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APOSTILA DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Focada no concurso para o CEFET – 2024

Prof.ª Roberta da Costa Santos

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Sumário

Capítulo 1. Compreensão e interpretação textual, considerando a norma culta da Língua


Portuguesa .............................................................................................................................. 3

Capítulo 2. Tipologia textual ......................................................................................................7

Capítulo 3. Adequação da linguagem ao tipo de documento; adequação do formato do texto ao


gênero ..................................................................................................................................... 9

Capítulo 4. Práticas da linguagem: oralidade, leitura / escuta, produção (escrita e


multissemiótica) e análise linguística / semiótica .................................................................... 11

Capítulo 5. Ortografia .............................................................................................................13

Capítulo 6. Coesão e coerência textuais ................................................................................. 20

Capítulo 7. Estrutura frasal; sintaxe da oração e do período; orações coordenadas e


subordinadas ......................................................................................................................... 28

Capítulo 8. Acentuação gráfica .............................................................................................. 40

Capítulo 9. Pontuação ............................................................................................................ 47

Capítulo 10. Intertextualidade e interdiscursividade ............................................................... 52

Capítulo 11. Classes de palavras ............................................................................................ 57

Capítulo 12. Variações linguísticas ......................................................................................... 86

Capítulo 13. Regras de formação de palavras .........................................................................89

Capítulo 14. Regras de concordância e regência ................................................................... 92

Capítulo 15. Crase ................................................................................................................ 103

Capítulo 16. Significação das palavras ................................................................................. 109

Capítulo 17. Normas para elaboração de redações .............................................................. 113

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Capítulo 1 – Compreensão e interpretação textual,


considerando a norma culta da Língua Portuguesa

1. Compreensão e interpretação de textos

A compreensão e a interpretação de textos são ações diferentes, mas estão intimamente


relacionadas entre si. Isso porque quando se compreende um texto adequadamente, é possível
chegar a determinadas conclusões sobre ele, ou seja, interpretá-lo.

Compreender Interpretar

Decodificar uma Chegar a


mensagem; conclusões por
analisar o que está meio das conexões
explicitamente no presentes no texto;
texto. ir além do texto.

Assim, para compreender bem um texto, ou seja, para entender a mensagem transmitida
por ele, de forma objetiva, é imprescindível ter um bom conhecimento da gramática da língua
portuguesa, ou seja, da norma culta. Além disso, o domínio do vocabulário bem como das
funções relacionadas à linguagem e à comunicação são extremamente importantes.
Por sua vez, para interpretar um texto adequadamente, faz-se necessária uma maior
interação entre leitor e texto, tendo em vista que a interpretação é uma ação subjetiva. Quanto
maior for seu conhecimento de mundo, mais facilmente você chegará a conclusões sobre o que
leu. A melhor forma de aumentar o seu conhecimento de mundo, ou mundividência, é por meio
da leitura de textos de tipos e gêneros diversos. Além disso, palestras, documentários, bons
filmes e boas conversas podem aumentar o seu repertório informativo.
Os textos presentes nas provas de língua portuguesa elaboradas pela banca Selecon
visam à avaliação da capacidade do (da) candidato (a) de compreender as ideias explícitas e
de interpretar os sentidos implícitos dos textos. Por essa razão, as questões de compreensão e
de interpretação de textos são muito frequentes e costumam gerar muitas dúvidas e
dificuldades. Encare esse fato como algo normal. O mais importante é aprender a lidar com
essas questões e progredir. Para abordá-las, é preciso, em primeiro lugar, identificar quando
se está diante de uma questão de compreensão de texto e quando a questão requer sua
interpretação. Em segundo lugar, é importante conhecer as estratégias para resolver cada um
desses tipos de questão. É o que faremos a partir de agora.

1.1 Como diferenciar as questões de compreensão das questões de interpretação de texto?

O objetivo das questões de compreensão é extrair dados objetivos de um determinado


texto. Por outro lado, no que diz respeito às questões de interpretação, seu objetivo é produzir
inferências, isto é, construir sentidos com base no que se leu. Como os objetivos são distintos,
é possível diferenciar as questões de compreensão das questões de interpretação por meio
dos comandos presentes em seus enunciados.

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Analise o quadro a seguir e observe alguns exemplos de comandos que podem aparecer
na sua prova:

COMANDOS
Compreensão de texto Interpretação de texto

Segundo o texto, está (in) correta... O texto possibilita o entendimento de que…

De acordo com o texto, está (in) correta… Com apoio no texto, infere-se que…

Tendo em vista o texto, está (in) correta… Pretende o texto mostrar que…

O autor afirma que… O texto possibilita deduzir (concluir) que…

O texto informa que... Depreende-se do texto que...

Após analisar o comando, tendo a clareza de que se trata de uma questão de


compreensão ou de interpretação, é preciso saber como lidar com ela.

1.2 Estratégias para a resolução de questões de compreensão e interpretação

Primeiramente, é preciso ler o texto, preferencialmente duas vezes, no mínimo. Vale


lembrar que o tempo que se “perde” com uma leitura bem-feita é compensado na hora de
responder às questões. A primeira leitura, mais rápida, é a de familiarização com o conteúdo, e
a segunda, mais calma e atenciosa, é a leitura analítica, aquela em que você percebe as
escolhas lexicais e sintáticas feitas pelo autor.

Leitura horizontal Leitura vertical

feita linha a linha, feita de modo a


superficialmente, entender, de forma
apenas para ter mais analítica, o
uma noção geral do que está nas
texto. entrelinhas.

Obs.: A leitura vertical é a ideal para a resolução de questões de interpretação de texto.


É preciso também ler atentamente os enunciados das questões a fim de ter a certeza de
que seu comando foi compreendido. Nessa hora, vale a pena sublinhar ou circular tudo aquilo
que for importante no enunciado (ideias principais, palavras-chave).
Ademais, leia minuciosamente cada alternativa e já elimine, de pronto, aquelas que
parecerem mais absurdas. Risque as palavras que tornam a alternativa errada. Normalmente,
após eliminar as asserções absurdas ou contraditórias, fica-se entre apenas duas alternativas,
o que aumenta consideravelmente suas chances de acertar a questão.
Tendo em vista que as questões de compreensão exigem do (a) candidato (a) uma
postura mais voltada para o entendimento daquilo que realmente está escrito no texto, é

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recomendável ater-se unicamente ao texto, deixando de lado opiniões, julgamentos e


inferências.
Já no que diz respeito às questões de interpretação de texto, como estas estão mais
associadas ao julgamento de uma intenção, deve-se chegar a conclusões, mas sempre levando
em consideração o texto e o contexto.
Leia a tirinha a seguir e observe a importância do texto e do contexto para o seu
entendimento:

Na tirinha em questão, a primeira informação de que se dispõe, para dar início ao


raciocínio, é a fala de Helga, esposa de Hagar, informando a este que sua mãe (sogra de
Hagar) irá visitá-los. Rapidamente Hagar responde que precisa ir à Inglaterra atacar castelos.
Quando Helga pergunta por quanto tempo ele ficará fora, Hagar responde com outra pergunta,
a saber, por quanto tempo a mãe de Helga ficará em sua casa.
Para entender a comicidade do último quadrinho, é preciso saber que a relação entre
genro e sogra costuma ser conflituosa e pouco amistosa em nossa sociedade. Pela reação de
Helga e pela fala de Hagar no último quadrinho, pode-se inferir que ela não ficou nem um pouco
satisfeita com fato de seu marido querer ficar distante para não ter que interagir com a sogra
em sua casa.
Observe que os dados fornecidos pelo contexto são suficientes para que se processe
todo o raciocínio analítico. Todavia é importante perceber que o conhecimento de mundo e o
uso do bom senso no momento de análise dos dados são fundamentais para garantir uma
conclusão verdadeira ou, pelo menos, verossímil (possível).

1.3 Erros mais comuns na interpretação de texto

Quando não se compreende o texto satisfatoriamente, pode-se incorrer em três erros


clássicos. É preciso conhecê-los bem para não incorrer em nenhum deles.

Extrapolação inferir algo sem base no texto; generalizar o que é particular


Redução particularizar o que é geral; ater-se apenas a uma parte do texto, deixando de
lado partes mais importantes; desprezar o contexto
Contradição concluir de forma contrária ao texto.

Assim, nunca interprete um texto inserindo ideias que o autor não mencionou. Isso
normalmente acontece quando o (a) candidato (a) lê superficialmente o texto e vai direto para
as perguntas. Além disso, somente contradiga o autor se o enunciado da questão indicar
explicitamente que você deve fazê-lo (Indique a alternativa que apresenta ideia contrária à do
texto). Leia o texto a seguir (questão adaptada):

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Saber é trabalhar

Geralmente, numa situação de altos índices de desemprego, o trabalhador


sente a necessidade de aprimorar a sua formação para obter um posto de
trabalho. As empresas buscam os mais qualificados em cada categoria e excluem
os que não se encaixam no perfil pretendido. Nos últimos anos, essa não tem sido
a lógica vigente no Brasil. Segundo a pesquisa de emprego urbano feita pelo
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e
pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), os níveis de
pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. O
desemprego em nove regiões metropolitanas medido pela pesquisa era de 17,9%
em 2005 e fechou em 11,9% em 2010.
A pesquisa do Dieese é um medidor importante, pois sua metodologia leva em
conta não só o desemprego aberto (quem está procurando trabalho), como
também o oculto (pessoas que desistiram de procurar ou estão em postos
precários). Uma das consequências dessa situação é apontada dentro da própria
pesquisa, um aumento médio no nível de rendimentos dos trabalhadores
ocupados.
A outra é a dificuldade que as empresas têm de encontrar mão de obra
qualificada para os postos de trabalho que estão abertos. A Fundação Dom Cabral
apresentou, em março, a pesquisa Carência de Profissionais no Brasil. A análise
levou em conta profissionais dos níveis técnico, operacional, estratégico e tático.
Do total, 92% das empresas admitiram ter dificuldades para contratar a mão de
obra de que necessitam.
(Língua Portuguesa, outubro de 2011. Adaptado)

Agora, observe o conteúdo de algumas das alternativas presentes nas questões


propostas para esse texto:

Texto de uma das alternativas: os trabalhadores têm investido mais do que o necessário em
sua formação profissional.

Comentário: Há extrapolação, visto que o texto não menciona investimento dos trabalhadores,
e sim necessidade de aprimorar sua formação.

Texto de uma das alternativas: o desemprego aumenta em decorrência da qualificação


profissional.

Comentário: A alternativa é contraditória, pois o texto claramente menciona a dificuldade que


as empresas têm de encontrar mão de obra qualificada para os postos de trabalho que estão
abertos.

Texto de uma das alternativas: o texto afirma que as empresas têm encontrado uma certa
dificuldade para contratar mão de obra para os postos de trabalho que estão abertos.

Comentário: Há aqui uma redução, visto que o texto não fala simplesmente em mão de obra,
mas em mão de obra qualificada.

Como se pôde perceber, essa análise reforça a ideia de que a leitura cuidadosa do
enunciado e de cada alternativa da questão é indispensável para não incorrer nos três erros
clássicos de interpretação.

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Capítulo 2 – Tipologia textual

A tipologia textual é definida por propriedades linguísticas, tais como: vocabulário,


tempos verbais, relações lógicas, construções frasais etc. Resumidamente, os tipos textuais
são responsáveis pela forma como um texto se apresenta.
Os tipos textuais não devem ser confundidos com os gêneros textuais. Esse último
assunto será abordado no capítulo 3 desta apostila.
A quantidade de tipos de textos pode variar entre 5 e 9, mas os mais comuns são:
narrativo, descritivo, argumentativo-dissertativo, argumentativo-expositivo e injuntivo.

Texto narrativo – consiste em evidenciar fatos vivenciados e desenvolvidos por certos


personagens em um dado tempo e espaço.

Texto descritivo – consiste em representar verbalmente um objeto, uma pessoa, um lugar,


mediante a indicação de características, de pormenores individualizantes.

Texto argumentativo-dissertativo – consiste em apresentar ideias, analisá-las, defender um


ponto de vista sustentado em argumentos.

Texto argumentativo-expositivo – consiste em apresentar um assunto ou acrescentar


informações acerca de um tema específico. Utilizam-se para isso explicações e dados de
outras áreas. Funciona como um texto informativo.

Texto injuntivo – consiste em dar uma instrução, ensinar como fazer, exprimir uma ordem
ou um pedido de execução ou não execução de uma determinada ação.

É importante você saber que, apesar de a classificação ser didaticamente útil,


raramente são produzidos textos puramente narrativos, descritivos, argumentativos ou
injuntivos. O que ocorre, na verdade, é uma classificação que considera a predominância das
características de um tipo de produção textual em detrimento dos demais, menos evidentes,
mas não menos importantes.
Nas provas elaboradas pela banca Selecon, é muito comum o enunciado de uma questão
pedir que o (a) candidato (a) identifique qual tipologia é a predominante no texto. Para não
errar, é importante analisar quem é o autor (se possível) e quais foram seus objetivos ao
escrever o texto (informar, contar uma história, defender uma tese etc.).

HORA DE PRATICAR

Leia o texto a seguir:


Cafezinho
Rubem Braga

Leio a reclamação de um repórter irritado que precisava falar com um delegado e lhe disseram
que o homem havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de
que o funcionário passou o dia inteiro tomando café.

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Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um pouco de imaginação e bom humor
podemos pensar que uma das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
— Ele foi tomar café.
A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de
pessoas. O remédio é ir tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
“cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas, dá vontade de dizer:
— Bem, cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr. Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho. Sim, deixemos em todos os lugares este
recado simples e vago:
— Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
Quando a bem-amada vier com seus olhos tristes e perguntar:
— Ele está?
— Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e quando vier o parente, e quando vier a tristeza,
e quando a morte vier, o recado será o mesmo:
— Ele disse que ia tomar um cafezinho...
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até comprar um chapéu especialmente para deixá-
lo. Assim dirão:
— Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo. O chapéu dele está aí...
Ah! Fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais.
Gastamos muito pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino, nós teremos saído há uns cinco minutos para
tomar um café. Vamos, vamos tomar um cafezinho.
Fonte: BRAGA, Rubem. O Conde e o passarinho & Morro de isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2022, p. 156-157

No trecho “Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim”, há predomínio da
sequência textual:

a) argumentativa
b) dissertativa
c) narrativa
d) injuntiva

GABARITO

Letra D
O trecho é uma espécie de conselho ou instrução (sugestão) para o leitor, e não uma
argumentação, dissertação ou narrativa.

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Capítulo 3 – Adequação da linguagem ao tipo de documento;


adequação do formato do texto ao gênero

Os gêneros textuais podem ser conceituados como realizações linguísticas definidas por
propriedades sociocomunicativas, isto é, estão dentro de um contexto cultural, apresentando
função comunicativa. Eles abrangem um conjunto ilimitado de características determinadas
pelo estilo do autor, composição, conteúdo e função. Além disso, eles podem sofrer alterações
ao longo do tempo, em razão das mudanças de comunicação na sociedade.
Os gêneros textuais mais comuns são: poema, conto, crônica, artigo, receita culinária,
propaganda, resumo, novela, dicionário, mensagem, resenha e e-mail.
Certamente os gêneros textuais se realizam por meio dos tipos textuais estudados no
capítulo anterior, podendo ocorrer de o mesmo gênero realizar dois ou mais tipos. Dessa
forma, um texto é tipologicamente variado (heterogêneo).
Os gêneros são normalmente determinados com base nos objetivos dos falantes e na
natureza do tópico tratado. Todavia, há situações institucionalmente marcadas em que a
designação do gênero de texto e a informação sobre suas regras de desenvolvimento são
exigidos de início. É o caso de uma tomada de depoimento na justiça ou de uma audiência, por
exemplo. Nessas situações, o juiz lê as regras e expõe os direitos e deveres de cada um. Caso
alguém conte uma piada nesses contextos, isso será considerado uma inadequação ou uma
violação de normas sociais relativas aos gêneros textuais.
Assim, é importante ressaltar que não há somente a questão da produção adequada do
gênero, mas também seu uso adequado. Para tanto, os seguintes aspectos devem ser
observados:

natureza da informação ou do conteúdo veiculado;


nível de linguagem (formal, informal, dialetal, culta etc.)
tipo de situação em que o gênero se situa (pública, privada, corriqueira, solene etc.)
relação entre os participantes (conhecidos, desconhecidos, nível social, formação etc.)
natureza dos objetivos das atividades desenvolvidas.

A inobservância desses critérios, nas rotinas presentes em cada contexto social, pode
acarretar problemas. Imagine, por exemplo, um empresário que se dispusesse, sozinho, a
cantar o Hino Nacional em uma reunião de negócios. Ele certamente seria considerado
esquisito e pouco confiável para uma parceria de negócios.
Os gêneros textuais independem de decisões individuais. Além disso, não são facilmente
manipuláveis, ou seja, são atividades enunciativas relativamente estáveis. Eles operam como
geradores de expectativas de compreensão mútua.

HORA DE PRATICAR

VACINAS, PARA QUE AS QUERO?

Em um momento em que os menos avisados suspeitam das vacinas, as autoridades em saúde


pública e imunologia apresentam dados mostrando que, na realidade, as vacinas precisam,

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sim, ser inoculadas com mais frequência. Esse é o teor do artigo 'Quanto tempo duram as
vacinas?', assinado por Jon Cohen e publicado na prestigiosa revista Science em abril de 2019
Nele, Cohen indaga, entre outros assuntos, por que o efeito protetor das vacinas contra a gripe
dura tão pouco (em média, depois de 90 dias, a proteção começa a cair) e em outras, como as
da varíola e da febre amarela, a ação é bem mais prolongada.
Alguns especialistas argumentam que certos vírus sofrem altas taxas de mutação e geram
novos clones, que, por serem ligeiramente diferentes dos originais, não seriam reconhecidos
pelas células do sistema imune. Mas, a coisa não é tão simples assim.
Ao estudar a caxumba (que ainda afeta os humanos), por exemplo, os epidemiologistas
descobriram que a recorrência da doença acontece com mais frequência em uma determinada
faixa etária (entre 18 e 29 anos de idade). Se a reinfecção dependesse apenas de mutações,
todas as idades deveriam ser igualmente afetadas. Assim, o enigma perdura.
No entanto, o consenso entre os imunologistas especializados em vacinas é que, de fato,
precisamos de mais exposição aos agentes infecciosos ou às próprias vacinas. Em outras
palavras, no caso da gripe, teríamos que tomar doses seguidas da vacina a fim de aumentar
seu efeito protetor. Em razão desses achados, os pesquisadores chegaram até a criticar a
decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de recomendar que a vacina contra a febre
amarela devesse ser inoculada apenas uma vez, isto é, seria uma vacina vitalícia.
A necessidade da exposição constante aos agentes infecciosos vai de encontro à hipótese do
biólogo norte-americano Jared Diamond que, em seu livro Armas, germes e aço, defende a
ideia de que, ao longo da história, o sucesso dos conquistadores se deveu, em parte, ao fato de
eles serem originalmente cosmopolitas e, dessa maneira, terem adquirido resistência
imunológica aos agentes infecciosos da época. Mesmo resistentes, seriam portadores desses
agentes, o que manteria a memória imunológica. Já os conquistados, grupo formado por
populações menores, sucumbiriam ao confronto por não serem capazes de se defender tanto
dos invasores humanos quanto daqueles microscópicos.
Embora o avanço nessa área seja promissor, o mecanismo que torna uma vacina mais
duradoura ou não ainda segue sem resposta. Como afirma Cohen em seu artigo, "essa é uma
pergunta de um milhão de dólares!" (aproximadamente, o valor do prêmio Nobel).
A despeito disso, ninguém deveria duvidar do poder das vacinas. Muito pelo contrário A
tendência atual no tratamento de doenças crônicas, como o câncer e a artrite reumatoide, é a
imunoterapia. Um dia, quem sabe, teremos vacinas contra todos esses males.
Franklin Rumjanek
(Disponível em: http://cienciahoie.orq.br/artiqo/vacinaspara- que-as-guero/)

A ideia central do segundo parágrafo é apresentada pelo seguinte procedimento recorrente


em gêneros discursivos midiáticos:

a) narrativa imprecisa
b) descrição subjetiva
c) falsa suposição
d) discurso indireto

GABARITO

Letra D

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Capítulo 4 – Práticas da linguagem: oralidade, leitura / escuta, produção (escrita e


multissemiótica) e análise linguística / semiótica

Práticas de linguagem é o conhecimento sobre as várias formas de manifestação


linguística. Isso engloba os aspectos que vão das variações linguísticas regionais aos tipos de
comunicação utilizados nos meios digitais. Por essa razão, o ensino da Língua Portuguesa deve
ser centrado no texto (na sua relação com os contextos de produção) e no uso da linguagem
através da leitura, escuta e produção em diversas mídias.
As práticas de linguagem podem ser divididas em quatro categorias, a saber:

a) oralidade
b) leitura / escuta
c) escrita
d) análise linguística / semiótica

No que tange à oralidade, é importante entender que os textos com que temos contato
no dia a dia podem ser escritos ou orais. Dessa forma, o texto oral também é um objeto de
estudos da Linguística, tendo em vista a necessidade de aprimoramento constante dessa
habilidade. Vale lembrar que a aprendizagem das características discursivas bem como das
estratégias de fala acontece por intermédio do uso, da interação com um interlocutor.
Por sua vez, a leitura / escuta contempla a progressiva incorporação de estratégias de
leitura, compartilhada e autônoma, em textos de diferentes complexidades no universo do
usuário da língua. Vale destacar que a leitura tem um sentido amplo aqui, pois envolve a
compreensão e a interpretação de textos orais e escritos, imagens estáticas, imagens em
movimento e som, favorecendo o desenvolvimento de novas competências, como: o
desenvolvimento de postura crítica, a necessidade de trabalhar a intertextualidade, a
checagem de informações, entre outros.
No que diz respeito à produção escrita, cabe ao usuário da língua a construção do
domínio progressivo da habilidade de produzir textos escritos em diferentes gêneros, além de
textos multissemióticos, que são aqueles que envolvem o uso de diferentes linguagens (fotos,
ilustrações, cores etc.). A título de exemplo, um poema visual é uma espécie de texto verbo-
visual, que – quando disponibilizado em mídias digitais – envolve também a linguagem
audiovisual. Nos textos multissemióticos, a análise levará em conta as formas de composição e
estilo de cada uma das linguagens presentes, tais como plano/ângulo/lado, figura/fundo,
profundidade e foco, cor e intensidade nas imagens visuais estáticas, acrescendo, nas
imagens dinâmicas e performances, as características de montagem, ritmo, tipo de movimento,
duração, distribuição no espaço, sincronização com outras linguagens, complementaridade e
interferência etc. ou tais como ritmo, andamento, melodia, harmonia, timbres, instrumentos, na
música.
Por fim, quanto à análise linguística / semiótica, essa pratica envolve procedimentos e
estratégias cognitivas de análise e avaliação consciente, durante os processos de leitura e de
produção de textos (orais, escritos e multissemióticos). Essas reflexões são responsáveis pelos
efeitos de sentido do texto, seja no que se refere às suas formas de composição, determinadas
pelos gêneros (orais, escritos e multissemióticos) e pela situação de produção, seja no que se
refere aos estilos adotados nos textos.

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Vale ressaltar que essas práticas de linguagem não são estanques. Com efeito, há uma
articulação e uma retroalimentação entre elas, como, por exemplo, quando se lê algo no
processo de produção de um texto ou quando alguém relê o próprio texto; quando, em uma
apresentação oral, conta-se com apoio de slides que trazem imagens e texto escrito; em um
programa de rádio, que embora seja veiculado oralmente, parte-se de um roteiro escrito;
quando roteirizamos um podcast; ou quando, na leitura de um texto, pensa-se que a escolha
daquele termo não foi gratuita; ou, ainda, na escrita de um texto, passa-se do uso da 1ª pessoa
do plural para a 3ª pessoa, após se pensar que isso poderá ajudar a conferir maior objetividade
ao texto.

HORA DE PRATICAR

A BNCC recomenda a leitura de textos multissemióticos, tirinhas, quadrinhos, entre outros,


como atividade que favorece o multiletramento dos alunos. Uma tirinha, a exemplo da
apresentada no texto 10A3-II, constitui gênero multimodal porque
a) produz sentidos inesperados com o uso da língua não padrão, o que gera humor.
b) é um texto híbrido, pois mistura linguagem verbal e visual, e explora esses diferentes planos
semióticos para a produção de sentido.
c) é composta de duas linguagens: visual e verbal, e essa, via de regra, desvinculada do
compromisso com a norma culta, dado o caráter recreativo da leitura.
d) facilita a compreensão da mensagem com o acréscimo de imagens simples, reconhecidas
de imediato pelo leitor.
e) favorece o plano semiótico da imagem, pois a linguagem verbal é praticamente irrelevante.

GABARITO

Letra B

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Capítulo 5 – Ortografia

Uma comunicação escrita eficaz muito se deve à ortografia. Com efeito, o conhecimento
das regras que regem a ortografia de nossa língua implica maior probabilidade de proficiência
na modalidade escrita e maior acerto nas questões de concursos.
Ortografia é a parte da gramática que versa sobre a escrita correta das palavras. Há
palavras que podem ser identificadas por meio de uma regra, mas não podemos nos esquecer
de que há aquelas que constituem exceções, e outras para as quais simplesmente não há
explicação ou a explicação está na origem da língua. Dessa forma, as melhores estratégias
para internalizar a forma como determinadas palavras são escritas ainda são a leitura e a
resolução de questões.
Nesta seção, apresentaremos algumas regras que podem ser úteis.

Emprega-se a letra X:

a) depois de ditongos:

caixa – baixa – faixa – peixe - trouxa

Exceções: guache, caucho (e derivadas: recauchutar, recauchutagem)

b) depois da inicial en:

enxerto – enxada – enxotar – enxergar

Exceções:

cheio encher, enchimento

chiqueiro enchiqueirar

chumaço enchumaçar

charco encharcar

c) depois da inicial me:

México – mexerico – mexerica – mexilhão

Exceções: mecha, mechar, mechoação

Empregam-se as letras C e Ç:

a) depois de ditongos

eleição – traição – coice – ouço

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b) em formas correlatas de palavras terminadas em –to ou –ter

ereto ereção

correto correção

deter detenção

c) nos sufixos –ação, -aço (a) e –iço

aspiração ricaço barcaça sumiço


pontuação balaço barbaça carniça

Emprega-se o SS:

a) nos substantivos relacionados a verbos com o radical –ced-

aceder acesso
ceder cessão

b) nos substantivos relacionados a verbos com o radical –met-

submeter submissão
intrometer intromissão

c) nos substantivos relacionados a verbos com o radical –tir-

permitir permissão
discutir discussão

d) nos substantivos relacionados a verbos com o radical –prim-

reprimir repressão
comprimir compressão

e) nos substantivos relacionados a verbos com o radical –gred-

agredir agressão
regredir regressão

Emprega-se a letra S:

a) no sufixo –ês (origem, procedência)

japonês, chinês, calabrês, montês

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b) nos sufixos –esa e –isa (feminino)

marquesa, profetisa, duquesa, diaconisa

c) nos sufixos –oso e –osa (adjetivos)

gostoso, amorosa, apetitoso, pomposa

d) depois de ditongos

lousa, deusa, coisa, náusea

Emprega-se a letra Z:

a) nos verbos formados pelo sufixo –izar

atual + izar atualizar

civil + izar civilizar


fiscal + izar fiscalizar

Obs.: Todavia, usa-se S, e não Z, em palavras que já tenham S no radical.

friso + ar frisar

análise + ar analisar

pesquisa + ar pesquisar

b) nos substantivos abstratos derivados de adjetivos

rígido rigidez

gentil gentileza

viúvo viuvez

c) nos sufixos formadores de aumentativo e diminutivo

corpo corpanzil

cão canzarrão
flor florzinha

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Obs.: Todavia, usa-se S, e não Z, na derivação, se a palavra primitiva contiver S.

mesa mesinha

casa casinha

rosa rosinha

Emprega-se a letra G:

a) nos substantivos terminados em –agem, -igem e –ugem

barragem – vertigem – penugem – fuligem – ferrugem

b) nos substantivos terminados em –ágio, -égio, ígio e –úgio

pedágio – colégio – prestígio – relógio – refúgio

Emprega-se a letra J:

a) Nas conjugações de verbos terminados em –jar ou –jear

arranjar (arranjo, arranjas, arranjarei etc.) - despejar (despejo, despejaria, despejava etc.)

b) Nas palavras de origem africana, indígena ou árabe

jiboia – jiló – pajé – canjica – acarajé

c) Nas palavras que se originam de outras que já são grafadas com J

arranjar (arranjo) - cerejeira (cereja) - lojista (loja), trejeito (jeito) - varejista (varejo)

Formas variantes

Há palavras que apresentam dupla grafia. Eis algumas delas:

abdômen ou abdome degelar ou desgelar


afeminado ou efeminado dependurar ou pendurar
aluguel ou aluguer estralar ou estalar
assobiar ou assoviar hidrelétrico ou hidroelétrico
assoprar ou soprar imundície ou imundícia

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bêbado ou bêbedo infarto ou enfarte


cãibra ou câimbra loiro ou louro
catorze ou quatorze maquiagem ou maquilagem
chipanzé ou chimpanzé nenê ou neném
cumular ou acumular percentagem ou porcentagem

Uso do hífen

Emprega-se o hífen nos seguintes casos:

a) nas palavras compostas, que não contêm elementos de ligação, quando o 1º termo está
representado por forma substantiva, adjetiva, numeral ou verbal.

guarda-civil – conta-gotas – segunda-feira – azul-escuro

Obs.: As palavras que perderam a noção de composição são grafadas sem hífen: passatempo,
rodapé, paraquedas, mandachuva etc.

b) em todas as palavras que indicam espécies de plantas ou animais.

couve-flor – pimenta-do-reino – erva-cidreira – beija-flor

c) quando o prefixo ou falso prefixo termina pela mesma vogal com que se inicia o segundo
elemento da palavra.

anti-inflamatório – micro-ondas – micro-ônibus

d) nas expressões consagradas pelo uso.

água-de-colônia – arco-da-velha – cor-de-rosa

e) nas palavras formadas com os prefixos inter-, hiper- e super- quando a esses prefixos
seguirem-se palavras iniciadas por h ou r.

inter-helênico – hiper-humano – super-racional

f) nas palavras formadas com os prefixos pré-, pró- e pós-, desde que estes sejam seguidos de
palavras de vida autônoma na língua.

pré-escolar – pró-educação – pós-graduação

g) nas palavras formadas com os advérbios bem e mal quando a esses elementos seguirem-se
palavras iniciadas por vogal ou h.

bem-amado – bem-estar – mal-humorado – mal-alinhado

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Uso dos porquês

POR QUE

a) Usa-se por que (separado) quando a frase encerrar uma pergunta direta ou indireta. Se o
porquê estiver no final da frase, ele recebe acento circunflexo.

Por que você não veio à aula ontem?


Você não veio à aula ontem. Por quê?
Não sei por que você fez isso.

b) Usa-se por que (separado) quando a expressão puder ser substituída pela expressão pelo
qual e suas flexões.

Não me esqueci do vexame por que passei.


A estrada por que andei não tinha fim.

PORQUE

a) Porque (junto) é usado para introduzir uma explicação.

Não reclames, porque é pior.

b) Porque (junto) é usado para introduzir uma causa.

Faltou ao trabalho porque estava doente.

PORQUÊ

a) O porquê (junto e com acento) é usado como substantivo; é sinônimo de motivo, razão.

Não sei o porquê disso tudo.


(Não sei a razão disso tudo.)

Obs.: É o único caso que pode ir para o plural.

Não entendo os porquês da vida.

HORA DE PRATICAR

1. Na frase, “...olha para a xícara fumegante...”, vê-se que a grafia correta da palavra
destacada é com a letra x. Em que item a seguir há uma grafia errada?

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a) enxame / mexer
b) chuchu / chávena
c) vexame / colcha
d) xale / chalé
e) engraxate / fachina

2. Assinale a alternativa cujos vocábulos estão grafados corretamente e completam,


respectivamente, as lacunas do texto a seguir:
A política de _____ de gastos fez com que os trabalhos de _____ _____ em muitas universidades.

a) contenção – pesquiza – paralizassem


b) contensão – pesquiza – paralisassem
c) contensão – pesquisa – paralizassem
d) contenção – pesquisa – paralisassem
e) contensão – pesquiza – paralizassem

3. Complete com as formas por que, por quê, porque ou porquê:

a) Você não saiu, __________?


b) __________ ela perdeu, fiquei triste.
c) A estrada __________ andei não tinha fim.
d) Não entendi o __________ de tanto medo.
e) Não sei __________ fui mal na prova.
f) Cheguei atrasado __________ o carro quebrou.
g) Você vai embora? __________ ?
h) __________ devo fazer o trabalho sozinho?
i) Diga-me os __________ de sua revolta.
j) Ninguém sabe ___________ ele faltou.

GABARITO

1. E
2. D
3. a) Você não saiu, por quê?
b) Porque ela perdeu, fiquei triste.
c) A estrada por que andei não tinha fim.
d) Não entendi o porquê de tanto medo.
e) Não sei por que fui mal na prova.
f) Cheguei atrasado porque o carro quebrou.
g) Você vai embora? Por quê?
h) Por que devo fazer o trabalho sozinho?
i) Diga-me os porquês de sua revolta.
j) Ninguém sabe por que ele faltou.

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Capítulo 6 – Coesão e coerência textuais

1. Coesão textual

Um texto não é um amontoado caótico de orações desconexas, mas um conjunto de


orações coerentes que forma um todo significativo. Nele, deve haver não só uma
interdependência entre as suas partes constituintes, mas também uma adequação à realidade
e ao conhecimento de mundo do interlocutor. Assim, é preciso que exista uma conexão, uma
ligação, um encadeamento entre seus vários segmentos a fim de que o destinatário da
mensagem consiga interpretá-lo corretamente. Essa ligação, denominada coesão, é
responsável pela continuidade do texto.
Para que se possa compreender, ainda que intuitivamente, o que é a coesão de um texto,
considere o poema “A Pesca” de Affonso Romano de Sant’Anna:

A PESCA

O anil a água a boca o peixe


o anzol a linha o arranco a areia
o azul a espuma o rasgão o sol

o silêncio o tempo aberta a água


o tempo o peixe aberta a chaga
o peixe o silêncio aberto o anzol

a agulha a garganta aquelíneo


vertical a âncora ágil-claro
mergulha o peixe estabanado

A princípio, o texto pode causar certo estranhamento no leitor, uma vez que não é
comum, na linguagem cotidiana, produzirmos textos em que seus elementos apareçam de
forma desarticulada, aos pedaços. Contudo, uma leitura mais atenta permitirá a constatação
de que o texto faz sentido, ou seja, tem coerência (a coerência textual será abordada na
próxima seção).
De fato, a conexão entre os vários segmentos de um texto permite que não se perca a
noção de unidade. Ademais, a coesão bem tecida promove a sequência, a progressão das
informações, na medida em que suas referências são claras e fáceis de serem identificadas. A
título de exemplificação, observe o texto a seguir:

“Ninguém duvida de que a prática do direito consista,


fundamentalmente, em argumentar, e todos costumamos
convir em que a qualidade que melhor define o que se
entende por um “bom jurista” seja sua capacidade de
construir argumentos e manejá-los com habilidade.
Entretanto, pouquíssimos juristas leram uma única vez um
livro sobre a matéria e seguramente muitos ignoram por
completo a existência de algo próximo a uma “teoria da
argumentação jurídica”.

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Percebe-se que os enunciados do texto anterior estão estritamente ligados entre si, ou
seja, há coesão entre suas partes. As palavras que promovem essa ligação, os chamados
conectivos, conectores ou elementos de conexão, são responsáveis por manifestar a relação
de sentido que se estabelece entre os segmentos do texto e, portanto, apresentam função
coesiva. Vejamos:

Ninguém duvida de que a prática do A conjunção aditiva “e” introduz um segmento


direito consista, fundamentalmente, em que adiciona uma ideia ao que se afirmou no
argumentar, e todos costumamos convir período anterior.
[...]
[...] que melhor define o que se entende O pronome relativo “que” retoma o pronome
por um “bom jurista” demonstrativo “o”.
[...] a qualidade que melhor define o que A palavra “sua” é um pronome possessivo
se entende por um “bom jurista” seja sua adjetivo e juntamente com a palavra capacidade
capacidade de construir argumentos [...] refere-se à jurista (a capacidade do jurista).
[...] sua capacidade de construir O pronome oblíquo átono “los” refere-se a
argumentos e manejá-los com habilidade. argumentos.
Entretanto, pouquíssimos juristas leram A conjunção “entretanto”, de caráter
uma única vez um livro sobre a matéria adversativo, introduz uma ideia contrária ao que
[...] se diz no período anterior.
A expressão “a matéria” retoma o termo
argumentação.
[...] pouquíssimos juristas leram uma A palavra “juristas” é novamente retomada, mas
única vez um livro sobre a matéria e dessa vez, por meio de uma elipse, ou seja, por
seguramente muitos ignoram por meio da ausência (muitos juristas).
completo a existência de algo próximo a
uma “teoria da argumentação jurídica”.

A coesão acontece tanto em um plano horizontal – entre as orações e os períodos de um


texto, como em um plano vertical – entre os vários parágrafos do texto. Ela também pode ser
referencial ou sequencial.
Na coesão referencial, esse entrelaçamento de ideias pode ser conseguido com base
em dois procedimentos, a saber: repetição e substituição.
Antes de falarmos sobre esses procedimentos, é preciso entender que a coesão
referencial pode ser endofórica – o referente está dentro do texto (divide-se em anafórica e
catafórica) ou exofórica (dêitica) – o referente está fora do texto. Observe os seguintes
exemplos:

Ex. 1: Não encontrei o diretor. Ele deve ter saído mais cedo.

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Neste exemplo, observe que o pronome pessoal “ele” retoma o referente “diretor”,
explicitamente no texto, de forma anafórica.

Ex. 2: Nós éramos pequenos naquele tempo. E aquele era um tempo em que ainda se
apregoava nas ruas.

No segundo exemplo, a expressão “naquele tempo” retoma um referente que não está
presente no texto.

ANÁFORA X CATÁFORA
A substituição pronominal pode acontecer de duas formas:
anáfora (remissão para trás) – primeiramente ocorre um nome e, na
sequência, o pronome que lhe faz referência.
Ex.: Procurei o imóvel, mas não consegui encontrá-lo.

catáfora (remissão para frente) – o pronome aparece primeiro, e a seguir, o


nome que, antecipadamente, ele substituiu.
Ex.: Lá estava ela, minha amiga Eleonora.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Os pronomes ESSE, ESSA e ISSO fazem coesão anafórica.

Ex.: Não quero saber do ocorrido. Isso não me diz respeito.

Por sua vez, os pronomes ESTE, ESTA e ISTO fazem coesão catafórica.

Ex.: Digo-te isto: meça suas palavras!

Todavia, caso haja mais de um referente, os pronomes ESTE, ESTA, ISTO fazem
coesão anafórica. Serão usados também os pronomes AQUELE, AQUELA e AQUILO.

Ex.: Karina e Samanta são minhas alunas. Esta prefere língua portuguesa e aquela
prefere matemática.
(Observe que o pronome “esta” refere-se ao termo mais próximo: “Samanta”, ao passo
que o pronome “aquela” refere-se ao termo mais distante: “Karina”.)

Depois dessas breves explicações, podemos começar a falar sobre os procedimentos de


coesão referencial.

a) repetição

Ex. 1: Entre as pessoas de 15 a 17 anos de idade, ou seja, em idade escolar obrigatória, 78,8%
se dedicavam exclusivamente ao estudo.

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No exemplo acima, houve uma repetição por meio de paráfrase. A paráfrase é uma
forma de dizer, com outras palavras, o que já havia sido dito anteriormente a fim de deixar o
enunciado mais compreensível. A expressão “ou seja” introduz a paráfrase em questão e
sinaliza que a mesma ideia será apresentada novamente numa outra formulação linguística. Há
outras expressões que podem introduzir paráfrases, são elas: isto é, dito de outra forma, em
outras palavras, em resumo, em suma etc.

Ex. 2: O problema não está na Lei Seca, o problema está em sua interpretação.

Neste caso, houve uma repetição propriamente dita com fins a contrastar as duas ideias

REPETIÇÃO E POBREZA VOCABULAR


Ao contrário do que se pensa, a repetição é um recurso coesivo de grande
funcionalidade. Sua ocorrência nos mais variados gêneros textuais é incontestável, e isso,
não necessariamente, afeta sua qualidade. A repetição de termos também não é sempre um
indicador de pobreza vocabular. Contudo, esse recurso não deve ser usado indiscriminada
e desnecessariamente, uma vez que tem como objetivo desempenhar algumas funções:

 enfatizar algum segmento do texto;


 contrastar duas ideias;
 expressar a ideia de quantificação;
 marcar a continuidade temática.

b) substituição

Ex. 1: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com


absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

Neste exemplo ocorreu uma substituição gramatical – os nomes (criança, adolescente)


foram substituídos pelo pronome oblíquo átono (los). Note-se que, em alguns casos, o
substantivo pode também ser substituído por um advérbio, como ocorre no exemplo a seguir:

Ex. 2: O delegado responsável pela ocorrência determinou a realização de busca e apreensão


na casa da suspeita e lá foram encontrados os pertences da vítima.

Ex. 3: Os animais, portanto, na órbita Constitucional, não são destinatários de direitos


fundamentais, o que nos leva a concluir que a percepção do direito é antropocêntrica.

Neste caso, também ocorreu uma substituição gramatical. Contudo, aqui o pronome
relativo “que” retoma o pronome demonstrativo “o”, que, por sua vez, retoma não apenas uma
palavra, mas uma predicação inteira.

Ex. 4: Graças a Deus eu não experimentei a força e a eficiência do air bag , pois nunca fui vítima
de um acidente. Mas sou totalmente a favor do equipamento. Jamais soube de casos em que
pessoas que dirigiam um carro com esse dispositivo tiveram um ferimento mais grave. (...)
Na compra de um automóvel, o brasileiro deve levar em conta os diversos parâmetros de
segurança, e não somente a disponibilidade do air bag. Este último item, sozinho, não pode ser
considerado o “salvador da pátria”.

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Neste exemplo, houve uma substituição lexical (coesão lexical), já que o termo “air bag”
foi substituído pelos hiperônimos: equipamento, dispositivo e item, o que garantiu a
continuidade temática do texto. Vale ressaltar que, na substituição lexical, também podem ser
usados sinônimos, antônimos e epítetos (palavras ou frases que qualificam o referente).

HIPERÔNIMOS E HIPÔNIMOS

Os hiperônimos são palavras de sentido geral, mais genérico. Por essa razão, podem
substituir um número grande de termos. Por outro lado, os hipônimos são palavras de
sentido mais específico. Seguem alguns exemplos:

Hiperônimos Hipônimos
talher garfo, faca, colher
móvel cadeira, mesa, sofá
roupa camisa, calça, vestido
equipamento computador, balança, impressora
bebida suco, refrigerante, cerveja
sobremesa pudim, pavê, sorvete

Ex. 5: Quanta violência nesta cidade!

No exemplo acima, ocorreu a substituição por elipse, ou seja, por ausência, uma vez que
que houve a omissão do verbo haver na frase (Quanta violência há nesta cidade). A elipse é a
omissão de um termo facilmente dedutível pelo contexto.
Na coesão sequencial, por sua vez, a organização das ideias é conseguida com base no
procedimento conhecido como conexão. Essa conexão é normalmente realizada por
conjunções, que estabelecem relações de sentido entre os trechos que ligam.

Conexão

Ex. 1: São modificações tímidas, que visaram, antes, a coibir distorções e punir a discriminação
contra o trabalho da mulher do que propriamente incentivar sua contratação e permanência no
emprego. Todavia, apresentaram-se como um avanço no vácuo legislativo que é o direito
promocional do trabalho da mulher [...]

No exemplo acima, o conectivo “todavia” promove uma relação de oposição entre os


dois segmentos do texto.

Ex. 2: Assinamos o contrato, uma vez que todos discutiram e aceitaram a proposta.

A expressão “uma vez que” expressa a causa da consequência manifestada no primeiro


segmento.

Algumas relações semânticas estabelecidas pela conexão e seus respectivos


conectores

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adição e, também, ainda, não só... mas também, nem, além de etc.
causalidade visto que, uma vez que, já que, dado que, porque, como, tendo em vista
que etc.
comparação tanto (...) quanto, mais (...) do que, menos (...) do que etc.
complementação como, se, que etc.
conclusão portanto, pois (posposto ao verbo), por conseguinte, logo, assim, então
etc.
condicionalidade se, caso, a menos que, exceto se, desde que, contanto que, sem que, a
menos que, a não ser que, salvo se etc.
conformidade segundo, conforme, consoante, como etc.
finalidade a fim de que, para que etc.
justificação ou ou seja, isto é, quer dizer, pois etc.
explicação
oposição mas, porém, contudo, todavia, não obstante, entretanto, no entanto,
embora, se bem que, apesar de, ainda que etc.
temporalidade antes que, depois que, logo que, enquanto, mal, quando, apenas, assim
que, sempre que, cada vez que etc.

Vale ressaltar que esses valores semânticos não são fixos, ou seja, dependendo do
contexto, eles podem variar. Assim, é sempre muito importante estar atento (a) às relações que
se estabelecem entre as orações antes de determinar o valor semântico dos conectivos.
Quando os conectivos não são bem empregados, a relação entre as ideias de um texto
não fica clara para o receptor da mensagem, pois o texto resultante é incoerente. A título de
exemplo, vejamos um uso muito comum, mas errôneo, das locuções posto que e eis que:

Ex. de uso incorreto: Não há como entender o que realmente aconteceu, posto que sua
explicação ficou confusa.

Ex. de uso correto: Não há como entender o que realmente aconteceu, visto que / uma vez que /
tendo em vista que a explicação ficou confusa.

A locução conjuntiva posto que tem sido usada corriqueiramente como locução causal
(no sentido de porque, porquanto, uma vez que) quando, na verdade deve ser empregada com
valor concessivo (no sentido de embora, ainda que, se bem que, conquanto, mesmo que).
Ademais, essa locução conjuntiva deve ser usada com o verbo no subjuntivo:

Ex.: Posto que fosse tarde, ele decidiu esperar.

O mesmo ocorre com a expressão eis que. Tem sido bastante comum o uso dessa
expressão como se ela fosse causal, quando na verdade ela apresenta o sentido de quando e
eis senão quando. Observe os exemplos a seguir:

Ex. de uso incorreto: O entregador foi embora, eis que não havia ninguém morando naquele
local.

Ex. de uso correto: Eis que a testemunha viu a vítima passar aos gritos.

Como nos foi possível observar nesta subseção, a coesão textual é o recurso por meio
do qual o autor evidencia, na superfície de seu texto, as articulações que estabelecem relações
de ideias, garantindo que sua coerência seja assegurada. A escolha dos conectores

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adequados é fundamental, visto que são eles que irão determinar as diferentes relações entre
os termos, orações, períodos e parágrafos do texto.

2. Coerência

Como vimos na subseção anterior, um texto bem construído deve apresentar conectivos
empregados de forma adequada a fim de que se garanta uma conexão harmoniosa entre as
suas partes. Contudo, não basta a coesão para que se ateste a qualidade de um texto. Faz-se
necessário também que exista uma relação harmônica e lógica entre as ideias nele contidas.
De fato, em um texto deve haver uma concatenação de ideias entre as frases, ou seja,
cada ideia apresentada deve ser uma complementação de outra. A coerência textual é o
instrumento de que o autor lançará mão para garantir que sua linha de raciocínio não seja
quebrada e o seu texto forme um todo significativo. Ademais, a valorização das ideias
apresentadas no texto aumenta na mesma proporção em que se estabelece a coerência, o que
implica o fortalecimento de seu efeito persuasivo.
Ademais, é possível que um texto seja perfeitamente coeso, mas não seja coerente.
Considere o exemplo a seguir:

Ex.: Marcel estudou bastante, logo não está mais com


frio.
Percebe-se no exemplo que existe um elemento linguístico que estabelece a coesão
entre as duas ideias: o conectivo de conclusão ‘logo’. Todavia, é de fácil constatação que o
texto é incoerente, uma vez que não existe uma relação lógica entre estudar muito e sentir ou
não sentir frio.
Portanto, para que um determinado texto tenha coerência, é preciso que este apresente
uma sequência que transmita ao receptor um sentido lógico a fim de que não haja contradições
ou dúvidas sobre o assunto.
Conforme discutido anteriormente, não se deve esquecer de que a escolha errada de um
conectivo pode deturpar totalmente o sentido pretendido pelo autor. Vale lembrar que há
conectivos adequados para sinalizar cada tipo de relação que se pretende estabelecer entre
orações. Assim, o uso preciso dos conectivos também contribui para a construção de um texto
coerente. Ademais, embora o uso desses elementos linguísticos seja dispensável em certos
gêneros textuais, tais como a poesia moderna, por exemplo, seu uso proporciona maior
legibilidade e continuidade de sentido.
Há três princípios básicos que precisam ser respeitados para que se construa a
coerência de um texto. Discorremos brevemente sobre cada um deles.

Princípio da não contradição → um texto não pode apresentar situações ou ideias


incompatíveis entre si.

Qualquer afirmação feita ao longo do texto deve ser mantida até o final. Ademais, não
deve haver no interior do texto elementos linguísticos que, de alguma forma, contradigam
informações anteriores ou pressupostas, sob pena de as ideias ficarem desconexas e sem
sentido.
Observe, a seguir, um exemplo de texto contraditório:

Ex.: Em um país onde a justiça rasteja e a palavra-chave é soltar, e não prender, a segurança
pública segue sendo alvo de críticas. A maior prova disso são os complexos penitenciários
cada vez mais abarrotados.

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Se, de acordo com o autor do texto, a regra é soltar, e não prender, como é que os
complexos penitenciários estão cada vez mais abarrotados? Há uma contradição séria no
texto.

Princípio da não tautologia (pleonasmo vicioso) → as ideias desenvolvidas no texto não podem
ser redundantes.

É bem verdade que os graus de informatividade de um texto podem variar a depender do


propósito do autor. Todavia, deve-se ter em mente que parágrafos informativos tendem a
despertar maior interesse no interlocutor e podem, mais facilmente, persuadi-lo a aceitar
determinado ponto de vista.

Princípio da relevância → as ideias do texto precisam dialogar entre si. Se elas aparecem
fragmentadas e sem conexão lógica umas com as outras, o texto fica confuso e incoerente.

Um conjunto de enunciados é relevante quando versam sobre um mesmo tema. Se


houver a necessidade de fazer uma digressão, o autor do texto deverá utilizar um marcador
explícito de digressão, como por exemplo: “abrindo um parêntese”, e ao final do enunciado:
“fechando o parêntese”.
Um texto sem coerência certamente falhará na comunicação da mensagem pretendida
pelo autor, o que pode representar um problema sério.

HORA DE PRATICAR

1. “A opção por esses teóricos da Educação justifica-se ainda em razão de apresentarem


relevantes concepções em torno das atribuições administrativas, elemento fundamental para o
estudo em questão”. Nesse trecho, o conectivo destacado veicula a ideia de:
a) causa
b) condição
c) concessão
d) consequência

2. Em “Soares ensina crianças e adolescentes de 11 a 14 anos na cidade de Quatá, interior


paulista. Ela notou, nos últimos anos, uma piora expressiva na capacidade de concentração
dos alunos, que estão cada vez mais sonolentos em sala de aula” (3º parágrafo), o pronome
destacado faz referência direta a:
a) Quatá
b) alunos
c) crianças e adolescentes
d) capacidade de concentração dos alunos

GABARITO

1. A
2. B

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Capítulo 7 – Estrutura frasal; sintaxe da oração e do período;


orações coordenadas e subordinadas

Neste capítulo, abordaremos as relações que se estabelecem entre as palavras de uma


frase ou entre as orações em um período, ou seja, começaremos a tratar da parte da gramática
denominada sintaxe.

1. Frase, oração, período

Preliminarmente, é importante distinguir os conceitos referentes à frase, oração e


período, pois nem sempre esses termos podem ser tratados como sinônimos.

1.1 Frase

A frase é um enunciado linguístico de sentido completo. Ela não precisa apresentar


verbo na sua constituição e pode ser formada por apenas uma palavra ou por um conjunto de
palavras. Considere os exemplos:

Ex.: Socorro!
O dia está lindo!

1.2 Oração

A oração, por sua vez, também é um enunciado linguístico, mas, diferentemente da


frase, pode não apresentar sentido completo. Ademais, ela é construída em torno de um verbo
(explícito ou subentendido) ou de uma locução verbal.

Ex.: Pessoas carentes necessitam de ajuda.


O preço dos combustíveis deverá subir novamente.

1.3 Período

Por fim, o período é um enunciado linguístico organizado em uma ou mais orações. Ele
se classifica em:

a) simples – formado por apenas uma oração (oração absoluta)

Ex.: O paciente estava muito doente. (um verbo – uma oração)

b) composto – formado por duas ou mais orações.

Ex.: A ideia é boa, mas a medida é prematura. (dois verbos – duas orações)

2. Termos da oração

Termos da oração são as palavras ou grupos de palavras que exercem determinadas


funções sintáticas dentro da oração. Eles podem ser classificados em essenciais, integrantes e
acessórios.
Observe a tabela a seguir:

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Termos da oração
essenciais integrantes acessórios
sujeito complemento verbal adjunto adnominal
predicado complemento nominal adjunto adverbial
agente da passiva aposto

2.1 Termos essenciais da oração

Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.

a) sujeito – palavra (ou conjunto de palavras) sobre a qual se enuncia alguma coisa.

b) predicado – o que é enunciado sobre o sujeito, por meio de um verbo, na oração (salvo nas
orações sem sujeito, em que há apenas predicado).

Sujeito Predicado
O professor concordou com a minha opinião.
Meus filhos viajarão comigo.
Tipos de sujeito

O sujeito pode ser definido como: simples, composto, oculto, indeterminado ou


inexistente.

a) sujeito simples – apresenta apenas um núcleo.

Ex.: O artista agradecia os aplausos.

b) sujeito composto – apresenta dois ou mais núcleos.

Ex.: A esposa e a sogra chegaram primeiro.

c) sujeito oculto – não aparece explicitamente na oração, mas pode ser identificado com
facilidade por meio da desinência verbal ou pelo contexto. É também conhecido como sujeito
elíptico.

Ex.: Conseguimos terminar o trabalho a tempo.

sujeito oculto = nós

d) sujeito indeterminado – não aparece expresso na oração porque não se deseja que ele seja
conhecido ou porque não é possível explicitá-lo. Isso acontece em duas situações:

Sujeito indeterminado
Verbo na 3ª pessoa do plural, não se Disseram que a queima de fogos foi um grande
referindo a nenhuma pessoa determinada espetáculo.
pelo contexto.
Verbos intransitivos, transitivos indiretos ou
de ligação na 3ª pessoa do singular Precisa-se de funcionários.
acompanhado da partícula se (índice de
indeterminação do sujeito).

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e) sujeito inexistente – ocorre nas chamadas orações sem sujeito, em que se empregam verbos
impessoais. Observe no quadro a seguir as características dessas orações.

Características Exemplos
verbos que exprimem fenômenos da natureza Choveu a noite toda.
verbo haver no sentido de existir ou na Há muitos problemas a serem resolvidos.
indicação de tempo decorrido Há dias ela não aparece por aqui.
verbos fazer ou estar no sentido de tempo ou Faz dez dias que não durmo direito.
clima Faz muito calor nesta época do ano.
Está cedo.
Está muito calor hoje.
verbo ser empregado em relação a datas, horas Hoje é dia 9 de abril.
ou distâncias Já é meio-dia.
São cinco quilômetros daqui até lá.
verbos bastar e chegar acompanhados da Já basta de tanta enrolação!
preposição de Chega de mentiras!

Obs.: Nas locuções verbais, sendo o verbo principal impessoal, ele transfere essa
impessoalidade para o verbo auxiliar.

Ex.: Não deve haver ciúmes em um relacionamento saudável.


Vai fazer dois meses que eles se casaram.

Tipos de predicado

Diferentemente do sujeito, que pode ser indeterminado ou até mesmo inexistente, o


predicado é indispensável em uma oração. Ele pode ser de três tipos: verbal, nominal ou verbo-
nominal.

a) predicado verbal – é o predicado em que o núcleo significativo é um verbo que indica ação
(intransitivo ou transitivo) e não há predicativo na frase.
VTD OD
Ex.: O entrevistado ofendeu a repórter.

Predicado verbal

b) predicado nominal – é o predicado em que o núcleo significativo se concentra em um


predicativo do sujeito. Neste tipo de frase, o verbo é sempre de ligação.
VL PS
Ex.: Nossos alunos são mais preparados.

Predicado nominal

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c) predicado verbo-nominal - é o predicado em que o núcleo significativo se concentra em um


verbo que indica ação (intransitivo ou transitivo) e em um predicativo do sujeito ou predicativo
do objeto.
VI PS
Ex.: O soldado parou atento.

Predicado verbo-nominal

VTD OD PO
Ex.: O aluno achou o raciocínio exato.

Predicado verbo-nominal

2.2 Termos integrantes da oração

Os termos integrantes da oração são os complementos verbais, o complemento nominal


e o agente da passiva.

Complementos verbais

Complemento verbal é o termo da oração que completa ou integra o sentido de verbos


transitivos. Eles podem ser de dois tipos:

a) objeto direto – integra o sentido do verbo sem o auxílio de preposição obrigatória.


VTD OD
Ex.: Comprei os ingressos ontem.

b) objeto indireto – integra o sentido do verbo com o auxílio de preposição obrigatória.


VTI OI

Ex.: Ainda não me acostumei com as novas regras.

Complemento nominal

Assim como acontece com os verbos transitivos, alguns nomes (substantivo, adjetivo e
advérbio) também precisam de complementos para integrar o seu sentido. Como completam o
sentido de nomes, eles são chamados de complementos nominais.
Esses complementos são regidos de preposição, e por essa razão, podem ser
confundidos com objetos indiretos. Todavia, não se pode esquecer de que os objetos indiretos
completam o sentido de verbos, ao passo que os complementos nominais integram o sentido de
substantivos, adjetivos e advérbios. Veja os exemplos a seguir:

substantivo
Ex.: Tenho orgulho das suas conquistas.
complemento nominal

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adjetivo

Ex.: Eles estavam conscientes de todos os problemas.


complemento nominal

advérbio

Ex.: O juiz agiu favoravelmente ao réu.


complemento nominal

Agente da passiva

Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação expressa pelo verbo na voz
passiva analítica. Ele é obrigatoriamente regido pela preposição por, mas em raras ocasiões
pode ser regido pela preposição de.

sujeito paciente
Obs.: por + a = pela
Ex.: Este relatório foi elaborado por Ricardo. por + as = pelas
agente da passiva por + o + pelo
por + os = pelos

2.3 Termos acessórios da oração

Os termos acessórios da oração são os adjuntos adnominais, os adjuntos adverbiais e o


aposto.

Adjunto adnominal

Adjunto adnominal é o termo da oração que tem a função de caracterizar, delimitar o


significado de um substantivo. Ele pode ser expresso por artigo, pronome adjetivo, numeral
adjetivo, adjetivo e locução adjetiva.

a) artigo (definido ou indefinido) Obs.: Um único substantivo pode vir


acompanhado de vários adjuntos
adnominais.
Ex.: A artista deu um autógrafo à fã.
Ex.: Estas três belas esculturas de
mármore são minhas.
b) pronome adjetivo

Ex.: Aquela professora acredita em seus alunos.

c) numeral adjetivo

Ex.: Dois candidatos disputaram o primeiro lugar.

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d) adjetivo

Ex.: Belas praias são calmantes naturais.

e) locução adjetiva

Ex.: No canto da sala havia uma cadeira de balanço.

Como distinguir um adjunto adnominal de um complemento nominal? Observe o seguinte


esquema para não mais se confundir:

O substantivo é
concreto?

Sim Não

Adjunto O termo pratica a


adnominal ação expressa pelo
substantivo?

Sim Não

Complemento
nominal
compl. nom.

A crítica ao diretor foi necessária.

A crítica do diretor foi necessária

adj. adn.

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No exemplo acima, ao diretor é complemento nominal, já que o diretor é o alvo da ação


indicada pelo substantivo crítica. Por sua vez, do diretor é adjunto adnominal, pois, nesse caso,
o diretor é o agente da ação indicada pelo substantivo.

Adjunto adverbial

Adjunto adnominal é o termo da oração que tem a função de denotar a circunstância


expressa pelo verbo ou intensificar o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
O adjunto adverbial (função sintática) é representado morfologicamente por advérbio ou
locução adverbial.

Circunstâncias expressas pelo adjunto adverbial:

tempo – lugar – modo – causa – intensidade – afirmação – negação – meio – assunto –


finalidade – dúvida – companhia – instrumento – condição – concessão – preço

Aposto

Aposto é o termo da oração que exemplifica ou explica outro termo da oração, de mesma
função sintática, já anteriormente mencionado. Com efeito, caso seja retirado da oração o
termo a que o aposto se refere, este passará a exercer a mesma função do termo retirado.
Observe:

sujeito
Ex.: Joaquina, a filha do vizinho, foi estudar na capital.

aposto

sujeito

A filha do vizinho foi estudar na capital.

Tipos de aposto

a) aposto explicativo – detalha, explica, amplia o sentido do termo ao qual está ligado. Aparece
entre vírgulas, travessões ou parênteses.

Ex.: Chico Buarque, um dos principais artistas brasileiros, nasceu no Rio de Janeiro.

b) aposto especificativo – especifica um substantivo de uso genérico, ao qual se liga sem


vírgula.

Ex.: O poeta Vinícius de Moraes gravou belas canções.

c) aposto enumerativo – tem como objetivo enumerar as partes constitutivas do termo


fundamental. Pode ser pontuado por vírgula, travessão ou dois-pontos.

Ex.: Li dois excelentes livros: Dom Casmurro e Grande sertão veredas.

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d) aposto resumidor – é também chamado de recapitulativo. Tem a função de resumir, por meio
de um pronome, algo que foi expresso pelo termo fundamental.

Ex.: Dedicação, treino, força de vontade, foco, tudo isso é necessário para a formação de um
bom atleta.

e) aposto de oração – refere-se a uma oração completa, sendo geralmente representado pelo
pronome demonstrativo o ou por substantivos, tais como fato, episódio, acontecimento,
situação etc.

Ex.: Você não se dedicou o suficiente, o que é lamentável.

3. Período composto

Como vimos no início deste capítulo, o período pode ser simples (formado por apenas
uma oração) ou composto (formado por duas ou mais orações). Nesta seção, o nosso enfoque
será no período composto.
Primeiramente, é preciso compreender que o período pode ser composto por
coordenação, por subordinação e por coordenação e subordinação. Vamos tratar de cada um
desses tipos de período a partir de agora.

3.1 Período composto por coordenação

O período composto por coordenação apresenta orações independentes entre si. Isso
quer dizer que elas não exercem qualquer função sintática em relação a nomes, verbos ou
pronomes de outra oração, ou seja, são sintaticamente completas, visto que possuem todos os
termos de seu modelo estrutural, seja de forma expressa, seja de forma elíptica. Considere o
exemplo a seguir:

Ex.: Os sócios discutiram as pautas do dia, votaram o orçamento e encerraram a reunião.


1ª oração 2ª oração 3ª oração

As orações que fazem parte do período composto por coordenação podem se


apresentar justapostas e separadas por pontuação (vírgula ou ponto e vírgula) ou ligadas por
uma conjunção, a chamada conjunção coordenativa. No primeiro caso, as orações serão
chamadas de assindéticas e no segundo, de sindéticas.
Considerando mais detalhadamente o exemplo acima, percebe-se que há três orações
coordenadas. A primeira oração é assindética, na medida em que ela não é iniciada por
conjunção. Entre a primeira e a segunda oração ocorre a coordenação assindética, tendo em
vista que elas não são ligadas por uma conjunção, mas apenas por uma vírgula. Por sua vez,
entre a segunda e a terceira oração há coordenação sindética, uma vez que elas estão
conectadas por meio da conjunção e.

Orações coordenadas sindéticas

Para proceder à classificação das orações coordenadas sindéticas, é preciso levar em


consideração a conjunção coordenativa que introduz cada oração. Dessa forma, elas podem
ser classificadas como aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas.

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Observe, na tabela a seguir, a classificação das conjunções, e consequentemente das


orações sindéticas, mais comumente cobradas nas provas da Selecon.

Classificação das orações coordenadas sindéticas


aditivas soma: e, nem, mas também, Helena não vendeu o carro nem a casa.
mas ainda Helena não só vendeu o carro, mas também a
casa.

adversativas oposição: mas, porém, Gostaria de ter ido à praia, mas choveu.
contudo, todavia, no entanto,
entretanto
alternativas alternância: ou...ou, Ou você pega a estrada logo, ou ficará preso no
ora...ora, já...já, quer...quer engarrafamento.
conclusivas conclusão: logo, portanto, Estudei o suficiente, logo tive êxito na prova.
por isso, assim, pois
explicativas explicação: pois, porque, Ele deve estar dormindo, pois a luz do quarto
visto que, porquanto, que está apagada.

3.2 Período composto por subordinação

O período composto por subordinação é assim chamado porque é formado por orações
que exercem uma função sintática em relação a algum termo presente em outra oração,
denominada oração principal. A oração principal pode iniciar o período, finalizá-lo ou ser
interrompida por uma oração subordinada a ela. Considere o exemplo a seguir:

Ex.: Ninguém sabia que a encomenda chegaria hoje.


oração oração
principal subordinada

No exemplo acima, pode-se observar que a segunda oração (oração subordinada) é


sintaticamente dependente da primeira (oração principal), tendo em vista que exerce a função
de objeto direto do verbo saber presente na primeira oração.
A depender da função sintática que exercem, as orações subordinadas podem ser
classificadas em substantivas, adjetivas ou adverbiais. Confira, na tabela abaixo, as funções
desempenhadas por cada um desses tipos de orações:

orações subordinadas
substantivas sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do
sujeito e aposto
adjetivas adjunto adnominal (adjetivo)
adverbiais adjunto adverbial (advérbio)

Orações subordinadas substantivas

As orações subordinadas substantivas, como o próprio nome sugere, são aquelas que
desempenham o papel de um substantivo. Considere os dois exemplos a seguir:

Ex.: Aguardamos a sua colaboração.


substantivo

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No exemplo acima, o substantivo colaboração exerce a função de núcleo do objeto


direto do verbo aguardar. Esse objeto direto pode ser substituído por uma oração que
desempenhe a mesma função sintática. Observe:

Ex.: Aguardamos que você colabore.


oração subordinada substantiva

As orações subordinadas substantivas, por sua vez, podem ser classificadas em


subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas e
apositivas.

Orações subordinadas substantivas


subjetivas sujeito É importante que você estude.
objetivas diretas objeto direto Ninguém esperava que você viesse.
objetivas indiretas objeto indireto Joana não gosta de que a chamem de senhora.
completivas nominais complemento Nós temos esperança de que tudo volte ao
nominal normal.
predicativas predicativo O pior é que ela não virá.
apositivas aposto Só desejo uma coisa: que vocês sejam felizes.

Obs.: A palavra que presente nas orações subordinadas substantivas é conjunção integrante.

Orações subordinadas adjetivas

As orações subordinadas adjetivas exercem a função de um adjetivo (adjunto


adnominal) de um termo expresso na oração principal. Analise os dois exemplos a seguir:

Ex.: Os trabalhadores grevistas foram convocados para uma reunião.


adjetivo

No exemplo acima, o adjetivo grevistas exerce a função de adjunto adnominal do


substantivo trabalhadores. Esse adjetivo pode ser substituído por uma oração que
desempenhe a mesma função sintática. Observe:

Ex.: Os trabalhadores que fizeram greve foram convocados para uma reunião.
oração subordinada adjetiva

Obs.: As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por pronomes relativos (que,
o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.).

Essas orações podem ser de dois tipos: restritivas ou explicativas.

a) orações subordinadas adjetivas restritivas – restringem ou especificam a significação do


termo antecedente. Não são isoladas por vírgulas.

Ex.: Meu irmão que mora na Irlanda virá ao Brasil no próximo mês.
oração subordinada adjetiva restritiva

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Neste exemplo, o autor da oração tem mais de um irmão e está falando especificamente
do irmão que mora na Irlanda. Observe que não é possível suprimir essa oração adjetiva sem
prejudicar o sentido do período.

a) orações subordinadas adjetivas explicativas – explicam ou ampliam a significação do termo


antecedente. São isoladas por vírgulas.

Ex.: Meu irmão, que mora na Irlanda, virá ao Brasil no próximo mês.
oração subordinada adjetiva explicativa

Neste exemplo, o autor da oração tem apenas um irmão e está simplesmente


acrescentando uma informação acessória sobre ele. Neste caso, a oração adjetiva pode ser
suprimida sem prejudicar o sentido do período.

Assim, o emprego ou não da vírgula é de extrema importância nas orações adjetivas,


uma vez que o significado do período muda com essa pontuação.

Orações subordinadas adverbiais

As orações subordinadas adverbiais são aquelas que expressam uma circunstância em


relação a um fato presente na oração principal, ou seja, cumprem a função de um adjunto
adverbial. Compare os dois exemplos a seguir:

Ex.: À tarde, iremos para o aeroporto.

locução adverbial

No exemplo acima, a locução adverbial à tarde exerce a função de adjunto adverbial. Essa
locução pode ser substituída por uma oração que desempenhe a mesma função sintática.
Observe:

Ex.: Assim que entardecer, iremos para o aeroporto.


oração subordinada adverbial

As orações subordinadas adverbiais são sempre introduzidas por conjunções


subordinativas (que não sejam conjunções integrantes) e podem ser classificadas em nove
grupos, a saber: causais, consecutivas, finais, temporais, condicionais, concessivas,
comparativas, conformativas e proporcionais.

Orações subordinadas adverbiais


causal Já que o trabalho não ficará pronto hoje, voltarei amanhã.
consecutiva José é tão alto que bate com a cabeça na porta.
final Revisei todo o trabalho para que não houvesse falhas.
temporal Quando sair, feche a porta.
condicional Caso tenha alguma dúvida, é só me chamar.
concessiva Ainda que tenha vindo, não resolveu o problema.
comparativa Ele tem trabalhado como um obstinado (trabalha).
conformativa Você deve preencher o documento conforme a secretária lhe orientou.
proporcional À medida que o tempo passava, mais nervoso ele ficava.

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Obs.: Tanto as orações subordinadas adjetivas quanto as orações subordinadas adverbiais


podem aparecer na forma reduzida.
No que tange às orações adjetivas, basta eliminar o pronome relativo e empregar o
verbo no particípio, no gerúndio ou no infinitivo. Observe os exemplos a seguir:

Ex.: Encontrei os rapazes chegados da Dinamarca. (que chegaram da Dinamarca)


oração subordinada adjetiva reduzida de particípio

Ex.: Naquela rua, há moradores de rua pedindo esmolas. (que pedem esmolas)
oração subordinada adjetiva reduzida de gerúndio

Ex.: Meu vizinho tem um cachorro de meter medo. (que mete medo)
oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo

Já para formar orações subordinadas adverbiais reduzidas, é preciso eliminar o


conectivo e colocar o verbo no particípio, no gerúndio ou no infinitivo. Veja:

Ex.: Terminada a festa, os convidados se retiraram.


oração subordinada adverbial temporal reduzida de particípio

Ex.: Dizendo a verdade, você será perdoado.

oração subordinada adverbial condicional reduzida de gerúndio

Ex.: Ao receber sua mensagem, lembrei-me do que deveria fazer.

oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo

HORA DE PRATICAR

Em “Ele esperou longamente, e chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café”, há:
a) uma oração coordenada
b) duas orações coordenadas
c) três orações coordenadas
d) quatro orações coordenadas

GABARITO

Letra B

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Capítulo 8 – Acentuação gráfica

A maior parte das palavras, em língua portuguesa, é acentuada, isto é, apresenta uma
sílaba tônica. A sílaba tônica é aquela que recebe a mais alta intensidade na pronúncia.
Todavia, apenas algumas palavras recebem o chamado acento gráfico (acento agudo, acento
circunflexo, crase), o que ocorre de acordo com algumas regras que levam em consideração
aspectos, tais como a tonicidade da palavra, sua terminação e a reforma ortográfica de 2009.
Assim, conclui-se que:

Acento Acento
prosódico gráfico
(tônico)

Antes de estudarmos as regras de acentuação gráfica, é muito importante conhecermos


a classificação das palavras da língua portuguesa quanto ao número de sílabas e à sua
tonicidade.

Classificação das palavras quanto ao número de sílabas

A sílaba pode ser definida como um grupo de fonemas expresso numa só emissão de
voz. Há duas informações muito importantes sobre a sílaba:

I. não há sílaba sem vogal; Fonema: menor unidade sonora


II. em cada sílaba há somente uma vogal. de uma língua.

Portanto, pode-se afirmar que a base de uma sílaba é a vogal. No que diz respeito ao
número de sílabas, as palavras podem ser classificadas em:

MONOSSÍLABAS apresentam apenas uma vogal e uma sílaba. Ex.: pé, só, mel, pá

DISSÍLABAS apresentam duas vogais e duas sílabas. Ex.: casa, caju, filé

TRISSÍLABAS apresentam três vogais e três sílabas. Ex.: cadeira, boneca, história

POLISSÍLABAS apresentam quatro ou mais vogais e sílabas. Ex.: apartamento, brasileiro

Classificação das palavras quanto à tonicidade

As sílabas podem ser tônicas (pronunciadas com mais intensidade) ou átonas


(pronunciadas com menos intensidade). Há apenas uma sílaba tônica por palavra e esta pode
ser encontrada em três posições diferentes: no último, no penúltimo ou no antepenúltimo grupo
de fonemas da palavra. Dependendo de onde estiver a sílaba tônica, as palavras serão
classificadas como:

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OXÍTONAS a sílaba tônica é a última Ex.: café, mulher

PAROXÍTONAS a sílaba tônica é a Ex.: repúdio, paquera


penúltima
PROPAROXÍTONAS a sílaba tônica é a Ex.: crepúsculo, ônibus
antepenúltima

Obs.: Atente para a pronúncia correta das seguintes palavras:

noBEL misTER aRÍete


graTUIto ureTER ruIM
reCORde cateTER iBEro

Alguns exemplos de palavras que aceitam mais de uma pronúncia:

XÉrox / xeROx RÉPtil / repTIL proJÉtil / projeTIL


aCRÓbata / acroBAta boÊmia / boeMIa oceÂnia / oceaNIa

Há palavras que, quando não acentuadas graficamente, mudam de sentido e podem até
mesmo mudar de classe gramatical. Muitas questões de provas são elaboradas com base
nessas palavras a fim de verificar se o candidato está atento à importância da acentuação
gráfica para a clareza de um texto.
Observe a tabela a seguir:

fabrica (verbo) fábrica (substantivo)


sabia (verbo) sabiá (substantivo)
fluido (substantivo e adjetivo) fluído (verbo)
secretaria (substantivo) secretária (substantivo)
numero (verbo) número (substantivo)
publico (verbo) público (substantivo ou adjetivo)
medico (verbo) médico (substantivo)
contribui (verbo) contribuí (verbo)
magoa (verbo) mágoa (substantivo)
doido (adjetivo ou substantivo) doído (verbo)

Dessa forma, é evidente a importância de estudarmos a fundo as regras de acentuação


gráfica. É o que faremos a partir de agora.

Regras de acentuação gráfica

A acentuação gráfica diz respeito à adequada colocação de acentos gráficos nas


palavras. Isso pode parecer óbvio à primeira vista, mas existe uma diferença entre acentos
gráficos e sinais gráficos. Ambos são sinais diacríticos ou notações léxicas.
Observe no quadro a seguir quais são os sinais diacríticos e sua subdivisão em acentos
gráficos e sinais gráficos:

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SINAIS DIACRÍTICOS (NOTAÇÕES LÉXICAS)


ACENTOS GRÁFICOS SINAIS GRÁFICOS
acento agudo (´) til (~)
acento circunflexo (^) cedilha (ç)
acento grave (`) apóstrofo (’)
trema (¨)
hífen (-)

É importante atentar para essa nomenclatura, pois ela pode aparecer na sua prova.

a) palavras monossílabas

São acentuadas todas as palavras monossílabas tônicas, terminadas em A, E e O, seguidas ou


não de S bem como as terminadas nos ditongos abertos ÉU, ÉI, ÓI, seguidos ou não de S.

A (s): pá (s)
E (s): fé, mês
O (s): dó, pôs
ÉU: céu, céus
ÉI: méis
ÓI: dói, sóis (plural de sol)

Obs.: Caso a palavra venha acompanhada de um pronome oblíquo, este não deve ser contado
como sílaba.

Ex.: Dá-se é acentuada por ser palavra monossílaba tônica terminada em A.

Observe que apenas as palavras monossílabas tônicas são acentuadas. Elas possuem
autonomia fonética e semântica, isto é, são proferidas com força e mantêm o seu significado
próprio, independentemente de virem inseridas numa frase ou isoladas.
As monossílabas átonas não são acentuadas, visto que não têm autonomia fonética e se
apoiam em outras palavras. Pode haver modificação prosódica de seus fonemas (alteração na
forma como são pronunciados):

O (= U) menino me (= mi) perguntou quando lhe (= lhi) entregarei o (= U) pedido.

MONOSSÍLABOS ÁTONOS
artigos o, a, os, as, um, uns
preposições a, com, de, em, por, sem, sob (e contrações)
pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, nos, nas, me, te, se, nos, vos, lhe, lhes (e
átonos contrações)
pronome relativo que (salvo se estiver em final de frase ou imediatamente antes de
pontuação)
advérbio não
conjunção e, nem, mas, ou, que, se
formas de tratamento frei, dom, seu e são

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b) palavras oxítonas

São acentuadas todas as palavras oxítonas terminadas em A, E e O, seguidas ou não de S, as


terminadas em EM e ENS bem como as terminadas nos ditongos abertos ÉU, ÉI, ÓI, seguidos
ou não de S.

A (s): retroagirá, atrás


E (s): você, pajés
O (s): pivô, após
EM: ninguém, também
ENS: parabéns, reféns
ÉU: chapéu, troféu
ÉI: anéis, fiéis
ÓI: herói, corrói

Obs.: As palavras que apresentarem ditongo aberto na penúltima sílaba (palavras paroxítonas)
não serão acentuadas.

herói – heroico

Obs.: Assim como ocorre com as palavras monossílabas, caso a palavra oxítona venha
acompanhada de um pronome oblíquo, este não deve ser contado como sílaba.

Comprá-los é acentuada por ser palavra oxítona terminada em A.

c) palavras paroxítonas

Há diferentes regras para a acentuação gráfica das palavras paroxítonas e, por essa
razão, essas palavras costumam ser as mais cobradas nas provas de concursos.

Regra das vogais

São acentuadas todas as palavras paroxítonas terminadas em I e U, seguidas ou não de S


bem como as terminadas em UM e UNS (u nasalizado), OM e ONS (o nasalizado), Ã, ÃO,
seguidos ou não de S.

I (s): júri, grátis


U (s): bônus, ônus
UM: fórum, álbum
UNS: fóruns, parabéluns
OM: rândom, iândom
ONS: elétrons, prótons
à (s): ímã, órfãs
ÃO (s): órgão, sótãos

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Regra das consoantes

São acentuadas todas as palavras paroxítonas terminadas em R, X, N, L e PS.

R: revólver, * Méier (neste caso o ditongo aberto é acentuado porque a palavra é paroxítona
terminada em R)

X: tórax, ônix

N: hífen, líquen

L: fácil, ágil

Obs.: Neste caso, para serem acentuadas, essas palavras não podem ser seguidas de S.
Assim, a palavra hífen tem acento gráfico, ao passo que a palavra hifens não tem.

Regra dos ditongos e tritongos

São acentuadas todas as palavras paroxítonas terminadas em ditongos e tritongos.

ditongo: história, cárie

tritongo: jóquei

Caso você tenha esquecido o que são ditongos, tritongos e hiatos, segue um esquema
para ajudar:

•Há uma vogal e uma semivogal


Ditongo na mesma sílaba. Ex.: cai - xa

•Há uma vogal entre duas


Tritongo semivogais. Ex.: a - guei

•Há duas vogais em sílabas


Hiato diferentes. Ex.: pi - a - da

d) palavras proparoxítonas

Esta é a regra mais fácil de ser assimilada, pois todas as palavras proparoxítonas são
acentuadas. Seguem alguns exemplos:

máscara pérgula gráfico trópico bálsamo

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É preciso ressaltar que essa regra prevalece sobre outras. Assim, caso alguma
alternativa de questão afirme que a palavra “friíssimo”, por exemplo, é acentuada pela regra
dos hiatos (I e U tônicos), isso estará errado, pois a palavra é proparoxítona; por essa razão,
entende-se que ela é acentuada por ser proparoxítona.

Obs.: É preciso ter cuidado com as proparoxítonas aparentes ou falsas esdrúxulas.

Alguns gramáticos entendem que palavras, tais como mistério, cárie, série, tênue,
glória, espontâneo, entre outras, podem ser consideradas proparoxítonas (esdrúxulas).

Neste momento você poderia se perguntar:

Essas palavras não são


paroxítonas terminadas
em ditongo?

Exatamente! São paroxítonas terminadas em ditongo, mas há quem entenda que nesses
casos não há ditongo no final da palavra, mas sim hiato. De acordo com esse entendimento, a
divisão silábica de tais palavras seria:

mis-té-ri-o, cá-ri-e, sé-ri-e, tê-nu-e, gló-ri-a, es-pon-tâ-ne-o

Assim, os encontros vocálicos terminais, também chamados de postônicos (-ea, -eo, -ia,
-ie, -io, -oa, -ua, -ue, -uo), são considerados, via de regra, ditongos crescentes (mis-té-rio, cá-
rie, sé-rie, tê-nue, gló-ria, es-pon-tâ-neo), todavia há a possibilidade, em última instância, de
serem entendidos como hiato. Dessa forma, tais palavras seriam entendidas como
proparoxítonas aparentes ou falsas esdrúxulas: mis-té-ri-o, cá-ri-e, sé-ri-e, tê-nu-e, gló-ri-a, es-
pon-tâ-ne-o.

Obs.: Não descuide do fato de que isso é só uma possibilidade!

e) regra do hiato

Devem ser acentuados o I e o U tônicos, que formam hiato com a vogal anterior, seguidos ou
não de S.
juízo, viúvo, país

Todavia, não devem ser acentuados o I e o U tônicos do hiato quando estes vierem
seguidos de outra letra (diferente de S), na mesma sílaba, ou de NH, na sílaba seguinte.

constituinte, ruim, cairmos, juiz, rainha

Também não se acentuam o I e o U tônicos quando estes formam hiato com um ditongo
anterior:
feiura, baiuca

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Obs.: caso o I e o U tônicos estejam formando hiato com um ditongo anterior, mas apareçam
em posição final (palavras oxítonas), eles devem levar acento.

Piauí, teiú

Não se acentuam os hiatos –oo e –ee das palavras paroxítonas:

creem, voo, leem, perdoo

f) Acento diferencial

O acento diferencial foi excluído da maioria das palavras após o acordo ortográfico de
2009. Ele se mantém apenas nas quatro palavras a seguir:

PÔDE (verbo poder no tempo passado) / PODE (verbo poder no tempo presente)
PÔR (verbo) / POR (preposição)
VEM (verbo vir na 3ª pessoa do singular) / VÊM (verbo vir na 3ª pessoa do plural)
(verbos derivados seguem a mesma regra: advém – advêm; provém – provêm etc.)
TEM (verbo ter na 3ª pessoa do singular) / TÊM (verbo ter na 3ª pessoa do plural)
(verbos derivados seguem a mesma regra: mantém – mantêm, contém – contêm etc.)

HORA DE PRATICAR

1. A regra de acentuação aplicada à palavra “câncer” é a mesma que se verifica em:


a) refém
b) açúcar
c) âmbito
d) cândido

2. oração que conta com todas as palavras devidamente acentuadas de acordo com a norma-
padrão é:
a) Eles tem muitas ideias para oferecer aos franceses e ingleses.
b) Eles têm muitas ideias para oferecer aos franceses e ingleses.
c) Eles têm muitas idéias para oferecer aos franceses e ingleses.
d) Eles têm muitas idéias para oferecer aos francêses e inglêses.

GABARITO

Letra B

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47

Capítulo 9 – Pontuação

A pontuação reproduz a intencionalidade da fala; sem pontuação, um texto escrito pode


ser incompreensível para o leitor. Ela também marca diferentes tipos de frases (interrogativas,
exclamativas, afirmativas), organizando o texto e garantindo, dessa forma, sua coerência e
coesão. Por ter sido organizada de forma artificial, isto é, por ser uma convenção entre os
falantes, a pontuação apresenta regras específicas. É sobre essas regras que falaremos neste
capítulo.

1. Ponto final

É o sinal que indica maior pausa. Ele é usado:

a) para marcar o término de oração absoluta ou de período.

Ex.: Quero me esquecer do que aconteceu.


O senhor está errado. Não devia ter feito o que fez.

b) nas abreviaturas

Ex.: av. (avenida)


sr. (senhor)

2. Ponto e vírgula

O ponto e vírgula marca uma pausa maior que a vírgula, porém menor que a do ponto
final, sem, contudo, encerrar o período. Ele é usado:

a) para separar orações de um período extenso que já apresente vírgula em seu interior.

Ex.: Eu defendo o devedor principal; meu amigo, o fiador.

b) para separar vários incisos de um artigo de lei ou itens de uma lista.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:

I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

3. Dois pontos

Os dois pontos marcam uma sensível suspensão da melodia da frase. São usados:

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48

a) quando se quer dar início à fala ou citação de outrem.

Ex.: Segundo Rui Barbosa: “A Política afina o espírito”.

b) antes de uma enumeração

Ex.: “Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz.”
(Pe. Antônio Vieira)

c) quando se vai iniciar uma sequência que explica, identifica, discrimina ou desenvolve uma
ideia anterior

Ex.: Foram escritos três artigos: um sobre Direito Previdenciário e dois sobre Legislação
Trabalhista.

4. Travessão

O travessão pode ser usado:

a) para indicar a fala de personagens no discurso direto

Ex.: – Como se
chama?
– Helena.

b) evidenciar palavra, expressão ou frase bem como separar orações intercaladas, fazendo as
vezes de vírgula ou parênteses.

Ex.: “Os Estados Unidos e a China – os maiores poluidores do planeta – não são signatários
dos principais tratados de preservação ambiental.”

5. Reticências

As reticências marcam uma interrupção da sequência lógica do enunciado, com a


consequente suspensão da melodia da frase. São usadas:

a) para indicar dúvida, hesitação

Ex.: Escute-a ...


Deixe-a falar...

b) supressão de trechos de texto com fonte. Nesse caso, as reticências devem vir entre
parênteses.

Ex.: “(...) e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe
pelo corpo, tomou o peito aprumado, (...)”

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6. Aspas

As aspas são usadas para:

a) indicar uma citação

Ex.: “Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na
lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo.”

b) destacar palavras e expressões que não pertençam à língua culta (gírias, estrangeirismos,
neologismos etc.).

Ex.: O advogado ficou “grilado” com o depoimento da testemunha.

7. Parênteses

Os parênteses são usados para:

a) isolar explicações, indicações ou comentários acessórios.

Ex.: Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem mais de
200 milhões de habitantes.

b) encerrar o nome do autor e as informações referentes à fonte no caso de citações e


referências bibliográficas.

Ex.: “Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho,
mas a mulher já se trancara lá dentro.”
(Fernando Sabino, O homem nu.)

8. Vírgula

A vírgula marca uma pausa de curta duração. Ela não deve ser usada para separar
ideias ou palavras que estão interligadas sintática e semanticamente numa sequência lógica,
sem interrupções.

Ex.: Não quero que você continue alheio ao que se passa a sua volta.
Percebemos que as pessoas são encantadoras quando acreditamos nelas.

A vírgula é usada:

a) para separar ou intercalar o vocativo e o aposto.

Ex.: Pietra, você acompanhou o seu irmão?


Duarte Nogueira, Líder do PSDB na Câmara Federal, usou um assessor parlamentar
como motorista de seus filhos em Ribeirão Preto (SP).

b) separar um adjunto adverbial (antecipado ou intercalado).

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Ex.: Em nosso país, as normas costumeiras figuram como fonte supletiva da lei.

Obs.: Se o adjunto adverbial for um simples advérbio, a vírgula é facultativa. Ela só obrigatória
quando o adjunto adverbial é longo (apresenta três ou mais palavras).

Ex.: O estudo sempre traz bons resultados.

c) isolar algumas conjunções intercaladas

Ex.: Era domingo; não havia nada, pois, que pudéssemos fazer.
Um dia, porém, voltarei a minha terra.

d) antes do e quando os sujeitos das orações que compõem o período forem diferentes.

Ex.: Os tenistas brasileiros vencem algumas partidas de tênis, e o Brasil tenta recuperar
prestígio na copa Davis.

e) antes do e quando este for uma conjunção adversativa.

Ex.: Lutou, lutou, e nada conseguiu.

f) em caso de elipse de um verbo por estar subentendido na frase.

Ex.: Os políticos frequentam o Congresso Nacional, e os pesquisadores, os centros de


pesquisa.

g) para separar elementos que apresentam a mesma função sintática.

Ex.: Eliana não entregou as certidões, o CPF, o RG e o formulário.

h) para separar orações coordenadas assindéticas.

Ex.: O juiz ouviu as testemunhas, analisou os argumentos da defesa, ponderou sobre as


provas apresentadas e decidiu condenar o acusado.

i) para separar orações coordenadas sindéticas adversativas, alternativas e conclusivas.

Ex.: Márcia correu muito, porém não chegou a tempo.


Ora ria dos problemas, ora chorava.
Decepcionou os amigos, portanto sabe que não receberá mais
ajuda.

j) separar orações adverbiais explicativas.

Ex.: Temos certeza de que ventou muito, porque as árvores estão


quebradas.

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k) separar orações adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas).

Ex.: Apesar de ter chegado a tempo, não conseguiu assistir ao jogo.


Ao regressar a casa, não encontrei ninguém.

l) para isolar expressões explicativas, corretivas ou continuativas (isto é, ou seja, ou melhor, a


saber, aliás, é claro, por exemplo, digo, além disso etc.

Ex.: Trabalharemos em prol dos oprimidos. Isso, é claro, se nos permitirem reformular
todos os conceitos de opressão.

m) isolar um complemento pleonástico antecipado ao verbo.

Ex.: Os casos mais importantes, já os apresentei.

n) isolar nomes próprios de lugar seguidos de data.

Ex.: Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2023.

HORA DE PRATICAR

1. Em “O Brasil vem se esgarçando há muito tempo, vem quebrando um casulo” (9º parágrafo),
as vírgulas servem para indicar:
a) a separação de orações coordenadas
b) a existência de uma oração adjetiva restritiva
c) um vocativo, ou seja, um chamamento ou interpelação
d) um aposto, ou seja, uma expressão explicativa não oracional

2. “Não se depreenda desta observação desnecessária, ao menos por enquanto, a minha


ingenuidade: sei bem que nenhum livro jamais poderá contemplar ser humano nenhum, jamais
constituirá em papel e tinta sua existência feita de sangue e de carne”. Do ponto de vista da
argumentação, a expressão introduzida pelos dois-pontos estabelece com o trecho anterior
uma relação de:
a) generalização
b) comparação
c) explicação
d) concessão

GABARITO

1. Letra A
2. Letra C

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52

Capítulo 10 – Análise de relações de intertextualidade


e interdiscursividade

O estudo da intertextualidade e da interdiscursividade é de grande relevância para a


interpretação de textos. A intertextualidade diz respeito à relação entre textos. A
interdiscursividade, por sua vez, é a relação entre os discursos. Neste capítulo estudaremos
esses assuntos, identificando os tipos de intertextualidade (paródia, paráfrase, epígrafe,
citação, alusão / referência, hipertexto e pastiche) e discorrendo brevemente sobre cada um
deles.

Intertextualidade

A intertextualidade refere-se à presença textual de elementos semânticos e/ou formais que


remetem a outros textos produzidos anteriormente. Ela pode se manifestar de modo explícito,
permitindo que o leitor identifique a presença de outros textos, ou de modo implícito, sendo
identificada somente por quem já conhece a referência.
Por meio dessa relação entre diferentes textos, a intertextualidade permite uma ampliação do
sentido, na medida em que cria novas possibilidades e desloca sentidos. Desse modo, ela pode ser
utilizada para melhorar uma explicação, apresentar uma crítica, propor uma nova perspectiva,
produzir humor etc. Observe o seguinte trecho da letra da música Flor da idade, de Chico
Buarque, composta em 1973:

Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora
que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha

Agora leia o trecho do poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-


1987), do livro Alguma poesia, publicado em 1930:

João amava Tereza que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém
[...]

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É fácil perceber a relação entre os dois textos. Com efeito, o poema de Drummond
exerce clara influência sobre a letra da música. identifica-se essa influência por meio de
elementos linguísticos, tais como a semelhança da estrutura sintática.
Dito de outra forma, a intertextualidade ocorre quando, na produção de um texto, o autor
coloca, na estrutura de sua produção, referências implícitas ou explícitas à outra obra.

Intertextualidade implícita:

Não é facilmente identificada, pois está oculta e sua relação com o texto original é
indireta. Assim não é fácil encontrar os elementos do texto original;
Para ser percebida, é preciso interpretar a obra, analisá-la, fazer deduções a seu
respeito e conhecer a sua história e contexto em que foi criada;
É necessário ter conhecimento prévio e muita atenção.

Intertextualidade explícita:

É facilmente identificada, tendo em vista que está diretamente ligada ao texto original,
cujos elementos referenciados são prontamente notados;
Não demanda muita atenção nem esforço para ser identificada;
Não é preciso ter um vasto conhecimento prévio para ser percebida.

Vale notar que essas referências podem ser representadas de diferentes formas. Elas
podem ser: escritas, visuais ou auditivas.

Tipos de intertextualidade:

a) Paródia

Trata-se de um recurso usado principalmente por humoristas com o intuito de


ressignificar uma obra consagrada (literária, teatral, musical etc.) sob um viés cômico, crítico,
irônico ou satírico. Segue um exemplo:

Observe que as novas imagens da Mona Lisa possibilitam ao público interpretações


diferentes.

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b) Paráfrase

Trata-se da reelaboração de um texto, mantendo suas ideias originais, mas alterando


sua estrutura física. Compare os textos a seguir:

Texto original Texto parafraseado

“Minha terra tem palmeiras “Meus olhos brasileiros se fecham saudosos


Onde canta o sabiá, Minha boca procura a Canção do Exílio
As aves que aqui gorjeiam Como era mesmo a Canção do Exílio?
Não gorjeiam como lá.” Eu tão esquecido de minha terra...
(Gonçalves Dias, Canção do Exílio)
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá.”
(Carlos Drummond de Andrade, Europa, França e
Bahia)

Como se pode perceber, as referências feitas por Carlos Drummond de Andrade ao


texto original são percebidas facilmente. Todavia, o texto original não é deturpado, pervertido,
mas sim há a reprodução das suas ideias originais, com a alteração de algumas palavras.

c) Epígrafe

A epígrafe é um recurso muito usado em textos científicos e obras literárias. Ela ocorre
quando um autor escolhe um trecho de alguma obra para introduzir a sua própria obra. O
trecho escolhido deve dialogar diretamente com o conteúdo que será abordado na nova obra.
Ela é normalmente usada como introdução a capítulos de livros, monografias,
dissertações de mestrado, teses de doutorado e afins.
Como a epígrafe é um trecho cuja autoria pertence a outro artista, mantém-se a
estrutura e as ideias conforme o original. A título de exemplo, um autor, que estivesse
escrevendo sobre linguagem jurídica, poderia usar a seguinte epígrafe para introduzir seu
trabalho:

“A nossa linguagem pode ser vista como uma cidade antiga: um labirinto de
travessas e largos, casas antigas e modernas com reconstruções de
diversas épocas; tudo isso rodeado de uma multiplicidade de novos bairros
periféricos com ruas regulares e casas todas uniformizadas.”
(Ludwig Wittgenstein)

Essa epígrafe seria usada com o objetivo resumir o sentido da obra ou situar sua
motivação.

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d) Citação

Trata-se da transcrição fiel de frases ou trechos, elaborados por outros autores, para
reforçar ou ratificar uma ideia presente em outro texto. As citações podem ser diretas ou
indiretas.
A citação direta deve ser escrita entre aspas ou em itálico, exatamente como estiver no
texto original (mesmo que contenha algum erro gramatical), e mencionar as referências (seu
autor, de que obra a citação foi retirada e o ano em que foi publicada, entre outras
informações), a fim de evitar a cópia parcial ou integral das ideias ou conceitos de determinado
autor e usá-las como se fossem próprias, ou seja, o plágio.
Já a citação indireta, consiste na reescrita de um trecho de determinado texto,
mantendo o seu sentido original. Assim como acontece nas citações diretas, as referências da
citação indireta também devem ser apresentadas no trabalho. A diferença é que o último nome
do autor do texto deve ser citado. O ano de publicação da obra e o número da página são
opcionais e raramente usados. Além disso, as aspas ou o recuo também não são usados.

e) Alusão

Esse recurso é também denominado referência. Ele consiste na menção explícita ou


implícita a um texto original. A alusão apresenta a combinação de ideias ou sua comparação,
remetendo a certos fatos e possibilitando novas relações entre eles.

Ex. 1: Aquela camisa foi um presente de grego.

Ex. 2: Meu notebook foi invadido por um Cavalo de Troia.

Perceba que as duas expressões são comumente usadas em nosso cotidiano. Elas nada
mais são do que uma alusão ao Cavalo de Tróia, uma grande estrutura de madeira, em formato
de cavalo, que foi enviada aos troianos durante a Guerra de Tróia.

f) Hipertexto

Essa ferramenta possibilita a inserção de um texto dentro de outro. O hipertexto origina


uma rede de informações não lineares e interativas.
Um exemplo muito comum de hipertextualidade são os links inseridos nos textos on-
line. Esses links viabilizam o acesso a novas produções textuais e informações,
proporcionando um tipo de leitura diferenciado.
Ademais, o hipertexto pode ser representado também por anotações em margens e
rodapés de livros, que proporcionam ao leitor o acesso a novas informações ao longo da leitura
da obra.

g) Pastiche

O pastiche é um recurso muito usado em diversas formas de expressão artística,


incluindo literatura, música, artes visuais, cinema e TV. Como a paródia, trata-se de
uma imitação explícita do estilo ou gênero de um autor, diferenciando-se desta por não possuir
tom crítico ou irônico. O pastiche possibilita a origem de novos textos com base em fragmentos
de muitos outros.
Analise os seguintes textos:

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“Pois é. Tenho dito. Tudo aleivosia “Compadre Quemnheném é que sabia,


que abunda nesses cercados. sabença geral e nunca conferida, por
Maisquenada. Foi assim mesmo, eu quem? Desculpe o arroto, mas tou de
juro, Cumpadre Quemnheném não arofagia, que o doutor não cuidou no
me deixa mentir e mesmo que devido. Mágua Loura era a virge mais
deixasse, eu mentia. Lorotas! pulcra das Gerais. Como a Santa Mãe
Porralouca no juízo dos povos além de Deus, Senhora dos Rosários, rogai
das Gerais! Menina Mágua Loura
por nós.”
deu? Não deu.”
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo,
(Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas) 11/09/1998)

Como se pode notar, o pastiche usa a imagem ou o estilo distinto de outro autor / outra
obra de arte, enquanto ainda infunde o próprio estilo do artista.

Interdiscursividade

A interdiscursividade é a reprodução do discurso ideológico de um texto em outro. Ela


pressupõe semelhança de ideias, pois, caso contrário, haveria embate ou divergências
discursivas. Diferentemente do que ocorre com a intertextualidade, a interdiscursividade não é
necessariamente intencional. Ela pode ocorrer meramente por conta do compartilhamento,
entre autores diferentes, de uma determinada visão de mundo disseminada na sociedade.
Como exemplo, podem ser citados os filmes A menina que roubava livros (Roman
Polanski, 2002) e O pianista (Marcos Zusak, 2007). Analisando o conteúdo desses filmes,
percebe-se a interdiscursividade entre eles, tendo que vista que ambos tratam do nazismo, dos
horrores da Segunda Guerra Mundial, da desvalorização do ser humano e da arte como fuga de
um mundo real e trágico, ou seja, há entre eles o compartilhamento de um conjunto ordenado
de valores, crenças, impressões, sentimentos e concepções a respeito de determinada época
ou do mundo de então.

HORA DE PRATICAR

O texto I apresenta uma pergunta: “Qual é, pois, nesta Babel, a língua de Macau?”. O termo
Babel indica uma relação direta com um episódio narrado na tradição bíblica, associado a uma
confusão entre línguas. Esse tipo de relação entre diferentes textos denomina-se:
a) discursividade
b) intertextualidade
c) transversalidade
d) argumentatividade

GABARITO

1. Letra A

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57

Capítulo 11 – Classes de palavras

As palavras da língua portuguesa podem ser agrupadas em dez classes gramaticais,


também conhecidas como classes de palavras. O critério para essa classificação é a função e
a forma de uma palavra. Algumas palavras sofrem flexão ou variação em sua forma e, por essa
razão, são denominadas variáveis. Por outro lado, há aquelas que não apresentam essa
particularidade, motivo pelo qual são denominadas invariáveis. Veja o esquema a seguir:

CLASSES DE PALAVRAS

artigo advérbio
substantivo preposição
palavras variáveis adjetivo palavras invariáveis conjunção
numeral
pronome interjeição
verbo

Como este é um assunto muito relevante para que você consiga resolver uma série de
questões, nesta seção vamos falar detalhadamente sobre cada uma dessas classes.

1. Artigo

São palavras que sempre antecedem substantivos para determiná-los ou indeterminá-


los e, ao mesmo tempo, indicar seu gênero e número. Os artigos são classificados em:

 definidos (o, a, os, as) – indicam seres determinados, individualizados.

Ex.: O professor saiu sério da aula.

 indefinidos (um, uma, uns, umas) – indicam seres de maneira vaga, generalizada

Ex.: Um erro não justifica o outro.

1.1 Emprego do artigo definido

a) O artigo definido, no singular, pode indicar toda uma espécie.

Ex.: O homem precisa evoluir.

b) Diante de nomes próprios personativos, o uso do artigo é facultativo. Todavia, são


determinados por artigo quando estiverem no plural.

Ex.: Joana vem aqui todos os dias.


A Joana vem aqui todos os dias.

c) Alguns nomes próprios indicativos de lugar admitem o artigo, outros não.

Ex.: O Rio de Janeiro continua lindo.


Paris tem seus encantos.

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d) Após o pronome indefinido todo (a), usa-se o artigo para transmitir a ideia de totalidade. Sem
o artigo, o pronome dá a ideia de “qualquer”.

Ex.: Toda a turma compareceu ao evento. (a turma em sua totalidade)


Toda turma tem seus problemas. (qualquer turma)

e) Antes de pronomes possessivos, o emprego do artigo é facultativo.

Ex.: Vou vestir a minha blusa azul.


Vou vestir minha blusa azul.

f) Usa-se o artigo para substantivar outras classes gramaticais.

Ex.: O infeliz só falou besteira.


O não você já tem.

1.2 Emprego do artigo indefinido

a) O artigo indefinido pode ser usado para dar força expressiva a um substantivo.

Ex.: Aquele goleiro engoliu um frango de dar dó.

b) O artigo indefinido pode dar a ideia de aproximação numérica.

Ex.: Simone deve ter uns 18 anos.

2. Substantivo

É o nome com que se designa os seres em geral e que pode flexionar-se em gênero
(masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo). Eles se
classificam em:

simples possuem apenas um radical sofá, livro


compostos possuem mais de um radical girassol, rodapé
comuns denomina qualquer ser de uma espécie sem especificá-lo cachorro, cidade
próprios especifica o ser que nomeia Luís, Roma
primitivos não provêm de outra palavra pedra, fruta
derivados provêm de uma palavra primitiva pedreira, fruteira
concretos referem-se a um ser real ou imaginário água, fada
abstratos referem-se a uma ação, qualidade ou estado beleza, beijo
coletivos indicam pluralidade de seres da mesma espécie cardume, matilha

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2.1 Gênero

No que diz respeito ao gênero, os substantivos podem ser classificados em biformes ou


uniformes.
São chamados de substantivos biformes, aqueles que apresentam duas formas
diferentes, uma para o gênero masculino e outra para o gênero feminino:

o diretor - a diretora;
o homem - a mulher;
o freguês - a freguesa;
o mestre - a mestra;
o ator - a atriz.

Por sua vez, os substantivos uniformes apresentam uma subclassificação. Eles podem
ser comuns de dois gêneros, sobrecomuns e epicenos.
Os substantivos comuns de dois gêneros apresentam uma só forma para o gênero
masculino e o gênero feminino:

o gerente - a gerente;
o colega - a colega;
o doente - a doente;
o artista - a artista;
o turista - a turista.

Os substantivos sobrecomuns também apresentam apenas um gênero para o masculino


e o feminino. Todavia, eles se referem somente a pessoas:

a pessoa;
o indivíduo;
a vítima;
o ser;
a criança;

Por outro lado, os substantivos epicenos também apresentam um só gênero para o


masculino e o feminino. Contudo eles se referem somente a animais:

a barata;
a jiboia;
o pinguim;
a onça;
o boto;

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Obs.: Há substantivos que apresentam um significado no gênero masculino e outro significado


totalmente diferente no gênero feminino. Esses substantivos recebem a denominação de
heterossêmicos.

o cabeça (o líder) a cabeça (parte do corpo humano)


o caixa ( funcionário) a caixa (objeto)
o capital (dinheiro) a capital (cidade)
o grama (unidade de massa) a grama (relva)
o moral (ânimo) a moral (código de ética)

2.2 Número

Acrescentar -s à palavra no singular é a principal regra de formação do plural:

Ex.: bolo – três bolos;


uma caneca – várias canecas.

Existem, contudo, outras regras para a formação do plural de substantivos com


terminações diferentes. Veja o quadro a seguir:

Terminação no Terminação no Exemplos


singular plural
-r -res colher - colheres

-s -ses mês - meses

-z -zes rapaz – rapazes

-ão -ãos / -ões - mão - mãos


ães balão – balões
pão – pães

-m -ns nuvem - nuvens

Os plurais -ÕES, -ÃOS E -ÃES

A maioria das palavras terminadas em -ão forma plural em -ões.

visão – visões
coração – corações
eleição – eleições
porão – porões
limão – limões
estação – estações

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O acréscimo apenas do “s”, resultando na terminação -ãos, ocorre em todas as


paroxítonas (quando a sílaba tônica, mais forte, da palavra é a penúltima), em algumas oxítonas
(quando a sílaba tônica é a última) e em algumas monossílabas.

órfão – órfãos
bênção – bênçãos
irmão – irmãos
mão – mãos
grão – grãos

Poucas palavras mudam sua terminação, no plural, para -ães. Nesse caso, não há uma
regra específica, mas é possível listar alguns exemplos.

alemão – alemães
cão – cães
capitão – capitães
catalão – catalães
charlatão – charlatães
escrivão – escrivães
guardião – guardiães

Terminação no Terminação no plural Exemplos


singular
-n -ns / -nes hífen – hifens /
hífenes
-al -ais casal – casais

-el -eis pastel - pastéis

-ol -ois anzol - anzóis

-il -is / - eis fuzil - fuzis


míssil - mísseis

Formação do plural dos substantivos compostos

Conforme dito anteriormente, são chamados de substantivos compostos os substantivos


formados por dois ou mais radicais. Na formação do plural dos substantivos compostos, podem
ocorrer os seguintes casos:

• a flexão dos dois elementos que formam a palavra;


• apenas a flexão do primeiro elemento que forma a palavra;
• apenas a flexão do segundo elemento que forma a palavra;
• a não flexão dos elementos, que se mantêm invariáveis.

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Flexão apenas do primeiro elemento

a) nos substantivos compostos formados por substantivo + substantivo em que o segundo


termo limita o sentido do primeiro termo:

decreto-lei - decretos-lei; Obs.: Nestes substantivos também é possível


público-alvo - públicos-alvo; a flexão dos dois elementos: decretos-leis,
elemento-chave - elementos-chave. cidades-satélites, públicos-alvos, elementos-
chaves.

b) nos substantivos compostos preposicionados:

cana-de-açúcar - canas-de-açúcar;
pôr do sol - pores do sol;
fim de semana - fins de semana;
pé de moleque - pés de moleque.

Flexão apenas do segundo elemento

a) nos substantivos compostos formados por tema verbal ou palavra invariável + substantivo:

bate-papo - bate-papos;
quebra-cabeça - quebra-cabeças;
arranha-céu - arranha-céus;
ex-namorado - ex-namorados;
vice-presidente - vice-presidentes.

b) nos substantivos compostos em que há repetição do primeiro elemento:

zum-zum - zum-zuns;
tico-tico - tico-ticos; Obs.: Nestes substantivos também é possível
lufa-lufa - lufa-lufas; a flexão dos dois elementos: zuns-zuns, ticos-
reco-reco - reco-recos. ticos, lufas-lufas, recos-recos.

c) nos substantivos compostos formados com grão, grã e bel:

grão-duque - grão-duques;
grã-fino - grã-finos;
bel-prazer - bel-prazeres.

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Não flexão dos elementos

Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos formadores, ou seja, eles se
mantêm invariáveis. Isso ocorre em orações substantivas e em substantivos compostos por
um tema verbal e uma palavra invariável ou outro tema verbal oposto:

o disse me disse - os disse me disse;


o cola-tudo - os cola-tudo;
o leva e traz - os leva e traz.

2.3 Grau

São dois os graus do substantivo, a saber: aumentativo e diminutivo. Há também duas


formas de indicar os graus do substantivo: a forma analítica e a sintética.

Forma analítica O substantivo é acompanhado de um adjetivo que indica caixa grande


caixa pequena
proporção maior ou menor em relação à sua forma normal.
Forma sintética É acrescido ao substantivo um sufixo que indique aumento casarão
casebre
ou diminuição.

3. Adjetivo

É a palavra que caracteriza um substantivo, atribuindo-lhe qualidade, condição ou


estado. Assim como acontece com o substantivo, o adjetivo também apresenta flexão em
gênero, número e grau.

3.1 Classificação do adjetivo

Assim como ocorre com o substantivo, o adjetivo também pode ser classificado como
simples, composto, primitivo, derivado e pátrio.

Adjetivo apresenta apenas um radical pequeno, belo, alto


simples
Adjetivo apresenta dois ou mais radicais azul-marinho, norte-americano,
composto político-social
Adjetivo não deriva de outra palavra difícil, bom, agradável
primitivo
Adjetivo deriva de outra palavra visível, infeliz, desonesto
derivado
Adjetivo pátrio indica o local de origem ou nacionalidade brasileiro, paulista, europeu
de uma pessoa.

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3.2 Flexão do adjetivo

a) Gênero

No que diz respeito ao gênero, os adjetivos devem concordar com os substantivos que
qualificam. Eles podem ser classificados em biformes ou uniformes. São chamados de
adjetivos biformes, aqueles que apresentam duas formas diferentes, uma para o gênero
masculino e outra para o gênero feminino:

bonito - bonita;
puro - pura;
corajoso - corajosa;
confuso - confusa;
cheio - cheia.

Por sua vez, os adjetivos uniformes são aqueles que apresentam uma única forma tanto
para qualificar substantivos masculinos como para os femininos.

menino alegre - menina alegre;


homem inteligente - mulher inteligente;
marido fiel - esposa fiel;
trabalhador pobre - trabalhadora pobre;

Formação do feminino dos adjetivos simples

Como regra geral, para formar uma palavra feminina, basta trocar a terminação “o” da
palavra masculina pela terminação “a”. Contudo, há outras regras de formação do feminino.

Terminação Terminação do Exemplos


do substantivo substantivo
masculino feminino
-o -a belo – bela

* -a freguês – freguesa
-ês senhor – senhora
-or cru – crua
-u
-ão -ã cristão – cristã
-ona brincalhão - brincalhona
-eu -eia ateu – ateia
(Exceção: judeu – judia)

*Exceções: superior, melhor, incolor, anterior, inferior, interior, pior, multicor, hindu, pedrês,
cortês, descortês (são todas invariáveis)

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Formação do feminino dos adjetivos compostos

Como regra geral, somente o último elemento do adjetivo composto recebe a terminação
feminina.

verde-claro / verde-clara
socioeconômico – socioeconômica

Exceção: surdo-mudo / surda-muda

b) Número

Quanto ao número, os adjetivos podem estar no singular ou no plural, devendo


concordar com o substantivo a que se referem. Assim, a sua formação se assemelha à
dos substantivos.

ciumento – ciumentos
gentil – gentis
audaz – audazes
cortês – corteses
louvável - louváveis

Observação: Se o nome relativo à cor for um substantivo adjetivado, ele deverá permanecer
invariável.
Ex.: camisas cinza
gravatas laranja
blusas rosa
camisetas creme

No que diz respeito ao plural dos adjetivos compostos, os seguintes procedimentos


devem ser observados:

i) Flexão do último elemento

olhos castanho-claros
toalhas amarelo-escuras
mesas médico-cirúrgicas
crises político-econômicas

Exceções: surdos-mudos (os dois elementos variam), azul-marinho, azul-celeste e verde-gaio


(invariáveis)

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ii) Invariáveis quando o último elemento é substantivo

capas verde-mar
mochilas amarelo-ouro
vestidos azul-pavão

c) Grau

A fim de expressar variações de intensidade, o adjetivo pode se apresentar em dois


graus, quais sejam: comparativo e superlativo.

i) Grau comparativo

O grau comparativo se subdivide em:

comparativo de igualdade: Esta escola é tão boa quanto aquela.


comparativo de inferioridade A minha rua é menos movimentada que a sua.
comparativo de superioridade O cabelo de Soraia é mais longo que o de Giovana.

ii) Grau superlativo

Por sua vez, o grau superlativo pode ser:


relativo

 de inferioridade Ele é o menos inteligente do grupo.


 de superioridade Ela é a mais competente do time.
absoluto

 forma analítica Este café está muito fraco.


 forma sintética Este café está fraquíssimo.

Os prefixos super- e ultra- também podem ser usados.

O artigo é superinteressante.
Sua ideia é ultramoderna.

É importante ressaltar que alguns comparativos e superlativos apresentam formas


especiais. Veja a tabela a seguir:

Adjetivo Grau comparativo Grau superlativo


bom melhor ótimo
mau pior péssimo
alto superior supremo
baixo inferior ínfimo
grande maior máximo
pequeno menor mínimo

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Observações importantes:

- Caso sejam comparadas as características de um mesmo ser, pode-se usar as formas mais
bom, mais mau e mais grande.

Ex.: Jonas é mais bom do que inteligente.


Cléber é mais grande do que gordo.
(Note que não há uma comparação entre dois ou mais seres. As duas características são da
mesma pessoa.)

3.3 Locução adjetiva

Locução adjetiva é uma expressão empregada com valor de adjetivo, representada por
mais de uma palavra. Na maioria dos casos, a locução é formada por uma preposição e um
substantivo.

doença do coração / doença cardíaca


perímetro da cidade / perímetro urbano
colega de turma (não há adjetivo equivalente)
cabelo de milho (não há adjetivo equivalente)

Algumas locuções adjetivas são formadas por uma preposição e um advérbio.

andar de baixo
jornal de ontem
música de sempre

4. Numeral

Numeral é a classe de palavras que indica quantidade, ordem, fração ou multiplicação


dos seres. Os numerais podem ser classificados em: cardinais, ordinais, fracionários ou
multiplicativos.

cardinais expressam uma quantidade exata um, dois, três etc.


ordinais expressam a ordem em que algo ou alguém se localiza primeiro, segundo,
numa série terceiro etc.
fracionários expressam o número de vezes em que os seres são meio/metade, um
divididos terço, um quarto
etc.
multiplicativos expressam o número de vezes em que os seres são duplo/dobro,
multiplicados triplo, quádruplo
etc.

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4.1 Numerais substantivos e numerais adjetivos

Numerais substantivos - não acompanham um substantivo, ou seja, aparecem isolados,


desempenhando função sintática própria do substantivo.

Ex.: Foram contratados quatro para aquele departamento.

Numerais adjetivos – acompanham um substantivo, exercendo a função própria de adjetivo.

Ex.: Era o terceiro livro que comprava naquele mês.

4.2 Flexão dos numerais

cardinais Em regra, não são flexionados. Todavia, Comprei seis canetas.


os números um, dois e as centenas a Há duzentas pessoas no auditório.
partir de duzentos recebem flexão de
gênero.

As palavras milhão, bilhão, trilhão etc. Suzana ganhou dois milhões de


recebem apenas flexão de número. reais na loteria.
ordinais Recebem flexão de gênero e número. Os primeiros que chegarem devem
se sentar nas primeiras filas.
fracionários Recebem flexão de gênero e número Ele tomou duas doses duplas de
quando tem valor de adjetivo. uísque.

Não são flexionados quando têm valor Dez é o dobro de cinco.


de substantivo
multiplicativos Recebem flexão de gênero e número. Recebeu dois terços do salário.
Duas terças partes é muito.

5. Pronome

Pronome é a classe de palavras que acompanha (pronomes adjetivos) ou substitui /


representa o substantivo (pronomes substantivos). Observe os exemplos:

Enquanto eu lavo a louça, você varre a casa.

Pronomes substantivos

O seu ganho é menor que as suas despesas.

Pronomes adjetivos

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De acordo com a função que exercem, eles podem ser classificados em seis tipos:

pessoais
possessivos
demonstrativos
indefinidos
interrogativos
relativos

5.1 Pronomes pessoais

Os pronomes pessoais são aqueles que denotam a pessoa do discurso. Eles sempre
figuram no lugar de um substantivo e, por essa razão, são pronomes substantivos.
Ademais, eles são classificados em pronomes pessoais retos e pronomes pessoais
oblíquos. Os pronomes oblíquos, por sua vez, são subclassificados em oblíquos átonos e
oblíquos tônicos. Veja a tabela:

Pessoas do Retos Oblíquos átonos Oblíquos tônicos


discurso
1ª do singular eu me mim, comigo
2ª do singular tu te ti, contigo
3ª do singular ele / ela se, o, a, lhe si, consigo, ele, ela
1ª do plural nós nos nós, conosco
2ª do plural vós vos vós, convosco
3ª do plural eles /elas se, os, as, lhes si, consigo, eles, elas

Pronomes pessoais retos

São pronomes que normalmente exercem a função de sujeito, mas podem vir a exercer a
função de predicativo do sujeito em alguns casos.

Ex.: Eu e ele somos apenas bons amigos. (sujeito)

A responsável pelo incidente é ela. (predicativo)

a) Não se deve esquecer de que os pronomes eu e tu não podem ser regidos por preposição.
Assim, eles devem ser substituídos por mim e ti, respectivamente.

Essa conversa é entre eu e você. (incorreto)


Essa conversa é entre mim e você. (correto)

Confio em tu. (incorreto)


Confio em ti. (correto)

Obs.: Em frases do tipo: A professora pediu para eu chegar mais cedo, saiba que a preposição
para não rege o pronome eu, mas sim o verbo chegar (pediu para chegar). Assim, caso haja
verbo após o pronome, não se deve usar o pronome oblíquo.

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b) Os pronomes tu e vós podem figurar como vocativos

Ó tu, onde estás que não me respondes?

Pronomes pessoais de tratamento

Os pronomes pessoais de tratamento apresentam uma peculiaridade: embora refiram-se


à 2ª pessoa do discurso, sua concordância deve ser feita com a 3ª pessoa.

Ex.: Vossa Senhoria já entregou todos os documentos?

Observe na tabela a seguir alguns desses pronomes.

Pronome Emprego
você tratamento íntimo, familiar
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques
Vossa Eminência cardeais
Vossa Excelência altas autoridades do governo e oficiais das forças armadas
Vossa Magnificência reitores de universidades
Vossa Majestade reis, imperadores
Vossa Meritíssima juízes de Direito
Vossa Senhoria altas autoridades
Vossa Santidade papa
Senhor, Senhora tratamento respeitoso em geral

Pronomes oblíquos

São pronomes que exercem a função de complemento (e não de sujeito) na oração.


Conforme mencionado anteriormente, eles se apresentam de duas formas:

a) átonos – não são precedidos de preposição

Ex.: Perguntaram-me sobre o imóvel.

b) tônicos – são precedidos de preposição

Ex.: Perguntei a ele sobre o imóvel.

Alguns pronomes exercem a função de objeto direto, outros, de objeto indireto, como se
pode observar a seguir.

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Objeto direto

Os pronomes o, a, os, as exercem a função de objeto direto:

Ex.: Comprei uma bolsa ontem. / Comprei-a ontem.

Esses pronomes assumem as formas lo, la, los, las após verbos terminados em r, s ou
z, e ainda, depois da partícula eis.

Ex.: Você deve comprar esta camisa. / Você deve comprá-la.


Eis o homem aqui. / Ei-lo aqui.

Ademais, eles assumem as formas no, na, nos, nas, se ocorrerem após verbos
terminados em som nasal.

Ex.: Eles dão comida aos necessitados. / Eles dão-na aos necessitados.

Objeto indireto

Os pronomes lhe, lhes sempre funcionam como objeto indireto.

Ex.: Pedi-lhes que trouxessem o material hoje.

Objeto direto ou objeto indireto

Os pronomes me, te, se, nos, vos podem funcionar tanto como objeto direto como objeto
indireto, a depender da regência verbal

Ex.: Meus filhos sempre me respeitaram.


OD VTD

Meus filhos sempre me obedeceram


OI VTI

Obs.:

i) caso o pronome oblíquo se refira à mesma pessoa do pronome reto, ele será denominado
reflexivo.

Ex.: Eu me feri com a tesoura. (= feri a mim mesmo)

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ii) se os pronomes nos, vos e se indicarem ação mútua, eles serão denominados recíprocos.

Ex.: Os jogadores se abraçaram ao final do jogo.

iii) os pronomes me, te, lhe, nos e vos podem apresentar valor possessivo.

Ex.: O chão quente queimou-me os pés. (= meus)

iv) os pronomes me, te, se, o, os, a, as, nos e vos podem exercer a função de sujeito de um
verbo no infinitivo. Isso ocorre com verbos do tipo deixar, mandar, fazer, perceber, sentir etc.
seguidos de um verbo no infinitivo:

Ex.: Deixem-no sair. (= Deixem que ele saia.)

5.2 Pronomes possessivos

Os pronomes possessivos normalmente acrescentam às pessoas do discurso a ideia de


posse. Eles concordam em pessoa com o possuidor e em número e gênero com o ser possuído.
Observe:

Tu deves convencer tuas irmãs a irem conosco, eu convencerei os meus irmãos.

Os pronomes possessivos são os seguintes:

1ª pessoa meu, minha, meus, minhas


singular 2ª pessoa teu, tua, teus, tuas

3ª pessoa seu, sua, seus, suas


1ª pessoa nosso, nossa, nossos, nossas
plural 2ª pessoa vosso, vossa, vossos, vossas
3ª pessoa seu, sua, seus, suas

Emprego dos pronomes possessivos

a) Primeiramente é muito importante entender que, apesar de serem denominados


possessivos, nem sempre esses pronomes vão indicar ideia de posse. Com efeito, em
determinados contextos, eles podem indicar respeito, afetividade, ação habitual, cálculo
aproximado, ofensa, predileção ou alteração do pronome de tratamento senhor.

Considere os exemplos no quadro a seguir.

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Sente-se aqui, meu senhor. (respeito)


Minha querida professora, nunca me esquecerei da senhora. (afetividade)
Suas orientações sempre me ajudaram. (ação habitual)
O menino devia ter seus doze anos. (cálculo aproximado)
Não repita isso, seu ignorante! (ofensa)
Português sempre foi minha matéria. (predileção)
Seu José chegará em breve. (alteração do pronome de tratamento senhor)

b) Em alguns casos, faz-se necessário o uso das formas dele, dela para evitar ambiguidade.

A diretora não permitiu que o funcionário usasse o seu telefone durante o expediente.
A diretora não permitiu que o funcionário usasse o telefone dele durante o expediente.

5.3 Pronomes demonstrativos

Os pronomes demonstrativos são usados para apontar a posição dos seres no tempo e no
espaço. Alguns são variáveis, ao passo que outros são invariáveis. Observe a tabela abaixo:

Variáveis
Masculino Feminino invariáveis
Pessoas Singular Plural Singular Plural
1ª este estes esta estas isto
2ª esse esses essa essas isso
3ª aquele aqueles aquela aquelas aquilo

Emprego dos pronomes demonstrativos

a) Posição dos seres no espaço

- Os pronomes este (s), esta (s) e isto são usados para indicar algo ou alguém que esteja perto
da primeira pessoa do discurso (aquele que fala).

Este caderno (que está comigo) foi encontrado no pátio da escola.


Esta blusa que estou usando é muito confortável.
Isto (aqui) é um belo trabalho.

- Os pronomes esse (s), essa (s) e isso são usados para indicar algo ou alguém que esteja perto
da segunda pessoa do discurso (aquele com quem se fala).

Esse caderno (que está contigo) pertence à Mariana.


Essa blusa que você está usando é muito bonita.
Isso (aí) é de ouro?

- Os pronomes aquele (s), aquela (s) e aquilo são usados para indicar algo ou alguém que esteja
distante tanto de quem fala quanto de quem escuta.

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Aquele caderno (ali) é bem antigo.


Aquela árvore (lá) foi plantada pelo meu pai.
Aquilo (ali) é o que estou pensando?

b) Posição dos seres no tempo

- Os pronomes este (s), esta (s) e isto indicam o tempo presente em relação a quem fala.

Este dia jamais será esquecido!

- Os pronomes esse (s), essa (s) e isso indicam o tempo passado ou futuro próximo ao momento
em que o emissor fala.

Ontem soube da minha aprovação. Jamais esquecerei esse momento.

- Os pronomes aquele (s), aquela (s) e aquilo indicam um tempo distante em relação ao
momento em que o emissor fala.

Há vinte anos soube da minha aprovação. Jamais esquecerei aquele momento.

c) Posição dos seres em relação à fala ou à escrita

- Os pronomes este (s), esta (s) e isto são usados para indicar o que ainda será falado ou
escrito.

Na reunião de ontem, chegou-se a esta conclusão: os índices de produtividade precisam


melhorar com urgência.

- Os pronomes esse (s), essa (s) e isso são usados para indicar o que já foi falado ou escrito.

Os índices de produtividade precisam melhorar com urgência: essa foi a conclusão a que
se chegou na reunião de ontem.

- Os pronomes este (s), esta (s), aquele (s) e aquela (s) são usados para indicar seres que já
foram mencionados na fala ou na escrita. Este e esta indicam o mais próximo. Aquele e aquela
indicam o mais distante.

Morangos e laranjas fazem bem à saúde. Estas são fontes de vitamina C; Aqueles, de
vitamina E.

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5.4 Pronomes indefinidos

Os pronomes indefinidos são aqueles que fazem referência, de forma vaga, à terceira
pessoa do discurso. Além disso, eles podem exprimir quantidade indeterminada. Veja o
exemplo a seguir:

Ex.: Alguém pode me dar uma carona?

Assim como os pronomes demonstrativos, eles podem ser variáveis ou invariáveis.


Seguem alguns exemplos:

Variáveis Invariáveis
algum, alguns, alguma, algumas
nenhum, nenhuns, nenhuma,
nenhumas
certo, certos, certa, certas alguém
muito, muitos, muita, muitas ninguém
outro, outra, outros, outras cada
pouco, pouca, poucos, poucas outrem
todo, toda, todos, todas tudo
vário, vária, vários, várias nada
tanto, tanta, tantos, tantas algo
quanto, quanta, quantos, quantas que
qualquer, quaisquer
diversos, diversas
um, uma, uns, umas
tamanho, tamanhos, tamanha,
tamanhas

Emprego dos pronomes indefinidos

a) Os pronomes algum, alguns, alguma, algumas, quando posicionados depois do substantivo,


apresentam sentido negativo. Caso estejam posicionados antes do substantivo, terão valor
positivo.

Eles não demonstraram interesse algum no imóvel.


Certamente alguma vantagem eles receberam.

b) O pronome certo só é indefinido se estiver posicionado antes do substantivo. Caso seja


posicionado depois, é um adjetivo.

Um certo rapaz esteve aqui a sua procura.


Encontrei a pessoa certa para o trabalho.

c) Se os pronomes todo e toda estiverem acompanhados de artigo, apresentam o sentido de


inteiro; desacompanhados de artigo equivalem a qualquer.

Toda a turma compareceu ao evento. (a turma inteira)


Toda turma tem seus problemas. (qualquer turma)

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5.5 Pronomes relativos

Os pronomes relativos têm a função de substituir um termo expresso na oração anterior,


evitando a repetição. Ademais, são conectivos e, portanto, estabelecem relação entre duas
orações. Considere o seguinte exemplo:

Nós conhecemos o professor. O professor ganhou o prêmio.

Nós conhecemos o professor que ganhou o prêmio.

Os pronomes relativos são os seguintes:

Variáveis Invariáveis
o qual, a qual, os quais, as quais que, quem
cujo, cuja, cujos, cujas onde, como
quanto, quantos, quantas quando
(Obs.: a forma quanta não é empregada como
pronome relativo.)

Emprego dos pronomes relativos

a) O pronome relativo que pode ser usado para substituir coisas ou pessoas.

Aqui estão as ferramentas que você me emprestou.


Esta é a funcionária que foi promovida.

b) O pronome relativo quem só pode ser usado para substituir pessoas. Ele aparece sempre
preposicionado.

A secretária com quem conversei resolveu o problema.


Esta é a funcionária de quem lhe falei.

c) O pronome relativo o qual (e suas flexões) deve ser usado para evitar ambiguidade.

Conheci o tio da minha amiga, o qual (ou a qual) sofreu um grave acidente.

d) O pronome relativo o qual (e suas flexões) deve ser usado após preposições e locuções
prepositivas.

Cobriu os olhos ao redor dos quais havia manchas roxas.

e) O pronome relativo cujo (e suas flexões) apresenta valor possessivo e posiciona-se antes de
um substantivo com o qual concorda.

A aluna com cuja mãe conversei retornou à escola hoje.

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Obs.: O pronome relativo cujo (e suas flexões) não admite a posposição de determinante, ou
seja, não existe cujo o nem cuja a.

f) O pronome relativo onde só tem como antecedente lugar. Ele equivale a: em que, no qual, na
qual.

A cidade onde nasci é linda!

5.6 Pronomes interrogativos

Os pronomes interrogativos são usados para formular uma pergunta, seja ela direta ou
indireta. Assim como os pronomes indefinidos, eles também se referem, de modo impreciso, à
3ª pessoa do discurso. São eles:

Variáveis Invariáveis
qual, quais que
quanto, quanta quem
quantos, quantas

Ex.: Quantas pessoas foram contratadas? (pergunta direta)


Ignora-se quantas pessoas foram contratadas. (pergunta indireta)

6. Verbo

Verbo é a classe de palavras que exprime ação, fenômeno natural, estado ou mudança
de estado, e que varia em relação ao tempo.

6.1 Flexões do verbo

Os verbos sofrem flexão de número, pessoa, modo e tempo. Analise o quadro a seguir:

Flexões Finalidades Exemplos


Número O verbo concorda com o sujeito a que se refere. O relógio bateu três horas.
Os relógios bateram três
horas.
Pessoa Aponta as três pessoas do circuito da comunicação: Estudo todos os dias. (eu)
emissor, receptor ou referente. Não chegues tarde. (tu)
Meu filho decidiu viajar.(ele)
Indicativo – expressa um fato certo, concreto Os artistas deram as mãos.
Modo Subjuntivo – expressa um fato hipotético Se eu for com você,...
Imperativo – expressa ordem, pedido Fique quieto!
Presente – expressa um fato que ocorre no momento A corrupção aumenta a
atual cada dia.

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Pretérito perfeito – expressa um fato totalmente Ele recebeu o prêmio de


concluído no passado melhor ator.
Pretérito imperfeito – expressa um fato interrompido Ela foi presa quando
Tempo ou continuado no passado tentava furtar a carne.
Pretérito mais-que-perfeito – expressa um fato O povo sabia quem
passado, concluído antes de outro também passado mandara aramar aquela
confusão.
Futuro do presente – expressa um fato vindouro Não se sabe quem ganhará
a competição.
Futuro do pretérito – expressa um fato posterior a Se tivéssemos chegado a
um acontecimento passado tempo, não teríamos
perdido o ônibus.

6.2 Classificação dos verbos

Os verbos podem ser classificados em regulares, irregulares, anômalos, defectivos,


abundantes, auxiliares e pronominais.

a) Verbos regulares

São verbos que, ao serem conjugados, não apresentam alteração em seu radical, e
mantêm a mesma desinência do verbo paradigma (verbos terminados em –AR, primeira
conjugação, -ER, segunda conjugação e –IR, terceira conjugação).

Ex.: cantar, vender, partir

b) Verbos irregulares

Ao contrário dos verbos regulares, os verbos irregulares, ao serem conjugados,


apresentam alteração em seu radical ou têm desinência diferente da apresentada pelo verbo
paradigma.
Observe os exemplos:

medir meço O radical –med altera-se para –meç.


fazer faço O radical –faz altera-se para –faç.

c) Verbos anômalos

São verbos que, ao serem conjugados, sofrem profundas alterações no radical.

ir vou, fui, ia, fora, irei, fosse etc.


ser sou, fui, era, fora, serei, fosse etc.

d) Verbos defectivos

São verbos que apresentam conjugação incompleta, ora devido à eufonia (bom som) ou
à homofonia (som igual) com outras formas verbais, ora à impessoalidade. Exemplo:

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Pessoas do Presente do indicativo


discurso falir adequar precaver-se
Eu - - -
Tu - - -
Ele / Ela - - -
Nós falimos adequamos nos precavemos
Vós falis adequais vós vos precaveis
Eles / Elas - - -

Exemplos de verbos defectivos: aturdir, brandir, carpir, colorir, delir, demolir, exaurir,
explodir, extorquir, aguerrir, combalir, empedernir, esbaforir, florir, entre outros.

Obs.: Pode-se suprir as deficiências de um verbo defectivo pelo uso de formas verbais ou de
perífrases sinônimas. Considerando-se o verbo falir, por exemplo, pode-se usar a expressão
abrir falência.

d) Verbos abundantes

São verbos que, em determinadas conjugações, apresentam mais de uma forma.

Exemplo:

ter / haver ser Exemplos:


matar tinha / havia matado foi morta O rapaz tinha / havia matado a barata.
A barata foi morta pelo rapaz.
pagar tinha / havia pagado foi pago (a) O rapaz tinha / havia pagado a conta.
A conta foi paga.
eleger tinha / havia elegido foi eleito (a) O povo tinha / havia elegido o homem errado.
O homem errado foi eleito.

e) Verbos auxiliares

Os verbos auxiliares são aqueles que se unem a um outro verbo, denominado principal,
que pode estar no infinitivo, particípio ou gerúndio. A essa combinação dá-se o nome de
locução verbal.

Ex.: Vou trabalhar (auxiliar ir + verbo principal no infinitivo)


Sou querido (auxiliar ser + verbo principal no particípio)
Estou estudando (auxiliar estar + verbo principal no gerúndio)

f) Verbos pronominais

Os verbos pronominais aparecem acompanhados de pronomes oblíquos da mesma


pessoa do sujeito, como por exemplo, zangar-se, arrepender-se, enganar-se, mudar-se,
pentear-se, queixar-se.

Ex.: Queixou-se de dor de dente o dia inteiro.


6.3 Vozes do verbo

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Vozes do verbo

As vozes do verbo indicam se o sujeito gramatical é agente ou paciente, ou seja, se


pratica ou se sofre a ação. Há quatro vozes verbais: ativa, passiva, reflexiva e reflexiva
recíproca. Apresentaremos as diferenças entre cada uma delas.

Voz ativa

Na voz ativa, o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo, ou seja, é agente.

Ex.: A multidão gritava enlouquecida.

sujeito
agente
Voz passiva

Na voz passiva, por outro lado, o sujeito sofre a ação expressa pelo verbo, isto é, ele é
paciente.

Ex.: Os artistas eram aplaudidos pelos fãs.

sujeito
paciente

A voz passiva pode ser analítica ou sintética.

Estrutura Exemplo
Voz passiva verbo auxiliar + verbo transitivo Essa questão foi anulada pela banca
analítica direto ou verbo transitivo direto e examinadora.
indireto no particípio
Voz passiva verbo transitivo direto ou transitivo Anulou-se esta questão.
sintética direto e indireto na 3ª pessoa do
singular ou do plural + pronome
apassivador se

Voz reflexiva

Na voz reflexiva, o sujeito pratica e, ao mesmo tempo, recebe a ação verbal. Uma das
características dessa voz é a presença obrigatória de um pronome oblíquo da mesma pessoa
do sujeito a que ele se refere.

Ex.: Ricardo cortou-se com a tesoura. (cortou a si próprio)

sujeito agente
e paciente

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Voz reflexiva recíproca

Na voz reflexiva recíproca, a ação é mútua entre os elementos do sujeito. O pronome


oblíquo, nesse caso, tem o sentido de um ao outro, uns aos outros.

Ex.: Os torcedores encaravam-se friamente. (encaravam um ao outro)

sujeito agente
e paciente

7. Advérbio

Advérbio é a palavra invariável que modifica o verbo, o adjetivo, outro advérbio e até
mesmo uma frase inteira. Considere os exemplos a seguir:

Não gostaria de participar da festa. (advérbio modificando verbo)

Ela estava bastante feliz naquela ocasião. (advérbio modificando adjetivo)

Depois que recebeu a notícia, ele ficou muito mal. (advérbio modificando outro advérbio)

Infelizmente, ainda existe a possibilidade de que ocorra o pior. (advérbio modificando a frase
inteira)

7.1 Classificação dos advérbios e das locuções adverbiais

Circunstâncias Advérbios e locuções adverbiais


afirmação sim, certamente, realmente, deveras, efetivamente, por certo, de fato, sem
dúvida etc.
dúvida acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez etc.
intensidade assaz, bastante, bem, demais, mais, menos, muito, pouco, tão, quase, quanto,
demais, meio, todo, apenas, demasiadamente, em excesso, em demasia, por
completo etc.
lugar abaixo, acima, adiante, aqui, ali, aquém, além, atrás, fora, dentro, acolá,
através, perto, longe, à direita, à esquerda, a (à) distância, de longe, de perto,
ao lado, por dentro, por fora, por aqui, por ali, para onde etc.
modo assim, bem, debalde, depressa, devagar, mal, bem, melhor, pior, alerta, à toa,
às claras, às ocultas, às pressas, ao léu, lado a lado, frente a frente etc. e
quase todos terminados pelo sufixo –mente (calmamente, alegremente etc.)
negação não, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma etc.
tempo agora, ainda, amanhã, anteontem, antes, breve, cedo, tarde, depois, hoje,
então, nunca, jamais, logo, sempre, outrora, já, raramente, à tarde, à noite, de
manhã, de repente, de súbito, em breve, de quando em quando etc.
(ALMEIDA, N.T. Gramática da Língua Portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares..., São Paulo:
Editora Saraiva, 2010)

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Há também os chamados advérbios interrogativos. Eles recebem essa denominação por


serem usados para formular perguntas direta e indiretas. São eles:

Circunstâncias Advérbios Exemplos


interrogativos
causa por que Por que ela chegou tão cedo?
Não sabemos por que ela chegou tão cedo.
lugar onde Onde você mora?
Ignoro onde você mora.
modo como Como ele descobriu o número da senha?
Não se sabe como ele descobriu o número da
senha.
tempo quando Quando será o início do curso?
Ainda não sei quando será o início do curso.

7.2 Grau dos advérbios

Assim como ocorre com os adjetivos, alguns advérbios (de modo, de tempo, de lugar e
de intensidade) também admitem a flexão de grau comparativo e superlativo.

Grau comparativo

a) de igualdade: Jonas corre tão rápido quanto o irmão.


b) de inferioridade: Jonas corre menos rápido do que o irmão.
c) de superioridade: Jonas corre mais rápido do que o irmão.

Grau superlativo

a) absoluto analítico: Jonas corre muito rápido.


b) absoluto sintético: Jonas corre rapidíssimo.

Obs. 1: Vale notar que a repetição do advérbio denota valor aproximado de superlativo.

Ex.: Meus tios moravam longe, longe.

Obs. 2: Quando os advérbios bem e mal estiverem modificando particípios, deve-se usar as
formas analíticas mais bem e mais mal no lugar de melhor e pior, respectivamente.

Ex.: Os alunos do Focado no Edital são mais bem preparados do que os outros.

8. Preposição

Preposição é uma classe de palavras invariável que liga duas outras palavras,
subordinando a segunda à primeira, estabelecendo entre elas uma relação de dependência.

Ex.: Júlio veio de Tocantins.


A preposição estabelece uma relação de lugar entre as duas palavras.

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Ex.: Com o calor, a demanda de energia será maior.

A preposição estabelece uma relação de causa entre as duas


palavras.

8.1 Preposições essenciais e acidentais

As preposições podem ser classificadas em essenciais ou acidentais.

a) preposições essenciais – são aquelas palavras que somente funcionam como preposição: a,
ante, até, após, de, desde, em, entre, com, contra, para, por, perante, sem, sob e sobre.

b) preposições acidentais – são palavras de outras classes gramaticais que, em certas frases,
funcionam como preposição: como, conforme, segundo, durante, fora, exceto etc.

Ex.: João foi o segundo colocado no concurso.


numeral ordinal

João agiu segundo sua consciência.

preposição acidental

8.2 Locução prepositiva

As locuções prepositivas são grupos de palavras que apresentam valor e emprego de


preposição. Seguem alguns exemplos:

atrás de, através de, embaixo de, a fim de, de acordo com, por causa de, longe de,
perto de, ao redor de, junto a, ao lado de, apesar de, por trás de, acerca de, cerca
de, em favor de, de conformidade com

Vale ressaltar que as preposições não exercem função sintática na oração. Elas são
meros conectivos.

9. Conjunção

Conjunção é a palavra invariável que relaciona duas orações ou duas palavras que
exercem a mesma função sintática na oração. Considere os exemplos:

Ex.: Fui à feira e comprei laranjas e bananas.


A conjunção “e” liga dois elementos de uma única
oração: laranjas e bananas.

Ex.: O livro é bom, mas custa muito caro.


A conjunção “mas” liga duas orações de sentido completo
(coordenadas).

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Ex.: Não sabemos se o equipamento ainda funciona.


A conjunção “se” liga duas orações dependentes, ou seja, a
segunda depende sintaticamente da primeira (subordinadas).

9.1 Locuções conjuntivas

Locuções conjuntivas são expressões que exercem o mesmo papel de uma conjunção.
Elas são formadas pela palavra que antecedida de advérbios, preposições ou particípios.
Seguem alguns exemplos

antes que, desde que, já que, até que, para que, sem que, dado que, posto que, visto
que, uma vez que, à medida que etc.

É importante destacar que, assim como as preposições, as conjunções não exercem


função sintática na oração. Elas são meros conectivos.

10. Interjeição

Interjeição é uma palavra (ou locução) por meio da qual exprimimos sentimentos de dor,
admiração, alegria, irritação, entre outros.

10.1 Classificação das interjeições

A classificação das interjeições é realizada de acordo com o sentimento que expressam.


Seguem alguns exemplos:

Circunstâncias Interjeição
alegria ou satisfação ah!, oh!, oba!
animação coragem!, avante!, eia!, vamos! Obs.: Não confunda a
aplauso bis!, bem!, bravo!, viva! palavra ó com a
interjeição oh! A primeira
desejo oh!, oxalá!, tomara! serve para invocar,
interpelar alguém. É usada
dor ai!, ui!
no vocativo e não vem
espanto ou surpresa ah!, chi!, ih!, oh!, ué!, uai!, caramba! seguida de ponto de
exclamação.
apelo alô!, ei!, socorro!
Ex.: Ó vida! Por que me
silêncio psiu!, silêncio, calada!
maltratas assim?
suspensão alto!, basta!
advertência cuidado!, atenção!

10.2 Locuções interjetivas

Locuções interjetivas são expressões que apresentam valor de uma interjeição.

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Nossa senhora!
Valha-me Deus!
Credo em cruz!
Alto lá”
Ora bolas!
Ai de mim!

HORA DE PRATICAR

1. Em “A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso falar com um número excessivo de


pessoas”, todas as palavras destacadas são:
a) substantivos
b) pronomes
c) advérbios
d) adjetivos

2. No futuro do pretérito do modo indicativo, o verbo destacado em “Ela não consegue


competir com a sonolência e o uso de celulares” (1º parágrafo), seria flexionado como:
a) conseguiu
b) conseguia
c) conseguirá
d) conseguiria

3. No trecho “Em algumas ocasiões, o produto recebido por uma compra pela internet não é
tão agradável quanto em seu anúncio” (1º parágrafo), as palavras destacadas são
respectivamente classificadas como:
a) pronome – artigo – conjunção – adjetivo – adjetivo
b) advérbio – artigo – conjunção – adjetivo – adjetivo
c) advérbio – artigo – preposição – adjetivo – substantivo
d) pronome – artigo – preposição – adjetivo – substantivo

GABARITO

1. Letra D
2. Letra D
3. Letra D

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86

Capítulo 12 – Variações linguísticas

Dependendo da situação comunicativa, os usuários da língua podem eleger o nível de


linguagem mais adequado para que a interação verbal aconteça. Dito de outra forma, o
emissor de uma mensagem pode se valer de variações linguísticas para situações distintas, de
forma a se fazer compreender pelo receptor.
Uma língua apresenta alguns tipos de diferenças internas, quais sejam: variações
diatópicas, diastráticas, diafásicas, diacrônicas e diamésicas. Neste capítulo, vamos falar
sobre cada uma delas.

a) variações diatópicas – referentes às variedades linguísticas presentes nas diversas regiões.


Ex.: português falado nas diferentes regiões do Brasil.

b) variações diastráticas – referentes às variedades presentes nas diferentes classes sociais,


considerando que cada grupo usa palavras restritas à sua comunidade, tendo em vista fatores
como os diferentes graus de escolaridade. A título de exemplo, observe a tirinha abaixo:

Vale ressaltar que as variações diastráticas podem gerar situações de preconceito


linguístico, que é a manifestação de intolerância ou desprezo pela forma de falar do outro,
fazendo juízo de valor por se tratar de um dialeto diferente.
O preconceito linguístico costuma ocorrer em tom de deboche, exatamente porque
alguém acredita que a sua maneira de falar é superior à do outro. Todavia, deve-se lembrar de
que, no contexto das variações linguísticas, não há uma fala considerada melhor ou mais
correta do que outra.
Ainda no que diz respeito às variações diastráticas, tem-se a gíria, que nada mais é do
que um dialeto informal característico de pequenos grupos, com palavras que sofrem
alterações ou caem em desuso com o passar do tempo.

c) variações diafásicas – dependem do contexto comunicativo, ou seja, a ocasião é que


determina a maneira como nos dirigimos ao nosso interlocutor, formal ou informalmente.

d) variações diacrônicas – por serem variações resultantes da passagem do tempo, elas


também são conhecidas como variações históricas.

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Em virtude de sua criatividade e das mudanças sociais, os falantes de uma língua estão
sempre desenvolvendo novas formas de se comunicarem. Dessa forma, muitas palavras e
expressões acabam por cair em desuso. Seguem alguns exemplos:

Palavras que caíram em Grafias que caíram em Termos e expressões que caíram em
desuso desuso desuso

botica; flôr Aquela mulher é um avião.


macambúzio; pharmácia Aquele homem é um pão.
suso; lingüiça Este doce está supimpa.
ensimesmado. côr Fala, bicho.

e) variações diamésicas – são variações que acontecem entre a fala e a escrita ou entre os
gêneros textuais.

No entanto, é importante ressaltar que nem sempre a fala é informal, e a escrita, formal.
Há casos em que a fala pode ser bastante formal (quando se profere uma palestra, quando se é
entrevistado para um emprego) e a escrita pode ser bastante informal (quando se escreve um
bilhete ou uma mensagem).
Nesse sentido, as diferenças podem ser mais facilmente percebidas quando estamos em
uma situação de conversa (fala informal), em que o encadeamento das palavras em um diálogo
sai de maneira mais fluida. Por outro lado, quando precisamos colocar o discurso no papel
(escrita formal), o planejamento e cuidado com a língua são maiores.
Assim, a variação diamésica diz respeito ao registro usado pelo falante (mais formal ou
mais informal) ou ao suporte de transmissão de uma determinada informação que contenham
características quase regulares, ou seja, gêneros textuais (ex.: bula de remédio, mensagem de
WhatsApp).

A linguagem formal, também chamada de linguagem culta, por exemplo, favorece o


respeito às normas da língua. Ela pode ser usada nos contextos em que não há familiaridade
entre os interlocutores ou em situações que demandam elegância no falar ou escrever.
Por outro lado, a linguagem informal é usada quando há familiaridade entre os
interlocutores ou em situações de descontração.
Assim, percebe-se claramente que, em uma mesma comunidade de fala, há uma série de
variedades linguísticas. Além disso, um mesmo indivíduo pode pertencer a comunidades de
fala diferentes, simultaneamente, com a consequente modificação de seu comportamento
linguístico em cada uma delas.
De fato, esse sujeito pode usar itens linguísticos muito diversos para expressar
aproximadamente a mesma ideia, em contextos distintos. A essa variação dá-se o nome de
registro.

1.1 Tipos de registros

Norma culta / padrão – é o nível de linguagem ensinado nas escolas, nos manuais
didáticos, nas cartilhas, nos dicionários etc. A ele é atribuído prestígio cultural e status social.

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Linguagem coloquial / informal / popular – é aquela usada de forma mais espontânea e


corriqueira, não seguindo todas as regras da gramática normativa. Ao lançar mão da
linguagem coloquial, o usuário da língua está mais preocupado com a transmissão do conteúdo
de uma mensagem do que com a forma por meio da qual esse conteúdo será transmitido.

Linguagem regional – está relacionada com as variações que ocorrem nas mais variadas
comunidades linguísticas. É também conhecida como dialeto.

Gírias – estão relacionadas ao cotidiano de certos grupos sociais e podem ser


incorporadas ao léxico de uma língua, de acordo com sua frequência e intensidade de uso
pelos falantes.

Linguagem vulgar – é exatamente oposta à norma culta. As estruturas gramaticais não


seguem regras ou normas de funcionamento. Ex.: “nóis vai”, “pra mim ir”, “vamo ir”.

Esses registros relacionam-se com as variedades diatópicas, diastráticas, diafásicas,


diacrônicas e diamésicas que acabamos de estudar.

HORA DE PRATICAR

Quanto aos tipos de variações linguísticas, marque a alternativa da sequência que enumera o
trecho à sua respectiva classificação, respectivamente.

I – Sacolé, Dindim, Geladinho;


II – Vossemecê, vosmecê, vossa mercê, você;
III – Não peixe com meu peixe, ô playboy;
IV – Muito obrigada, Luísa!

( ) Variação diatópica ( ) variação histórica ( ) variação diastrática ( ) variação diafásica

a) II – I – IV - III
b) I – II – III – IV
c) III – I – IV – II
d) I – II – IV – III
e) III – I – II – IV

GABARITO

Letra B

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89

Capítulo 13 – Regras de formação de palavras

Léxico e formação de palavras

As palavras compõem o léxico da língua portuguesa. A língua portuguesa apresenta os


seguintes processos básicos de formação de palavras: derivação, composição, hibridismo,
abreviação (ou redução), onomatopeia (ou reduplicação) e sigla.

Derivação

A derivação é o processo por meio do qual novas palavras, denominadas derivadas,


são formadas a partir de outras, já existentes na língua, conhecidas como primitivas. A
derivação pode ser: prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética, regressiva ou imprópria.

a) Derivação prefixal (ou prefixação) → consiste no acréscimo de um prefixo a um radical.

feliz infeliz
leal desleal
fazer refazer

b) Derivação sufixal (ou sufixação) → consiste no acréscimo de um sufixo a um radical.

real realmente
pedra pedreira
gosto gostoso

c) Derivação prefixal e sufixal → consiste na formação de uma palavra nova por meio do
acréscimo simultâneo de um prefixo e de um sufixo ao radical, sem que aqueles se anexem a
este, ou seja, se um dos afixos ou ambos forem retirados da palavra, ela continua existindo.

leal deslealdade
feliz infelizmente

d) Derivação parassintética → consiste no acréscimo simultâneo de um prefixo e de um sufixo a


um radical. Nesse caso, não há a possibilidade de retirada de um dos afixos e a palavra
continuar existindo.

manhã amanhecer
alma desalmado

e) Derivação regressiva (ou deverbal) → consiste na substituição da terminação de um verbo


pelas vogais a, e ou o, resultando em um substantivo abstrato.

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90

falar fala
perder perda
realçar realce
enlaçar enlace
beijar beijo
amparar amparo

Obs.: Se o substantivo for concreto, é o verbo que deriva


dele.

Ex.: âncora – ancorar


escova - escovar

f) Derivação imprópria (ou conversão) → a estrutura da palavra não se altera. Ocorre uma
simples mudança na classe gramatical de uma palavra.

Os bons serão recompensados. Bons – adjetivo substantivado

O cantar dos pássaros é lindo. Cantar – verbo substantivado

Assistimos a um show monstro. Monstro – substantivo adjetivado

Composição

A composição é o processo por meio do qual novas palavras são formadas a partir da
junção de palavras ou radicais existentes na língua. A composição pode ocorrer por
justaposição ou por aglutinação.

Justaposição → não há alteração fonética ou gráfica nos elementos que formam a palavra.

roda + pé rodapé
bem + me + quer bem-me-quer
guarda + roupa guarda-roupa

Aglutinação → pelo menos um dos elementos formadores da nova palavra sofre alteração
fonética ou gráfica na junção.

água + ardente aguardente


plano + alto planalto
em + boa + hora embora

Hibridismo

O hibridismo acontece quando os elementos que formam a nova palavra pertencem a


línguas diferentes:

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mono (grego) + cultura (latim) monocultura


álcool (árabe) + metro (grego) alcoometro
buro (francês) + cracia (grego) burocracia

Abreviação (ou redução)

Consiste no uso de apenas parte de uma palavra no lugar de sua totalidade.

pneu – abreviação de pneumático


tevê – abreviação de televisão
quilo – abreviação de quilograma
moto – abreviação de motocicleta

Onomatopeia (ou reduplicação)

Consiste na criação de palavras que buscam a reprodução de determinados ruídos


ou sons.

reco-reco, tique-taque, tico-tico, zum-zum

sigla

Consiste no uso de letras iniciais de uma organização, entidade ou associação.

ONU – Organização das Nações Unidas


USP – Universidade de São Paulo
Detran – Departamento de trânsito

HORA DE PRATICAR

No trecho “Os avanços já estão alimentando a desinformação e sendo usados para instigar
divisões políticas” (4º parágrafo), a palavra destacada é formada por:
a) parassíntese
b) derivação sufixal
c) derivação prefixal
d) derivação prefixal e sufixal

GABARITO

Letra C

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92

Capítulo 14 – Regras de concordância e regência

1. Concordância

Em uma frase, as palavras determinantes precisam se adaptar àquelas palavras das


quais dependem. A esse princípio dá-se o nome de concordância. A concordância pode ser de
dois tipos: concordância nominal e concordância verbal.

Concordância nominal

No que diz respeito à regra geral, artigos, pronomes, adjetivos e numerais devem
concordar em gênero e número com o substantivo que modificam.

Ex.: Estas duas obras fantásticas estavam esquecidas na estante.

No exemplo acima, como se pode observar, o pronome (estas), o numeral (duas) e o


adjetivo (fantásticas) concordam em número e gênero com o substantivo (obras).

Casos especiais de concordância nominal

Há casos especiais de concordância nominal e, normalmente, eles são os mais cobrados


em provas de concursos. Por essa razão, é preciso estar atento (a) a eles.

a) Substantivo composto – caso ambos os substantivos sejam do mesmo gênero e estejam no


singular, o adjetivo pode ficar no plural (concordância gramatical) ou no singular
(concordância atrativa).

Ex.: Comprei vestido e casaco pretos.

Ex.: Comprei vestido e casaco preto.

b) Substantivo composto – caso os substantivos sejam de gêneros diferentes e estejam no


singular, o adjetivo concordará com o mais próximo ou irá para o masculino plural.

Ex.: Ela usava gorro e blusa amarelos.

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Ex.: Ela usava gorro e blusa amarela. (Obs.: Neste caso, os dois continuam sendo amarelos.)

c) Substantivo composto – se o adjetivo estiver anteposto aos substantivos, ele deverá


concordar sempre com o mais próximo.

Ex.: Conheci estranhos rapazes e moças.

Ex.: Conheci estranhas moças e rapazes.

d) Substantivo composto (nomes de pessoas) – se o adjetivo estiver anteposto a nomes de


pessoas, ele deverá ficar no plural.

Ex.: Refiro-me aos ilustres Caetano Veloso e Chico Buarque.

e) Substantivo composto – caso a frase seja iniciada por verbo de ligação, há duas
possibilidades de concordância.

Ex.: Eram raros a escultura e o quadro.

Ex.: Era rara a escultura e o quadro.

f) Expressões um e outro e nem um nem outro – quando essas expressões são usadas, o
substantivo deve permanecer no singular, mas o adjetivo deve ir para o plural.

Ex.: Abordamos um e outro assunto interessantes.

Ex.: Nem um nem outro deputado reeleitos foram encontrados.

g) Numerais ordinais – se todos os numerais estiverem precedidos de artigo, o substantivo


pode ficar tanto no singular como no plural. Todavia, se apenas o primeiro numeral estiver
precedido de artigo, o substantivo deve ficar no plural.

Ex.: Elas perderam a primeira e a segunda aula.

Ex.: Elas perderam a primeira e a segunda aulas.

Ex.: Elas perderam a primeira e segunda aulas.

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h) Mesmo, próprio, quite, leso, incluso, anexo, obrigado – essas palavras concordam com o
termo a que se referem.

Ex.: Ele mesmo fará o trabalho.


Ex.: Ela mesma fará o trabalho.

i) Bastante, caro, meio, barato, só – essas palavras só variam quando forem adjetivos.

Ex.: Temos bastantes alunos. (bastante – adjetivo)


Ex.: As alunas falam bastante. (bastante – advérbio)

j) Sujeito sem determinante – se o sujeito não estiver determinado, o adjetivo permanece


invariável.

Ex.: Sopa é bom para a saúde.


Ex.: A sopa é boa para a saúde.

k) Pseudo, alerta, monstro e menos – essas palavras são invariáveis.

Ex.: Vi uma barata monstro na cozinha.

Concordância verbal

Consoante a regra geral, o verbo concorda em número e pessoa com o sujeito a que se
refere.

Ex.: Ivo e Liz fazem um belo casal.


Eu sinto sarcasmo neste sorriso.
Você está muito mudada, Tereza.

Concordância com o sujeito simples

a) Sujeito constituído de pronomes de tratamento: o verbo concorda com o pronome na


terceira pessoa.

Ex.: Vossa Excelência já assinou o tratado com os cidadãos?


Vossas Senhorias se enganaram.

b) Sujeito expresso com nomes próprios só usados no plural – se o nome próprio plural não
estiver precedido de artigo, o verbo fica no singular. Por outro lado, se estiver precedido de
artigo, o verbo vai para o plural.

Ex.: Minas possui montanhas e abismos. (Carlos Drummond de Andrade)


As Minas Gerais me encantam a imaginação.

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c) Sujeito coletivo – regra geral, em caso de sujeito coletivo, o verbo fica na terceira pessoa do
singular. Todavia, se o substantivo coletivo estiver seguido de adjunto adnominal no plural, o
verbo pode ir para o plural ou ficar no singular.

Ex.: A boiada ruminava as pontas do capim.


Um bando de pássaros voava / voavam em direção ao norte.

d) Sujeito representado por expressões partitivas (a maioria de, a maior parte de, a metade de,
uma porção de etc.) – nesse caso, o verbo pode concordar tanto com o núcleo dessas
expressões como com o substantivo que as segue.

Ex.: A maioria dos professores compareceu à cerimônia de posse do novo reitor.


A maioria dos professores compareceram à cerimônia de posse do novo reitor.

e) Sujeito representado pela expressão mais de um – regra geral, o verbo fica no singular.
Contudo, se a expressão mais de um vier repetida ou se estiver associada a um verbo que
indique reciprocidade, é obrigatório o emprego do plural.

Ex.: Mais de um atleta recebeu cartão amarelo.


Mais de um policial, mais de um bandido foram mortos.
Mais de um torcedor se agrediram.

f) Sujeito realçado pela palavra que – o verbo deve concordar com o antecedente dessa
palavra.

Ex.: Sou eu que tomo as decisões aqui.


Fomos nós que a levamos para casa.

g) Sujeito representado pelo pronome quem – o verbo pode ficar na terceira pessoa do singular
ou concordar com o antecedente desse pronome.

Ex.: Somos nós quem tomará a iniciativa.


Somos nós quem tomaremos a iniciativa.

h) Sujeito representado por porcentagem – o verbo pode concordar com o numeral ou com o
substantivo a que se refere a porcentagem. Contudo, o plural será obrigatório se o numeral vier
com determinantes no plural.

Ex.: 45% da turma apoiam a decisão do diretor.


45% da turma apoia a decisão do diretor.
Os 45% da turma apoiam a decisão do diretor.

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Concordância com o sujeito composto

a) Se o sujeito composto estiver anteposto ao verbo, este irá para o plural.

Ex.: O técnico e os jogadores chegaram ontem.

b) Se o sujeito composto estiver posposto ao verbo, este pode concordar com o núcleo mais
próximo ou ficar no plural.

Ex.: Chegou ontem o técnico e os jogadores.


Chegaram ontem o técnico e os jogadores.

c) Sujeito composto formado por pessoas diferentes – o verbo fica no plural.

Ex.: Eu, você e os alunos iremos ao museu.


Tu, ela e os peregrinos visitareis / visitarão o santuário.
Cátia, Veridiana e eles farão um jantar mexicano.

Caso haja primeira pessoa (Eu), ela será a pessoa predominante. Por sua vez, se houver
somente segunda e terceira pessoas, o verbo poderá flexionar-se na segunda ou na terceira
pessoa.

Casos especiais de concordância verbal

a) Sujeito ligado por ou – o verbo pode ficar no singular ou no plural, a depender do valor
semântico do ou. Se o ou for de exclusão, o verbo fica no singular. Caso ele seja de alternância,
o verbo vai para o plural. Por fim, se o ou for de retificação, o verbo concorda com o
substantivo mais próximo.

Ex.: Carlos ou Celso casou com ela. (exclusão)


Um sorriso ou uma lágrima o tirariam daquela incerteza. (alternância)
O policial ou os policiais prenderam o perigoso assassino. (retificação)

b) Sujeito ligado por com – o verbo concorda com o antecedente do com ou vai para o plural.
Note que, em cada caso, a ideia é diferente.

adjunto adverbial
de companhia

Ex.: O professor, com os alunos, resolveu o problema.

sujeito
simples

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Ex.: O professor com os alunos resolveram o problema.

sujeito
composto

c) Sujeito ligado por nem... nem – se o fato expresso se ligar a todos os núcleos, o verbo deverá
ir para o plural. Todavia, havendo exclusão de um dos elementos do sujeito, o verbo fica no
singular.

Ex.: Nem a riqueza nem o poder lhe trouxeram felicidade.


Nem o Brasil nem o Paraguai será o vencedor da próxima Copa.

d) Sujeito representado por um e outro ou nem um nem outro – o verbo pode ficar no singular
ou ir para o plural.

Ex.: Um e outro decidiu / decidiram ficar.


Nem um nem outro comentou / comentaram o assunto.

e) Sujeito representado por um ou outro – o verbo fica no singular, dada a ideia de exclusão.

Ex.: Um ou outro receberá a promoção.

f) Sujeito representado por infinitivos – caso não haja determinante, o verbo fica no singular. Se
houver determinante, o verbo vai para o plural. Quando os infinitivos indicarem ações opostas,
o verbo também irá para o plural.

Ex.: Lutar e vencer constitui a minha meta.


O lutar e o vencer constituem a minha meta.
Rir e chorar são inevitáveis.

Concordância ideológica

Na concordância ideológica, também chamada de silepse, faz-se a concordância


nominal ou verbal com a ideia contida na frase. Há três tipos de silepse: silepse de gênero, de
número e de pessoa.

a) Silepse de gênero – a concordância se faz com o gênero gramatical implícito.

Ex.: Não via a hora de chegar à sua amada Belo Horizonte.

Observe que o adjetivo amada concorda com o substantivo implícito cidade, uma vez
que Belo Horizonte está no gênero masculino.

b) Silepse de número – a concordância se faz com o número gramatical implícito.

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Ex.: A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade de Salvador.

Nesse exemplo, o verbo está no plural porque concorda com a ideia contida no termo
procissão.

c) Silepse de pessoa – a concordância se faz com a pessoa gramatical implícito.

Ex.: Os brasileiros somos hospitaleiros.

Já nesse exemplo, o verbo ser está no plural, pois o emissor inclui-se entre os brasileiros.

2. Regência

A sintaxe de regência trata do estudo dos tipos de dependência existentes entre um


verbo (regência verbal) ou nome (regência nominal) e seus complementos.
Denominam-se termos regentes ou subordinantes aqueles que precisam de um
complemento, e termos regidos ou subordinados aqueles que complementam o sentido dos
termos regentes.

Regência verbal

Regência verbal quer dizer uso, emprego dos verbos na língua portuguesa. Pensar ou
refletir sobre esse assunto, portanto, nada mais é que observar o comportamento sintático de
um determinado verbo na construção de orações em língua portuguesa.
Nas relações que se estabelecem entre os verbos e seus complementos, percebe-se que
estes podem vir ligados diretamente àqueles ou ligados a eles indiretamente, ou seja, por meio
de uma preposição.
Há verbos que admitem mais de uma regência. Geralmente, essa diversidade de
regência corresponde a uma diversidade de significados do verbo. É muito importante
conhecer a regência correta de um verbo, pois a mudança de regência pode alterar o sentido
da frase. Observe os exemplos a seguir.

Ex.: A menina sempre implica com seu irmão. (implicar com = perturbar)
O acusado implicou seu vizinho no crime. (implicar em = envolver)
Fazer mudanças implica assumir riscos. (implicar = resultar)

Vamos conhecer, a partir de agora, as regências verbais que mais oferecem dúvidas.
Essas são, geralmente, as mais cobrados em concursos também.

a) Agradar

transitivo direto = acariciar


transitivo indireto = ser agradável a

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Ex.: A menina agradava o gatinho.


Suas canções agradaram ao público.

b) Agradecer

transitivo direto (usado para objetos)


transitivo indireto (usado para pessoas)
transitivo direto e indireto (usado para coisas e pessoas)

Ex.: Ele agradeceu a ajuda recebida.


Ele agradeceu aos amigos.
Ele agradeceu aos amigos a ajuda recebida.

c) Ansiar

transitivo direto = angustiar, causar mal estar


transitivo indireto = desejar ardentemente (não admite lhe(s) como complemento. Em seu lugar
deve-se usar a ele, a ela, a eles, a elas.)

Ex.: O espaço apertado do elevador ansiava a senhora.


Anseio por sua volta.

d) Aspirar

transitivo direto = sorver o ar


transitivo indireto = almejar, pretender (não admite lhe(s) como complemento. Em seu lugar
deve-se usar a ele, a ela, a eles, a elas.)

Ex.: Constatou-se que a vítima aspirara o gás.


É notório que a vítima só aspirava ao enriquecimento.

e) Assistir

transitivo direto ou indireto = prestar assistência, socorrer


transitivo indireto = ver, presenciar (não admite lhe(s) como complemento. Em seu lugar deve-
se usar a ele, a ela, a eles, a elas.)
transitivo indireto = favorecer, pertencer (admite lhe(s) como complemento)
intransitivo = morar, residir (acompanhado de adjunto adverbial de lugar introduzido pela
preposição em)

Ex.: O médico assistia os acidentados. / O médico assistia aos acidentados.


Nós assistimos ao jogo ontem.
Assiste ao aluno o direito de reclamar?
Assisto no Rio de Janeiro.

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100

f) Custar

transitivo indireto = ser custoso, ser difícil


transitivo direto e indireto = acarretar
intransitivo = ter o valor de (acompanhado de adjunto adverbial de preço)

Ex.: Custou-me entender a explicação. (Obs.: é errada a construção: Eu custei a entender a


explicação.)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz.
Esta bebida custa vinte reais.

g) Esquecer / Lembrar

Esses dois verbos admitem três construções:

Ex.: Esqueci o documento em casa. / Lembrei a letra da música.


Esqueci-me do documento em casa. / Lembrei-me da letra da música.
Esqueceram-me os fatos. / Lembraram-me os fatos.

h) Informar

transitivo direto e indireto (admite duas construções)

Ex.: Informaram o devedor das / sobre as formas de pagamento.


Informaram as formas de pagamento ao devedor.

i) Pagar / Perdoar

transitivo direto (usado para objetos)


transitivo indireto (usado para pessoas)
transitivo direto e indireto (usado para coisas e pessoas)

Ex.: Paguei o boleto hoje.


Perdoarei as suas dívidas.
Pague ao credor imediatamente.
A esposa perdoou ao marido.
Vou pagar o aluguel ao dono do imóvel.
A mãe perdoou os erros ao filho.

j) Preferir

transitivo direto = dar primazia à, escolher


transitivo direto e indireto = decidir entre uma coisa e outra

Ex.: Prefiro filmes estrangeiros.


Prefiro frio ao calor.

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101

Obs.: Na linguagem formal, é errado usar o verbo preferir reforçado por expressões ou
palavras que indiquem intensidade (antes, mais, muito mais, mil vezes mais, menos etc. bem
como a preposição de que ou do que).

Ex.: Prefiro mil vezes dançar do que fazer ginástica. (frase totalmente incorreta)

k) Proceder

intransitivo = ter fundamento, portar-se, conduzir-se


transitivo indireto = realizar, dar início

Ex.: Aquelas teorias não procedem.


O delegado procedeu ao interrogatório.

l) Querer

transitivo direto = desejar, pretender


transitivo indireto = amar, estimar, ter afeto

Ex.: Quero sorvete.


Ela queria muito a seus avós.

m) Suceder

intransitivo = ocorrer, acontecer


transitivo indireto = vir depois, acontecer algo com alguém

Ex.: A doença sucedeu repentinamente.


A noite sucedeu ao dia.

n) Visar

transitivo direto = dirigir o olhar para, apontar arma de fogo contra, pôr o sinal de visto em
transitivo indireto = ter em vista, pretender, objetivar

Ex.: O menino visou o alvo, mas não conseguiu acertá-lo.


As novas medidas de segurança visam ao bem-estar de todos.

Obs.: Verbos que apresentam regências diferentes não devem receber o mesmo complemento.
Dessa forma, construções como a seguinte devem ser evitadas:
Entrei e saí rapidinho de casa.
O correto é:
Entrei em casa e saí dela rapidinho.

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102

Regência nominal

Regência nominal é a relação que se estabelece entre os substantivos, adjetivos e


advérbios com seus complementos. Normalmente, essa relação entre o nome e o complemento
é dada por uma preposição.
Assim, é imprescindível conhecer as preposições para que a regência nominal seja feita
e identificada de forma correta.
Segue a regência de alguns nomes:

substantivos adjetivos advérbios


bacharel em resistente a favorável a
amigo de alheio a contrariamente a
resolução de alienado de relativamente a
ódio contra / a curioso por analogamente a
admiração a / por acostumado com / a semelhantemente a

HORA DE PRATICAR

1. “O tabagismo está associado a 80% dos casos de câncer de pulmão” (2º parágrafo).
Observando-se as regras de concordância da norma-padrão, essa mesma frase poderia ser
reescrita da seguinte forma:
a) 80% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao tabagismo.
b) 80% dos casos de câncer de pulmão está associado ao tabagismo.
c) 80% dos casos de câncer de pulmão estão associadas ao tabagismo.
d) 80% dos casos de câncer de pulmão está associada ao tabagismo.

2. A palavra “a” é uma preposição exigida pela regência verbal


a) “Esta a que agora assistimos é o exemplo deste novo tipo de combates” (1º parágrafo)
b) “Não há valores que paguem a contaminação negativa” (6º parágrafo)
c) “A reputação internacional da marca Rússia demorará décadas a recuperar” (8º parágrafo)
d) “uma forma de mostrar o poder efetivo das marcas e a força que têm para criar ou para
vencer guerras” (9º parágrafo)

GABARITO

1. Letra A
2. Letra A

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103

Capítulo 15 – Crase

Crase é o nome que recebe o fenômeno em que ocorre a fusão entre dois sons vocálicos
idênticos (a + a). Emprega-se o acento grave, indicativo de crase, nos seguintes casos:

a) quando há a fusão entre a preposição a e o artigo definido a;

Ex.: Quero bem à colega.

Quero bem a a colega.

b) quando há a fusão entre a preposição a e o a inicial dos pronomes relativos aquele, aquela e
aquilo.

Ex.: Dirigiu-se àquela praça.

Dirigiu-se a aquela praça.

Ex.: Referiu-se àquele assunto.

Referiu-se a aquele assunto.

Ex.: Dedicou-se àquilo.

Dedicou-se a aquilo.

c) quando há a fusão entre a preposição a e o pronome demonstrativo a ou as.

Ex.: Chamou as sobrinhas e entregou os documentos à mais velha.

...entregou os documentos a a mais velha.

Nos exemplos anteriores, pode-se observar que o termo regente pede a preposição a e o
termo regido não repele o artigo definido feminino, por essa razão ocorre o fenômeno da crase.
Vale ressaltar que o termo regente pode ser um verbo, um substantivo, um adjetivo ou
até mesmo um advérbio:

Verbo Referia-me à aula de ontem.

Substantivo A volta às aulas é sempre motivo de alegria para os


alunos.
Adjetivo Era dedicada à mãe.

Advérbio O diretor pronunciou-se favoravelmente à proposta.

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104

Obs.: os termos antecedidos pelo fenômeno da crase podem exercer a função sintática de
complementos (objeto direto, objeto indireto, complemento nominal) ou de adjuntos
adverbiais.

1. Sempre haverá crase:

a) diante de palavras femininas que não repelem artigo.

Ex.: Não iremos à festa. / Eram insensíveis à dor alheia.

Em caso de dúvida, basta substituir a palavra feminina por uma palavra masculina que
pertença à mesma classe gramatical. Caso ocorra a combinação ao (preposição a + artigo
definido o), haverá crase diante da palavra feminina.

Ex.: Não iremos à festa. (Não iremos ao encontro.) / Eram insensíveis à dor alheia. (Eram
insensíveis ao problema alheio.)

Obs.: Ocorrerá crase mesmo que a palavra feminina esteja oculta.

Ex.: Ouviu-se o hino à uma. (= a uma voz)

b) diante das expressões à moda de, à maneira de.

Ex.: Fez uma série de gols à (moda de / maneira de) Neymar. / Usavam sapatos à (moda de /
maneira de) Luís XV.

Obs.: As expressões à moda de, à maneira de podem ser suprimidas.

c) na indicação de horas.

Ex.: Chegaram às duas horas. / Começarão o trabalho à uma hora.

d) diante de nomes de lugar que admitirem o artigo

Ex.: Vou à Argentina. / Ele foi diversas vezes à Alemanha.

Para saber se o nome de lugar admite artigo, é possível lançar mão da seguinte
estratégia:

Vou a, volto da crase há


Vou a, volto de crase para quê?

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105

Assim:
Vou à China. Volto da China.
Vou a Brasília. Volto de Brasília.

Obs.: se o nome de lugar não admitir artigo, a crase não ocorrerá.


Ex.: Cheguei a Salvador hoje mesmo.
Contudo, caso o nome de lugar venha acompanhado de um determinante, isso
dará ensejo à crase.
Ex.: Cheguei à Salvador dos meus sonhos (dos meus antepassados) hoje
mesmo.

e) diante de locuções adverbiais femininas

A crase é obrigatória diante de locuções adverbiais compostas por palavras


femininas. Considere os exemplos:

Quando chegar ao final da rua, vire à direita.


Às vezes é preciso recomeçar do zero.
À medida que o tempo passava, mais nervoso ele ficava.
O barco ficou à deriva por muitas horas.

2. Não ocorrerá crase:

a) diante de substantivos masculinos

Não ocorre crase diante de substantivos masculinos em virtude de não ser possível o
uso do artigo definido feminino (a, as) antes dessas palavras.

Ex.: Isto cheira a vinagre.


Preposição somente

b) diante de verbos
Ex.: Estamos dispostos a trabalhar para o bem da comunidade.
Preposição somente

c) diante de pronomes que rejeitam o artigo (maioria dos indefinidos e relativos e boa parte dos
demonstrativos)

Ex.: Escrevi a todas as (a algumas, a muitas, a várias) empresárias.


Não ligo a essas (a tais) questões.
Diariamente chegam turistas a esta localidade.

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106

Obs.: há pronomes que admitem o artigo. Nesses casos, ocorrerá a crase.


Ex.: Não fale nada às outras funcionárias.
Eles assistiam sempre às mesmas cenas.
Diga à tal pessoa que não venha mais aqui.
Estou pronta para todas as perguntas, às quais responderei sem hesitar.

Quanto aos pronomes de tratamento, somente ocorrerá crase diante dos pronomes:
dona, senhora, senhorita e madame.
Ex.: Fale à senhora o que lhe aflige.

d) diante de numerais cardinais que se refiram a substantivos não determinados pelo artigo,
usados em sentido genérico

Ex.: Ela assistirá a duas sessões (ou a uma só sessão).


A chácara fica a quatro léguas da cidade.
Daqui a três semanas muita coisa terá acontecido.
O número de candidatas aprovadas não chega a dez.

e) quando a preposição estiver diante de palavras femininas no plural

Ex. Vou a festas todos os fins de semana.

Obs.: pode ocorrer crase diante de palavras femininas no plural, se o artigo definido
também estiver no plural

Ex.: Vou às festas todos os fins de semana.

f) entre palavras repetidas

cara a cara
frente a frente
dia a dia
boca a boca
semana a semana
mês a mês

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3. Usos facultativos da crase

A crase será facultativa em todos os casos nos quais o artigo definido também o for.

a) diante de nomes próprios femininos

O artigo definido não é obrigatório diante de nomes próprios femininos. Assim, estão
corretas as seguintes frases:

Obedeça à Tereza. / Obedeça a Tereza.

b) após a preposição até

A crase também é facultativa após a preposição até quando esta estiver antecedendo
palavras femininas.

Vamos até a praia? / Vamos até à praia?

c) diante de pronome possessivo feminino

Após pronome possessivo feminino (minha (s), tua (s), sua (s), nossa (s) etc.) o uso da
crase também é facultativo. Isso porque o uso do artigo definido antes desses pronomes
também é facultativo (assim como acontece com os nomes próprios).

Ex.: Referiu-se à minha conquista. / Referiu-se a minha conquista.

4. Casos especiais

a) antes da palavra distância

Antes da palavra distância, só irá ocorrer a crase se a distância estiver evidenciada.


Observe os seguintes exemplos:

Ex.: Ensino a distância O escritório fica à distância de 200 metros.

b) antes da palavra terra

Quando a palavra terra tiver o sentido de chão firme, em oposição a bordo, não haverá
crase.

Ex.: Eles foram a terra logo cedo.

Todavia, caso a palavra terra apareça acompanhada de um determinante, haverá crase.

Ex.: Eles foram à terra de seus antepassados / de seus avós / de seus sonhos / procurada.

Se a palavra terra tiver o sentido de planeta, a crase também ocorrerá. Neste caso, a
palavra deverá ser grafada com letra maiúscula.

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Ex.: Os astronautas retornaram à Terra em segurança.

c) antes da palavra casa

Regra geral, não ocorre crase diante da palavra casa.

Ex.: Cheguei a casa cedo ontem.

Contudo, se a palavra casa vier acompanhada de um determinante (assim como


acontece com a palavra terra), a crase ocorrerá.

Ex.: Cheguei cedo à casa de meus pais.

HORA DE PRATICAR

1. O acento grave, que indica o fenômeno da crase, está adequadamente utilizado, à luz da
norma-padrão, em:
a) Eles estão destinados à vencer.
b) Eles estão agora indo à Lisboa.
c) Em breve, voltaremos logo à casa.
d) Pedi um prato de peixe à brasileira.

2. Em “O coronavírus, como a Gripe Espanhola, é uma espécie de resistência da


natureza às nossas barbaridades.” (último parágrafo), há uso de acento grave. Esse sinal –
indicativo de crase – também é necessário sobre o a em destaque na frase:
a) Esse vírus começou a circular na China em dezembro de 2019, chegou a vários países,
incluindo o Brasil.
b) Certos países liderados por mulheres vêm se destacando no combate a pandemia do novo
coronavírus.
c) Segundo especialistas, existem dados que apontam a subnotificação, no Brasil, de
infectados pelo novo coronavírus.
d) Alguns governos optam por investir em armas, inteligentes apenas para travar a guerra que
destruirá o ser humano.

GABARITO

1. Letra D
2. Letra B

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109

Capítulo 16 – Significação das palavras

Um tópico importante dentro da parte da gramática intitulada semântica é a significação


das palavras. Neste capítulo, trataremos das relações de sentido mais comumente abordadas
nas provas elaboradas pela banca Selecon, a saber: sinonímia, antonímia, homonímia,
paronímia e polissemia.

a) Sinonímia

É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que apresentam


geralmente sentidos semelhantes e que podem, por isso, ser usadas no mesmo contexto sem
que haja alteração de significado do enunciado em que ocorrem. Essas palavras são chamadas
de sinônimas. Encontrar palavras com sentido exatamente igual é mais difícil. Esses pares de
sinônimos são chamados de perfeitos. Exemplos: bonito/belo, após/depois.
Nas questões de concursos, espera-se normalmente que o (a) candidato (a) leia uma
frase ou trecho de texto em que um termo esteja destacado e encontre nas alternativas uma
palavra sinônima.
Observe o exemplo a seguir:

A variedade de palavras no léxico da língua portuguesa é vasta. Ao escrever ou proferir um


trecho é possível ter mais de uma opção de palavra. Sobre o trecho abaixo, escolha a opção em
que a substituição da palavra “Retificação” não confere prejuízo ao sentido.

“Retificação de documentos para cidadania italiana”.

a) Correção.
b) Validação.
c) Confirmação.
d) Certificação.

O gabarito desta questão é a alternativa A, tendo em vista que a palavra correção é


sinônima da palavra retificação (não confundir a palavra retificação com a palavra ratificação,
pois esta última significa confirmação).

Há duas formas principais de se preparar para esse tipo de questão:

 por meio da leitura – a leitura certamente irá ampliar o seu conhecimento do léxico da
língua portuguesa. Use sempre um dicionário a fim de identificar o sentido das palavras
desconhecidas;
 por meio da resolução de exercícios de semântica – certamente você aprenderá muitas
palavras novas ao realizar exercícios que envolvam o sentido das palavras. Novamente,
consulte o dicionário sempre que precisar.

Além de proporcionar a você mais segurança para resolver as questões relacionadas à


semântica, o domínio do sentido das palavras também contribuirá para que você consiga
interpretar bem os textos e os enunciados presentes na prova.

b) Antonímia

É a relação que se estabelece entre palavras que apresentam significados contrários.


Essas palavras, que exprimem ideias opostas, são chamadas de antônimas.

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110

Observe o seguinte trecho retirado do romance “Perto do coração selvagem”,


de Clarice Lispector:

Estava alegre nesse dia, bonita também. Um pouco de febre também.


Por que esse romantismo: um pouco de febre? Mas a verdade é que
tenho mesmo: olhos brilhantes, essa força e essa fraqueza, batidas
desordenadas do coração. Quando a brisa leve, a brisa de verão, batia
no seu corpo, todo ele estremecia de frio e calor.

A antonímia pode ser construída de diferentes formas:

i) palavras com radicais diferentes

Note a oposição de ideias que existe entre as palavras força e fraqueza e entre as
palavras frio e calor presentes no texto de Clarice Lispector. Outros exemplos são:

bom – mau; alto – baixo; subir – descer; entrar – sair

ii) palavras com o mesmo radical, cuja oposição é criada por um prefixo de negação

No texto há um ótimo exemplo: a ocorrência da palavra desordenadas. Como essa


palavra foi formada?

DES (prefixo que indica negação) + desordenadas

Há outros prefixos que indicam negação. São eles:

moral a- amoral
próprio im- impróprio
feliz in- infeliz
legal i- ilegal
inflamatório anti- anti-inflamatório

iii) Palavras com o mesmo radical cuja oposição é criada através de prefixos de significados
contrários:

emigrar imigrar
progredir regredir
incluir excluir
pré-operatório pós-operatório

Vale destacar que a antonímia só ocorre ao nível dos adjetivos, dos nomes e dos verbos.

c) Homonímia

É a relação que se estabelece entre palavras que apesar de apresentarem a mesma


estrutura fonológica, têm significados diferentes. Considere os exemplos a seguir:

1. São Jorge é conhecido por ser o santo guerreiro.

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2. Antônio é um homem são. Ele pratica exercícios diariamente e se alimenta bem.


3. O estudo e a persistência são importantes para a aprovação em concursos públicos.

A palavra “são” está presente nos três exemplos. Todavia, em cada um deles, ela tem um
significado diferente. No primeiro exemplo, são é a redução da palavra santo. Já no segundo
exemplo, ela significa saudável. Por fim, no terceiro exemplo, ela é a flexão do verbo ser no
presente do indicativo.
Os homônimos podem ser de dois tipos, a saber:
i) homônimos homógrafos – são palavras que apresentam a mesma grafia, mas são
pronunciadas de forma diferente. Considere os exemplos a seguir:

Eu gosto de viajar para o Seu gosto musical é muito diferente do meu.


campo.

Admiro sua força e coragem. Ele sempre força os funcionários a fazerem hora
extra.

ii) homônimos homófonos – são palavras que não apresentam a mesma grafia, mas são
pronunciadas da mesma forma. Considere as palavras a seguir:

sessão – seção – cessão

senso – censo

sela – cela

tachar - taxar

É importante destacar que os homônimos só podem ser devidamente identificados por


meio do contexto.

d) Paronímia

A paronímia é um fenômeno linguístico que ocorre entre palavras que apresentam


grafia parecida, mas significado distinto, ou seja, essas palavras têm estrutura, seja ela
escrita e/ou sonora, muito semelhante, porém não há qualquer relação de significado.

absolver absorver
comprimento cumprimento
cavaleiro cavalheiro
ratificar retificar
descrição discrição

Cometem-se muitos erros linguísticos em virtude do desconhecimento desse fenômeno,


esses erros podem, inclusive, afetar a compreensão textual.

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e) Polissemia

A polissemia é um fenômeno linguístico no qual um termo apresenta significados


diferentes a depender do contexto. Observe os exemplos:

banco  instituição financeira


 assento
cabo  acidente geográfico
 de vassoura, de faca
 posto militar
 livrar-se de algo inconveniente (dar cabo de...)
manga  fruta
 parte da vestimenta

Obs.: Tome muito cuidado para não confundir polissemia com homonímia.

f) Hiperonímia e hiponímia – ver capítulo 6 – seção sobre hiperônimos e hipônimos

HORA DE PRATICAR

No trecho “Estes números demonstram o crescente interesse no exame e na valorização e


certificação dos conhecimentos e proficiência na Língua Portuguesa” (4º parágrafo), a palavra
destacada forma um par de:
a) homônimos com a palavra “azo”
b) sinônimos com a palavra “prova”
c) parônimos com a palavra “examinar”
d) antônimos com a palavra “reprovação”

As relações semânticas entre palavras e expressões de um texto são identificadas por


sinonímia, antonímia, hiponímia, homonímia e polissemia.
A relação abaixo, do segundo em relação ao primeiro vocábulo, que exemplifica hiponímia é:
a) contente / satisfeito
b) serrote / ferramenta
c) sábia / sabiá
d) emigrar / imigrar
e) autor / Shakespeare

GABARITO

Letra B
Letra E

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113

Capítulo 17 – Normas para elaboração de redações

Uma redação de qualidade demanda do (a) candidato (a) algumas características, a


saber: clareza, precisão, concisão, coesão e coerência. Os assuntos coesão e coerência já
foram estudados no capítulo 6 desta apostila. Neste capítulo, abordaremos os assuntos
clareza, concisão e precisão.

Clareza

A clareza diz respeito à inteligibilidade do texto. Um texto claro é aquele que pode ser
entendido por qualquer pessoa de conhecimento médio sem grandes dificuldades, uma vez que
não apresenta vocabulário excessivamente rebuscado ou arcaico, latinismos e
estrangeirismos desnecessários nem períodos exageradamente longos. Em outras palavras,
um texto claro é simples e livre de obscuridade ou ambiguidades.
Há pessoas que acreditam que uma linguagem extremamente rebuscada, quase
incompreensível, deve ser sempre usada a fim de impressionar aquele (a) que irá corrigir o
texto. Percebe-se, nesses casos, a intenção do emissor de se distanciar do ordinário aqui e
agora e demonstrar erudição. Contudo, é preciso ter em mente que a linguagem deve ser
adequada àquele (s) a quem se dirige, de forma que a mensagem seja acessível e o (a)
candidato (a) se faça entender. Nas sábias palavras do Mestre Evanildo Bechara (1977), o
falante precisa ser um “poliglota na sua própria língua”.
Seguem alguns exemplos de preciosismos que devem ser evitados a fim de que se
mantenha a clareza necessária:

A vítima passou anos macambúzio e ensimesmado, enquanto o inimigo saía às ruas a


festejar longânime e prazenteiro.
Não fosse a velutina maviosidade da atual mulher, com quem vive, ele jamais superaria o
tantálico sacrifício de não poder ver seus filhos.
Estes requerentes procuram ser lhanos e polidos no trato, ao contrário da parte
adversa, que tem o hábito de emborrascar os humores de todos os partícipes, tornando
demasiado dissímeis as formas de atuação das partes no decorrer da lide.

Vale ressaltar que na contemporaneidade esses usos devem ser evitados, uma vez que
comprometem a clareza e a inteligibilidade do texto.
Indiscutivelmente quanto mais dominarmos as palavras, mais chance teremos de
sermos inteligíveis. Com efeito, escrevemos textos para que os outros os leiam. Que propósito
há em posar de sabichão e dialogar com os deuses ou falar com o próprio umbigo? Certamente
a linguagem em uma redação não pode ter o mesmo nível de informalidade de uma conversa do
dia a dia, todavia, deve-se lançar mão de recursos que darão equilíbrio e especificidade
demandados pelo gênero textual, sem perdas ou exageros. Assim, o uso da linguagem deve
estar condicionado à adequação e à necessidade.

Precisão

Por sua vez, a precisão é a habilidade de usar os termos corretos nos contextos
adequados bem como o domínio das regras gramaticais ao elaborar um texto. Isso demanda

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114

daquele que fala / escreve o conhecimento adequado do vernáculo. O uso de palavras e


expressões precisas em um texto permite ao emissor comunicar exatamente aquilo que
pretende, evitando assim a obscuridade e os mal-entendidos.
Frequentemente, na linguagem cotidiana, aparecem os seguintes questionamentos:

 Como é mesmo o nome daquilo?


 Como se diz, mesmo?
 Tá na ponta da língua.

Isso pode ser um indicativo de vocabulário impreciso e insuficiente. Nesse caso, faz-se
necessária a pesquisa e o estudo com vistas à ampliação do repertório linguístico, porquanto o
domínio do vocabulário favorece a precisão.
No que tange à elaboração de uma redação, a precisão é um dos critérios de avaliação
da qualidade do texto produzido pelo (a) candidato (a). Um vocábulo ou uma expressão mal-
empregados podem comprometer substancialmente o sentido de uma mensagem.
Há também algumas palavras e expressões que frequentemente causam muitas dúvidas,
e seu uso inadequado pode desviar o (a) autor (a) do texto do sentido planejado. Seguem
alguns exemplos:

a) Em vez de X Ao invés de

Essas expressões costumam ser usadas como se fossem sinônimas. De fato, acredita-se
que a expressão ao invés de é uma forma mais polida, mais elegante de dizer em vez de. Essa
ideia é totalmente equivocada, pois essas expressões apresentam sentidos distintos. Em vez
de significa no lugar de e traz a ideia de substituição.

Ex.: Preferi ir ao cinema em vez de ir à praia.

Por sua vez, a expressão ao invés de traz uma ideia de oposição e somente deve ser
usada quando as ideias apresentadas no texto são literalmente inversas.

Ex.: O professor reprovou o aluno ao invés de aprová-lo.

b) Ir ao encontro de X Ir de encontro a

Essas expressões costumam ser muito confundidas em redações. São expressões que
têm sentidos totalmente opostos. Ir ao encontro de traz o sentido de estar de acordo com.

Ex.: Suas ideias vão ao encontro das minhas.

Já a expressão ir de encontro a tem o sentido de ir contra alguma coisa ou alguém.

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115

Ex.: Suas ideias vão de encontro às minhas.

c) À medida que X Na medida em que

A locução conjuntiva à medida que traz uma ideia de proporcionalidade e, por essa
razão, pode ser substituída pela expressão à proporção que.

Ex.: À medida que o tempo passava, mais nervoso ele ficava.

Por outro lado, a locução conjuntiva na medida em que é causal. Assim, pode ser
substituída por: uma vez que, já que, visto que etc.

Ex.: Não passou na prova, na medida em que não estudou o suficiente.

Obs.: É um erro comum mesclar as duas expressões e produzir algo como: “à medida em que”.
Essa expressão não é aceitável, segundo as regras vigentes do português padrão.

d) Vultoso X Vultuoso

Mais uma dupla que costuma gerar muitas dúvidas. A palavra vultoso refere-se a alguém
ou a alguma coisa volumosa, de grandes proporções. Já vultuoso é um adjetivo pouco utilizado
e se refere a uma pessoa que sofre de vultuosidade, ficando com a face e os lábios vermelhos e
inchados, com os olhos salientes.

Ex.: Ela não imaginava o quão vultosas seriam as despesas com a viagem.

Ex.: Procure orientação médica se sua face continuar vultuosa.

e) É correto o uso do verbo destrinchar?

O verbo que designa o ato de resolver questões difíceis, complexas é destrinçar.


Contudo, é também aceita a variante brasileira destrinchar, que surgiu, provavelmente, por
influência de trinchar, na acepção de cortar em partes (aves e animais).
Portanto, destrinçar é a forma preferível em textos formais, já que é uma palavra mais
refinada e elegante.

Ex.: Era um caso difícil de destrinçar.

f) Amoral X Imoral

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116

A palavra amoral designa ausência de moral, indiferença à moral.

Ex.: Seu pensamento amoral não sofre influências das ideias religiosas.

Por outro lado, o vocábulo imoral traz a acepção de contrário a moral.

Ex.: Os atos de improbidade administrativa são práticas imorais reiteradas dos nossos
políticos.

Esses são apenas alguns exemplos de expressões que têm sido reiteradamente mal-
empregadas em redações, tornando-as imprecisas e obscuras. Devem, portanto, ser evitados.

Concisão

Sabe-se que, em uma redação, é preciso desenvolver um tema com alguma


profundidade em um curto espaço de linhas. Dessa forma, desenvolver a habilidade de ser
conciso (a) é essencial.
A concisão é aquela qualidade de quem fala ou escreve tudo aquilo que precisa ser
transmitido, tudo o que é necessário, fazendo uso de poucas palavras e sem prejudicar a
clareza da ideia. Transmitir uma mensagem por meio do uso de muitas palavras é relativamente
fácil, ser conciso, no entanto, é tarefa árdua e requer muita dedicação e treino.
De uma forma geral, as pessoas, na comunicação do dia a dia, costumam falar muito
para dizer pouco ou escrever além do necessário para, muitas vezes, transmitir uma ideia
simples. Quando o exagero é expressivo ocorre o vício de linguagem denominado prolixidade1.
Nos dias atuais, todavia, a falta de tempo é a regra no cotidiano da grande maioria das
pessoas, não a exceção. Portanto, a concisão de um texto, sobretudo na redação, é mais do
que desejável, ela é exigível. Assim, é recomendável que se transmita o máximo de ideias com
o mínimo de palavras possível.

E aqui, meu (minha) querido (a) aluno (a) do Focado no Edital, chegamos ao fim dessa
etapa, com o encerramento da parte de Língua Portuguesa proposta para o material conforme
o seu edital.
Espero que tenha gostado da abordagem realizada em nossas aulas e não se esqueça:
estude que a vida muda!!!

1
Prolixo adj. 1. Que se expressa com mais palavras e frases do que é necessário. 2. Muito longo e entediante – prolixidade.
Dicionário Escolar da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.

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