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CURSO CAIXA

ECONÔMICA FEDERAL

PORTUGUÊS EM QUESTÃO –
AUGUSTO CUNHA

APOIO TEÓRICO
E QUESTÕES EXTRAS

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ÍNDICE

1. Interpretação x Intelecção (Compreensão) de Textos

2. Coesão e coerência textuais.

3. Tipologia textuais.

4. Argumentação e Persuasão

5. Comunicação assertiva: Linguagem simples, concisa, objetiva

6. Organização Textual

7. Acentuação gráfica e Reforma Ortográfica

8. Ortografia Oficial

9. Sintaxe do Período Simples

10. Sintaxe do Período Composto: coordenação e subordinação

11. Pontuação.

12. Significação das palavras: homonímia e paronímia. Uso de “há” (verbo) e “a” (preposição).

13. Concordância nominal

14. Concordância verbal

15. Regência verbal

16. Regência nominal.

17. Emprego do sinal indicativo de crase.

18. Colocação do Pronome Átono

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CURSO CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
PORTUGUÊS EM QUESTÃO – AUGUSTO CUNHA
APOIO TEÓRICO E QUESTÕES EXTRAS

UNIDADE 1 INTERPRETAÇÃO X INTELECÇÃO (COMPREENSÃO) DE TEXTOS

CONCEITOS PRELIMINARES:

TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de
produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).

CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A
essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se
uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente
daquele inicial.

Veja este recorte de um quadro maior:


Será que o Pateta está sendo
enterrado vivo?

Ufa! Olhando o contexto, é apenas


uma brincadeira dos amigos na praia!

NTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se INTERTEXTO.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova.

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Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:

1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época


(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).

2. COMPARAR – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto.


3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito.
4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo.
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com outras palavras.

Agora vamos tratar especificamente de INTERPRETAÇÃO e INTELECÇÃO (o mesmo que COMPREENSÃO) de


Textos.

INTERPRETAÇÃO X INTELECÇÃO
(COMPREENSÃO) DE TEXTOS

Compreensão e interpretação de textos são duas coisas completamente diferentes.


Quando o comando da questão trabalha a área de compreensão, aquela informação está no texto. Diante disso,
você terá alguns enunciados básicos de questões de compreensão. Porém, se a informação estiver além do texto,
fora do texto, trata-se de uma questão de interpretação. Apesar de estar fora do texto, tem conexão com o texto. É
a chamada inferência textual, dedução textual. Ao ler o texto, o leitor consegue inferir, tirar conclusões a partir de
ideias que foram explicitadas no texto. Basta ao leitor passar a ter a visão qualificada e apurada de, no enunciado,
conseguir visualizar e identificar, qualificar, caracterizar o comando, se é de compreensão (informação que está no
texto) ou de interpretação (informação que não está no texto, mas está atrelada ao texto).

Veja as diferenças:

• Compreensão de texto – consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto.
Os comandos de compreensão (está no texto) são:
o Segundo o texto...
o O autor/narrador do texto diz que...
o O texto informa que...
o No texto...
o Tendo em vista o texto...
o De acordo com o texto...
o O autor sugere ainda...
o O autor afirma que...
o Na opinião do autor do texto...

• Interpretação de texto – consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. Os comandos de
Interpretação (está fora (além) do texto) são:
o Depreende-se/infere-se/conclui-se do texto que...
o O texto permite deduzir que...
o É possível subentender-se a partir do texto que...
o Qual a intenção do autor quando afirma que...
o O texto possibilita o entendimento de que...
o Com o apoio do texto, infere-se que...
o O texto encaminha o leitor para...
o Pretende o texto mostrar que o leitor...
o O texto possibilita deduzir-se que...

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Entenda: Enquanto a compreensão de texto trabalha com as frases e ideias escritas no texto, ou seja, aspectos
visíveis, mesmo que com outras palavras, a interpretação de textos trabalha com a subjetividade, com o SEU
entendimento do texto, desde que com lógica e coerência.

ERROS CLÁSSICOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Após a leitura do(s) texto(s) na sua prova, leia as perguntas propostas. Você perceberá que algumas questões
incidem sobre o conjunto do texto: estas podem ser respondidas diretamente. Mas há outras questões que incidem
sobre trechos, sobre passagens específicas do texto: estas, para serem respondidas, exigem uma volta ao texto.

Quando a prova é de questões discursivas, expositivas, temos mais liberdade para encaminhar nossas repostas.
Nesse caso, é preciso muita atenção quanto ao enunciado, para que você responda realmente o que está sendo pedido
e não incorra nos erros clássicos de entendimento de texto, que são basicamente três: extrapolação, redução e
contradição. Reconhecer estes erros, conhecer o processo lógico que ocorre em cada um deles, é de importância vital
para superá-los, ou seja, para que nossas respostas sejam claras e coerentes, adequadas ao texto. Vejamos um por
um:
1) Extrapolação

O erro de extrapolação, como o próprio nome indica, acontece quando saímos do contexto, quando acrescentamos
ideias que não estão presentes no texto. Ao extrapolar, vamos além dos limites do texto, viajamos além de suas
margens, fazemos outras associações, evocamos outros elementos, criamos a partir do que foi lido, deflagramos nossa
imaginação e nossa memória, abandonando o texto que era o nosso objeto de interpretação.

A extrapolação é muitas vezes um exercício de criatividade inadequada - porque nos leva a perder o contexto que
está em questão. Geralmente, o processo de extrapolação se realiza por associações evocativas, por relações
analógicas: uma ideia lembra outra semelhante e viajamos para fora do texto. Outras vezes, a extrapolação acontece
pela preocupação de se descobrir pressupostos das ideias do texto, pontos de partida bem anteriores ao pensamento
expresso, ou, ainda, pela preocupação de se tirar conclusões decorrentes das ideias do texto, mas já pertencentes a
outros contextos, a outros campos de discussão.

Reconhecer os momentos de extrapolação - sejam analógicos ou lógicos - significa conquistar maior lucidez, maior
capacidade de compreensão objetiva dos textos, do contexto que está em questão. Essa clareza é necessária e é
criadora: significa, inclusive, uma liberdade maior de imaginação e de raciocínio, porque os voos para fora dos textos
tornam-se conscientes, por opção, serão realizados por um projeto intencional, e não mais por incapacidade de
reconhecer os limites de um texto colocado em questão, nem por incapacidade de distinguir as próprias ideias das
ideias apresentadas por um texto lido.

2) Redução

Outro erro clássico em exercícios de entendimento de texto, erro oposto à extrapolação, é o que chamamos de
redução ou particularização indevida. Neste caso, ao invés de sairmos do contexto, ao invés de acrescentarmos outros
elementos, fazemos o inverso: abordamos apenas uma parte, um detalhe, um aspecto do texto, dissociando-o do
contexto. A redução consiste em privilegiarmos um elemento (ou uma relação) que é verdadeiro, mas não é suficiente
diante do conjunto, ou então que se torna falso porque passa ser descontextualizado. Prendemo-nos assim, a um
aspecto menos relevante do conjunto, perdendo de vista os elementos e as relações principais, ou antes, quebramos
este conjunto, fracionando inadvertidamente esse aspecto, isolando-o do contexto. Reconhecer os processos de
redução representa também um salto de qualidade em nossa capacidade de ler e entender textos, assim como em
nossa capacidade de perceber e compreender conjuntos de qualquer tipo, reconhecendo seus elementos e suas
relações.

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3) Contradição

O último erro clássico nas interpretações de texto, o mais grave de todos, é o da contradição. Por algum motivo -
uma leitura desatenta, a não percepção de algumas relações, a incompreensão de um raciocínio, o esquecimento de
uma ideia, a perda de uma passagem no desenvolvimento do texto - chegamos a uma conclusão contrária ao texto.
Como esse erro tende a ser mais facilmente reconhecido - por apresentar ideias opostas às ideias expressas pelos
textos - os testes de interpretação muitas vezes são organizados com uma espécie de armadilha: uma alternativa
apresenta muitas palavras do texto, apresenta até expressões inteiras do texto, mas com um sentido contrário. Um
leitor desatento ou/e ansioso provavelmente escolherá essa alternativa, por ser a mais “parecida” com o texto. Por ser
a que apresenta mais literalmente, mas “ao pé da letra”, elementos presentes no texto...

Exercícios de Exemplificação
Vamos ver alguns exemplos de erro - extrapolação, redução, contradição - a partir de textos em prosa e em poesia.
Muitos destes exemplos são colhidos em experiências de aula de interpretação. Ao aprender a reconhecer os erros,
você vai desenvolvendo uma clareza maior para sua prática de interpretar mais lucidamente os textos. Perceba,
também, como o resumo e a paráfrase são utilizados durante o processo interpretativo.
Leia atentamente os textos que se seguem. Faça a primeira leitura, a de entrar em contato, e, depois, faça a segunda
leitura, captando as ideias centrais. Procure fazer um pequeno resumo dos textos. Em seguida, verifique se você
cometeu algum erro de extrapolação, redução ou contradição.

1. A tradição e o moderno
A tradição é importante. É democrática quando desempenha a sua função natural de prover a nova geração com
conhecimentos das boas e más experiências do passado, isto é, a sua função de capacitá-la a aprender às custas dos
erros passados a fim de os não repetir. A tradição torna-se a ruína da democracia quando nega à geração mais nova
a possibilidade de escolha; quando tenta ditar o que deve ser encarado como “bom” e como “mau” sob novas condições
de vida. Os tradicionalistas fácil e prontamente se esquecem de que perderam a capacidade de decidir o que não é
tradição. Por exemplo, o aperfeiçoamento do microscópio não foi conseguido pela destruição do primeiro modelo: o
aperfeiçoamento foi realizado com a preservação e o desenvolvimento do modelo primitivo a par com um estágio mais
avançado do conhecimento humano. Um microscópio do tempo de Pasteur não capacita o pesquisador moderno a
estudar uma virose. Suponha agora que o microscópio de Pasteur tivesse o poder e o descaramento de vetar o
microscópio eletrônico.
Os jovens não sentiriam nenhuma hostilidade para com a tradição, não teriam na verdade senão respeito por ela
se, sem se arriscar, pudessem dizer: Isto nós o tomaremos de vocês porque é convincente, é justo, diz respeito também
à nossa época e passível de desenvolvimento. Aquilo, entretanto, não podemos aceitar. Era útil e verdadeiro para o
seu tempo - seria inútil para nós. E esses jovens deveriam preparar-se para ouvir dos seus filhos as mesmas palavras.
(Wilhelm Reich - A revolução sexual)
Observe alguns exemplos de extrapolação, redução e contradição, muito frequente na interpretação de textos.
Extrapolação: O texto fala sobre o papel dos cientistas na sociedade e sobre a importância da ciência para a
democracia, que é o melhor sistema de governo.

Redução: O texto fala sobre a importância do microscópio, importante instrumento de investigação científica.
Contradição: O texto afirma que a tradição sempre é um empecilho para o desenvolvimento do conhecimento humano.
Como você vê, no primeiro caso, a afirmativa sai dos limites do texto, volta-se para outro assunto (papel dos
cientistas na sociedade, ciência e democracia). No segundo caso, reduz-se o texto à questão do microscópio, que é
apenas um exemplo usado. No terceiro caso, conclui-se o oposto do que o texto afirma: a tradição seria sempre um
obstáculo.
A compreensão correta do texto apresentaria os seguintes elementos e relações:
✓ A importância da tradição;
✓ A tradição, quando é democrática fornece elementos sobre as experiências do passado;
✓ A tradição, quando é antidemocrática e tenta ditar o que é bom ou mau, em diferentes condições de vida;
✓ O exemplo do microscópio, nos dois casos.

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Ao analisar um texto dissertativo, identifique inicialmente o argumento principal, aquele que fundamenta a opinião
exposta. Em seguida, identifique as consequências decorrentes do que está sendo afirmado e por fim, a conclusão,
que é a reafirmação do argumento principal.

2. O mistério
O que podemos experimentar de mais belo é o mistério. Ele é a fonte de toda a arte e ciência verdadeira. Aquele
que for alheio a essa emoção, aquele que não se detém a admirar as colinas, sentindo-se cheio de surpresa, esse já
está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos. O que fez nascer a religião foi essa vivência do misterioso - embora
mesclado de terror. Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional e
radiantemente belo, algo que compreenderemos apenas em forma muito rudimentar - é esta a experiência que constitui
a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e unicamente neste sentido pertenço aos homens profundamente
religiosos.
(Albert Einstein - Como vejo o mundo)
Seguem alguns exemplos de erros no entendimento do texto.
Extrapolação: O texto fala sobre a importância de Deus e da religião, e sobre o mistério da criação do universo.
O texto afirma que todo cientista precisa ser artista e religioso, para poder compreender a natureza.
Redução: O texto afirma que o terror fez nascer a religião.
O texto afirma que a nossa compreensão dos fenômenos é ainda muito elementar.
Contradição: O texto afirma que quem experimenta o mistério está com os olhos fechados e não consegue
compreender a natureza.
O texto afirma que a experiência do mistério é um elemento importante para a arte, não para a ciência.
O texto apresenta, na verdade, várias ideias básicas:

✓ a beleza da experiência do mistério;

✓ a emoção do mistério como raiz da ciência e da arte;

✓ o homem incapaz de sentir essa emoção está com os olhos mortos;

✓ a caracterização dessa vivência: saber e sentir que existe algo - belo e racional - que compreendemos apenas
rudimentarmente;

✓ o sentido em que o autor se considera uma pessoa religiosa (e unicamente neste sentido

UNIDADE 2 COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

1. Coesão Textual

A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. Ou seja, a coesão textual é a conexão linguística que permite a
amarração das ideias dentro de um texto.

Bem utilizada, a coesão permite a eficiência na transmissão da mensagem ao interlocutor e, por


consequência, o entendimento.

Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida pelas relações linguísticas, como os advérbios,
pronomes, o emprego de conectivos (preposições e conjunções), sinônimos, dentre outros.

Para ser melhor empregada, a coesão necessita de recursos, como palavras e expressões que têm como
objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos do texto. Esses recursos são chamados de
elementos de coesão.

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2. Coerência Textual

Coerência textual é o fator que possibilita o entendimento da mensagem transmitida no texto. Aliada à
coesão, a coerência tem como função a construção dos sentidos da textualidade.

Por meio da coerência, ocorre a concatenação das ideias do texto. Ou seja, a formação de uma cadeia de
ideias.

O texto que obedece à coerência transmite uma relação lógica de ideias que se complementam, não se
contradizem e conferem significado à mensagem. Quando o texto é coerente, o interlocutor apreende os
sentidos do texto.

A falta dela afeta a significação do texto, prejudica a relação com o interlocutor, a continuidade dos
sentidos e compreensão.

Um texto contraditório e redundante, ou cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto incoerente.
A incoerência compromete a clareza do discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.

Fatores de Coerência

São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, tendo em vista a sua abrangência.
Vejamos alguns:

a) Conhecimento de Mundo

É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que são arquivados na nossa memória.

São o chamados frames (rótulos), esquemas (planos de funcionamento, como a rotina alimentar: café da
amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts (roteiros,
tal como normas de etiqueta).

Exemplo: Peru, Panetone, frutas e nozes. Tudo a postos para o Carnaval!

(Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é incoerente. Isso porque “peru, panetone,
frutas e nozes” (frames) são elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa de carnaval.)

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b) Inferências

Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se partimos do pressuposto que os
interlocutores partilham do mesmo conhecimento.

Exemplo: Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são indianos.

(ou seja, em princípio, esses convidados não comem carne de vaca)

As Conjunções no Processo de Coesão Textual

Os principais conectivos utilizados são as conjunções, palavras responsáveis por relacionar partes da
oração ou orações de um período. Mas não basta decorar uma lista interminável de conjunções, é preciso
saber quando e como usar cada uma delas, já que na língua o contexto da comunicação, seja ela oral ou
escrita, é o fator que determinará a construção dos sentidos do texto.

Sendo assim, observe o uso correto de algumas conjunções no exemplo abaixo:

Embora Marcelo tenha saído de casa com certa antecedência, chegou atrasado ao estádio para assistir
ao jogo que definiria os finalistas do campeonato, porque o trânsito estava congestionado.

A conjunção embora tem como principal função introduzir uma oração que encerra uma ideia de
concessão, algo fora do que se esperava, pois, apesar de ter saído de casa com certa antecedência,
Marcelo acabou se atrasando para assistir à partida de futebol. Já a conjunção porque inicia uma oração
que exprime ideia de causa: o trânsito estava congestionado, Marcelo não chegou a tempo para assistir ao
início da partida.

CONJUNÇÕES E PRINCIPAIS RELAÇÕES SEMÂNTICAS

A) CAUSA X EFEITO

São dois polos semânticos que se harmonizam no contexto. A todo momento, empregamos conectivos em
frases que expressam a relação de causa e efeito. Mas, afinal, o que cada uma delas indica. Vejamos:

CAUSA – expressa o fato que MOTIVA, JUSTIFICA, EXPLICA, ESCLARECE um resultado.

Alguns conectivos: porque, já que, haja vista que, visto que, por cauda de, graças a, em decorrência de

CONSEQUÊNCIA – é o resultado, a conclusão daquilo que está sendo declarado

Alguns conectivos: por isso, portanto, então, assim, destarte, por conseguinte, tanto...que, tamanho...que

Observe este exemplo:

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B) CONCESSÃO– algo contrário ao que se espera. Veja o quadro abaixo:

Guarde bem:

C) A conjunção COMO

COMPARAÇÃO

= igual a, do mesmo modo que

A vida passa como uma nuvem no céu.

CONFORMIDADE

= conforme, segundo, de acordo com

Instalei o computador como manda o manual.

CAUSA

já que, porque, porquanto

Como ele saiu tarde, não chegou a tempo.

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D) POIS: Causa ou efeito?

A conjunção pois pode indicar causa (explicação) ou efeito (consequência, resultado). Depende do
contexto e da posição dela em relação ao verbo da oração em que ela está inserida. Guarde:

1) causa/ explicação: anteposto a verbo = pois + verbo

Estudou a Reforma Ortográfica, pois queria estar a par das mudanças na língua.

(= já que, dado que, porque, porquanto)

2) conclusão/ efeito: posposto a verbo (ou intercalado em locução verbal)

verbo + pois (+ verbo)

Não conseguiu o aumento esperado; pediu, pois, demissão do emprego.

(= portanto, por conseguinte, por isso, logo, assim)

E) CUIDADO COM ESTAS CONJUNÇÕES:

Apesar de se parecerem, veja como estabelecem relações semânticas diferentes.

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TABELA DE CONECTIVOS (CONJUNÇÕES E PRONOMES)

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II) A semântica das Preposições

As preposições formam mais um grupo de conectivos que interferem decisivamente nas relações de
sentido entre as partes do texto. Veja estes dois exemplos:

Constatamos a presença de duas preposições - devidamente demarcadas e idênticas. Mas será que
retratam o mesmo significado quando analisadas de forma contextual?

Para obter uma resposta para tal questionamento, faz-se necessário entendermos um aspecto bastante
pertinente – o fato de uma mesma preposição, quando analisada de acordo com o contexto em que se
encontra inserida, apresentar significados distintos.

É exatamente o que ocorreu com os exemplos supracitados, uma vez que se formos analisar as
preposições, tendo em vista o valor semântico por elas apresentado, concluiremos:

O sentido expresso pelo 1º enunciado é instrumento, do qual os alunos se utilizam para chegar a
casa.

O segundo já retrata uma ideia de matéria, ou seja, foi utilizada para a construção dos adornos.

Vejamos algumas ocorrências nas quais podemos constatar várias e distintas relações de sentido
provocadas pelas preposições:

- Posse – Estes livros são do antigo professor.

- Causa - Após o terremoto, várias crianças morreram de desnutrição.

- Matéria – Todos aqueles artefatos são de couro.

- Assunto - Discutimos muito sobre as obras literárias.

- Companhia – Iremos à festa com você.

- Finalidade – Preparamo-nos para os festejos natalinos.

- Instrumento– O garoto feriu-se com a faca.

- Lugar – Curtirei minhas férias em Maceió.

- Origem - Todos os turistas são de Belo Horizonte.

- Tempo - A empresa tem um prazo de 20 dias para a entrega dos pedidos.

- Meio – A publicidade pela Internet implica em bons resultados.

- Conformidade – Fizemos a pesquisa conforme foi solicitado.

- Modo – O resultado do concurso foi aguardado com tamanha ansiedade.

- Oposição – Os eleitores mostraram-se contra a proposta dos candidatos.

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UNIDADE 3 TIPOLOGIA TEXTUAL

As tipologias textuais, também chamadas de tipos textuais ou tipos de texto, são as diferentes formas que um texto
pode apresentar, visando responder a diferentes intenções comunicativas.

Os aspectos constitutivos de um texto divergem mediante a finalidade do texto: contar, descrever, argumentar,
informar etc.

Diferentes tipos de texto apresentam diferentes características: estrutura, construções frásicas, linguagem,
vocabulário, tempos verbais, relações lógicas, modo de interação com o leitor.

Podemos distinguir os seguintes tipos textuais:


• Texto narrativo;
• Texto descritivo;
• Texto dissertativo (expositivo e argumentativo);
• Texto explicativo (injuntivo e prescritivo).

É de salientar que um único texto pode apresentar passagens de várias tipologias textuais.

1. Narração

Modalidade em que um narrador, participante ou não, conta um fato, real ou fictício, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de
anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as
que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano.
É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.

Exemplo:

Minha vida de menina


Faço hoje quinze anos. Que aniversário triste! Vovó chamou-me cedo, ansiada como está, coitadinha, e disse: "Sei
que você vai ser sempre feliz, minha filhinha, e que nunca se esquecerá de sua avozinha que lhe quer tanto". As
lágrimas lhe correram pelo rosto abaixo e eu larguei dos braços dela e vim desengasgar-me aqui no meu quarto,
chorando escondida.
Como eu sofro de ver que mesmo na cama, penando com está, vovó não se esquece de mim e de meus deveres e
que eu não fui o que deveria ter sido para ela! Mas juro por tudo, aqui nesta hora, que eu serei um anjo para ela e me
dedicarei a esta avozinha tão boa e que me quer tanto.
Vou agora entrar no quarto para vê-la e já sei o que ela vai dizer: "Já estudou suas lições? Então vá se deitar, mas
antes procure alguma coisa para comer. Vá com Deus".

2. Descrição

Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de
palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais
abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade.
Significa "criar" com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da
personagem a que o texto se Pega. É difícil encontrar um texto exclusivamente descritivo. Normalmente
encontramos trechos descritivos inseridos numa narração ou dissertação. Tem predominância em gêneros como:
cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.

A descrição pode ser:

Objetiva: Predomina a descrição real do objeto, lugar ou pessoa descrita. Neste tipo de descrição não há a
interferência da opinião de quem descreve, há a tendência de se privilegiar o que é visto, em detrimento do sujeito
que vê.

Subjetiva: aparecem, neste tipo de descrição, as opiniões, sensações e sentimentos de quem descreve pressupondo
que haja uma relação emocional de quem descreve com o que foi descrito.

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Características do texto descritivo

- É um retrato verbal
- Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade entre as frases
- As classes gramaticais mais utilizadas são: substantivos, adjetivos e locuções adjetivas
- Como na narração há a utilização da enumeração e comparação
- Presença de verbos de ligação
- Os verbos são flexionados no presente ou no pretérito (passado)
- Emprego de orações coordenadas justapostas

Exemplo:
Alguns dados sobre Rudy Steiner

“Ele era oito meses mais velho do que Liesel e tinha pernas ossudas, dentes afiado, olhos azuis esbugalhados e
cabelos cor de limão. Como um dos seis filhos dos Steiner, estava sempre com fome. Na rua Himmel, era
considerado meio maluco ...”

3. Dissertação

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Dependendo do objetivo do
autor, pode ter caráter expositivo ou argumentativo.

3.1 Dissertação-Expositiva

Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta informações sobre assuntos, expõe,
reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um determinado
assunto. A intenção é informar, esclarecer.
Ex.: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais etc.

3.1 Dissertação-Argumentativa

Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto, além de explicar,
também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias.
Geralmente utiliza linguagem denotativa.
É tipo predominante em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais
e revistas.

Exemplo:

Redução da maioridade penal, grande falácia

O advogado criminalista Dalio Zippin Filho explica por que é contrário à mudança na maioridade penal:
Diuturnamente o Brasil é abalado com a notícia de que um crime bárbaro foi praticado por um adolescente,
penalmente irresponsável nos termos do que dispõe os artigos 27 do CP, 104 do ECA e 228 da CF. A sociedade
clama por maior segurança. Pede pela redução da maioridade penal, mas logo descobrirá que a criminalidade
continuará a existir, e haverá mais discussão, para reduzir para 14 ou 12 anos. Analisando a legislação de 57 países,
constatou-se que apenas 17% adotam idade menor de 18 anos como definição legal de adulto.
Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma forma como fazemos com os adultos, estamos admitindo que eles
devem pagar pela ineficácia do Estado, que não cumpriu a lei e não lhes deu a proteção constitucional que é seu
direito. A prisão é hipócrita, afirmando que retira o indivíduo infrator da sociedade com a intenção de ressocializá-lo,
segregando-o, para depois reintegrá-lo. Com a redução da menoridade penal, o nosso sistema penitenciário entrará
em colapso.
Cerca de 85% dos menores em conflito com a lei praticam delitos contra o patrimônio ou por atuarem no tráfico de
drogas, e somente 15% estão internados por atentarem contra a vida. Afirmar que os adolescentes não são punidos
ou responsabilizados é permitir que a mentira, tantas vezes dita, transforme-se em verdade, pois não é o ECA que
provoca a impunidade, mas a falta de ação do Estado. Ao contrário do que muitos pensam, hoje em dia os
adolescentes infratores são punidos com muito mais rigor do que os adultos.
Apresentar propostas legislativas visando à redução da menoridade penal com a modificação do disposto no artigo
228 da Constituição Federal constitui uma grande falácia, pois o artigo 60, § 4º, inciso IV de nossa Carta Magna não
admite que sejam objeto de deliberação de emenda à Constituição os direitos e garantias individuais, pois se trata de
cláusula pétrea.
A prevenção à criminalidade está diretamente associada à existência de políticas sociais básicas e não à repressão,
pois não é a severidade da pena que previne a criminalidade, mas sim a certeza de sua aplicação e sua capacidade
de inclusão social.

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4. Injunção / Instrucional

Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no
modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo.
Exemplos: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para montagem ou uso de aparelhos e
instrumentos; textos com regras de comportamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas,
cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.).

Pode ser classificado de duas formas:

-Instrucional: O texto apresenta apenas um conselho, uma indicação e não uma ordem.

-Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a orientação dada no texto é uma imposição.

Exemplo:

BOLO DE CENOURA

Ingredientes

Massa
3 unidades de cenoura picadas
3 unidades de ovo
1 xícaras (chá) de óleo de soja
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de açúcar
1 colheres (sopa) de fermento químico em pó

Cobertura
1/2 xícara (chá) de leite
5 colheres (sopa) de achocolatado em pó
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de Margarina

Como fazer

Massa
Coloque os ingredientes no liquidificador, e acrescente aos poucos a farinha.
Leve para assar em uma forma untada.
Depois de assado cubra com a cobertura.
Cobertura
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo e deixe ferver até engrossar.

OBSERVAÇÕES

OBS.1: Muitos estudiosos do assunto listam apenas os tipos acima. Alguns outros consideram que existe também o
tipo predição.

5. Predição

Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo
predominante nos gêneros: previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatológicas/apocalípticas.
OBS.2: Alguns estudiosos listam também o tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto, esse nada mais é que o tipo
narrativo aplicado em certos contextos, pois toda conversação envolve personagens, um momento temporal (não
necessariamente explícito), um espaço (real ou virtual), um enredo (assunto da conversa) e um narrador, aquele que
relata a conversa.

6. Dialogal / Conversacional

Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos gêneros: entrevista, conversa
telefônica, chat etc.

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Exercícios

Texto 1

Estou escrevendo um livro sobre a guerra...


Eu, que nunca gostei de ler livros de guerra, ainda que, durante minha infância e juventude, essa fosse a leitura
preferida de todo mundo. De todo mundo da minha idade. E isso não surpreende — éramos filhos da Vitória. Filhos
dos vencedores.
Em nossa família, meu avô, pai da minha mãe, morreu no front; minha avó, mãe do meu pai, morreu de tifo; de seus
três filhos, dois serviram no Exército e desapareceram nos primeiros meses da guerra, só um voltou. Meu pai.
Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da
guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram
em algum momento?
A vila de minha infância depois da guerra era feminina. Das mulheres. Não me lembro de vozes masculinas. Tanto
que isso ficou comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Choram. Cantam enquanto choram.
Na biblioteca da escola, metade dos livros era sobre a guerra. Tanto na biblioteca rural quanto na do distrito, onde
meu pai sempre ia pegar livros. Agora, tenho uma resposta, um porquê. Como ia ser por acaso? Estávamos o tempo
todo em guerra ou nos preparando para ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra
forma, talvez nem saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um tempo
aprendendo.

Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher.


Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adaptações).

1. O texto 1 é predominantemente:
A
A. narrativo.
B. descritivo.
C. dissertativo.
D. argumentativo.
E. expositivo.

Para responder à questão, considere o parágrafo transcrito abaixo.


Fui embora poucas vezes na vida. A mais dramática foi mesmo quando saí de casa. Não houve briga ou
desentendimento. Eu apenas senti que não cabia mais numa cidade pequena. Vim de Caicó para Natal, onde ainda
estou e não tenho vontade de sair. Geograficamente falando, minha maior partida. Pessoalmente, o com o encontro
meu lugar no mundo.
2. Dominantemente, o parágrafo é composto pela sequência:

A. descritiva.
B. narrativa.
C. injuntiva.
D. argumentativa.

Leia o texto a seguir:

“Essa areia solta e um tanto grossa tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do sol, quando nela
batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço,
ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.”
(Visconde de Taunay)

3. A respeito da tipologia deste fragmento, é correto afirmar que ele é predominantemente:

A. narrativo.
B. descritivo.
C. expositivo.
D D. injuntivo

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Considerando que os distintos gêneros orais e escritos valem-se de tipos textuais para se constituírem, faça a
relação da segunda coluna com a primeira.

Coluna 1 Coluna 2

Tipos textuais Gêneros textuais


1. Narração ( ) crônicas, romance, novela
2. Dissertação argumentativa ( ) receitas, regras de jogo, bula de remédio
3. Dissertação expositiva ( ) retrato verbal, cardápios de restaurante, classificados
4. Descrição ( ) editorial, ensaio, manifestos
5. Injunção ( ) verbete de dicionário, enciclopédias, resumos escolares

4. Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

A. 1•4•5•2•3
B. 1•5•4•2•3
C. 4•3•1•5•2
D. 4•5•3•2•1
E. 5•3•2•1•4

“(...) Pegue duas medidas de estupidez


Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
As dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça: antes de levar ao forno
Temperar com essência de espírito de porco,
Duas xícaras de indiferença
E um tablete e meio de preguiça (…)”.
(Os anjos – Legião Urbana)

5. A letra da música Os anjos, de autoria de Renato Russo, apresenta elementos que a identificam com o seguinte
tipo textual:

a) Narração.

b) Descrição.

c) Injunção.

d) Dissertação.

Gabarito:

1. A 2. B 3. B 4. B 5. C

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UNIDADE 4 Argumentação e Persuasão

Linguagem e persuasão são elementos da comunicação presentes em vários tipos de discurso, sobretudo na política
e na publicidade.

A persuasão é uma imbricada técnica da comunicação presente em diversos discursos disseminados em nossa
sociedade

Você pode até não perceber, mas quando nos comunicamos, seja oralmente, seja na modalidade escrita, nosso
discurso está permeado por uma função da linguagem específica, responsável por denotar nossas verdadeiras
intenções. Quem sabe exatamente aonde quer chegar com um determinado tipo de discurso também conhece o
funcionamento adequado dos elementos da comunicação.

São vários os discursos aos quais somos expostos diariamente, entre eles, o eficiente discurso empregado
pela publicidade. Quando sentamos em frente à televisão, já estamos, mesmo que inconscientemente, expostos aos
diversos anúncios e suas sofisticadas técnicas de persuasão. Disso vive a publicidade, e esta é sua principal função:
convencer o consumidor de que determinado produto é indispensável, ainda que sem ele possamos viver muito bem.
Somos, o tempo todo, convencidos e persuadidos não só pela publicidade, mas também pelos discursos políticos,
religiosos e outros tipos de textos que interferem diretamente em nossas vontades. Nem sempre tomamos decisões
sozinhos, muitas vezes fatores externos são importantes para uma palavra final sobre algum assunto.

É importante observar que a linguagem e a persuasão são elementos que podem estabelecer uma conexão
indissociável. Quando somos persuadidos por um tipo de discurso, não estamos sendo apenas convencidos sobre
alguma coisa, estamos transformando e substituindo valores extremamente subjetivos. A persuasão extrapola a ideia
de convencimento, pois é um ato associado a um discurso ideológico, subjetivo e temporal. São argumentos capazes
de modificar nossos pensamentos e ações, e não apenas um artifício criado para nos fazer comprar algo ou alguma
ideia.

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A persuasão está presente principalmente nos discursos políticos, religiosos e na publicidade

Não pense que a construção da linguagem persuasiva ocorre ao acaso. Existem alguns recursos que contribuem
para a eficácia na emissão da mensagem, tais como:

• Emprego de figuras de linguagem como comparações, analogias, hipérboles e eufemismos;


• Uso do modo imperativo nos verbos;
• Alusão ao mundo conhecido do público-alvo em uma tentativa de aproximar a linguagem ao destinatário da
mensagem;
• Emprego de trocadilhos e jogos de palavras.

As campanhas institucionais de vacinação são exemplos de emprego da linguagem persuasiva.

A persuasão está comumente associada aos chamados “argumentos de força” (tipo de argumento que não permite o
diálogo com o interlocutor), mas em algumas situações, usar as técnicas de persuasão pode ter uma finalidade
nobre: é o que acontece com a publicidade institucional, aquela que não tem por objetivo aumentar os lucros de uma
empresa, mas sim divulgar uma mensagem de cunho social, cultural ou cívico que estimule uma atitude mais
reflexiva e responsável na população.

Fique atento: linguagem e persuasão podem ser uma dupla dinâmica, interferindo diretamente em suas escolhas. Por
isso, é fundamental que saibamos o poder das palavras e dos diversos discursos que acessamos e ouvimos em
nosso cotidiano.

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UNIDADE 5 Comunicação assertiva: Linguagem simples, concisa, objetiva

Comunicação assertiva: 7 dicas certeiras para desenvolver essa habilidade

A comunicação assertiva é uma das principais competências de um profissional de sucesso. Esta capacidade
também demonstra o nível de sua inteligência social, ou seja, sua habilidade de se relacionar com os outros e de
conquistar a colaboração das pessoas.
Uma comunicação assertiva é aquela que consegue passar as informações com clareza, dinâmica e respeito,
obtendo o retorno esperado. Quando funciona bem, cria um canal aberto que permite o diálogo entre as partes e
maior intercolaboração.

O que é comunicação assertiva?


Segundo o dicionário, assertivo é aquele que “expressa segurança ao agir; que se comporta de maneira firme; que
demonstra decisão nas palavras”. Ou seja, é mais do que um simples orador. É um bom comunicador!
Mas como ter uma comunicação assertiva? Para as empresas, é essencial contar com profissionais que
desenvolvam uma boa capacidade de assertividade na comunicação. São pessoas que conseguem se expressar de
forma honesta, clara e concisa. Porém, sem ferir os direitos e individualidades dos outros.
No contexto empresarial, muitas vezes, as falhas de comunicação e a comunicação não assertiva são alguns dos
principais gargalos. Quando as informações não são compartilhadas de forma correta, surgem, principalmente,
dificuldades nas relações, na execução dos processos e no alinhamento das demandas.
Como consequência, as ações acabam sendo limitadas, bem como o alcance dos resultados. Você pode até pensar
que não está fazendo uma gestão de tempo eficiente, no entanto, o problema é na comunicação.
Aprender a se expressar de forma verbal e não verbal é fundamental para o sucesso das relações interpessoais nas
empresas. Na vida pessoal, saber como ser assertivo na comunicação também facilita o andamento das
relações e a manutenção de um canal de comunicação aberto com familiares, colegas e amigos.

Características do comunicador assertivo


A comunicação é uma excelente ferramenta para o desenvolvimento das relações humanas, seja no âmbito pessoal
ou profissional. Existem alguns fatores capazes de influenciar na sua eficiência e a assertividade é um deles.
Para criar um canal de transmissão de mensagem efetivo e se comunicar com assertividade é importante estar
atento a alguns pontos e características. Veja quais são os principais:
Exercer a inteligência emocional: deve passar as informações que deseja de forma clara, mas também, deve ouvir
atentamente e de forma calma quando o outro estiver falando. E ainda deixar de lado as emoções que podem ser
sabotadoras para o momento.
Ter atenção aos gestos: é importante ter atenção ao tipo de gestos que você irá fazer, pois eles devem combinar
com o que você está transmitindo e não ao contrário.

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Sentimento do discurso: lembre-se de que é essencial que a suas palavras faladas ou escritas exibam a emoção
que você realmente quer passar. Para isso, utilize a sua própria segurança, confiança e, principalmente, honestidade.
Executar o que discursar: não adianta nada apenas falar o que todos devem ser ou fazer e não seguir o próprio
conselho. Muito do que os outros aprenderem com você será por meio de exemplos. Comunicação assertiva e
postura profissional caminham juntas!
Motivação: na comunicação, o comportamento não assertivo raramente consegue fazer com que atinjamos o nosso
objetivo. A pessoa que não o executa prejudica os negócios, pois há possibilidade de ocorrer falhas que resultam na
queda da produtividade e retrabalho, além de causar transtornos no relacionamento entre os colegas de trabalho e os
clientes.
Respeito: é fundamental ter respeito por tudo, especialmente seu público. Cuidado com as piadas, observações ou
comentários preconceituosos, racistas, machistas e assim por diante. Se você não sabe se o seu discurso ou texto
está com toques de preconceito ou não, é só mudá-lo. Além de demonstrar respeito, você evita ruídos, conflitos,
desentendimentos e agressividade.
Caminhos alternativos: a pessoa que pratica a comunicação assertiva segue bem a recomendação que dei acima.
Ela consegue expressar a discordância e a insatisfação com relação direta ao comportamento ou situação e não à
pessoa. Quando não envolvemos um lado que não deveria estar envolvido demonstramos respeito e evitamos
constrangimento ou ansiedade. Ou seja: é possível conseguir o que quer ou precisa sem dominar, humilhar ou
insultar ao outro.
Solução de situações dificultosas: um profissional que usa da assertividade consegue chegar a uma conclusão em
relação à resolução rápida de problemas, relacionamento interpessoal entre todos na empresa, aumento da
motivação, cria um ambiente em que todos possam expressar suas ideias e reduz os conflitos da equipe. Como ter
uma comunicação assertiva

Dicas para ter uma comunicação mais assertiva


A comunicação assertiva também é uma das habilidades e competências necessárias para que um profissional se
torne um bom gerente de projetos. Veja algumas dicas de comunicação assertiva e conseguir isso!
1 - Aprenda a entender o outro
Ao observar o modo como as pessoas à sua volta se comunicam e preferem ser acessadas, você demonstra respeito
a elas e facilita a troca de informações. Perceba e sinta o modelo de cada pessoa.
2 - Aprenda a ouvir na essência
Segundo estudo realizado pelo professor de Psicologia Albert Mehrabian, 55% da comunicação humana é feita de
forma não verbal, ou seja, realizada por meio de gestos, olhares e postura corporal. Por isso, é importante estar
atento a estes sinais para adequar-se e manter a comunicação assertiva nas empresas.
3 - Atenção à sua fala
Será que o modo como você se expressa é adequado? Muitas vezes nos esquecemos de observar a forma como
falamos, e não avaliamos se estamos sendo assertivos ou ofensivos quando nos referimos aos outros. Portanto,
preste atenção se o seu tom de voz, palavras, expressões físicas e faciais estão passando uma mensagem contrária
a que deseja.
Sem o cuidado necessário, é possível que críticas e frases com duplo sentido sejam interpretadas de maneira errada.
Atenção com o tom, pontuação e palavras escolhidas.
Seja claro e objetivo. Evite trocar a ordem das palavras para parecerem mais rebuscadas. Foque no conteúdo que
deseja transmitir e faça-o de forma concisa, sem ser grosseiro.
4 - Acerte o momento
Escolha o momento e o tempo certo para se manifestar. Isso porque, embora o que você tenha a dizer seja
importante, é essencial sentir e perceber a hora certa de falar. Muitas vezes, por falta de sensibilidade, acabamos
nos comprometendo e comprometendo outras pessoas ao falar coisas no momento errado.
5 - Tenha embasamento
Características como conhecimento técnico, boas leituras e domínio da língua falada e escrita conferem
embasamento e maior capacidade de argumentação e diálogo, fortalecendo sua comunicação assertiva.
Caso aconteça de ser pego desprevenido: seja humilde. Se não souber responder, é preferível falar que não possui
esse conhecimento e irá estudar sobre o assunto. Se o ouvinte souber mais sobre o tema, pode inclusive pedir
sugestões criação um momento de aprendizado em conjunto.
6 - Seja um bom intermediador

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Caso seus colegas de trabalho e amigos tenham dificuldades de expressar seus conhecimentos e opiniões, você
pode ajudá-los a tornarem públicas suas mensagens. Com seu exemplo, eles podem se encorajar a praticar
melhores formas de comunicação. Seja solicito, inspire e ensine o que você sabe.
7 - Busque evolução contínua
Trabalhar para manter sua capacidade de comunicação é essencial para obter bons resultados e garantir o
andamento de suas relações interpessoais. Invista em aprimoramento e continue a comunicar-se bem.
Seguindo essas dicas, você, com certeza, aprenderá a se comunicar assertivamente em qualquer ambiente e com
todos os tipos de pessoas.
A comunicação assertiva é essencial a todo profissional e a todos aqueles que desejam conquistar uma carreira
de sucesso!

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UNIDADE 6 Organização Textual

Principais formas de organização dos textos de História

A organização de textos está relacionada ao uso que é feito da linguagem para atingir objetivos comunicativos:
descrever, definir, relatar, explicar, comparar, argumentar, justificar, etc.

Nos textos de História para crianças, os principais objetivos são os de relatar e explicar acontecimentos do passado
de forma sucinta e resumida.

No entanto, para atender determinados propósitos, a articulação entre duas ou mais formas de organização textual
se faz necessária, por exemplo: para definir, comparamos; para narrar, descrevemos; para explicar, narramos; etc.
De qualquer forma, há sempre uma organização textual predominante que nos permite identificar se um texto é
narrativo, explicativo, descritivo, argumentativo, etc.

A seguir, analisamos três textos que exemplificam como a linguagem pode ser organizada de maneiras diversas para
relatar eventos do passado. Para isso, nós os comparamos contrastando a linguagem utilizada para expressar o
tempo, os participantes, os acontecimentos e a causalidade.

Resumo das principais características do texto “Portugueses e indígenas: os primeiros contatos”:

O texto “Portugueses e indígenas: os primeiros contatos” é um exemplo de relato descritivo, pois as sequências
predominantes são usadas para descrever e definir os participantes. Os acontecimentos relatados não se relacionam
temporal e nem de forma causal.

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Resumo das principais características do texto “Do Estado Novo ao governo de Juscelino Kubitschek”:

O texto “Do Estado Novo ao governo de Juscelino Kubitschek” é um relato histórico, onde predomina uma sequência
cronológica de eventos. Nesse tipo de texto a sequência temporal é o principal organizador.

Resumo das principais características do texto “O trabalho nas minas”:

O texto “O trabalho nas minas” é um exemplo de explicação histórica, as sequências que predominam são as
causais, ou seja, os vínculos causais são os principais elementos que relacionam os acontecimentos relatados.

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Para entender o modo em que cada um desses textos organiza a linguagem para descrever, relatar e explicar
acontecimentos do passado, vamos compará-los a partir das dimensões analisadas:

Tempo
No que diz respeito ao tempo, há importantes diferenças entre os textos. Ainda que o primeiro possa ser identificado
temporalmente pela referência a um período específico (os primeiros contatos entre portugueses e indígenas), não
há nele outras referências explícitas e nem são estabelecidas relações temporais entre os acontecimentos
apresentados. As relações causais também não fazem parte das informações apresentadas. O que predomina no
primeiro texto é a descrição dos participantes: os povos indígenas tupis.

No terceiro, há referências que localizam temporalmente os acontecimentos, embora não sejam abundantes e nem
determinem as relações entre os acontecimentos.

Em compensação, no segundo texto o tempo é o grande organizador da sequência de informações. Nele, é possível
observar a presença de datas que marcam a cronologia dos eventos.

Causalidade
A causalidade é o organizador principal das informações expostas no terceiro texto. Observamos diversos conectores
e expressões para estabelecer relações de causa e finalidade.

O mesmo não acontece no primeiro e nem no segundo texto. Em menor proporção, identificamos expressões de
finalidade que justificam características dos participantes ou acontecimentos (primeiro texto) e referência às
consequências dos acontecimentos relatados (terceiro texto).

Participantes
Os três textos também se diferenciam no que diz respeito ao tipo de participantes: somente no segundo texto
identificamos participantes que são indivíduos, nos demais (primeiro e terceiro) predominam os coletivos humanos
como agentes das ações.

O segundo e o terceiro texto também se diferenciam do primeiro pela variedade de tipos de participantes que incluem
referência a objetos concretos (“o petróleo”, “a constituição”), a abstrações (“o Estado Novo”, “o governo de Vargas”)
e a diversidade de nominalizações (“a criação”, “a inflação”, “a mineração”).

Acontecimentos
Enquanto o primeiro texto usa predominantemente verbos de descrição e definição para oferecer informação
contextual, no segundo e no terceiro há maior variedade verbal, com predomínio de uso dos verbos de ação, próprios
dos relatos de eventos.

Enfim, cada um dos textos representa um modo em que se pode organizar a linguagem para descrever, relatar e
explicar acontecimentos passados.

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UNIDADE 7 ACENTUAÇÃO GRÁFICA

1. Conceitos Preliminares

Os sinais de acentuação são três: acentos agudo, circnflexo e grave, Este u’ltimo indica o fenOmeno da crase e não
importa nesta unidade, visto que crase é tema de sintaxe, que você pode estudar no Módulo de Sintaxe. Os outros dois
acentos recaem sempre em SÍLABAS TÔNICAS – aquelas pronunciadas com mais intensidade nas palavras.
Independentemente de terem ou não acento gráfico, com exceção das monossílabas tônicas, todas as palavras
possuem sílaba tônica.
Nem sempre a sílaba tônica será acentuada graficamente. Neste caso, a palavra possui acento t^nico, presente na
sílaba tônica, mas não possui acento gráfico.
Para possuir acento gráfico, a palavra deverá enquadrar-se em algum caso previamente convencionado, de acordo
com a posição da sílaba tônica. A propósito, quanto à posição da sílaba tônica, as palavras classificam-se como:
OXÍTONA – última sílaba é a tônica
PAROXÍTONA – penúltima
PROPAROXÍTONA – antepenúltima
Em se tratando de palavra com uma só sílaba, chamar-se-á MONOSSÍLABA, e será enquadrada em ÁTONA ou
TÔNICA, dependendo da classe graamatical (veja o quadro abaixo, no próximo item).

2. Regras Gerais

Como já disse no item anterior, existem convenções que determinam em que caso as palavras serão acentuadas.
Antes de mais nada, convém entender que, hoje, na língua portuguesa temos mais de 400 mil palavras. A maioria
delas terminam em: A(S), E(S), O(S), EM(NS). E, por sua vez, a maioria destas são PAROXÍTONAS.
Partindo, então, do princípio da economia, que determina menor gasto para obtenção de algo, convencionou-se que a
maioria das nossas palavras não seriam acentuadas graficamente.
Por isso, as regras gerais são as seguintes:
São acentuadas as:
• Monossílabas tônicas (uma só sílaba) terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”.
Exs: lá, fé, Jô, rim, dor, trem.
Guarde:

Monossílabas Monossílabas
Átonas
Tônicas

*Substantivo *Preposição
*Adjetivo *Conjunção
*Advérbio *Artigo
*Verbo *Maioria dos
*Pron.Caso Reto Pronomes
*Numeral
*Interjeição

• Oxítonas (sílaba tônica é a última) terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”, “em(ns)”.

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Exs: Pará, cafés, socó, também, guarani, tatu, trator.

• Paroxítonas (sílaba tônica é a penúltima) terminadas em ditongo crescente ou decrescente, “r”, “l”, “en”, “x”, “ps”,
“ã(s)”, “ão(s)”, “i(s)”, “us”, “um(ns), on(s)”.
Exs: ginásio, revólver, útil, hífen, tórax, bíceps, ímã, órfãs, órgão, táxi, lápis, vírus, álbum,
tapete, sapato, lama, nuvem.
• Proparoxítonas (sílaba tônica é a antepenúltima) = todas são acentuadas.
Exs: pêssego, sílaba, óculos, ínterim)

Obs.: Há muito menos oxítonas terminadas em A(S), E(S), O(S), EM(NS) do que paroxítonas. Veja, então, que as
regras para as oxítonas são o inverso das regras das paroxítonas.

MACETES DO JÔ SOARES

Há muitos anos, quando o Jô Soares, humorista e apresentador da Rede Globo, lançou seu endereço de e-mail, isso
no início dos anos 2000, sua equipe criou umas vinhetas com uma musiquinha que ao final repetia: É SEM ACENTO,
em referência a ausência do acento gráfico no endereço jo@globo.com.

Eu me aproveitei da frase e adaptei como um macete para entender as regras gerais, sobretudo em relação às oxítonas
e paroxítonas.

Veja-o a seguir:

Mon. Tôn. “É com AcentO(s)”

Oxít. “É com AcEMtO(s)

Parox. “É sEM AcentO(s)”

Proparox. Todas SÃO ACENTUADAS

Os destaques referem-se às terminações de cada grupo. No caso das monossílabas e oxítonas, são acentuadas
quando se enquadrarem nas terminações destacadas. Já para as paroxítonas será o inverso: se se enquadrarem nas
terminações destacadas não serão acentuadas. Por isso, não precisamos de macete para tentar guardar as
terminações das paroxítonas acentuadas. Tão somente, precisamos saber quando elas não são acentuadas, e
concluir o contrário: se não se enquadram nos casos em que não são, então é porque são acentuadas. Compare
mais uma vez que as regras das oxítonas são inversas às das paroxítonas, reforçando o que já falei: O QUE VALE
PARA UMA NÃO VALE PARA A OUTRA.

Só há um furo no nosso macete, em relação às paroxítonas. Também não se acentuam as paroxítonas


terminadas em AM. Para não alterar o macete inicial, resolvo não inserir este caso na tabela, mas você já
fica sabendo isso de antemão. Fora esse caso, qualquer paroxítona com terminação não enquadrada na
tabela acima será acentuada.

No caso das proparoxítonas, não há macete. Todas são acentuadas. É lógico que o mais perigoso é saber quando
são proparoxítonas. Não raro acontece de se achar que uma palavra é proparoxítona e não ser. Em outros casos dá-
se o inverso: pensa-se que uma palavra não é proparoxítona, e no fim ela é. Obviamente, convém sempre estudar,
ler, perceber a pronúncia adequada para poder acertar.

Um último detalhe: estamos tratando de REGRAS GERAIS, que são aquelas que mais incidem nas palavras da
língua. Em seguida veremos as REGRAS ESPECIAIS. Chamam-se assim por serem exceções em relação às
primeiras, ou seja, não se enquadram nas regras gerais, mas determinam que certas palavras recebam acento
gráfico.

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3. Regras Especiais

1) Ditongos abertos: “éu”, “éi”, “ói” (


Exemplos: chapéu, anéis, herói
2) Trema: = QU e GU seguidos de E e I, com o U pronunciado e átono.
Exemplos.: Seqüência, tranqüilo, agüentar, argüir.
Mas: U tônico = Talvez ele obliqúe e não averigúe as denúncias.
3) Acentos diferenciais: Diferenciam vocábulos iguais.
Exemplos: O carro pára na faixa para a velhinha passar;
Eu pélo o pêlo do cão pelo prazer de pelar; Vou pôr o carro por aqui.
Então, guarde:
pára verbo
para preposição
péla, pélas jogo com bola de borracha; ato de pelar
pela, pelas prep. per + artigo a
pelo prep. per + artigo a
pélo verbo pelar
pêlo substantivo (cabelo)
pólo extremidades; jogo
pôlo substantivo (filhote de gavião)
polo combinação arcaica por + o
pode verbo poder (3ª pes. do sing do pres. do indicativo)
pôde verbo poder (3ª pes. do sing. do pretérito perfeito)
por preposição
pôr verbo por
pêra substantivo (fruta)
pera preposição arcaica (antiga) o mesmo que para
4) Verbos TER e VIR: no presente do indicativo
Ele tem / vem
Eles têm / vêm
Derivados de ter e vir:
Ele mantém / advém
Eles mantêm / advêm
5) Hiatos:
a) E e O dobrados: vôo, enjôo, lêem, vêem(eles)
macete: CrêDêLêVê
b) “i(s)”, “u(s)” = sozinhos na sílaba ou formando sílaba seguidos de “s”.
Exs: reúne, juíza, egoísta, balaústre.
Mas: Raul, juiz, ruim.
Exceções: I seguido de NH ou I e u repetidos = rainha, moinho, xiita, sucuub

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Anexo de Acentuação Gráfica
Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa

A reforma ortográfica, que passou a vigorar em 1º de janeiro de 2009, contempla poucas alterações no vocabulário
do português. Como o nome mesmo informa, a reforma é apenas na grafia, ou seja, a pronúncia das palavras
continua inalterada. Outro ponto importante é que as regras que sofreram modificações valeriam até 31 de dezembro
de 2015. São estas as alterações:

Trema

Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos
gue, gui, que, qui.

Como era Como fica


agüentar aguentar
argüir arguir
bilíngüe bilíngue
cinqüenta cinquenta
delinqüente delinquente
eloqüente eloquente
ensangüentado ensanguentado
eqüestre equestre
freqüente frequente
lingüeta lingueta
lingüiça linguiça
qüinqüênio quinquênio
sagüi sagui
seqüência sequência
Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas: Muller, Citroën

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico
na penúltima sílaba).

Como era Como fica


alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
andróide androide
apóia (verbo apoiar) apoia
apóio (verbo apoiar) apoio
asteróide asteroide
bóia boia
celulóide celuloide
clarabóia claraboia
colméia colmeia
Coréia Coreia
debilóide debiloide
epopéia epopeia
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam

a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.

Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.

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Como era Como fica
Baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
cauíla cauila
feiúra feiura
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como era Como fica


abençôo abençoo
crêem (verbo crer) creem
dêem (verbo dar) deem
dôo (verbo doar) doo
enjôo enjoo
lêem (verbo ler) leem
magôo (verbo magoar) magoo
perdôo (verbo perdoar) perdoo
povôo (verbo povoar) povoo
vêem (verbo ver) veem
vôos voos
zôo zoo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/

pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como era Como fica


Ele pára o carro. Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra. Comi uma pera.
Atenção:
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular.
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair
mais cedo, mas hoje ele pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.
Pôr é verbo. Por é preposição.
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados
(manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).

Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do
acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo:
Qual é a forma da fôrma do bolo?

31
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do
indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente
do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.

Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Exemplos:
• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

UNIDADE 8 ORTOGRAFIA OFICIAL

Palavra constituída das partes:


orto (correta) + grafia (escrita).

A ortografia é a parte da gramática que trata da escrita correta das palavras.


A denominação “correta” pressupõe que há regras que estabelecem como as palavras devem ser grafadas. Tais regras
são basicamente estabelecidas pelos falantes da língua, por meio de órgãos competentes para o estabelecimento
delas. No Brasil, a Academia Brasileira de Letras (ABL) edita de tempos em tempos nova edição do VOLP (Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa), com alterações, acréscimos e detalhes técnicos dos vocábulos da língua
portuguesa na versão brasileira. O VOLP acaba de ser reeditado, boa hora para conhecê-lo.

Algo importante em ortografia é ser leitor atento. Quem lê, muitas vezes não sabe justificar, mas conhece a grafia
correta de muitas palavras ditas perigosas do ponto de vista gráfico. Mas também é necessário estudar regras
especiais, como as que vamos ver a seguir:

1 – Regras Essenciais

ç
1) Escreveremos com -ção as palavras derivadas de vocábulos terminados em -to, -tor, -tivo e os substantivos
formados pela posposição do -ção ao tema de um verbo (tema é o que sobra, quando se retira a desinência de infinitivo
- r - do verbo).
Exemplos: erudito = erudição; exceto = exceção; intuitivo = intuição; redator = redação; ereto = ereção; educar - r +
ção = educação; exportar - r + ção = exportação; repartir - r + ção = repartição

2) Escreveremos com -tenção os substantivos correspondentes aos verbos derivados do verbo ter.
Exemplos: manter = manutenção; reter = retenção deter = detenção

3) Escreveremos com -çar os verbos derivados de substantivos terminados em -ce.


Exemplos: alcance = alcançar ; lance = lançar

s
1) Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -nder e -ndir
Exemplos: pretender = pretensão; defender = defesa, defensivo; despender = despesa; fundir = fusão; expandir =
expansão

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2) Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -erter, -ertir e -ergir.
Exemplos: perverter = perversão; converter = conversão; reverter = reversão; divertir = diversão; aspergir = aspersão;
imergir = imersão

3) Escreveremos -puls- nas palavras derivadas de verbos terminados em -pelir e -curs-, nas palavras derivadas de
verbos terminados em -correr.
Exemplos: expelir = expulsão impelir = impulso compelir = compulsório concorrer = concurso discorrer = discurso
percorrer = percurso

4) Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -oso e -osa, com exceção de gozo.
Exemplos: gostosa; glamorosa; saboroso; horroroso

5) Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose, com exceção de gaze e deslize.
Exemplos: fase; crase; tese; osmose

6) Escreveremos com -s- as palavras femininas terminadas em –isa e –esa.


Exemplos: poetisa; profetisa; consulesa; burguesa

7) Escreveremos com -s- toda a conjugação dos verbos pôr, querer e usar.
Exemplos: Eu pus; Ele quis; Nós usamos; Eles quiseram; Quando nós quisermos; Se eles usassem
Ç ou S?
Após ditongo, escreveremos com -ç-, quando houver som de s, e escreveremos com -s-, quando houver som de z.
Exemplos: eleição; traição; Neusa; coisa.
S ou Z?
1-a) Escreveremos com -s- as palavras terminadas em -ês e que indicarem nacionalidades, títulos de nobreza ou
origem.
Exemplos: português; marquês; burguês

1-b) Escreveremos com -z- as palavras terminadas em ez e -eza, substantivos abstratos que provêm de adjetivos,
ou seja, palavras que indicam a existência de uma qualidade.
Exemplos: embriaguez; limpeza; lucidez; nobreza; acidez; pobreza

2-a) Escreveremos com -s- os verbos terminados em -isar, quando a palavra primitiva já possuir o -s-.
Exemplos: análise = analisar; pesquisa = pesquisar; paralisia = paralisar; piso=pisar

2-b) Escreveremos com -z- os verbos terminados em -izar, quando a palavra primitiva não possuir -s-.
Exemplos: economia = economizar; terror = aterrorizar; frágil = fragilizar
Cuidado: catequese = catequizar; síntese = sintetizar; hipnose = hipnotizar; batismo = batizar

3-a) Escreveremos com -s- os diminutivos terminados em -sinho e -sito, quando a palavra primitiva já possuir o -s- no
final do radical.
Exemplos: casinha;asinha;portuguesinho;camponesinha

3-b) Escreveremos com -z- os diminutivos terminados em -zinho e -zito, quando a palavra primitiva não possuir -s- no
final do radical.
Exemplos: mulherzinha; arvorezinha; alemãozinho; aviãozinho; pincelzinho; corzinha

SS
1) Escreveremos com -cess- as palavras derivadas de verbos terminados em -ceder.
Exemplos: anteceder = antecessor; exceder = excesso; conceder = concessão

2) Escreveremos com -press- as palavras derivadas de verbos terminados em -primir.


Exemplos: imprimir = impressão; comprimir = compressa; deprimir = depressivo

33
3) Escreveremos com -gress- as palavras derivadas de verbos terminados em -gredir.
Exemplos: agredir = agressão; progredir = progresso; transgredir = transgressor

4) Escreveremos com -miss- ou -mess- as palavras derivadas de verbos terminados em -meter.


Exemplos: comprometer = compromisso; intrometer = intromissão; prometer = promessa; remeter = remessa

Ç, S ou SS
Em relação ao verbos terminados em -tir, teremos:

1) Escreveremos com -ção, se apenas retirarmos a desinência de infinitivo -r, dos verbos terminados em -tir.
Exemplo: curtir - r + ção = curtição

2) Escreveremos com -são, quando, ao retirarmos toda a terminação -tir, a última letra for consoante.
Exemplo: divertir - tir + são = diversão

3) Escreveremos com -ssão, quando, ao retirarmos toda a terminação -tir, a última letra for vogal.
Exemplo: discutir - tir + ssão = discussão
J
1) Escreveremos com -j- as palavras derivadas dos verbos terminados em -jar e -jear.
Exemplos: trajar = que eu traje, eu trajei; encorajar = que eles encorajem; viajar = que eles viajem; pajear; granjear.
Cuidado: Gear (geada,gelo)

2) Escreveremos com -j- as palavras derivadas de vocábulos terminados em -ja.


Exemplos: loja = lojista; gorja = gorjeta; canja = canjica

3) Escreveremos com -j- as palavras de origem tupi, africana ou popular.


Exemplos: jeca; jibóia; jiló; pajé

4) Escreveremos com -j- as palavras terminadas em -aje.


Exemplos: traje, laje, ultraje.

G
1) Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio.
Exemplos: pedágio colégio sacrilégio prestígio relógio refúgio

2) Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -gem, com exceção de pajem, lambujem e lajem.
Exemplos: a viagem; a coragem; a personagem; a ferrugem; a penugem

3) Escreveremos com -g- os verbos terminados em -ger e –gir.


Exemplos: mugir, fugir, reger, tanger.

X
1) Escreveremos com -x- as palavras iniciadas por me-, com exceção de mecha e derivados, e mechoacão (nome de
planta) e derivados.
Exemplos: mexilhão, mexer, mexerica, México, mexerico, mexido

2) Escreveremos com -x- as palavras iniciadas por en-, com exceção das derivadas de vocábulos iniciados por ch- e
da palavra enchova.
Exemplos: enxada; enxerto; enxerido; enxurrada.
mas:
cheio = encher, enchente
charco = encharcar
chiqueiro = enchiqueirar

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chumaço=enchumaçar

3) Escreveremos -x- após ditongo, com exceção de recauchutar e guache.


Exemplos: ameixa; deixar; queixa; feixe; peixe; gueixa

4) Escreveremos com -x- as palavras de origem indígenas e africanas.


Exemplos: maxixe, axé, Oxum, Araxá.

I
Os verbos terminados em -uir, -oer e -air terão as 2ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo escritas com
-i-.
Exemplos: tu possuis; ele possui; tu constróis; ele constrói; tu móis; ele mói; tu róis; ele rói.

E
Os verbos terminados em -uar e -oar terão todas as pessoas do Presente do Subjuntivo escritas com -e-.
Exemplos: Que eu efetue; Que tu efetues; Que ele atenue; Que nós atenuemos; Que vós entoeis; Que eles entoem.

UNIDADE 9 Sintaxe do Período Simples

É a parte da gramática que estuda as palavras enquanto elementos de uma frase, as suas relações de concordância,
de subordinação e de ordem. O estudo da sintaxe recebe o nome de ANÁLISE SINTÁTICA.

1 – CONCEITOS PRELIMINARES

1. FRASE, ORAÇÃO
1.1 Frase
É todo enunciado que tem sentido completo. A frase pode ou não ter verbo. Quando não tem, denomina-se Frase
Nominal.
“Eta vida besta, Meu Deus.” (Carlos Drummond de Andrade)
Fogo!

Embora as frases nominais não tenham verbo, conseguem comunicar ideias completas, pois pressupõem a presença
de verbos ocultos subentendidos. Equivalem a:
Meu Deus, como essa vida é besta.
Está pegando fogo!
1.2 Oração
É toda frase que tenha verbo:
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis. (Machado de Assis)

TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO

São:
a) Sujeito
b) Predicado

Primeiro nos prenderemos apenas ao sujeito.

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Sujeito

"É o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa de que afirmamos ou negamos uma ação ou qualidade".
Evanildo Bechara
Exemplos:
O pássaro voa.
Os pássaros voam.
O menino brinca.
Os meninos brincam.
Didaticamente fazemos uma pergunta antes do verbo:
Quem é quê? Ou O Que é quê? e teremos a resposta; esta resposta será o sujeito.

O sujeito pode ser:


a) simples b) composto c) indeterminado d) desinencial (oculto) e) oração sem sujeito

TIPOS DE SUJEITO
a) Sujeito Simples:

É o termo que tem um só núcleo representativo.

Exemplos:
Eu falo. Eu representa uma pessoa que pratica a ação de falar, logo o sujeito é simples porque tem um só núcleo.
A árvore é grande.
"Aquilo é terra benta". (José Cândido de Carvalho)

Nota:
Alguém bateu à porta.
Sujeito simples: alguém.

O sujeito pode ser representado por uma oração. Trata-se da oração subordinada substantiva subjetiva. Exerce a
função de sujeito da oração principal.

Exemplo:
É bom/ que estudem

b) Sujeito Composto:

É o termo que tem mais de um núcleo representativo.

Exemplos:
Pedro e Paulo são irmãos.
Maria e Josefa trabalham juntas.

Obs.: O sujeito pode vir posposto ao verbo

Exemplos:
Saiu Pedro e Paulo.
Saíram Pedro e Paulo.

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c) Sujeito indeterminado:

Sujeito indeterminado é o que não se nomeia. Podemos dizer que o sujeito é indeterminado quando o verbo não se
refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação ou por não haver interesse no seu
conhecimento.
Veja: Aparecerá ação, mas não interessa saber quem a pratica ou praticou.

I. O verbo estará na 3ª pessoa do plural sem núcleo expresso.

Exemplos:
Dizem que eles não vão bem.
Estão chamando o rapaz...
Falam de tudo e de todos.
Mas: Os profetas subiram no monte e voltaram com as previsões.
Sujeito: Os profetas, nas duas orações. Na 1ª é simples, na 2ª é oculto.

II. Em períodos compostos em que uma oração funcione como sujeito de outra e tenha o verbo no infinitivo não
flexionado.
É impossível saber todas as coisas.
O que é impossível? saber todas as coisa.
Quem saber todas as coisas? (alguém)

Obs.: Há ainda outro caso de sujeito indeterminado, que será abordado em concordância verbal.

d) Sujeito Desinencial (Oculto)

O sujeito oculto é, tecnicamente, chamado de desinencial, pois é expresso na desinência pessoal do verbo.

Exemplos:
Cheguei cedo à festa. (EU)
Precisamos conversar agora. (Nós)

A quinta situação envolvendo sujeito não será um tipo, mas uma ocorrência em certas orações, com certos tipo de
verbos chamados IMPESSOAIS – que não possuem sujeito. Falaremos desse caso na próxima aula: A ORAÇÃO
SEM SUJEITO.

SUJEITO INEXISTENTE – ORAÇÃO SEM SUJEITO

Como falei na aula passada, existem situações sintáticas em que não haverá sujeito. Isso acontece com certos
verbos em contextos bem específicos. Conheça-os e tenha muito cuidado, eles caem muito em prova, serão muito
importantes não só por si mesmos, em questões diretamente relacionadas a TIPOS DE SUJEITO, mas também
serão muito cobrados associados à CONCORDÂNCIA VERBAL, como veremos nesta FASE 2.

Temos os TIPOS DE SUJEITO:


A) SIMPLES
B) COMPOSTO
C) DESINENCIAL (OCULTO/ ELÍPTICO)
D) INDETERMINADO

Então vejamos:

E) ORAÇÃO SEM SUJEITO (Sujeito Inexistente)

Há verbos que não têm sujeito.


O sujeito é nulo, zero.

Quando é que a oração é sem sujeito?

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1 – Com os verbos que indicam fenômenos da natureza.
(anoitecer, trovejar, nevar, escurecer, chover, relampejar).

Exemplos:
Trovejou muito.
Neva no sul do país.
Anoitece tarde no verão.
Chove muito no Amazonas.

OBSERVAÇÃO:
Estes verbos no sentido figurado têm sujeito.
Choveram pedras sobre ele.

2 – Com verbo HAVER (significando existir, acontecer ou ocorrer).


Exemplos:
Ainda há amigos.
Haverá aulas amanhã.
Há bons livros na livraria.
Houve greves na Argentina.

OBSERVAÇÃO: O verbo TER, COM O SENTIDO DE existir/ haver, também é IMPESSOAL, mas não deve ser
empregado em textos oficiais, como redações de concursos, textos técnicos, acadêmicos, científicos ou jurídicos,
pois tal emprego desse verbo é considerado COLOQUIAL, INFORMAL, ou seja, não é FORMAL. Deve ficar restrito
ao campo da linguagem familiar, coloquial.

Por exemplo:
Tem certas coisas que eu não sei dizer (observe que também fica no singular, por ser impessoal)

Se for um texto formal: Há certas coisas.../ Existem certas coisas...

3 – Com o verbo FAZER e HAVER, indicando tempo decorrido ou tempo atmosférico.


Exemplos:
Faz dez anos que não o vejo.
Faz calor terrível no verão.
Há dois dias que não durmo

4 – Com o verbo SER, ESTAR e IR indicando tempo cronológico ou tempo atmosférico.

Exemplos:
É tarde.
Era uma vez.
Foi em janeiro.
Está na hora do recreio.
Está quente esta noite.

5 – Com o verbo SER indicando distância.

Exemplo:
Daqui ao clube são dois quilômetros.

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MAPA SINTÉTICO

UNIDADE 9.1 TERMOS RELACIONADOS AO VERBO

1 – Objeto Direto

1) Objeto Direto
Do ponto de vista da sintaxe, objeto direto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo direto, por isso,
é complemento verbal, na grande maioria dos casos, não preposicionado. Do ponto de vista da semântica, o objeto
direto é:
- o resultado da ação verbal, ou
- o ser ao qual se dirige a ação verbal, ou
- o conteúdo da ação verbal.
O objeto direto pode ser formado por um substantivo, pronome substantivo, ou mesmo qualquer palavra
substantivada. Além disso, o objeto direto pode ser constituído por uma oração inteira que complemente o verbo
transitivo direto da oração dita principal. Nesse caso, a oração recebe o nome de oração subordinada substantiva
objetiva direta.
Exemplos:
1. O amor de Mariana transformava a minha vida.
...[transformava: verbo transitivo direto]
...[a minha vida: objeto direto]
...[núcleo: vida = substantivo]
2. Conserve isto na tua memória: vou partir em breve.
...[conserve: verbo transitivo direto]
...[isso: objeto direto = pronome substantivo]
3. Não prometa mais do que possa cumprir depois.
...[prometa: verbo transitivo direto]
...[mais do que possa cumprir depois: oração subordinada substantiva objetiva direta]

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Os objetos diretos são constituídos por nomes como núcleos do segmento. A noção de núcleo torna-se importante
porque, num processo de substituição de um nome por um pronome deve-se procurar por um pronome de igual função
gramatical do núcleo. No exemplo (1) acima verificamos um conjunto de palavras formando o objeto direto (a minha
vida), dentre as quais apenas uma é núcleo (vida = substantivo). Podemos transformar esse núcleo substantivo em
objeto direto formado por pronome oblíquo, que é um tipo de pronome substantivo. Além disso, nesse processo de
substituição, devemos ter claro que o pronome ocupará o lugar de todo o objeto direto e não só do núcleo do objeto.
Vejamos um exemplo dessa representação:
O amor de Mariana transformava a minha vida.
O amor de Mariana a transformava.
Os pronomes oblíquos átonos (me, te, o, a, se, etc.) funcionam sintaticamente como objetos diretos. Isso implica dizer
que somente podem figurar nessa função de objeto e não na função de sujeito, por exemplo. Porém algumas vezes os
pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, etc.) ou pronome oblíquo tônico (mim, ti, ele, etc.) são chamados a constituir o
núcleo dos objetos diretos. Nesse caso, o uso da preposição se torna obrigatório e, por consequência, tem-se um
objeto direto especial: objeto direto preposicionado.

Exemplos:

1. Ame ele, que é teu irmão. [Inadequado]

Ame-o, que é teu irmão. [Adequado]

2. Você chamou eu ao teu encontro? [Inadequado]

Você me chamou ao teu encontro? [Adequado]

...[me: pronome oblíquo átono = sem preposição]

Você chamou a mim ao teu encontro? [Adequado]

...[a mim: pronome oblíquo tônico = com preposição]

Mais detalhes sobre OBJETO DIRETO:

Objeto direto pode ser representado por uma oração subordinada substantiva objetiva direta:

Quero que você seja meu marido.

Os funcionários não sabiam que era dia de despedimentos.

Objeto direto preposicionado

O objeto direto pode vir precedido da preposição a:

# Para evitar ambiguidade, conferindo maior clareza ao enunciado:

Agradeceram ao diretor os funcionários.

# Quando o objeto direto é representado por pronomes oblíquos tônicos (mim, ti, si, ele, elas, nós, vós):

A convidada cumprimentou a mim, não a ela.

# Quando o objeto direto é representado pelo pronome quem, com antecedente expresso:

Aquele é o aluno a quem fiz referência.

#Quando o objeto direto indica partitividade (parte de um todo):

Meus amigos beberam do meu vinho.

# Quando o objeto direto é representado por substantivo próprio ou substantivo comum designativo de pessoa:

Admiro muito a você por sua personalidade forte.

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# Quando o objeto direto é representado por um pronome indefinido designativo de pessoa:

Ela não conseguiu convencer a ninguém com seus argumentos falhos.

# Quando se deseja enfatizar o objeto direto ou atribuir mais elegância ao enunciado:

Cumprimos com o que nos foi designado.

Objeto direto pleonástico

Objeto direto pleonástico ocorre quando há uma repetição e intensificação do objeto direto, para que seja mais
expressivo, ou seja, quando o objeto direto se encontra no início da oração, sendo repetido depois do verbo através
de um pronome oblíquo átono.

Aquela música, ouvi-a muito na minha juventude.

Os presentes, a Marília recebeu-os.

Nota: Por vezes, verbos intransitivos podem aparecer com objetos diretos, atuando como verbos transitivos diretos:

Durante todo o tempo chorei lágrimas de felicidade.

Ontem choveu uma chuva grossa e constante.

2 – Objeto Indireto

Do ponto de vista da sintaxe, objeto indireto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo indireto e vem
sempre acompanhado de preposição. Do ponto de vista da semântica, o objeto indireto é o ser ao qual se destina a
ação verbal.

O objeto indireto pode ser formado por substantivo, ou pronome substantivo, ou numeral, ou ainda, uma oração
substantiva objetiva indireta. Em qualquer um desses casos, o traço mais importante e característico do objeto indireto
é a presença da preposição.

Exemplo:

1. A cigana pedia dinheiro a moça. [Inadequado]

A cigana pedia dinheiro à moça.[Adequado]

...[pedia = verbo transitivo direto e indireto]

...[dinheiro = objeto direto]

...[à moça = destinatário da ação verbal = objeto indireto]

O objeto indireto pode ser representado por um pronome. Como o núcleo do objeto é sempre um nome, é possível
substituí-lo por um pronome. Nesse caso, um pronome oblíquo, já que se trata de uma posição de complemento verbal
e não de sujeito da oração. O único pronome que representa o objeto indireto é o pronome oblíquo átono lhe(s) –
pronome de terceira pessoa. Os pronomes indicativos das demais pessoas verbais são sempre acompanhados de
preposição.

Exemplos:

1. Ela contava a seu pai como fora o seu dia na escola.

2. Ela lhe contava como fora o seu dia na escola.

3. Todos dariam ao padre a palavra final.

41
4. Todos dar-lhe-iam a palavra final.

5. Responderam a Fátima com delicadeza.

6. Responderam a mim com delicadeza.

Não é difícil confundir objeto indireto e adjunto adverbial, pois ambos os termos são construídos com preposição. Uma
regra prática para se determinar o objeto indireto e até mesmo o identificar na oração é indagar ao verbo se ele
necessita de algum complemento preposicionado. Esse complemento será:

1) Adjunto adverbial, se estiver expressando um significado adicional, como lugar, tempo, companhia, modo e etc.

2) Objeto indireto, se estiver apenas completando o sentido do verbo, sem acrescentar outra ideia à oração.

Exemplos:

1. Ele sabia a lição de cor.[Adjunto adverbial "de modo"]

2. Ele se encarregou do formulário.[Objeto indireto]

Mais detalhes sobre OBJETO INDIRETO:

Objeto indireto pode ser representado por uma oração subordinada substantiva objetiva indireta:

O diretor da empresa necessita de que todos os colaboradores estejam presentes na reunião.

A professora insistiu muito em que os alunos tivessem aulas de recuperação.

Objeto indireto não preposicionado

Alguns objetos indiretos podem aparecer sem preposição, quando são representados por um pronome oblíquo (me, te,
lhe, nos, vos, lhes) ou pelo pronome reflexivo se. Isso ocorre porque esses pronomes representam as construções: a
mim, a ti, a ele, a nós, a vós, a eles e a si.

O juiz declarou-me culpada.

Teu pai deu-te uma palmada.

Objeto indireto pleonástico

Objeto indireto pleonástico ocorre quando há uma repetição e intensificação do objeto indireto, para que seja mais
expressivo, ou seja, quando o objeto indireto se encontra no início da oração, sendo repetido depois do verbo através
de um pronome oblíquo.

Aos meus filhos, dei-lhes muito carinho.

Ao funcionário, pedi-lhe um esclarecimento.

3 – Agente da Passiva

É o termo da oração que acompanha um VTD ou VTDI na voz passiva, indicando-lhe o ser que praticou a ação verbal.
A característica fundamental do agente da passiva é, pois, o fato de somente existir se a oração estiver na voz passiva.
A oração na voz passiva pode ser formada através do recurso de um verbo auxiliar (ser, estar). Nas construções com
verbo auxiliar, costuma-se explicitar o agente da passiva, apesar de ser este um termo de presença facultativa na
oração. Em orações cujo verbo está na terceira pessoa do plural, é muito comum ocultar-se o agente da passiva. Isso
se justifica pelo fato de que, nessas situações, o sujeito pode ser indeterminado na voz ativa. Porém mesmo nesses
casos, a ausência do agente é fruto da liberdade do falante.
Exemplos:

42
1. Os visitantes do zoológico foram atacados pelos bichos.
...[foram: verbo auxiliar / passado do verbo "ser"]
...[pelos bichos: agente da passiva]
2. Nossas reivindicações são simplesmente ignoradas.
...[são: verbo auxiliar / presente do verbo "ser"]
...[agente da passiva: ausente]
3. Cercaram a cidade. [voz ativa com sujeito indeterminado]
A cidade está cercada.
...[está: verbo auxiliar / presente do verbo "estar"]
...[agente da passiva: ausente]
A cidade está cercada pelos inimigos.
...[pelos inimigos: agente da passiva]
O agente da passiva é mais comumente introduzido pela preposição por (e suas variantes: pelo, pela, pelos, pelas). É
possível, no entanto, encontrar construções em que o agente da passiva é introduzido pela preposição de.

4 – Adjunto Adverbial

São advérbios ou locuções adverbiais que acompanham o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, acrescentando uma
circunstância.
- Fizemos exercícios muito difíceis. (acompanha o adjetivo difícil)
- Ela compreendeu rapidamente. (acompanha o verbo)
- Almocei muito bem. (acompanha outro advérbio)

Os adjuntos adverbiais são, em tese, termos dispensáveis, conhecidos como TERMOS ACESSÓRIOS. Em alguns
casos, o adjunto adverbial acompanha um verbo de ação que pode ser classificado como Transitivo Circunstancial:
verbo de sentido complementado por um adjunto de lugar.
Exemplos:
Fui ao clube.
Dirigi-me ao lugar combinado.
Algumas circunstâncias expressas pelos adjuntos adverbiais
- Afirmação: Sim, ele certamente virá à reunião.
- Dúvida: Eduardo talvez passe por aqui.
- Meio: Prefiro viajar de avião.
- Fim: Estudem bastante para a prova.
- Condição: Não se consegue vencer sem esforço.
- Companhia: Gosto de viajar com meus pais.
- Assunto: Os alunos conversaram a respeito da prova.
- Concessão: O ginásio ficou lotado, apesar da chuva.
- Causa: Não enfrentei o diretor por medo das consequências.
- 10. Lugar: Moro em uma cidade pequena.
- 11. Modo: As lesmas andam devagar.
- 12. Instrumento: Cortei meu dedo com uma faca.
- 13. Intensidade: Os candidatos discutiram bastante.
- 14. Tempo: Voltarei às seis da tarde.
- 15. Negação: Não acho justo que alguns alunos sejam dispensados.

43
MAPA SINTÉTICO

UNIDADE 9.2 TERMOS RELACIONADOS AO NOME

Existem alguns termos que se ligam aos nomes. São eles:

• Adjunto adnominal

• Complemento nominal

• Predicativo

• Aposto

* Vocativo (termo à parte)

1 – Adjunto Adnominal

É a palavra ou expressão que acompanha um ou mais nomes conferindo-lhe um atributo. Trata-se, portanto, de um
termo de valor adjetivo que modificará o nome a que se refere.

Os adjuntos adnominais não determinam ou especificam o nome, tal qual os determinantes. Ao invés disso, eles
conferem uma nova informação ao nome e por isso são chamados de modificadores.

Além disso, os adjuntos adnominais não interferem na compreensão do enunciado. Por esse motivo, eles pertencem
aos chamados termos acessórios da oração.

Os adjuntos adnominais podem ser formados por artigo, adjetivo, locução adjetiva, pronome adjetivo, numeral e oração
adjetiva.

Exemplos:
1. Nosso velho mestre sempre nos voltava à mente.
...[nosso: pronome adjetivo]
...[velho: adjetivo]

44
2. Todos querem saber a música que cantarei na apresentação.
...[a: artigo]
...[que cantarei na apresentação: oração adjetiva]

2 – Complemento Nominal

Dá-se o nome de complemento nominal ao termo que complementa o sentido de um nome ou um advérbio,
conferindo-lhe uma significação completa ou, ao menos, mais específica.

Como o complemento nominal vem integrar-se ao nome em busca de uma significação extensa para nome ao qual se
liga, ele compõe os chamados termos integrantes da oração.

São duas as principais características do complemento nominal:


- sempre seguem um nome, em geral abstrato;
- ligam-se ao nome por meio de preposição, sempre obrigatória.

Os complementos nominais podem ser formados por substantivo, pronome, numeral ou oração subordinada completiva
nominal.

Exemplos:
1. Meus filhos têm loucura por futebol.

...[substantivo]

2. O sonho dele era saltar de paraquedas. ...[pronome]

3. A vitória de um é a conquista de todos.


...[numeral]

4. O medo de que lhe furtassem as joias a mantinha afastada daqui.


...[oração subordinada completiva nominal]

Em geral os nomes que exigem complementos nominais possuem formas correspondentes a verbos transitivos, pois
ambos completam o sentido de outro termo. São exemplos dessa correlação:
- obedecer aos pais = obediência aos pais
- entregar a revista à amiga = entrega da revista à amiga
- protestar contra a opressão = protesto contra a opressão

3 – Complemento Nominal X Adjunto Adnominal (Diferenças)

1) A.A. = só acompanha substantivo

C.N. = completa substantivo, adjetivo ou advérbio

Ela estava apto ao trabalho.

C.N.

2) A.A. = com substantivo concreto ou abstrato

C.N. = só com substantivo abstrato

45
O muro de pedra foi derrubado

A.A.

3) A.A. =pode ter preposição

C.N. =precisa de preposição

A sabedoria infantil é surpreendente.

A.A.

4) A. A. = indica posse, substância, é ativo

C. N. = é alvo, sentido passivo

O ataque do tubarão ao banhista foi fatal.


A.A. C.N.

Mais Exemplos de aplicação dos critérios acima:

a. As ruas de terras eram asfaltadas.


RUAS: nome (substantivo)
DE TERRA: é adjunto adnominal ou complemento nominal?

Note que DE TERRA refere-se ao nome RUAS, que é um substantivo concreto (considerando a classe gramatical).
Pelo 1.º critério, podemos concluir que DE TERRA só pode ser adjunto adnominal, pois o complemento nominal não
se refere a substantivo concreto. Então, DE TERRA: adjunto adnominal.

b. A rua é paralela ao rio.


PARALELA: nome (adjetivo)
AO RIO: complemento nominal ou adjunto adnominal?
O termo AO RIO está se referindo a PARALELA, que é um adjetivo (considerando a classe gramatical). Usando o 1.º
critério, podemos concluir que ao rio só pode ser complemento nominal, já que o adjunto adnominal nunca se refere a
adjetivo.

c. As críticas ao diretor eram infundadas.


CRÍTICAS: nome (substantivo)
AO DIRETOR: complemento nominal ou adjunto adnominal?

Observe que CRÍTICAS expressa uma ação (ação de criticar). O termo AO DIRETOR é que recebe as críticas
(o diretor é criticado). Usando o segundo critério, podemos concluir que AO DIRETOR é um complemento nominal.

d. As críticas do diretor eram infundadas.


CRÍTICAS: nome (substantivo)

Agora, o termo DO DIRETOR é adjunto adnominal, pois ele pratica a ação expressa pelo nome CRÍTICAS.

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4 – Predicativos

São termos que expressam um estado ou qualidade.

Podem ser:

1) Predicativo do Sujeito

É obrigatório após um verbo de ligação e, eventualmente, pode aparecer após verbos transitivos e intransitivos:

a) com verbos de ligação


Os alunos são estudiosos.

são = verbo de ligação


estudiosos = predicativo do sujeito

Teu pai virou poeta.


virou - vl
poeta - ps

b) com verbo intransitivo: O trem chegou atrasado.


chegou = verbo intransitivo
atrasado = predicativo do sujeito

c) com verbo transitivo direto: Meu primo foi nomeado diretor.

d) com verbo transitivo indireto Os torcedores assistiram nervosos à decisão.


2) Predicativo do Objeto

Termo que expressa um estado ou uma qualidade do objeto atribuídos pelo sujeito.
Exemplos:
Eles nomearam meu primo diretor.
O povo elegeu-o senador.
Nós o chamamos sábio.
Nós lhe chamamos de sábio.

5 – Aposto

É o termo da oração que se anexa a um substantivo ou pronome substantivo para esclarecer, desenvolver, resumir
ou especificar a ideia expressa. Classifica-se em:

Aposto Explicativo
Explica ou esclarece o substantivo ao qual se refere. Vem sempre isolado por vírgulas.
Exemplo: Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira, morreu enforcado.

Aposto Enumerativo
Enumera os elementos citados anteriormente.
Exemplo: Comprei tudo: arroz, feijão, batata e cenoura.

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Aposto Resumitivo (ou Resumidor)
Resume em um substantivo ou pronome substantivo os elementos citados anteriormente.
Exemplo: Comprei arroz, feijão, batata, e cenoura, tudo em promoção.

Aposto Especificativo
Especifica ou individualiza um substantivo de uso genérico. Normalmente é um nome de próprio de pessoa ou lugar.
Não é isolado por vírgulas.
Exemplo: Visitei a cidade de São Paulo.
Exemplo: Gosto do poeta Carlos Drummond de Andrade.

CUIDADO:

DIFERENÇAS ENTRE ADJUNTO ADNOMINAL E APOSTO ESPECIFICADOR

Tanto o aposto especificador quanto o adjunto adnominal podem indicar determinação, especificação. Mas o aposto é
dispensável para o entendimento do termo que acompanha. Existe relação direta entre um e outro. Já o adjunto
adnominal, apesar de se chamar termo acessório, acaba por particularizar um termo que, por si só, sem a presença do
adjunto, fica vago, sem determinação. Veja melhor em dois exemplos:

1. A cidade de Campo Grande continua linda = aposto especificador

É possível estabelecer relação direta entre Recife e cidade. Pode-se simplesmente suprimir o termo
antecedente: Campo Grande continua linda.

A periferia de Campo Grande é muito violenta = adjunto adnominal

Não é possível estabelecer relação direta entre periferia e Campo Grande. A supressão do antecedente altera
as relações de sentido da frase, já que se passa a pensar que Campo Grande, como um todo, é violenta.

2. Faço aniversário no mês de junho = aposto especificador

É possível estabelecer relação direta entre mês e junho. Pode-se dizer: Faço aniversário em junho, sem
comprometimento semântico (de sentido).

As festas de junho são muito populares na região do nordeste = adjunto adnominal

Não é possível estabelecer relação direta entre festas e junho, já que festas é possível haver em qualquer mês.

6 – Termo à Parte

Vocativo
É o único termo isolado dentro da oração, pois não se liga ao verbo nem ao nome. Não faz parte do sujeito nem do
predicado. A função do vocativo é chamar ou interpelar o elemento a que se está dirigindo. É marcado por sinal de
pontuação e admite anteposição de interjeição de chamamento.
É apelidado de CHAMAMENTO.

Exs.:

Ó Pai, perdoai nossos pecados.

Querida, obrigado pela surpresa.

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UNIDADE 10 PERÍODO COMPOSTO – COORDENAÇÃO X SUBORDINAÇÃO

1) ORAÇÕES COORDENADAS

2) MAPA MENTAL DE ORAÇÕES COORDENADAS

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2. ORAÇÕES SUBORDINADAS

Orações subordinadas são sempre dependentes de outra oração, chamada Oração Principal.
Podem ser, quanto ao papel morfológico que desempenham, classificadas como:

1) Adjetivas
2) Adverbiais
3) Substantivas

1. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

São orações que têm o valor e a função do adjetivo. Sempre se referem a um substantivo ou pronome da oração
principal. São, em seu formato desenvolvido, iniciadas por pronomes relativos (que, quem, o qual, quanto,
onde, cujo).
Exemplos:
O computador japonês causou boas impressões.
Adjetivo
O computador que é japonês causou boas impressões.
Oração subordinada adjetiva
É um trabalho emocionante.
Adjetivo
É um trabalho que emociona.
Oração subordinada adjetiva

CLASSIFICAÇÃO DA ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA


Dependendo do sentido que as orações subordinadas adjetivas têm no texto, elas podem ser classificadas como:

a) ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA

São aquelas que restringem o sentido do substantivo ou pronome a que se referem.


Exemplos:
Os políticos que são honestos merecem nosso respeito.
Oração subordinada adjetiva restritiva

De acordo com a oração não são todos os políticos que merecem respeito, mas apenas um conjunto restrito, ou
seja, aqueles que são honestos.

Ele implantou o sistema que nós desenvolvemos.


Oração subordinada adjetiva restritiva

A oração que nós desenvolvemos restringe o significado da palavra sistema. Ele não implantou um sistema
qualquer e sim um sistema específico, ou seja, o que nós desenvolvemos.

b) ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA

São orações que servem para esclarecer melhor o sentido do termo a que se refere. Vêm entre vírgulas, travessões
ou parênteses e, se retiradas do período, não fazem falta ao sentido.
Exemplos:
O problema, que era de fácil resolução, deixou os alunos apreensivos.
Oração subordinada adjetiva explicativa
O aluno, que era irresponsável, vivia faltando às aulas.
Oração subordinada adjetiva explicativa
Observe este exercício de exemplo:

50
Transformar o adjetivo destacado em oração subordinada adjetiva:
a) Eles escreviam cartas emocionantes.
Eles escreviam cartas que emocionavam.
b) Os avós tinham atitudes agradáveis.
Os avós tinham atitudes que agradavam.

2. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS

Funcionam como adjunto adverbial de outra oração e vêm, normalmente, introduzidas por conjunções subordinativas,
exceto as integrantes (que introduzem as orações substantivas).
De acordo com a conjunção subordinativa ou locução conjuntiva que a inicie, a oração subordinada adverbial assim se
classifica:

QUADRO SINTÉTICO DE ORAÇÕES ADVERBIAIS

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3. ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

Como o próprio nome diz, são orações que exercem as funções sintáticas de substantivos. Vejamos como são
classificadas e quais as funções exercidas:

CLASSIFICAÇÃO DA ORAÇÃO/ FUNÇÃO EXERCIDA

Subjetiva Sujeito da oração principal

Objetiva direta Objeto direto do verbo da oração principal

Objetiva indireta Objeto indireto do verbo da oração principal.

Predicativa Predicativo do sujeito da oração principal.

Completiva nominal Complemento nominal de um termo da oração principal.

Apositiva Aposto de um termo da oração principal.

QUADRO SINTÉTICO DE ORAÇÕES SUBSTANTIVAS

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UNIDADE 11 PONTUAÇÃO

1 – Emprego de Vírgula entre os Termos da Oração

1 – Separar termos de mesma função sintática (Termos Coordenados)


Exemplos:
As casas, as ruas, as praças, os bares estavam desertos. (Separar os núcleos do sujeito composto)
Ele morou em Santos, em Brasília, em Porto Alegre. (Separar os núcleos do adjunto adverbial)

2 – Isolar o Aposto
Exemplos:
Natal, capital do Rio Grande do Norte, é uma linda cidade.
As duas mulheres, Suzy e Eurídice, eram primas.

3 – Isolar o Vocativo
Exemplos:
Eles nos temem, Roque, está é a verdade.
Senhor, fazei com que eu procure mais consolar que ser consolado.

4 – Isolar Adjuntos Adverbiais deslocados


• A posição normal do adjetivo advérbio é vir após o verbo:
Exemplo: Ele lia o relatório com muita calma.
• Isolando o adjetivo advérbio:
Exemplos:
Com muita calma, ele lia o relatório.
A posse da terra, no Brasil, sempre esteve concentrada nas mãos de pouca gente.

Obs.: Nos textos modernos, é frequente a omissão desse caso, inclusive em concursos.
Exemplos:
Cinco meses antes dera à luz seu primeiro filho. (Veja)
Em Pirapora as romarias não são novidade. (Folha de São Paulo)

5 – Indicar a elipse de algum termo


Exemplos:
No meio do salão, a mesa de jantar. (Viriato Correa)
Eles partirão hoje; nós, amanhã.

6 – Separar o nome do lugar nas datas


Exemplo: São Paulo, 10 de dezembro de 2003.

7 – Isolar Expressões Explicativas, Retificativas etc.


Exemplos:
A polícia prendeu todos, isto é, o pai e os filhos.
Gastei tudo, ou melhor, quase tudo.

8 – Isolar Objetos Pleonásticos Intercalados


Exemplos:
Este assunto, já o li em algum lugar.
A mim, não me interessam suas queixas.

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2 – Vírgula Proibida

1 – Entre o sujeito e o predicado


Exemplo: A velha irmã de Quaresma não tinha grande interesse pelo violão. (Lima Barreto)

2 – Entre o verbo e seus complementos


Exemplo: O orvalho frio e a névoa garoenta dão uma ligeira trégua às crianças. (Revista Isto É)

3 –Entre o Nome e seus Adjuntos Adnominais


Exemplo: O bom e velho jogo está presente em vários momentos de nossa vida.

4 – Entre o Nome e seu Complemento


Exemplo: Brincar é uma atividade acessível a todo ser humano.

3 – A Vírgula entre Orações

A) Coordenadas
1 – Separar as Orações Coordenadas Assindéticas
Exemplos:
O homem suspeito saiu do edifício, olhou para os lados, saiu em desabalada carreira.
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

2 – Separar as Orações Coordenadas Sindéticas


Exemplos:
Tudo deu certo, portanto podemos ficar tranquilos.
Estava cansada, mas parecia feliz.

Obs.: As Coordenadas Sindética Aditivas ligadas por E, NEM e as Coordenadas Sindéticas Alternativas ligadas por
OU normalmente não se separam por vírgula, a não ser que possuam sujeitos diferente sou estejam repetidas
(polissíndeto). Nesses casos, a vírgula se torna optativa para alguns gramáticos, e obrigatória para outros – o que leva
a posicionamentos diferentes entre bancas elaboradoras de concursos. Convém atenção!
Exemplos:
Ou você me conta tudo, ou eu vou embora.
Ele gesticulava, e gritava, e tentava nos convencer.
Nem me ligou, nem eu quis qualquer contato com ela.
A mãe se fora para a cozinha, e Rafael olhava para ele.

**Mesmo com o mesmo sujeito, é possível separar com vírgula orações interligadas pelo E, com a intenção de enfatizar
as ações expressas em cada oração.
Exemplo: Todos estavam apreensivos, e fizeram questão de expor o porquê.

B) Subordinadas
1 – Em Oração Subordinada Adverbial anteposta à Oração Principal a vírgula é obrigatória, já nas pospostas ,
é facultativa
Exemplos:
Mal se foi o Salgueiro, já vem chegando o Flamengo.
Se ele estivesse aqui, tudo teria sido mais fácil.
Trabalha muito (,) embora seja rico.
Devo embarcar logo (,) desde que os advogados me liberem o passaporte.

2 – Em Oração Subordinada Adjetiva Explicativa as vírgulas são obrigatórias. Já na Restritiva, é facultativa (se
os verbos das duas orações se chocarem).
Exemplos:
Florianópolis, que fica numa ilha, é belíssima.
O homem que lê (,) enxerga além.

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3 – Em Oração Adverbial Substantiva a vírgula é obrigatória só quando estiver anteposta à Oração Principal.
Quando estiver posposta, não se deve empregá-la.
Exemplos:
Não creio que você vá embora.
Que ele é um tolo, eu já percebera.

Obs.: Nas Orações Subordinadas Substantivas Apositivas deve-se empregar a vírgula ou os dois-pontos.
Exemplos:
Quero que saiba isso: que não gosto mais de você.
Só lhe pedi uma coisa, que fosse sincera comigo.

4 – Em Or. Reduzidas a vírgula será obrigatória quando estas estiverem antepostas à Or. Princ. Caso estejam
posposta, será facultativa.
Exemplos:
Terminada a festa, fomos embora.
Vi um elefante (,) passeando na rua.

C) Orações Intercaladas
Devem ser separadas por vírgula(s)
Exemplos:
Não tenho dinheiro, disse o pai, e não vou sair correndo atrás.
Vamos embora, intimou o pai.

4 – Outros Casos Especiais de Pontuação

1) Ponto-e-vírgula

O ponto-e-vírgula indica uma pausa um pouco mais longa que a vírgula e um pouco mais breve que o ponto.

O emprego do ponto-e-vírgula depende muito do contexto em que ele aparece.

Podem-se seguir as seguintes orientações para empregar o ponto-e-vírgula:

a) Para separar duas orações coordenadas que já contenham vírgulas:


Ex.: Estive a pensar, durante toda a noite, em Diana, minha antiga namorada; no entanto, desde o último verão,
estamos sem nos ver.

b) Para separar duas orações coordenadas, quando elas são longas:


Ex.: O diretor e a coordenadora já avisaram a todos os alunos que não serão permitidas brincadeiras durante o intervalo
nos corredores; porém alguns alunos ignoram essa ordem.

c) Para separar enumeração após dois pontos:


Ex.: Os alunos devem respeitar as seguintes regras:
- não fumar dentro do colégio;
- não fazer algazarras na hora do intervalo;
- respeitar os funcionários e os colegas;
- trazer sempre o material escolar.

2) Dois-pontos

Deve-se empregar esse sinal:

a) Para iniciar uma enumeração:


Ex.: Compramos para a casa o seguinte: mesa, cadeiras, tapetes e sofás.

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b) Para introduzir a fala de uma personagem:
Ex.: Sempre que o professor Luís entra em sala de aula diz:
– Essa moleza vai acabar!

c) Para esclarecer ou concluir algo que já foi dito:


Ex.: Essa moleza vai acabar!: essas são as palavras do professor Luís.

d) Para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.

Ex.: Marcelo era assim mesmo: Não tolerava ofensas. Resultado: Corri muito, mas não alcancei o ladrão. Em resumo:
Montei um negócio e hoje estou rico.

Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja:
a) Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Ex.:ratificar/retificar, censo/senso, etc.
b) Atenção: a preposição "per", considerada arcaica, é usada em expressões latinas, como na frase "de per si "
(= cada um por sua vez, isoladamente).
c) Obs.: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc.

e) Na invocação das correspondências.

Ex.: Prezados Senhores: Convidamos a todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório
da empresa. Atenciosamente, A Direção

f) Para anunciar uma citação.


Ex.:
a) Bem, diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
b) Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."

3) Reticências
As reticências são empregadas:
a) Para indicar uma certa indecisão, surpresa ou dúvida na fala da personagem:
Ex. João Antônio! Diga-me... você... me traiu?
b) Para indicar que, num diálogo, a fala de uma personagem foi interrompida pela fala da outra:
Ex. – Como todos já deram sua opinião...
– Um momento, presidente, ainda tenho um assunto a tratar.
c) Para sugerir ao leitor que complete o raciocínio contido na frase:
Ex. Durante o ano ficou claro que o aluno que não atingisse 150 pontos seria reprovado; você atingiu 145, portanto...
d) Para indicar, numa citação, que certos trechos do texto foram exclusos:
Ex. "No momento em que a tia foi pagar a conta, Joana pegou o livro..." (Clarice Lispector)

4) Ponto de Interrogação (?)


1. É o sinal que se usa no fim de qualquer interrogação direta, ainda que a pergunta não exija resposta:
Sabe você de uma novidade? (A. PEIXOTO)

2. Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer seguir de RETICÊNCIAS o PONTO-DE-
INTERROGAÇÃO:
– Então?...que foi isso?...a comadre?... (ARTUR AZEVEDO)

3. Nas perguntas que denotam surpresa, ou naquelas que não têm endereço nem resposta, empregam-se por vezes
combinados o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO E O PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO:
Que negócio é esse: cabra falando?! (C. D. DE ANDRADE)
Observação:

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O PONTO-DE-INTERROGAÇÃO nunca se usa no fim de uma interrogação indireta, uma vez que esta termina com
entoação descendente, exigindo, por isso, um PONTO.
Comparem-se:
-- Quem chegou? [= INTERROGAÇÃO DIRETA]
-- Diga-me quem chegou. [= INTERROGAÇÃO INDIRETA]

5) Ponto de Exclamação (!)

É o sinal que se pospõe a qualquer enunciado de entoação exclamativa. Emprega-se, pois, normalmente:

a) depois de interjeições ou de termos equivalentes, como os vocativos intensivos, as apóstrofes:


Exemplos:
Oh! dias de minha infância! (C. DE ABREU)
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? (C. ALVES)

b) depois de um imperativo:
Exemplos:
Coração, pára! ou refreia, ou morre! (A. DE OLIVEIRA)

Observação:
A interjeição oh! (escrita com h), que denota geralmente surpresa, alegria ou desejo, vem seguida de PONTO-DE-
EXCLAMAÇÃO. Já à interjeição de apelo ó, quando acompanhada de vocativo, não se pospõe PONTO-DE-
EXCLAMAÇÃO; este se coloca, no caso, depois do vocativo. Comparem-se os exemplos do item a.

6) As ASPAS (" ")

1. Empregam-se principalmente:

a) no início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do contexto:


Exemplo: O poeta espera a hora da morte e só aspira a que ela "não seja vil, manchada de medo, submissão ou
cálculo". (MANUEL BANDEIRA)

b) para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente não peculiares à linguagem normal de quem
escreve (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos, etc.):
Exemplo: Era melhor que fosse "clown". (E. VERÍSSIMO)

c) para acentuar o valor significativo de uma palavra ou expressão:


Exemplo: A palavra "nordeste" é hoje uma palavra desfigurada pela expressão "obras do Nordeste" que quer dizer:
"obras contra as secas". E quase não sugere senão as secas. (G. FREYRE)

Observação:

No emprego das ASPAS, cumpre atender a estes preceitos do Formulário Ortográfico: "Quando a pausa coincide com
o final da expressão ou sentença que se acha entre ASPAS, coloca-se o competente sinal de pontuação depois delas,
se encerram apenas uma parte da proposição; quando, porém, as ASPAS abrangem todo o período, sentença, frase
ou expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas:
Exemplos:
"Aí temos a lei", dizia o Florentino. "Mas quem as há de segurar? Ninguém." (R. BARBOSA.)
"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!" (M. DE ASSIS)

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7) Os PARÊNTESES ( ( ) )

1. Empregam-se os PARÊNTESES para intercalar num texto qualquer indicação acessória.

Veja, por exemplo:

a) uma explicação dada, uma reflexão, um comentário à margem do que se afirma:


Os outros (éramos uma dúzia) andavam também por essa idade, que é o doce-amargo subúrbio da adolescência. (P.
MENDES CAMPOS)

b) uma nota emocional, expressa geralmente em forma exclamativa, ou interrogativa:


Havia a escola, que era azul e tinha
Um mestre mau, de assustador pigarro...
(Meu Deus! que é isto? que emoção a minha
Quando estas coisas tão singelas narro?)(B. LOPES)

Observação:

Entre as explicações e as circunstâncias acessórias que costumam ser escritas entre PARÊNTESES, incluem-se as
referências a data, a indicações bibliográficas, etc.:
"Boa noite, Maria! Eu vou-me embora."
(CASTRO ALVES. Espumas Flutuantes, Bahia, 1870, p. 71)

2. Usam-se também os PARÊNTESES para isolar orações intercaladas com verbos declarativos:

Uma vez (contavam) a polícia tinha conseguido deitar a mão nele. (A. DOURADO)

O que se faz mais frequentemente por meio de vírgulas ou de travessões.

8) Os COLCHETES ( [ ] )

Os COLCHETES são uma variedade de PARÊNTESES, mas de uso restrito. Empregam-se:

a) quando numa transcrição de texto alheio, o autor intercala observações próprias, como nesta nota de SOUSA
DA SILVEIRA a um passo de CASIMIRO DE ABREU:
Entenda-se, pois: "Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à minha pergunta sobre o porvir (versos
11-12) e me acenas para o futuro (versos 14 e 85), embora o que eu percebo no horizonte me pareça apenas uma
nuvem (verso 15)]."

b) quando se deseja incluir, numa referência bibliográfica, indicação que não conste da obra citada, como neste
exemplo:
ALENCAR, José de. O Guarani, 2 ed. Rio de Janeiro, B. L. Garnier Editor [1864].

9) O TRAVESSÃO (--)

Emprega-se principalmente em dois casos:

a) Para indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor:


Exemplo:
-- Muito bom dia, meu compadre.
-- Por que não apeia, compadre Vitorino?
-- Estou com pressa. (J. LINS DO REGO)

b) Para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso, usa-se geralmente o TRAVESSÃO DUPLO:
Exemplos:
Duas horas depois -- a tempestade ainda dominava a cidade e o mar -- o "Canavieiras" ia encostando no cais.
(J. AMADO)
Mas não é raro o emprego de um só TRAVESSÃO para destacar, enfaticamente, a parte final de um enunciado:
Um povo é tanto mais elevado quanto mais se interessa pelas coisas inúteis -- a filosofia e a arte. (J. AMADO)

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Observação:
"Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar palavras ou grupo de palavras que formam, pelo assim dizer, uma
cadeia na frase: o trajeto Mauá-Cascadura; a estrada de ferro Rio-Petrópolis; a linha aérea Brasil-Argentina; o percurso
Barcas-Tijuca; etc." (Formulário Ortográfico).

10) ASTERISCO ( * )

Asterisco – e não asterístico - significa "pequena estrela", por isso é um sinal gráfico em forma de estrela. Costuma ser
empregado:

a) Nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao final de capítulos.

Ex.: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso*
-aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns
contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.

* Obs.: É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras.

b) Nas substituições de nomes próprios não mencionados.

Ex.: O Dr.* conversou durante toda a palestra. O jornal*** não quis participar da campanha.

11) PARÁGRAFO ( § )

O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois esses (S) entrelaçados, iniciais das palavras latinas
"Signumsectionis" que significam sinal de secção, de corte.

Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou
alínea. A palavra alínea (vem do latim a + lines) e significa "distanciado da linha", isto é, fora da margem em que
começam as linhas do texto.

O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis, por indicar os parágrafos únicos.

Ex.: § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.

O poder da vírgula
1) Na Inglaterra, certa vez, um oficial foi condenado à morte. Seu pedido de perdão recebeu a seguinte sentença do
rei:
Perdoar impossível, mandar para a forca!
Antes de a mensagem ser enviada ao verdugo, passou pelas mãos da generosa rainha, que, compadecida da sorte
do oficial, tomou de uma caneta e alterando a posição da vírgula, simplesmente mudou o significado da mensagem:
Perdoar, impossível mandar para forca!
2) Na antiguidade, um imperador estava indignado com a população de uma cidade, sem dúvida, por motivos políticos.
O governador, então, passa-lhe um telegrama:
Devo fazer fogo ou poupar a cidade?
A resposta do monarca foi:
Fogo, não poupe a cidade!
O telegrafista, por questões humanitárias ou porque qualquer outro motivo, trocou a posição da vírgula. E a resposta
ficou assim:
Fogo não, poupe a cidade!

59
UNIDADE 12
SEMÂNTICA

Do grego SEMANTIKE – “que indica, que faz conhecer, sinal, marca”


É o estudo da significação das palavras de uma língua e as relações de significado que implicam o uso
contextual dos vocábulos.

Família de Ideias
São palavras que mantêm relações de sinonímia e que representam basicamente uma mesma ideia.
Veja a relação a seguir:
• casa, moradia, lar, abrigo.
• residência, sobrado, apartamento, cabana.

Todas essas palavras representam a mesma ideia: lugar onde se mora. Logo, trata-se de uma família de ideias.
Observe outros exemplos:
• revista, jornal, biblioteca, livro.
• casaco, paletó, roupa, blusa, camisa, jaqueta.
• serra, rio, montanha, lago, ilha, riacho, planalto.
• telefonista, motorista, costureira, escriturário, professor.

OBS.: Quando as palavras possuem o mesmo radical, elemento básico significação e formação vocabular, são
chamadas de COGNATAS.
Exs.: PEDRA – pedrisco, apedrejar, pedreiro

Agora vamos nos aprofundar:

Significados e Sentidos das Palavras


As palavras expressam ideias, ações, conceitos - mas podem ser usadas em sentido figurado, com diferentes
significados.

Cada palavra tem um significado?

Pode-se dizer que toda palavra ou todo signo linguístico é constituído por um significante (a forma) e um significado (a
ideia, o conceito). Por exemplo, a palavra sapo tem como significante as letras s-a-p-o e os fonemas /s/ /a/ /p/ /o/ e
como significado animal anfíbio. Isso não quer dizer, porém, que esse significado seja exclusivo dessa palavra e vice-
versa. A mesma ideia pode ser expressa por palavras distintas: sapo = batráquio

Uma mesma palavra também pode ter diversos significados. Com eles, formam-se várias expressões. Ao dizer:
Foi preciso engolir sapos para manter a paz.
Ninguém está afirmando literalmente que os batráquios desceram goela abaixo.

1. Significante

Significante é a forma, a parte concreta da palavra, suas letras e seus fonemas:


Rasguei a manga da camisa.
Adoro sorvete de manga.
As duas palavras grifadas têm o mesmo significante, porém dois significados perfeitamente distintos.

2. Significado

Significado é o conteúdo, a parte abstrata. É a ideia, o conceito transmitido pela palavra:


Ele ficou pálido ao receber a notícia.
Ele ficou lívido ao receber a notícia.
As duas palavras grifadas têm o mesmo significado, porém dois significantes diferentes. O significado pode ter origem
na monossemia ou na polissemia.

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3. Monossemia

A monossemia (de monos = um; semia = significado) é a característica das palavras que têm um só significado. Isso
dificilmente acontece, uma vez que o significado é passível de interpretações variadas. Em princípio, as palavras
técnicas são monossêmicas:
logaritmo, manganês, decassílabo

Num texto literário, porém, qualquer palavra pode ganhar outros significados. É o que acontece quando Caetano Veloso
diz em sua música "O Querer":
"Onde queres o ato eu sou o espírito
E onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo sou mulher [...]"
Nesse contexto, decassílabo ganha como significado a idéia de tradicional, bem-comportado ou organizado, entre
inúmeras outras possibilidades de interpretação.

4. Polissemia

A polissemia (de poli = muitos; semia = significado) é o fenômeno pelo qual uma palavra vai adquirindo vários
significados. Estes, em geral, têm algo em comum. A cada um deles dá-se o nome de acepção:
A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço.
Ele é o cabeça da rebelião.
Sabrina tem boa cabeça.

Origem da polissemia

São muitos os fatores que possibilitam a polissemia.


• A metáfora, pela qual a palavra ganha outro significado devido a uma relação de semelhança:
o pé da mesa, o pé da montanha
(por sua semelhança com o pé humano)
• A metonímia, pela qual a palavra adquire outro significado devido a uma relação de implicância:
o lanterninha do cinema
(o funcionário usa uma lanterninha)
• A passagem de um termo da linguagem específica para a linguagem comum:
parênteses (sinal de pontuação)

Colocar parênteses nesta explicação. (interrupção)


• A passagem de um termo da linguagem comum para a linguagem específica:
Veja esta pilha de papel.
(reunião de objetos superpostos)
O carrinho é movido a pilha.
(gerador de corrente elétrica)

• A polissemia possibilita que se tenha, com um pequeno número de palavras, um grande número de significados.
Mas favorece riscos, também, como o de ambiguidade e o de imprecisão. Se o contexto não for suficiente para
determinar o significado da palavra, é bem melhor trocá-la por outra de significado mais definido:

Marcos é uma pessoa difícil.


A frase é muito vaga porque a palavra difícil sugere várias interpretações, como irritadiço, tímido ou ocupado. Nesse
caso, o melhor é usar outra palavra. No entanto, se for preciso manter a original, é aconselhável contextualizá-la:

Marcos é uma pessoa difícil: não come enlatados, detesta congelados e não admite comida requentada.

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5. Sinonímia
A sinonímia (de sin = união; onoma = nome) é o fenômeno pelo qual duas palavras possuem significados equivalentes
ou semelhantes, ou seja, são sinônimas. Uma pode substituir a outra num mesmo contexto:
Só um bom sabão garante a brancura dos lençóis.
Só um bom sabão garante a alvura dos lençóis.
É muito raro encontrar sinônimos perfeitos, que possam ser utilizados em qualquer contexto. Cada um deles expressa
um matiz diferente, seja de significado, seja de valor estilístico:
admirado, espantado, chocado.
Essas palavras podem ser usadas como sinônimos, mas cada uma expressa uma intensidade diferente.

Origens da sinonímia
• Por empréstimos de palavras estrangeiras:
Meu chofer conhece bem as ruas do centro.
Meu motorista conhece bem as ruas do centro.
• Pelo uso comum de palavras técnicas ou da linguagem específica:
Vou fazer um hemograma.
Vou fazer um exame de sangue.
• Por diferentes registros de linguagem:
espalhar a notícia — (coloquial)
divulgar a notícia — (formal)
propalar a notícia — (erudito)

6. Homonímia
A homonímia (de homo = igual; onoma = nome) acontece quando duas palavras de origem e significado diferentes
coincidem quanto à pronúncia, tornando-se homônimas:
pena (pluma), pena (dó).

Possibilidade de homônimas

• Homófonas, quando a coincidência é de pronúncia:


sírio (da Síria), círio (vela)

• Homógrafas, quando a coincidência é de grafia:


sede (necessidade de beber)
sede (casa central, matriz)

Atenção: nem sempre é possível distinguir a homonímia da polissemia. No caso das homônimas, trata-se de duas
palavras. No caso das homógrafas, trata-se de uma palavra com dois significados.
Para estabelecer uma diferença, é preciso levar em conta a etimologia (ORIGEM) da palavra (o que nem sempre é
possível) e outros dados subjetivos, como o grau de diferença dos significados.

7. Antonímia
A antonímia (de anti = oposição; onoma = nome) é a propriedade que duas palavras possuem de se oporem quanto
ao significado. São antônimas:
ir/voltar nascimento/morte
Os antônimos podem apresentar diversos graus de oposição:
• Antônimos complementares, quando a afirmação de um supõe a negação do outro:
par/ímpar gordo/magro
• Antônimos recíprocos, quando as duas palavras supõem-se mutuamente:
perguntar/responder vender/comprar
• Antônimos graduais, quando entre as duas palavras existem outras de grau intermediário:
quente/morno temperado/frio

A antonímia também é definida pelo contexto. Assim, na canção de Caetano Veloso, "O Quereres", anjo é antônimo
de mulher. Em outros contextos, as duas palavras podem ser sinônimas.

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Quanto à forma, os antônimos podem ser:

• Léxicos
Se têm radicais diferentes:
claro/escuro
bom/mau

• Gramaticais
Se a oposição é expressa por meio de radicais:
arrumar/desarrumar
incluir/excluir

8. Contexto/Situação

São dois os fatores básicos que interferem na significação das palavras:


• O contexto linguístico, pois toda palavra aparece, habitualmente, rodeada de outras palavras, em frases orais ou
escritas. São elas que ajudam a definir o exato significado da palavra:
Este café é muito doce.
Nesta frase, doce significa açucarado, significado diferente do que apresenta nesta outra frase:
Uma doce melodia preenchia o ambiente.
• A situação, ou contexto extralinguístico, e tudo mais que possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época,
lugar, hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes:

Fogo!
Esta expressão não significa o mesmo diante de um edifício em chamas e dentro de um campo de tiro.

9. Denotação e conotação

• A denotação é o conjunto de significados de uma palavra por si mesma. É o valor objetivo, original da palavra:
caminho (faixa de terreno destinada ao trânsito, estrada, trilho)
• A conotação refere-se ao conjunto de significados subjetivos, afetivos, que vão se acrescentando a uma palavra e
que dependem de uma interpretação:
caminho (pode significar destino, futuro, orientação)
A humanidade não encontra o seu caminho.

Lista de Homônimos e Parônimos

Acender – pôr fogo a


Ascender – elevar-se, subir Caçado – apanhado na caça
Cassado – anulado
Acento – inflexão de voz, tom de voz, acento
Assento – base, lugar de sentar-se Cardeal – principal; prelado; ave; planta; ponto (cardeal)
Cardial – relativo à cárdia
Acessório – pertences de qualquer instrumento ou
máquina; que não é principal Cartucho – carga de arma de fogo
Assessório – diz respeito a assistente, adjunto ou Cartuxo – frade de Cartuxa
assessor
Cédula – documento
Aço – ferro temperado Sédula – feminino de sédulo (cuidadoso)
Asso – do v. assar
Cegar – tornar ou ficar cego
Anticéptico – contrário ao cepticismo Segar – ceifar
Antisséptico – contrário ao pútrido; desinfetante
Cela – aposento de religiosos; pequeno quarto de dormir
Asar – guarnecer de asas Sela – arreio de cavalgadura
Azar – má sorte, ocasionar
Censo – recenseamento
Brocha – tipo de prego Senso – juízo
Broxa – tipo de pincel

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Censual – relativo a censo Coser – costurar
Sensual – relativo aos sentidos Cozer – cozinhar

Cerra – do verbo cerrar (fechar) Decente – decoroso


Serra – instrumento cortante; montanha; do v. serrar Descente – que desce
(cortar)
Deferir – atender, conceder
Cerração – nevoeiro denso Diferir – distinguir-se; posicionar-se contrariamente; adiar
Serração – ato de serrar (um compromisso marcado)

Cerrado – denso; terreno murado; part. do v. cerrar Descargo – alívio


(fechado) Desencargo – desobrigação de um encargo
Serrado – particípio de serrar (cortar)
Desconcertado - descomposto; disparato
Cessão – ato de ceder Desconsertado – desarranjado
Sessão – tempo que dura uma assembleia
Secção ou seção – corte, divisão Descrição – ato de descrever
Discrição – qualidade de discreto

Cevar – nutrir, saciar


Sevar – ralar Descriminar – inocentar
Discriminar – distinguir, diferenciar
Chá – infusão de folhas para bebidas
Xá – título do soberano da Pérsia Despensa – copa
Dispensa – ato de dispensar
Cheque – ordem de pagamento
Xeque – perigo; lance de jogo de xadrez; chefe de tribo Despercebido – não notado
árabe Desapercebido – desprevenido

Cinta – tira de pano Édito – ordem judicial


Sinta – do v. sentir Edito – decreto, lei (do executivo ou legislativo)

Círio – vela de cera Elidir – eliminar


Sírio – relativo à Síria; natural desta Ilidir – refutar

Cível – relativo ao Direito Civil Emergir – sair de onde estava mergulhado


Civil – polido; referente às relações dos cidadãos entre si Imergir – mergulhar

Cocho – tabuleiro Emerso – que emergiu


Coxo – que manqueja Imerso – mergulhado

Comprimento – extensão Emigração – ato de emigrar


Cumprimento – ato de cumprir, saudação Imigração – ato de imigrar

Concelho – município Eminente – excelente


Conselho – parecer Iminente – sobranceiro; que está por acontecer

Concerto – sessão musical; harmonia Emissão – ato de emitir, pôr em circulação


Conserto – remendo, reparação Imissão – ato de imitir, fazer entrar

Concílio – assembleia de prelados católicos Empossar – dar posse


Consílio – conselho Empoçar – formar poça

Conjetura – suposição Espectador – o que observa um ato


Conjuntura – momento Expectador – o que tem expectativa

Coringa – pequena vela triangular usada à proa das Espedir – despedir; estar moribundo
canoas de embono; moço de barcaça Expedir – enviar
Curinga – carta de baralho
Esperto – inteligente, vivo
Corisa – inseto Experto – perito ("expert")
Coriza – secreção das fossas nasais
Espiar – espreitar
Expiar – sofrer pena ou castigo

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Esplanada – terreno plano
Explanada (o) – part. do v. explanar Mandado – ordem judicial
Mandato – período de permanência em cargo
Estasiado – ressequido
Extasiado – arrebatado Mesinha – diminutivo de mesa
Mezinha – medicamento
Estático – firme
Extático – absorto Óleo – líquido combustível
Ólio – espécie de aranha grande
Esterno – osso dianteiro do peito
Externo – que está por fora Paço – palácio real ou episcopal
Passo – marcha
Estirpe – raiz, linhagem
Extirpe – flexão do v. extirpar Peão – indivíduo que anda a pé; peça de xadrez
Pião – brinquedo
Estofar – cobrir de estofo
Estufar – meter em estufa Pleito – disputa
Preito – homenagem
Estrato – filas de nuvens
Extrato – coisa que se extraiu de outra Presar – aprisionar
Prezar – estimar muito
Estremado – demarcado
Extremado – extraordinário Proeminente – saliente no aspecto físico
Preeminente – nobre, distinto
Flagrante – evidente
Fragrante – perfumado Ratificar – confirmar
Retificar – corrigir
Fluir – correr
Fruir – desfrutar Recreação – recreio
Recriação – ato de recriar
Fuzil – arma de fogo
Fusível – peça de instalação elétrica
Recrear – proporcionar recreio
Gás – fluido aeriforme Recriar – criar de novo
Gaz – medida de extensão
Ruço – grave, insustentável
Incidente – acessório, episódio Russo – da Rússia
Acidente – desastre; relevo geográfico
Serva – criada, escreva
Infligir – aplicar castigo ou pena Cerva – fêmea do cervo
Infringir – transgredir
Sesta –- hora do descanso
Incipiente – que está em começo, iniciante Sexta – redução de sexta-feira; hora canônica; intervalo
Insipiente – ignorante musical

Intenção – propósito Tacha – tipo de prego; defeito; mancha moral


Intensão – intensidade; força Taxa – imposto

Intercessão – ato de interceder Tachar – censurar, notar defeito em; pôr prego em
Interseção – ato de cortar Taxar – determinar a taxa de

Laço – nó que se desata facilmente Tráfego – trânsito


Lasso – fatigado Tráfico – negócio ilícito

Maça – clava; pilão Viagem – jornada


Massa – mistura Viajem – do verbo viajar

Maçudo – maçador; monótono Vultoso – volumoso


Massudo – que tem aspecto de massa Vultuoso – inchado

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CASOS ESPECIAIS
1) HÁ X A (preposição)

a) Na indicação de tempo passado, com valor de FAZ.


Há dois meses que ele não aparece.

b) Como sinônimo dos verbos EXISTIR, OCORRER.


Não há greves naquela empresa.
Ainda há muita miséria no país.

A (preposição)
a) Na indicação de tempo futuro.
Daqui a dois meses viajarei para Londres.

b) Na indicação de distância.
A praia fica a cem metros da minha casa.

SAIBA MAIS

Existem também expressões que apresentam semelhanças entre si, e têm significação diferente.
1) AO ENCONTRO DE x DE ENCONTRO A

AO ENCONTRO DE = "a favor de", “em direção a”

a) É preciso criar uma alternativa que vá ao encontro dos anseios do povo.

b) Andrade cobrou escanteio da esquerda, e a bola foi ao encontro de Carlinhos Bala, que, embaixo da barra,
estufou a rede.

DE ENCONTRO A = “no sentido oposto a” e indica choque, discordância.

a) O carro foi de encontro ao poste.


b) A decisão irrefletida do diretor-presidente foi de encontro ao pensamento racional dos demais
diretores.

2) ACERCA DE X A CERCA DE X HÁ CERCA DE

A. Acerca de: sobre, a respeito de.

Fala acerca de políticas públicas.

B. (a) cerca de: perto de, aproximadamente, a uma distância aproximada de.

Mora a cerca de dez quadras do centro da cidade.

Cerca de duas horas depois da missa o padre faleceu.

C. Há cerca de: faz (tempo decorrido) aproximadamente, existe(m) aproximadamente

Trabalha há cerca de cinco anos.

Há cerca de quinhentos sem-terra acampados na porteira da fazenda.

3) MAL X MAU

1) MAL
a) oposto de bem

1. O time jogou mal. (Advérbio)


2. O "mal-do-século" foi difundido no Romantismo.
(Substantivo)

b) = nem bem
Mal o dia amanheceu, já tocavam a campainha.
(Conjunção temporal)

2) MAU (adjetivo)

= oposto de bom
O mau político nos faz descrer na política.
Os maus morrem cedo. (adj. substantivado)

66
UNIDADE 13 CONCORDÂNCIA NOMINAL

Trata da concordância adequada entre os nomes. Ou seja, o substantivo atrai para si a concordância de adjetivos,
numerais, pronomes e artigos. Já o advérbio, também um nome, não concorda com nenhum termo, pois é invariável.

1 – Casos Especiais de Concordância Nominal

1. Compramos (trezentos – trezentas) gramas de queijo.


A. Substantivos de origem grega terminados:
em -ma, são geralmente masculinos.
Exs.: anátema, estratagema, plasma, axioma, eczema, estigma, trema, edema, hematoma.
Exceções: cataplasma, grama (lat.=relva), celeuma (lat.), fleuma.

2. A candidata estava (meio – meia) nervosa.


Elas chegaram meio abatidas.
Elas comeram meia pizza.
A. A palavra meio varia quando empregada como adjetivo. Permanece invariável, porém, quando empregada como
advérbio.
• Quando é numeral (meio = metade), concorda com a palavra a que se refere.
• Quando advérbio (meio = um pouco), é invariável.

3. Felizmente, naquela cidade, temos (bastantes – bastante) amigos.


A. Essa palavra pode ser pronome indefinido ou advérbio.
I – Quando é pronome, concorda com o substantivo a que se refere. Essa palavra pode ter plural.
II – Quando advérbio é invariável.
Na prática, para saber se a palavra bastante fica no singular ou plural, basta observar o seguinte:
• Bastantes (no plural) equivale a muitos/ muitas.
• Bastante (no plural) equivale a muito/ muita.

4. Geralmente, os funcionários daquela empresa começam a trabalhar ao meio-dia e meia, fazendo nos fins de
semana, diversas horas (extra – extras).
A. Extra com valor de adjetivo concordam normalmente com o substantivo;
B. Com o valor de prefixo são invariáveis.
São satélites extra-atmosféricos.

5. Só – Sós
Eles caminhavam sós pela noite escura.
Eles caminhavam só em noite escura.
A. A palavra só, como adjetivo, concorda em número com o termo a que se refere.
B. Como advérbio, significa apenas, somente e é invariável.

6. Anexo(s)/Anexa(s) – Em anexo
Remeto-lhe anexa(s) a(s) certidão(s).
Remeto-lhe anexo(s) o(s) certificado(s).
Remeto-lhe em anexo as duplicatas.
A. O adjetivo anexo concorda com o substantivo a que se refere em gênero e número.
B. Incluso, próprio, obrigado, agradecido, grato, quite, leso seguem a mesma regra.
C. Em anexo é invariável, pois é Locução Adverbial de modo.

7. Menos, alerta, pseudo


Havia menos alunas na aula.
Coloque menos água na sopa.
Temos de estar alerta ao perigo das drogas.
Os pseudo-médicos não são confiáveis.

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A. Menos é invariável, não tem feminino.
B. Alerta é advérbio, é invariável.
C. Pseudo é prefixo, não tem plural.

8. Caro/ Barato – Caros/ Baratos


Os vestidos custaram caro, mas as saias custaram barato.
Vestidos caros e saias baratas não existem mais.
A. Quando funcionam como advérbio, essas palavras são invariáveis.
B. Quando funcionam como adjetivos, concordam com o nome a que se referem.

9. Possível
Quando acompanha expressões superlativas:
O mais, o menos, o melhor, o pior, o os mais, os menos.
Variam conforme o artigo
Comprou alimentos o mais baratos possível.
Vestia roupas as mais caras possíveis.
Obs.: O adjetivo grifado varia normalmente, independentemente do artigo.

10. Mesmo
A. Com valor de próprio(a)(s) é pronome = variável.
B. Com valor de realmente é advérbio afirmativo = invariável.
Ela mesma falou conosco a verdade.
Ela falou conosco mesmo.
11. Expressões é bom / é necessário / é proibido
A. Com sujeito sem determinante (artigo, adjetivo etc.) = expressão invariável.
B. Com sujeito com determinante = expressão variável.

12. Um adjetivo para mais de um substantivo


A. Adjetivo Anteposto = concorda com o substantivo mais próximo.
B. Adjetivo Posposto = concorda com o substantivo mais próximo ou vai para o plural (prevalecendo o masculino sobre
o feminino)
Tive má ideia e pensamento.
Tive mau pensamento e ideia.
Encontramos um jovem e uma senhora preocupada/-dos.

13. Um substantivo para mais de um adjetivo.


A. Subst. no plural = sem artigos antes dos adjetivos.
B. Subst. no sing. = uso de artigos a partir do 2º adjetivo.
Estudava os idiomas inglês, francês e italiano.
Estudava o idioma inglês, o francês e o italiano.

2 – Flexão dos Adjetivos Compostos

1 – SÓ O ÚLTIMO
• Adj. + Adj.
Exs: tecidos verde-claros; políticas sócio-culturais
Exceções: surdo(a)(s)-mudo(a)(s); novo(a)(s)-rico(a)(s)
• Invariável + Adj
Exs: rapazes mal-educados; mulheres todo- poderosas
2 – NENHUM
• Adj. + Subst.(tonalidade de cor)
Exs: fardas verde-oliva, bermudas amarelo-limão
• Cor + de + Subst
Exs: blusas cor-de-rosa; bolsas cor de gelo
Obs.: sapatos gelo; calças vinho
Cuidado: camisas azul-celeste, azul-marinho, azul-ferrete – todos invariáveis
Guarde: Furta-cor(es); sem-terra(s); sem-teto(s)

68
UNIDADE 14 CONCORDÂNCIA VERBAL

Como fica a flexão do verbo na oração, em que pessoa, em que número? Geralmente, as suas flexões de pessoa e
número amparam-se nesta regra:
REGRA GERAL DE CONCORDÂNCIA VERBAL:
O verbo concordar com o seu sujeito. Mais especificamente, com o núcleo do sujeito. Como você viu nos conceitos
preliminares, via de regra, o sujeito é representado por substantivo ou palavra que desempenha função de substantivo,
como o pronome e outros termos substantivados.
Exs.:
1. Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser.
Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.

1 – Casos Especiais de Concordância Verbal

1 – SUJEITO SIMPLES
Regra geral: o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.
Ex.: Nós vamos ao cinema.
O verbo (vamos) está na primeira pessoa do plural para concordar com o sujeito (nós).

CUIDADO: Os inúmeros e terríveis furacões trazem destruição e mortes à Costa Leste dos EUA.
O verbo concorda com o único núcleo: FURACÕES. Os termos INÚMEROS e TERRÍVEIS são adjuntos adnominais
(características) de FURACÕES. Não estamos diante de um sujeito composto. É simples apenas: 1 só núcleo. O
substantivo manda. Os adjetivos obedecem!

O sujeito é formado de nomes que só aparecem no plural – se o sujeito não vier precedido de artigo, o
verbo ficará no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo.
Exs.: Estados Unidos é uma nação poderosa. (A tendência na imprensa, em geral, inclusive em manuais de redação
jornalística, é de, em manchetes, retirar o artigo e deixar o verbo no plural. Mas cuidado em suas redações. Procure
seguir a regra clássica: com artigo, verbo no plural; sem artigo, verbo no singular.)
Os Estados Unidos são a maior potência mundial.
2) O sujeito é constituído pelas expressões a maioria, a maior parte, grande parte etc. – o verbo poderá ser usado
no singular (concordância lógica) ou no plural (concordância atrativa).
Exs.: A maioria dos candidatos desistiu. /
A maioria dos candidatos desistiram.
2 – SUJEITO COMPOSTO
Regra geral: o verbo vai para o plural.
Ex.: João e Maria foram passear no bosque.
CASOS ESPECIAIS:
Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas gramaticais diferentes – o verbo ficará no plural seguindo-se
a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.
Ex.: Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª pessoa plural) amigos. O verbo ficou na 1ª pessoa porque
esta tem prioridade sobre a 3ª.
Ex: Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª pessoa do plural) amigos. O verbo ficou na 2ª pessoa porque
esta tem prioridade sobre a 3ª.

No caso acima, também é comum a concordância do verbo com a terceira pessoa.


Ex.: Tu e ele se tornarão amigos. (3ª pessoa do plural)
Se o sujeito estiver posposto, permite-se também a concordância porá atração com o núcleo mais próximo do verbo.
Ex.: Irei eu e minhas amigas.
b) Os núcleos do sujeito estão coordenados assindeticamente ou ligados por e – o verbo concordará com os
dois núcleos.
Ex.: A jovem e a sua amiga seguiram a pé.

69
Se o sujeito estiver posposto, permite-se a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo.
Ex.: Seguiria a pé a jovem e a sua amiga.
c) Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase) e estão no singular – o verbo poderá ficar no plural
(concordância lógica) ou no singular (concordância atrativa).
Exs.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se concentrar. /
A angústia e ansiedade não o ajudava a se concentrar.

d) Quando há gradação entre os núcleos – o verbo pode concordar com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o
núcleo mais próximo.
Exs.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam. /
Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.

e) Quando os sujeitos forem resumidos por nada, tudo, ninguém... – o verbo concorda com o aposto resumidor.
Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu.

OUTROS CASOS:
1) Verbos impessoais
São aqueles que não possuem sujeito, ficarão sempre na 3ª pessoa do singular.
Exs.: Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar.
Deve haver sérios problemas na cidade.
Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar.

2) Coletivo
Quando o sujeito for um substantivo coletivo, como, por exemplo, bando, multidão, matilha, arquipélago, trança,
cacho, etc., ou uma palavra no singular que indique diversos elementos, como, por exemplo, maioria, minoria,
pequena parte, grande parte, metade, porção, etc., poderão ocorrer três circunstâncias:

A) O coletivo funciona como sujeito, sem acompanhamento de qualquer restritivo:


Nesse caso, o verbo ficará no singular, concordando com o coletivo, que é singular.
Exs.
• A multidão invadiu o campo após o jogo.
• O bando sobrevoou a cidade.
• A maioria está contra as medidas do governo.
B) O coletivo funciona como sujeito, acompanhado de restritivo no plural:
Nesse caso, o verbo tanto poderá ficar no singular, quanto no plural.
Exs.
• A multidão de torcedores invadiu / invadiram o campo após o jogo.
• O bando de pássaros sobrevoou / sobrevoaram a cidade.
• A maioria dos cidadãos está / estão contra as medidas do governo.

70
UNIDADE 15 REGÊNCIA VERBAL

Dá-se quando o termo regente é um verbo e este se liga a seu complemento por uma preposição ou não. Aqui é
fundamental o conhecimento da transitividade verbal.

A preposição, quando exigida, nem sempre aparece depois do verbo. Às vezes, ela pode ser empregada antes do
verbo, bastando para isso inverter a ordem dos elementos da frase (Na rua dos Bobos, residia um grande poeta).
Outras vezes, ela deve ser empregada antes do verbo, o que acontece nas orações iniciadas pelos pronomes relativos
(O ideal a que aspira é nobre).

REGÊNCIAS DE ALGUNS VERBOS ESPECIAIS

1. AGRADAR

No sentido de acariciar ou contentar (pede objeto direto - não tem preposição).

Ex.: Agrado minhas filhas o dia inteiro / Para agradar o pai, ficou em casa naquele dia.

No sentido de ser agradável, satisfazer, (pede objeto indireto - tem preposição "a" ou direto).

Ex.: As medidas econômicas do Presidente nunca agradam (a)o povo.

2. ASPIRAR

No sentido sorver, absorver, (pede objeto direto - não tem preposição)

Ex.: Aspiro o ar fresco de Rio de Contas.

No sentido de almejar, objetivar, (pede objeto

indireto - tem preposição "a")

Ex.: Ele aspira à carreira de jogador de futebol

Observação - não admite a utilização do complemento lhe. No lugar, coloca-se a ele, a ela, a eles, a elas.

3. ASSISTIR

No sentido de ver ou ter direito (TI - prep. A).

Ex.: Assistimos a um bom filme / Assiste ao trabalhador o descanso semanal remunerado.

No sentido de prestar auxílio, ajudar (TD ou TI - com a prep. A)

Ex.: Minha família sempre assistiu o Lar dos Velhinhos. / Minha família sempre assistiu ao Lar dos Velhinhos.

No sentido de morar é intransitivo, mas exige preposição EM.

Ex.: Aspirando a um cargo público, ele vai assistir em Brasília..

Observação - não admite a utilização do complemento lhe, quando significa ver. No lugar, coloca-se a ele, a ela, a
eles, a elas.

4. CERTIFICAR (TD e I)

Admite duas construções: Quem certifica, certifica algo a alguém ou Quem certifica, certifica alguém de algo.

Ex.: Certifico-o de sua posse / Certifico-lhe que seria empossado / Certificamo-nos de seu êxito no concurso / Certificou
o escrivão do desaparecimento dos autos

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5. CHAMAR

TD (e I), quando significar convocar.


Ex.: Chamei todos os sócios para participarem da reunião.
TI, com a prep. POR, quando significar invocar.
Ex.: Chamei por você insistentemente, mas não me ouviu.
TD e I, com a prep. A, quando significar repreender.
Ex.: Chamei o menino à atenção, pois estava conversando durante a aula / Chamei-o à atenção.

Observações

a) A expressão "chamar a atenção de alguém" não significa repreender, e sim fazer se notado (O cartaz chamava a
atenção de todos que por ali passavam)

b) Pode ser TD ou TI, com a prep. A, quando significar dar qualidade. A qualidade (predicativo do objeto) pode vir
precedida da prep. DE, ou não.
Ex.: Chamaram-no irresponsável / Chamaram-no de irresponsável / Chamaram-lhe irresponsável / Chamaram-lhe de
irresponsável.

6. CHEGAR, IR (Intrans.)
Aparentemente eles têm complemento, pois quem vai, vai a algum lugar e quem chega, chega de. Porém a indicação
de lugar é circunstância (adjunto adverbial de lugar), e não complementação.
Esses verbos exigem a prep. A, na indicação de destino, e DE, na indicação de procedência.

Observações

a) quando houver a necessidade da prep. A, seguida de um substantivo feminino (que exija o artigo a), ocorrerá crase
(Vou à Bahia)
b) No emprego mais frequente, usa-se a preposição A, e não EM.
Ex.: Cheguei tarde à escola. / Foi ao escritório de mau humor.
c) Se houver ideia de permanência, o verbo ir segue-se da preposição PARA.
Ex.: Se for eleito, ele irá para Brasília.
d) Quando indicam meio de transporte no qual se chega ou se vai, então exige-se EM.
Ex.: Cheguei no ônibus da empresa. / A delegação irá no voo 300.

7. CUSTAR

No sentido de ser difícil será TI, com a prep. A. Nesse caso, terá como sujeito aquilo que é difícil, nunca a pessoa,
que será objeto indireto.
Ex.: Custou-me acreditar em Hipocárpio. / Custa a algumas pessoas permanecer em silêncio.

No sentido de causar transtorno, dar trabalho será TD e I, com a prep. A.

Ex.: Sua irresponsabilidade custou sofrimento a toda a família

No sentido de ter preço será intransitivo

Ex.: Estes sapatos custaram R$ 50,00.

8. ESQUECER, LEMBRAR
Quando pronominais, são TI e constroem-se com DE.
Ex.: Ela se lembrou do namorado distante. Você se esqueceu da caneta no bolso do paletó.

Constroem-se sem preposição (TD), se desacompanhados de pronome.

Ex.: Você esqueceu a caneta no bolso do paletó. Ela lembrou o namorado distante

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9. FALTAR, RESTAR E BASTAR

Podem ser intransitivos ou TI, com a prep. A.


Ex.: Muitos alunos faltaram hoje / Três homens faltaram ao trabalho hoje / Resta aos vestibulandos estudar bastante.

10. IMPLICAR
TD e I com a prep. EM, quando significar envolver alguém.
Ex.: Implicaram o advogado em negócios ilícitos.

TD, quando significar fazer supor, dar a entender; produzir como consequência, acarretar.

Ex.: Os precedentes daquele juiz implicam grande honestidade / Suas palavras implicam denúncia contra o
deputado.

TI com a prep. COM, quando significar antipatizar.


Ex.: Não sei por que o professor implica comigo.

11. INFORMAR (TD e I)


Admite duas construções: Quem informa, informa algo a alguém ou Quem informa, informa alguém de algo.
Ex.: Informei-o de que suas férias terminou / Informei-lhe que suas férias terminou

12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE


Intransitivos - Seguidos da preposição EM e não com a preposição A, como muitas vezes acontece.
Ex.: Moro em Londrina / Resido no Jardim Petrópolis / Minha casa situa-se na rua Cassiano.

13. NAMORAR (TD ou TI)


Ex.: Ela namorava (com) o filho do delegado /
O mendigo namorava a torta que estava sobre a mesa.
Obs.: Quando o objeto é pessoa, já pode ser considerado VTI.

14. OBEDECER, DESOBEDECER (TI)


Ex.: Devemos obedecer às normas. / Por que não obedeces aos teus pais?

Observação – alguns gramáticos preceituam que sejam verbos TI que admitem formação de voz passiva

15. PAGAR, PERDOAR


São TD e/ou I, com a prep. A.
O objeto direto sempre será a coisa, e o objeto indireto, a pessoa.
Ex.: Paguei a conta ao Banco / Perdoo os erros ao amigo

Observação - as construções de voz passiva com esses verbos são comuns na fala, mas agramaticais

16. PRECISAR
No sentido de tornar preciso (pede objeto direto).
Ex.: O mecânico precisou o motor do carro.
No sentido de ter necessidade (pede OI, com a preposição de).
Ex.: Preciso de bom digitador.

17. PREFERIR (TD e I)


Não se deve usar mais, muito mais, antes, mil vezes, nem que ou do que.
Ex.: Preferia um bom vinho a uma cerveja.

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18. PROCEDER
TI, com a prep. A, quando significar dar início ou realizar.
Ex.: Os fiscais procederam à prova com atraso. / Procedemos à feitura das provas.

TI, com a prep. DE, quando significar derivar-se, originar-se ou provir.


Ex.: O mau-humor de Pedro procede da educação que recebeu. / Esta madeira procede do Paraná.

Intransitivo, quando significar conduzir-se ou ter fundamento.


Ex.: Suas palavras não procedem! / Aquele funcionário procedeu honestamente.

19. QUERER
No sentido de desejar, ter a intenção ou vontade de, tencionar (TD)
Ex.: Quero meu livro de volta / Sempre quis seu bem
No sentido de querer bem, estimar (TI - prep. A).
Ex.: Maria quer demais a seu namorado. / Queria-lhe mais do que à própria vida.

20. SIMPATIZAR E ANTIPATIZAR (TI)


Com a prep. COM. Não são pronominais, portanto não existe simpatizar-se, nem antipatizar-se.
Ex.: Sempre simpatizei com Eleodora, mas antipatizo com o irmão dela.

21. VISAR
No sentido de ter em vista, objetivar (TI - prep. A)
Ex.: Não visamos a qualquer lucro. / A educação visa ao progresso do povo.
No sentido de apontar arma ou dar visto (TD)
Ex.: Ele visava a cabeça da cobra com cuidado / Ele visava os contratos um a um.

Observação - se TI, não admite a utilização do complemento lhe. No lugar, coloca-se a ele (a/s)
• Sinopse:
a) São estes os principais verbos que, quando TI, não aceitam LHE/LHES como complemento, estando em seu lugar
a ele (a/s) - aspirar, visar, assistir (ver), aludir, referir-se, anuir.
b) Avisar, advertir, certificar, cientificar, comunicar, informar, lembrar, noticiar, notificar, prevenir são TD e I, admitindo
duas construções: Quem informa, informa algo a alguém ou Quem informa, informa alguém de algo.
c) Verbos que podem ser usados como TD ou TI, sem alteração de sentido: abdicar (de), acreditar (em), almejar (por),
ansiar (por), anteceder (a), atender (a), atentar (em, para), cogitar (de, em), consentir (em), deparar (com),
desdenhar (de), gozar (de), necessitar (de), preceder (a), precisar (de), presidir (a), renunciar (a), satisfazer (a),
versar (sobre)

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UNIDADE 16 REGÊNCIA NOMINAL

Não podemos esquecer de que existe uma relação de dependência existente entre um nome, podendo ser:
Substantivo, adjetivo e advérbio e seu complemento.

Exemplo:
A construção do muro será feita.
Ela é digna de piedade.
Agi contrariamente à lógica.

ATENÇÃO:
Quando nós estudamos o termo COMPLEMENTO NOMINAL, verificamos que a palavra é de significação incompleta
e pede um termo obrigatoriamente preposicionado.
Veja:
Ele é digno...
Você pergunta– é digno de quê?
Este: “de que” é o que completa o sentido do nome"digno";logo, Ele é digno de respeito.

Alguns exemplos de palavras regidas por preposição que introduzem complementos nominais:

1. Temos confiança no governo.


2. Tenho ódio ao político.
3. Independentemente de nossa vontade.
4. O fumo é prejudicial à saúde.
5. Não se esqueça de que ele é útil para nós.
6. Isto é bom para mim.
7. A obediência aos pais é bom.
8. Ele tem medo de escuro.
9. Ele está apto para a vida.

1 – Alguns Substantivos, Adjetivos, Advérbios e Suas Regências

Assim como há verbos de predicação incompleta que pedem um objeto direto ou indireto para integrar o seu sentido,
há também substantivos, adjetivos e advérbios. Eles têm predicação incompleta e pedem um complemento que se
chama na NGB de complemento nominal.

Sirvam de exemplos: 4: Benquisto a, com ou de:

1: Abalizado em: Somos benquisto a todos, com todos e de todos.

Ele é abalizado em botânica. 5: Candidato a ou de:

2: Abundante de, em: Você é candidato ao cargo ou do cargo.

Terra abundante em ou de águas. 6: Cuidado com, de, em, para, com, por, sobre:

3: Ação por ou contra: Tenhamos cuidado com, da, na, para, para com, pela,
sobre a Pátria.
Movi uma ação contra o deputado e outra pela igualdade
social. 7: Difícil a, de, em, para:

Problema de difícil de solução a ou para mim

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8: Divergência com, em, sobre: 20: Ornado de, com:

Não andes em divergências com os amigos, em A vida deve andar ornada de ou com virtudes.
pequenas questões, sobre qualquer coisa.
21: Participação a, de, em:
9: Esperançoso de ou em:
O operário terá participação dos ou nos lucros da
Ando esperançoso de sucessos. empresa.
O homem é esperançoso de sucessos. Isto não causa preocupação aos bons.

10: Fácil a, de em para: 22: Próximo a, de:

Alma fácil às alegrias. A cidade fica próxima ao ou do mar.


Problema fácil de solução, fácil no começo e no fim.
''E uma obrigação fácil para todos. 23: Querido a, de, em, por:

11: Fecundo de quem: Ele é querido a, de, por todos.


Ela é querida no seu meio.
É uma leitura fecunda de ou em lições.
24: Repugnância a, com, de, em, para, por:
12: gosto a, de, em, para, por:
A usura causa repugnância ao cristão.
Tenho muito gosto aos, dos, nos, para, pelos estudos de Isto anda em repugnância com o pecado.
literatura. Ter repugnância da ou falsidade alheia.
Tenho repugnância para ou por este assunto.
13: Honra a ou de:
25: Saudade de, por:
Este volume é em honra ao ou do morto.
Ó que saudades que eu tenho da aurora da minha vida.
14: Indiferente a, com, diante de, em, para, para com, Curtimos saudade pelo bem passado.
perante, respeito a, sobre:
26: Sequioso de, por:
Os egoístas ficam indiferentes ao, com, diante, para, para
com, perante, respeito ao mal alheio. Homens sequiosos de, por glórias.
Sou indiferente em política.
27: Terrível com, contra, para:
15: Interesse de, em, para, por: O vício é terrível com, contra, para todos.

Tenho interesse de tudo, em tudo, em todos. 28: Urgência de, em:


Isso é interesse para você. tenho urgência da ou na solução.

16: Justo com, em, para com: 29: Vazio de:

O juiz era justo com ou para com todos, em tudo. Homens vazios do essencial.

17: Louco de, por: 30: Zeloso de, em, por:

Há loucos de amor e por amor. Zeloso da, na, pela religião.

18: Mordido de, por: 31: Agradavelmente a, para, para com:

Você anda mordido de ou pelo ciúme. Você agiu agradavelmente a, para, para com todos.
19: Necessidade de, para:
32: Demais para:
Tenho necessidade de todos.
Há necessidade de Deus, para todos. A felicidade é demais para o mundo terreno.

33: Favoravelmente a, para:

O juiz não deu a sentença favoravelmente a, para todos.

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UNIDADE 17 CRASE

1 – Definição

Crase não é o acento! O acento (') denomina-se grave.


Crase é, portanto, fusão.
É o fenômeno da contração da preposição “a” com, por exemplo, o artigo “a”.

2 – Pode Ocorrer Crase

a) Nos objetos indiretos:


Exemplos:
Dei um presente à amiga.
Narrei um fato às colegas.
Assistimos às comemorações.

b) Nos complementos nominais:


Exemplos:
O respeito às leis é um dever.
A assistência às viúvas é uma necessidade.

c) Nos adjuntos adverbiais:


Exemplos:
Eu vou à lendária Manaus.
Nós vamos à reunião.
Obs.: Com o Adjunto Adverbial de Instrumento a crase, modernamente, é tida como facultativa, sobretudo com a
intenção de se evitar ambiguidade.
Feriu o amigo a/à faca.

NOTA: Via de regra, não se emprega acento grave com palavra que funciona como:
1 – Sujeito
Exemplo: A menina saiu.
2 – Objeto direto
Exemplo: Comprei a casa.
3 – Adjunto adnominal
Exemplo: Os meninos, as meninas, todos passaram.
d) Diante dos demonstrativos: a, aquele, aquela, aquilo, usa-se a crase no "a" de aquela, no "a" de aquilo, no
"a" de aquele:
Exemplos:
Referiu-se àquele que estava ali.
Assistência àquelas pobres meninas.
Obedecia àquela exigência.

e) O substantivo feminino pode estar subentendido:


Exemplo: Sujeitou a rima do primeiro verso à do segundo

f) Diante de possessivo em referência a substantivo oculto:


Exemplo: Refiro-me a minha lista de preços e não à sua (lista).

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g) Para evitar ambiguidade:
Exemplos:
Morrer à fome.
Pegar à unha.
Receber à bala
Costurar à mão
Vendo à vista.

h) Diante de locuções constituídas de feminino plural:


Exemplos:
Às vezes, às ocultas, às claras, às escondidas, às quatro da manhã, às apalpadelas, às pressas, às tontas, às voltas,
às expensas, às escuras, às cegas, às direitas, às milmaravilhas, às moscas, às ordens etc.

CUIDADO: a sete chaves, a expensas de, etc. (a + palavra fem. plural)

i) Antes de nomes masculinos, subentendendo-se as palavras femininas "moda" ou "maneira":


Exemplos:
Ele se veste à Roberto Carlos
Tem estilo à Rui
Vou cantar à Silvio Caldas.
Danças à cossaco.
Macarrão à italiana.

j) Diante de locuções constituídas do substantivo feminino singular:


Exemplos:
À toa, à roda, à espera, à força, à parte, à míngua de, à larga, à uma hora, à noite, à guisa de, à procura de, à pressa,
à vontade, à proporção que, à prova, à razão de, à medida que, à espreita, à baila, à falta de, à cunha, à direita, à guisa
de, à disposição de, à esquerda, à mercê de, à margem, à tona, à tarde, à surdina, à sorrelfa, à sombra, à saúde, à
risca, à revelia, à razão de, à rédea solta, à custa de, etc.

k) Antes de numeral, referindo-se a "hora":


Exemplos:
Sairei à uma hora da manhã,
"Escreveu duas linhas de resposta, e à uma hora da tarde apeava-se de um tílburi".
(Machado de Assis – A Mão e a Luva-pág. 106)

l) Antes de nome próprio de pessoa, precedido de preposição, se o tratamento for íntimo ou familiar:
Exemplos:
"Ofereci um romance à dama".
"Quanto à Sara".

m) Nas expressões: devido a, relativo a, referente a, quanto a, com respeito a, obediência a, etc. devem ter o
"a" craseado, vindo antes de nomes femininos que estejam acompanhados de artigo, ou contraídas com o A
inicial do pronome AQUELE e seus derivados.
Exemplos:
Devido à morte do irmão.
Referente à prisão dos assassinos.

n) Em conjunção subordinada adverbial proporcional: à proporção que, à medida que

Exemplo: À proporção que chove, o rio sobe.

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3 – Casos Especiais de Crase

1. CASA
A fusão de “a” + “a” só ocorre antes da palavra casa se houver uma expressão que a determine.

Exemplos comentados:
a) Voltou apressado à casa de Cristina.
A crase acontece porque o verbo voltar (intransitivo) mas rege a preposição “a” no adjunto adverbial de lugar, e a
palavra casa, determinada, aceita artigo “a”. Função sintática de “à casa de Cristina”: adjunto adverbial de lugar.
b) Voltou apressado a casa para trocar de roupa.
A crase não acontece; o verbo voltar (intransitivo) exige preposição “a”, mas a palavra casa, indeterminada, não aceita
artigo a.
Função sintática de “a casa”: adjunto adverbial de lugar.
c) Já completara dezoito anos e não conhecia a casa paterna.
A crase não acontece porque o verbo conhecer é transitivo direto (não aceita preposição). Neste caso, temos apenas
o “a” artigo, exigido pela palavra casa que está determinada.
Função sintática de “a casa paterna”: objeto direto de conhecer.

2. DISTÂNCIA
A palavra distância só pode ser antecedida de “a” com acento grave quando está determinada. Considera-se a
distância determinada quando se conhece o tamanho, a medida da distância. Se a determinação não é clara, o acento
grave não deve ser usado.
Fiz um curso a distância.
A casa ficava à distância de um quilômetro da praia.
CUIDADO: Se a palavra distância não estiver escrita, não ocorre crase.
A casa ficava a um quilômetro da praia.

3. PALAVRA TERRA
Não acontecerá o fenômeno da crase se a palavra terra estiver em oposição à ideia de bordo, ou seja, se tivermos a
ideia de que alguma coisa ou alguém está na água (barco, navio)
Fora disso, a palavra aceita artigo e, consequentemente, crase.
O barco voltou a terra.
O barco voltou à terra firme.
Os astronautas voltaram à Terra.

4 –Crase Facultativa

a) Até a
Exemplos:
Ele foi até à feira.
Ele foi até a feira.

ATENÇÃO:
Observe que o emprego de ATÉ A temos que prestar atenção na clareza ou verificar o conteúdo do que se quer dizer.
Veja o exemplo:
A água inundou a rua até à casa de Manuela. (a água chegou perto da casa de Manuela)
Se não houvesse o sinal da crase, o sentido ficaria ambíguo.
A água inundou a rua até a casa de Manuela. (inundou inclusive a casa de Manuela).

b) Antes de pronomes possessivos com substantivo expresso


Exemplos:
Dirigiu-se à minha casa.
Dirigiu-se a minha casa.

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c) Antes de nomes próprios femininos de pessoa
Exemplos:
As alusões eram feitas à Sebastiana.
As alusões eram feitas a Sebastiana.

d) Nas locuções femininas de instrumento


Como já frisei, modernamente, considera-se facultativa a crase nesse caso.

O bandido foi morto a/à bala.

(particularmente, sugiro manter a locução de instrumento sem acento grave, salvo para se evitar ambiguidade -

Fez o trabalho à maquina).

5 – Crase Proibida

1) Antes de nomes próprios geográficos.

OBSERVAÇÃO:

Geralmente, nomes de cidades não vêm acompanhados de artigo feminino.


Exemplos:
Iremos a Fortaleza.
Voltaremos a Natal.
Foram a Cuba.

NOTA: Não podemos esquecer que se os nomes tiverem adjuntos, então ocorrerá a crase.
Exemplo:
Iremos à linda Fortaleza.

2) Antes do artigo indefinido "uma".

Exemplos:
Vamos a uma reunião.
Temos de ir a uma festa.

3) Antes de pronomes relativos

Exemplo:
Eis a mulher, a cuja empregada enviamos donativos.

OBSERVAÇÃO:
Só ocorre crase antes do pronome relativo "QUE" sendo o "a" pronome demonstrativo.
Exemplos:
Eis a minha história e outra à que fez referência.
Refiro-me à que comprei ontem.

– Se o "a" se transforma em "ao", haverá crase antes do pronome relativo.


Porém, se o "a" permanece inalterado ou se transforma em "o" então não haverá crase, é preposição pura ou pronome
demonstrativo.

Exemplos:
A escola a que me refiro precisa de professor.
(O colégio a que me refiro precisa de professor.)
A cantina a que me refiro precisa de empregados.
(O restaurante a que me refiro precisa de empregados.)

Veja com atenção:


A rua em que moro é perpendicular à que vai dar na praça.
(O bairro em que moro é perpendicular ao que vai dar na praça.)

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A carreira à qual aspiro é almejada por todos.
(O cargo ao qual aspiro é almejado por todos.)

4) Antes de pronomes interrogativos


Exemplos:
A que pessoa se refere você ?
A qual menina daremos o carro ?

5) Antes de pronomes pessoais e formas de tratamento


Exemplos:
Não dizem nada a ela.
Quero falar a Vossa Reverendíssima.

Exceção feita para a palavra senhora, senhorita, dona, em sendo pronomes de tratamento.
Exemplo:
Refiro-me à senhora.
Refiro-me à excelentíssima senhora.

6) Antes da palavra que estiver no plural e precedida de mera preposição "a" no singular
Exemplos:
Assistimos a cenas maravilhosas.
Estava sujeito a privações.

7) Diante de palavra de sentido indefinido: uma, cada, certa, qualquer, toda, alguma.
Exemplos:
Falou a qualquer pessoa.
Disse a cada mulher.
Avisou a uma menina.
OBSERVAÇÃO:
Não podemos esquecer que em se tratando de "uma", referindo-se a "hora", coloca-se a crase.
Exemplo: Chegamos à uma e saímos às duas.

8) Antes de nomes masculinos (geralmente)


Exemplos:
Falei a José.
Louvamos a Deus.
Fiz um gol à Pelé. (à moda de)

9) Diante de verbo
Exemplos:
Ficou a ver navios.
Este ano sou obrigado a estudar.

10) Nas locuções adverbiais formadas com a repetição do mesmo termo, (mesmo sendo nome feminino, por
se tratar de pura preposição)
Exemplo:
De hora a hora.
Gota a gota.
Cara a cara.
CUIDADO: Declarei guerra à guerra.

11) Antes da palavra "hora" não determinada.


Exemplo: Impossível, a uma hora desta, encontrar guardas de trânsito.
Mas: À uma da madrugada, era impossível atravessar aquela viela escura.

81
Unidade 18 COLOCAÇÃO PRONOMINAL

É a parte da gramática que trata da correta colocação dos pronomes oblíquos átonos na frase, e seu posicionamento
em relação ao verbo.

Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas devem ser
observadas, sobre tudo, na linguagem escrita.

Relembrando:

Pronomes Pessoais:

Retos

eu
tu
ele, ela
nós
vós
eles, elas

Oblíquos Átonos (sem preposição) – estes é que nos interessam agora!

ME
TE
SE, O, A, LHE
NOS
VOS
SE, OS, AS, LHES

Oblíquos Tônicos (com preposição)

conosco
convosco
si, consigo, eles, elas
mim, comigo
ti, contigo
si, consigo, ele, ela

1 – Casos de Colocação Pronominal

1 – PRÓCLISE: É a colocação pronominal antes do verbo. A próclise é usada:

I) Quando o verbo estiver precedido de palavras que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:

a) Palavra de sentido negativo: não, nunca, ninguém, jamais, etc.


Ex.: Não se esqueça de mim.

Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, jamais etc

b) Advérbios. (não há consenso)


Ex.: Agora se negam a depor.

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c) Conjunções subordinativas.
Ex.: Soube que me negariam.

CONJUNÇÕES INTEGRANTES - Que, se

CONJUNÇÕES ADVERBIAIS - Como, porque, já que, visto que, uma vez que Conquanto, ainda que, mesmo que, se
bem que, posto que, por mais que, por menos que, apesar de que, sem que (= embora não)
Se, caso, desde que, a menos que, salvo se, dado que, a menos que, a não ser que
Conforme, consoante, segundo, de modo que, de forma que, de maneira que
A fim de que, para que; À medida que, à proporção que, ao passo que
Quando, sempre que, logo que, antes que, depois que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, até que, mal

d) Pronomes relativos.
Ex.: Identificaram duas pessoas que se encontravam desaparecidas.

Pronomes Relativos
que, quem, onde, o qual, a qual, os quais, as quais
cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas

e) Pronomes indefinidos.
Ex.: Poucos te deram a oportunidade.

Pronomes Indefinidos:
alguém, algo, cada, nada, ninguém, outrem, tudo
algum, alguma, alguns, algumas, certo, certa, certos, certas
muito, muita, muito, muitas
nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas
outro, outra, outros, outras
pouco, pouca, poucos, poucas
qualquer, quaisquer
tanto, tanta, tantos, tantas
todo, toda, todos, todas
vário, vária, vários, várias

e) Pronomes demonstrativo. (não há consenso)


Ex.: Disso me acusaram, mas sem provas.

Pronomes Demonstrativos:
este , esta, isto Estes, estas, isto
esse, essa, isso Esses, essas, isso
aquele, aquela, aquilo aqueles, aquelas, aquilo

II) Orações iniciadas por palavras interrogativas.


Ex.: Quem te fez a encomenda?

III) Orações iniciadas por palavras exclamativas.


Ex.: Quanto se ofendem por nada!

IV) Orações que exprimem desejo (orações optativas).


Ex.: Que Deus o ajude.

83
2 – MESÓCLISE: É a colocação pronominal no meio do verbo. A mesóclise é usada:

I) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
precedidos de palavras que exijam a próclise.
Exs.: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em prol da paz no mundo.

Não fosse os meus compromissos, acompanhar-te-ia nessa viagem.

3 – ÊNCLISE: É a colocação pronominal depois do verbo. A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:

I) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo.


Ex.: Quando eu avisar, silenciem-se todos.

II) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal.


Ex.: Não era minha intenção machucar-te.

III) Quando o verbo iniciar a oração.


Ex.: Vou-me embora agora mesmo.

IV) Quando o verbo estiver no gerúndio.


Ex.: Recusou a proposta, fazendo-se de desentendida.

O pronome poderá vir proclítico quando o infinitivo estiver precedido de preposição ou palavra atrativa.

Ex.: É preciso encontrar um meio de não o magoar./


É preciso encontrar um meio de não magoá-lo.

2 – Colocação Pronominal nas Locuções Verbais

1) Quando o verbo principal for constituído por um particípio.

a) O pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar.


Ex.: Haviam-me convidado para a festa.

b) Se, antes do locução verbal, houver palavra atrativa, o pronome oblíquo ficará antes do verbo auxiliar ou antes do
principal.
Ex.: Não me haviam convidado para a festa./ Não haviam me convidado.

Se o verbo auxiliar estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito, ocorrerá a mesóclise, desde que não haja
antes dele palavra atrativa.
Ex.: Haver-me-iam convidado para a festa.

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