revela distanciamento geográfico do


poeta em relação à pátria.

e) ambos os textos apresentam ironicamente a paisagem brasileira.

19 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


20

Ouça o podcast explicativo aqui.

FORMAÇÃO DA LITERATURA NACIONAL

Literatura do Brasil faz parte das literaturas do Ocidente da Europa. No


tempo da nossa independência, proclamada em 1822, formou-se uma
teoria nacionalista que parecia incomodada por este dado evidente e
procurou minimizá-lo, acentuando o que haveria de original, de diferente,
a ponto de rejeitar o parentesco, como se quisesse descobrir um estado
ideal de começo absoluto. Trata-se de atitude compreensível como
afirmação política, exprimindo a ânsia por vezes patética de identidade
por parte de uma nação recente, que desconfiava do próprio ser e
aspirava ao reconhecimento dos outros. Com o passar do tempo foi ficando
cada vez mais visível que a nossa é uma literatura modificada pelas
condições do Novo Mundo, mas fazendo parte orgânica do conjunto das
literaturas ocidentais. Por isso, o conceito de “começo” é nela bastante
relativo, e diferente do mesmo fato nas literaturas matrizes. A literatura
portuguesa, a francesa ou a italiana foram se constituindo lentamente, ao
mesmo tempo que se formavam os respectivos idiomas. Língua, sociedade
e literatura parecem nesses casos configurar um processo contínuo,
afinando-se mutuamente e alcançando aos poucos a maturidade. Não é o
caso das literaturas ocidentais do Novo Mundo. A sociedade colonial
brasileira não foi, portanto (como teria preferido que fosse certa
imaginação romântica nacionalista), um prolongamento das culturas locais,
mais ou menos destruídas. Foi transposição das leis, dos costumes, do
equipamento espiritual das metrópoles. A partir dessa diferença de
ritmos de vida e de modalidades culturais formou-se a sociedade
brasileira, que viveu desde cedo a difícil situação de contacto entre
formas primitivas e formas avançadas, vida rude e vida requintada. Assim,
a literatura não “nasceu” aqui: veio pronta de fora para transformar-se à
medida que se formava uma sociedade nova.

20 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


21

Os portugueses do século XVI trouxeram formas literárias refinadas, devidas


geralmente à influência italiana do Renascimento, que em Portugal superou a
maioria das formas de origem medieval, talvez melhor adequadas ao gênio naci-
onal e sem dúvida mais arraigadas na cultura
popular. Esta linguagem culta e elevada, nutrida de humanismo e tradição greco
-latina, foi o instrumento usado para exprimir a realidade de um mundo desco-
nhecido, selvagem em comparação ao do colonizador. A literatura brasileira, co-
mo as de outros países do Novo Mundo, resulta desse processo de imposição, ao
longo do qual a expressão literária foi se tornando cada vez mais ajustada a
uma realidade social e cultural que aos poucos definia a sua particularidade. De
certo modo, poderíamos dizer, como um escritor italiano, que a literatura bra-
sileira “é a imagem profunda de um mundo que em vão chamamos terceiro, pois
na verdade é a segunda Europa” (Ruggero Jacobbi). Portanto, como toda a cul-
tura dominante no Brasil, a literatura culta
foi aqui um produto da colonização, um transplante da literatura portuguesa, da
qual saiu a nossa como prolongamento. No país primitivo, povoado por indígenas
na Idade da Pedra, foram implantados a ode e o soneto, o tratado moral e a
epístola erudita, o sermão e a crônica dos fatos.
A partir daí desenvolveu-se o processo de formação da literatura, como adap-
tação da palavra culta do Ocidente, que precisou assumir novos matizes, para
descrever e transfigurar a realidade nova. Do seu lado, a sociedade nascente
desenvolveu sentimentos diversos, novas maneiras de ver o mundo, que resulta-
ram numa variante original da literatura portuguesa. A história da literatura
brasileira é em grande parte a história de uma imposição cultural que foi aos
poucos gerando expressão literária diferente, embora em correlação estreita
com os centros civilizadores da
Europa. Esta imposição atuou também no sentido mais forte da palavra, isto é,
como instrumento colonizador, destinado a impor e manter a ordem política e
social estabelecida pela Metrópole, através inclusive das classes dominantes lo-
cais. Essa literatura culta de senhores foi a matriz da literatura brasileira
erudita. A partir dela formaram-se aos poucos a divergência, o inconformismo,
a contestação, assim como as tentativas de modificar as formas expressivas. A
própria literatura popular sofreu a influência absorvente das classes dominan-
tes e sua ideologia.
Poderíamos distinguir na literatura brasileira três etapas:
(1) a era das manifestações literárias, que vai do século XVI ao meio do século
XVIII; (2) a era de configuração do sistema literário, do meio do século XVIII
à segunda metade do século XIX; (3) a era do sistema literário consolidado, da
segunda metade do século XIX aos nossos dias.

21 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


22
Entendo aqui por sistema a articulação dos elementos que constituem a atividade literária regular:
autores formando um conjunto virtual, e veículos que permitem o seu relacionamento, definindo
uma “vida literária”: públicos, restritos ou amplos, capazes de ler ou ouvir as obras, permitindo com
isso que elas circulem e atuem; tradição, que é o reconhecimento de obras e autores precedentes,
funcionando como exemplo ou justificativa daquilo que se quer fazer, mesmo que seja para
rejeitar.

Na primeira etapa, o Barroco literário é a linha de maior interesse. Na segunda, assistimos (1) à
transformação do Barroco; (2) às tentativas de renovação arcádica e neo-clássica; (3) à grande
fratura do Romantismo e seus prolongamentos. A terceira abrange (1) as tendências finisseculares;
(2) outra grande ruptura, que foi o Modernismo dos anos de 1920; (3) e as tendências posteriores.

Em 1808 aconteceu um fato decisivo para o Brasil, o mais importante depois de seu descobrimento
em 1500: a vinda da Família Real Portuguesa, acompanhada por parte da Corte e do funcionalismo,
fugindo à invasão napoleônica,– o que fez do Rio de Janeiro a sede da monarquia e acelerou o ritmo
do progresso, inclusive intelectual. Basta dizer que só então começou para nós a era da tipografia,
com a impressão de livros e a publicação de periódicos; e que só então a hegemonia cultural saiu
dos conventos para ter nas atividades laicas o seu ponto de apoio, inclusive graças à fundação de
escolas técnicas e superiores. Ao mesmo tempo o país adquiriu a possibilidade de comunicar-se
com outros centros de cultura além de Portugal, e recebeu deles contribuições, como uma missão
artística francesa e a visita de viajantes alemães, ingleses, franceses, russos, muitos deles
cientistas de valor, que escreveram boas descrições da sociedade local e contribuíram para nos
tornar conhecidos. Eminentes estadistas, funcionários, escritores, sábios, administradores, que
antes prestavam serviço na Metrópole, voltaram ao seu país; e os que viviam aqui encontraram
maior campo de ação. Em 1816 o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido, e quando o Rei D.
João VI voltou a Lisboa, em 1821, os brasileiros não se conformaram com a perda de
status. A independência foi proclamada no ano seguinte pelo Príncipe Herdeiro, que ficara como
Regente e se tornou Imperador com o nome de Pedro I. Nesses acontecimentos os intelectuais
tiveram papel importante e a literatura adquiriu novas tonalidades, com a poesia patriótica, o
ensaio político, o sermão nacionalista, fazendo dessa fase entre o fim do século XVIII e o advento
do Romantismo, nos anos de 1830, um momento de intensa participação ideológica das letras. Do
ponto de vista estritamente literário, a produção foi secundária, para dizer o menos. Poetas
rotineiros, alguns de tipo arcádico, outros mais propriamente neo-clássicos, raros denotando traços
que poderiam ser chamados de pré-românticos. Elementos pré-românticos podem ser considerados
o caráter afetivo que a religião foi assumindo (mais estado de alma do que devoção), o gosto pela
maceração sentimental, certa pieguice melancólica associada ao luar, aos salgueiros e aos lugares
sombrios. Por outro lado, assume conotação francamente patriótica o nativismo pitoresco, que
vinha do fundo dos tempos coloniais, assim como a celebração dos feitos militares do passado.

A Independência
Desenvolveu-se cada vez mais a consciência de que a literatura brasileira era ou devia ser
diferente da portuguesa, pois o critério da nacionalidade ganhou no mundo contemporâneo uma
importância que superou as considerações estéticas. Portanto, esse foi um momento de definições
críticas importantes, tanto mais quanto coincidiram com o Romantismo, que, num país novo, recém-
chegado à independência política, pareceu uma redenção, uma libertação dos padrões clássicos, que
foram identificados à era colonial. Entre Arcadismo e Romantismo há uma ruptura estética
evidente, mas há também continuidade histórica, pois ambos são momentos solidários na formação
do sistema literário e no desejo de ver uma produção regular funcionando na pátria.
Significativamente, os românticos consideravam seus precursores os poetas clássicos da segunda
metade do século XVIII e começo do século XIX que versavam temas indígenas e religiosos.
No Romantismo predomina a dimensão mais localista, com o esforço de ser diferente, afirmar a
peculiaridade, criar uma expressão nova e se possível única, para manifestar a singularidade do
país e do Eu. Daí o desenvolvimento da confissão e do pitoresco, bem como a transformação do
tema indígena em símbolo nacional, considerado conditio sine qua para definir o caráter brasileiro e
portanto legítimo do texto. Mas é claro que isso continuou a ser feito sob influência européia,
devido à nossa ligação orgânica com a cultura ocidental e apesar das afirmações utópicas de
originalidade radical. Ossian e Chateaubriand marcaram o indianismo mais do que Basílio da Gama
ou Durão, enquanto a poesia religiosa e sentimental seguiu os passos de Lamartine. A independência

22 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


23
literária foi em parte uma substituição de influências, com a França tomando o lugar da Metrópole
portuguesa. Devido à continuidade entre Arcádia e Romantismo, não espanta que tenha havido um
momento de transição onde os primeiros românticos parecem árcades retardados, assim como
alguns árcades pareciam românticos antecipados. Apesar do manifesto de 1836, só dez anos depois
surgem obras que podem ser consideradas de fato românticas. Portanto, Arcadismo e Romantismo
são dois momentos dialéticos no processo de formação do sistema literário, ao mesmo tempo
opostos e complementares. O Romantismo terá maior importância histórica, porque atuou num país
independente, de densidade cultural apreciável em comparação com a do século anterior. A partir
de 1808 foi ininterrupto o movimento de criação dos mais diversos instrumentos culturais,
inclusive as escolas de ensino superior, que o Brasil não possuía, obrigando os seus filhos a irem
estudar na Europa, sobretudo Portugal. Assim é que foram surgindo bibliotecas, associações
científicas e literárias, tipografias, jornais, revistas, teatros.

Os primeiros poetas brasileiros considerados românticos são medíocres. Gonçalves de Magalhães


(1811-1882) foi a princípio um árcade estrito, mas a sua estadia em Paris lhe trouxe a revelação das
novas tendências, que abraçou com entusiasmo, vendo nelas sobretudo religião e patriotismo, sendo
que a forma mais legítima deste estaria no indianismo, tendência a que consagrou um fastidioso
poema épico em dez cantos. Chefe de escola, cioso da sua liderança, foi aclamado como fundador
da literatura verdadeiramente nacional e reverenciado por um grupo de fervorosos seguidores.
Mas na perspectiva de hoje o primeiro poeta romântico de valor é Gonçalves Dias (1823-1864), que
é também o único indianista de interesse da nossa poesia. O seu poemeto “I-Juca Pirama”, obra de
grande qualidade, narra a história de um prisioneiro que vai ser sacrificado ritualmente por uma
tribo inimiga. O relato se desdobra como demonstração de virtuosismo, usando os mais variados
metros e sugerindo com rara maestria tanto os movimentos quanto as emoções.

Referência Bibliográfica:
Candido, Antonio. Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes. 3. ed.– São Paulo:
Humanitas/ FFLCH/USP, 1999. (Texto adaptado)

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO
3. De acordo com Antonio Candido “A sociedade colonial brasileira não foi, portanto
(como teria preferido que fosse certa imaginação romântica nacionalista), um
prolongamento das culturas locais, mais ou menos destruídas.”
Explique, recorrendo ao texto, como se deu a imposição sociocultural das elites na
formação da cultura nacional.

4. (FCC) A palavra de Castro Alves seria, no contexto em que se inseriu, uma palavra
aberta à realidade da nação, indignando-se o poeta com o problema do escravo e
entusiasmando-se com o progresso e a técnica que já atingiam o meio rural. Esse
último aspecto permite afirmar que Castro Alves

a) identifica-se aos poetas da segunda geração romântica no que se refere à


concepção da natureza como refúgio.

b) afasta-se, nesse sentido, de outros poetas, como Fagundes Varela, que consideram
o campo um antídoto para os males da cidade.

c) trata a natureza da mesma forma que o poeta árcade que o antecedeu.

d) antecipa o comportamento do poeta parnasiano que se entusiasma com a realidade


exterior.

e) idealiza a natureza da pátria, buscando preservar a sua simplicidade e pureza, tal


como Gonçalves Dias.
23 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.
24

Para saber
mais, basta
clicar nessa
imagem.

Autoria feminina no meio


literário - Constância Lima
Duarte:

UMA ESPIADA NA IMPRENSA DAS MULHERES NO


SÉCULO XIX
ZAHIDÉ LUPINACCI MUZART

No Brasil, a literatura feminina somente começa a ser visível, ou um pouco respeitada, no primeiro quartel do
século XX. Ainda que produtivas, nossas escritoras ficaram excluídas da historiografia literária, mas,
curiosamente, embora à margem, a literatura feminina foi presença constante nos periódicos do século XIX,
tanto nos dirigidos por homens quanto nos inúmeros criados e mantidos por elas próprias. Aliás, é quase
impossível estudar a literatura feita por mulheres no século XIX sem nos debruçarmos no estudo e
levantamento do que foi publicado nos periódicos dessa época. Além da produção em jornais, elas publicaram
muitos livros, uma produção, ainda que desaparecida, nada desprezível.

Na pesquisa sobre as escritoras brasileiras do século XIX, deparei-me com vários textos nitidamente
feministas de feministas ativas como as periodistas, as fundadoras de jornais e periódicos. Essas tiveram uma
quota considerável de responsabilidade no despertar da consciência das mulheres brasileiras, um papel
fundamental. Entre elas, salienta-se Josefina Álvares de Azevedo (Recife, 1851), jornalista e dramaturga, cuja
luta em prol do sufragismo foi marcante.

FONTE: MUZART, Zahidé Lupinacci. Uma espiada na imprensa das mulheres no século XIX. Estudos
Feministas, Florianópolis, 11(1): 336, jan-jun/2003.

24 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


25

VEJA A VIDEOAULA AQUI.

Conheça a história de Nísia Floresta, primeira jornalista


feminista do Brasil
Por Letícia Cunha

Em 12 de outubro de 1810, nasceu Dionísia Gonçalves Pinto, que adotou o pseudônimo de Nísia
Floresta Brasileira Augusta, precursora de ideais feministas em textos publicados em jornais, na
cidade potiguar de Papari, que hoje leva o nome da escritora.

Na época, as mulheres iniciaram o processo de alfabetização e se interessando pela leitura. Alguns


homens, ao perceberem a mudança nos costumes das senhoras – que antes viviam em função de
afazeres do lar e agora atribuíam a leitura como passatempo –, se apressaram em oferecer jornais
destinados às leitoras.

Mesmo havendo uma imprensa própria para mulheres, quem dirigia e escrevia eram apenas os
homens. Isso mudou em 1831, quando Nísia começou a escrever para O Espelho das Brasileiras,
jornal editado em Recife. Em 30 publicações, todas com Floresta como redatora, o periódico
expunha as condições precárias das mulheres, e defendia a instrução moral e cívica das mesmas.

Outros jornais foram influenciados pel’O Espelho, contando com a presença feminina em suas
redações, e logo periódicos fundados por mulheres foram se formando no país.

A maioria das escritoras começou a carreira literária nos jornais antes de se atreverem a escrever
livros, e com Nísia não foi diferente, porém o processo de transição foi incrivelmente rápido, visto
que seu primeiro livro, Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens, foi publicado apenas um ano
depois de sua participação na imprensa. A obra foi inspirada no livro Vindications of the Rights of
Women, de Mary

25 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


26
Wollstonecraft, precursora do feminismo na Inglaterra, escrito quarenta anos antes, e foi o
primeiro livro no Brasil que falava sobre a instrução da mulher. Aliás, foi o primeiro no país escrito
por uma mulher.

A autora tratou de muitos assuntos em sua carreira literária, como abolição, direitos indígenas,
sufrágio, mas o tema mais debatido por ela, e também o que mais lhe gerou repercussão (negativa e
positiva) foi educação e emancipação feminina. Na época, a educação era negada às mulheres por
ser considerada desnecessária, mas Nísia mantinha o argumento que elas precisavam da educação
para serem livres.
(...)
A escritora fez história ao enfrentar tudo aquilo que lhe foi imposto, desde os 14 anos, no início do
século XIX, quando fugiu de um casamento forçado com um dono rico de terras, e também durante
a vida inteira, a cada texto publicado, e ao dirigir um colégio para meninas. Nísia batalhou pelo que
acreditava e nunca desistiu. Ela merece continuar “viva” por nós, no nosso cotidiano, na literatura.
Uma mulher tão importante quanto ela não merece ficar esquecida nas estantes.

FONTE: http://www.agenciadenoticias.uniceub.br/?p=22618

(Texto adaptado. Acesso em 21/08/2020.)

OBRA DE MARIA
FIRMINA DOS REIS
AQUI!!!

Análise do conto Contexto histórico


“Escrava”

26 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


27
CONHEÇA A AUTORA DO PRIMEIRO ROMANCE ABOLICIONISTA DO BRASIL.
ABOLICIONISTA, NEGRA, FEMINISTA:
Maria Firmina dos Reis
Veja os vídeos clicando nas fotos
de Maria Firmina.

PAS 2 - Úrsula - Maria Firmina dos Reis - resumo, análise e comentários. Nessa aula vamos analisar um fato curioso e muito importante para literatura
brasileira. Maria Firmina dos Reis, nossa primeira grande romancista, seu texto não foi apenas uma luta abolicionista para a época, mas uma das primeiras
bandeiras do feminismo no Brasil.

Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão, em 11 de março de 1822.
Entretanto, seu batismo ocorreu apenas em 21 de dezembro de 1825, constando na
certidão sua condição de "filha natural" de Leonor Felippa dos Reis e estando
ausente do documento o nome de seu pai (ADLER, 2017). Afrodescendente nascida
fora do casamento e vivendo num contexto de extrema segregação racial e social,
aos cinco anos ficou órfã e teve que se mudar para a vila de São José de Guimarães,
no município de Viamão, situado no continente e separado da capital pela baía de São
Marcos. O acolhimento na casa da tia materna teria sido crucial para a sua formação
(Mott, 1988).

Formou-se professora e exerceu, por muitos anos, o magistério, chegando a receber


o título de "Mestra Régia". Em 1847, com vinte e cinco anos, Reis vence concurso
público para a Cadeira de Instrução Primária na cidade de Guimarães-MA, conforme
registra seu biógrafo Nascimento Morais Filho (1975). E, ainda segundo este autor,
ao se aposentar, no início da década de 1880, funda, na localidade de Maçaricó, a
primeira escola mista e gratuita do Maranhão e uma das primeiras do País. O feito
causou grande repercussão na época e por isso foi a professora obrigada a suspender
as atividades depois de dois anos e meio.

A escritora foi presença constante na imprensa local, publicando poesia, ficção,


crônicas e até enigmas e charadas. Segundo Zahidé Muzart (2000, p. 264), “Maria
Firmina dos Reis colaborou assiduamente com vários jornais literários, tais como A
Verdadeira Marmota, Semanário Maranhense, O Domingo, O País, Pacotilha, O
Federalista e outros”. Além disso, teve participação relevante como cidadã e
intelectual ao longo dos noventa e cinco anos de uma vida dedicada a ler, escrever,
pesquisar e ensinar. Atuou como folclorista, na recolha e preservação de textos da
cultura e da literatura
27 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.
28

oral e também como compositora, sendo responsável, inclusive, pela composição


de um hino em louvor à abolição da escravatura.

A escritora trouxe a público três narrativas de ficção: Úrsula, de 1859,


seguramente o primeiro romance publicado por uma mulher negra em toda a
América Latina - e primeiro romance abolicionista de autoria feminina da língua
portuguesa -, no qual aborda a escravidão a partir do ponto de vista do Outro;
Gupeva, de 1861, narrativa curta de temática indianista, publicada em capítulos
na imprensa local, com várias edições ao longo da década de 1860; e o conto "A
escrava", de 1887, texto abolicionista empenhado em se inserir como peça
retórica no debate então vivido no país em torno da abolição do regime servil.

FONTE: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/322-maria-firmina-dos-reis

(Texto adaptado. Acesso em 21/08/2020.)

ATIVIDADE DE APLICAÇÃO
5. Após ler e ouvir os textos supra citados, responda:
Qual a importância das mulheres na formação da literatura
brasileira?
Recorra aos conhecimentos adquiridos neste material.

6. Você conhecia Nísia Floresta e Maria Firmina dos Reis?


Quais suas impressões sobre o conteúdo estudado?

“O imaginário brasileiro, pelo racismo, não concebe


reconhecer que as mulheres negras são
intelectuais.”
Conceição Evaristo

28 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


29

DEBATES ONLINE

“Qual a importância das mulheres intelectuais


atuantes no Brasil?”

Aborde os textos estudados nesse material.

Grave um podcast lendo as respostas


desse exercício de debate.
E poste na sua sala virtual!

29 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


30

“A gente não nasce negro, a gente se torna


negro. É uma conquista dura, cruel e que se
desenvolve pela vida da gente afora.”
Lélia Gonzalez

30 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


31

5 Minutos sobre: Realismo

Realismo-Naturalismo
1881

Obra MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (1881)


Autor Machado de Assis (1839-1908)

Trechos do livro:
“Dedicatória:
Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico co-
mo saudosa lembrança estas memórias póstumas.”
“O vício é muitas vezes o estrume da virtude. O que não impede que a
virtude seja uma flor cheirosa e sã.”
“A franqueza é a primeira virtude de um defunto, pois na vida, o olhar
da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças, obrigam a
gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos,
a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência.”

31 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


32

O MULATO (1881)
Autor Aluísio Azevedo (1857-1913)

CONTEXTO HISTÓRICO
O Realismo, no Brasil, nasceu em conseqüência da crise criada com a decadência
econômica açucareira, o crescimento do prestígio dos estados do sul e o
descontentamento da classe burguesa em ascensão na época, o que facilitou o
acolhimento dos ideais abolicionistas e republicanos. O movimento Republicano
fundou em 1870 o Partido Republicano, que lutou para trocar o trabalho escravo pela
mão-de-obra imigrante.

Nesse período, as idéias de Comte, Spencer, Darwin e Haeckel conquistaram os


intelectuais brasileiros que se entregaram ao espírito científico, sobrepujando a
concepção espiritualista do Romantismo. Todos se voltam para explicar o universo
através da Ciência, tendo como guias o positivismo, o darwinismo, o naturalismo e o
cientificismo. O grande divulgador do movimento foi Tobias Barreto, ideólogo da
Escola de Recife, admirador das idéias de Augusto Comte e Hipólito Taine.

O Realismo e o Naturalismo aqui se estabelecem com o aparecimento, em 1881, da


obra realista Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e da
naturalista O Mulato, de Aluísio Azevedo, influenciados pelo escritor português Eça
de Queirós, com as obras O Crime do Padre Amaro (1875) e Primo Basílio (1878). O
movimento se estende até o início do século XX, quando Graça Aranha publica Canaã,
fazendo surgir uma nova estética: o Pré-Modernismo.

CARACTERÍSTICAS
A literatura realista e naturalista surge na França com Flaubert (1821-1880) e Zola
(1840-1902). Flaubert (1821-1880) é o primeiro escritor a pleitear para a prosa a
preocupação científica com o intuito de captar a realidade em toda sua crueldade.
Para ele a arte é impessoal e a fantasia deve ser exercida através da observação
psicológica, enquanto os fatos humanos e a vida comum são documentados, tendo
como fim a
32 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.
33
objetividade. O romancista fotografa minuciosamente os aspectos fisiológicos,
patológicos e anatômicos, filtrando pela sensibilidade o real.

Contudo, a escola Realista atinge seu ponto máximo com o Naturalismo, direcionado
pelas idéias materialísticas. Zola, por volta de 1870, busca aprofundar o
cientificismo, aplicando-lhe novos princípios, negando o envolvimento pessoal do
escritor que deve, diante da natureza, colocar a observação e experiência acima de
tudo. O afastamento do sobrenatural e do subjetivo cede lugar à observação
objetiva e à razão, sempre, aplicadas ao estudo da natureza, orientando toda busca
de conhecimento.

Alfredo Bosi assim descreve o movimento: "O Realismo se tingirá de naturalismo no


romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos submeterem-se ao
destino cego das "leis naturais" que a ciência da época julgava ter codificado; ou se
dirá parnasiano, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente
perfeito".

Vindo da Europa com tendências ao universal, o Realismo acaba aqui modificado por
nossas tradições e, sobretudo, pela intensificação das contradições da sociedade,
reforçadas pelos movimentos republicano e abolicionista, intensificadores do
descompasso do sistema social. O conhecimento sobre o ser humano se amplia com o
avanço da Ciência e os estudos passam a ser feitos sob a ótica da Psicologia e da
Sociologia. A Teoria da Evolução das Espécies de Darwin oferece novas perspectivas
com base científica, concorrendo para o nascimento de um tipo de literatura mais
engajada, impetuosa, renovadora e preocupada com a linguagem.

Os temas, opostos àqueles do Romantismo, não mais engrandecem os valores sociais,


mas os combatem ferozmente. A ambientação dos romances se dá,
preferencialmente, em locais miseráveis, localizados com precisão; os casamentos
felizes são substituídos pelo adultério; os costumes são descritos minuciosamente
com reprodução da linguagem coloquial e regional.

O romance sob a tendência naturalista manifesta preocupação social e focaliza


personagens vivendo em extrema pobreza, exibindo cenas chocantes. Sua função é
de crítica social, denúncia da exploração do homem pelo homem e sua brutalização,
como a encontrada no romance de Aluísio Azevedo.

A hereditariedade é vista como rigoroso determinismo a que se submetem as


personagens, subordinadas, também, ao meio que lhes molda a ação, ficando
entregues à sensualidade, à sucessão dos fatos e às circunstâncias ambientais. Além
de deter toda sua ação sob o senso do real, o escritor deve ser capaz de expressar
tudo com clareza, demonstrando cientificamente como reagem os homens, quando
vivem em sociedade.

Os narradores dos romances naturalistas têm como traço comum a onisciência que
lhes permite observar as cenas diretamente ou através de alguns protagonistas.
Privilegiam a minúcia descritiva, revelando as reações externas das personagens,
abrindo espaço para os retratos literários e a descrição detalhada dos fatos banais
numa linguagem precisa.
Outro tratamento típico é a caracterização psicológica das personagens que têm
seus retratos compostos através da exposição de seus pensamentos, hábitos e
contradições, revelando a imprevisibilidade das

33 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


34
ações e construção das personagens, retratadas no romance psicológico dos
escritores Raul Pompéia e Machado de Assis.

FONTE: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/realismo.naturalismo1.htm#:~:text=Alfredo%20Bosi%
20assim%20descreve%20o,esgotar%20no%20lavor%20do%20verso

ATIVIDADE DE APLICAÇÃO
7. (ENEM) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica
sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais
atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já
lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é
romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e
espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha,
não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está


transcrita na alternativa:

a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas...

b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça...

c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, ...

d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...

e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

8. (PUC-PR 2007) Sobre o Realismo, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O Realismo surgiu na Europa, como reação ao Naturalismo.

b) O Realismo e o Naturalismo têm as mesmas bases, embora sejam movimentos


diferentes.

c) O Realismo surgiu como consequência do cientificismo do século XIX.

d) Gustave Flaubert foi um dos precursores do Realismo. Escreveu Madame Bovary.

e) Emile Zola escreveu romances de tese e influenciou escritores brasileiros.

34 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


35

INDICAÇÃO DE
LEITURAS

Aqui você lê o texto e ouve o conto (audiolivro).


Experimente ler e acompanhar o audiolivro!
Basta clicar na imagem!

Aqui você lê o texto e ouve o conto (audiolivro).


Experimente ler e acompanhar o audiolivro!
Basta clicar na imagem!

35 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


36

ATIVIDADES

Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839


-1908).
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido
a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se
ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o
ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A más-
cara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes ta-
par a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e
era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber,
perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do
senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pe-
cados extintos, e a sobriedade e a honestidade certas. Era grotes-
ca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança
sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham pendu-
radas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma
coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda,
até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, natural-
mente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim,
onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era
pegado.
Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e
nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanha-
rem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande
parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de
padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da
propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga
repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o es-
cravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a cor-
rer, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa,
não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse alu-
guel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.

36 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


37

Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem


lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais
do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bair-
ro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vi-
nha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamen-
te” – ou “receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio
trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descal-
ço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protesta-
va-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não se-
ria nobre, mas por ser instrumento da força com que se man-
têm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita
das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por
desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega,
a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gos-
to de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso
ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desor-
dem.
(Contos: uma antologia, 1998.)

37 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


38

A) A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o es-
cravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem co-
nhecer as ruas da cidade.” (3º parágrafo)
B) Quando não vinha a quantia, vinha promessa: ‘gratificar-se-á generosamen-
te’ – ou ‘receberá uma boa gratificação’. Muita vez o anúncio trazia em cima ou
ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na
ponta uma trouxa.” (4º parágrafo)
C) Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era
o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de
flandres.” (1º parágrafo)
D) “O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira
grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da ca-
beça e fechada atrás com chave.” (2º parágrafo)
E) “Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se al-
cança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas,
à venda, na porta das lojas.” (1º parágrafo)

Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908).


A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras ins-
tituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício.
Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara
de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escra-
vos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respi-
rar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, per-
diam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que
eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a so-
briedade e a honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a ordem social
e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funi-
leiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de
máscaras.
O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira gros-
sa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e
fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que si-
nal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e
com pouco era pegado.

38 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


39

Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos
gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem
todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida;
havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além
disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também
dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o
escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem
conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas
ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora,
quitandando.
Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha
anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito
físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando
não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou
“receberá uma boa gratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado
uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma
trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse.
Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por
ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta
outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal
ofício por desfastio ou estudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a
inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir
também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia
bastante rijo para pôr ordem à desordem.
(Contos: uma antologia, 1998.)

Em “o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também


dói.” (3º parágrafo), a “ação” a que se refere o narrador diz respeito:
A) à fuga dos escravos.
B) ao contrabando de escravos.
C) aos castigos físicos aplicados aos escravos.
D) às repreensões verbais feitas aos escravos.
E) à emancipação dos escravos.

39 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


40

Saiba mais sobre


o autor clicando Ouça a história
na foto dele. de Machado de
Assis clicando
AQUI.

MACHADO DE ASSIS
Nota: a foto acima, de autoria dos irmãos Bernardelli, foi retirada da terceira edição do livro Machado de Assis desconhecido, de Raymundo
Magalhães Jr. (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957, p. 321). Para o autor, este é “um dos melhores e mais fiéis retratos de Machado de
Assis, - porque sem retoque, - até agora inédito [...]. Serviu de modelo a um desenho de bico de pena e guache de Henrique, que, no entanto,
branqueou as feições do grande escritor”.

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 1839, na cidade do Rio de Janeiro, no


Morro do Livramento. Mestiço, filho de Francisco José Machado de Assis e D. Maria
Leopoldina Machado de Assis, ambos agregados de uma pequena propriedade rural.
A criança teve como madrinha de batismo Dona Maria José de Mendonça, viúva de
Bento Barroso Pereira, que havia sido senador, oficial do exército e ministro, e,
como padrinho, o Oficial da Ordem Imperial do Cruzeiro o Sr. Joaquim Alberto de
Souza. Entre a casa rica da madrinha, e a casa pobre dos pais, Machado de Assis
passou a infância. Ficou órfão de mãe ainda criança, encontrando a afeição materna
na madrasta, uma mulata de nome Maria Inês.
A criança, que se tornaria o maior escritor da literatura brasileira, não teve durante
a infância uma educação escolar contínua, estudou como pôde, tendo como primeira
mestra a própria madrasta e muitas vezes desvendando sozinho os mistérios da
língua nacional. Quando tinha 12 anos, foi surpreendido pelo falecimento do pai.
Consta que, para sobreviverem, Maria Inês, a madrasta, fazia quitutes, que o menino
vendia pelas ruas do bairro São Cristóvão, onde residiam.
Ainda na adolescência, teve oportunidade de estudar francês ao freqüentar
assiduamente a casa de uma família estrangeira. Conforme salienta Lúcia Miguel
Pereira, biógrafa do escritor, ele “metia-se na sua roupinha surrada, esforçando-se
por não gaguejar, corria para a casa de Mme. Gallot apenas tinha uma folga e lá
ficava, a falar, a conversar, todo ouvidos, todo atenção, certo de que assim estava
preparando o futuro”. (PEREIRA, 1988: 44). Comenta-se ainda que tenha sido
coroinha da Igreja da Lampadosa.
Quando tinha por volta dos 16 anos, foi aprendiz de tipografia, ofício que exerceu
na Imprensa Nacional, até os 19 anos. Trabalhou ainda na Livraria Paula Brito,
reduto dos intelectuais cariocas, onde iniciou os primeiros contatos com críticos,
poetas e jornalistas da época, além de ter acesso aos grandes clássicos da
literatura universal. No periódico editado por Brito, A Marmota Fluminense, saiu a
primeira publicação de Machado, o poema “Ela”, com data de 12 de janeiro de 1855.
Mais tarde, fez carreira como

40 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


41
funcionário público, tendo sido, por um período de quinze anos, chefe da segunda
seção da Diretoria da Agricultura do Ministério da Agricultura. Segundo Sidney
Chalhoub (2003:10), um dos “principais assuntos da seção” era a escravidão e os
processos relativos à “aplicação da lei de 28 de setembro de 1871, depois apelidada
Lei do Ventre Livre”.

Em 1866, chega ao Rio de Janeiro a senhorita Carolina Novais, irmã de Faustino


Xavier de Novais, poeta satírico português de quem Machado havia ficado íntimo. O
namoro entre o escritor e a portuguesa firmava-se, apesar da oposição da família,
reduzida aos três irmãos, que a essa altura já estavam instalados na cidade. A
respeito desse fato, Pereira comenta:
“Não se podiam os portugueses conformar em ver a irmã unir-se a um mulato. Era a
cor de Machado a única alegação que contra ele faziam, mostrando destarte ignorar-
lhe completamente a doença [a epilepsia], sem o que teriam lançado mão de mais esse
argumento”. (PEREIRA, 1988: 112)
Apesar das forças contrárias, Carolina e Machado casaram-se em 12 de outubro de
1869 e viveram juntos por 35 anos. Durante a vida matrimonial, ela foi esposa
exemplar, dedicando sua vida a cuidar do marido e da doença que o acometia, a
acompanhar a sua produção literária, muitas vezes, servindo-lhe de revisora.
Em 1885, vem a público a Revista Brasileira – periódico dirigido por José Veríssimo –
do qual faziam parte ilustres literatos: Machado de Assis, Taunay, Joaquim Nabuco,
Silva Ramos, Lúcio de Mendonça, Graça Aranha, José Veríssimo, Inglês de Sousa,
João Ribeiro e Sousa Bandeira, que se reuniam para discutir literatura. Dessas
reuniões surgiu a idéia de fundar uma associação literária para oficializar os
encontros desses escritores. Em 1886, nascia então a Academia Brasileira de Letras,
tornando-se Machado o seu primeiro presidente eleito – posto que ocupou de 1897
até seu falecimento em 29 de setembro de 1908. A decisão de dar ao escritor o
cargo é assim justificada pela sua biógrafa:
“Não só era o maior escritor vivo, como desde a mocidade se empenhara em
congregar os homens de letras. Além disso, a sua crença na missão da literatura
faria dele, como fez, o mais votado dos presidentes, o homem talhado para dirigir
uma associação literária”. (PEREIRA, 1988: 214)
Machado perdeu a esposa em 1904, vítima de um tumor no intestino. Viúvo e
solitário, apesar de contar com a presença dos amigos, tais como José Veríssimo,
Joaquim Nabuco, e principalmente Mário de Alencar, que conhecera ainda menino
quando da amizade com o pai, José de Alencar, o escritor tornava-se mais
introspectivo. Com o falecimento da mulher, agravaram-se as crises epilépticas.
Além disso, sua visão tornava-se cada vez mais debilitada, passou a sofrer de
problemas do intestino e de uma úlcera na língua, provavelmente de fundo canceroso,
proveniente do fato de mordê-la durante as convulsões. Apesar da enfermidade,
continuava a produzir. Em julho de 1908, publicou seu último livro Memorial de Aires,
considerado o mais biográfico de seus textos. Em 29 de setembro de 1908, faleceu
o escritor, em sua residência, rodeado de amigos.
FONTE: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/163-machado-de-assis

(Texto adaptado. Acesso em 15/08/2020)

41 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


42

ATIVIDADE DE APLICAÇÃO
9. O Realismo, escola literária cujo principal representante brasileiro foi
Machado de Assis, teve como característica principal a retratação da
realidade tal qual ela é, fugindo dos estereótipos e da visão romanceada
que vigorava até aquele momento. Sobre o contexto histórico no qual o
Realismo situou-se, são corretas as proposições:

I- O Brasil vivia tempos de calmaria política e social, havia um clima de


conformidade, configurando o contentamento da colônia com sua
metrópole, Portugal.

II- Em virtude das intensas transformações sociais e políticas, o Brasil


foi retratado com fidedignidade, reagindo às propostas românticas de
idealização do homem e da sociedade.

III- O país vivia o declínio da produção açucareira e o deslocamento do


eixo econômico para o Rio de Janeiro em razão do crescimento do
comércio cafeeiro.

IV- Teve grande influência das teorias positivistas originárias na França,


onde também havia um movimento de intensa observação da realidade e
descontentamento com os rumos políticos e sociais do país.

V- Surgiu na segunda metade do século XX, quando no mundo eclodiam as


teorias de expansões territoriais que culminaram nas duas grandes
guerras. O Realismo teve como propósito denunciar esse panorama de
instabilidade mundial.

Estão corretas:

a) todas estão corretas.

b) apenas I e II estão corretas.

c) I, II e III estão corretas.

d) II, III e IV estão corretas.

e) I e V estão corretas.

42 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


43

Clique na imagem para assistir este


filme.

Quanto Vale Ou é Por Quilo?


Quanto Vale ou É por Quilo? é um filme brasileiro de 2005, do gênero drama, dirigi-
do por Sérgio Bianchi.

SINOPSE E DETALHES
Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria
pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um
capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao
seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias
atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade
carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores compra-
dos foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho,
um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para
conseguir dinheiro para sobreviver.

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO
10. Qual a relação entre o conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis e o filme
“Quanto vale ou é por quilo”, de Sérgio Bianchi?
Recorra aos textos, principalmente ao artigo da professora Elisângela Apareci-
da Lopes (disponível na figurinha dessa atividade).

43 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


44

11. Escolha um dos textos literários:

 Teoria do Medalhão, de Machado de Assis (conto)

 Pai contra mãe, de Machado de Assis (conto)

 A escrava, de Maria Firmina dos Reis (conto)

 Úrsula, de Maria Firmina dos Reis (romance)

Agora realize o fichamento do texto escolhido. Segue o modelo de fichamento


para você seguir:

Caso precise se lembrar quais os elementos da


narrativa, assista a videoaula aqui:

44 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


45

PARA ENTENDER MELHOR CONCORDÂNCIA E


REGÊNCIA...
Relembre as classes gramaticais no infográfico abaixo…

Clique aqui
para ouvir a
explicação.

Clique aqui
para ouvir a
explicação.

45 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


46

Clique nas figurinhas para ver


as Videoaulas!

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL


Para que estudar concordância verbal e nominal?
A gramática normativa tem seu lugar na sociedade e deve ser ensinada na escola. O
que não se deve é tentar uniformizar todos os falantes, em todas as situações.
Todas as normas lingüísticas, todos os níveis de fala ou registros devem ser
conhecidos pelos falantes, que deverão saber usá-los onde, quando e como convier.

-Concordância gramatical e concordância ideológica


Sabemos que a língua é dinâmica e que incorpora, embora lentamente na
modalidade escrita, os “desajustes” da modalidade oral, os quais, com o tempo, são
legitimados pelos gramáticos. As realizações de concordância verbal que não se
enquadram nas regras básicas de gramática são chamadas concordância ideológica,
silepse ou sínese. Trata-se da concordância que é feita com o sentido. Assim, temos:

As mulheres encabeçam o movimento por salários dignos.


(Concordância gramatical)

As mulheres encabeçamos o movimentos por salários dignos


(Concordância ideológica, indica que o emissor se inclui entre as mulheres).

46 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


47

LEMBRETES SOBRE SINTAXE


Para o estudo da concordância verbal, é necessário relembrarmos alguns
aspectos de sintaxe.

ORAÇÃO E PERÍODO

A oração é um conjunto de palavras de sentido completo; constitui-se de


sujeito e predicado. Tem geralmente como núcleo um verbo, claro ou oculto.
Ex. Contei uma piada aos amigos da cidade.
No canto da sala, um grande vaso. (há um grande vaso).
As orações formam períodos, que podem ser simples (com uma só oração) ou
compostos (com duas ou mais orações). Ex. Iceberg provoca naufrágio. As
empresas admitem haver indícios de que a economia brasileira interrompeu a
sucessão de quedas e caminha para um ciclo de crescimento.

SUJEITO E PREDICADO

Sujeito é o termo da oração sobre o qual se declara alguma coisa, “é o


tema da comunicação que se faz no predicado.” (Câmara Júnior).
Predicado é o que se declara a respeito do sujeito. O predicado terá
sempre um verbo, que poderá ou não ser seu núcleo.
Ex. A consulta popular legitima o poder.
(Sujeito) (Predicado)

O que é concordância verbal?


A concordância verbal é o conjunto de regras que rege a relação entre o
sujeito e o verbo. Para que essa relação seja harmônica, o verbo precisa concordar
com o sujeito. Ou seja, em uma oração, quando o sujeito está no singular, o verbo
deve ser flexionado da mesma forma. No plural, a mesma coisa deve acontecer. Para
que haja concordância, então, o correto é dizer “nós vamos” — assim, ambos estão no
plural. Quando o pronome for “ele”, o verbo concorda no singular: “ele vai”.
Aqui, o raciocínio é quase que automático de tão usual que é essa frase em
nosso cotidiano, certo? Porém, em outros casos você precisará fazer uma análise
mais profunda. E, para isso, é necessário que você saiba como identificar o núcleo do
sujeito.

Como identificar o núcleo do sujeito?


Para garantir que o seu texto tenha concordância verbal, você deverá
identificar se o sujeito está no singular ou no plural, certo? Afinal, é a partir dessas
características que você deverá flexionar o verbo de forma correta. E é para isso
que você precisa encontrar qual é o núcleo do sujeito.

47 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


48
O núcleo é o componente mais importante do sujeito, e ele pode ser um
substantivo, uma palavra substantivada ou um pronome. Portanto, para identificá-lo,
você deverá encontrar qual componente do sujeito é o que está, de fato, realizando a
ação.

Veja o exemplo:

“Maria bebeu o suco”: nesse caso, Maria é quem realiza a ação de beber o suco,
sendo, portanto, o sujeito dessa oração. Fácil de identificar, não é mesmo?
Mas e quando há mais de um termo formando o sujeito?

“Minha querida amiga Maria bebeu o suco”.


É preciso ficar atento a esses casos. Apesar dos vários termos que acompanham e
descrevem o sujeito (“minha querida amiga Maria”), o componente que realiza a ação
de beber o suco continua sendo “Maria”. Portanto, esse é o seu núcleo.

Quais são as regras de concordância verbal?


As regras de concordância variam de acordo com a classificação do sujeito.
Falaremos sobre cada uma delas agora!

Sujeito simples
Quando o sujeito é simples, ou seja, possui apenas um núcleo, as regras de
concordância verbal são as seguintes:

Coletivo
Se o sujeito representa um coletivo, o verbo será flexionado no singular. Veja o
exemplo:
“A multidão enfurecida gritou pelo estádio.”.
Porém, o verbo pode ser flexionado tanto no singular quanto no plural se:
o coletivo estiver especificado, exemplo: “a multidão de torcedores gritou pelo
estádio” ou “a multidão de torcedores gritaram pelo estádio”.
o sujeito for uma parte do coletivo, exemplo: “ele é um dos que comprou um carro
novo” ou “ele é um dos que compraram um carro novo”
o sujeito for a maioria (como em “a maior parte”, “a grande parte”, etc.), exemplo: “a
maioria das pessoas votou no candidato X” ou “a maioria das pessoas votaram no
candidato X”.

Pronome relativo “que”


Quando a oração conta com o pronome relativo “que” conectando o sujeito e o verbo,
o verbo deve concordar com o sujeito, que estará antecedendo o pronome “que”.
Confira os exemplos:
“Fui eu que saí com o carro”;
“Fomos nós que saímos com o carro”.
Pronome relativo “quem”
Já quando o pronome relativo que conecta o sujeito ao verbo for “quem”, o verbo
pode ficar na terceira pessoa do singular ou concordar com o sujeito.

48 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


49
Veja os exemplos:
“Fui eu quem assistiu ao filme”;
“Fui eu quem assisti ao filme”.
Nome próprio
Quando o sujeito for um nome próprio que se apresenta
na forma plural, você deve avaliar se ele está acompanha-
do de um artigo ou não. Se estiver, você deverá inserir o
verbo no plural. Se não, o verbo é colocado no singular.

Na prática, fica assim:


“Os Alpes são uma cadeia montanhosa”;
“Alpes é uma cadeia montanhosa”.
Banner de divulgação da Comunidade Imaginie com link para: https://
conteudo.imaginie.com.br/comunidade-imaginie-enem-vestibular-redacao?
utm_source=blog&utm_medium=banner&utm_campaign=blog-post

Sujeito composto
Quando o sujeito for composto, ou seja, tiver mais de um núcleo, a regra é geral: o
verbo sempre vai para o plural!
Confira os exemplos:
“João e Maria passeavam na floresta”;
“O presidente e o senador discutiram no meio da audiência”.

Conheça as regras de concordância nominal


Para não ter erros relacionados à concordância nominal em sua redação, você precisa
conhecer algumas regras. Confira quais são:

1. Um substantivo + um adjetivo
Quando temos um substantivo e um adjetivo em uma frase, o adjetivo deve sempre
concordar em gênero (feminino ou masculino) e número (plural ou singular) com o
substantivo. Confira os exemplos:
“Os livros velhos foram deixados na estante”: nesse caso, “velhos”, que é o adjetivo,
está concordando em gênero (masculino) e número (plural) com “livros”.
“Os governos democráticos são melhores.”: aqui, “democráticos” também está no
masculino e no plural para concordar com “governos”.

2. Mais de um substantivo + um adjetivo


Se a frase tiver mais de um substantivo, a primeira coisa que você deve observar é
se o adjetivo está antes ou depois do nome.
Se estiver antes, você deve concordá-lo com o substantivo mais próximo. Veja o
exemplo:
“Que delicado traço e coloração dessa tatuagem!”.
Porém, se os substantivos forem nomes próprios ou relacionados a parentesco, o ad-
jetivo deve sempre estar no plural.

49 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


50
“Os talentosos Tom Jobim e Elis Regina se encontraram em vida.” – atenção: tenha
em mente que se algum dos substantivos for masculino, o adjetivo também deve con-
cordar com esse gênero.
“As belas mãe e filha se apresentaram no palco.”
Por outro lado, se o adjetivo estiver colocado após o substantivo, existem duas for-
mas de você realizar a concordância nominal de forma correta:
Concordar com o substantivo mais próximo
Você pode concordar a característica apenas com o nome que está mais próximo do
adjetivo. Veja os exemplos:
“O cão e a gata manhosa ficaram com seus donos.”.
“A gata e o cão manhoso ficaram com seus donos.”.
Concordar com todos os substantivos
A outra opção é concordar o adjetivo com todos os substantivos. Nesse caso, você
irá colocar o adjetivo no plural. Mas, fique atento: se um dos substantivos for mascu-
lino, o adjetivo também deve ser flexionado para esse gênero.
Confira os exemplos:
“O cão e a gata manhosos ficaram com seus donos.”.
“A tartaruga e a aranha perigosas atacaram o animal.”.
“O boi e o cão bravos moram na fazenda.”.

3. Um substantivo + dois ou mais adjetivos


Também existem duas formas de fazer a concordância nominal de forma correta
quando há um substantivo e mais de um adjetivo:
Inserir o artigo antes do último adjetivo
Uma das opções é manter o substantivo no singular e inserir um artigo antes do últi-
mo adjetivo. Confira o exemplo:
“Ele escolheu a roupa branca e a vermelha.”.
Inserir o artigo concordando com o substantivo no plural
A outra opção é inserir o artigo antes, concordando com o substantivo que, por sua
vez, deve estar no plural. Fica assim:
“Ele escolheu as roupas branca e vermelha”.

4. Substantivo + números ordinais


Se você usar números ordinais em sua frase, também deve analisar se eles vêm antes
ou após o substantivo.
Se vierem antes, você poderá inserir o substantivo tanto no singular quanto no plural.
Veja o exemplo:
“O primeiro e segundo sorteio.”.
“O primeiro e segundo sorteios.”.
Se os números ordinais vierem depois do substantivo, ele deve ser usado no plural.
“Os sorteios primeiro e segundo.”.
Em ambos os casos, os numerais devem concordar em gênero e número com o subs-
tantivo, como você pôde ver nos exemplos.

50 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


51
5. Verbo ser + adjetivo
Agora, uma regra que muita gente costuma ter dúvida na hora de escrever é a de co-
mo concordar o verbo “ser” com o adjetivo.
Apesar de se tratar de um pouquinho de decoreba, é uma regra bem simples e não
tem muito mistério.
Quando o adjetivo vier depois do verbo “ser”, ele sempre ficará no masculino, como
no exemplo:
“Portanto, é necessário sabedoria”.
Porém, o adjetivo deverá concordar com o substantivo se ele for acompanhado de al-
gum artigo ou qualquer outro modificador. Confira:
“Portanto, a sabedoria é necessária para que as pessoas evoluam”.
5. “Um e outro”, “nem um nem outro”
Para finalizar, mais uma regra: nos casos de expressões como “um e outro” e “nem um
nem outro”, o substantivo vai permanecer no singular. Confira o exemplo:
“Não enxergaram nem um nem outro obstáculo”.
Referências Bibliográficas:
Bechara, Evanildo. Moderna gramática portuguesa / Evanildo Bechara. – 37. ed. rev., ampl. E atual.
conforme o novo Acordo Ortográfico. – Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2009.
CANÇADO, M. Manual de Semântica. 1ª edição. Belo Horizonte: Ufmg, 2005.
CEGALLA, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 40ª ed. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1997.
CUNHA, C. e CINTRA, L. A Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3ª
edição. Lexikon: Rio de Janeiro, 2007.
FARACO, C. E. MOURA, F.M. Gramática Nova. 14ª edição. Ática:São Paulo,
2004.
PERINI, M. A. Gramática Descritiva do Português. 2ª edição. São Paulo: Ática,1996.
VIEIRA, S.R. e BRANDÃO, S.F. Ensino de Gramática: descrição e uso. 1ª
edição. São Paulo: Contexto, 2007.

BEBA
ÁGUA!

51 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


52

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO
12. Sobre a CORRETA aplicação das normas para concordância verbal e
nominal marque V (para verdadeiro) e F (para falso):

Nas fotos que foi publicadas em um livro recente aparece lagos no


meio das geleiras, formados pela água derretida.

As medições da temperatura em toda a região ártica está


comprovando que ela tem sofrido redução da extensão de suas
geleiras.

As geleiras, com o aumento da temperatura terrestre, sofrem


transformações documentadas em fotos publicadas recentemente.

Estão sendo visíveis, em algumas regiões, a formação de extensos


lagos resultantes do derretimento de geleiras.

Fica evidente, com as alterações do clima terrestre, grandes


alterações nas massas de gelo em todo o mundo, documentado em
fotos.

Cada um dos filmes dirigidos por Glauber Rocha apresentavam um


caráter revolucionário único.

A maioria dos integrantes do movimento conhecido como Cinema Novo


estava profundamente interessada nos problemas sociais do país.

Muitas expressões artísticas, como o neorrealismo italiano, contribuiu


para o desenvolvimento do Cinema Novo.

A maior parte dos cineastas envolvidos com o Cinema Novo integravam


um grupo que tentavam novos caminhos para o cinema nacional.

O Tropicalismo, em que Caetano Veloso e Gilberto Gil se projetou, e o


Cinema Novo, cujo principal expoente foi Glauber Rocha, se configura
como movimentos artísticos expressivos no século XX.

52 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


53

“Devemos encarar a trágica realidade de que o negro ainda


não é livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro está ainda
infelizmente dilacerada pelas algemas da segregação e pe-
las correntes da discriminação.”
Martin Luther King Jr.

53 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


54

POESIA e
MÚSICA:

PROTESTO!

A música sempre ocupou um lugar importante, nas mais diversas


sociedades, sendo que uma de suas principais funções era a de
expressão de sentimentos. Do grego μουσικήτέχνη, que significa arte das
musas, tem sua construção vocabular baseada na mitologia grega, sempre
utilizada como forma adjetiva nas referências a produções inspiradoras
baseadas em composições sonoras, que impulsionavam algum tipo de
emoção diretamente ligada às ações das musas. Ao longo do tempo, o
termo se aproximou do que se entende, de modo geral, por música.
Atualmente, música é aceita como arte, ainda com algumas ressalvas e
preconceitos, e se mostra múltipla quanto a sua finalidade principal,
dependendo da construção artística que é feita por cada indivíduo
imerso em uma dada cultura. Apesar de se complementarem entre si, não
podemos considerar música e canção como sinônimas. Tratando-se de
expressões artísticas, músicas e canções são utilizadas como modo de
representação simbólica de aspectos sociais em um dado contexto
histórico. A música é considerada por alguns a combinação de sons e
silêncios de uma maneira organizada, no entanto, não é uma definição
aceita por todos e ainda deixa margem para alguns questionamentos. Em
síntese, aqui entendemos música como a representação sociocultural
simbólica expressa em sons e ritmos. As canções, por outro lado, são
definidas como a junção de letra e melodia. Sendo assim, as músicas não
dependem das letras musicais, mas as canções dependem.

54 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


55

As canções, no decorrer da história, foram e são usadas como meio de


adoração em cultos religiosos, como instrumentos de guerra e como ex-
pressão dos sentimentos mais íntimos do ser humano. Com isso entende-
mos que a canção é uma das formas do homem demonstrar os seus senti-
mentos; sejam eles de amor, de guerra ou de paz. De acordo com as vá-
rias mensagens que as letras das canções podem exprimir, resolvemos
classificá-las da seguinte forma:
Canção Pessoal Representação
Transparece ideológica de
sentimentos um conjunto de
indivíduos
mais
ativos em
subjetivos
sociedade

Por canção pessoal entendemos as canções que têm por objetivo


transparecer sentimentos mais subjetivos, que de fato são comuns ao
homem, revelando uma expressão mais íntima e pessoal. Tomemos como
exemplo dessa classificação uma letra que seja composta a partir da
narrativa sobre o amor de um homem para com a sua amada. Na canção
Nem um dia (1996), interpretada por Djavan, temos a seguinte estrofe:

Um dia frio
Um bom lugar pra ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo

Quando o discurso contido na canção defrontar-se com o seu interlocu-


tor, imediatamente haverá o que Bakhtin (2010) chama de Compreensão
responsiva ativa. Tal compreensão ocorrerá de acordo com as experiên-
cias pessoais deste interlocutor, vividas em um âmbito particular; os
sentimentos expressos pelo eu lírico na canção podem ser ou não ineren-
tes aos indivíduos de uma determinada sociedade. Em oposição temos o
conceito de canção social, que se mostra, sobretudo, como representa-
ção ideológica de um conjunto de indivíduos ativos em sociedade.

55 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


56

Neste sentido, utilizaremos como exemplo “Pra não dizer que


não falei das flores” (Caminhando), de Geraldo Vandré, composta em
1968. Neste caso, para o entendimento amplo das significações
contidas nesta canção torna-se necessário voltarmos ao contexto
histórico que aponta para os reflexos da ditadura militar no Brasil.
O que ocorreu no contexto da ditadura militar foi a ascensão
desse tipo de composição musical-social, principalmente após o
decreto do Ato Institucional Nº 5 (AI-5). Nesse contexto de
repressão ao livre pensar e a qualquer indício de manifestação
contra o governo vigente, se destacaram os músicos com letras que
contrariavam a ditadura e buscavam fazer a sociedade refletir a
respeito do momento histórico em que viviam. Como não mencionar
Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Chico Buarque, Taiguara e tantos
outros, juntamente com suas canções que nos fazem refletir até
hoje sobre o momento histórico que vivemos.
A música “Pra não dizer que não falei das flores” (Caminhando),
de Vandré, ficou conhecida como um hino contra a ditadura militar e
foi cantada por mais de vinte mil pessoas em pleno Maracanãzinho
no Festival Internacional da Canção de 1968. A mensagem que
permeia a letra não é algo vivido por apenas um indivíduo, mas é a
expressão do sentimento de uma sociedade que começa a perceber a
sua posição enquanto Nação. Vejamos uma pequena estrofe da
canção:
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Os versos que acabamos de ler se tornaram o refrão da canção e


foram entoados como uma convocação à luta contra o regime militar.
Não podemos afirmar que os sentimentos expressos nesta canção
são inerentes ao autor, pelo contrário, envolvem toda a sociedade e
o momento histórico que cada cidadão viveu. Não era algo pessoal,
mas social.

56 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


57

CLIQUE NA FIGURA ABAIXO E ENTRE


NA
OFICINA DE POESIA PROTESTO

FONTE: http://www.mshindoiart.com

57 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


58

A regência e o contexto (a situação de uso)


A regência de um verbo está ligada à situação de uso da língua. Determinada regência
de um verbo pode ser adequada em um contexto e ser inadequada em outro.
1. Quando um ser humano irá a Marte?
2. Quando um ser humano irá em Marte?
Em contextos formais, deve-se empregar a frase 1, porque a variedade padrão, o
verbo “ir” rege preposição a. Na linguagem coloquial (no cotidiano), é possível usar a
frase 2.
Regência de Alguns Verbos
Para estudarmos a regência dos verbos, devemos dividi-los em dois grupos:
1- O primeiro, dos verbos que apresentam uma determinada regência na
variedade padrão e outra regência na variedade coloquial;
2- E o segundo dos verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de
uma regência.
PRIMEIRO GRUPO - Verbos que apresentam uma regência na variedade padrão e
outra na variedade coloquial:
VERBO ASSISTIR
- SENTIDO: “Auxiliar”, “caber, pertencer” e “ver, presenciar, atuar como expecta-
dor”.
É nesse último sentido que ele é usado.
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Ele não assiste a filme de violência; Pela
TV,
assistimos à premiação dos atletas olímpicos. Assistir com significado de ver,
presenciar: É verbo transitivo indireto (VTI), apresenta objeto indireto iniciado pela
preposição a. Quem assiste, assiste a (alguma coisa).
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Ela não assiste filmes de violência.
Assistir com significado de ver, presenciar: É verbo transitivo direto (VTD); apre-
senta
objeto direto. Assistir (alguma coisa)
VERBO IR e CHEGAR
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): No domingo, nós iremos a uma festa; O
prefeito foi à capital falar com o governador; Os funcionários chegam bem cedo ao
escritório. Apresentam a preposição a iniciando o adjunto adverbial de lugar: Ir a
(algum lugar), Chegar a (algum lugar)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): No domingo, nós iremos em uma festa;
Os funcionários chegam bem cedo no escritório. Apresentam a preposição em inician-
do o adjunto adverbial de lugar: Ir em (algum lugar), Chegar em (algum lugar)
VERBO OBEDECER/DESOBEDECER
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): A maioria dos sócios do clube obedecem ao
regulamento; Quem desobedece às leis de trânsito deve ser punido. São VTI; exigem
objeto indireto iniciado pela preposição a. Obedecer a

58 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


59
(alguém/alguma coisa), Desobedecer a (alguém/alguma coisa)
VARIEDADE COLOQUIAL

(Exemplos): A maioria dos sócios do clube obedecem o regulamento; Quem


desobedece as leis de trânsito deve ser punido. São transitivos direto (VTD);
apresentam objeto sem preposição inicial. Obedecer (alguém/alguma coisa),
Desobedecer (alguém/alguma coisa)
VERBO PAGAR e PERDOAR
- SENTIDO: Obs. : Se o objeto for coisa (e não pessoa), ambos são transitivos
direto, tanto na variedade padrão, como na coloquial. Exemplo: Você não pagou o
aluguel. O verbo pagar também é empregado com transitivo direto e indireto. (Pagar
alguma coisa para alguém) A empresa pagava excelentes salários a seus funcionários.
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos):

A empresa não paga aos funcionários faz dois meses; É ato de nobreza perdoar a um
amigo. São VTI quando o objeto é gente; exigem preposição a iniciando o objeto
indireto. Pagar a (alguém), Perdoar a (alguém)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos):

A empresa não paga os funcionários faz dois meses; É um ato de nobreza perdoar um
amigo. São VTD, apresentam objeto sem preposição (objeto direto): Pagar (alguém),
Perdoar (alguém)
VERBO PREFERIR
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos):

Os brasileiros preferem futebol ao vôlei; Você preferiu trabalhar a estudar. Prefiro


silêncio à agitação da cidade. É VTDI; exige dois objetos: um direto outro indireto
(iniciado pela preposição a. Preferir (alguma coisa) a (outra)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos):

Os brasileiros preferem mais o futebol que o vôlei; Você preferiu (mais) trabalhar
que estudar; Prefiro (muito mais) silêncio do que a agitação da cidade. É empregado
com expressões comparativas (“mais...que”, “muito mais ...que”, “do que”, etc.).
Preferir (mais) (uma coisa) do que (outra).
VERBO VISAR
- SENTIDO: O emprego mais usual do verbo “visar” é no sentido de “objetivar,
ter como meta”.
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Todo artista visa ao sucesso; Suas
pesquisas visavam à criação de novos remédios. É VTI, com preposição a iniciando o
objeto
indireto. Visar a (alguma coisa)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Todo artista visa o sucesso; Suas
pesquisas visavam a criação de novos remédios. É VTD, apresenta objeto sem
preposição (objeto direto). Visar (alguma coisa)
59 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.
60
SEGUNDO GRUPO - Verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma
regência (dependendo do sentido/significado em que são empregados:

VERBO ASPIRAR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (sugar/respirar) Verbo
transitivo indireto (pretender)
- EXEMPLOS: Sentiu fortes dores quando aspirou o gás. O Ex-governador aspirava
ao cargo de presidente.
VERBO ASSISTIR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (ajudar); Verbo
transitivo indireto (ver); Verbo transitivo indireto (pertencer)
- EXEMPLOS: Rapidamente os paramédicos assistiram os feridos. Você assistiu ao
filme? O direito de votar assisti a todo cidadão.
VERBO INFORMAR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto e indireto (passar
informação)
- EXEMPLOS: Algumas rádios informam as condições das estradas aos motoristas.
Algumas rádios informam os motoristas das condições das estradas
VERBO QUERER
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (desejar); Verbo
transitivo indireto (amar/gostar)
- EXEMPLOS: Todos queremos um Brasil menos desigual. Isabela queria muito aos
avós.
VERBO VISAR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (mirar); Verbo
transitivo direto (pôr visto); Verbo transitivo indireto (objetivar)
- EXEMPLOS: O atacante, ao chutar a falta, visou o ângulo do gol. Por favor, vise
todas as páginas do documento. Esta fazenda visa à produção de alimentos orgânicos.
Observações:
O verbo aspirar, como outros transitivos indiretos, não admite os pronomes
lhe/lhes como objeto. Devem ser substituídos por a ele (s) /a ela (s). Ex.: O diploma
universitário é importante; todo jovem deve aspirar a ele.
No sentido de “ver presenciar”, o verbo assistir não admite lhe (s) como objeto,
essas formas devem ser substituídas por ele (s) ela (s). Ex.: o show de abertura das
olimpíadas foi muito bonito; você assistiu a ele?
No sentido de “objetivar, ter como meta”, o verbo visar (TD) não admite como
objeto a forma lhe/lhes, que devem ser substituídas por a ele (s) a ela (s). Ex:
O título de campeão rende uma fortuna ao time vencedor, por isso todos os
clubes visam a ele persistentemente.
Existem outros verbos que, na variedade padrão, apresentam a mesma
regência do verbo informar. São eles: avisar, prevenir, notificar, cientificar.

60 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


61

DICAS GERAIS SOBRE REGÊNCIA VERBAL E


NOMINAL PARA FIXAÇÃO:

► Alguns nomes ou verbos da língua portuguesa não tem sentido completo.


► Na regência nominal, a relação entre um nome regente e seu termo regido se
estabelece sempre por meio de uma preposição.

► Na regência verbal, temos que conhecer a transitividade dos verbos, ou seja, se é


direta (VTD-verbo transitivo direto), se é indireta (VTI- verbo transitivo indireto)
ou se é, ao mesmo tempo, direta e indireta (VTDI- verbo transitivo direto e
indireto).
► Observe sempre os verbos que mudam de regência ao mudar de sentido, como
visar, assistir, aspirar, agradar, implicar, proceder, querer, servir e outros.
► Não se pode atribuir um mesmo complemento a verbos de regências distintas. Por
exemplo: o verbo assistir no sentido de “ver”, requer a preposição a e o verbo gostar,
requer a preposição de. Não podemos, segundo a gramatica, construir frases como:
“Assistimos e gostamos do jogo. ”, temos que dar a cada verbo o complemento
adequado, logo, a construção correta é “Assistimos ao jogo e gostamos dele. ”

► O conhecimento das preposições e de seu uso é fator importante no estudo e


emprego da regência (nominal, verbal) correta, pois elas são capazes de mudar
totalmente o sentido do que for dito. Ex.: As novas medidas escolares vão de
encontro aos anseios dos alunos. Os alunos da 3ª série foram ao encontro da nova
turma.
► Pronomes oblíquos, algumas vezes, funcionam como complemento verbal.

► Pronomes relativos, algumas vezes, funcionam como complemento verbal.

Referências Bibliográficas:
Bechara, Evanildo. Moderna gramática portuguesa / Evanildo Bechara. – 37. ed. rev., ampl. E atual.
conforme o novo Acordo Ortográfico. – Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2009.
PERINI, M. A. Gramática Descritiva do Português. 2ª edição. São Paulo: Ática,1996.
VIEIRA, S.R. e BRANDÃO, S.F. Ensino de Gramática: descrição e uso. 1ª
edição. São Paulo: Contexto, 2007.

61 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


62

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO
13. Sobre a CORRETA aplicação das normas para regência verbal marque V (para
verdadeiro) e F (para falso):
( ) Esqueceu-se do endereço.
( ) Não simpatizei com ele.
( ) O filme a que assistimos foi ótimo.
( ) Faltou-me completar aquela página.
( ) Aspiro um alto cargo político.
( ) Avisaram-no que chegaríamos logo.
( ) Informei-lhe a nota obtida.
( ) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos sinais de trânsito.
( ) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
( ) Muita gordura não implica saúde.
( ) As crianças, obviamente, preferem mais os doces do que os legumes e verduras.
( ) Assista uma TV de LCD pelo preço de uma de projeção e leve junto um Home
Theater!
( ) O jóquei Nélson de Sousa foi para Inglaterra visando títulos e euros.

14. Sobre a CORRETA aplicação das normas para regência nominal marque V (para
verdadeiro) e F (para falso):

( ) Ele é muito apegado em bens materiais.


( ) Estamos fartos de tantas promessas.
( ) Ela era suspeita de ter assaltado a loja.
( ) Ele era intransigente nesse ponto do regulamento.
( ) A confiança dos soldados no chefe era inabalável.

62 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


63

Veja a videoaula aqui.

O guia definitivo para o uso da vírgula


Saiba quando usar e quando evitar essa pontuação
Por meio da pontuação, indica-se, na escrita, as várias possibilidades de entonação
da fala. Ela ajuda também a expressão de pensamentos, de emoções, de sentidos e
assim torna mais precisa a compreensão de um texto. Dentre os sinais de pontua-
ção, a vírgula é a que mais requer atenção. Existem situações em que o uso desse
sinal é obrigatório levando em conta a estrutura da frase; em outras, se o deslocar-
mos, o sentido da frase será totalmente alterado.
Em que casos a vírgula é obrigatória e em que casos é proibida?
A estrutura da frase em Língua Portuguesa é formada por pares indissociáveis: su-
jeito + verbo; verbo + complemento. A primeira regra de ouro do uso da vírgula é:
não se separam esses elementos com vírgula. Veja o exemplo:
O professor devolveu as provas corrigidas.

O professor = sujeito

 devolveu = verbo

 as provas corrigidas = complemento do verbo "devolveu"

Quando algo "se intromete" nessa


estrutura, a vírgula será usada:

O professor, durante a aula, devolveu, em silêncio, as provas corrigidas.


O professor = sujeito

 durante a aula = adjunto adverbial de tempo


 devolveu = verbo
 em silêncio = adjunto adverbial
 as provas corrigidas = complemento do verbo "devolveu"

63 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


64

QUANDO USAR A VÍRGULA:


1) Separar o aposto (termo explicativo):
Recife, a Veneza brasileira, se desenvolveu muito nos últimos anos.

2) Isolar vocativo (termo que chama a atenção):


Marcos, estamos a sua espera!
Estamos, Marcos, a sua espera!
Estamos a sua espera, Marcos!

3) Isolar expressões que indicam circunstâncias variadas como tempo,


lugar, modo, companhia, entre outras (adjuntos adverbiais invertidos
ou intercalados na oração):
Todos, em meio à festa, se puseram a fazer brindes aos convidados.
Durante muitos anos, fiz trabalho voluntário. Isso foi muito gratificante!

4) Antes dos conectivos mas, porém, contudo, pois, logo:


Faça suas escolhas, mas seja responsável por elas.
Estudou muito durante o ano, logo deve conseguir uma vaga na faculdade.

5) Isolar termos explicativos:


tais como isto é, a saber, por exemplo, digo, a meu ver, ou melhor, as quais servem
para retificar, continuar ou concluir o que se está dizendo:
O amor, isto é, o maior dos sentimentos deve reger nossas atitudes.
Voltaremos a nos falar na quinta-feira, ou melhor, na sexta.

6) Separar termos coordenados (uma lista, por exemplo):


Amor, fortuna, ciência. Apenas isso não traz felicidade.
Durante a juventude viveu no Brasil, na França, na Itália.
Saiu de casa, fechou a porta e foi-se, para sempre, daquele lugar.

QUANDO NÃO USAR A VÍRGULA:


1) Para separar sujeito e predicado:
O tapete persa (sujeito, ser de quem se diz alguma coisa) nos serviu de cama duran-
te muitos anos (predicado, tudo o que se diz do sujeito).

2) Entre verbo e complemento:


O presidente mudou (verbo) os planos de viagem (complemento do verbo).
O homem deve obedecer (verbo) a princípios éticos (complemento do verbo).
FONTE: https://novaescola.org.br/conteudo/6895/lingua-portuguesa-quando-usar-virgula

64 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


65

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO
16. (ITA) Qual das sequências abaixo jamais admitirá, de acordo com as nossas gra-
máticas, o emprego de duas vírgulas?
a) O irmão meu que estava doente não chegou na hora.
b) Mesmo que tu chegues atrasado José não deixes de trazer as revistas que te em-
prestei sábado último.
c) A mulher se divide em quatro partes cabeça tronco membros e espelho.
d) Jamais lhe poderei dizer que isto se passou na casa de uma das mais tradicionais
famílias da região os Mesquitas.
e) A muito custo após algumas horas disseram que não haviam chegado os impressos
para formalizar a petição.
17. (ESPM) Nesta frase de um imaginário outdoor:
Este é o refrigerante amigo, dos seus amigos!
a) O emprego da única vírgula é suficiente para que se entenda amigo como um voca-
tivo.
b) Falta uma vírgula depois de refrigerante, se a intenção é utilizar amigo como voca-
tivo.
c) Falta uma vírgula depois de este, se a intenção é dar ênfase ao destinatário da
frase.
d) O emprego da vírgula está correto, se a intenção é utilizar dos seus amigos como
complemento do nome amigo.
e) A vírgula deve ser abolida, se a intenção é empregar amigo como vocativo.

Locução adverbial é um conjunto de duas ou mais palavras que, juntas,


atuam como um advérbio, alterando o sentido de um verbo, de um ad-
jetivo ou de um advérbio.
Exemplos de locuções adverbiais
O livro está à esquerda do computador.
Meu pai foi caminhar na praia pela manhã.
Em silêncio, os alunos prosseguiram seus estudos.
Tudo, sem dúvida, se resolverá!
De modo algum você poderá contar com minha participação.
Ele comeu em excesso.
Quem sabe se tudo não acabará bem.

65 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


66

Formação das locuções adverbiais

As locuções adverbiais são, maioritariamente, iniciadas por uma preposição. Além da


preposição, são normalmente formadas também por um substantivo, adjetivo ou ad-
vérbio.
Preposição + substantivo = com certeza
Preposição + adjetivo = em breve
Preposição + advérbio = por ali
Eles virão com certeza.
Eles virão em breve.
Eles virão por ali.

Classificação das locuções adverbiais

As locuções adverbiais podem ser classificadas em locuções adverbias de lugar, de


tempo, de modo, de afirmação, de negação, de intensidade e de dúvida.
Locução adverbial de lugar:
à esquerda;
à frente;
ao lado;
em cima;
de fora;
por perto;
por aqui;
em volta;
Locução adverbial de tempo:
pela manhã;
de noite;
à tarde;
de dia;
em breve;
às vezes;
de vez em quando;
Locução adverbial de modo:
em silêncio;
de cor;
ao contrário;
às pressas;
em vão;
às claras;
a sós;
à vontade;
ao acaso;

66 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


67
Locução adverbial de afirmação:
com certeza;
sem dúvida;
de fato;
na verdade;
por certo;
com efeito;
Locução adverbial de negação:
de modo algum;
de forma alguma;
de jeito nenhum;
de maneira nenhuma;
Locução adverbial de intensidade:
de muito;
de pouco;
de todo;
em excesso;

Locução adverbial de dúvida:


com certeza;
quem sabe.

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO
18. Leia atentamente o texto:
Tirana de lenço
Das danças espanholas, a Tirana de Lenço é uma das que mais se difundiu na Amé-
rica Latina. Tanto a dança quanto a canção fazem parte do Fandango gaúcho. Sapate-
ada com par solto, é executada por um ou mais casais e pode ser interrompida para
que cada par troque versinhos (“relaciones”) ou para que o violeiro entoe uma de suas
canções tradicionais. Provém de Madri, através da cantora Maria Rosário Fernandez
(1773), conhecida como La Tirana.
Seu canto não é ouvido simultaneamente à dança, cujo passo básico consiste num
deslocamento à frente com o pé esquerdo que o pé direito se une a ele e se apoia pe-
la ponta, mais ou menos à altura da metade do pé esquerdo. Corpo e cabeça viram 1/8
à esquerda, em um compasso.
Disponível em: www.terrabrasileira.com.br. (Fragmento e com algumas adaptações).

Assinale a alternativa cuja parte em destaque não funciona como locução adverbial:
( ) “Seu canto não é ouvido simultaneamente à dança […]”
( ) “[…] num deslocamento à frente com o pé esquerdo […]”
( ) “[…] mais ou menos à altura da metade do pé esquerdo.”
67 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.
68
19. Na passagem “Corpo e cabeça viram 1/8 à esquerda, em um compasso.”, a locução
grifada exprime a noção de:
( ) lugar
( ) modo
( ) tempo

20. As locuções adverbiais foram empregadas no texto para:


( ) informar o lugar onde surgiu a dança “Tirana de Lenço”.
( ) divulgar os locais onde ocorrem as apresentações da “Tirana de Lenço”.
( ) explicar os passos da dança “Tirana de Lenço”.

21. Sublinhe as locuções adverbiais que compõem as frases a seguir.


a) Fomos a pé assisti à apresentação da dança gaúcha.
b) Os jovens estudaram a fundo a dança de origem espanhola.

68 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.


69

CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO E AVALIE ESSE MATERIAL, SUA


OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA A QUALIDADE DO NOSSO
TRABALHO.

LER TE DÁ ASAS
Que tal ler e ouvir livros super legais totalmente gratuitos?

Imagina fazer amigas e amigos novos pra compartilhar essas leituras?


Então, bora curtir histórias mil no CLI (Clube do Livro Iapemi)!
Temos livros em pdf, quadrinhos e audiolivros ( livros em áudio).
Aumente sua inteligência!

Clique nessa figurinha aqui para entrar no


canal onde você escolhe suas leituras
Quer conversar com outras leitoras e leitores?

Entre no grupo de bate papo literário aqui

CANAIS DE COMUNICAÇÃO
Clique nas figurinhas para se comunicar conosco!

69 www.iapemi.com.br—Todos os direitos reservados.

Você também pode gostar