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APOSTILA DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Focada no concurso para o CEFET – 2024
Sumário
Compreender Interpretar
Assim, para compreender bem um texto, ou seja, para entender a mensagem transmitida
por ele, de forma objetiva, é imprescindível ter um bom conhecimento da gramática da língua
portuguesa, ou seja, da norma culta. Além disso, o domínio do vocabulário bem como das
funções relacionadas à linguagem e à comunicação são extremamente importantes.
Por sua vez, para interpretar um texto adequadamente, faz-se necessária uma maior
interação entre leitor e texto, tendo em vista que a interpretação é uma ação subjetiva. Quanto
maior for seu conhecimento de mundo, mais facilmente você chegará a conclusões sobre o que
leu. A melhor forma de aumentar o seu conhecimento de mundo, ou mundividência, é por meio
da leitura de textos de tipos e gêneros diversos. Além disso, palestras, documentários, bons
filmes e boas conversas podem aumentar o seu repertório informativo.
Os textos presentes nas provas de língua portuguesa elaboradas pela banca Selecon
visam à avaliação da capacidade do (da) candidato (a) de compreender as ideias explícitas e
de interpretar os sentidos implícitos dos textos. Por essa razão, as questões de compreensão e
de interpretação de textos são muito frequentes e costumam gerar muitas dúvidas e
dificuldades. Encare esse fato como algo normal. O mais importante é aprender a lidar com
essas questões e progredir. Para abordá-las, é preciso, em primeiro lugar, identificar quando
se está diante de uma questão de compreensão de texto e quando a questão requer sua
interpretação. Em segundo lugar, é importante conhecer as estratégias para resolver cada um
desses tipos de questão. É o que faremos a partir de agora.
Analise o quadro a seguir e observe alguns exemplos de comandos que podem aparecer
na sua prova:
COMANDOS
Compreensão de texto Interpretação de texto
De acordo com o texto, está (in) correta… Com apoio no texto, infere-se que…
Tendo em vista o texto, está (in) correta… Pretende o texto mostrar que…
Assim, nunca interprete um texto inserindo ideias que o autor não mencionou. Isso
normalmente acontece quando o (a) candidato (a) lê superficialmente o texto e vai direto para
as perguntas. Além disso, somente contradiga o autor se o enunciado da questão indicar
explicitamente que você deve fazê-lo (Indique a alternativa que apresenta ideia contrária à do
texto). Leia o texto a seguir (questão adaptada):
Saber é trabalhar
Texto de uma das alternativas: os trabalhadores têm investido mais do que o necessário em
sua formação profissional.
Comentário: Há extrapolação, visto que o texto não menciona investimento dos trabalhadores,
e sim necessidade de aprimorar sua formação.
Texto de uma das alternativas: o texto afirma que as empresas têm encontrado uma certa
dificuldade para contratar mão de obra para os postos de trabalho que estão abertos.
Comentário: Há aqui uma redução, visto que o texto não fala simplesmente em mão de obra,
mas em mão de obra qualificada.
Como se pôde perceber, essa análise reforça a ideia de que a leitura cuidadosa do
enunciado e de cada alternativa da questão é indispensável para não incorrer nos três erros
clássicos de interpretação.
Texto injuntivo – consiste em dar uma instrução, ensinar como fazer, exprimir uma ordem
ou um pedido de execução ou não execução de uma determinada ação.
HORA DE PRATICAR
Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram
que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de
que o funcionário passou o dia inteiro tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor
podemos pensar que uma das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
— Ele foi tomar café.
A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de
pessoas. O remédio é ir tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
“cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas, dá vontade de dizer:
— Bem, cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr. Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho. Sim, deixemos em todos os lugares este
recado simples e vago:
— Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
Quando a bem-amada vier com seus olhos tristes e perguntar:
— Ele está?
— Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a tristeza,
e quando a morte vier, o recado será o mesmo:
— Ele disse que ia tomar um cafezinho...
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para deixá-
lo. Assim dirão:
— Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu dele está aí...
Ah! Fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais.
Gastamos muito pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino, nós teremos saído há uns cinco minutos para
tomar um café. Vamos, vamos tomar um cafezinho.
Fonte: BRAGA, Rubem. O Conde e o passarinho & Morro de isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2022, p. 156-157
No trecho “Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim”, há predomínio da
sequência textual:
a) argumentativa
b) dissertativa
c) narrativa
d) injuntiva
GABARITO
Letra D
O trecho é uma espécie de conselho ou instrução (sugestão) para o leitor, e não uma
argumentação, dissertação ou narrativa.
Os gêneros textuais podem ser conceituados como realizações linguísticas definidas por
propriedades sociocomunicativas, isto é, estão dentro de um contexto cultural, apresentando
função comunicativa. Eles abrangem um conjunto ilimitado de características determinadas
pelo estilo do autor, composição, conteúdo e função. Além disso, eles podem sofrer alterações
ao longo do tempo, em razão das mudanças de comunicação na sociedade.
Os gêneros textuais mais comuns são: poema, conto, crônica, artigo, receita culinária,
propaganda, resumo, novela, dicionário, mensagem, resenha e e-mail.
Certamente os gêneros textuais se realizam por meio dos tipos textuais estudados no
capítulo anterior, podendo ocorrer de o mesmo gênero realizar dois ou mais tipos. Dessa
forma, um texto é tipologicamente variado (heterogêneo).
Os gêneros são normalmente determinados com base nos objetivos dos falantes e na
natureza do tópico tratado. Todavia, há situações institucionalmente marcadas em que a
designação do gênero de texto e a informação sobre suas regras de desenvolvimento são
exigidos de início. É o caso de uma tomada de depoimento na justiça ou de uma audiência, por
exemplo. Nessas situações, o juiz lê as regras e expõe os direitos e deveres de cada um. Caso
alguém conte uma piada nesses contextos, isso será considerado uma inadequação ou uma
violação de normas sociais relativas aos gêneros textuais.
Assim, é importante ressaltar que não há somente a questão da produção adequada do
gênero, mas também seu uso adequado. Para tanto, os seguintes aspectos devem ser
observados:
A inobservância desses critérios, nas rotinas presentes em cada contexto social, pode
acarretar problemas. Imagine, por exemplo, um empresário que se dispusesse, sozinho, a
cantar o Hino Nacional em uma reunião de negócios. Ele certamente seria considerado
esquisito e pouco confiável para uma parceria de negócios.
Os gêneros textuais independem de decisões individuais. Além disso, não são facilmente
manipuláveis, ou seja, são atividades enunciativas relativamente estáveis. Eles operam como
geradores de expectativas de compreensão mútua.
HORA DE PRATICAR
sim, ser inoculadas com mais frequência. Esse é o teor do artigo 'Quanto tempo duram as
vacinas?', assinado por Jon Cohen e publicado na prestigiosa revista Science em abril de 2019
Nele, Cohen indaga, entre outros assuntos, por que o efeito protetor das vacinas contra a gripe
dura tão pouco (em média, depois de 90 dias, a proteção começa a cair) e em outras, como as
da varíola e da febre amarela, a ação é bem mais prolongada.
Alguns especialistas argumentam que certos vírus sofrem altas taxas de mutação e geram
novos clones, que, por serem ligeiramente diferentes dos originais, não seriam reconhecidos
pelas células do sistema imune. Mas, a coisa não é tão simples assim.
Ao estudar a caxumba (que ainda afeta os humanos), por exemplo, os epidemiologistas
descobriram que a recorrência da doença acontece com mais frequência em uma determinada
faixa etária (entre 18 e 29 anos de idade). Se a reinfecção dependesse apenas de mutações,
todas as idades deveriam ser igualmente afetadas. Assim, o enigma perdura.
No entanto, o consenso entre os imunologistas especializados em vacinas é que, de fato,
precisamos de mais exposição aos agentes infecciosos ou às próprias vacinas. Em outras
palavras, no caso da gripe, teríamos que tomar doses seguidas da vacina a fim de aumentar
seu efeito protetor. Em razão desses achados, os pesquisadores chegaram até a criticar a
decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de recomendar que a vacina contra a febre
amarela devesse ser inoculada apenas uma vez, isto é, seria uma vacina vitalícia.
A necessidade da exposição constante aos agentes infecciosos vai de encontro à hipótese do
biólogo norte-americano Jared Diamond que, em seu livro Armas, germes e aço, defende a
ideia de que, ao longo da história, o sucesso dos conquistadores se deveu, em parte, ao fato de
eles serem originalmente cosmopolitas e, dessa maneira, terem adquirido resistência
imunológica aos agentes infecciosos da época. Mesmo resistentes, seriam portadores desses
agentes, o que manteria a memória imunológica. Já os conquistados, grupo formado por
populações menores, sucumbiriam ao confronto por não serem capazes de se defender tanto
dos invasores humanos quanto daqueles microscópicos.
Embora o avanço nessa área seja promissor, o mecanismo que torna uma vacina mais
duradoura ou não ainda segue sem resposta. Como afirma Cohen em seu artigo, "essa é uma
pergunta de um milhão de dólares!" (aproximadamente, o valor do prêmio Nobel).
A despeito disso, ninguém deveria duvidar do poder das vacinas. Muito pelo contrário A
tendência atual no tratamento de doenças crônicas, como o câncer e a artrite reumatoide, é a
imunoterapia. Um dia, quem sabe, teremos vacinas contra todos esses males.
Franklin Rumjanek
(Disponível em: http://cienciahoie.orq.br/artiqo/vacinaspara- que-as-guero/)
a) narrativa imprecisa
b) descrição subjetiva
c) falsa suposição
d) discurso indireto
GABARITO
Letra D
a) oralidade
b) leitura / escuta
c) escrita
d) análise linguística / semiótica
No que tange à oralidade, é importante entender que os textos com que temos contato
no dia a dia podem ser escritos ou orais. Dessa forma, o texto oral também é um objeto de
estudos da Linguística, tendo em vista a necessidade de aprimoramento constante dessa
habilidade. Vale lembrar que a aprendizagem das características discursivas bem como das
estratégias de fala acontece por intermédio do uso, da interação com um interlocutor.
Por sua vez, a leitura / escuta contempla a progressiva incorporação de estratégias de
leitura, compartilhada e autônoma, em textos de diferentes complexidades no universo do
usuário da língua. Vale destacar que a leitura tem um sentido amplo aqui, pois envolve a
compreensão e a interpretação de textos orais e escritos, imagens estáticas, imagens em
movimento e som, favorecendo o desenvolvimento de novas competências, como: o
desenvolvimento de postura crítica, a necessidade de trabalhar a intertextualidade, a
checagem de informações, entre outros.
No que diz respeito à produção escrita, cabe ao usuário da língua a construção do
domínio progressivo da habilidade de produzir textos escritos em diferentes gêneros, além de
textos multissemióticos, que são aqueles que envolvem o uso de diferentes linguagens (fotos,
ilustrações, cores etc.). A título de exemplo, um poema visual é uma espécie de texto verbo-
visual, que – quando disponibilizado em mídias digitais – envolve também a linguagem
audiovisual. Nos textos multissemióticos, a análise levará em conta as formas de composição e
estilo de cada uma das linguagens presentes, tais como plano/ângulo/lado, figura/fundo,
profundidade e foco, cor e intensidade nas imagens visuais estáticas, acrescendo, nas
imagens dinâmicas e performances, as características de montagem, ritmo, tipo de movimento,
duração, distribuição no espaço, sincronização com outras linguagens, complementaridade e
interferência etc. ou tais como ritmo, andamento, melodia, harmonia, timbres, instrumentos, na
música.
Por fim, quanto à análise linguística / semiótica, essa pratica envolve procedimentos e
estratégias cognitivas de análise e avaliação consciente, durante os processos de leitura e de
produção de textos (orais, escritos e multissemióticos). Essas reflexões são responsáveis pelos
efeitos de sentido do texto, seja no que se refere às suas formas de composição, determinadas
pelos gêneros (orais, escritos e multissemióticos) e pela situação de produção, seja no que se
refere aos estilos adotados nos textos.
Vale ressaltar que essas práticas de linguagem não são estanques. Com efeito, há uma
articulação e uma retroalimentação entre elas, como, por exemplo, quando se lê algo no
processo de produção de um texto ou quando alguém relê o próprio texto; quando, em uma
apresentação oral, conta-se com apoio de slides que trazem imagens e texto escrito; em um
programa de rádio, que embora seja veiculado oralmente, parte-se de um roteiro escrito;
quando roteirizamos um podcast; ou quando, na leitura de um texto, pensa-se que a escolha
daquele termo não foi gratuita; ou, ainda, na escrita de um texto, passa-se do uso da 1ª pessoa
do plural para a 3ª pessoa, após se pensar que isso poderá ajudar a conferir maior objetividade
ao texto.
HORA DE PRATICAR
GABARITO
Letra B
Capítulo 5 – Ortografia
Uma comunicação escrita eficaz muito se deve à ortografia. Com efeito, o conhecimento
das regras que regem a ortografia de nossa língua implica maior probabilidade de proficiência
na modalidade escrita e maior acerto nas questões de concursos.
Ortografia é a parte da gramática que versa sobre a escrita correta das palavras. Há
palavras que podem ser identificadas por meio de uma regra, mas não podemos nos esquecer
de que há aquelas que constituem exceções, e outras para as quais simplesmente não há
explicação ou a explicação está na origem da língua. Dessa forma, as melhores estratégias
para internalizar a forma como determinadas palavras são escritas ainda são a leitura e a
resolução de questões.
Nesta seção, apresentaremos algumas regras que podem ser úteis.
Emprega-se a letra X:
a) depois de ditongos:
Exceções:
chiqueiro enchiqueirar
chumaço enchumaçar
charco encharcar
Empregam-se as letras C e Ç:
a) depois de ditongos
ereto ereção
correto correção
deter detenção
Emprega-se o SS:
aceder acesso
ceder cessão
submeter submissão
intrometer intromissão
permitir permissão
discutir discussão
reprimir repressão
comprimir compressão
agredir agressão
regredir regressão
Emprega-se a letra S:
d) depois de ditongos
Emprega-se a letra Z:
friso + ar frisar
análise + ar analisar
pesquisa + ar pesquisar
rígido rigidez
gentil gentileza
viúvo viuvez
corpo corpanzil
cão canzarrão
flor florzinha
mesa mesinha
casa casinha
rosa rosinha
Emprega-se a letra G:
Emprega-se a letra J:
arranjar (arranjo, arranjas, arranjarei etc.) - despejar (despejo, despejaria, despejava etc.)
arranjar (arranjo) - cerejeira (cereja) - lojista (loja), trejeito (jeito) - varejista (varejo)
Formas variantes
Uso do hífen
a) nas palavras compostas, que não contêm elementos de ligação, quando o 1º termo está
representado por forma substantiva, adjetiva, numeral ou verbal.
Obs.: As palavras que perderam a noção de composição são grafadas sem hífen: passatempo,
rodapé, paraquedas, mandachuva etc.
c) quando o prefixo ou falso prefixo termina pela mesma vogal com que se inicia o segundo
elemento da palavra.
e) nas palavras formadas com os prefixos inter-, hiper- e super- quando a esses prefixos
seguirem-se palavras iniciadas por h ou r.
f) nas palavras formadas com os prefixos pré-, pró- e pós-, desde que estes sejam seguidos de
palavras de vida autônoma na língua.
g) nas palavras formadas com os advérbios bem e mal quando a esses elementos seguirem-se
palavras iniciadas por vogal ou h.
POR QUE
a) Usa-se por que (separado) quando a frase encerrar uma pergunta direta ou indireta. Se o
porquê estiver no final da frase, ele recebe acento circunflexo.
b) Usa-se por que (separado) quando a expressão puder ser substituída pela expressão pelo
qual e suas flexões.
PORQUE
PORQUÊ
a) O porquê (junto e com acento) é usado como substantivo; é sinônimo de motivo, razão.
HORA DE PRATICAR
1. Na frase, “...olha para a xícara fumegante...”, vê-se que a grafia correta da palavra
destacada é com a letra x. Em que item a seguir há uma grafia errada?
a) enxame / mexer
b) chuchu / chávena
c) vexame / colcha
d) xale / chalé
e) engraxate / fachina
GABARITO
1. E
2. D
3. a) Você não saiu, por quê?
b) Porque ela perdeu, fiquei triste.
c) A estrada por que andei não tinha fim.
d) Não entendi o porquê de tanto medo.
e) Não sei por que fui mal na prova.
f) Cheguei atrasado porque o carro quebrou.
g) Você vai embora? Por quê?
h) Por que devo fazer o trabalho sozinho?
i) Diga-me os porquês de sua revolta.
j) Ninguém sabe por que ele faltou.
1. Coesão textual
A PESCA
A princípio, o texto pode causar certo estranhamento no leitor, uma vez que não é
comum, na linguagem cotidiana, produzirmos textos em que seus elementos apareçam de
forma desarticulada, aos pedaços. Contudo, uma leitura mais atenta permitirá a constatação
de que o texto faz sentido, ou seja, tem coerência (a coerência textual será abordada na
próxima seção).
De fato, a conexão entre os vários segmentos de um texto permite que não se perca a
noção de unidade. Ademais, a coesão bem tecida promove a sequência, a progressão das
informações, na medida em que suas referências são claras e fáceis de serem identificadas. A
título de exemplificação, observe o texto a seguir:
Percebe-se que os enunciados do texto anterior estão estritamente ligados entre si, ou
seja, há coesão entre suas partes. As palavras que promovem essa ligação, os chamados
conectivos, conectores ou elementos de conexão, são responsáveis por manifestar a relação
de sentido que se estabelece entre os segmentos do texto e, portanto, apresentam função
coesiva. Vejamos:
Ex. 1: Não encontrei o diretor. Ele deve ter saído mais cedo.
Neste exemplo, observe que o pronome pessoal “ele” retoma o referente “diretor”,
explicitamente no texto, de forma anafórica.
Ex. 2: Nós éramos pequenos naquele tempo. E aquele era um tempo em que ainda se
apregoava nas ruas.
No segundo exemplo, a expressão “naquele tempo” retoma um referente que não está
presente no texto.
ANÁFORA X CATÁFORA
A substituição pronominal pode acontecer de duas formas:
anáfora (remissão para trás) – primeiramente ocorre um nome e, na
sequência, o pronome que lhe faz referência.
Ex.: Procurei o imóvel, mas não consegui encontrá-lo.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Por sua vez, os pronomes ESTE, ESTA e ISTO fazem coesão catafórica.
Todavia, caso haja mais de um referente, os pronomes ESTE, ESTA, ISTO fazem
coesão anafórica. Serão usados também os pronomes AQUELE, AQUELA e AQUILO.
Ex.: Karina e Samanta são minhas alunas. Esta prefere língua portuguesa e aquela
prefere matemática.
(Observe que o pronome “esta” refere-se ao termo mais próximo: “Samanta”, ao passo
que o pronome “aquela” refere-se ao termo mais distante: “Karina”.)
a) repetição
Ex. 1: Entre as pessoas de 15 a 17 anos de idade, ou seja, em idade escolar obrigatória, 78,8%
se dedicavam exclusivamente ao estudo.
No exemplo acima, houve uma repetição por meio de paráfrase. A paráfrase é uma
forma de dizer, com outras palavras, o que já havia sido dito anteriormente a fim de deixar o
enunciado mais compreensível. A expressão “ou seja” introduz a paráfrase em questão e
sinaliza que a mesma ideia será apresentada novamente numa outra formulação linguística. Há
outras expressões que podem introduzir paráfrases, são elas: isto é, dito de outra forma, em
outras palavras, em resumo, em suma etc.
Ex. 2: O problema não está na Lei Seca, o problema está em sua interpretação.
Neste caso, houve uma repetição propriamente dita com fins a contrastar as duas ideias
b) substituição
Neste caso, também ocorreu uma substituição gramatical. Contudo, aqui o pronome
relativo “que” retoma o pronome demonstrativo “o”, que, por sua vez, retoma não apenas uma
palavra, mas uma predicação inteira.
Ex. 4: Graças a Deus eu não experimentei a força e a eficiência do air bag , pois nunca fui vítima
de um acidente. Mas sou totalmente a favor do equipamento. Jamais soube de casos em que
pessoas que dirigiam um carro com esse dispositivo tiveram um ferimento mais grave. (...)
Na compra de um automóvel, o brasileiro deve levar em conta os diversos parâmetros de
segurança, e não somente a disponibilidade do air bag. Este último item, sozinho, não pode ser
considerado o “salvador da pátria”.
Neste exemplo, houve uma substituição lexical (coesão lexical), já que o termo “air bag”
foi substituído pelos hiperônimos: equipamento, dispositivo e item, o que garantiu a
continuidade temática do texto. Vale ressaltar que, na substituição lexical, também podem ser
usados sinônimos, antônimos e epítetos (palavras ou frases que qualificam o referente).
HIPERÔNIMOS E HIPÔNIMOS
Os hiperônimos são palavras de sentido geral, mais genérico. Por essa razão, podem
substituir um número grande de termos. Por outro lado, os hipônimos são palavras de
sentido mais específico. Seguem alguns exemplos:
Hiperônimos Hipônimos
talher garfo, faca, colher
móvel cadeira, mesa, sofá
roupa camisa, calça, vestido
equipamento computador, balança, impressora
bebida suco, refrigerante, cerveja
sobremesa pudim, pavê, sorvete
No exemplo acima, ocorreu a substituição por elipse, ou seja, por ausência, uma vez que
que houve a omissão do verbo haver na frase (Quanta violência há nesta cidade). A elipse é a
omissão de um termo facilmente dedutível pelo contexto.
Na coesão sequencial, por sua vez, a organização das ideias é conseguida com base no
procedimento conhecido como conexão. Essa conexão é normalmente realizada por
conjunções, que estabelecem relações de sentido entre os trechos que ligam.
Conexão
Ex. 1: São modificações tímidas, que visaram, antes, a coibir distorções e punir a discriminação
contra o trabalho da mulher do que propriamente incentivar sua contratação e permanência no
emprego. Todavia, apresentaram-se como um avanço no vácuo legislativo que é o direito
promocional do trabalho da mulher [...]
Ex. 2: Assinamos o contrato, uma vez que todos discutiram e aceitaram a proposta.
adição e, também, ainda, não só... mas também, nem, além de etc.
causalidade visto que, uma vez que, já que, dado que, porque, como, tendo em vista
que etc.
comparação tanto (...) quanto, mais (...) do que, menos (...) do que etc.
complementação como, se, que etc.
conclusão portanto, pois (posposto ao verbo), por conseguinte, logo, assim, então
etc.
condicionalidade se, caso, a menos que, exceto se, desde que, contanto que, sem que, a
menos que, a não ser que, salvo se etc.
conformidade segundo, conforme, consoante, como etc.
finalidade a fim de que, para que etc.
justificação ou ou seja, isto é, quer dizer, pois etc.
explicação
oposição mas, porém, contudo, todavia, não obstante, entretanto, no entanto,
embora, se bem que, apesar de, ainda que etc.
temporalidade antes que, depois que, logo que, enquanto, mal, quando, apenas, assim
que, sempre que, cada vez que etc.
Vale ressaltar que esses valores semânticos não são fixos, ou seja, dependendo do
contexto, eles podem variar. Assim, é sempre muito importante estar atento (a) às relações que
se estabelecem entre as orações antes de determinar o valor semântico dos conectivos.
Quando os conectivos não são bem empregados, a relação entre as ideias de um texto
não fica clara para o receptor da mensagem, pois o texto resultante é incoerente. A título de
exemplo, vejamos um uso muito comum, mas errôneo, das locuções posto que e eis que:
Ex. de uso incorreto: Não há como entender o que realmente aconteceu, posto que sua
explicação ficou confusa.
Ex. de uso correto: Não há como entender o que realmente aconteceu, visto que / uma vez que /
tendo em vista que a explicação ficou confusa.
A locução conjuntiva posto que tem sido usada corriqueiramente como locução causal
(no sentido de porque, porquanto, uma vez que) quando, na verdade deve ser empregada com
valor concessivo (no sentido de embora, ainda que, se bem que, conquanto, mesmo que).
Ademais, essa locução conjuntiva deve ser usada com o verbo no subjuntivo:
O mesmo ocorre com a expressão eis que. Tem sido bastante comum o uso dessa
expressão como se ela fosse causal, quando na verdade ela apresenta o sentido de quando e
eis senão quando. Observe os exemplos a seguir:
Ex. de uso incorreto: O entregador foi embora, eis que não havia ninguém morando naquele
local.
Ex. de uso correto: Eis que a testemunha viu a vítima passar aos gritos.
Como nos foi possível observar nesta subseção, a coesão textual é o recurso por meio
do qual o autor evidencia, na superfície de seu texto, as articulações que estabelecem relações
de ideias, garantindo que sua coerência seja assegurada. A escolha dos conectores
adequados é fundamental, visto que são eles que irão determinar as diferentes relações entre
os termos, orações, períodos e parágrafos do texto.
2. Coerência
Como vimos na subseção anterior, um texto bem construído deve apresentar conectivos
empregados de forma adequada a fim de que se garanta uma conexão harmoniosa entre as
suas partes. Contudo, não basta a coesão para que se ateste a qualidade de um texto. Faz-se
necessário também que exista uma relação harmônica e lógica entre as ideias nele contidas.
De fato, em um texto deve haver uma concatenação de ideias entre as frases, ou seja,
cada ideia apresentada deve ser uma complementação de outra. A coerência textual é o
instrumento de que o autor lançará mão para garantir que sua linha de raciocínio não seja
quebrada e o seu texto forme um todo significativo. Ademais, a valorização das ideias
apresentadas no texto aumenta na mesma proporção em que se estabelece a coerência, o que
implica o fortalecimento de seu efeito persuasivo.
Ademais, é possível que um texto seja perfeitamente coeso, mas não seja coerente.
Considere o exemplo a seguir:
Qualquer afirmação feita ao longo do texto deve ser mantida até o final. Ademais, não
deve haver no interior do texto elementos linguísticos que, de alguma forma, contradigam
informações anteriores ou pressupostas, sob pena de as ideias ficarem desconexas e sem
sentido.
Observe, a seguir, um exemplo de texto contraditório:
Ex.: Em um país onde a justiça rasteja e a palavra-chave é soltar, e não prender, a segurança
pública segue sendo alvo de críticas. A maior prova disso são os complexos penitenciários
cada vez mais abarrotados.
Se, de acordo com o autor do texto, a regra é soltar, e não prender, como é que os
complexos penitenciários estão cada vez mais abarrotados? Há uma contradição séria no
texto.
Princípio da não tautologia (pleonasmo vicioso) → as ideias desenvolvidas no texto não podem
ser redundantes.
Princípio da relevância → as ideias do texto precisam dialogar entre si. Se elas aparecem
fragmentadas e sem conexão lógica umas com as outras, o texto fica confuso e incoerente.
HORA DE PRATICAR
GABARITO
1. A
2. B
1.1 Frase
Ex.: Socorro!
O dia está lindo!
1.2 Oração
1.3 Período
Por fim, o período é um enunciado linguístico organizado em uma ou mais orações. Ele
se classifica em:
Ex.: A ideia é boa, mas a medida é prematura. (dois verbos – duas orações)
2. Termos da oração
Termos da oração
essenciais integrantes acessórios
sujeito complemento verbal adjunto adnominal
predicado complemento nominal adjunto adverbial
agente da passiva aposto
a) sujeito – palavra (ou conjunto de palavras) sobre a qual se enuncia alguma coisa.
b) predicado – o que é enunciado sobre o sujeito, por meio de um verbo, na oração (salvo nas
orações sem sujeito, em que há apenas predicado).
Sujeito Predicado
O professor concordou com a minha opinião.
Meus filhos viajarão comigo.
Tipos de sujeito
c) sujeito oculto – não aparece explicitamente na oração, mas pode ser identificado com
facilidade por meio da desinência verbal ou pelo contexto. É também conhecido como sujeito
elíptico.
d) sujeito indeterminado – não aparece expresso na oração porque não se deseja que ele seja
conhecido ou porque não é possível explicitá-lo. Isso acontece em duas situações:
Sujeito indeterminado
Verbo na 3ª pessoa do plural, não se Disseram que a queima de fogos foi um grande
referindo a nenhuma pessoa determinada espetáculo.
pelo contexto.
Verbos intransitivos, transitivos indiretos ou
de ligação na 3ª pessoa do singular Precisa-se de funcionários.
acompanhado da partícula se (índice de
indeterminação do sujeito).
e) sujeito inexistente – ocorre nas chamadas orações sem sujeito, em que se empregam verbos
impessoais. Observe no quadro a seguir as características dessas orações.
Características Exemplos
verbos que exprimem fenômenos da natureza Choveu a noite toda.
verbo haver no sentido de existir ou na Há muitos problemas a serem resolvidos.
indicação de tempo decorrido Há dias ela não aparece por aqui.
verbos fazer ou estar no sentido de tempo ou Faz dez dias que não durmo direito.
clima Faz muito calor nesta época do ano.
Está cedo.
Está muito calor hoje.
verbo ser empregado em relação a datas, horas Hoje é dia 9 de abril.
ou distâncias Já é meio-dia.
São cinco quilômetros daqui até lá.
verbos bastar e chegar acompanhados da Já basta de tanta enrolação!
preposição de Chega de mentiras!
Obs.: Nas locuções verbais, sendo o verbo principal impessoal, ele transfere essa
impessoalidade para o verbo auxiliar.
Tipos de predicado
a) predicado verbal – é o predicado em que o núcleo significativo é um verbo que indica ação
(intransitivo ou transitivo) e não há predicativo na frase.
VTD OD
Ex.: O entrevistado ofendeu a repórter.
Predicado verbal
Predicado nominal
Predicado verbo-nominal
VTD OD PO
Ex.: O aluno achou o raciocínio exato.
Predicado verbo-nominal
Complementos verbais
Complemento nominal
Assim como acontece com os verbos transitivos, alguns nomes (substantivo, adjetivo e
advérbio) também precisam de complementos para integrar o seu sentido. Como completam o
sentido de nomes, eles são chamados de complementos nominais.
Esses complementos são regidos de preposição, e por essa razão, podem ser
confundidos com objetos indiretos. Todavia, não se pode esquecer de que os objetos indiretos
completam o sentido de verbos, ao passo que os complementos nominais integram o sentido de
substantivos, adjetivos e advérbios. Veja os exemplos a seguir:
substantivo
Ex.: Tenho orgulho das suas conquistas.
complemento nominal
adjetivo
advérbio
Agente da passiva
Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação expressa pelo verbo na voz
passiva analítica. Ele é obrigatoriamente regido pela preposição por, mas em raras ocasiões
pode ser regido pela preposição de.
sujeito paciente
Obs.: por + a = pela
Ex.: Este relatório foi elaborado por Ricardo. por + as = pelas
agente da passiva por + o + pelo
por + os = pelos
Adjunto adnominal
c) numeral adjetivo
d) adjetivo
e) locução adjetiva
O substantivo é
concreto?
Sim Não
Sim Não
Complemento
nominal
compl. nom.
adj. adn.
Adjunto adverbial
Aposto
Aposto é o termo da oração que exemplifica ou explica outro termo da oração, de mesma
função sintática, já anteriormente mencionado. Com efeito, caso seja retirado da oração o
termo a que o aposto se refere, este passará a exercer a mesma função do termo retirado.
Observe:
sujeito
Ex.: Joaquina, a filha do vizinho, foi estudar na capital.
aposto
sujeito
Tipos de aposto
a) aposto explicativo – detalha, explica, amplia o sentido do termo ao qual está ligado. Aparece
entre vírgulas, travessões ou parênteses.
Ex.: Chico Buarque, um dos principais artistas brasileiros, nasceu no Rio de Janeiro.
d) aposto resumidor – é também chamado de recapitulativo. Tem a função de resumir, por meio
de um pronome, algo que foi expresso pelo termo fundamental.
Ex.: Dedicação, treino, força de vontade, foco, tudo isso é necessário para a formação de um
bom atleta.
e) aposto de oração – refere-se a uma oração completa, sendo geralmente representado pelo
pronome demonstrativo o ou por substantivos, tais como fato, episódio, acontecimento,
situação etc.
3. Período composto
Como vimos no início deste capítulo, o período pode ser simples (formado por apenas
uma oração) ou composto (formado por duas ou mais orações). Nesta seção, o nosso enfoque
será no período composto.
Primeiramente, é preciso compreender que o período pode ser composto por
coordenação, por subordinação e por coordenação e subordinação. Vamos tratar de cada um
desses tipos de período a partir de agora.
O período composto por coordenação apresenta orações independentes entre si. Isso
quer dizer que elas não exercem qualquer função sintática em relação a nomes, verbos ou
pronomes de outra oração, ou seja, são sintaticamente completas, visto que possuem todos os
termos de seu modelo estrutural, seja de forma expressa, seja de forma elíptica. Considere o
exemplo a seguir:
adversativas oposição: mas, porém, Gostaria de ter ido à praia, mas choveu.
contudo, todavia, no entanto,
entretanto
alternativas alternância: ou...ou, Ou você pega a estrada logo, ou ficará preso no
ora...ora, já...já, quer...quer engarrafamento.
conclusivas conclusão: logo, portanto, Estudei o suficiente, logo tive êxito na prova.
por isso, assim, pois
explicativas explicação: pois, porque, Ele deve estar dormindo, pois a luz do quarto
visto que, porquanto, que está apagada.
O período composto por subordinação é assim chamado porque é formado por orações
que exercem uma função sintática em relação a algum termo presente em outra oração,
denominada oração principal. A oração principal pode iniciar o período, finalizá-lo ou ser
interrompida por uma oração subordinada a ela. Considere o exemplo a seguir:
orações subordinadas
substantivas sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do
sujeito e aposto
adjetivas adjunto adnominal (adjetivo)
adverbiais adjunto adverbial (advérbio)
As orações subordinadas substantivas, como o próprio nome sugere, são aquelas que
desempenham o papel de um substantivo. Considere os dois exemplos a seguir:
Obs.: A palavra que presente nas orações subordinadas substantivas é conjunção integrante.
Ex.: Os trabalhadores que fizeram greve foram convocados para uma reunião.
oração subordinada adjetiva
Obs.: As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por pronomes relativos (que,
o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.).
Ex.: Meu irmão que mora na Irlanda virá ao Brasil no próximo mês.
oração subordinada adjetiva restritiva
Neste exemplo, o autor da oração tem mais de um irmão e está falando especificamente
do irmão que mora na Irlanda. Observe que não é possível suprimir essa oração adjetiva sem
prejudicar o sentido do período.
Ex.: Meu irmão, que mora na Irlanda, virá ao Brasil no próximo mês.
oração subordinada adjetiva explicativa
locução adverbial
No exemplo acima, a locução adverbial à tarde exerce a função de adjunto adverbial. Essa
locução pode ser substituída por uma oração que desempenhe a mesma função sintática.
Observe:
Ex.: Naquela rua, há moradores de rua pedindo esmolas. (que pedem esmolas)
oração subordinada adjetiva reduzida de gerúndio
Ex.: Meu vizinho tem um cachorro de meter medo. (que mete medo)
oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo
HORA DE PRATICAR
Em “Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café”, há:
a) uma oração coordenada
b) duas orações coordenadas
c) três orações coordenadas
d) quatro orações coordenadas
GABARITO
Letra B
A maior parte das palavras, em língua portuguesa, é acentuada, isto é, apresenta uma
sílaba tônica. A sílaba tônica é aquela que recebe a mais alta intensidade na pronúncia.
Todavia, apenas algumas palavras recebem o chamado acento gráfico (acento agudo, acento
circunflexo, crase), o que ocorre de acordo com algumas regras que levam em consideração
aspectos, tais como a tonicidade da palavra, sua terminação e a reforma ortográfica de 2009.
Assim, conclui-se que:
Acento Acento
prosódico gráfico
(tônico)
A sílaba pode ser definida como um grupo de fonemas expresso numa só emissão de
voz. Há duas informações muito importantes sobre a sílaba:
Portanto, pode-se afirmar que a base de uma sílaba é a vogal. No que diz respeito ao
número de sílabas, as palavras podem ser classificadas em:
MONOSSÍLABAS apresentam apenas uma vogal e uma sílaba. Ex.: pé, só, mel, pá
DISSÍLABAS apresentam duas vogais e duas sílabas. Ex.: casa, caju, filé
TRISSÍLABAS apresentam três vogais e três sílabas. Ex.: cadeira, boneca, história
Há palavras que, quando não acentuadas graficamente, mudam de sentido e podem até
mesmo mudar de classe gramatical. Muitas questões de provas são elaboradas com base
nessas palavras a fim de verificar se o candidato está atento à importância da acentuação
gráfica para a clareza de um texto.
Observe a tabela a seguir:
É importante atentar para essa nomenclatura, pois ela pode aparecer na sua prova.
a) palavras monossílabas
A (s): pá (s)
E (s): fé, mês
O (s): dó, pôs
ÉU: céu, céus
ÉI: méis
ÓI: dói, sóis (plural de sol)
Obs.: Caso a palavra venha acompanhada de um pronome oblíquo, este não deve ser contado
como sílaba.
Observe que apenas as palavras monossílabas tônicas são acentuadas. Elas possuem
autonomia fonética e semântica, isto é, são proferidas com força e mantêm o seu significado
próprio, independentemente de virem inseridas numa frase ou isoladas.
As monossílabas átonas não são acentuadas, visto que não têm autonomia fonética e se
apoiam em outras palavras. Pode haver modificação prosódica de seus fonemas (alteração na
forma como são pronunciados):
MONOSSÍLABOS ÁTONOS
artigos o, a, os, as, um, uns
preposições a, com, de, em, por, sem, sob (e contrações)
pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, nos, nas, me, te, se, nos, vos, lhe, lhes (e
átonos contrações)
pronome relativo que (salvo se estiver em final de frase ou imediatamente antes de
pontuação)
advérbio não
conjunção e, nem, mas, ou, que, se
formas de tratamento frei, dom, seu e são
b) palavras oxítonas
Obs.: As palavras que apresentarem ditongo aberto na penúltima sílaba (palavras paroxítonas)
não serão acentuadas.
herói – heroico
Obs.: Assim como ocorre com as palavras monossílabas, caso a palavra oxítona venha
acompanhada de um pronome oblíquo, este não deve ser contado como sílaba.
c) palavras paroxítonas
Há diferentes regras para a acentuação gráfica das palavras paroxítonas e, por essa
razão, essas palavras costumam ser as mais cobradas nas provas de concursos.
R: revólver, * Méier (neste caso o ditongo aberto é acentuado porque a palavra é paroxítona
terminada em R)
X: tórax, ônix
N: hífen, líquen
L: fácil, ágil
Obs.: Neste caso, para serem acentuadas, essas palavras não podem ser seguidas de S.
Assim, a palavra hífen tem acento gráfico, ao passo que a palavra hifens não tem.
tritongo: jóquei
Caso você tenha esquecido o que são ditongos, tritongos e hiatos, segue um esquema
para ajudar:
d) palavras proparoxítonas
Esta é a regra mais fácil de ser assimilada, pois todas as palavras proparoxítonas são
acentuadas. Seguem alguns exemplos:
É preciso ressaltar que essa regra prevalece sobre outras. Assim, caso alguma
alternativa de questão afirme que a palavra “friíssimo”, por exemplo, é acentuada pela regra
dos hiatos (I e U tônicos), isso estará errado, pois a palavra é proparoxítona; por essa razão,
entende-se que ela é acentuada por ser proparoxítona.
Alguns gramáticos entendem que palavras, tais como mistério, cárie, série, tênue,
glória, espontâneo, entre outras, podem ser consideradas proparoxítonas (esdrúxulas).
Exatamente! São paroxítonas terminadas em ditongo, mas há quem entenda que nesses
casos não há ditongo no final da palavra, mas sim hiato. De acordo com esse entendimento, a
divisão silábica de tais palavras seria:
Assim, os encontros vocálicos terminais, também chamados de postônicos (-ea, -eo, -ia,
-ie, -io, -oa, -ua, -ue, -uo), são considerados, via de regra, ditongos crescentes (mis-té-rio, cá-
rie, sé-rie, tê-nue, gló-ria, es-pon-tâ-neo), todavia há a possibilidade, em última instância, de
serem entendidos como hiato. Dessa forma, tais palavras seriam entendidas como
proparoxítonas aparentes ou falsas esdrúxulas: mis-té-ri-o, cá-ri-e, sé-ri-e, tê-nu-e, gló-ri-a, es-
pon-tâ-ne-o.
e) regra do hiato
Devem ser acentuados o I e o U tônicos, que formam hiato com a vogal anterior, seguidos ou
não de S.
juízo, viúvo, país
Todavia, não devem ser acentuados o I e o U tônicos do hiato quando estes vierem
seguidos de outra letra (diferente de S), na mesma sílaba, ou de NH, na sílaba seguinte.
Também não se acentuam o I e o U tônicos quando estes formam hiato com um ditongo
anterior:
feiura, baiuca
Obs.: caso o I e o U tônicos estejam formando hiato com um ditongo anterior, mas apareçam
em posição final (palavras oxítonas), eles devem levar acento.
Piauí, teiú
f) Acento diferencial
O acento diferencial foi excluído da maioria das palavras após o acordo ortográfico de
2009. Ele se mantém apenas nas quatro palavras a seguir:
PÔDE (verbo poder no tempo passado) / PODE (verbo poder no tempo presente)
PÔR (verbo) / POR (preposição)
VEM (verbo vir na 3ª pessoa do singular) / VÊM (verbo vir na 3ª pessoa do plural)
(verbos derivados seguem a mesma regra: advém – advêm; provém – provêm etc.)
TEM (verbo ter na 3ª pessoa do singular) / TÊM (verbo ter na 3ª pessoa do plural)
(verbos derivados seguem a mesma regra: mantém – mantêm, contém – contêm etc.)
HORA DE PRATICAR
2. oração que conta com todas as palavras devidamente acentuadas de acordo com a norma-
padrão é:
a) Eles tem muitas ideias para oferecer aos franceses e ingleses.
b) Eles têm muitas ideias para oferecer aos franceses e ingleses.
c) Eles têm muitas idéias para oferecer aos franceses e ingleses.
d) Eles têm muitas idéias para oferecer aos francêses e inglêses.
GABARITO
Letra B
Capítulo 9 – Pontuação
1. Ponto final
b) nas abreviaturas
2. Ponto e vírgula
O ponto e vírgula marca uma pausa maior que a vírgula, porém menor que a do ponto
final, sem, contudo, encerrar o período. Ele é usado:
a) para separar orações de um período extenso que já apresente vírgula em seu interior.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
3. Dois pontos
Os dois pontos marcam uma sensível suspensão da melodia da frase. São usados:
Ex.: “Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz.”
(Pe. Antônio Vieira)
c) quando se vai iniciar uma sequência que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma
ideia anterior
Ex.: Foram escritos três artigos: um sobre Direito Previdenciário e dois sobre Legislação
Trabalhista.
4. Travessão
Ex.: – Como se
chama?
– Helena.
b) evidenciar palavra, expressão ou frase bem como separar orações intercaladas, fazendo as
vezes de vírgula ou parênteses.
Ex.: “Os Estados Unidos e a China – os maiores poluidores do planeta – não são signatários
dos principais tratados de preservação ambiental.”
5. Reticências
b) supressão de trechos de texto com fonte. Nesse caso, as reticências devem vir entre
parênteses.
Ex.: “(...) e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe
pelo corpo, tomou o peito aprumado, (...)”
6. Aspas
Ex.: “Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na
lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo.”
b) destacar palavras e expressões que não pertençam à língua culta (gírias, estrangeirismos,
neologismos etc.).
7. Parênteses
Ex.: Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem mais de
200 milhões de habitantes.
Ex.: “Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho,
mas a mulher já se trancara lá dentro.”
(Fernando Sabino, O homem nu.)
8. Vírgula
A vírgula marca uma pausa de curta duração. Ela não deve ser usada para separar
ideias ou palavras que estão interligadas sintática e semanticamente numa sequência lógica,
sem interrupções.
Ex.: Não quero que você continue alheio ao que se passa a sua volta.
Percebemos que as pessoas são encantadoras quando acreditamos nelas.
A vírgula é usada:
Ex.: Em nosso país, as normas costumeiras figuram como fonte supletiva da lei.
Obs.: Se o adjunto adverbial for um simples advérbio, a vírgula é facultativa. Ela só obrigatória
quando o adjunto adverbial é longo (apresenta três ou mais palavras).
Ex.: Era domingo; não havia nada, pois, que pudéssemos fazer.
Um dia, porém, voltarei a minha terra.
d) antes do e quando os sujeitos das orações que compõem o período forem diferentes.
Ex.: Os tenistas brasileiros vencem algumas partidas de tênis, e o Brasil tenta recuperar
prestígio na copa Davis.
Ex.: Trabalharemos em prol dos oprimidos. Isso, é claro, se nos permitirem reformular
todos os conceitos de opressão.
HORA DE PRATICAR
1. Em “O Brasil vem se esgarçando há muito tempo, vem quebrando um casulo” (9º parágrafo),
as vírgulas servem para indicar:
a) a separação de orações coordenadas
b) a existência de uma oração adjetiva restritiva
c) um vocativo, ou seja, um chamamento ou interpelação
d) um aposto, ou seja, uma expressão explicativa não oracional
GABARITO
1. Letra A
2. Letra C
Intertextualidade
Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora
que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha
É fácil perceber a relação entre os dois textos. Com efeito, o poema de Drummond
exerce clara influência sobre a letra da música. identifica-se essa influência por meio de
elementos linguísticos, tais como a semelhança da estrutura sintática.
Dito de outra forma, a intertextualidade ocorre quando, na produção de um texto, o autor
coloca, na estrutura de sua produção, referências implícitas ou explícitas à outra obra.
Intertextualidade implícita:
Não é facilmente identificada, pois está oculta e sua relação com o texto original é
indireta. Assim não é fácil encontrar os elementos do texto original;
Para ser percebida, é preciso interpretar a obra, analisá-la, fazer deduções a seu
respeito e conhecer a sua história e contexto em que foi criada;
É necessário ter conhecimento prévio e muita atenção.
Intertextualidade explícita:
É facilmente identificada, tendo em vista que está diretamente ligada ao texto original,
cujos elementos referenciados são prontamente notados;
Não demanda muita atenção nem esforço para ser identificada;
Não é preciso ter um vasto conhecimento prévio para ser percebida.
Vale notar que essas referências podem ser representadas de diferentes formas. Elas
podem ser: escritas, visuais ou auditivas.
Tipos de intertextualidade:
a) Paródia
b) Paráfrase
c) Epígrafe
A epígrafe é um recurso muito usado em textos científicos e obras literárias. Ela ocorre
quando um autor escolhe um trecho de alguma obra para introduzir a sua própria obra. O
trecho escolhido deve dialogar diretamente com o conteúdo que será abordado na nova obra.
Ela é normalmente usada como introdução a capítulos de livros, monografias,
dissertações de mestrado, teses de doutorado e afins.
Como a epígrafe é um trecho cuja autoria pertence a outro artista, mantém-se a
estrutura e as ideias conforme o original. A título de exemplo, um autor, que estivesse
escrevendo sobre linguagem jurídica, poderia usar a seguinte epígrafe para introduzir seu
trabalho:
“A nossa linguagem pode ser vista como uma cidade antiga: um labirinto de
travessas e largos, casas antigas e modernas com reconstruções de
diversas épocas; tudo isso rodeado de uma multiplicidade de novos bairros
periféricos com ruas regulares e casas todas uniformizadas.”
(Ludwig Wittgenstein)
Essa epígrafe seria usada com o objetivo resumir o sentido da obra ou situar sua
motivação.
d) Citação
Trata-se da transcrição fiel de frases ou trechos, elaborados por outros autores, para
reforçar ou ratificar uma ideia presente em outro texto. As citações podem ser diretas ou
indiretas.
A citação direta deve ser escrita entre aspas ou em itálico, exatamente como estiver no
texto original (mesmo que contenha algum erro gramatical), e mencionar as referências (seu
autor, de que obra a citação foi retirada e o ano em que foi publicada, entre outras
informações), a fim de evitar a cópia parcial ou integral das ideias ou conceitos de determinado
autor e usá-las como se fossem próprias, ou seja, o plágio.
Já a citação indireta, consiste na reescrita de um trecho de determinado texto,
mantendo o seu sentido original. Assim como acontece nas citações diretas, as referências da
citação indireta também devem ser apresentadas no trabalho. A diferença é que o último nome
do autor do texto deve ser citado. O ano de publicação da obra e o número da página são
opcionais e raramente usados. Além disso, as aspas ou o recuo também não são usados.
e) Alusão
Perceba que as duas expressões são comumente usadas em nosso cotidiano. Elas nada
mais são do que uma alusão ao Cavalo de Tróia, uma grande estrutura de madeira, em formato
de cavalo, que foi enviada aos troianos durante a Guerra de Tróia.
f) Hipertexto
g) Pastiche
Como se pode notar, o pastiche usa a imagem ou o estilo distinto de outro autor / outra
obra de arte, enquanto ainda infunde o próprio estilo do artista.
Interdiscursividade
HORA DE PRATICAR
O texto I apresenta uma pergunta: “Qual é, pois, nesta Babel, a língua de Macau?”. O termo
Babel indica uma relação direta com um episódio narrado na tradição bíblica, associado a uma
confusão entre línguas. Esse tipo de relação entre diferentes textos denomina-se:
a) discursividade
b) intertextualidade
c) transversalidade
d) argumentatividade
GABARITO
1. Letra A
CLASSES DE PALAVRAS
artigo advérbio
substantivo preposição
palavras variáveis adjetivo palavras invariáveis conjunção
numeral
pronome interjeição
verbo
Como este é um assunto muito relevante para que você consiga resolver uma série de
questões, nesta seção vamos falar detalhadamente sobre cada uma dessas classes.
1. Artigo
indefinidos (um, uma, uns, umas) – indicam seres de maneira vaga, generalizada
d) Após o pronome indefinido todo (a), usa-se o artigo para transmitir a ideia de totalidade. Sem
o artigo, o pronome dá a ideia de “qualquer”.
a) O artigo indefinido pode ser usado para dar força expressiva a um substantivo.
2. Substantivo
É o nome com que se designa os seres em geral e que pode flexionar-se em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo). Eles se
classificam em:
2.1 Gênero
o diretor - a diretora;
o homem - a mulher;
o freguês - a freguesa;
o mestre - a mestra;
o ator - a atriz.
Por sua vez, os substantivos uniformes apresentam uma subclassificação. Eles podem
ser comuns de dois gêneros, sobrecomuns e epicenos.
Os substantivos comuns de dois gêneros apresentam uma só forma para o gênero
masculino e o gênero feminino:
o gerente - a gerente;
o colega - a colega;
o doente - a doente;
o artista - a artista;
o turista - a turista.
a pessoa;
o indivíduo;
a vítima;
o ser;
a criança;
a barata;
a jiboia;
o pinguim;
a onça;
o boto;
2.2 Número
visão – visões
coração – corações
eleição – eleições
porão – porões
limão – limões
estação – estações
órfão – órfãos
bênção – bênçãos
irmão – irmãos
mão – mãos
grão – grãos
Poucas palavras mudam sua terminação, no plural, para -ães. Nesse caso, não há uma
regra específica, mas é possível listar alguns exemplos.
alemão – alemães
cão – cães
capitão – capitães
catalão – catalães
charlatão – charlatães
escrivão – escrivães
guardião – guardiães
cana-de-açúcar - canas-de-açúcar;
pôr do sol - pores do sol;
fim de semana - fins de semana;
pé de moleque - pés de moleque.
a) nos substantivos compostos formados por tema verbal ou palavra invariável + substantivo:
bate-papo - bate-papos;
quebra-cabeça - quebra-cabeças;
arranha-céu - arranha-céus;
ex-namorado - ex-namorados;
vice-presidente - vice-presidentes.
zum-zum - zum-zuns;
tico-tico - tico-ticos; Obs.: Nestes substantivos também é possível
lufa-lufa - lufa-lufas; a flexão dos dois elementos: zuns-zuns, ticos-
reco-reco - reco-recos. ticos, lufas-lufas, recos-recos.
grão-duque - grão-duques;
grã-fino - grã-finos;
bel-prazer - bel-prazeres.
Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos formadores, ou seja, eles se
mantêm invariáveis. Isso ocorre em orações substantivas e em substantivos compostos por
um tema verbal e uma palavra invariável ou outro tema verbal oposto:
2.3 Grau
3. Adjetivo
Assim como ocorre com o substantivo, o adjetivo também pode ser classificado como
simples, composto, primitivo, derivado e pátrio.
a) Gênero
No que diz respeito ao gênero, os adjetivos devem concordar com os substantivos que
qualificam. Eles podem ser classificados em biformes ou uniformes. São chamados de
adjetivos biformes, aqueles que apresentam duas formas diferentes, uma para o gênero
masculino e outra para o gênero feminino:
bonito - bonita;
puro - pura;
corajoso - corajosa;
confuso - confusa;
cheio - cheia.
Por sua vez, os adjetivos uniformes são aqueles que apresentam uma única forma tanto
para qualificar substantivos masculinos como para os femininos.
Como regra geral, para formar uma palavra feminina, basta trocar a terminação “o” da
palavra masculina pela terminação “a”. Contudo, há outras regras de formação do feminino.
* -a freguês – freguesa
-ês senhor – senhora
-or cru – crua
-u
-ão -ã cristão – cristã
-ona brincalhão - brincalhona
-eu -eia ateu – ateia
(Exceção: judeu – judia)
*Exceções: superior, melhor, incolor, anterior, inferior, interior, pior, multicor, hindu, pedrês,
cortês, descortês (são todas invariáveis)
Como regra geral, somente o último elemento do adjetivo composto recebe a terminação
feminina.
verde-claro / verde-clara
socioeconômico – socioeconômica
b) Número
ciumento – ciumentos
gentil – gentis
audaz – audazes
cortês – corteses
louvável - louváveis
Observação: Se o nome relativo à cor for um substantivo adjetivado, ele deverá permanecer
invariável.
Ex.: camisas cinza
gravatas laranja
blusas rosa
camisetas creme
olhos castanho-claros
toalhas amarelo-escuras
mesas médico-cirúrgicas
crises político-econômicas
capas verde-mar
mochilas amarelo-ouro
vestidos azul-pavão
c) Grau
i) Grau comparativo
O artigo é superinteressante.
Sua ideia é ultramoderna.
Observações importantes:
- Caso sejam comparadas as características de um mesmo ser, pode-se usar as formas mais
bom, mais mau e mais grande.
Locução adjetiva é uma expressão empregada com valor de adjetivo, representada por
mais de uma palavra. Na maioria dos casos, a locução é formada por uma preposição e um
substantivo.
andar de baixo
jornal de ontem
música de sempre
4. Numeral
5. Pronome
Pronomes substantivos
Pronomes adjetivos
De acordo com a função que exercem, eles podem ser classificados em seis tipos:
pessoais
possessivos
demonstrativos
indefinidos
interrogativos
relativos
Os pronomes pessoais são aqueles que denotam a pessoa do discurso. Eles sempre
figuram no lugar de um substantivo e, por essa razão, são pronomes substantivos.
Ademais, eles são classificados em pronomes pessoais retos e pronomes pessoais
oblíquos. Os pronomes oblíquos, por sua vez, são subclassificados em oblíquos átonos e
oblíquos tônicos. Veja a tabela:
São pronomes que normalmente exercem a função de sujeito, mas podem vir a exercer a
função de predicativo do sujeito em alguns casos.
a) Não se deve esquecer de que os pronomes eu e tu não podem ser regidos por preposição.
Assim, eles devem ser substituídos por mim e ti, respectivamente.
Obs.: Em frases do tipo: A professora pediu para eu chegar mais cedo, saiba que a preposição
para não rege o pronome eu, mas sim o verbo chegar (pediu para chegar). Assim, caso haja
verbo após o pronome, não se deve usar o pronome oblíquo.
Pronome Emprego
você tratamento íntimo, familiar
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques
Vossa Eminência cardeais
Vossa Excelência altas autoridades do governo e oficiais das forças armadas
Vossa Magnificência reitores de universidades
Vossa Majestade reis, imperadores
Vossa Meritíssima juízes de Direito
Vossa Senhoria altas autoridades
Vossa Santidade papa
Senhor, Senhora tratamento respeitoso em geral
Pronomes oblíquos
Alguns pronomes exercem a função de objeto direto, outros, de objeto indireto, como se
pode observar a seguir.
Objeto direto
Esses pronomes assumem as formas lo, la, los, las após verbos terminados em r, s ou
z, e ainda, depois da partícula eis.
Ademais, eles assumem as formas no, na, nos, nas, se ocorrerem após verbos
terminados em som nasal.
Ex.: Eles dão comida aos necessitados. / Eles dão-na aos necessitados.
Objeto indireto
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem funcionar tanto como objeto direto como objeto
indireto, a depender da regência verbal
Obs.:
i) caso o pronome oblíquo se refira à mesma pessoa do pronome reto, ele será denominado
reflexivo.
ii) se os pronomes nos, vos e se indicarem ação mútua, eles serão denominados recíprocos.
iii) os pronomes me, te, lhe, nos e vos podem apresentar valor possessivo.
iv) os pronomes me, te, se, o, os, a, as, nos e vos podem exercer a função de sujeito de um
verbo no infinitivo. Isso ocorre com verbos do tipo deixar, mandar, fazer, perceber, sentir etc.
seguidos de um verbo no infinitivo:
b) Em alguns casos, faz-se necessário o uso das formas dele, dela para evitar ambiguidade.
A diretora não permitiu que o funcionário usasse o seu telefone durante o expediente.
A diretora não permitiu que o funcionário usasse o telefone dele durante o expediente.
Os pronomes demonstrativos são usados para apontar a posição dos seres no tempo e no
espaço. Alguns são variáveis, ao passo que outros são invariáveis. Observe a tabela abaixo:
Variáveis
Masculino Feminino invariáveis
Pessoas Singular Plural Singular Plural
1ª este estes esta estas isto
2ª esse esses essa essas isso
3ª aquele aqueles aquela aquelas aquilo
- Os pronomes este (s), esta (s) e isto são usados para indicar algo ou alguém que esteja perto
da primeira pessoa do discurso (aquele que fala).
- Os pronomes esse (s), essa (s) e isso são usados para indicar algo ou alguém que esteja perto
da segunda pessoa do discurso (aquele com quem se fala).
- Os pronomes aquele (s), aquela (s) e aquilo são usados para indicar algo ou alguém que esteja
distante tanto de quem fala quanto de quem escuta.
- Os pronomes este (s), esta (s) e isto indicam o tempo presente em relação a quem fala.
- Os pronomes esse (s), essa (s) e isso indicam o tempo passado ou futuro próximo ao momento
em que o emissor fala.
- Os pronomes aquele (s), aquela (s) e aquilo indicam um tempo distante em relação ao
momento em que o emissor fala.
- Os pronomes este (s), esta (s) e isto são usados para indicar o que ainda será falado ou
escrito.
- Os pronomes esse (s), essa (s) e isso são usados para indicar o que já foi falado ou escrito.
Os índices de produtividade precisam melhorar com urgência: essa foi a conclusão a que
se chegou na reunião de ontem.
- Os pronomes este (s), esta (s), aquele (s) e aquela (s) são usados para indicar seres que já
foram mencionados na fala ou na escrita. Este e esta indicam o mais próximo. Aquele e aquela
indicam o mais distante.
Morangos e laranjas fazem bem à saúde. Estas são fontes de vitamina C; Aqueles, de
vitamina E.
Os pronomes indefinidos são aqueles que fazem referência, de forma vaga, à terceira
pessoa do discurso. Além disso, eles podem exprimir quantidade indeterminada. Veja o
exemplo a seguir:
Variáveis Invariáveis
algum, alguns, alguma, algumas
nenhum, nenhuns, nenhuma,
nenhumas
certo, certos, certa, certas alguém
muito, muitos, muita, muitas ninguém
outro, outra, outros, outras cada
pouco, pouca, poucos, poucas outrem
todo, toda, todos, todas tudo
vário, vária, vários, várias nada
tanto, tanta, tantos, tantas algo
quanto, quanta, quantos, quantas que
qualquer, quaisquer
diversos, diversas
um, uma, uns, umas
tamanho, tamanhos, tamanha,
tamanhas
Variáveis Invariáveis
o qual, a qual, os quais, as quais que, quem
cujo, cuja, cujos, cujas onde, como
quanto, quantos, quantas quando
(Obs.: a forma quanta não é empregada como
pronome relativo.)
a) O pronome relativo que pode ser usado para substituir coisas ou pessoas.
b) O pronome relativo quem só pode ser usado para substituir pessoas. Ele aparece sempre
preposicionado.
c) O pronome relativo o qual (e suas flexões) deve ser usado para evitar ambiguidade.
Conheci o tio da minha amiga, o qual (ou a qual) sofreu um grave acidente.
d) O pronome relativo o qual (e suas flexões) deve ser usado após preposições e locuções
prepositivas.
e) O pronome relativo cujo (e suas flexões) apresenta valor possessivo e posiciona-se antes de
um substantivo com o qual concorda.
Obs.: O pronome relativo cujo (e suas flexões) não admite a posposição de determinante, ou
seja, não existe cujo o nem cuja a.
f) O pronome relativo onde só tem como antecedente lugar. Ele equivale a: em que, no qual, na
qual.
Os pronomes interrogativos são usados para formular uma pergunta, seja ela direta ou
indireta. Assim como os pronomes indefinidos, eles também se referem, de modo impreciso, à
3ª pessoa do discurso. São eles:
Variáveis Invariáveis
qual, quais que
quanto, quanta quem
quantos, quantas
6. Verbo
Verbo é a classe de palavras que exprime ação, fenômeno natural, estado ou mudança
de estado, e que varia em relação ao tempo.
Os verbos sofrem flexão de número, pessoa, modo e tempo. Analise o quadro a seguir:
a) Verbos regulares
São verbos que, ao serem conjugados, não apresentam alteração em seu radical, e
mantêm a mesma desinência do verbo paradigma (verbos terminados em –AR, primeira
conjugação, -ER, segunda conjugação e –IR, terceira conjugação).
b) Verbos irregulares
c) Verbos anômalos
d) Verbos defectivos
São verbos que apresentam conjugação incompleta, ora devido à eufonia (bom som) ou
à homofonia (som igual) com outras formas verbais, ora à impessoalidade. Exemplo:
Exemplos de verbos defectivos: aturdir, brandir, carpir, colorir, delir, demolir, exaurir,
explodir, extorquir, aguerrir, combalir, empedernir, esbaforir, florir, entre outros.
Obs.: Pode-se suprir as deficiências de um verbo defectivo pelo uso de formas verbais ou de
perífrases sinônimas. Considerando-se o verbo falir, por exemplo, pode-se usar a expressão
abrir falência.
d) Verbos abundantes
Exemplo:
e) Verbos auxiliares
Os verbos auxiliares são aqueles que se unem a um outro verbo, denominado principal,
que pode estar no infinitivo, particípio ou gerúndio. A essa combinação dá-se o nome de
locução verbal.
f) Verbos pronominais
Vozes do verbo
Voz ativa
Na voz ativa, o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo, ou seja, é agente.
sujeito
agente
Voz passiva
Na voz passiva, por outro lado, o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo, isto é, ele é
paciente.
sujeito
paciente
Estrutura Exemplo
Voz passiva verbo auxiliar + verbo transitivo Essa questão foi anulada pela banca
analítica direto ou verbo transitivo direto e examinadora.
indireto no particípio
Voz passiva verbo transitivo direto ou transitivo Anulou-se esta questão.
sintética direto e indireto na 3ª pessoa do
singular ou do plural + pronome
apassivador se
Voz reflexiva
Na voz reflexiva, o sujeito pratica e, ao mesmo tempo, recebe a ação verbal. Uma das
características dessa voz é a presença obrigatória de um pronome oblíquo da mesma pessoa
do sujeito a que ele se refere.
sujeito agente
e paciente
sujeito agente
e paciente
7. Advérbio
Advérbio é a palavra invariável que modifica o verbo, o adjetivo, outro advérbio e até
mesmo uma frase inteira. Considere os exemplos a seguir:
Depois que recebeu a notícia, ele ficou muito mal. (advérbio modificando outro advérbio)
Infelizmente, ainda existe a possibilidade de que ocorra o pior. (advérbio modificando a frase
inteira)
Assim como ocorre com os adjetivos, alguns advérbios (de modo, de tempo, de lugar e
de intensidade) também admitem a flexão de grau comparativo e superlativo.
Grau comparativo
Grau superlativo
Obs. 1: Vale notar que a repetição do advérbio denota valor aproximado de superlativo.
Obs. 2: Quando os advérbios bem e mal estiverem modificando particípios, deve-se usar as
formas analíticas mais bem e mais mal no lugar de melhor e pior, respectivamente.
Ex.: Os alunos do Focado no Edital são mais bem preparados do que os outros.
8. Preposição
Preposição é uma classe de palavras invariável que liga duas outras palavras,
subordinando a segunda à primeira, estabelecendo entre elas uma relação de dependência.
a) preposições essenciais – são aquelas palavras que somente funcionam como preposição: a,
ante, até, após, de, desde, em, entre, com, contra, para, por, perante, sem, sob e sobre.
b) preposições acidentais – são palavras de outras classes gramaticais que, em certas frases,
funcionam como preposição: como, conforme, segundo, durante, fora, exceto etc.
preposição acidental
atrás de, através de, embaixo de, a fim de, de acordo com, por causa de, longe de,
perto de, ao redor de, junto a, ao lado de, apesar de, por trás de, acerca de, cerca
de, em favor de, de conformidade com
Vale ressaltar que as preposições não exercem função sintática na oração. Elas são
meros conectivos.
9. Conjunção
Conjunção é a palavra invariável que relaciona duas orações ou duas palavras que
exercem a mesma função sintática na oração. Considere os exemplos:
Locuções conjuntivas são expressões que exercem o mesmo papel de uma conjunção.
Elas são formadas pela palavra que antecedida de advérbios, preposições ou particípios.
Seguem alguns exemplos
antes que, desde que, já que, até que, para que, sem que, dado que, posto que, visto
que, uma vez que, à medida que etc.
10. Interjeição
Interjeição é uma palavra (ou locução) por meio da qual exprimimos sentimentos de dor,
admiração, alegria, irritação, entre outros.
Circunstâncias Interjeição
alegria ou satisfação ah!, oh!, oba!
animação coragem!, avante!, eia!, vamos! Obs.: Não confunda a
aplauso bis!, bem!, bravo!, viva! palavra ó com a
interjeição oh! A primeira
desejo oh!, oxalá!, tomara! serve para invocar,
interpelar alguém. É usada
dor ai!, ui!
no vocativo e não vem
espanto ou surpresa ah!, chi!, ih!, oh!, ué!, uai!, caramba! seguida de ponto de
exclamação.
apelo alô!, ei!, socorro!
Ex.: Ó vida! Por que me
silêncio psiu!, silêncio, calada!
maltratas assim?
suspensão alto!, basta!
advertência cuidado!, atenção!
Nossa senhora!
Valha-me Deus!
Credo em cruz!
Alto lá”
Ora bolas!
Ai de mim!
HORA DE PRATICAR
3. No trecho “Em algumas ocasiões, o produto recebido por uma compra pela internet não é
tão agradável quanto em seu anúncio” (1º parágrafo), as palavras destacadas são
respectivamente classificadas como:
a) pronome – artigo – conjunção – adjetivo – adjetivo
b) advérbio – artigo – conjunção – adjetivo – adjetivo
c) advérbio – artigo – preposição – adjetivo – substantivo
d) pronome – artigo – preposição – adjetivo – substantivo
GABARITO
1. Letra D
2. Letra D
3. Letra D
Em virtude de sua criatividade e das mudanças sociais, os falantes de uma língua estão
sempre desenvolvendo novas formas de se comunicarem. Dessa forma, muitas palavras e
expressões acabam por cair em desuso. Seguem alguns exemplos:
Palavras que caíram em Grafias que caíram em Termos e expressões que caíram em
desuso desuso desuso
e) variações diamésicas – são variações que acontecem entre a fala e a escrita ou entre os
gêneros textuais.
No entanto, é importante ressaltar que nem sempre a fala é informal, e a escrita, formal.
Há casos em que a fala pode ser bastante formal (quando se profere uma palestra, quando se é
entrevistado para um emprego) e a escrita pode ser bastante informal (quando se escreve um
bilhete ou uma mensagem).
Nesse sentido, as diferenças podem ser mais facilmente percebidas quando estamos em
uma situação de conversa (fala informal), em que o encadeamento das palavras em um diálogo
sai de maneira mais fluida. Por outro lado, quando precisamos colocar o discurso no papel
(escrita formal), o planejamento e cuidado com a língua são maiores.
Assim, a variação diamésica diz respeito ao registro usado pelo falante (mais formal ou
mais informal) ou ao suporte de transmissão de uma determinada informação que contenham
características quase regulares, ou seja, gêneros textuais (ex.: bula de remédio, mensagem de
WhatsApp).
Norma culta / padrão – é o nível de linguagem ensinado nas escolas, nos manuais
didáticos, nas cartilhas, nos dicionários etc. A ele é atribuído prestígio cultural e status social.
Linguagem regional – está relacionada com as variações que ocorrem nas mais variadas
comunidades linguísticas. É também conhecida como dialeto.
HORA DE PRATICAR
Quanto aos tipos de variações linguísticas, marque a alternativa da sequência que enumera o
trecho à sua respectiva classificação, respectivamente.
a) II – I – IV - III
b) I – II – III – IV
c) III – I – IV – II
d) I – II – IV – III
e) III – I – II – IV
GABARITO
Letra B
Derivação
feliz infeliz
leal desleal
fazer refazer
real realmente
pedra pedreira
gosto gostoso
c) Derivação prefixal e sufixal → consiste na formação de uma palavra nova por meio do
acréscimo simultâneo de um prefixo e de um sufixo ao radical, sem que aqueles se anexem a
este, ou seja, se um dos afixos ou ambos forem retirados da palavra, ela continua existindo.
leal deslealdade
feliz infelizmente
manhã amanhecer
alma desalmado
falar fala
perder perda
realçar realce
enlaçar enlace
beijar beijo
amparar amparo
f) Derivação imprópria (ou conversão) → a estrutura da palavra não se altera. Ocorre uma
simples mudança na classe gramatical de uma palavra.
Composição
A composição é o processo por meio do qual novas palavras são formadas a partir da
junção de palavras ou radicais existentes na língua. A composição pode ocorrer por
justaposição ou por aglutinação.
Justaposição → não há alteração fonética ou gráfica nos elementos que formam a palavra.
roda + pé rodapé
bem + me + quer bem-me-quer
guarda + roupa guarda-roupa
Aglutinação → pelo menos um dos elementos formadores da nova palavra sofre alteração
fonética ou gráfica na junção.
Hibridismo
sigla
HORA DE PRATICAR
No trecho “Os avanços já estão alimentando a desinformação e sendo usados para instigar
divisões políticas” (4º parágrafo), a palavra destacada é formada por:
a) parassíntese
b) derivação sufixal
c) derivação prefixal
d) derivação prefixal e sufixal
GABARITO
Letra C
1. Concordância
Concordância nominal
No que diz respeito à regra geral, artigos, pronomes, adjetivos e numerais devem
concordar em gênero e número com o substantivo que modificam.
Ex.: Ela usava gorro e blusa amarela. (Obs.: Neste caso, os dois continuam sendo amarelos.)
e) Substantivo composto – caso a frase seja iniciada por verbo de ligação, há duas
possibilidades de concordância.
f) Expressões um e outro e nem um nem outro – quando essas expressões são usadas, o
substantivo deve permanecer no singular, mas o adjetivo deve ir para o plural.
h) Mesmo, próprio, quite, leso, incluso, anexo, obrigado – essas palavras concordam com o
termo a que se referem.
i) Bastante, caro, meio, barato, só – essas palavras só variam quando forem adjetivos.
Concordância verbal
Consoante a regra geral, o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito a que se
refere.
b) Sujeito expresso com nomes próprios só usados no plural – se o nome próprio plural não
estiver precedido de artigo, o verbo fica no singular. Por outro lado, se estiver precedido de
artigo, o verbo vai para o plural.
c) Sujeito coletivo – regra geral, em caso de sujeito coletivo, o verbo fica na terceira pessoa do
singular. Todavia, se o substantivo coletivo estiver seguido de adjunto adnominal no plural, o
verbo pode ir para o plural ou ficar no singular.
d) Sujeito representado por expressões partitivas (a maioria de, a maior parte de, a metade de,
uma porção de etc.) – nesse caso, o verbo pode concordar tanto com o núcleo dessas
expressões como com o substantivo que as segue.
e) Sujeito representado pela expressão mais de um – regra geral, o verbo fica no singular.
Contudo, se a expressão mais de um vier repetida ou se estiver associada a um verbo que
indique reciprocidade, é obrigatório o emprego do plural.
f) Sujeito realçado pela palavra que – o verbo deve concordar com o antecedente dessa
palavra.
g) Sujeito representado pelo pronome quem – o verbo pode ficar na terceira pessoa do singular
ou concordar com o antecedente desse pronome.
h) Sujeito representado por porcentagem – o verbo pode concordar com o numeral ou com o
substantivo a que se refere a porcentagem. Contudo, o plural será obrigatório se o numeral vier
com determinantes no plural.
b) Se o sujeito composto estiver posposto ao verbo, este pode concordar com o núcleo mais
próximo ou ficar no plural.
Caso haja primeira pessoa (Eu), ela será a pessoa predominante. Por sua vez, se houver
somente segunda e terceira pessoas, o verbo poderá flexionar-se na segunda ou na terceira
pessoa.
a) Sujeito ligado por ou – o verbo pode ficar no singular ou no plural, a depender do valor
semântico do ou. Se o ou for de exclusão, o verbo fica no singular. Caso ele seja de alternância,
o verbo vai para o plural. Por fim, se o ou for de retificação, o verbo concorda com o
substantivo mais próximo.
b) Sujeito ligado por com – o verbo concorda com o antecedente do com ou vai para o plural.
Note que, em cada caso, a ideia é diferente.
adjunto adverbial
de companhia
sujeito
simples
sujeito
composto
c) Sujeito ligado por nem... nem – se o fato expresso se ligar a todos os núcleos, o verbo deverá
ir para o plural. Todavia, havendo exclusão de um dos elementos do sujeito, o verbo fica no
singular.
d) Sujeito representado por um e outro ou nem um nem outro – o verbo pode ficar no singular
ou ir para o plural.
e) Sujeito representado por um ou outro – o verbo fica no singular, dada a ideia de exclusão.
f) Sujeito representado por infinitivos – caso não haja determinante, o verbo fica no singular. Se
houver determinante, o verbo vai para o plural. Quando os infinitivos indicarem ações opostas,
o verbo também irá para o plural.
Concordância ideológica
Observe que o adjetivo amada concorda com o substantivo implícito cidade, uma vez
que Belo Horizonte está no gênero masculino.
Nesse exemplo, o verbo está no plural porque concorda com a ideia contida no termo
procissão.
Já nesse exemplo, o verbo ser está no plural, pois o emissor inclui-se entre os brasileiros.
2. Regência
Regência verbal
Regência verbal quer dizer uso, emprego dos verbos na língua portuguesa. Pensar ou
refletir sobre esse assunto, portanto, nada mais é que observar o comportamento sintático de
um determinado verbo na construção de orações em língua portuguesa.
Nas relações que se estabelecem entre os verbos e seus complementos, percebe-se que
estes podem vir ligados diretamente àqueles ou ligados a eles indiretamente, ou seja, por meio
de uma preposição.
Há verbos que admitem mais de uma regência. Geralmente, essa diversidade de
regência corresponde a uma diversidade de significados do verbo. É muito importante
conhecer a regência correta de um verbo, pois a mudança de regência pode alterar o sentido
da frase. Observe os exemplos a seguir.
Ex.: A menina sempre implica com seu irmão. (implicar com = perturbar)
O acusado implicou seu vizinho no crime. (implicar em = envolver)
Fazer mudanças implica assumir riscos. (implicar = resultar)
Vamos conhecer, a partir de agora, as regências verbais que mais oferecem dúvidas.
Essas são, geralmente, as mais cobrados em concursos também.
a) Agradar
b) Agradecer
c) Ansiar
d) Aspirar
e) Assistir
f) Custar
g) Esquecer / Lembrar
h) Informar
i) Pagar / Perdoar
j) Preferir
Obs.: Na linguagem formal, é errado usar o verbo preferir reforçado por expressões ou
palavras que indiquem intensidade (antes, mais, muito mais, mil vezes mais, menos etc. bem
como a preposição de que ou do que).
Ex.: Prefiro mil vezes dançar do que fazer ginástica. (frase totalmente incorreta)
k) Proceder
l) Querer
m) Suceder
n) Visar
transitivo direto = dirigir o olhar para, apontar arma de fogo contra, pôr o sinal de visto em
transitivo indireto = ter em vista, pretender, objetivar
Obs.: Verbos que apresentam regências diferentes não devem receber o mesmo complemento.
Dessa forma, construções como a seguinte devem ser evitadas:
Entrei e saí rapidinho de casa.
O correto é:
Entrei em casa e saí dela rapidinho.
Regência nominal
HORA DE PRATICAR
1. “O tabagismo está associado a 80% dos casos de câncer de pulmão” (2º parágrafo).
Observando-se as regras de concordância da norma-padrão, essa mesma frase poderia ser
reescrita da seguinte forma:
a) 80% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao tabagismo.
b) 80% dos casos de câncer de pulmão está associado ao tabagismo.
c) 80% dos casos de câncer de pulmão estão associadas ao tabagismo.
d) 80% dos casos de câncer de pulmão está associada ao tabagismo.
GABARITO
1. Letra A
2. Letra A
Capítulo 15 – Crase
Crase é o nome que recebe o fenômeno em que ocorre a fusão entre dois sons vocálicos
idênticos (a + a). Emprega-se o acento grave, indicativo de crase, nos seguintes casos:
b) quando há a fusão entre a preposição a e o a inicial dos pronomes relativos aquele, aquela e
aquilo.
Dedicou-se a aquilo.
Nos exemplos anteriores, pode-se observar que o termo regente pede a preposição a e o
termo regido não repele o artigo definido feminino, por essa razão ocorre o fenômeno da crase.
Vale ressaltar que o termo regente pode ser um verbo, um substantivo, um adjetivo ou
até mesmo um advérbio:
Obs.: os termos antecedidos pelo fenômeno da crase podem exercer a função sintática de
complementos (objeto direto, objeto indireto, complemento nominal) ou de adjuntos
adverbiais.
Em caso de dúvida, basta substituir a palavra feminina por uma palavra masculina que
pertença à mesma classe gramatical. Caso ocorra a combinação ao (preposição a + artigo
definido o), haverá crase diante da palavra feminina.
Ex.: Não iremos à festa. (Não iremos ao encontro.) / Eram insensíveis à dor alheia. (Eram
insensíveis ao problema alheio.)
Ex.: Fez uma série de gols à (moda de / maneira de) Neymar. / Usavam sapatos à (moda de /
maneira de) Luís XV.
c) na indicação de horas.
Para saber se o nome de lugar admite artigo, é possível lançar mão da seguinte
estratégia:
Assim:
Vou à China. Volto da China.
Vou a Brasília. Volto de Brasília.
Não ocorre crase diante de substantivos masculinos em virtude de não ser possível o
uso do artigo definido feminino (a, as) antes dessas palavras.
b) diante de verbos
Ex.: Estamos dispostos a trabalhar para o bem da comunidade.
Preposição somente
c) diante de pronomes que rejeitam o artigo (maioria dos indefinidos e relativos e boa parte dos
demonstrativos)
Quanto aos pronomes de tratamento, somente ocorrerá crase diante dos pronomes:
dona, senhora, senhorita e madame.
Ex.: Fale à senhora o que lhe aflige.
d) diante de numerais cardinais que se refiram a substantivos não determinados pelo artigo,
usados em sentido genérico
Obs.: pode ocorrer crase diante de palavras femininas no plural, se o artigo definido
também estiver no plural
cara a cara
frente a frente
dia a dia
boca a boca
semana a semana
mês a mês
A crase será facultativa em todos os casos nos quais o artigo definido também o for.
O artigo definido não é obrigatório diante de nomes próprios femininos. Assim, estão
corretas as seguintes frases:
A crase também é facultativa após a preposição até quando esta estiver antecedendo
palavras femininas.
Após pronome possessivo feminino (minha (s), tua (s), sua (s), nossa (s) etc.) o uso da
crase também é facultativo. Isso porque o uso do artigo definido antes desses pronomes
também é facultativo (assim como acontece com os nomes próprios).
4. Casos especiais
Quando a palavra terra tiver o sentido de chão firme, em oposição a bordo, não haverá
crase.
Ex.: Eles foram à terra de seus antepassados / de seus avós / de seus sonhos / procurada.
Se a palavra terra tiver o sentido de planeta, a crase também ocorrerá. Neste caso, a
palavra deverá ser grafada com letra maiúscula.
HORA DE PRATICAR
1. O acento grave, que indica o fenômeno da crase, está adequadamente utilizado, à luz da
norma-padrão, em:
a) Eles estão destinados à vencer.
b) Eles estão agora indo à Lisboa.
c) Em breve, voltaremos logo à casa.
d) Pedi um prato de peixe à brasileira.
GABARITO
1. Letra D
2. Letra B
a) Sinonímia
a) Correção.
b) Validação.
c) Confirmação.
d) Certificação.
por meio da leitura – a leitura certamente irá ampliar o seu conhecimento do léxico da
língua portuguesa. Use sempre um dicionário a fim de identificar o sentido das palavras
desconhecidas;
por meio da resolução de exercícios de semântica – certamente você aprenderá muitas
palavras novas ao realizar exercícios que envolvam o sentido das palavras. Novamente,
consulte o dicionário sempre que precisar.
b) Antonímia
Note a oposição de ideias que existe entre as palavras força e fraqueza e entre as
palavras frio e calor presentes no texto de Clarice Lispector. Outros exemplos são:
ii) palavras com o mesmo radical, cuja oposição é criada por um prefixo de negação
moral a- amoral
próprio im- impróprio
feliz in- infeliz
legal i- ilegal
inflamatório anti- anti-inflamatório
iii) Palavras com o mesmo radical cuja oposição é criada através de prefixos de significados
contrários:
emigrar imigrar
progredir regredir
incluir excluir
pré-operatório pós-operatório
Vale destacar que a antonímia só ocorre ao nível dos adjetivos, dos nomes e dos verbos.
c) Homonímia
A palavra “são” está presente nos três exemplos. Todavia, em cada um deles, ela tem um
significado diferente. No primeiro exemplo, são é a redução da palavra santo. Já no segundo
exemplo, ela significa saudável. Por fim, no terceiro exemplo, ela é a flexão do verbo ser no
presente do indicativo.
Os homônimos podem ser de dois tipos, a saber:
i) homônimos homógrafos – são palavras que apresentam a mesma grafia, mas são
pronunciadas de forma diferente. Considere os exemplos a seguir:
Admiro sua força e coragem. Ele sempre força os funcionários a fazerem hora
extra.
ii) homônimos homófonos – são palavras que não apresentam a mesma grafia, mas são
pronunciadas da mesma forma. Considere as palavras a seguir:
senso – censo
sela – cela
tachar - taxar
d) Paronímia
absolver absorver
comprimento cumprimento
cavaleiro cavalheiro
ratificar retificar
descrição discrição
e) Polissemia
Obs.: Tome muito cuidado para não confundir polissemia com homonímia.
HORA DE PRATICAR
GABARITO
Letra B
Letra E
Clareza
A clareza diz respeito à inteligibilidade do texto. Um texto claro é aquele que pode ser
entendido por qualquer pessoa de conhecimento médio sem grandes dificuldades, uma vez que
não apresenta vocabulário excessivamente rebuscado ou arcaico, latinismos e
estrangeirismos desnecessários nem períodos exageradamente longos. Em outras palavras,
um texto claro é simples e livre de obscuridade ou ambiguidades.
Há pessoas que acreditam que uma linguagem extremamente rebuscada, quase
incompreensível, deve ser sempre usada a fim de impressionar aquele (a) que irá corrigir o
texto. Percebe-se, nesses casos, a intenção do emissor de se distanciar do ordinário aqui e
agora e demonstrar erudição. Contudo, é preciso ter em mente que a linguagem deve ser
adequada àquele (s) a quem se dirige, de forma que a mensagem seja acessível e o (a)
candidato (a) se faça entender. Nas sábias palavras do Mestre Evanildo Bechara (1977), o
falante precisa ser um “poliglota na sua própria língua”.
Seguem alguns exemplos de preciosismos que devem ser evitados a fim de que se
mantenha a clareza necessária:
Vale ressaltar que na contemporaneidade esses usos devem ser evitados, uma vez que
comprometem a clareza e a inteligibilidade do texto.
Indiscutivelmente quanto mais dominarmos as palavras, mais chance teremos de
sermos inteligíveis. Com efeito, escrevemos textos para que os outros os leiam. Que propósito
há em posar de sabichão e dialogar com os deuses ou falar com o próprio umbigo? Certamente
a linguagem em uma redação não pode ter o mesmo nível de informalidade de uma conversa do
dia a dia, todavia, deve-se lançar mão de recursos que darão equilíbrio e especificidade
demandados pelo gênero textual, sem perdas ou exageros. Assim, o uso da linguagem deve
estar condicionado à adequação e à necessidade.
Precisão
Por sua vez, a precisão é a habilidade de usar os termos corretos nos contextos
adequados bem como o domínio das regras gramaticais ao elaborar um texto. Isso demanda
Isso pode ser um indicativo de vocabulário impreciso e insuficiente. Nesse caso, faz-se
necessária a pesquisa e o estudo com vistas à ampliação do repertório linguístico, porquanto o
domínio do vocabulário favorece a precisão.
No que tange à elaboração de uma redação, a precisão é um dos critérios de avaliação
da qualidade do texto produzido pelo (a) candidato (a). Um vocábulo ou uma expressão mal-
empregados podem comprometer substancialmente o sentido de uma mensagem.
Há também algumas palavras e expressões que frequentemente causam muitas dúvidas,
e seu uso inadequado pode desviar o (a) autor (a) do texto do sentido planejado. Seguem
alguns exemplos:
a) Em vez de X Ao invés de
Essas expressões costumam ser usadas como se fossem sinônimas. De fato, acredita-se
que a expressão ao invés de é uma forma mais polida, mais elegante de dizer em vez de. Essa
ideia é totalmente equivocada, pois essas expressões apresentam sentidos distintos. Em vez
de significa no lugar de e traz a ideia de substituição.
Por sua vez, a expressão ao invés de traz uma ideia de oposição e somente deve ser
usada quando as ideias apresentadas no texto são literalmente inversas.
b) Ir ao encontro de X Ir de encontro a
Essas expressões costumam ser muito confundidas em redações. São expressões que
têm sentidos totalmente opostos. Ir ao encontro de traz o sentido de estar de acordo com.
A locução conjuntiva à medida que traz uma ideia de proporcionalidade e, por essa
razão, pode ser substituída pela expressão à proporção que.
Por outro lado, a locução conjuntiva na medida em que é causal. Assim, pode ser
substituída por: uma vez que, já que, visto que etc.
Obs.: É um erro comum mesclar as duas expressões e produzir algo como: “à medida em que”.
Essa expressão não é aceitável, segundo as regras vigentes do português padrão.
d) Vultoso X Vultuoso
Mais uma dupla que costuma gerar muitas dúvidas. A palavra vultoso refere-se a alguém
ou a alguma coisa volumosa, de grandes proporções. Já vultuoso é um adjetivo pouco utilizado
e se refere a uma pessoa que sofre de vultuosidade, ficando com a face e os lábios vermelhos e
inchados, com os olhos salientes.
Ex.: Ela não imaginava o quão vultosas seriam as despesas com a viagem.
f) Amoral X Imoral
Ex.: Seu pensamento amoral não sofre influências das ideias religiosas.
Ex.: Os atos de improbidade administrativa são práticas imorais reiteradas dos nossos
políticos.
Esses são apenas alguns exemplos de expressões que têm sido reiteradamente mal-
empregadas em redações, tornando-as imprecisas e obscuras. Devem, portanto, ser evitados.
Concisão
E aqui, meu (minha) querido (a) aluno (a) do Focado no Edital, chegamos ao fim dessa
etapa, com o encerramento da parte de Língua Portuguesa proposta para o material conforme
o seu edital.
Espero que tenha gostado da abordagem realizada em nossas aulas e não se esqueça:
estude que a vida muda!!!
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Prolixo adj. 1. Que se expressa com mais palavras e frases do que é necessário. 2. Muito longo e entediante – prolixidade.
Dicionário Escolar da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.