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ECONÔMICA FEDERAL
PORTUGUÊS EM QUESTÃO –
AUGUSTO CUNHA
APOIO TEÓRICO
E QUESTÕES EXTRAS
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ÍNDICE
3. Tipologia textuais.
4. Argumentação e Persuasão
6. Organização Textual
8. Ortografia Oficial
11. Pontuação.
12. Significação das palavras: homonímia e paronímia. Uso de “há” (verbo) e “a” (preposição).
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CURSO CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
PORTUGUÊS EM QUESTÃO – AUGUSTO CUNHA
APOIO TEÓRICO E QUESTÕES EXTRAS
CONCEITOS PRELIMINARES:
TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de
produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A
essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se
uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente
daquele inicial.
NTERTEXTO - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de
citações. Esse tipo de recurso denomina-se INTERTEXTO.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova.
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Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
INTERPRETAÇÃO X INTELECÇÃO
(COMPREENSÃO) DE TEXTOS
Veja as diferenças:
• Compreensão de texto – consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto.
Os comandos de compreensão (está no texto) são:
o Segundo o texto...
o O autor/narrador do texto diz que...
o O texto informa que...
o No texto...
o Tendo em vista o texto...
o De acordo com o texto...
o O autor sugere ainda...
o O autor afirma que...
o Na opinião do autor do texto...
• Interpretação de texto – consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. Os comandos de
Interpretação (está fora (além) do texto) são:
o Depreende-se/infere-se/conclui-se do texto que...
o O texto permite deduzir que...
o É possível subentender-se a partir do texto que...
o Qual a intenção do autor quando afirma que...
o O texto possibilita o entendimento de que...
o Com o apoio do texto, infere-se que...
o O texto encaminha o leitor para...
o Pretende o texto mostrar que o leitor...
o O texto possibilita deduzir-se que...
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Entenda: Enquanto a compreensão de texto trabalha com as frases e ideias escritas no texto, ou seja, aspectos
visíveis, mesmo que com outras palavras, a interpretação de textos trabalha com a subjetividade, com o SEU
entendimento do texto, desde que com lógica e coerência.
Após a leitura do(s) texto(s) na sua prova, leia as perguntas propostas. Você perceberá que algumas questões
incidem sobre o conjunto do texto: estas podem ser respondidas diretamente. Mas há outras questões que incidem
sobre trechos, sobre passagens específicas do texto: estas, para serem respondidas, exigem uma volta ao texto.
Quando a prova é de questões discursivas, expositivas, temos mais liberdade para encaminhar nossas repostas.
Nesse caso, é preciso muita atenção quanto ao enunciado, para que você responda realmente o que está sendo pedido
e não incorra nos erros clássicos de entendimento de texto, que são basicamente três: extrapolação, redução e
contradição. Reconhecer estes erros, conhecer o processo lógico que ocorre em cada um deles, é de importância vital
para superá-los, ou seja, para que nossas respostas sejam claras e coerentes, adequadas ao texto. Vejamos um por
um:
1) Extrapolação
O erro de extrapolação, como o próprio nome indica, acontece quando saímos do contexto, quando acrescentamos
ideias que não estão presentes no texto. Ao extrapolar, vamos além dos limites do texto, viajamos além de suas
margens, fazemos outras associações, evocamos outros elementos, criamos a partir do que foi lido, deflagramos nossa
imaginação e nossa memória, abandonando o texto que era o nosso objeto de interpretação.
A extrapolação é muitas vezes um exercício de criatividade inadequada - porque nos leva a perder o contexto que
está em questão. Geralmente, o processo de extrapolação se realiza por associações evocativas, por relações
analógicas: uma ideia lembra outra semelhante e viajamos para fora do texto. Outras vezes, a extrapolação acontece
pela preocupação de se descobrir pressupostos das ideias do texto, pontos de partida bem anteriores ao pensamento
expresso, ou, ainda, pela preocupação de se tirar conclusões decorrentes das ideias do texto, mas já pertencentes a
outros contextos, a outros campos de discussão.
Reconhecer os momentos de extrapolação - sejam analógicos ou lógicos - significa conquistar maior lucidez, maior
capacidade de compreensão objetiva dos textos, do contexto que está em questão. Essa clareza é necessária e é
criadora: significa, inclusive, uma liberdade maior de imaginação e de raciocínio, porque os voos para fora dos textos
tornam-se conscientes, por opção, serão realizados por um projeto intencional, e não mais por incapacidade de
reconhecer os limites de um texto colocado em questão, nem por incapacidade de distinguir as próprias ideias das
ideias apresentadas por um texto lido.
2) Redução
Outro erro clássico em exercícios de entendimento de texto, erro oposto à extrapolação, é o que chamamos de
redução ou particularização indevida. Neste caso, ao invés de sairmos do contexto, ao invés de acrescentarmos outros
elementos, fazemos o inverso: abordamos apenas uma parte, um detalhe, um aspecto do texto, dissociando-o do
contexto. A redução consiste em privilegiarmos um elemento (ou uma relação) que é verdadeiro, mas não é suficiente
diante do conjunto, ou então que se torna falso porque passa ser descontextualizado. Prendemo-nos assim, a um
aspecto menos relevante do conjunto, perdendo de vista os elementos e as relações principais, ou antes, quebramos
este conjunto, fracionando inadvertidamente esse aspecto, isolando-o do contexto. Reconhecer os processos de
redução representa também um salto de qualidade em nossa capacidade de ler e entender textos, assim como em
nossa capacidade de perceber e compreender conjuntos de qualquer tipo, reconhecendo seus elementos e suas
relações.
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3) Contradição
O último erro clássico nas interpretações de texto, o mais grave de todos, é o da contradição. Por algum motivo -
uma leitura desatenta, a não percepção de algumas relações, a incompreensão de um raciocínio, o esquecimento de
uma ideia, a perda de uma passagem no desenvolvimento do texto - chegamos a uma conclusão contrária ao texto.
Como esse erro tende a ser mais facilmente reconhecido - por apresentar ideias opostas às ideias expressas pelos
textos - os testes de interpretação muitas vezes são organizados com uma espécie de armadilha: uma alternativa
apresenta muitas palavras do texto, apresenta até expressões inteiras do texto, mas com um sentido contrário. Um
leitor desatento ou/e ansioso provavelmente escolherá essa alternativa, por ser a mais “parecida” com o texto. Por ser
a que apresenta mais literalmente, mas “ao pé da letra”, elementos presentes no texto...
Exercícios de Exemplificação
Vamos ver alguns exemplos de erro - extrapolação, redução, contradição - a partir de textos em prosa e em poesia.
Muitos destes exemplos são colhidos em experiências de aula de interpretação. Ao aprender a reconhecer os erros,
você vai desenvolvendo uma clareza maior para sua prática de interpretar mais lucidamente os textos. Perceba,
também, como o resumo e a paráfrase são utilizados durante o processo interpretativo.
Leia atentamente os textos que se seguem. Faça a primeira leitura, a de entrar em contato, e, depois, faça a segunda
leitura, captando as ideias centrais. Procure fazer um pequeno resumo dos textos. Em seguida, verifique se você
cometeu algum erro de extrapolação, redução ou contradição.
1. A tradição e o moderno
A tradição é importante. É democrática quando desempenha a sua função natural de prover a nova geração com
conhecimentos das boas e más experiências do passado, isto é, a sua função de capacitá-la a aprender às custas dos
erros passados a fim de os não repetir. A tradição torna-se a ruína da democracia quando nega à geração mais nova
a possibilidade de escolha; quando tenta ditar o que deve ser encarado como “bom” e como “mau” sob novas condições
de vida. Os tradicionalistas fácil e prontamente se esquecem de que perderam a capacidade de decidir o que não é
tradição. Por exemplo, o aperfeiçoamento do microscópio não foi conseguido pela destruição do primeiro modelo: o
aperfeiçoamento foi realizado com a preservação e o desenvolvimento do modelo primitivo a par com um estágio mais
avançado do conhecimento humano. Um microscópio do tempo de Pasteur não capacita o pesquisador moderno a
estudar uma virose. Suponha agora que o microscópio de Pasteur tivesse o poder e o descaramento de vetar o
microscópio eletrônico.
Os jovens não sentiriam nenhuma hostilidade para com a tradição, não teriam na verdade senão respeito por ela
se, sem se arriscar, pudessem dizer: Isto nós o tomaremos de vocês porque é convincente, é justo, diz respeito também
à nossa época e passível de desenvolvimento. Aquilo, entretanto, não podemos aceitar. Era útil e verdadeiro para o
seu tempo - seria inútil para nós. E esses jovens deveriam preparar-se para ouvir dos seus filhos as mesmas palavras.
(Wilhelm Reich - A revolução sexual)
Observe alguns exemplos de extrapolação, redução e contradição, muito frequente na interpretação de textos.
Extrapolação: O texto fala sobre o papel dos cientistas na sociedade e sobre a importância da ciência para a
democracia, que é o melhor sistema de governo.
Redução: O texto fala sobre a importância do microscópio, importante instrumento de investigação científica.
Contradição: O texto afirma que a tradição sempre é um empecilho para o desenvolvimento do conhecimento humano.
Como você vê, no primeiro caso, a afirmativa sai dos limites do texto, volta-se para outro assunto (papel dos
cientistas na sociedade, ciência e democracia). No segundo caso, reduz-se o texto à questão do microscópio, que é
apenas um exemplo usado. No terceiro caso, conclui-se o oposto do que o texto afirma: a tradição seria sempre um
obstáculo.
A compreensão correta do texto apresentaria os seguintes elementos e relações:
✓ A importância da tradição;
✓ A tradição, quando é democrática fornece elementos sobre as experiências do passado;
✓ A tradição, quando é antidemocrática e tenta ditar o que é bom ou mau, em diferentes condições de vida;
✓ O exemplo do microscópio, nos dois casos.
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Ao analisar um texto dissertativo, identifique inicialmente o argumento principal, aquele que fundamenta a opinião
exposta. Em seguida, identifique as consequências decorrentes do que está sendo afirmado e por fim, a conclusão,
que é a reafirmação do argumento principal.
2. O mistério
O que podemos experimentar de mais belo é o mistério. Ele é a fonte de toda a arte e ciência verdadeira. Aquele
que for alheio a essa emoção, aquele que não se detém a admirar as colinas, sentindo-se cheio de surpresa, esse já
está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos. O que fez nascer a religião foi essa vivência do misterioso - embora
mesclado de terror. Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional e
radiantemente belo, algo que compreenderemos apenas em forma muito rudimentar - é esta a experiência que constitui
a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e unicamente neste sentido pertenço aos homens profundamente
religiosos.
(Albert Einstein - Como vejo o mundo)
Seguem alguns exemplos de erros no entendimento do texto.
Extrapolação: O texto fala sobre a importância de Deus e da religião, e sobre o mistério da criação do universo.
O texto afirma que todo cientista precisa ser artista e religioso, para poder compreender a natureza.
Redução: O texto afirma que o terror fez nascer a religião.
O texto afirma que a nossa compreensão dos fenômenos é ainda muito elementar.
Contradição: O texto afirma que quem experimenta o mistério está com os olhos fechados e não consegue
compreender a natureza.
O texto afirma que a experiência do mistério é um elemento importante para a arte, não para a ciência.
O texto apresenta, na verdade, várias ideias básicas:
✓ a caracterização dessa vivência: saber e sentir que existe algo - belo e racional - que compreendemos apenas
rudimentarmente;
✓ o sentido em que o autor se considera uma pessoa religiosa (e unicamente neste sentido
1. Coesão Textual
A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. Ou seja, a coesão textual é a conexão linguística que permite a
amarração das ideias dentro de um texto.
Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida pelas relações linguísticas, como os advérbios,
pronomes, o emprego de conectivos (preposições e conjunções), sinônimos, dentre outros.
Para ser melhor empregada, a coesão necessita de recursos, como palavras e expressões que têm como
objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos do texto. Esses recursos são chamados de
elementos de coesão.
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2. Coerência Textual
Coerência textual é o fator que possibilita o entendimento da mensagem transmitida no texto. Aliada à
coesão, a coerência tem como função a construção dos sentidos da textualidade.
Por meio da coerência, ocorre a concatenação das ideias do texto. Ou seja, a formação de uma cadeia de
ideias.
O texto que obedece à coerência transmite uma relação lógica de ideias que se complementam, não se
contradizem e conferem significado à mensagem. Quando o texto é coerente, o interlocutor apreende os
sentidos do texto.
A falta dela afeta a significação do texto, prejudica a relação com o interlocutor, a continuidade dos
sentidos e compreensão.
Um texto contraditório e redundante, ou cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto incoerente.
A incoerência compromete a clareza do discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Fatores de Coerência
São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, tendo em vista a sua abrangência.
Vejamos alguns:
a) Conhecimento de Mundo
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que são arquivados na nossa memória.
São o chamados frames (rótulos), esquemas (planos de funcionamento, como a rotina alimentar: café da
amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts (roteiros,
tal como normas de etiqueta).
(Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é incoerente. Isso porque “peru, panetone,
frutas e nozes” (frames) são elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa de carnaval.)
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b) Inferências
Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se partimos do pressuposto que os
interlocutores partilham do mesmo conhecimento.
Exemplo: Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são indianos.
Os principais conectivos utilizados são as conjunções, palavras responsáveis por relacionar partes da
oração ou orações de um período. Mas não basta decorar uma lista interminável de conjunções, é preciso
saber quando e como usar cada uma delas, já que na língua o contexto da comunicação, seja ela oral ou
escrita, é o fator que determinará a construção dos sentidos do texto.
Embora Marcelo tenha saído de casa com certa antecedência, chegou atrasado ao estádio para assistir
ao jogo que definiria os finalistas do campeonato, porque o trânsito estava congestionado.
A conjunção embora tem como principal função introduzir uma oração que encerra uma ideia de
concessão, algo fora do que se esperava, pois, apesar de ter saído de casa com certa antecedência,
Marcelo acabou se atrasando para assistir à partida de futebol. Já a conjunção porque inicia uma oração
que exprime ideia de causa: o trânsito estava congestionado, Marcelo não chegou a tempo para assistir ao
início da partida.
A) CAUSA X EFEITO
São dois polos semânticos que se harmonizam no contexto. A todo momento, empregamos conectivos em
frases que expressam a relação de causa e efeito. Mas, afinal, o que cada uma delas indica. Vejamos:
Alguns conectivos: porque, já que, haja vista que, visto que, por cauda de, graças a, em decorrência de
Alguns conectivos: por isso, portanto, então, assim, destarte, por conseguinte, tanto...que, tamanho...que
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B) CONCESSÃO– algo contrário ao que se espera. Veja o quadro abaixo:
Guarde bem:
C) A conjunção COMO
COMPARAÇÃO
CONFORMIDADE
CAUSA
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D) POIS: Causa ou efeito?
A conjunção pois pode indicar causa (explicação) ou efeito (consequência, resultado). Depende do
contexto e da posição dela em relação ao verbo da oração em que ela está inserida. Guarde:
Estudou a Reforma Ortográfica, pois queria estar a par das mudanças na língua.
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TABELA DE CONECTIVOS (CONJUNÇÕES E PRONOMES)
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II) A semântica das Preposições
As preposições formam mais um grupo de conectivos que interferem decisivamente nas relações de
sentido entre as partes do texto. Veja estes dois exemplos:
Constatamos a presença de duas preposições - devidamente demarcadas e idênticas. Mas será que
retratam o mesmo significado quando analisadas de forma contextual?
Para obter uma resposta para tal questionamento, faz-se necessário entendermos um aspecto bastante
pertinente – o fato de uma mesma preposição, quando analisada de acordo com o contexto em que se
encontra inserida, apresentar significados distintos.
É exatamente o que ocorreu com os exemplos supracitados, uma vez que se formos analisar as
preposições, tendo em vista o valor semântico por elas apresentado, concluiremos:
O sentido expresso pelo 1º enunciado é instrumento, do qual os alunos se utilizam para chegar a
casa.
O segundo já retrata uma ideia de matéria, ou seja, foi utilizada para a construção dos adornos.
Vejamos algumas ocorrências nas quais podemos constatar várias e distintas relações de sentido
provocadas pelas preposições:
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UNIDADE 3 TIPOLOGIA TEXTUAL
As tipologias textuais, também chamadas de tipos textuais ou tipos de texto, são as diferentes formas que um texto
pode apresentar, visando responder a diferentes intenções comunicativas.
Os aspectos constitutivos de um texto divergem mediante a finalidade do texto: contar, descrever, argumentar,
informar etc.
Diferentes tipos de texto apresentam diferentes características: estrutura, construções frásicas, linguagem,
vocabulário, tempos verbais, relações lógicas, modo de interação com o leitor.
É de salientar que um único texto pode apresentar passagens de várias tipologias textuais.
1. Narração
Modalidade em que um narrador, participante ou não, conta um fato, real ou fictício, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de
anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as
que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano.
É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.
Exemplo:
2. Descrição
Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de
palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais
abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade.
Significa "criar" com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da
personagem a que o texto se Pega. É difícil encontrar um texto exclusivamente descritivo. Normalmente
encontramos trechos descritivos inseridos numa narração ou dissertação. Tem predominância em gêneros como:
cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.
Objetiva: Predomina a descrição real do objeto, lugar ou pessoa descrita. Neste tipo de descrição não há a
interferência da opinião de quem descreve, há a tendência de se privilegiar o que é visto, em detrimento do sujeito
que vê.
Subjetiva: aparecem, neste tipo de descrição, as opiniões, sensações e sentimentos de quem descreve pressupondo
que haja uma relação emocional de quem descreve com o que foi descrito.
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Características do texto descritivo
- É um retrato verbal
- Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade entre as frases
- As classes gramaticais mais utilizadas são: substantivos, adjetivos e locuções adjetivas
- Como na narração há a utilização da enumeração e comparação
- Presença de verbos de ligação
- Os verbos são flexionados no presente ou no pretérito (passado)
- Emprego de orações coordenadas justapostas
Exemplo:
Alguns dados sobre Rudy Steiner
“Ele era oito meses mais velho do que Liesel e tinha pernas ossudas, dentes afiado, olhos azuis esbugalhados e
cabelos cor de limão. Como um dos seis filhos dos Steiner, estava sempre com fome. Na rua Himmel, era
considerado meio maluco ...”
3. Dissertação
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Dependendo do objetivo do
autor, pode ter caráter expositivo ou argumentativo.
3.1 Dissertação-Expositiva
Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta informações sobre assuntos, expõe,
reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um determinado
assunto. A intenção é informar, esclarecer.
Ex.: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais etc.
3.1 Dissertação-Argumentativa
Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto, além de explicar,
também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias.
Geralmente utiliza linguagem denotativa.
É tipo predominante em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais
e revistas.
Exemplo:
O advogado criminalista Dalio Zippin Filho explica por que é contrário à mudança na maioridade penal:
Diuturnamente o Brasil é abalado com a notícia de que um crime bárbaro foi praticado por um adolescente,
penalmente irresponsável nos termos do que dispõe os artigos 27 do CP, 104 do ECA e 228 da CF. A sociedade
clama por maior segurança. Pede pela redução da maioridade penal, mas logo descobrirá que a criminalidade
continuará a existir, e haverá mais discussão, para reduzir para 14 ou 12 anos. Analisando a legislação de 57 países,
constatou-se que apenas 17% adotam idade menor de 18 anos como definição legal de adulto.
Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma forma como fazemos com os adultos, estamos admitindo que eles
devem pagar pela ineficácia do Estado, que não cumpriu a lei e não lhes deu a proteção constitucional que é seu
direito. A prisão é hipócrita, afirmando que retira o indivíduo infrator da sociedade com a intenção de ressocializá-lo,
segregando-o, para depois reintegrá-lo. Com a redução da menoridade penal, o nosso sistema penitenciário entrará
em colapso.
Cerca de 85% dos menores em conflito com a lei praticam delitos contra o patrimônio ou por atuarem no tráfico de
drogas, e somente 15% estão internados por atentarem contra a vida. Afirmar que os adolescentes não são punidos
ou responsabilizados é permitir que a mentira, tantas vezes dita, transforme-se em verdade, pois não é o ECA que
provoca a impunidade, mas a falta de ação do Estado. Ao contrário do que muitos pensam, hoje em dia os
adolescentes infratores são punidos com muito mais rigor do que os adultos.
Apresentar propostas legislativas visando à redução da menoridade penal com a modificação do disposto no artigo
228 da Constituição Federal constitui uma grande falácia, pois o artigo 60, § 4º, inciso IV de nossa Carta Magna não
admite que sejam objeto de deliberação de emenda à Constituição os direitos e garantias individuais, pois se trata de
cláusula pétrea.
A prevenção à criminalidade está diretamente associada à existência de políticas sociais básicas e não à repressão,
pois não é a severidade da pena que previne a criminalidade, mas sim a certeza de sua aplicação e sua capacidade
de inclusão social.
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4. Injunção / Instrucional
Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no
modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo.
Exemplos: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para montagem ou uso de aparelhos e
instrumentos; textos com regras de comportamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas,
cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.).
-Instrucional: O texto apresenta apenas um conselho, uma indicação e não uma ordem.
-Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a orientação dada no texto é uma imposição.
Exemplo:
BOLO DE CENOURA
Ingredientes
Massa
3 unidades de cenoura picadas
3 unidades de ovo
1 xícaras (chá) de óleo de soja
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de açúcar
1 colheres (sopa) de fermento químico em pó
Cobertura
1/2 xícara (chá) de leite
5 colheres (sopa) de achocolatado em pó
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de Margarina
Como fazer
Massa
Coloque os ingredientes no liquidificador, e acrescente aos poucos a farinha.
Leve para assar em uma forma untada.
Depois de assado cubra com a cobertura.
Cobertura
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo e deixe ferver até engrossar.
OBSERVAÇÕES
OBS.1: Muitos estudiosos do assunto listam apenas os tipos acima. Alguns outros consideram que existe também o
tipo predição.
5. Predição
Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo
predominante nos gêneros: previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatológicas/apocalípticas.
OBS.2: Alguns estudiosos listam também o tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto, esse nada mais é que o tipo
narrativo aplicado em certos contextos, pois toda conversação envolve personagens, um momento temporal (não
necessariamente explícito), um espaço (real ou virtual), um enredo (assunto da conversa) e um narrador, aquele que
relata a conversa.
6. Dialogal / Conversacional
Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos gêneros: entrevista, conversa
telefônica, chat etc.
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Exercícios
Texto 1
1. O texto 1 é predominantemente:
A
A. narrativo.
B. descritivo.
C. dissertativo.
D. argumentativo.
E. expositivo.
A. descritiva.
B. narrativa.
C. injuntiva.
D. argumentativa.
“Essa areia solta e um tanto grossa tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do sol, quando nela
batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço,
ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.”
(Visconde de Taunay)
A. narrativo.
B. descritivo.
C. expositivo.
D D. injuntivo
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Considerando que os distintos gêneros orais e escritos valem-se de tipos textuais para se constituírem, faça a
relação da segunda coluna com a primeira.
Coluna 1 Coluna 2
A. 1•4•5•2•3
B. 1•5•4•2•3
C. 4•3•1•5•2
D. 4•5•3•2•1
E. 5•3•2•1•4
5. A letra da música Os anjos, de autoria de Renato Russo, apresenta elementos que a identificam com o seguinte
tipo textual:
a) Narração.
b) Descrição.
c) Injunção.
d) Dissertação.
Gabarito:
1. A 2. B 3. B 4. B 5. C
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UNIDADE 4 Argumentação e Persuasão
Linguagem e persuasão são elementos da comunicação presentes em vários tipos de discurso, sobretudo na política
e na publicidade.
A persuasão é uma imbricada técnica da comunicação presente em diversos discursos disseminados em nossa
sociedade
Você pode até não perceber, mas quando nos comunicamos, seja oralmente, seja na modalidade escrita, nosso
discurso está permeado por uma função da linguagem específica, responsável por denotar nossas verdadeiras
intenções. Quem sabe exatamente aonde quer chegar com um determinado tipo de discurso também conhece o
funcionamento adequado dos elementos da comunicação.
São vários os discursos aos quais somos expostos diariamente, entre eles, o eficiente discurso empregado
pela publicidade. Quando sentamos em frente à televisão, já estamos, mesmo que inconscientemente, expostos aos
diversos anúncios e suas sofisticadas técnicas de persuasão. Disso vive a publicidade, e esta é sua principal função:
convencer o consumidor de que determinado produto é indispensável, ainda que sem ele possamos viver muito bem.
Somos, o tempo todo, convencidos e persuadidos não só pela publicidade, mas também pelos discursos políticos,
religiosos e outros tipos de textos que interferem diretamente em nossas vontades. Nem sempre tomamos decisões
sozinhos, muitas vezes fatores externos são importantes para uma palavra final sobre algum assunto.
É importante observar que a linguagem e a persuasão são elementos que podem estabelecer uma conexão
indissociável. Quando somos persuadidos por um tipo de discurso, não estamos sendo apenas convencidos sobre
alguma coisa, estamos transformando e substituindo valores extremamente subjetivos. A persuasão extrapola a ideia
de convencimento, pois é um ato associado a um discurso ideológico, subjetivo e temporal. São argumentos capazes
de modificar nossos pensamentos e ações, e não apenas um artifício criado para nos fazer comprar algo ou alguma
ideia.
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A persuasão está presente principalmente nos discursos políticos, religiosos e na publicidade
Não pense que a construção da linguagem persuasiva ocorre ao acaso. Existem alguns recursos que contribuem
para a eficácia na emissão da mensagem, tais como:
A persuasão está comumente associada aos chamados “argumentos de força” (tipo de argumento que não permite o
diálogo com o interlocutor), mas em algumas situações, usar as técnicas de persuasão pode ter uma finalidade
nobre: é o que acontece com a publicidade institucional, aquela que não tem por objetivo aumentar os lucros de uma
empresa, mas sim divulgar uma mensagem de cunho social, cultural ou cívico que estimule uma atitude mais
reflexiva e responsável na população.
Fique atento: linguagem e persuasão podem ser uma dupla dinâmica, interferindo diretamente em suas escolhas. Por
isso, é fundamental que saibamos o poder das palavras e dos diversos discursos que acessamos e ouvimos em
nosso cotidiano.
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UNIDADE 5 Comunicação assertiva: Linguagem simples, concisa, objetiva
A comunicação assertiva é uma das principais competências de um profissional de sucesso. Esta capacidade
também demonstra o nível de sua inteligência social, ou seja, sua habilidade de se relacionar com os outros e de
conquistar a colaboração das pessoas.
Uma comunicação assertiva é aquela que consegue passar as informações com clareza, dinâmica e respeito,
obtendo o retorno esperado. Quando funciona bem, cria um canal aberto que permite o diálogo entre as partes e
maior intercolaboração.
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Sentimento do discurso: lembre-se de que é essencial que a suas palavras faladas ou escritas exibam a emoção
que você realmente quer passar. Para isso, utilize a sua própria segurança, confiança e, principalmente, honestidade.
Executar o que discursar: não adianta nada apenas falar o que todos devem ser ou fazer e não seguir o próprio
conselho. Muito do que os outros aprenderem com você será por meio de exemplos. Comunicação assertiva e
postura profissional caminham juntas!
Motivação: na comunicação, o comportamento não assertivo raramente consegue fazer com que atinjamos o nosso
objetivo. A pessoa que não o executa prejudica os negócios, pois há possibilidade de ocorrer falhas que resultam na
queda da produtividade e retrabalho, além de causar transtornos no relacionamento entre os colegas de trabalho e os
clientes.
Respeito: é fundamental ter respeito por tudo, especialmente seu público. Cuidado com as piadas, observações ou
comentários preconceituosos, racistas, machistas e assim por diante. Se você não sabe se o seu discurso ou texto
está com toques de preconceito ou não, é só mudá-lo. Além de demonstrar respeito, você evita ruídos, conflitos,
desentendimentos e agressividade.
Caminhos alternativos: a pessoa que pratica a comunicação assertiva segue bem a recomendação que dei acima.
Ela consegue expressar a discordância e a insatisfação com relação direta ao comportamento ou situação e não à
pessoa. Quando não envolvemos um lado que não deveria estar envolvido demonstramos respeito e evitamos
constrangimento ou ansiedade. Ou seja: é possível conseguir o que quer ou precisa sem dominar, humilhar ou
insultar ao outro.
Solução de situações dificultosas: um profissional que usa da assertividade consegue chegar a uma conclusão em
relação à resolução rápida de problemas, relacionamento interpessoal entre todos na empresa, aumento da
motivação, cria um ambiente em que todos possam expressar suas ideias e reduz os conflitos da equipe. Como ter
uma comunicação assertiva
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Caso seus colegas de trabalho e amigos tenham dificuldades de expressar seus conhecimentos e opiniões, você
pode ajudá-los a tornarem públicas suas mensagens. Com seu exemplo, eles podem se encorajar a praticar
melhores formas de comunicação. Seja solicito, inspire e ensine o que você sabe.
7 - Busque evolução contínua
Trabalhar para manter sua capacidade de comunicação é essencial para obter bons resultados e garantir o
andamento de suas relações interpessoais. Invista em aprimoramento e continue a comunicar-se bem.
Seguindo essas dicas, você, com certeza, aprenderá a se comunicar assertivamente em qualquer ambiente e com
todos os tipos de pessoas.
A comunicação assertiva é essencial a todo profissional e a todos aqueles que desejam conquistar uma carreira
de sucesso!
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UNIDADE 6 Organização Textual
A organização de textos está relacionada ao uso que é feito da linguagem para atingir objetivos comunicativos:
descrever, definir, relatar, explicar, comparar, argumentar, justificar, etc.
Nos textos de História para crianças, os principais objetivos são os de relatar e explicar acontecimentos do passado
de forma sucinta e resumida.
No entanto, para atender determinados propósitos, a articulação entre duas ou mais formas de organização textual
se faz necessária, por exemplo: para definir, comparamos; para narrar, descrevemos; para explicar, narramos; etc.
De qualquer forma, há sempre uma organização textual predominante que nos permite identificar se um texto é
narrativo, explicativo, descritivo, argumentativo, etc.
A seguir, analisamos três textos que exemplificam como a linguagem pode ser organizada de maneiras diversas para
relatar eventos do passado. Para isso, nós os comparamos contrastando a linguagem utilizada para expressar o
tempo, os participantes, os acontecimentos e a causalidade.
O texto “Portugueses e indígenas: os primeiros contatos” é um exemplo de relato descritivo, pois as sequências
predominantes são usadas para descrever e definir os participantes. Os acontecimentos relatados não se relacionam
temporal e nem de forma causal.
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Resumo das principais características do texto “Do Estado Novo ao governo de Juscelino Kubitschek”:
O texto “Do Estado Novo ao governo de Juscelino Kubitschek” é um relato histórico, onde predomina uma sequência
cronológica de eventos. Nesse tipo de texto a sequência temporal é o principal organizador.
O texto “O trabalho nas minas” é um exemplo de explicação histórica, as sequências que predominam são as
causais, ou seja, os vínculos causais são os principais elementos que relacionam os acontecimentos relatados.
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Para entender o modo em que cada um desses textos organiza a linguagem para descrever, relatar e explicar
acontecimentos do passado, vamos compará-los a partir das dimensões analisadas:
Tempo
No que diz respeito ao tempo, há importantes diferenças entre os textos. Ainda que o primeiro possa ser identificado
temporalmente pela referência a um período específico (os primeiros contatos entre portugueses e indígenas), não
há nele outras referências explícitas e nem são estabelecidas relações temporais entre os acontecimentos
apresentados. As relações causais também não fazem parte das informações apresentadas. O que predomina no
primeiro texto é a descrição dos participantes: os povos indígenas tupis.
No terceiro, há referências que localizam temporalmente os acontecimentos, embora não sejam abundantes e nem
determinem as relações entre os acontecimentos.
Em compensação, no segundo texto o tempo é o grande organizador da sequência de informações. Nele, é possível
observar a presença de datas que marcam a cronologia dos eventos.
Causalidade
A causalidade é o organizador principal das informações expostas no terceiro texto. Observamos diversos conectores
e expressões para estabelecer relações de causa e finalidade.
O mesmo não acontece no primeiro e nem no segundo texto. Em menor proporção, identificamos expressões de
finalidade que justificam características dos participantes ou acontecimentos (primeiro texto) e referência às
consequências dos acontecimentos relatados (terceiro texto).
Participantes
Os três textos também se diferenciam no que diz respeito ao tipo de participantes: somente no segundo texto
identificamos participantes que são indivíduos, nos demais (primeiro e terceiro) predominam os coletivos humanos
como agentes das ações.
O segundo e o terceiro texto também se diferenciam do primeiro pela variedade de tipos de participantes que incluem
referência a objetos concretos (“o petróleo”, “a constituição”), a abstrações (“o Estado Novo”, “o governo de Vargas”)
e a diversidade de nominalizações (“a criação”, “a inflação”, “a mineração”).
Acontecimentos
Enquanto o primeiro texto usa predominantemente verbos de descrição e definição para oferecer informação
contextual, no segundo e no terceiro há maior variedade verbal, com predomínio de uso dos verbos de ação, próprios
dos relatos de eventos.
Enfim, cada um dos textos representa um modo em que se pode organizar a linguagem para descrever, relatar e
explicar acontecimentos passados.
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UNIDADE 7 ACENTUAÇÃO GRÁFICA
1. Conceitos Preliminares
Os sinais de acentuação são três: acentos agudo, circnflexo e grave, Este u’ltimo indica o fenOmeno da crase e não
importa nesta unidade, visto que crase é tema de sintaxe, que você pode estudar no Módulo de Sintaxe. Os outros dois
acentos recaem sempre em SÍLABAS TÔNICAS – aquelas pronunciadas com mais intensidade nas palavras.
Independentemente de terem ou não acento gráfico, com exceção das monossílabas tônicas, todas as palavras
possuem sílaba tônica.
Nem sempre a sílaba tônica será acentuada graficamente. Neste caso, a palavra possui acento t^nico, presente na
sílaba tônica, mas não possui acento gráfico.
Para possuir acento gráfico, a palavra deverá enquadrar-se em algum caso previamente convencionado, de acordo
com a posição da sílaba tônica. A propósito, quanto à posição da sílaba tônica, as palavras classificam-se como:
OXÍTONA – última sílaba é a tônica
PAROXÍTONA – penúltima
PROPAROXÍTONA – antepenúltima
Em se tratando de palavra com uma só sílaba, chamar-se-á MONOSSÍLABA, e será enquadrada em ÁTONA ou
TÔNICA, dependendo da classe graamatical (veja o quadro abaixo, no próximo item).
2. Regras Gerais
Como já disse no item anterior, existem convenções que determinam em que caso as palavras serão acentuadas.
Antes de mais nada, convém entender que, hoje, na língua portuguesa temos mais de 400 mil palavras. A maioria
delas terminam em: A(S), E(S), O(S), EM(NS). E, por sua vez, a maioria destas são PAROXÍTONAS.
Partindo, então, do princípio da economia, que determina menor gasto para obtenção de algo, convencionou-se que a
maioria das nossas palavras não seriam acentuadas graficamente.
Por isso, as regras gerais são as seguintes:
São acentuadas as:
• Monossílabas tônicas (uma só sílaba) terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”.
Exs: lá, fé, Jô, rim, dor, trem.
Guarde:
Monossílabas Monossílabas
Átonas
Tônicas
*Substantivo *Preposição
*Adjetivo *Conjunção
*Advérbio *Artigo
*Verbo *Maioria dos
*Pron.Caso Reto Pronomes
*Numeral
*Interjeição
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Exs: Pará, cafés, socó, também, guarani, tatu, trator.
• Paroxítonas (sílaba tônica é a penúltima) terminadas em ditongo crescente ou decrescente, “r”, “l”, “en”, “x”, “ps”,
“ã(s)”, “ão(s)”, “i(s)”, “us”, “um(ns), on(s)”.
Exs: ginásio, revólver, útil, hífen, tórax, bíceps, ímã, órfãs, órgão, táxi, lápis, vírus, álbum,
tapete, sapato, lama, nuvem.
• Proparoxítonas (sílaba tônica é a antepenúltima) = todas são acentuadas.
Exs: pêssego, sílaba, óculos, ínterim)
Obs.: Há muito menos oxítonas terminadas em A(S), E(S), O(S), EM(NS) do que paroxítonas. Veja, então, que as
regras para as oxítonas são o inverso das regras das paroxítonas.
MACETES DO JÔ SOARES
Há muitos anos, quando o Jô Soares, humorista e apresentador da Rede Globo, lançou seu endereço de e-mail, isso
no início dos anos 2000, sua equipe criou umas vinhetas com uma musiquinha que ao final repetia: É SEM ACENTO,
em referência a ausência do acento gráfico no endereço jo@globo.com.
Eu me aproveitei da frase e adaptei como um macete para entender as regras gerais, sobretudo em relação às oxítonas
e paroxítonas.
Veja-o a seguir:
Os destaques referem-se às terminações de cada grupo. No caso das monossílabas e oxítonas, são acentuadas
quando se enquadrarem nas terminações destacadas. Já para as paroxítonas será o inverso: se se enquadrarem nas
terminações destacadas não serão acentuadas. Por isso, não precisamos de macete para tentar guardar as
terminações das paroxítonas acentuadas. Tão somente, precisamos saber quando elas não são acentuadas, e
concluir o contrário: se não se enquadram nos casos em que não são, então é porque são acentuadas. Compare
mais uma vez que as regras das oxítonas são inversas às das paroxítonas, reforçando o que já falei: O QUE VALE
PARA UMA NÃO VALE PARA A OUTRA.
No caso das proparoxítonas, não há macete. Todas são acentuadas. É lógico que o mais perigoso é saber quando
são proparoxítonas. Não raro acontece de se achar que uma palavra é proparoxítona e não ser. Em outros casos dá-
se o inverso: pensa-se que uma palavra não é proparoxítona, e no fim ela é. Obviamente, convém sempre estudar,
ler, perceber a pronúncia adequada para poder acertar.
Um último detalhe: estamos tratando de REGRAS GERAIS, que são aquelas que mais incidem nas palavras da
língua. Em seguida veremos as REGRAS ESPECIAIS. Chamam-se assim por serem exceções em relação às
primeiras, ou seja, não se enquadram nas regras gerais, mas determinam que certas palavras recebam acento
gráfico.
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3. Regras Especiais
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Anexo de Acentuação Gráfica
Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa
A reforma ortográfica, que passou a vigorar em 1º de janeiro de 2009, contempla poucas alterações no vocabulário
do português. Como o nome mesmo informa, a reforma é apenas na grafia, ou seja, a pronúncia das palavras
continua inalterada. Outro ponto importante é que as regras que sofreram modificações valeriam até 31 de dezembro
de 2015. São estas as alterações:
Trema
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos
gue, gui, que, qui.
1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico
na penúltima sílaba).
a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
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Como era Como fica
Baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
cauíla cauila
feiúra feiura
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do
acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo:
Qual é a forma da fôrma do bolo?
31
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do
indicativo dos verbos arguir e redarguir.
6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar,
desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente
do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Exemplos:
• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.
Algo importante em ortografia é ser leitor atento. Quem lê, muitas vezes não sabe justificar, mas conhece a grafia
correta de muitas palavras ditas perigosas do ponto de vista gráfico. Mas também é necessário estudar regras
especiais, como as que vamos ver a seguir:
1 – Regras Essenciais
ç
1) Escreveremos com -ção as palavras derivadas de vocábulos terminados em -to, -tor, -tivo e os substantivos
formados pela posposição do -ção ao tema de um verbo (tema é o que sobra, quando se retira a desinência de infinitivo
- r - do verbo).
Exemplos: erudito = erudição; exceto = exceção; intuitivo = intuição; redator = redação; ereto = ereção; educar - r +
ção = educação; exportar - r + ção = exportação; repartir - r + ção = repartição
2) Escreveremos com -tenção os substantivos correspondentes aos verbos derivados do verbo ter.
Exemplos: manter = manutenção; reter = retenção deter = detenção
s
1) Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -nder e -ndir
Exemplos: pretender = pretensão; defender = defesa, defensivo; despender = despesa; fundir = fusão; expandir =
expansão
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2) Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -erter, -ertir e -ergir.
Exemplos: perverter = perversão; converter = conversão; reverter = reversão; divertir = diversão; aspergir = aspersão;
imergir = imersão
3) Escreveremos -puls- nas palavras derivadas de verbos terminados em -pelir e -curs-, nas palavras derivadas de
verbos terminados em -correr.
Exemplos: expelir = expulsão impelir = impulso compelir = compulsório concorrer = concurso discorrer = discurso
percorrer = percurso
4) Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -oso e -osa, com exceção de gozo.
Exemplos: gostosa; glamorosa; saboroso; horroroso
5) Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose, com exceção de gaze e deslize.
Exemplos: fase; crase; tese; osmose
7) Escreveremos com -s- toda a conjugação dos verbos pôr, querer e usar.
Exemplos: Eu pus; Ele quis; Nós usamos; Eles quiseram; Quando nós quisermos; Se eles usassem
Ç ou S?
Após ditongo, escreveremos com -ç-, quando houver som de s, e escreveremos com -s-, quando houver som de z.
Exemplos: eleição; traição; Neusa; coisa.
S ou Z?
1-a) Escreveremos com -s- as palavras terminadas em -ês e que indicarem nacionalidades, títulos de nobreza ou
origem.
Exemplos: português; marquês; burguês
1-b) Escreveremos com -z- as palavras terminadas em ez e -eza, substantivos abstratos que provêm de adjetivos,
ou seja, palavras que indicam a existência de uma qualidade.
Exemplos: embriaguez; limpeza; lucidez; nobreza; acidez; pobreza
2-a) Escreveremos com -s- os verbos terminados em -isar, quando a palavra primitiva já possuir o -s-.
Exemplos: análise = analisar; pesquisa = pesquisar; paralisia = paralisar; piso=pisar
2-b) Escreveremos com -z- os verbos terminados em -izar, quando a palavra primitiva não possuir -s-.
Exemplos: economia = economizar; terror = aterrorizar; frágil = fragilizar
Cuidado: catequese = catequizar; síntese = sintetizar; hipnose = hipnotizar; batismo = batizar
3-a) Escreveremos com -s- os diminutivos terminados em -sinho e -sito, quando a palavra primitiva já possuir o -s- no
final do radical.
Exemplos: casinha;asinha;portuguesinho;camponesinha
3-b) Escreveremos com -z- os diminutivos terminados em -zinho e -zito, quando a palavra primitiva não possuir -s- no
final do radical.
Exemplos: mulherzinha; arvorezinha; alemãozinho; aviãozinho; pincelzinho; corzinha
SS
1) Escreveremos com -cess- as palavras derivadas de verbos terminados em -ceder.
Exemplos: anteceder = antecessor; exceder = excesso; conceder = concessão
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3) Escreveremos com -gress- as palavras derivadas de verbos terminados em -gredir.
Exemplos: agredir = agressão; progredir = progresso; transgredir = transgressor
Ç, S ou SS
Em relação ao verbos terminados em -tir, teremos:
1) Escreveremos com -ção, se apenas retirarmos a desinência de infinitivo -r, dos verbos terminados em -tir.
Exemplo: curtir - r + ção = curtição
2) Escreveremos com -são, quando, ao retirarmos toda a terminação -tir, a última letra for consoante.
Exemplo: divertir - tir + são = diversão
3) Escreveremos com -ssão, quando, ao retirarmos toda a terminação -tir, a última letra for vogal.
Exemplo: discutir - tir + ssão = discussão
J
1) Escreveremos com -j- as palavras derivadas dos verbos terminados em -jar e -jear.
Exemplos: trajar = que eu traje, eu trajei; encorajar = que eles encorajem; viajar = que eles viajem; pajear; granjear.
Cuidado: Gear (geada,gelo)
G
1) Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio.
Exemplos: pedágio colégio sacrilégio prestígio relógio refúgio
2) Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -gem, com exceção de pajem, lambujem e lajem.
Exemplos: a viagem; a coragem; a personagem; a ferrugem; a penugem
X
1) Escreveremos com -x- as palavras iniciadas por me-, com exceção de mecha e derivados, e mechoacão (nome de
planta) e derivados.
Exemplos: mexilhão, mexer, mexerica, México, mexerico, mexido
2) Escreveremos com -x- as palavras iniciadas por en-, com exceção das derivadas de vocábulos iniciados por ch- e
da palavra enchova.
Exemplos: enxada; enxerto; enxerido; enxurrada.
mas:
cheio = encher, enchente
charco = encharcar
chiqueiro = enchiqueirar
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chumaço=enchumaçar
I
Os verbos terminados em -uir, -oer e -air terão as 2ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo escritas com
-i-.
Exemplos: tu possuis; ele possui; tu constróis; ele constrói; tu móis; ele mói; tu róis; ele rói.
E
Os verbos terminados em -uar e -oar terão todas as pessoas do Presente do Subjuntivo escritas com -e-.
Exemplos: Que eu efetue; Que tu efetues; Que ele atenue; Que nós atenuemos; Que vós entoeis; Que eles entoem.
É a parte da gramática que estuda as palavras enquanto elementos de uma frase, as suas relações de concordância,
de subordinação e de ordem. O estudo da sintaxe recebe o nome de ANÁLISE SINTÁTICA.
1 – CONCEITOS PRELIMINARES
1. FRASE, ORAÇÃO
1.1 Frase
É todo enunciado que tem sentido completo. A frase pode ou não ter verbo. Quando não tem, denomina-se Frase
Nominal.
“Eta vida besta, Meu Deus.” (Carlos Drummond de Andrade)
Fogo!
Embora as frases nominais não tenham verbo, conseguem comunicar ideias completas, pois pressupõem a presença
de verbos ocultos subentendidos. Equivalem a:
Meu Deus, como essa vida é besta.
Está pegando fogo!
1.2 Oração
É toda frase que tenha verbo:
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis. (Machado de Assis)
São:
a) Sujeito
b) Predicado
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Sujeito
"É o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa de que afirmamos ou negamos uma ação ou qualidade".
Evanildo Bechara
Exemplos:
O pássaro voa.
Os pássaros voam.
O menino brinca.
Os meninos brincam.
Didaticamente fazemos uma pergunta antes do verbo:
Quem é quê? Ou O Que é quê? e teremos a resposta; esta resposta será o sujeito.
TIPOS DE SUJEITO
a) Sujeito Simples:
Exemplos:
Eu falo. Eu representa uma pessoa que pratica a ação de falar, logo o sujeito é simples porque tem um só núcleo.
A árvore é grande.
"Aquilo é terra benta". (José Cândido de Carvalho)
Nota:
Alguém bateu à porta.
Sujeito simples: alguém.
O sujeito pode ser representado por uma oração. Trata-se da oração subordinada substantiva subjetiva. Exerce a
função de sujeito da oração principal.
Exemplo:
É bom/ que estudem
b) Sujeito Composto:
Exemplos:
Pedro e Paulo são irmãos.
Maria e Josefa trabalham juntas.
Exemplos:
Saiu Pedro e Paulo.
Saíram Pedro e Paulo.
36
c) Sujeito indeterminado:
Sujeito indeterminado é o que não se nomeia. Podemos dizer que o sujeito é indeterminado quando o verbo não se
refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação ou por não haver interesse no seu
conhecimento.
Veja: Aparecerá ação, mas não interessa saber quem a pratica ou praticou.
Exemplos:
Dizem que eles não vão bem.
Estão chamando o rapaz...
Falam de tudo e de todos.
Mas: Os profetas subiram no monte e voltaram com as previsões.
Sujeito: Os profetas, nas duas orações. Na 1ª é simples, na 2ª é oculto.
II. Em períodos compostos em que uma oração funcione como sujeito de outra e tenha o verbo no infinitivo não
flexionado.
É impossível saber todas as coisas.
O que é impossível? saber todas as coisa.
Quem saber todas as coisas? (alguém)
Obs.: Há ainda outro caso de sujeito indeterminado, que será abordado em concordância verbal.
O sujeito oculto é, tecnicamente, chamado de desinencial, pois é expresso na desinência pessoal do verbo.
Exemplos:
Cheguei cedo à festa. (EU)
Precisamos conversar agora. (Nós)
A quinta situação envolvendo sujeito não será um tipo, mas uma ocorrência em certas orações, com certos tipo de
verbos chamados IMPESSOAIS – que não possuem sujeito. Falaremos desse caso na próxima aula: A ORAÇÃO
SEM SUJEITO.
Como falei na aula passada, existem situações sintáticas em que não haverá sujeito. Isso acontece com certos
verbos em contextos bem específicos. Conheça-os e tenha muito cuidado, eles caem muito em prova, serão muito
importantes não só por si mesmos, em questões diretamente relacionadas a TIPOS DE SUJEITO, mas também
serão muito cobrados associados à CONCORDÂNCIA VERBAL, como veremos nesta FASE 2.
Então vejamos:
37
1 – Com os verbos que indicam fenômenos da natureza.
(anoitecer, trovejar, nevar, escurecer, chover, relampejar).
Exemplos:
Trovejou muito.
Neva no sul do país.
Anoitece tarde no verão.
Chove muito no Amazonas.
OBSERVAÇÃO:
Estes verbos no sentido figurado têm sujeito.
Choveram pedras sobre ele.
OBSERVAÇÃO: O verbo TER, COM O SENTIDO DE existir/ haver, também é IMPESSOAL, mas não deve ser
empregado em textos oficiais, como redações de concursos, textos técnicos, acadêmicos, científicos ou jurídicos,
pois tal emprego desse verbo é considerado COLOQUIAL, INFORMAL, ou seja, não é FORMAL. Deve ficar restrito
ao campo da linguagem familiar, coloquial.
Por exemplo:
Tem certas coisas que eu não sei dizer (observe que também fica no singular, por ser impessoal)
Exemplos:
É tarde.
Era uma vez.
Foi em janeiro.
Está na hora do recreio.
Está quente esta noite.
Exemplo:
Daqui ao clube são dois quilômetros.
38
MAPA SINTÉTICO
1 – Objeto Direto
1) Objeto Direto
Do ponto de vista da sintaxe, objeto direto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo direto, por isso,
é complemento verbal, na grande maioria dos casos, não preposicionado. Do ponto de vista da semântica, o objeto
direto é:
- o resultado da ação verbal, ou
- o ser ao qual se dirige a ação verbal, ou
- o conteúdo da ação verbal.
O objeto direto pode ser formado por um substantivo, pronome substantivo, ou mesmo qualquer palavra
substantivada. Além disso, o objeto direto pode ser constituído por uma oração inteira que complemente o verbo
transitivo direto da oração dita principal. Nesse caso, a oração recebe o nome de oração subordinada substantiva
objetiva direta.
Exemplos:
1. O amor de Mariana transformava a minha vida.
...[transformava: verbo transitivo direto]
...[a minha vida: objeto direto]
...[núcleo: vida = substantivo]
2. Conserve isto na tua memória: vou partir em breve.
...[conserve: verbo transitivo direto]
...[isso: objeto direto = pronome substantivo]
3. Não prometa mais do que possa cumprir depois.
...[prometa: verbo transitivo direto]
...[mais do que possa cumprir depois: oração subordinada substantiva objetiva direta]
39
Os objetos diretos são constituídos por nomes como núcleos do segmento. A noção de núcleo torna-se importante
porque, num processo de substituição de um nome por um pronome deve-se procurar por um pronome de igual função
gramatical do núcleo. No exemplo (1) acima verificamos um conjunto de palavras formando o objeto direto (a minha
vida), dentre as quais apenas uma é núcleo (vida = substantivo). Podemos transformar esse núcleo substantivo em
objeto direto formado por pronome oblíquo, que é um tipo de pronome substantivo. Além disso, nesse processo de
substituição, devemos ter claro que o pronome ocupará o lugar de todo o objeto direto e não só do núcleo do objeto.
Vejamos um exemplo dessa representação:
O amor de Mariana transformava a minha vida.
O amor de Mariana a transformava.
Os pronomes oblíquos átonos (me, te, o, a, se, etc.) funcionam sintaticamente como objetos diretos. Isso implica dizer
que somente podem figurar nessa função de objeto e não na função de sujeito, por exemplo. Porém algumas vezes os
pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, etc.) ou pronome oblíquo tônico (mim, ti, ele, etc.) são chamados a constituir o
núcleo dos objetos diretos. Nesse caso, o uso da preposição se torna obrigatório e, por consequência, tem-se um
objeto direto especial: objeto direto preposicionado.
Exemplos:
Objeto direto pode ser representado por uma oração subordinada substantiva objetiva direta:
# Quando o objeto direto é representado por pronomes oblíquos tônicos (mim, ti, si, ele, elas, nós, vós):
# Quando o objeto direto é representado pelo pronome quem, com antecedente expresso:
# Quando o objeto direto é representado por substantivo próprio ou substantivo comum designativo de pessoa:
40
# Quando o objeto direto é representado por um pronome indefinido designativo de pessoa:
Objeto direto pleonástico ocorre quando há uma repetição e intensificação do objeto direto, para que seja mais
expressivo, ou seja, quando o objeto direto se encontra no início da oração, sendo repetido depois do verbo através
de um pronome oblíquo átono.
Nota: Por vezes, verbos intransitivos podem aparecer com objetos diretos, atuando como verbos transitivos diretos:
2 – Objeto Indireto
Do ponto de vista da sintaxe, objeto indireto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo indireto e vem
sempre acompanhado de preposição. Do ponto de vista da semântica, o objeto indireto é o ser ao qual se destina a
ação verbal.
O objeto indireto pode ser formado por substantivo, ou pronome substantivo, ou numeral, ou ainda, uma oração
substantiva objetiva indireta. Em qualquer um desses casos, o traço mais importante e característico do objeto indireto
é a presença da preposição.
Exemplo:
O objeto indireto pode ser representado por um pronome. Como o núcleo do objeto é sempre um nome, é possível
substituí-lo por um pronome. Nesse caso, um pronome oblíquo, já que se trata de uma posição de complemento verbal
e não de sujeito da oração. O único pronome que representa o objeto indireto é o pronome oblíquo átono lhe(s) –
pronome de terceira pessoa. Os pronomes indicativos das demais pessoas verbais são sempre acompanhados de
preposição.
Exemplos:
41
4. Todos dar-lhe-iam a palavra final.
Não é difícil confundir objeto indireto e adjunto adverbial, pois ambos os termos são construídos com preposição. Uma
regra prática para se determinar o objeto indireto e até mesmo o identificar na oração é indagar ao verbo se ele
necessita de algum complemento preposicionado. Esse complemento será:
1) Adjunto adverbial, se estiver expressando um significado adicional, como lugar, tempo, companhia, modo e etc.
2) Objeto indireto, se estiver apenas completando o sentido do verbo, sem acrescentar outra ideia à oração.
Exemplos:
Objeto indireto pode ser representado por uma oração subordinada substantiva objetiva indireta:
Alguns objetos indiretos podem aparecer sem preposição, quando são representados por um pronome oblíquo (me, te,
lhe, nos, vos, lhes) ou pelo pronome reflexivo se. Isso ocorre porque esses pronomes representam as construções: a
mim, a ti, a ele, a nós, a vós, a eles e a si.
Objeto indireto pleonástico ocorre quando há uma repetição e intensificação do objeto indireto, para que seja mais
expressivo, ou seja, quando o objeto indireto se encontra no início da oração, sendo repetido depois do verbo através
de um pronome oblíquo.
3 – Agente da Passiva
É o termo da oração que acompanha um VTD ou VTDI na voz passiva, indicando-lhe o ser que praticou a ação verbal.
A característica fundamental do agente da passiva é, pois, o fato de somente existir se a oração estiver na voz passiva.
A oração na voz passiva pode ser formada através do recurso de um verbo auxiliar (ser, estar). Nas construções com
verbo auxiliar, costuma-se explicitar o agente da passiva, apesar de ser este um termo de presença facultativa na
oração. Em orações cujo verbo está na terceira pessoa do plural, é muito comum ocultar-se o agente da passiva. Isso
se justifica pelo fato de que, nessas situações, o sujeito pode ser indeterminado na voz ativa. Porém mesmo nesses
casos, a ausência do agente é fruto da liberdade do falante.
Exemplos:
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1. Os visitantes do zoológico foram atacados pelos bichos.
...[foram: verbo auxiliar / passado do verbo "ser"]
...[pelos bichos: agente da passiva]
2. Nossas reivindicações são simplesmente ignoradas.
...[são: verbo auxiliar / presente do verbo "ser"]
...[agente da passiva: ausente]
3. Cercaram a cidade. [voz ativa com sujeito indeterminado]
A cidade está cercada.
...[está: verbo auxiliar / presente do verbo "estar"]
...[agente da passiva: ausente]
A cidade está cercada pelos inimigos.
...[pelos inimigos: agente da passiva]
O agente da passiva é mais comumente introduzido pela preposição por (e suas variantes: pelo, pela, pelos, pelas). É
possível, no entanto, encontrar construções em que o agente da passiva é introduzido pela preposição de.
4 – Adjunto Adverbial
São advérbios ou locuções adverbiais que acompanham o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, acrescentando uma
circunstância.
- Fizemos exercícios muito difíceis. (acompanha o adjetivo difícil)
- Ela compreendeu rapidamente. (acompanha o verbo)
- Almocei muito bem. (acompanha outro advérbio)
Os adjuntos adverbiais são, em tese, termos dispensáveis, conhecidos como TERMOS ACESSÓRIOS. Em alguns
casos, o adjunto adverbial acompanha um verbo de ação que pode ser classificado como Transitivo Circunstancial:
verbo de sentido complementado por um adjunto de lugar.
Exemplos:
Fui ao clube.
Dirigi-me ao lugar combinado.
Algumas circunstâncias expressas pelos adjuntos adverbiais
- Afirmação: Sim, ele certamente virá à reunião.
- Dúvida: Eduardo talvez passe por aqui.
- Meio: Prefiro viajar de avião.
- Fim: Estudem bastante para a prova.
- Condição: Não se consegue vencer sem esforço.
- Companhia: Gosto de viajar com meus pais.
- Assunto: Os alunos conversaram a respeito da prova.
- Concessão: O ginásio ficou lotado, apesar da chuva.
- Causa: Não enfrentei o diretor por medo das consequências.
- 10. Lugar: Moro em uma cidade pequena.
- 11. Modo: As lesmas andam devagar.
- 12. Instrumento: Cortei meu dedo com uma faca.
- 13. Intensidade: Os candidatos discutiram bastante.
- 14. Tempo: Voltarei às seis da tarde.
- 15. Negação: Não acho justo que alguns alunos sejam dispensados.
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MAPA SINTÉTICO
• Adjunto adnominal
• Complemento nominal
• Predicativo
• Aposto
1 – Adjunto Adnominal
É a palavra ou expressão que acompanha um ou mais nomes conferindo-lhe um atributo. Trata-se, portanto, de um
termo de valor adjetivo que modificará o nome a que se refere.
Os adjuntos adnominais não determinam ou especificam o nome, tal qual os determinantes. Ao invés disso, eles
conferem uma nova informação ao nome e por isso são chamados de modificadores.
Além disso, os adjuntos adnominais não interferem na compreensão do enunciado. Por esse motivo, eles pertencem
aos chamados termos acessórios da oração.
Os adjuntos adnominais podem ser formados por artigo, adjetivo, locução adjetiva, pronome adjetivo, numeral e oração
adjetiva.
Exemplos:
1. Nosso velho mestre sempre nos voltava à mente.
...[nosso: pronome adjetivo]
...[velho: adjetivo]
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2. Todos querem saber a música que cantarei na apresentação.
...[a: artigo]
...[que cantarei na apresentação: oração adjetiva]
2 – Complemento Nominal
Dá-se o nome de complemento nominal ao termo que complementa o sentido de um nome ou um advérbio,
conferindo-lhe uma significação completa ou, ao menos, mais específica.
Como o complemento nominal vem integrar-se ao nome em busca de uma significação extensa para nome ao qual se
liga, ele compõe os chamados termos integrantes da oração.
Os complementos nominais podem ser formados por substantivo, pronome, numeral ou oração subordinada completiva
nominal.
Exemplos:
1. Meus filhos têm loucura por futebol.
...[substantivo]
Em geral os nomes que exigem complementos nominais possuem formas correspondentes a verbos transitivos, pois
ambos completam o sentido de outro termo. São exemplos dessa correlação:
- obedecer aos pais = obediência aos pais
- entregar a revista à amiga = entrega da revista à amiga
- protestar contra a opressão = protesto contra a opressão
C.N.
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O muro de pedra foi derrubado
A.A.
A.A.
Note que DE TERRA refere-se ao nome RUAS, que é um substantivo concreto (considerando a classe gramatical).
Pelo 1.º critério, podemos concluir que DE TERRA só pode ser adjunto adnominal, pois o complemento nominal não
se refere a substantivo concreto. Então, DE TERRA: adjunto adnominal.
Observe que CRÍTICAS expressa uma ação (ação de criticar). O termo AO DIRETOR é que recebe as críticas
(o diretor é criticado). Usando o segundo critério, podemos concluir que AO DIRETOR é um complemento nominal.
Agora, o termo DO DIRETOR é adjunto adnominal, pois ele pratica a ação expressa pelo nome CRÍTICAS.
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4 – Predicativos
Podem ser:
1) Predicativo do Sujeito
É obrigatório após um verbo de ligação e, eventualmente, pode aparecer após verbos transitivos e intransitivos:
Termo que expressa um estado ou uma qualidade do objeto atribuídos pelo sujeito.
Exemplos:
Eles nomearam meu primo diretor.
O povo elegeu-o senador.
Nós o chamamos sábio.
Nós lhe chamamos de sábio.
5 – Aposto
É o termo da oração que se anexa a um substantivo ou pronome substantivo para esclarecer, desenvolver, resumir
ou especificar a ideia expressa. Classifica-se em:
Aposto Explicativo
Explica ou esclarece o substantivo ao qual se refere. Vem sempre isolado por vírgulas.
Exemplo: Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira, morreu enforcado.
Aposto Enumerativo
Enumera os elementos citados anteriormente.
Exemplo: Comprei tudo: arroz, feijão, batata e cenoura.
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Aposto Resumitivo (ou Resumidor)
Resume em um substantivo ou pronome substantivo os elementos citados anteriormente.
Exemplo: Comprei arroz, feijão, batata, e cenoura, tudo em promoção.
Aposto Especificativo
Especifica ou individualiza um substantivo de uso genérico. Normalmente é um nome de próprio de pessoa ou lugar.
Não é isolado por vírgulas.
Exemplo: Visitei a cidade de São Paulo.
Exemplo: Gosto do poeta Carlos Drummond de Andrade.
CUIDADO:
Tanto o aposto especificador quanto o adjunto adnominal podem indicar determinação, especificação. Mas o aposto é
dispensável para o entendimento do termo que acompanha. Existe relação direta entre um e outro. Já o adjunto
adnominal, apesar de se chamar termo acessório, acaba por particularizar um termo que, por si só, sem a presença do
adjunto, fica vago, sem determinação. Veja melhor em dois exemplos:
É possível estabelecer relação direta entre Recife e cidade. Pode-se simplesmente suprimir o termo
antecedente: Campo Grande continua linda.
Não é possível estabelecer relação direta entre periferia e Campo Grande. A supressão do antecedente altera
as relações de sentido da frase, já que se passa a pensar que Campo Grande, como um todo, é violenta.
É possível estabelecer relação direta entre mês e junho. Pode-se dizer: Faço aniversário em junho, sem
comprometimento semântico (de sentido).
Não é possível estabelecer relação direta entre festas e junho, já que festas é possível haver em qualquer mês.
6 – Termo à Parte
Vocativo
É o único termo isolado dentro da oração, pois não se liga ao verbo nem ao nome. Não faz parte do sujeito nem do
predicado. A função do vocativo é chamar ou interpelar o elemento a que se está dirigindo. É marcado por sinal de
pontuação e admite anteposição de interjeição de chamamento.
É apelidado de CHAMAMENTO.
Exs.:
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UNIDADE 10 PERÍODO COMPOSTO – COORDENAÇÃO X SUBORDINAÇÃO
1) ORAÇÕES COORDENADAS
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2. ORAÇÕES SUBORDINADAS
Orações subordinadas são sempre dependentes de outra oração, chamada Oração Principal.
Podem ser, quanto ao papel morfológico que desempenham, classificadas como:
1) Adjetivas
2) Adverbiais
3) Substantivas
São orações que têm o valor e a função do adjetivo. Sempre se referem a um substantivo ou pronome da oração
principal. São, em seu formato desenvolvido, iniciadas por pronomes relativos (que, quem, o qual, quanto,
onde, cujo).
Exemplos:
O computador japonês causou boas impressões.
Adjetivo
O computador que é japonês causou boas impressões.
Oração subordinada adjetiva
É um trabalho emocionante.
Adjetivo
É um trabalho que emociona.
Oração subordinada adjetiva
De acordo com a oração não são todos os políticos que merecem respeito, mas apenas um conjunto restrito, ou
seja, aqueles que são honestos.
A oração que nós desenvolvemos restringe o significado da palavra sistema. Ele não implantou um sistema
qualquer e sim um sistema específico, ou seja, o que nós desenvolvemos.
São orações que servem para esclarecer melhor o sentido do termo a que se refere. Vêm entre vírgulas, travessões
ou parênteses e, se retiradas do período, não fazem falta ao sentido.
Exemplos:
O problema, que era de fácil resolução, deixou os alunos apreensivos.
Oração subordinada adjetiva explicativa
O aluno, que era irresponsável, vivia faltando às aulas.
Oração subordinada adjetiva explicativa
Observe este exercício de exemplo:
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Transformar o adjetivo destacado em oração subordinada adjetiva:
a) Eles escreviam cartas emocionantes.
Eles escreviam cartas que emocionavam.
b) Os avós tinham atitudes agradáveis.
Os avós tinham atitudes que agradavam.
Funcionam como adjunto adverbial de outra oração e vêm, normalmente, introduzidas por conjunções subordinativas,
exceto as integrantes (que introduzem as orações substantivas).
De acordo com a conjunção subordinativa ou locução conjuntiva que a inicie, a oração subordinada adverbial assim se
classifica:
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3. ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
Como o próprio nome diz, são orações que exercem as funções sintáticas de substantivos. Vejamos como são
classificadas e quais as funções exercidas:
52
UNIDADE 11 PONTUAÇÃO
2 – Isolar o Aposto
Exemplos:
Natal, capital do Rio Grande do Norte, é uma linda cidade.
As duas mulheres, Suzy e Eurídice, eram primas.
3 – Isolar o Vocativo
Exemplos:
Eles nos temem, Roque, está é a verdade.
Senhor, fazei com que eu procure mais consolar que ser consolado.
Obs.: Nos textos modernos, é frequente a omissão desse caso, inclusive em concursos.
Exemplos:
Cinco meses antes dera à luz seu primeiro filho. (Veja)
Em Pirapora as romarias não são novidade. (Folha de São Paulo)
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2 – Vírgula Proibida
A) Coordenadas
1 – Separar as Orações Coordenadas Assindéticas
Exemplos:
O homem suspeito saiu do edifício, olhou para os lados, saiu em desabalada carreira.
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Obs.: As Coordenadas Sindética Aditivas ligadas por E, NEM e as Coordenadas Sindéticas Alternativas ligadas por
OU normalmente não se separam por vírgula, a não ser que possuam sujeitos diferente sou estejam repetidas
(polissíndeto). Nesses casos, a vírgula se torna optativa para alguns gramáticos, e obrigatória para outros – o que leva
a posicionamentos diferentes entre bancas elaboradoras de concursos. Convém atenção!
Exemplos:
Ou você me conta tudo, ou eu vou embora.
Ele gesticulava, e gritava, e tentava nos convencer.
Nem me ligou, nem eu quis qualquer contato com ela.
A mãe se fora para a cozinha, e Rafael olhava para ele.
**Mesmo com o mesmo sujeito, é possível separar com vírgula orações interligadas pelo E, com a intenção de enfatizar
as ações expressas em cada oração.
Exemplo: Todos estavam apreensivos, e fizeram questão de expor o porquê.
B) Subordinadas
1 – Em Oração Subordinada Adverbial anteposta à Oração Principal a vírgula é obrigatória, já nas pospostas ,
é facultativa
Exemplos:
Mal se foi o Salgueiro, já vem chegando o Flamengo.
Se ele estivesse aqui, tudo teria sido mais fácil.
Trabalha muito (,) embora seja rico.
Devo embarcar logo (,) desde que os advogados me liberem o passaporte.
2 – Em Oração Subordinada Adjetiva Explicativa as vírgulas são obrigatórias. Já na Restritiva, é facultativa (se
os verbos das duas orações se chocarem).
Exemplos:
Florianópolis, que fica numa ilha, é belíssima.
O homem que lê (,) enxerga além.
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3 – Em Oração Adverbial Substantiva a vírgula é obrigatória só quando estiver anteposta à Oração Principal.
Quando estiver posposta, não se deve empregá-la.
Exemplos:
Não creio que você vá embora.
Que ele é um tolo, eu já percebera.
Obs.: Nas Orações Subordinadas Substantivas Apositivas deve-se empregar a vírgula ou os dois-pontos.
Exemplos:
Quero que saiba isso: que não gosto mais de você.
Só lhe pedi uma coisa, que fosse sincera comigo.
4 – Em Or. Reduzidas a vírgula será obrigatória quando estas estiverem antepostas à Or. Princ. Caso estejam
posposta, será facultativa.
Exemplos:
Terminada a festa, fomos embora.
Vi um elefante (,) passeando na rua.
C) Orações Intercaladas
Devem ser separadas por vírgula(s)
Exemplos:
Não tenho dinheiro, disse o pai, e não vou sair correndo atrás.
Vamos embora, intimou o pai.
1) Ponto-e-vírgula
O ponto-e-vírgula indica uma pausa um pouco mais longa que a vírgula e um pouco mais breve que o ponto.
2) Dois-pontos
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b) Para introduzir a fala de uma personagem:
Ex.: Sempre que o professor Luís entra em sala de aula diz:
– Essa moleza vai acabar!
Ex.: Marcelo era assim mesmo: Não tolerava ofensas. Resultado: Corri muito, mas não alcancei o ladrão. Em resumo:
Montei um negócio e hoje estou rico.
Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja:
a) Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Ex.:ratificar/retificar, censo/senso, etc.
b) Atenção: a preposição "per", considerada arcaica, é usada em expressões latinas, como na frase "de per si "
(= cada um por sua vez, isoladamente).
c) Obs.: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc.
Ex.: Prezados Senhores: Convidamos a todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório
da empresa. Atenciosamente, A Direção
3) Reticências
As reticências são empregadas:
a) Para indicar uma certa indecisão, surpresa ou dúvida na fala da personagem:
Ex. João Antônio! Diga-me... você... me traiu?
b) Para indicar que, num diálogo, a fala de uma personagem foi interrompida pela fala da outra:
Ex. – Como todos já deram sua opinião...
– Um momento, presidente, ainda tenho um assunto a tratar.
c) Para sugerir ao leitor que complete o raciocínio contido na frase:
Ex. Durante o ano ficou claro que o aluno que não atingisse 150 pontos seria reprovado; você atingiu 145, portanto...
d) Para indicar, numa citação, que certos trechos do texto foram exclusos:
Ex. "No momento em que a tia foi pagar a conta, Joana pegou o livro..." (Clarice Lispector)
2. Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-se fazer seguir de RETICÊNCIAS o PONTO-DE-
INTERROGAÇÃO:
– Então?...que foi isso?...a comadre?... (ARTUR AZEVEDO)
3. Nas perguntas que denotam surpresa, ou naquelas que não têm endereço nem resposta, empregam-se por vezes
combinados o PONTO-DE-INTERROGAÇÃO E O PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO:
Que negócio é esse: cabra falando?! (C. D. DE ANDRADE)
Observação:
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O PONTO-DE-INTERROGAÇÃO nunca se usa no fim de uma interrogação indireta, uma vez que esta termina com
entoação descendente, exigindo, por isso, um PONTO.
Comparem-se:
-- Quem chegou? [= INTERROGAÇÃO DIRETA]
-- Diga-me quem chegou. [= INTERROGAÇÃO INDIRETA]
É o sinal que se pospõe a qualquer enunciado de entoação exclamativa. Emprega-se, pois, normalmente:
b) depois de um imperativo:
Exemplos:
Coração, pára! ou refreia, ou morre! (A. DE OLIVEIRA)
Observação:
A interjeição oh! (escrita com h), que denota geralmente surpresa, alegria ou desejo, vem seguida de PONTO-DE-
EXCLAMAÇÃO. Já à interjeição de apelo ó, quando acompanhada de vocativo, não se pospõe PONTO-DE-
EXCLAMAÇÃO; este se coloca, no caso, depois do vocativo. Comparem-se os exemplos do item a.
1. Empregam-se principalmente:
b) para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente não peculiares à linguagem normal de quem
escreve (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos, etc.):
Exemplo: Era melhor que fosse "clown". (E. VERÍSSIMO)
Observação:
No emprego das ASPAS, cumpre atender a estes preceitos do Formulário Ortográfico: "Quando a pausa coincide com
o final da expressão ou sentença que se acha entre ASPAS, coloca-se o competente sinal de pontuação depois delas,
se encerram apenas uma parte da proposição; quando, porém, as ASPAS abrangem todo o período, sentença, frase
ou expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas:
Exemplos:
"Aí temos a lei", dizia o Florentino. "Mas quem as há de segurar? Ninguém." (R. BARBOSA.)
"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!" (M. DE ASSIS)
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7) Os PARÊNTESES ( ( ) )
Observação:
Entre as explicações e as circunstâncias acessórias que costumam ser escritas entre PARÊNTESES, incluem-se as
referências a data, a indicações bibliográficas, etc.:
"Boa noite, Maria! Eu vou-me embora."
(CASTRO ALVES. Espumas Flutuantes, Bahia, 1870, p. 71)
2. Usam-se também os PARÊNTESES para isolar orações intercaladas com verbos declarativos:
Uma vez (contavam) a polícia tinha conseguido deitar a mão nele. (A. DOURADO)
8) Os COLCHETES ( [ ] )
a) quando numa transcrição de texto alheio, o autor intercala observações próprias, como nesta nota de SOUSA
DA SILVEIRA a um passo de CASIMIRO DE ABREU:
Entenda-se, pois: "Obrigado! obrigado [pelo teu canto em que] tu respondes [à minha pergunta sobre o porvir (versos
11-12) e me acenas para o futuro (versos 14 e 85), embora o que eu percebo no horizonte me pareça apenas uma
nuvem (verso 15)]."
b) quando se deseja incluir, numa referência bibliográfica, indicação que não conste da obra citada, como neste
exemplo:
ALENCAR, José de. O Guarani, 2 ed. Rio de Janeiro, B. L. Garnier Editor [1864].
9) O TRAVESSÃO (--)
b) Para isolar, num contexto, palavras ou frases. Neste caso, usa-se geralmente o TRAVESSÃO DUPLO:
Exemplos:
Duas horas depois -- a tempestade ainda dominava a cidade e o mar -- o "Canavieiras" ia encostando no cais.
(J. AMADO)
Mas não é raro o emprego de um só TRAVESSÃO para destacar, enfaticamente, a parte final de um enunciado:
Um povo é tanto mais elevado quanto mais se interessa pelas coisas inúteis -- a filosofia e a arte. (J. AMADO)
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Observação:
"Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar palavras ou grupo de palavras que formam, pelo assim dizer, uma
cadeia na frase: o trajeto Mauá-Cascadura; a estrada de ferro Rio-Petrópolis; a linha aérea Brasil-Argentina; o percurso
Barcas-Tijuca; etc." (Formulário Ortográfico).
10) ASTERISCO ( * )
Asterisco – e não asterístico - significa "pequena estrela", por isso é um sinal gráfico em forma de estrela. Costuma ser
empregado:
Ex.: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso*
-aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns
contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.
* Obs.: É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras.
Ex.: O Dr.* conversou durante toda a palestra. O jornal*** não quis participar da campanha.
11) PARÁGRAFO ( § )
O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois esses (S) entrelaçados, iniciais das palavras latinas
"Signumsectionis" que significam sinal de secção, de corte.
Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou
alínea. A palavra alínea (vem do latim a + lines) e significa "distanciado da linha", isto é, fora da margem em que
começam as linhas do texto.
O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis, por indicar os parágrafos únicos.
Ex.: § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.
O poder da vírgula
1) Na Inglaterra, certa vez, um oficial foi condenado à morte. Seu pedido de perdão recebeu a seguinte sentença do
rei:
Perdoar impossível, mandar para a forca!
Antes de a mensagem ser enviada ao verdugo, passou pelas mãos da generosa rainha, que, compadecida da sorte
do oficial, tomou de uma caneta e alterando a posição da vírgula, simplesmente mudou o significado da mensagem:
Perdoar, impossível mandar para forca!
2) Na antiguidade, um imperador estava indignado com a população de uma cidade, sem dúvida, por motivos políticos.
O governador, então, passa-lhe um telegrama:
Devo fazer fogo ou poupar a cidade?
A resposta do monarca foi:
Fogo, não poupe a cidade!
O telegrafista, por questões humanitárias ou porque qualquer outro motivo, trocou a posição da vírgula. E a resposta
ficou assim:
Fogo não, poupe a cidade!
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UNIDADE 12
SEMÂNTICA
Família de Ideias
São palavras que mantêm relações de sinonímia e que representam basicamente uma mesma ideia.
Veja a relação a seguir:
• casa, moradia, lar, abrigo.
• residência, sobrado, apartamento, cabana.
Todas essas palavras representam a mesma ideia: lugar onde se mora. Logo, trata-se de uma família de ideias.
Observe outros exemplos:
• revista, jornal, biblioteca, livro.
• casaco, paletó, roupa, blusa, camisa, jaqueta.
• serra, rio, montanha, lago, ilha, riacho, planalto.
• telefonista, motorista, costureira, escriturário, professor.
OBS.: Quando as palavras possuem o mesmo radical, elemento básico significação e formação vocabular, são
chamadas de COGNATAS.
Exs.: PEDRA – pedrisco, apedrejar, pedreiro
Pode-se dizer que toda palavra ou todo signo linguístico é constituído por um significante (a forma) e um significado (a
ideia, o conceito). Por exemplo, a palavra sapo tem como significante as letras s-a-p-o e os fonemas /s/ /a/ /p/ /o/ e
como significado animal anfíbio. Isso não quer dizer, porém, que esse significado seja exclusivo dessa palavra e vice-
versa. A mesma ideia pode ser expressa por palavras distintas: sapo = batráquio
Uma mesma palavra também pode ter diversos significados. Com eles, formam-se várias expressões. Ao dizer:
Foi preciso engolir sapos para manter a paz.
Ninguém está afirmando literalmente que os batráquios desceram goela abaixo.
1. Significante
2. Significado
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3. Monossemia
A monossemia (de monos = um; semia = significado) é a característica das palavras que têm um só significado. Isso
dificilmente acontece, uma vez que o significado é passível de interpretações variadas. Em princípio, as palavras
técnicas são monossêmicas:
logaritmo, manganês, decassílabo
Num texto literário, porém, qualquer palavra pode ganhar outros significados. É o que acontece quando Caetano Veloso
diz em sua música "O Querer":
"Onde queres o ato eu sou o espírito
E onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo sou mulher [...]"
Nesse contexto, decassílabo ganha como significado a idéia de tradicional, bem-comportado ou organizado, entre
inúmeras outras possibilidades de interpretação.
4. Polissemia
A polissemia (de poli = muitos; semia = significado) é o fenômeno pelo qual uma palavra vai adquirindo vários
significados. Estes, em geral, têm algo em comum. A cada um deles dá-se o nome de acepção:
A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço.
Ele é o cabeça da rebelião.
Sabrina tem boa cabeça.
Origem da polissemia
• A polissemia possibilita que se tenha, com um pequeno número de palavras, um grande número de significados.
Mas favorece riscos, também, como o de ambiguidade e o de imprecisão. Se o contexto não for suficiente para
determinar o significado da palavra, é bem melhor trocá-la por outra de significado mais definido:
Marcos é uma pessoa difícil: não come enlatados, detesta congelados e não admite comida requentada.
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5. Sinonímia
A sinonímia (de sin = união; onoma = nome) é o fenômeno pelo qual duas palavras possuem significados equivalentes
ou semelhantes, ou seja, são sinônimas. Uma pode substituir a outra num mesmo contexto:
Só um bom sabão garante a brancura dos lençóis.
Só um bom sabão garante a alvura dos lençóis.
É muito raro encontrar sinônimos perfeitos, que possam ser utilizados em qualquer contexto. Cada um deles expressa
um matiz diferente, seja de significado, seja de valor estilístico:
admirado, espantado, chocado.
Essas palavras podem ser usadas como sinônimos, mas cada uma expressa uma intensidade diferente.
Origens da sinonímia
• Por empréstimos de palavras estrangeiras:
Meu chofer conhece bem as ruas do centro.
Meu motorista conhece bem as ruas do centro.
• Pelo uso comum de palavras técnicas ou da linguagem específica:
Vou fazer um hemograma.
Vou fazer um exame de sangue.
• Por diferentes registros de linguagem:
espalhar a notícia — (coloquial)
divulgar a notícia — (formal)
propalar a notícia — (erudito)
6. Homonímia
A homonímia (de homo = igual; onoma = nome) acontece quando duas palavras de origem e significado diferentes
coincidem quanto à pronúncia, tornando-se homônimas:
pena (pluma), pena (dó).
Possibilidade de homônimas
Atenção: nem sempre é possível distinguir a homonímia da polissemia. No caso das homônimas, trata-se de duas
palavras. No caso das homógrafas, trata-se de uma palavra com dois significados.
Para estabelecer uma diferença, é preciso levar em conta a etimologia (ORIGEM) da palavra (o que nem sempre é
possível) e outros dados subjetivos, como o grau de diferença dos significados.
7. Antonímia
A antonímia (de anti = oposição; onoma = nome) é a propriedade que duas palavras possuem de se oporem quanto
ao significado. São antônimas:
ir/voltar nascimento/morte
Os antônimos podem apresentar diversos graus de oposição:
• Antônimos complementares, quando a afirmação de um supõe a negação do outro:
par/ímpar gordo/magro
• Antônimos recíprocos, quando as duas palavras supõem-se mutuamente:
perguntar/responder vender/comprar
• Antônimos graduais, quando entre as duas palavras existem outras de grau intermediário:
quente/morno temperado/frio
A antonímia também é definida pelo contexto. Assim, na canção de Caetano Veloso, "O Quereres", anjo é antônimo
de mulher. Em outros contextos, as duas palavras podem ser sinônimas.
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Quanto à forma, os antônimos podem ser:
• Léxicos
Se têm radicais diferentes:
claro/escuro
bom/mau
• Gramaticais
Se a oposição é expressa por meio de radicais:
arrumar/desarrumar
incluir/excluir
8. Contexto/Situação
Fogo!
Esta expressão não significa o mesmo diante de um edifício em chamas e dentro de um campo de tiro.
9. Denotação e conotação
• A denotação é o conjunto de significados de uma palavra por si mesma. É o valor objetivo, original da palavra:
caminho (faixa de terreno destinada ao trânsito, estrada, trilho)
• A conotação refere-se ao conjunto de significados subjetivos, afetivos, que vão se acrescentando a uma palavra e
que dependem de uma interpretação:
caminho (pode significar destino, futuro, orientação)
A humanidade não encontra o seu caminho.
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Censual – relativo a censo Coser – costurar
Sensual – relativo aos sentidos Cozer – cozinhar
Coringa – pequena vela triangular usada à proa das Espedir – despedir; estar moribundo
canoas de embono; moço de barcaça Expedir – enviar
Curinga – carta de baralho
Esperto – inteligente, vivo
Corisa – inseto Experto – perito ("expert")
Coriza – secreção das fossas nasais
Espiar – espreitar
Expiar – sofrer pena ou castigo
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Esplanada – terreno plano
Explanada (o) – part. do v. explanar Mandado – ordem judicial
Mandato – período de permanência em cargo
Estasiado – ressequido
Extasiado – arrebatado Mesinha – diminutivo de mesa
Mezinha – medicamento
Estático – firme
Extático – absorto Óleo – líquido combustível
Ólio – espécie de aranha grande
Esterno – osso dianteiro do peito
Externo – que está por fora Paço – palácio real ou episcopal
Passo – marcha
Estirpe – raiz, linhagem
Extirpe – flexão do v. extirpar Peão – indivíduo que anda a pé; peça de xadrez
Pião – brinquedo
Estofar – cobrir de estofo
Estufar – meter em estufa Pleito – disputa
Preito – homenagem
Estrato – filas de nuvens
Extrato – coisa que se extraiu de outra Presar – aprisionar
Prezar – estimar muito
Estremado – demarcado
Extremado – extraordinário Proeminente – saliente no aspecto físico
Preeminente – nobre, distinto
Flagrante – evidente
Fragrante – perfumado Ratificar – confirmar
Retificar – corrigir
Fluir – correr
Fruir – desfrutar Recreação – recreio
Recriação – ato de recriar
Fuzil – arma de fogo
Fusível – peça de instalação elétrica
Recrear – proporcionar recreio
Gás – fluido aeriforme Recriar – criar de novo
Gaz – medida de extensão
Ruço – grave, insustentável
Incidente – acessório, episódio Russo – da Rússia
Acidente – desastre; relevo geográfico
Serva – criada, escreva
Infligir – aplicar castigo ou pena Cerva – fêmea do cervo
Infringir – transgredir
Sesta –- hora do descanso
Incipiente – que está em começo, iniciante Sexta – redução de sexta-feira; hora canônica; intervalo
Insipiente – ignorante musical
Intercessão – ato de interceder Tachar – censurar, notar defeito em; pôr prego em
Interseção – ato de cortar Taxar – determinar a taxa de
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CASOS ESPECIAIS
1) HÁ X A (preposição)
A (preposição)
a) Na indicação de tempo futuro.
Daqui a dois meses viajarei para Londres.
b) Na indicação de distância.
A praia fica a cem metros da minha casa.
SAIBA MAIS
Existem também expressões que apresentam semelhanças entre si, e têm significação diferente.
1) AO ENCONTRO DE x DE ENCONTRO A
b) Andrade cobrou escanteio da esquerda, e a bola foi ao encontro de Carlinhos Bala, que, embaixo da barra,
estufou a rede.
B. (a) cerca de: perto de, aproximadamente, a uma distância aproximada de.
3) MAL X MAU
1) MAL
a) oposto de bem
b) = nem bem
Mal o dia amanheceu, já tocavam a campainha.
(Conjunção temporal)
2) MAU (adjetivo)
= oposto de bom
O mau político nos faz descrer na política.
Os maus morrem cedo. (adj. substantivado)
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UNIDADE 13 CONCORDÂNCIA NOMINAL
Trata da concordância adequada entre os nomes. Ou seja, o substantivo atrai para si a concordância de adjetivos,
numerais, pronomes e artigos. Já o advérbio, também um nome, não concorda com nenhum termo, pois é invariável.
4. Geralmente, os funcionários daquela empresa começam a trabalhar ao meio-dia e meia, fazendo nos fins de
semana, diversas horas (extra – extras).
A. Extra com valor de adjetivo concordam normalmente com o substantivo;
B. Com o valor de prefixo são invariáveis.
São satélites extra-atmosféricos.
5. Só – Sós
Eles caminhavam sós pela noite escura.
Eles caminhavam só em noite escura.
A. A palavra só, como adjetivo, concorda em número com o termo a que se refere.
B. Como advérbio, significa apenas, somente e é invariável.
6. Anexo(s)/Anexa(s) – Em anexo
Remeto-lhe anexa(s) a(s) certidão(s).
Remeto-lhe anexo(s) o(s) certificado(s).
Remeto-lhe em anexo as duplicatas.
A. O adjetivo anexo concorda com o substantivo a que se refere em gênero e número.
B. Incluso, próprio, obrigado, agradecido, grato, quite, leso seguem a mesma regra.
C. Em anexo é invariável, pois é Locução Adverbial de modo.
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A. Menos é invariável, não tem feminino.
B. Alerta é advérbio, é invariável.
C. Pseudo é prefixo, não tem plural.
9. Possível
Quando acompanha expressões superlativas:
O mais, o menos, o melhor, o pior, o os mais, os menos.
Variam conforme o artigo
Comprou alimentos o mais baratos possível.
Vestia roupas as mais caras possíveis.
Obs.: O adjetivo grifado varia normalmente, independentemente do artigo.
10. Mesmo
A. Com valor de próprio(a)(s) é pronome = variável.
B. Com valor de realmente é advérbio afirmativo = invariável.
Ela mesma falou conosco a verdade.
Ela falou conosco mesmo.
11. Expressões é bom / é necessário / é proibido
A. Com sujeito sem determinante (artigo, adjetivo etc.) = expressão invariável.
B. Com sujeito com determinante = expressão variável.
1 – SÓ O ÚLTIMO
• Adj. + Adj.
Exs: tecidos verde-claros; políticas sócio-culturais
Exceções: surdo(a)(s)-mudo(a)(s); novo(a)(s)-rico(a)(s)
• Invariável + Adj
Exs: rapazes mal-educados; mulheres todo- poderosas
2 – NENHUM
• Adj. + Subst.(tonalidade de cor)
Exs: fardas verde-oliva, bermudas amarelo-limão
• Cor + de + Subst
Exs: blusas cor-de-rosa; bolsas cor de gelo
Obs.: sapatos gelo; calças vinho
Cuidado: camisas azul-celeste, azul-marinho, azul-ferrete – todos invariáveis
Guarde: Furta-cor(es); sem-terra(s); sem-teto(s)
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UNIDADE 14 CONCORDÂNCIA VERBAL
Como fica a flexão do verbo na oração, em que pessoa, em que número? Geralmente, as suas flexões de pessoa e
número amparam-se nesta regra:
REGRA GERAL DE CONCORDÂNCIA VERBAL:
O verbo concordar com o seu sujeito. Mais especificamente, com o núcleo do sujeito. Como você viu nos conceitos
preliminares, via de regra, o sujeito é representado por substantivo ou palavra que desempenha função de substantivo,
como o pronome e outros termos substantivados.
Exs.:
1. Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser.
Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.
1 – SUJEITO SIMPLES
Regra geral: o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.
Ex.: Nós vamos ao cinema.
O verbo (vamos) está na primeira pessoa do plural para concordar com o sujeito (nós).
CUIDADO: Os inúmeros e terríveis furacões trazem destruição e mortes à Costa Leste dos EUA.
O verbo concorda com o único núcleo: FURACÕES. Os termos INÚMEROS e TERRÍVEIS são adjuntos adnominais
(características) de FURACÕES. Não estamos diante de um sujeito composto. É simples apenas: 1 só núcleo. O
substantivo manda. Os adjetivos obedecem!
O sujeito é formado de nomes que só aparecem no plural – se o sujeito não vier precedido de artigo, o
verbo ficará no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo.
Exs.: Estados Unidos é uma nação poderosa. (A tendência na imprensa, em geral, inclusive em manuais de redação
jornalística, é de, em manchetes, retirar o artigo e deixar o verbo no plural. Mas cuidado em suas redações. Procure
seguir a regra clássica: com artigo, verbo no plural; sem artigo, verbo no singular.)
Os Estados Unidos são a maior potência mundial.
2) O sujeito é constituído pelas expressões a maioria, a maior parte, grande parte etc. – o verbo poderá ser usado
no singular (concordância lógica) ou no plural (concordância atrativa).
Exs.: A maioria dos candidatos desistiu. /
A maioria dos candidatos desistiram.
2 – SUJEITO COMPOSTO
Regra geral: o verbo vai para o plural.
Ex.: João e Maria foram passear no bosque.
CASOS ESPECIAIS:
Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas gramaticais diferentes – o verbo ficará no plural seguindo-se
a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.
Ex.: Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª pessoa plural) amigos. O verbo ficou na 1ª pessoa porque
esta tem prioridade sobre a 3ª.
Ex: Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª pessoa do plural) amigos. O verbo ficou na 2ª pessoa porque
esta tem prioridade sobre a 3ª.
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Se o sujeito estiver posposto, permite-se a concordância por atração com o núcleo mais próximo do verbo.
Ex.: Seguiria a pé a jovem e a sua amiga.
c) Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase) e estão no singular – o verbo poderá ficar no plural
(concordância lógica) ou no singular (concordância atrativa).
Exs.: A angústia e ansiedade não o ajudavam a se concentrar. /
A angústia e ansiedade não o ajudava a se concentrar.
d) Quando há gradação entre os núcleos – o verbo pode concordar com todos os núcleos (lógica) ou apenas com o
núcleo mais próximo.
Exs.: Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam. /
Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.
e) Quando os sujeitos forem resumidos por nada, tudo, ninguém... – o verbo concorda com o aposto resumidor.
Ex.: Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu.
OUTROS CASOS:
1) Verbos impessoais
São aqueles que não possuem sujeito, ficarão sempre na 3ª pessoa do singular.
Exs.: Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia parado de estudar.
Deve haver sérios problemas na cidade.
Vai fazer quinze anos que ele parou de estudar.
2) Coletivo
Quando o sujeito for um substantivo coletivo, como, por exemplo, bando, multidão, matilha, arquipélago, trança,
cacho, etc., ou uma palavra no singular que indique diversos elementos, como, por exemplo, maioria, minoria,
pequena parte, grande parte, metade, porção, etc., poderão ocorrer três circunstâncias:
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UNIDADE 15 REGÊNCIA VERBAL
Dá-se quando o termo regente é um verbo e este se liga a seu complemento por uma preposição ou não. Aqui é
fundamental o conhecimento da transitividade verbal.
A preposição, quando exigida, nem sempre aparece depois do verbo. Às vezes, ela pode ser empregada antes do
verbo, bastando para isso inverter a ordem dos elementos da frase (Na rua dos Bobos, residia um grande poeta).
Outras vezes, ela deve ser empregada antes do verbo, o que acontece nas orações iniciadas pelos pronomes relativos
(O ideal a que aspira é nobre).
1. AGRADAR
Ex.: Agrado minhas filhas o dia inteiro / Para agradar o pai, ficou em casa naquele dia.
No sentido de ser agradável, satisfazer, (pede objeto indireto - tem preposição "a" ou direto).
2. ASPIRAR
Observação - não admite a utilização do complemento lhe. No lugar, coloca-se a ele, a ela, a eles, a elas.
3. ASSISTIR
Ex.: Minha família sempre assistiu o Lar dos Velhinhos. / Minha família sempre assistiu ao Lar dos Velhinhos.
Observação - não admite a utilização do complemento lhe, quando significa ver. No lugar, coloca-se a ele, a ela, a
eles, a elas.
4. CERTIFICAR (TD e I)
Admite duas construções: Quem certifica, certifica algo a alguém ou Quem certifica, certifica alguém de algo.
Ex.: Certifico-o de sua posse / Certifico-lhe que seria empossado / Certificamo-nos de seu êxito no concurso / Certificou
o escrivão do desaparecimento dos autos
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5. CHAMAR
Observações
a) A expressão "chamar a atenção de alguém" não significa repreender, e sim fazer se notado (O cartaz chamava a
atenção de todos que por ali passavam)
b) Pode ser TD ou TI, com a prep. A, quando significar dar qualidade. A qualidade (predicativo do objeto) pode vir
precedida da prep. DE, ou não.
Ex.: Chamaram-no irresponsável / Chamaram-no de irresponsável / Chamaram-lhe irresponsável / Chamaram-lhe de
irresponsável.
6. CHEGAR, IR (Intrans.)
Aparentemente eles têm complemento, pois quem vai, vai a algum lugar e quem chega, chega de. Porém a indicação
de lugar é circunstância (adjunto adverbial de lugar), e não complementação.
Esses verbos exigem a prep. A, na indicação de destino, e DE, na indicação de procedência.
Observações
a) quando houver a necessidade da prep. A, seguida de um substantivo feminino (que exija o artigo a), ocorrerá crase
(Vou à Bahia)
b) No emprego mais frequente, usa-se a preposição A, e não EM.
Ex.: Cheguei tarde à escola. / Foi ao escritório de mau humor.
c) Se houver ideia de permanência, o verbo ir segue-se da preposição PARA.
Ex.: Se for eleito, ele irá para Brasília.
d) Quando indicam meio de transporte no qual se chega ou se vai, então exige-se EM.
Ex.: Cheguei no ônibus da empresa. / A delegação irá no voo 300.
7. CUSTAR
No sentido de ser difícil será TI, com a prep. A. Nesse caso, terá como sujeito aquilo que é difícil, nunca a pessoa,
que será objeto indireto.
Ex.: Custou-me acreditar em Hipocárpio. / Custa a algumas pessoas permanecer em silêncio.
8. ESQUECER, LEMBRAR
Quando pronominais, são TI e constroem-se com DE.
Ex.: Ela se lembrou do namorado distante. Você se esqueceu da caneta no bolso do paletó.
Ex.: Você esqueceu a caneta no bolso do paletó. Ela lembrou o namorado distante
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9. FALTAR, RESTAR E BASTAR
10. IMPLICAR
TD e I com a prep. EM, quando significar envolver alguém.
Ex.: Implicaram o advogado em negócios ilícitos.
TD, quando significar fazer supor, dar a entender; produzir como consequência, acarretar.
Ex.: Os precedentes daquele juiz implicam grande honestidade / Suas palavras implicam denúncia contra o
deputado.
Observação – alguns gramáticos preceituam que sejam verbos TI que admitem formação de voz passiva
Observação - as construções de voz passiva com esses verbos são comuns na fala, mas agramaticais
16. PRECISAR
No sentido de tornar preciso (pede objeto direto).
Ex.: O mecânico precisou o motor do carro.
No sentido de ter necessidade (pede OI, com a preposição de).
Ex.: Preciso de bom digitador.
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18. PROCEDER
TI, com a prep. A, quando significar dar início ou realizar.
Ex.: Os fiscais procederam à prova com atraso. / Procedemos à feitura das provas.
19. QUERER
No sentido de desejar, ter a intenção ou vontade de, tencionar (TD)
Ex.: Quero meu livro de volta / Sempre quis seu bem
No sentido de querer bem, estimar (TI - prep. A).
Ex.: Maria quer demais a seu namorado. / Queria-lhe mais do que à própria vida.
21. VISAR
No sentido de ter em vista, objetivar (TI - prep. A)
Ex.: Não visamos a qualquer lucro. / A educação visa ao progresso do povo.
No sentido de apontar arma ou dar visto (TD)
Ex.: Ele visava a cabeça da cobra com cuidado / Ele visava os contratos um a um.
Observação - se TI, não admite a utilização do complemento lhe. No lugar, coloca-se a ele (a/s)
• Sinopse:
a) São estes os principais verbos que, quando TI, não aceitam LHE/LHES como complemento, estando em seu lugar
a ele (a/s) - aspirar, visar, assistir (ver), aludir, referir-se, anuir.
b) Avisar, advertir, certificar, cientificar, comunicar, informar, lembrar, noticiar, notificar, prevenir são TD e I, admitindo
duas construções: Quem informa, informa algo a alguém ou Quem informa, informa alguém de algo.
c) Verbos que podem ser usados como TD ou TI, sem alteração de sentido: abdicar (de), acreditar (em), almejar (por),
ansiar (por), anteceder (a), atender (a), atentar (em, para), cogitar (de, em), consentir (em), deparar (com),
desdenhar (de), gozar (de), necessitar (de), preceder (a), precisar (de), presidir (a), renunciar (a), satisfazer (a),
versar (sobre)
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UNIDADE 16 REGÊNCIA NOMINAL
Não podemos esquecer de que existe uma relação de dependência existente entre um nome, podendo ser:
Substantivo, adjetivo e advérbio e seu complemento.
Exemplo:
A construção do muro será feita.
Ela é digna de piedade.
Agi contrariamente à lógica.
ATENÇÃO:
Quando nós estudamos o termo COMPLEMENTO NOMINAL, verificamos que a palavra é de significação incompleta
e pede um termo obrigatoriamente preposicionado.
Veja:
Ele é digno...
Você pergunta– é digno de quê?
Este: “de que” é o que completa o sentido do nome"digno";logo, Ele é digno de respeito.
Alguns exemplos de palavras regidas por preposição que introduzem complementos nominais:
Assim como há verbos de predicação incompleta que pedem um objeto direto ou indireto para integrar o seu sentido,
há também substantivos, adjetivos e advérbios. Eles têm predicação incompleta e pedem um complemento que se
chama na NGB de complemento nominal.
Terra abundante em ou de águas. 6: Cuidado com, de, em, para, com, por, sobre:
3: Ação por ou contra: Tenhamos cuidado com, da, na, para, para com, pela,
sobre a Pátria.
Movi uma ação contra o deputado e outra pela igualdade
social. 7: Difícil a, de, em, para:
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8: Divergência com, em, sobre: 20: Ornado de, com:
Não andes em divergências com os amigos, em A vida deve andar ornada de ou com virtudes.
pequenas questões, sobre qualquer coisa.
21: Participação a, de, em:
9: Esperançoso de ou em:
O operário terá participação dos ou nos lucros da
Ando esperançoso de sucessos. empresa.
O homem é esperançoso de sucessos. Isto não causa preocupação aos bons.
O juiz era justo com ou para com todos, em tudo. Homens vazios do essencial.
Você anda mordido de ou pelo ciúme. Você agiu agradavelmente a, para, para com todos.
19: Necessidade de, para:
32: Demais para:
Tenho necessidade de todos.
Há necessidade de Deus, para todos. A felicidade é demais para o mundo terreno.
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UNIDADE 17 CRASE
1 – Definição
NOTA: Via de regra, não se emprega acento grave com palavra que funciona como:
1 – Sujeito
Exemplo: A menina saiu.
2 – Objeto direto
Exemplo: Comprei a casa.
3 – Adjunto adnominal
Exemplo: Os meninos, as meninas, todos passaram.
d) Diante dos demonstrativos: a, aquele, aquela, aquilo, usa-se a crase no "a" de aquela, no "a" de aquilo, no
"a" de aquele:
Exemplos:
Referiu-se àquele que estava ali.
Assistência àquelas pobres meninas.
Obedecia àquela exigência.
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g) Para evitar ambiguidade:
Exemplos:
Morrer à fome.
Pegar à unha.
Receber à bala
Costurar à mão
Vendo à vista.
l) Antes de nome próprio de pessoa, precedido de preposição, se o tratamento for íntimo ou familiar:
Exemplos:
"Ofereci um romance à dama".
"Quanto à Sara".
m) Nas expressões: devido a, relativo a, referente a, quanto a, com respeito a, obediência a, etc. devem ter o
"a" craseado, vindo antes de nomes femininos que estejam acompanhados de artigo, ou contraídas com o A
inicial do pronome AQUELE e seus derivados.
Exemplos:
Devido à morte do irmão.
Referente à prisão dos assassinos.
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3 – Casos Especiais de Crase
1. CASA
A fusão de “a” + “a” só ocorre antes da palavra casa se houver uma expressão que a determine.
Exemplos comentados:
a) Voltou apressado à casa de Cristina.
A crase acontece porque o verbo voltar (intransitivo) mas rege a preposição “a” no adjunto adverbial de lugar, e a
palavra casa, determinada, aceita artigo “a”. Função sintática de “à casa de Cristina”: adjunto adverbial de lugar.
b) Voltou apressado a casa para trocar de roupa.
A crase não acontece; o verbo voltar (intransitivo) exige preposição “a”, mas a palavra casa, indeterminada, não aceita
artigo a.
Função sintática de “a casa”: adjunto adverbial de lugar.
c) Já completara dezoito anos e não conhecia a casa paterna.
A crase não acontece porque o verbo conhecer é transitivo direto (não aceita preposição). Neste caso, temos apenas
o “a” artigo, exigido pela palavra casa que está determinada.
Função sintática de “a casa paterna”: objeto direto de conhecer.
2. DISTÂNCIA
A palavra distância só pode ser antecedida de “a” com acento grave quando está determinada. Considera-se a
distância determinada quando se conhece o tamanho, a medida da distância. Se a determinação não é clara, o acento
grave não deve ser usado.
Fiz um curso a distância.
A casa ficava à distância de um quilômetro da praia.
CUIDADO: Se a palavra distância não estiver escrita, não ocorre crase.
A casa ficava a um quilômetro da praia.
3. PALAVRA TERRA
Não acontecerá o fenômeno da crase se a palavra terra estiver em oposição à ideia de bordo, ou seja, se tivermos a
ideia de que alguma coisa ou alguém está na água (barco, navio)
Fora disso, a palavra aceita artigo e, consequentemente, crase.
O barco voltou a terra.
O barco voltou à terra firme.
Os astronautas voltaram à Terra.
4 –Crase Facultativa
a) Até a
Exemplos:
Ele foi até à feira.
Ele foi até a feira.
ATENÇÃO:
Observe que o emprego de ATÉ A temos que prestar atenção na clareza ou verificar o conteúdo do que se quer dizer.
Veja o exemplo:
A água inundou a rua até à casa de Manuela. (a água chegou perto da casa de Manuela)
Se não houvesse o sinal da crase, o sentido ficaria ambíguo.
A água inundou a rua até a casa de Manuela. (inundou inclusive a casa de Manuela).
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c) Antes de nomes próprios femininos de pessoa
Exemplos:
As alusões eram feitas à Sebastiana.
As alusões eram feitas a Sebastiana.
(particularmente, sugiro manter a locução de instrumento sem acento grave, salvo para se evitar ambiguidade -
5 – Crase Proibida
OBSERVAÇÃO:
NOTA: Não podemos esquecer que se os nomes tiverem adjuntos, então ocorrerá a crase.
Exemplo:
Iremos à linda Fortaleza.
Exemplos:
Vamos a uma reunião.
Temos de ir a uma festa.
Exemplo:
Eis a mulher, a cuja empregada enviamos donativos.
OBSERVAÇÃO:
Só ocorre crase antes do pronome relativo "QUE" sendo o "a" pronome demonstrativo.
Exemplos:
Eis a minha história e outra à que fez referência.
Refiro-me à que comprei ontem.
Exemplos:
A escola a que me refiro precisa de professor.
(O colégio a que me refiro precisa de professor.)
A cantina a que me refiro precisa de empregados.
(O restaurante a que me refiro precisa de empregados.)
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A carreira à qual aspiro é almejada por todos.
(O cargo ao qual aspiro é almejado por todos.)
Exceção feita para a palavra senhora, senhorita, dona, em sendo pronomes de tratamento.
Exemplo:
Refiro-me à senhora.
Refiro-me à excelentíssima senhora.
6) Antes da palavra que estiver no plural e precedida de mera preposição "a" no singular
Exemplos:
Assistimos a cenas maravilhosas.
Estava sujeito a privações.
7) Diante de palavra de sentido indefinido: uma, cada, certa, qualquer, toda, alguma.
Exemplos:
Falou a qualquer pessoa.
Disse a cada mulher.
Avisou a uma menina.
OBSERVAÇÃO:
Não podemos esquecer que em se tratando de "uma", referindo-se a "hora", coloca-se a crase.
Exemplo: Chegamos à uma e saímos às duas.
9) Diante de verbo
Exemplos:
Ficou a ver navios.
Este ano sou obrigado a estudar.
10) Nas locuções adverbiais formadas com a repetição do mesmo termo, (mesmo sendo nome feminino, por
se tratar de pura preposição)
Exemplo:
De hora a hora.
Gota a gota.
Cara a cara.
CUIDADO: Declarei guerra à guerra.
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Unidade 18 COLOCAÇÃO PRONOMINAL
É a parte da gramática que trata da correta colocação dos pronomes oblíquos átonos na frase, e seu posicionamento
em relação ao verbo.
Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas devem ser
observadas, sobre tudo, na linguagem escrita.
Relembrando:
Pronomes Pessoais:
Retos
eu
tu
ele, ela
nós
vós
eles, elas
ME
TE
SE, O, A, LHE
NOS
VOS
SE, OS, AS, LHES
conosco
convosco
si, consigo, eles, elas
mim, comigo
ti, contigo
si, consigo, ele, ela
I) Quando o verbo estiver precedido de palavras que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
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c) Conjunções subordinativas.
Ex.: Soube que me negariam.
CONJUNÇÕES ADVERBIAIS - Como, porque, já que, visto que, uma vez que Conquanto, ainda que, mesmo que, se
bem que, posto que, por mais que, por menos que, apesar de que, sem que (= embora não)
Se, caso, desde que, a menos que, salvo se, dado que, a menos que, a não ser que
Conforme, consoante, segundo, de modo que, de forma que, de maneira que
A fim de que, para que; À medida que, à proporção que, ao passo que
Quando, sempre que, logo que, antes que, depois que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, até que, mal
d) Pronomes relativos.
Ex.: Identificaram duas pessoas que se encontravam desaparecidas.
Pronomes Relativos
que, quem, onde, o qual, a qual, os quais, as quais
cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas
e) Pronomes indefinidos.
Ex.: Poucos te deram a oportunidade.
Pronomes Indefinidos:
alguém, algo, cada, nada, ninguém, outrem, tudo
algum, alguma, alguns, algumas, certo, certa, certos, certas
muito, muita, muito, muitas
nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas
outro, outra, outros, outras
pouco, pouca, poucos, poucas
qualquer, quaisquer
tanto, tanta, tantos, tantas
todo, toda, todos, todas
vário, vária, vários, várias
Pronomes Demonstrativos:
este , esta, isto Estes, estas, isto
esse, essa, isso Esses, essas, isso
aquele, aquela, aquilo aqueles, aquelas, aquilo
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2 – MESÓCLISE: É a colocação pronominal no meio do verbo. A mesóclise é usada:
I) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
precedidos de palavras que exijam a próclise.
Exs.: Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em prol da paz no mundo.
3 – ÊNCLISE: É a colocação pronominal depois do verbo. A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
O pronome poderá vir proclítico quando o infinitivo estiver precedido de preposição ou palavra atrativa.
b) Se, antes do locução verbal, houver palavra atrativa, o pronome oblíquo ficará antes do verbo auxiliar ou antes do
principal.
Ex.: Não me haviam convidado para a festa./ Não haviam me convidado.
Se o verbo auxiliar estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito, ocorrerá a mesóclise, desde que não haja
antes dele palavra atrativa.
Ex.: Haver-me-iam convidado para a festa.
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