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3ª GERAÇÃO NA

PROSA MODERNISTA
(1945)
2  3

CONTEXTO HISTÓRICO OBRAS


Sagarana (alemão + tupi)
Primeiras histórias
Corpo de baile
Tutaméia ou terceiras histórias
Grande Sertão: veredas (romance): monólogo – Riobaldo – professor – jagunço
Chefe do bando – pacto demoníaco – Diadorim x Hermógenes

CLARICE LISPECTOR
Em termos mundiais, no ano de 1945 temos o final da 2ª Guerra e o início da bipolarização entre Prosa intimista, introspectiva
as forças socialistas e as forças capitalistas, naquilo que ficou conhecido como Guerra Fria. Com – Monólogo interior – fluxo da consciência
o término da conflagração, abre-se uma época de profundas mudanças geográficas, econômi-
cas, políticas, que culminariam na Guerra Fria entre as potências até então aliadas: de um lado, – Questões existenciais
o Oeste, representado pela Inglaterra, França e Estados Unidos; de outro, o Leste, pela URSS. – Epifanias do banal
(MOISÉS, M. História da literatura brasileira. Vol. 3: Desvairismo e tendências contemporâneas.
São Paulo: Cultrix, 2000, p. 370.) – Universo feminino doméstico

No Brasil, o país viverá o período desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek nos anos 50 e


depois do Golpe militar de 1964, teremos o período de duas décadas vivendo sob o comando de
Conto
uma ditadura militar, que só se encerraria com a reabertura democrática nos anos 80 do século Laços de família
passado. No ano de 1985, houve a eleição indireta do primeiro presidente civil, desde 64, Tancredo
Neves, que faleceu antes de assumir o cargo, ficando a presidência nas mãos de seu vice, José Felicidade clandestina
Sarney. Depois de o país ter sido governado por 5 anos por José Sarney, no ano de 1989, o Brasil
escolheu por voto direto Fernando Collor, presidente que não exerceria até o fim seu mandato, Romance
devido a um processo de impeachment, ocasionado por denúncias de corrupção.
Perto do Coração Selvagem
Já no romance e no conto brasileiros, o que veremos é uma divisão entre a prosa urbana e de
introspecção psicológica de Clarice Lispector e o regionalismo universal de Guimarães Rosa. Se a A Paixão segundo G.H.
primeira irá mergulhar nos processos de fluxo da consciência em seus contos e romances, o segundo irá A Hora da Estrela
plasmar uma linguagem extremamente peculiar para descrever um sertão mineiro mítico e transcendente.
TEXTOS DA PROSA DA 3ª GERAÇÃO
PROSADORES DA 3ª GERAÇÃO
INÍCIO DE GRANDE SERTÃO

GUIMARÃES ROSA – Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores
no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade.
Diplomata e vaqueiro Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu –; e
com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebi-
– Poliglota e místico
tado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo.
Sertão mineiro universal Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho
– Espaço: regional abusões. O senhor ri certas risadas (...)

– Temáticas: universais (o destino, o bem X mal) Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é
questão de opiniães... O sertão está em toda a parte.
Causos e estórias – inventadas
FINAL DE GRANDE SERTÃO
Bruxo das palavras:
E me cerro, aqui, mire e veja. Isto não é o de um relatar passagens de sua vida, em toda admi-
Língua regional + erudita + arcaica + estrangeira + neologismos ração. Conto o que fui e vi, no levantar do dia. Auroras. Cerro. O senhor vê. Contei tudo.
Prosa poética
4  5

Agora estou aqui, quase barranqueiro. Para a velhice vou, com ordem e trabalho. Sei de mim?
Cumpro. O Rio de São Francisco – que de tão grande se comparece – parece é um pau grosso, em PRINCIPAL POETA
pé, enorme... Amável o senhor me ouviu, minha idéia confirmou: que o Diabo não existe. Pois não?
O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que
eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia. JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia - a covardia é o Poeta engenheiro – cálculo
que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo – Racional – hermético
que só a grande coragem me leva a aceitá-la -, na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na
casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que – Antilirismo – antissentimental
provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira – Elidir O Eu
de que vivo. Até agora achar-me era já ter uma idéia de pessoa e nela me engastar: nessa essoa organizada
Antimusical – verso substantivo
eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esforço de construção que era viver. A idéia que eu fazia
de pessoa vinha de minha terceira perna, daquela que me plantava no chão. Mas e agora? estarei mais livre. – Dureza e concisão – Graciliano Ramos
(A PAIXÃO SEGUNDO G.H) 2 águas:
A poesia e o social (sem ser socialista)
3ª GERAÇÃO DA POESIA MODERNISTA (1945)
2 espaços:
A 3ª geração modernista – ao menos na poesia – irá romper com o ideário de 22. Nesta fase, que
Sevilha – Recife (regional sem ser regionalista)
tem início em 1945, principalmente em poetas como João Cabral de Melo Neto, haverá um retorno a cer-
tos princípios muito caros aos parnasianos como o zelo com a rima, a métrica e a correção da língua.
Claro que a poesia de João Cabral irá muito além do descritivismo frio e da técnica muitas vezes vazia dos Obras
parnasianos. Todavia, é inegável que, ao propor uma poesia que retome um rigor formal, João Cabral
estaria mais próximo de Olavo Bilac do que de Oswald de Andrade (isso tão somente em termos formais ou Pedra do sono
de projeto estético, sem levar em consideração questões temáticas e assim por diante). Educação pela pedra
Por essa ruptura da poesia com as ideias de 22 e por essa divisão temática e estilística da prosa nas Uma faca só lâmina
duas vertentes bem distintas de Clarice e Guimarães é que muitos teóricos chamam a geração de 45 de
Cão sem plumas – Rio Capibaribe
pós-modernismo, já outros preferem ainda filiar esta fase ao modernismo chamando-a de neomoder-
nismo, como o crítico Tristão de Ataíde. Entretanto, em relação a esses autores é classificá-los como per- Morte e vida severina
tencentes à 3ª geração do modernismo, ou ainda geração de 45. Outro ponto controverso é delimitar até
– Severino – Caatinga x Recife – Vida x Morte
quando se estenderá esta geração. O mais comum – porém insuficiente – é dizer que perdura até os dias
atuais. O que talvez seja mais correto seja dizer que a geração de 45 se estenderia até as décadas de 60 ou
70, mas com escolas que se desenvolvem paralelas a ela como o Concretismo nos anos 50, a poesia social TEXTOS DE JOÃO CABRAL
e a poesia marginal nos anos 60, 70 e 80.
A educação pela pedra
CARACTERÍSTICAS DA POESIA DA 3ª GERAÇÃO
Uma educação pela pedra: por lições;
ͫ Rompimento com a geração de 22
para aprender da pedra, freqüentá-la;
ͫ PÓS-modernismo captar sua voz inenfática, impessoal
ͫ Neoparnasianismo (pela de dicção ela começa as aulas).
ͫ Rigor formal A lição de moral, sua resistência fria
ͫ Recusa do verso livre e branco ao que flui e a fluir, a ser maleada;

ͫ Língua padrão a de poética, sua carnadura concreta;

ͫ Abandono da língua brasileira a de economia, seu adensar-se compacta:


lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
(...)
6 Exercícios 7

e de rigor formal (rigor formal)


Fala final do mestre Carpina
Não é regionalista (não é não)
É difícil defender,
mas fala do sertão (do sertão)
Só com palavras, a vida,
Verso substantivo (substantivo)
Ainda mais quando ela é
Esta que vê, severina; sem adjetivação (adjetivação)

Mas se responder não pude


PROSA DA 3a GERAÇÃO
À pergunta que fazia,
Ela, a vida, a respondeu
(TEMPOS MODERNOS)
Com sua presença viva:
Eu vou falar pra você do romance,
E não há melhor resposta
Da prosa da 3a geração
Que o espetáculo da vida
Vê-la desfiar seu fio, Do Modernismo

Que também se chama vida, Então, calouro, preste atenção!


Ver a fábrica que ela mesma, Eu vou falar de Clarice Lispector
Teimosamente, se fabrica, De Epifania e de Introspecção
Vê-la brotar, como há pouco, Existencialismo, mundo feminino em ação
Em voa vida explodida; E
Mesmo quando é assim pequena
u vou falar do Bruxo das Palavras
A explosão, como a ocorrida;
Sertão mineiro e universal
Mesmo quando é uma explosão
Causos e estórias – luta entre o bem e o mal
Como a de há pouco, franzina;
SAGARANA E TUTAMÉIA,
Mesmo quando é a explosão
De uma vida severina TAMBÉM GRANDE SERTÃO,
OBRAS DE GUIMARÃES
E A HORA DA ESTRELA, MEU,
LETRAS PARÓDIAS DE LITERATURA A PAIXÃO SEGUNDO G.H.,
TWIST DA 3a GERAÇÃO PODE CRER, SÃO DE CLARICE, SIM!
(TWIST AND SHOUT)
3a Geração (geração)
do Modernismo (Modernismo) EXERCÍCIOS
Busca da Perfeição (Perfeição) 1. (UNISC – 2016) Relacione os autores listados abaixo com as informações apresentadas a seguir.
Neoparnasianismo (Parnasianismo) 1. Oswald de Andrade
Em 45 (45) 2. João Guimarães Rosa

o nome é João Cabral (João Cabral) 3. Clarice Lispector


4. Graciliano Ramos
Poeta “engenheiro” (engenheiro)
8 Exercícios 9

5. Jorge Amado Você lerá no texto abaixo um trecho do poema “Morte e vida severina”, de João Cabral de
Melo Neto, importante poeta pernambucano da Geração de 45 do Modernismo brasileiro. No
( ) Escreveu o romance Grande sertão: veredas, relevante obra da terceira geração do Modernismo
excerto, um retirante chamado Severino, protagonista da obra, encontra dois homens que estão
brasileiro. carregando um defunto numa rede.
( ) É de sua autoria o romance Memórias sentimentais de João Miramar. Texto
( ) Vidas Secas é uma de suas obras mais conhecidas. “— A quem estais carregando, irmãos das almas, embrulhado nessa rede? Dizei que eu saiba.
( ) Escreveu romances importantes da nossa literatura, tais como Capitães de areia e Gabriela cravo — A um defunto de nada, irmão das almas, que há muitas horas viaja à sua morada.
e canela. — E sabeis quem era ele, irmãos das almas, sabeis como ele se chama ou se chamava?
( ) A paixão segundo GH é um exemplo da sua prosa intimista e psicológica. — Severino Lavrador, irmão das almas, Severino Lavrador, mas já não lavra.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: — E de onde que o estais trazendo, irmãos das almas, onde foi que começou vossa jornada?
a) 3 – 4 – 2 – 1 – 5. — Onde a Caatinga é mais seca, irmão das almas, onde uma terra que não dá nem planta brava.
b) 2 – 1 – 4 – 5 – 3. — E foi morrida essa morte, irmãos das almas, essa foi morte morrida ou foi matada?

c) 5 – 3 – 4 – 1 – 2. (...)
— E quem foi que o emboscou, irmãos das almas, quem contra ele soltou essa ave-bala?
d) 2 – 5 – 1 – 3 – 4.
— Ali é difícil dizer, irmão das almas, sempre há uma bala voando desocupada.
e) 4 – 3 – 5 – 1 – 2.
— E o que havia ele feito irmãos das almas, e o que havia ele feito contra a tal pássara?
2. (UFPE – 2012) A Semana de Arte Moderna deu início a uma revolução nas artes no Brasil, incluindo
— Ter um hectare de terra, irmão das almas, de pedra e areia lavada que cultivava.
a literatura. A partir de então, adotamos os preceitos de vanguarda através de várias correntes
que modificaram definitivamente a linguagem literária no nosso país. Considerando esse contexto — Mas que roças que ele tinha, irmãos das almas que podia ele plantar na pedra avara?
histórico, analise os itens abaixo. — Nos magros lábios de areia, irmão das almas, os intervalos das pedras, plantava palha”.

( ) No Modernismo, várias vanguardas se constituíram com ousadias formais e temáticas. Na ficção 3. (ENEM – 2013) Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula
literária, essas tendências exerceram influência, por exemplo, por meio da liberdade de expressão, da e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e
incorporação do cotidiano, da linguagem coloquial, da ambiguidade, da paródia, das inovações técnicas, havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
como a escrita automática e o fluxo da consciência. […] Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever. Como
( ) Na primeira fase do modernismo brasileiro, Mário de Andrade foi muito versátil, interessando-se por começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já
havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato.
tudo que dissesse respeito ao Brasil. Macunaíma, o Herói sem Nenhum Caráter, apela para o suporte
Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade?
mitológico da lenda indígena, transfigurada pelo escritor. No entanto, falha no propósito de identificar Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
o herói com o povo brasileiro.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio
( ) Tendo pertencido à geração de 30, Carlos Drummond de Andrade é considerado nosso poeta maior.
venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde
De linguagem seca e simples, no início chocou o público leitor com seu poema inusitado e sem senti- saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria
mentalismo, No Meio do Caminho, onde o anedótico mascara uma reflexão existencial. o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes.
( ) O romance regionalista de 30 foi muito influenciado pelo Manifesto Regionalista de Gilberto Freire, LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1988 (fragmento).
lançado em 1926, e tinha como principal característica expressar os valores regionais numa linguagem
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector,
fora dos padrões, no que dava continuidade à vertente aberta por Oswald de Andrade em sua obra culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa
romanesca. peculiaridade porque o narrador:
( ) João Guimarães Rosa e Clarice Lispector foram duas grandes figuras da terceira fase do modernismo a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e
brasileiro. A primeira fazia, em sua prosa, uma espécie de ‘recriação linguística’, para expressar sua às personagens.
leitura mística do sertão. A segunda, por sua vez, introduziu nas letras brasileiras uma prosa de son-
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos
dagem interior, valendo-se, para tanto, do fluxo da consciência e de metáforas insólitas.
que a compõem.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
10 Exercícios 11

d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe.
palavras exatas. A tarefa de Olímpico tinha o gosto que se sente quando se fuma um cigarro acendendo-o do lado
errado, na ponta da cortiça. O trabalho consistia em pegar barras de metal que vinham deslizando
e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de cima da máquina para colocá-las embaixo, sobre uma placa deslizante. Nunca se perguntara por
de ficção. que colocava a barra embaixo. A vida não lhe era má e ele até economizava um pouco de dinheiro:
dormia de graça numa guarita em obras de demolição por camaradagem do vigia.
4. (IFPE – 2012) No que tange à utilização de figuras de linguagem para a construção dos sentidos
presentes no texto, analise as proposições verdadeiras e falsas. 6. (UFTM – 2012) Uma característica que A hora da estrela compartilha com outros textos
I. Em “... essa foi morte morrida ou foi matada?”, tem-se um pleonasmo que foi utilizado como
produzidos pelo Neomodernismo brasileiro (ou Geração Modernista pós 1945) é:
recurso enfático do tipo de morte ao qual foi acometido o lavrador. a) o enfoque histórico, retratando o passado brasileiro.
II. Em “Ali é difícil dizer, irmão das almas, sempre há uma bala voando desocupada”, foi utilizada b) o propósito nacionalista, com heróis idealizados.
uma figura de linguagem conhecida como personificação.
c) o uso de uma linguagem distante do cotidiano.
III. Ainda em relação ao mesmo verso, poder-se-ia utilizar uma conjunção explicativa, a exemplo de
d) a criação de personagens burlescos e pouco complexos.
“pois” ou “porque”, antes da palavra “sempre”.
e) o tom intimista, de investigação psicológica.
IV. Tem-se, no décimo verso transcrito, “... o que havia ele feito contra a tal pássara?”, em que
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
“pássara” foi utilizada como uma metáfora para “bala”.
Tudo o que aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase nada.
V. Pode-se afirmar que em “Nos magros lábios de areia” ocorre uma hipérbole, figura de linguagem
que consiste em exagerar numa definição quando se pretende enfatizar um conceito. Mergulho enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é obscura. Estou
escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo
São verdadeiras, apenas: informa muito. Mas eu desconheço as leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das
a) I, II e V. palavras mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de palavras é
precedido por uma instantânea visão sem palavras, do pensamento – palavra que se seguirá, quase ime-
b) I, II, III e IV. diatamente – diferença espacial de menos de um milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei.
c) II, III e V. Clarice Lispector. Um sopro de vida.

d) III, IV e V. 7. (UFF – 2010) O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o momento
e) I e III. histórico em que ela escreve. Em outros momentos históricos, outras relações ocorreram.

5. (IFPE – 2012) A única alternativa verdadeira a respeito dos elementos retirados do texto é: Assinale a opção correta.

a) A expressão “irmãos das almas”, no primeiro verso, aparece entre vírgulas e desempenha a) O Modernismo relaciona-se com um modo de escrever que pretende discutir a criação literária
a função de sujeito da forma verbal “estais”, que aparece no mesmo verso. e produzir a simplicidade e a métrica do pastoralismo.

b) Em “Dizei que eu saiba”, ainda no primeiro verso, há uma forma verbal no imperativo que b) O Neoclassicismo relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal
poderia ter como sujeito o pronome pessoal “tu”. como ela era.

c) No quarto verso, com a expressão “mas já não lavra”, o autor quis estabelecer uma relação c) O Realismo relaciona-se com um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade,
de oposição entre a profissão e a situação em que “Severino Lavrador” se encontrava. pela sinestesia e pelas aliterações.

d) O adjunto adverbial “Ali”, em “Ali é difícil dizer...”, foi utilizado referindo-se ao tipo de morte d) O Simbolismo relaciona-se com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como
que teve o defunto. ela é.

e) Com “sabeis como ele se chama ou se chamava?”, no terceiro verso, o retirante demonstra e) O Romantismo relaciona-se com um modo de escrever que adota a estética da expressão
não ter certeza de que o homem na rede estava morto. do eu autoral.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 8. (UFU – 2017) Leia as informações a seguir e marque a alternativa INCORRETA.
Leia o trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector. a) O trecho de Guimarães Rosa: “Mas, aí, o carreiro, o Agenor Soronho, homenzão ruivo, de mãos
Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele não se sardentas, muito mal-encarado, passou rente ao papa-mel, que estremeceu, ao ver-se ao
chamava de “operário” e sim de “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com a posição social dele alcance do ferrão temperado da vara de carrear” exemplifica como o escritor explora a
porque também tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo. Mas oralidade da linguagem não-letrada.
12 GABARITO 13

b) O pré-modernismo, de Lima Barreto, caracteriza-se pela presença de um espírito crítico que


vai além do campo ideológico. O escritor se insurge contra o estilo clássico de linguagem, GABARITO
como se observa neste trecho: “Toda a manhã, ele ia lá e já via o milharal crescido com o
seu pendão branco e as suas espigas de coma cor de vinho, oscilando ao vento”. 1. B

c) A linguagem de Clarice Lispector, por se comprometer com a sondagem da condição O romance Grande sertão: veredas é considerado a obra-prima de João Guimarães Rosa,
humana, exerce, primordialmente, uma função referencial, como neste trecho: “Mas cujos contos e romances foram ambientados no sertão brasileiro e pertenceram à terceira
de repente foi aquele voo de vísceras, aquela parada de um coração que se surpreen- geração do Modernismo.
de no ar, aquele espanto, a fúria vitoriosa com que o banco a precipitava no nada e Memórias Sentimentais de João Miramar, publicado em 1924, é de autoria de Oswald de
imediatamente a soerguia como uma boneca de saia levantada”. Andrade, poeta, romancista e dramaturgo do período inicial do Modernismo brasileiro. Trata-se
d) As atitudes linguísticas de Drummond evidenciam o apreço que o poeta moderno tem pela de um romance importante para a renovação da ficção brasileira.
linguagem, o que o leva a converter tendências da linguagem prosaica em experiências poé- Vidas Secas é uma das obras mais conhecidas de Graciliano Ramos, autor da segunda fase do
ticas, como é o caso da repetição nestes versos: “É preciso casar João, // É preciso suportar Modernismo, publicada em 1938. O romance, a exemplo também de São Bernardo, retrata as
Antônio, // É preciso odiar Melquíades, // É preciso substituir nós todos.” agruras da vida do homem nordestino.
9. (UFRGS – 2014) Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao João Cabral de Melo Neto. Jorge Amado, autor de Capitães de areia (1937) e Gabriela cravo e canela (1958), é um escritor
da segunda fase do Modernismo brasileiro que, assim como Graciliano Ramos, destacou-se por
a) É autor de poemas arquitetados segundo modos de composição que não privilegiam a ex-
seus romances regionalistas e de forte cunho social.
pressão emotiva do eu-lírico.
Clarice Lispector é uma escritora da terceira geração modernista – assim como Guimarães Rosa
b) A sua poesia caracteriza-se por seguir as inovações formais do Modernismo e por resgatar
–, cujo traço estilístico mais marcante é a prosa intimista e psicológica. A paixão segundo GH,
um regionalismo já presente na obra de Alencar.
romance publicado em 1964, exemplifica essas tendências.
c) Do conjunto da sua obra, em grande parte traduzida para diferentes idiomas, destacam-se “A
Educação pela Pedra”, “O Cão sem Plumas” e “O Rio”. 2. V-F-V-F-V

d) Escreveu “Morte e Vida Severina”, texto que foi musicado por Chico Buarque de Holanda. O segundo e o quarto parágrafos contêm afirmações falsas. Em “Macunaíma”, obra em
que se fundem lendas indígenas e vida brasileira cotidiana, Mário de Andrade incorpora
e) Por meio de uma linguagem objetiva e visual, os seus poemas apresentam paisagens, cos-
ao herói a essência do brasileiro. Como não tem preconceitos e não se prende à moral
tumes e personagens do contexto nordestino brasileiro.
de uma época, o herói concentra em si próprio todas as virtudes e defeitos que nunca
10. (UFRN – 2014) A questão a seguir refere-se às obras “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Gui- se encontram reunidos em um único indivíduo. A montagem do caráter de Macunaíma,
marães Rosa (1946), e “A hora da estrela”, de Clarice Lispector (1977). síntese de um presumido modo de ser brasileiro, apoia-se na obra “Retrato do Brasil” de
Paulo Prado, numa tentativa de definição de um caráter nacional, que o autor descreve
As duas obras representam a narrativa brasileira posterior ao Modernismo, no sentido de que já não
se relacionam diretamente ao chamado “romance social” ou “romance do Nordeste”. como luxurioso, ávido, preguiçoso e sonhador. O romance regionalista de 30 afastou-se
das ousadias experimentalistas do gênero de “Memórias Sentimentais de João Miramar”
Sobre essas obras, é correto afirmar que:
de Oswald de Andrade, voltou-se para a denúncia da realidade social brasileira e, para
a) o vocabulário sertanejo figura como modo de resistência das personagens aos valores tal, fez uma retomada parcial das características do Realismo/Naturalismo, razão pela
urbanos. qual também é denominada de neorrealista.
b) articulam, em universos distintos, elementos que tradicionalmente eram material do 3. C
regionalismo.
Em A hora da estrela, Clarice Lispector cria um personagem, autor-narrador, que fala de
c) o pitoresco regional surge principalmente como forma de resistência à vida moderna. sua própria obra e busca nela e, com ela, conhecer-se. O uso da função metalinguística e
d) produzem um novo regionalismo, mas as personagens ainda se caracterizam como tipos a linguagem intimista reveladora de conflitos existenciais ( “Os dois juntos — sou eu que
rurais. escrevo o que estou escrevendo”) revelam a busca de uma resposta que parece inatingível.

4. B
Todas são verdadeiras, exceto a proposição V, pois em “lábios de areia” existe uma cata-
crese, figura de linguagem que consiste na utilização de uma palavra ou expressão que
não descreve com exatidão o que se quer expressar, mas é adotada por não haver uma
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outra palavra apropriada. No caso, o autor refere-se às bordas de pequenas fendas que
as poucas plantas da caatinga abrem na terra árida, “nos intervalos das pedras”.

5. C
São incorretas as opções A, B, D e E.
A: a expressão “irmãos das almas” configura um vocativo;
B: a forma verbal “dizei” constitui oração com sujeito desinencial, que poderia ser explicitado
com o pronome pessoal “vós”;
D: o adjunto adverbial “ali” refere-se ao local onde Severino Lavrador foi morto;
E: o retirante altera o tempo verbal de presente para pretérito imperfeito por saber que Severino
está morto e, por isso, já não poder ser chamado por ninguém.

6. E
O Neomodernismo brasileiro caracteriza-se, sobretudo, pela reinvenção do código linguís-
tico de cunho instrumentalista nos romances de Clarice Lispector e João Guimarães Rosa,
entre outros. A sondagem do mundo interior dos personagens adquire valor generalizante
na busca de explicações existenciais, em tom intimista e de investigação psicológica.

7. E
A representação idealizada da vida pastoril está vinculada ao Neoclassicismo, estética que
rejeitou a arte barroca que o antecedeu, o que invalida as opções [A] e [B]. Também [C]
e [D] são incorretas, pois apresentam características do Simbolismo e Realismo de forma
invertida. É correto o que se afirma em [E], pois, no Romantismo, o autor expressa um
“eu” muito especial, cujos sentimentos, emoções e pensamentos devem ser interpre-
tados como manifestações da inspiração de um gênio, ser dotado de um dom especial,
intermediário dos mortais com entidades superiores divinas.

8. C

9. B

10. B

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