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ANNO I - NUMERO 2 500 rs.

JUNHO - 1928

Revista de Antropofagia
Direcção de A N T Ô N I O D E A L C Â N T A R A M A C H A D O Gerencia etc. de R A U L BOPP

ENDEREÇO: 13, RUA BENJAMIM CONSTANT - 3.» PAV. SALA 7 - CAIXA POSTAL N.° I.269 SAO PAULO

INCITAÇÃO AOS CANIBAIS imenso: país descoberto por acaso é justo que
continue entregue ao acaso dos acontecimentos.
O atraente parteiro, professor, acadêmico e Mesníoj porque a gente não tem tempo para per-
orador doutor Fernando de Magalhães esteve há der com bobagens: Camões absorve todos os mi-
dias em São Paulo onde falou sobre o feminismo, nutos inteligentes.
deu uma lição de obstetrícia e concedeu uma Esse antropófago que vem desde o nasci-
entrevista. mento desta terra (há um testamento de ban-
É essa entrevista que merece ser conhecida. deirante escrito numa folha manuscrita do Os
O doutor Fernando fêz nela a apologia entusias- lusíadas) devorando com delícia as gerações
mada da Sociedade Brasileira de Educação. Socie- nacionais precisa por sua vez ser deglutido. É
dade benemérita, sociedade utilíssima, sociedade urgente pôr boi tão gordo na boca da sucuri bra-
isto, sociedade aquilo. A prova? Aqui está (pa- sileira. E que sirva de aperitivo a Sociedade
lavras textualíssimas): A biblioteca da Associa- Brasileira de Educação. Para. rebater, a sobre-
ção — acentuou — ê o que há de mais perfeito mesa será o doutor Fernanda que é manjar
no gênero, como ordem e como método na sua doce e fino. Antônio de Alcântara Machado
organização. Uma de suas secções, por exemplo,
a biblioteca infantil, exigiu um trabalho enorme O ESTRANGEIRO
de paciência e perspicácia. Necessitou-se de um
Eu encontrei um homem vermelho
inquérito entre as crianças para se saber quais 'os Falando uma lingua que eu não sabia...
livros preferidos, chegando-se a resultados estu- Pelos seus gestos entendi que ele achava
Minha terra muito bonita.
pendos. Uma criança de 12 anos, por exemplo, Apontava p'ra luz do sol muito f o r t e . . .
a qual perguntou-se qual o livro preferido, res- P'ras arvores muito verdes...
P'ras agitas muito claras...
pondeu, prontamente: "Lusíadas" de Camões. P'ro céo muito c l a r o . . .
Ora, ora, ora, ora. Que brincadeira é essa?
Então o raio do menino com doze anos de idade Eu tive vontade que cie entendesse a minha fala
P'ra lhe dizer:
já é assim tão imbecilzinho que prefere Camões
a Conan Doyle? E é isso que se chama resultado — Marinheiro provera Deus que você fosse
Pelos nossos sertões...
estupendo? Você via os campos sem f i m . . .
O doutor Fernando quiz troçar com a gente. As serras tirriives todas cheias de m a t o s . . .
Os rios cheios muito bonitos...
Não tem que ver. Menino que chupa Camões Os rios secos muito bonitos...
como se fosse pirolito de abacaxi não é menino: é Você comia commigo umbuzada gostosa...
monstro. Mas que monstro: toda uma coleção O leite com girimum...
Curimatan fresca com molho de pimenta de cheiro...
teratológica. É também para guris desse quilate Você via como a gente trabalha sol a sol
( e n ã o SÓ p a r a OS p e r a l t a s ) q u e existe chinelo Esquecido da fome e esquecido das coisas
i , . Bonitas de seus mundos..
de sola dura. Ver como vaqueiro rompe mato fechado
E se lasca perseguindo a rês
PÕe a gente triste verificar que um fenô- Por riba dos lagêdos
meno assim é como não podia deixar de ser bra- Chega os cascos federem a chifre queimado...
sileiro. Já nò grupo escolar a molecada indígena Ver o vaqueiro planta a mão na bassoura da rês
E ela virá mocotó...
ouve da boca erudita de seus professores que o
Brasil foi descoberto por acaso e Camões é o — Marinheiro, se você soubesse a minha fala
Eu haverá de levar você p'ro meu sertão...
maior gênio da raça. A molecada cresce certa
(Natal) . Jorge Fernandes
dessas duas verdades primarciais. Daí o mal
" E S P É C I E D E AFERRAÇÃO MENTAL, QUANDO
ANTROPOFAGIA: SE DÁ N O HOMEM CIVIL1SADO".
ÍDR FREI DOMINGOS V I E I K A - G R A N U E DICCIONARIO PORTUGUEZ)
Revista de Antropofagia

LÍRICA IDIL-IO
Um repórter modelo de certo jornal paulista, conse-
A ELEITO SOARES
guiu sensacional reportagem na cadeia publica. Para lá
O meu amor, rapazes, sntrar recorreu a um meio muito simples; boliu com
grilos (os mais pelintras, aqueles que usam polainas que
é uma lindeza de morena bonita
foram brancas e luvas furadas na ponta dos dedos)
das matas de minas gerais!
resultando para ele tremenda surra, seguida de alguns
De dia meu amor vai pro serviço cantando cantando! dias de cana brava.
e que friume não me faz por dentro, gente, vel-a cantar Vamos agora dar a palavra ao exforçado recordista
[assim! das reportagens sensacionaes:
Meu amor é mais alegre que o sol!
...e na mansão de dores moraes, talvez mais
Mais alegre que os córgos da minha terra!
profundas do que as dores físicas, deparou-
Mais alegre que a passarada da minha terra a cantar!
se-nos comovedor espetáculo. Formára-se entre
Meu amor disse que gosta muito de mim... as lobregas paredes, entre rexas de ferro e
Eu acredito — palavra! — mas desconfio também oortas inexoráveis, um doce, e puro idílio.
como bom mineiro que se preza como eu. O mais antigo dos presos, que pelo seu com-
Porém, portamento exemplar gosava de urna! certa
a gente não deve botar a mão no fogo não. Dizem... liberdade, apaixonara-se pela mais comportada
Eu boto! das detentas. Tinham combinado o casamento,
Isto é, eu toco üa mão no fogo para quando saíssem da prisão, e já escolhido
mas deixo outra de reserva... as testemunhas. Todos na cadeia se referiam
com simpatia ao projeto. Ela aí fora ter por-
(Cataguases) que cometera vários infanticídios, triste fruto
— do "Fructa-de-conde" — da época de depravação moral em que vive-
mos e da falta de proteção em que o governo
Rosário Fusco deixa as jovens incautas que a vida das gran-
des cidades rodeia de insídias. Êle matara as
duas esposas que sucessivamente tivera, a pri-
meira devido a deslizes conjugaes, a segunda
Homisio por incompatibilidade de gênios. Um dos
padrinhos cortara a mãe dele (padrinho) em
pedacinhos. Outro era especialista em1 assas-
sínios de tocaia: matara 20 pessoas em 10 dias,
até que a policia resolveu tardiamente — como
Para Raul Bopp sempre — cortar-lhe a vocação. Etc etc
Nesta baiúca
Coberta de sapé Continuava por aí afora o exforçado repórter. Não
resta duvida que ele revela um caso de conseqüências
Esteve homisiado o Caburé
inquictantes para almas sensíveis, visto aparentarem as
Que matou o Zé Jucá no vaiado. futuras solenidades nupciaes, desfecho possivelmente
Passava a passóca antropofágico.
E mingau de mandioca, Yan de Almeida Prado
Potranca sempre pronta no potreiro
Do terreiro. Arisco como uma paca,
Picava fumo com a faca,
Cuava café no tripé pra beber no coité. ESTE M Ê S :
Um cabo escondeu no serrado LARANJA DA CHINA
Com um soldado, e com cerrado tiroteio DE
— Tiro foi e tiro veiu —
Deram cabo, Antônio de Alcântara Machado
Cabo e soldado, E
Do costado do coitado.
MACUNAÍMA
Dos CANTOS MUNICIPAIS ' (HISTÓRIA)
(Minas) DE
Pidelis Florencio Mario de Andrade
Revista de Antropofagia

ENTRADA DE "MACUNAÍMA"
MARIO DE ANDRADE

No fundo do mato-virgem nasceu Ma- dormindo que a mãi principiasse o traba-' cunaima pediu um pedaço de curauá pro
cunaíma herói da nossa gente. Era preto lho. Então pediu pra ela. que largasse de mano porém Jigué falou que aquilo não
retinto e filho do medo da noite. Houve tecer o paneiro de guarumá-membeca e le- era brinquedo de criança. Macunaima prin-
um momento em que o silêncio foi tão vasse êle no mato passear. A mãi não quis cipiou chorando outra ves e a noite ficou
grande escutando o murmurejo do Urari- porquê não podia largar o paneiro não. bem diiicil de passar pra todos.
coera que a india tapanhumas pariu uma E pediu prá nora, companheira de Jiguè No outro dia Jiguê levantou cedo pra
criança feia. Essa criança é que chamaram que levasse o menino. A companheira de fazer armadilha e .enxergando o menino
de Macunaima. Jiguè era bem moça e chamava Sofará. tristinho falou:
Já na meninice fez — Bom-dia, cora-
coisas de sarapantar. çãozinho dos outros.
De primeiro passou Porém Macunaima
mais de seis anos fechou-se em copas
não falando. Si o carrancudo.
incitavam a falar ex- — Não quer falar
clamava : comigo, é?
— Ai 1 que pre- — Estou de mal.
guiça I . . . — Por causa?
E não dizia mais Então Macunaima
nada. Ficava no can- pediu fibra de cura-
to da maloca trepa- uá. Jiguê olhou pra
do no girau de pa- êle com ódio e men-
xiúba espiando o dou a companheira
trabalho dos outros arranjar fio pro me-
e principalmente os nino. A moça fez.
dois manos que ti- Macunaima agrade-
nha, Maanape já ve- ceu e foi pedir pro
lhinho e Jiguè na pai-de-terreiro que
força do homem. trançasse uma corda
O divertimento dele pra êle e assoprasse
era decepar cabeça bem nela fumaça de
de saúva. Vivia dei- petum.
tado mas si punha Quando tudo es-
os olhos em dinhei- tava pronto Ma-
ro Macunaima dan- cunaima pediu prá
dava pra ganhar mãi que deixasse o
vintém. E também cachirí fermentando
espertava quando a e levasse êle no ma-
família ia tomar ba- to passear. A velha
nho no rio, todos não podia por causa
juntos e nus. Pas- do trabalho mas a
sava o tempo do companheira de Ji-
banho dando mer- guê mui sonsa falou
gulho e as mulheres prá sogra que "es-
soltavam gritos go- tava ás ordens". E
sados por causa dos foi no mato com o
guaiamuns diz que piá nas costas.
habitando a agua- Desenho de MARIA CLEMÊNCIA — (Buenos-Aires) Quando o botou
doce por lá. No mo- nos carurús e soro-
cambo si alguma rocas da serrapi-
cunhatã se aproxi- lheira o pequeno foi
mava dele pra fazer festinha, Macunaima Foi se aproximando ressabiada porém desta crescendo e viruo príncipe. Falou pra So-
punha a mão nas graças dela, cunhatã se vez Macunaima ficou muito quieto sem bo- fará esperar um bocadinho que já voltava
afastava. Nos machos guspia na cara- tar a mão na graça de ninguém. A moça pra brincarem e foi no bebedouro da anta
Porém respeitava os velhos e freqüentava carregou o piá nas costas e foi até o pé armar um laço. Nem bem voltaram do pas-
com aplicação a murúa a poracê o torê a de aninga na beira do rio. A água parará seio, tardinha, Jiguê já chegava também
cucuicogue, todas essas dansas religiosas pra inventar um ponteio de gôso nas fo- de prender a armadilha no rasto da anta.
da tribu. lhas do javari. O longe estava bonito com A companheira não trabalhara nada. Jigué
Quando era pra dormir trepava no ma- muitos biguás e biguatingas avoando na ficou fulo e antes de catar os carrapatos
curú pequeninho sempre se esquecendo de entrada do furo. A moça botou Macunaima bateu nela muito. Mas Sofará agüentou a
mijar. Como a rede da mãi estava por de- na praia porém êle principiou choramin- coca com paciência.
baixo do berço o herói mijava quente na gando, que tinha muita formigal...e pediu No outro dia a arraiada inda estava aca-
velha, espantando os mosquitos bem. Então pra Sofará que o levasse até o derrame bando de trepar nas árvores, Macunaima
adormecia falando palavras-feias imorali- do morro lá dentro do mato. A moça acordou todos, fazendo um bué medonho,
dades estrambolicas e dava patadas no ar. fez. Mas assim que deitou o curumim nas que fossem! que fossem no bebedouro bus-
Nas conversas das mulheres no pino do tiriricas e trapoerabas da serrapilheira êle car a bicha que êle caçara!... Porém nin-
dia o assunto era sempre as peraltagens botou corpo num átimo e ficou um prín- guém não acreditou e todos principiaram
do herói. As mulheres se riam, muito sun- cipe lindo. Andaram por lá muito. o trabalho do dia.
patisadas falando que "espinho que pinica, Quando voltaram prá maloca a moça pa- Macunaima ficou muito contrariado e
de pequeno já trez ponte" e numa page- recia muito fatigada de tanto carregar piá pediu pra Sofará que desse uma chegada
lança Rei Nagô fez um discurso e avisou nas costas. Era que o herói tinha brincado no bebedouro só pra ver. A moça fez e
que Macunaima era muito inteligente. muito com ela... Nem bem deitou Ma- voltou falando pra todos que de fato estava
Nem bem teve seis anos deram água cunaima na rede Jiguê já chegava de pescar no laço uma anta muito grande j i morta.
num chocalho pra êle e Macunaima prin- de puçá e a companheira não trabalhara Toda a tribu foi buscar a bicha, matu-
cipiou falando como todos. E pediu prá mai nada. Jigué enquisilou e depois de catar tando na inteligência do curumim. Quando
que largasse da mandioca ralando na ce- os carrapatos deu nela muito. Sofará Jiguè chegou com a corda de curauá vazia
vadeii» e levasse êle passear no mato. A agüentou a sova sem falar um isto. encontrou todos tratando da caça. Ajudou.
mãi não quis porquê não podia largar da Jiguê não desconfiou de nada e começou E quando foi pra repartir não deu nem
mandioca não. Macunaima choramingou trançando corda com fibra de curauá. Não um pedaço da carne pra Macunaima, só
dia inteiro. De-noite continuou chorando. vê que encontrara rasto fresco de anta e tripas. O herói jurou vingança.
No outro dia eBperou com o olho esquerdo queria pegar o bicho na armadilha. Ma- Etc.
Revista de Antropofagia

UM ROETA
Cassiano Ricardo — MARTIM CERERE — S. Paulo — 1928.

Alartim Cereri não è livro inteiramente Cereri a isente verifica isso facilmente: do este ótimo poeminha chamado Lua cheia
novo. Há nele várias poesias do Vamos espirito moderno que é universal o poeta n. 1:
caçar papagaios (com uma ou outra modi- aceita pouca cousa. Mas o tema Brasil do
ficação ligeira) e outras cujos temas já modernismo o seduz. Boião d* leite
foram explorados pelo próprio poeta em que a noite leva
Por causa dele chegou a romper com o
seus livros anteriores. O mesmo acontece com mãos de treva
seu próprio passado literário. Na lista de
com certas imagens e certos achados pra não sei quem beber.
suas obras publicadas contante do livro
verbais.
de agora não figuram A frauta de Pan,
Isso mostra que Cassiano continua ba- Jardim das Hespérides e os outros dois Mas que embora levado
tendo na tecla Brasil. Permanece o poeta do volumes anteriores a 1925. Esse repúdio muito de vagorinho
descobrimento e da colonização sobretudo. aliás não tem razão de ser. E constitue vai derramando pingos brancos
Poeta oratório (o que denuncia sua brasi- uma injustiça: A frauta de Pan principal- pelo caminho...
-lidade), e descritivo. Quando oratório ou
mente tem versos que são dos melhores do
quando descritivo sempre fortemente elo- Gosto tanto dessa gostozura que ouso
parnasianismo brasileiro.
qüente. pedir a Cassiano que não se esqueça de
O caso de Cassiano Ricardo é um caso Pelo que já ficou dito lá no principio molhar seus livros futuros nesse mesmo
á i-arte na nossa literatura actsal. Cassiano é evidente a imposibilidade de criticar Mar- leite gorduroso e cheiroso. Puro lirismo
até 1925 foi inimigo violento da reação tim Cereri sem repetir uma a uma as cri- sem água.
moderna. Depois (era fatal) se conver- ticas (elogios e reparos) que já merece- Marfim Cereri foi impresso com bas-
teu. Houve nisso um missionário irresis- ram abundantemente Borrões de verde e tante cuidado. Além disso tem bonitas ilus-
tível : o Brasil. Se o movimento moderno amarelo e Vamos caçar papagaios. trações de Di Cavalcanti. Algumas mais
entre nós não tivesse assumido também Eu que mesmo nos novos sempre pro- que bonitas até: a da capa; a da página
uma feição nacionalista acredito que Cas- curo o novo, o que é novo na novidade 19 e outras.
siano continuase inimigo dele. No Marfim deles, me contento em reproduzir aqui A. DB A. M.

BRAZIL MATINAL
A tarde é uma rede vermelha e mole
E os nervos da gente esticados como cordas de violão
Vibram no fluido de volúpia que garoa devagarzitiho
Eu abri a janella
Das bandas meio escuras de onde o sol nasce...
Uma marrpoza começa a enlouquecer. a respirei fundamente a frialdade
(de quem será que eu tenho tanta sodade.)
Chorar.. .Ser homem! Não, homem não chora, nãol da manhã.
. . . a jaboticabeira se estorce
Ainda não arranjou pozição pra d o r m i r . . .
(a v i d a . . . ) Sob risadas de sinos,

Aquele mato deve estar cheinho de lobizóme... a cidade brincava de esconder


Dcrepente o primeiro apito da coruja! dentro da névoa.
Imobilidade.
(a gente suspira e pensa no destino...)
Silencio.
(Rio DK JANEIRO)
Mistério;
Os fantasmas vestidos de luar dansam...
Nossa Senhora, que medo!
MARQUES REBELLO
(Paraná)

BRASIL PINHEIRO MACHADO


Revista de Antropofagia

MADRUGADA
Do livro "Colônia Z e outros poemas"

A lancha da lenha vem chegando, ainda escuro,


mansa, com a sua tosse miúda de gazolina
e o seu motorzinho fumegando na popa.

Vem vindo na volta do rio.

Para traz, os matos cochilam na nevoa da madrugada


onde escorre a aza negra dos biguás.

Um silvo claro demora no ar.


Chegou.

A lenha veio coberta de folhas verdes, palmas, bambus,


e a lancha parou, em silencio, no meio do rio,
pequenina, esmagada, como uma formiga orgulhosa.

Rw Cirne Uma
(Porto Alegre) y

La irada úel amor paro


Hoy nuestras cabezas está» amparadas
por Ia sonrisa larga de los pescadores
y ei mistério de Ias guitarras
tremulas
en Ia fina oración de Ias manos.

Três marineros nos dan


Ia alegria de sus ojos azules
para Ia victoria audaz
de tu amor y el mio!

La frente de un violinista borracho


sostiene Ia inquietud de canciones
sonadas en el cielo de tu alma.

Las copas e esta noche


tienen el alto destino de los suefiosl

Que lámpara le robaré ai mar


para Ia gracia dei amor nocturno?

Datne, compafiera mia,


Ia fuerza de tu boca
que hace sonar Ia campana
de nuestras esperanzas!

(Mohtevideo)
/ FUSCO SANSONE
NICOLAS
Revista de Antropofagia

FIM DA UNHA SERENATA

Esse arrabalde chora. Cada casa € um


Alguém anda soltando a lua como um
leproso implorando a água, do cio. Bibó-
cas immundas, ranchinhos com cercas e balão cor de rosa lã nas ilhas fronteiras.
paredes de lata velha, remendados a tra- Evem a lua. Cáe balão 1 Não cie. A lua
pos, empastados de barro secco. Buracos vae passear no céo. O Guahyba, oleoso,
— ventiladores naturaes. Mas ha o con-
escuro, espera que a lua suba mais para
forto primitivo da liberdade.
Ao fundo, o morro vermelho engole imitá-la, invejando. Sobre o veleiro ador-
tudo na guela do barranco. mecido, um fanal sangra. Voz encacha-
Gira e vira a hesitação sentimental de çada arranha a noite:
um catavento que me faz recordar o Mar-
cello. Gama. Meu amô, meu triste atnó
Sobre uma cerca a impertinencia ama- Que jáááá morreu...
rella dos girasoes dourando tudo.
Olha o negrinhol Estuda a paisagem.
Riscou as canellas finas por causa das Serenata. Flauta, cavaquinho, violão.
motucas. Vem crescendo, tremelicando emoções
Curru páque pá páque. tremulas nas cordas, bambeando compas-
Anda a roda, criolinho-
sos bambos no violão, bebendo na flauta
Mulatas lavam roupa semeando no ar-
rolo nuvensinhas de sabão. um gole puro e melodiosa
Quando a gente vence a lomba, rola uma Alma dengosa da cidade, melancolia
chuva de seixos pela estrada e elles cahem mestiça, geme na rua a queixa dolente,
tó em baixo na lagoa morta com um mer- demdom.
gulho, nocturno: glu glu glu.
Longe, nos aratnaes, roupa lavada acena: A lua escuta, imraoveL Parece uma lan-
adeus... adeus... terna do cordão "Chora na esquina''.
Do livro "GAIMHSA Í S BOCA"

Porto Alegre

AUGUSTO MEYER

BREVEMENTE
EM TODAS AS LIVRARIAS:
REPUBLICA M arti m - Cererê
DOS VERSOS
DE
ESTADOS Cassiano Ricardo

UNIDOS
DO
BRASIL ESTA N O P R E L O :
Antologia de 4 poetas mineiros
VERSOS JOÃO ALPHONSUS
D E CARLOS DRUMOND DE ANDRADE
MENOTTI EMÍLIO MOURA
PEDRO NA VA

PICCHIA BELO-HORIZONTE - MINAS


Revista de Antropofagia

PORQUE AMAMOS OS NOSSOS FILHOS


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Ignacinho veio pedir-me uma victrola Fiz ver todas esas coisas a Ignacinho. lectivos. Na Faculdade de Medicina, até o
como presente do seu próximo anniver- Sem ferocidade, palavra- Minha intenção 6.* anno, seria o modelo dos candidatos a
sario. Os últimos acontecimentos não são era feril-o no seu orgulhosinho pubere, morticola. E na vida pratica — Ignacinho
de molde a justificar essa pretenção do de modo que elle renunciasse ostensiva- nesse momento chegou a pensar na vida
meu querido filho e companheiro. Presen- mente á victrola, poapando-me a dor de pratica — seria o morticola mais brilhante
tes de anniversario dão-se a meninos bem recusal-a. Eu sou feito do mesmo barro da sua geração, do seu paiz, ido seu con-
comportados., que não trocam as aulas de que se fazem todos os pães, e ás vezes tinente, do mundo. E tudo isso por um
pelo futebol, nem as vigílias do estudo meu coração amollece nos momentos mais preço tão pequeno I O preço de uma vi-
pelas do cinema. Ora Ignacinho tem sido sérios. Em minha consciência achava que ctrola Decca, das menores...
justamente o contrario desse typo de joven Ignacinho não tinha direito á machina Antes que o rapaz me promettesse maio-
exemplar, que é muito commum no "Co- falante. Mas e coragem para dizel-o? res absurdos, eu, desarmado, fiz como
ração" de Edmundo de Amicis e outros Ignacinho, achando futeis as minhas ra- Capablanca: entreguei-lhe os pontos. Mas
livros estrangeiros, mas que infelizmente zões, reforçou o pedido com a promessa frisei bem: não contasse commigo na hora
não parece ter-se dado bem com o clima de dois bellissimos exames parodiados no de comprar os discos.
do Brasil. Como pois solicitar-me festas? Gymnasio. Era victrola para lá, exames O capetinha deu uma gargalhada e con-
E dahi Ignacinho não é mais uma cre- para cá. Si eu fechasse o negocio, elle fessou, cynico:
ança. Membro do conselho fiscal do Cen- capricharia nas escriptas e se excederia — Não precisa não, papae. Os discos eu
tro dos Preparatorianos e collaborador das nas oraes. Adverti-lhe de que não faria já tenho. Mamãe me deu. Eu falei com
paginas de annuncio (as únicas que pres- mais do que a sua estricta obrigação, pres- ella que o sr. tinha me dado a victrola...
tam) do "Fonfon" e do "Para Todos", tando bons exames das humanidades (elle Astucia, teimosia e senso commercial da
elle adquiriu já uma personalidade social diz "deshumanidades") que si não estudara, alma infantil! Ignacinho explorou-me du-
e literária que não se coaduva com as devia ter estudado a fundo. plamente, é certo, pois peto menos- aqui
calças curtas nem com as regalias confe- Mas intimamente, e sem calculo, eu já no sertão, quem paga os presentes da
ridas aos frangotes de 13 annos. Rapazi- tinha cedido um pouco. mulher é o marido. Mas não são essas
nho de calça comprida não tem direito a Ignacinho prometeu mais. Prometeu pequeninas coisas que nos fazem amar os
mimos infantis. Sócio do Centro dos Pre- optimo comportamento durante as ferias, nossos queridos filhos?
paratorianos também não tem. Poeta ou e infatigavel applicação durante o próximo
prosador ainda que incipiente, também não. anno lectivo. Em todos os futuros annos (Bello HorUonte)

A LÍNGUA T U P Y
Ko meu ultimo artigo falei, em relação mais curiosas. Finalmente, transportando- originado da circumstancia de entrar no
á lingua tupy, do que poderemos chamar nos desses phenomenos que mais se refe- buraco e tapar a entrada da luz. Como se
as analogias sensoriaes, que são todo um rem á etymologia, aos da construcção das sabe, a consonância t exprime resistência,
mecanismo ampliador do processo onoma- phrases, iremos encontrar na syntaxe pri- cousa dura.
topaico, que assignala o período creador mitiva dos aborígenes cabedaes interessan- Vimos, no ultimo artigo, que fogo é
da linguagem, o primeiro commercio entre tíssimos para a pesquiza da formação dos tatá, e a nossa hypothese foi a de que
os cinco sentidos e os mundos obiectivo idiomas troncos. assim se exprime o elemento igneo, pela
c subjectivo. Estes apontamentos, quero repetir, não circumstancia de nascer o fogo do atricto
A formação da linguagem é, na verdade, são orientados' por nenhum methodo, nem das cousas duras. Mas o fogo é luz, clari-
um complexo de actos fixados de posse. seguem uma ordem rigorosa. São regista- dade, por isso a consonância * liga-se ao
Linguagem é apprehensão e determinação dos, apenas, de memória, sem a presença phonema a.
de phenomenos. Na variedade das circums- perniciosa dos livros e autores absorven- No tocante ás analogias psychologicas,
tancias. tes. Têm elles um caracter exclusivamente encontramos interessante material, que de-
Da synthese interjectiva o espirito agudo pessoal, de observações e conclusões pró- menstra a intima comunhão cósmica dos
da emoção retornou ao exame minucioso prias, e si no artigo anterior oceorreram homens primitivos. A lua, por exemplo, é
dos factores do conjuncto emocional. A alguns nomes, de autores, foram remini- Jocy. E jacy também quer dizer tristeza.
onomatopéa creou os grandes pontos de scencias casuaes de leituras antigas, que de E que é a tristeza sinão um luar da alma?
referencia, os elementos primordiaes das certa forma se ligam á matéria. Por outro Mas, temos ainda caruca, que é tarde.
expressões directas. A intercorrespon- lado, estas observações devem ser tomadas Vem, provavelmente, de caa, matto, e oc,
dencia dos sentidos nuançou essas expres- com as necessárias restricções, pois são ou uc, morar. O r é evidentemente eupho-
sões. Impressões auditivas e visuaes, olfa- apenas illustrações para orientar pesquizas nico. A tarde é, portanto, a que mora no
ctivas, palataes e tactivas, controverteram- talvez mais felizes de gente mais compe- matto. E, na verdade, mesmo quando o sol
se, cambiaram-se, ajustaram-se na entro- tente. é mais intenso, ha sempre debaixo das
sagem dos instinctos enriquecidos> de expe- Vejamos algumas curiosidades. O valor copas intrancadas da floresta, a sombra que
riências. E a expressão objectiva multi- das vogaes, por exemplo. Tenho que o se extende pelas raízes. Quando o sol se
plicou-se, prismando-se de acepções. phonema o, aberto ou atono,, significa põe, % sombra sáe devagarinho do matto,
Vimos, no ultimo artigo, que todas ás sempre proximidade e claridade. O dia e vae se escorregando, extendendo-se do-
cousas duras, resistentes, são expressas é ara. minando a paizagem. Ê a que mora no
pela consonância t; e que as cousas extre- O phonema u exprime distancia. As matto: caruca. Algumas horas depois,
mas, as pontas e as superfícies, tradu- cousas distantes são pretas ou azues, por- quando brilham as citatás (estreitos, mães
zem-se na linguagem nascente dos nossos tanto, M significa também essas cores. do fogo), a caruca se transforma em
índios pela consonância p- E, a seguir, Donde temos una. A noite é petuna, ou petuna que é o véo negro da noite.
desenrolámos todas as conseqüências desse pechtuna, ou pichtuna, que quer dizer véo, Aracy é a mãe do. dia, ou a aurora. Ê a
facto. Entre os curiosos resultados do ou pelle preta. mãe porque do seu clarão é que nasce o
processo formador da linguagem, encon- Porque buraco ou cousa ôca é qual 6 sol. Neste ponto a mythologia tupy se con-
trámos a consonância p, que significa ponta, possível que pelo seguinte: onde vae a funde com a mythologia grega.
extremidade, como designativa de baixo, consonância q, trata-se de cousa meúda, Entre as palavra» mais lindas dos nossos
rasteiro. A aza do pássaro, que attinge as pequena. Qui, é grão, é piolho, e quando índios, está, certamente o nheengare. Nhem
grandes alturas é pepé, e as cousas chatas, leva a desinencia frequentativa re-re, Ji é fala, falar. Nhengatú, lingua bôa; nhen-
que se confundem com o chão, se designam se sabe que é cousa meúda, em quanti- gahyba, lingua ruim, fala ruim. Gare è
por pe,pèua,peba. Porque o raciocínio se- dade; quirera. Mas, o que é um buraco, correr. Como se vê em igara (i, água;
guiu este caminho: Extremidade quer dizer sinão um espago pequeno, em relação aos gare, correr), que significa canoa, etc. Pois
limite; limite determina superfície; super- espaços em liberdade? Portanto, deveria nhengare quer dizer canto, cantiga, ou
fície significa revestimento; revestimento ser qui. Mas a vogai í significa mais seja a fala, a palavra éjue corre:
é conjuncto de 'planos. Portanto; planice, cousa fina, subtil. Um páo oü pedra per- Nhengareçãua é um canto collectivo. Nhe-
chateza das cousas que com ella se con- furados deixam, entretanto, entrar pelo engassú é uma fala grande, um discurso.
fundem. .. orifício o ar e a luz, donde vem quá. Muitos outros exemplos interessantes
Vastíssimo campo offerece este assum- Porque onde vae o a vae a luz. poderiam ainda ser aqui lembrados. A ur-
pto para estudos curiosos. Estas notas são Perguntaremos: porque ave, pássaro, i gência de entregar estas laudas improvisa-
apenas uma indicação de rumopara a apre- também ara} Ara é o dia, o conjuncto das das á nossa "Revista de Ahtropophagia"
ciação da lingua dos povos primitivos, que cores; óra. os pássaros trazem nas suas não me permittem continuar muito. E, por
temos, tão á mão. no Brasil. Agora, si pennas, também todas as cores. Por isso isso mesmo, por ser escripto á ultima hora,
passarmos das analogias das impressões o pássaro é o dia. E o dia é o grande o artigo perdeu em methodo, em constru-
para a analogia das emoções, e depois, até pássaro das sete cores... • cção: mas com isso ganhou por ter ficado
do raciocínio, indo sempre do mais simples O nosso bicho tatu (é uma hypothese menos preteaeioso...
para o mais complexo, as observaç6»s serão apenas) pôde ser que tenha o seu nome PIlHlo Salgado
8 Revista de Antropofagia

BRASILIANA
ii
BAHIA
IDEAL ASCENSO FERREIRA
De uma entrevista da actriz Margarida
Max para o Para todos do Rio, n. de
20.8.37:
Bahia — Vatapá!
"O meu ideal é ter o applauso das
Bahia — Carurú!
famílias." COMÉRCIO
Telegrama de Fortalesa para a Folha Bahia — Acaçá!
da Noite de S- Paulo, n. de 11.2.028: Bahia — Oxinxin!
"As padarias que se encontravam em
greve acabaram com essa situação. Mas — Abará!
prometteram que se forem multadas nova- — Acaragé!
mente, por qualquer motivo, mesmo que — Efól
seja fraude no peso do pão, voltarão a
fechar os estabelecimentos." — Carurú!
PRESTAÇÃO DE CONTAS Brasil de besteiras,
Declaração na secção livre do Jornal do Brasil travesti,
Commercio de S. Paulo, n. de 16.9.924:
"No dia 15 de Setembro de 1924, ás Brasil camouflé,
9,15 horas da manhã, encontrando-se, na Te damna Brasil!
praça Dr. João Mendes n. 6, lugar esse
onde o Snr. Ezequiel Martins trabalhava, Te damna Fetit-pois!
sendo até aquella data vendedor do Café Te datnna Macarrão!
Assembléa. Te damna paté-de-foie-gras 1
Encontrou um senhor que se chama
Paulo Morganti que é um dos proprietá- Viva o Carurú!
rios, com muita exigência relativamente YOYO!
a uma pequena quantia em que se achava YAYA!
atrazado- O dito reclamante (e dito por
ele atrazado), o Ezequiel quiz lhe pagar Eu quero é virar bahiano!
o dinheiro que tinha recebido da respectiva Eu comi hoje a alma bahiana, na mesa lauta da preta Eva!
freguezia, não querendo o Sr. Paulo Mor-
ganti recebel-a. Ficou por isso muito ner- Por isso sinto em mim graves tendências de orador!
voso, pegando nos talões de recibo e jo- Olhem, ou vou até fazer um discurso!
gando-os ao rosto de Ezequiel Martins. La vai tempo:
Ezequiel Martins vendo que eram arre-
messados os talões na própria cara, faz ver Meus senhores!
ao commercio em geral que nada fica de- Recife tem pontes,
vendo aos ditos senhores sob pena da lei.
Eu que o fiz e que o escrevo, e por Recife é bonito,
falta de tinta, no lugar onde me acho, Tem "Bois", tem Reisados,
pedi para um amigo, por muito favor, Tem Maracatús...
para me deixar reconhecer minha tão
digna firma, sendo isto.publicado no dig- Porém o Recife
níssimo "Jornal do Commercio". (a) Eze- Não tem mais as Evas
quiel Martins."
FESTA NACIONAL De chalés vistosos,
Circular da Sociedade Beneficente "Ami- Vendendo de tarde
gos da Pátria' de S. Paulo distribuída — Peixe frito,
este ano: — Agulha frita,
"Desejando fazer as festas nacionaes de — Siry cosinhado,
13 de Maio como nos annos anteriores
que constará: — Pirão de Aratú!
A commissão sahirá da sede social ás
8 horas da noite com o seu estandarte de Emquanto a Bahia
honra e bandeiras de diversas nacionali- Tem tudo e inda mais:
dades acompanhadas pela banda Musical Tem 365 Igrejas!
"S. A. Silex" que percorrerá as ruas cen- — As mais lindas Igrejas do Brasil!
traes, cumprimentando as autoridades e a
imprensa; em seguida irá para o salão da E tem
Rua Barão de Paranapiacaba N. 4, onde
haverá sessão solemne e a conferência — Vatapá!
feita por um benemérito; em seguida ha- — Oxinxin!
verá leilão de prendas. Terminará com um — Efó!
animado baile que se prolongará até ao
romper dá aurora, e cujo baile é por — Carurú!
pedido de sodas.
Offerece-se um convite a todos que au- Viva a Bahia!
xiliarem. — O Presidente-Fundador (a) — Canudos da tradição do meu Brasil!
Salvador Luiz de Paula."
ORATÓRIA (Recife)
Convite para uma conferência realizada
em S. Paulo: « E N T R A D A
Programma a escolher
1." Trabalhar é viver
'. O. S.
2.* Impressões da Amazônia
3.* Preta casou com branco e vice versa... A REVISTA DA ANTROPOFAGIA já tem para publicar em
4.' Saber fazer...? Saber amar...? Saber seus próximos números nada mais nada menos do que 37
viver...? poesias: não possue um único trechinho em prosa.
5." S. Paulo e o seu progresso
6.* Os burros também faliam... Ela dirige assim aos novos do Brasil este radlogama des-
Dia — 30 Outubro 1927 esperado. :
Salão—Associação 15 Novembro 22
Horas —15,16 h. S. O. S. SOCORRO. ESTAMOS NAUFRAGANDO NO AMA-
(a) LUIZ LEITE ZONAS DA POESIA. MANDEM URGENTE PROSA SALVADORA.
"ETHER" será o titulo de uma pro-
duccão' literária que de futuro terei de A.< D E A. IA.
escrever em S. Paulo.
'IOJOOO,"

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