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Álvaro Loreto

POESIA NA
BEIRA AREIA
Primeira Edição
Volume Único

Edição
São Paulo, Brasil
2016
© Álvaro Loreto, 2016
1ª Edição, 2016
Capa:
Raquel Loreto
Dados internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Loreto, Álvaro, 1968

Poesia na beira areia – Primeira Edição. São


Paulo, Editora Magister Perotinus, 2016

1. Poesia Brasileira: Loreto Filho, Álvaro


José.

869.93 CDD 869.935

Índice para catálogo sistemático:


1. Poesia : Século 21 : Literatura
brasileira 869.935
2. Século 21 : Poesia : Literatura
brasileira 869.935
Editora Magister Perotinus
R. Dr. José Luís Guimarães, 110 – Jd. Paraíso
CEP 02418-060 – São Paulo – SP
E-mail: magisterperotinus@outlook.com
À Mércia e à Raquel
SUMÁRIO

Este livro
Galáxias gentis
Querida poesia
Na beira areia
Dentre meus amigos
E agora José?
Há uma luta
Transmito ao vivo
Papelejornal
Quidê as janelas?
Para visitar Ciclano
Poesia não se aprisiona
Um ponto
Tiros cruzados
Escuta telefônica
Isquicimentu?
RH
Os olhos, em ti
É triste a manhã
Pé de Moleque
Na porta
Bolhas
O Universo se expande
Entre rolos de tapetes voadores
Minha gat
De ti
Há bem pouco tempo
Zen
Chorei, chorastes
Na certa
As loucuras
Bem pior

Quase sonetos:

Pétalas murchas
Foram nos mares do sul
Findo aqui meu livrinho
E ste livro traz alguma boa poesia,

ouso...

Algumas não são tão boas,


c(ó)ro...

Todavia, são de bons tempos bons,


choro...

Merecem seu banho de sol,


gnomus.
Q uerida poesia,

Já dançastes na chuva
Já brincaste na grama
Já deístas na cama...

Mas agora...
Te esqueces, poesia!?

Me acusas de que?

Lucidez tens tu,


Poesia
Que já não me vez
Com não sou.
G aláxias gentis,

correm no céu,
pela praia,

Meus olhos
brilham no breu
rodam sua saia.

Seremos só
você e eu
em gandaia,

mar amado
sem poesia
que distraia
N a beira areia

remo a canoa

O mar tem sereia,


a noite é tão boa.

Na beira areia,
contorno a ilha.

O mar sem fronteira,


a noite é tão boa.

Entorno navego,
moeda, coroa.

O mar que serena,


a noite que voa.

Já sigo distante
na canoa amante.

O mar beija a areia,


que tomba na noite.

Sigo valente,
empunho um tridente!
O mar têm sereias,
Dói-me a noite.

Cai a garoa
na fria corrente.

O mar beija o seio,


Desabotoa a noite.

Grito da proa
da minha canoa.

O mar tá sem sono,


a noite povoa.

Arremesso o anzol
na pont’um farol.

O mar, por sereia,


a noite socorra.

Pesca não pisco


chôro arisco...

Do mar vem serena,


a noite garoa
Cara, caísse
estaria à toa.

O mar tão sereia,


a noite é nem boa.
D entre meus amigos

fui eu o último
a me desconverter

éramos

a doce fé
dos pagãos

a angélica fé
dos católicos

a concreta fé
dos ateus

a fé bíblica
dos evangélicos

aquela vasta fé
dos espíritas,

a fé energética
dos budhistas

Vivíamos
em suas cidades celestiais
de
seus ancestrais orientes
de
áFricas perdidas...

Mas,
pelas encruzas,
irmão da noite profunda,
acendendo velinhas
em Cruz.

Sangro as mãos
no atabaque

Vigio
cada um
dos mágicos,
dos genuflexóricos,
dos dialéticos,
dos que cantam hinos,
dos das missangas.
dos orientais

meus queridos amigos


que

ad’

o
r
o.
E agora José?

te caluniaram
te amordaçaram
te massacraram
te amarraram
te puseram numa caixa
nu, em frangalhos.

Te venderam como escravo!

Passaste não sei quantas noites e dias


em viagem
rumo a tua prisão...

Constates,
ainda outro dia, que
te abandonaram,
te esqueceram, José,

e foram que muito felizes...

Que vingança maior tu poderias almejar?


H á uma luta de classes

Há uma luta entre gerações


Há uma luta entre os gêneros

Há uma luta entre mente e corpo


Entre corpo e espírito
Entre o espírito e Deus
Entre todas as religiões que dizem que O
amam...

Há uma luta cultural


Há uma luta comercial
Há a luta pela água e pelo petróleo

E há muitas lutas outras...


A territorial, a racial, a do emprego, até as
despropositadas...

Pergunta: Será que elas nasceram, todas, das


mesmas ferozes lutas de travesseiros?
T ransmito ao vivo

e lês a mim
montada em sua
mortociclota

Esvoaçarão, assim,
meus versos
em suas métricas
p(ó)lenglotas

pelo chão
espalharão ramas
desconexas, quase mortas.

Mas, com a mão no coração,


Menininha,
te encontrarão, já crescidinha, pelos corredores
de alguma linda

bibliotoca.
P apelejornal

capucheta na linha d’anzal


notícias pel’ar d’azul
flutuam pr’sul, d’mal

D’África horizontal
as brisas do mar
batem em sal
quirem sole’trar... sete-n-trional

Peleparede do beiral
rompem vidraças,
são vendaval.

‘nvadem em nú u’ apartament’
e são d’uma voz e’ tudo
desigual.

Sonho de linho, lençal


peled’olhos, líquid’ casal,
esticados pel’ varal.
Q uidê as janelas?

É o que se pergunta sobre os ausentes


dentes nas crianças...

E serão apenas
os sorrisos mais banguelas
lambendo os dedos pelos doces
nas panelas,

que extinguirão, pra sempre,

todas as nossas

mazelas.
P ara visitar Ciclano

eram três dias a cavalo.

Para ter um cavalo,


eram 18 anos a pé, andando.

Mesmo para andar...


passavam-se 2 anos
se arrastando...

E para se arrastar?
Nove meses, mais um ano?...
De colinho em colinho,
na fraldinha de pano...

Niqui, hoje, digo a Ciclano,


por vídeo conferência...
- Já não vales nada!

Nuqui ele, em deferência, reverbera:


- Pois aqui nós nos bastamos!
P oesia

não se aprisiona...
por ser esquecido medo
saberá achar sempre a saída.
de qualquer alçapão.

Em resumo,
seu ofício é fugir
de tudo que é obscuro, labiríntico
e que se pareça com gaiolas.

Ela ensina que,


quando se quer desaparecer,
simplesmente,
se desvanece.
U m ponto,

e este que encerra


mil retas:
raízes
de uma semente...
de um futuro encontro
num mesmo espanto
num gooooool de placa
no ventre do universo:

a laranja na mata
doa-se,
doce-mente.
TIROS CRUZADOS

E nós, entre estes tiros cruzados


dos imponderáveis...

linguagens e realidades...

Tocando violão ao luar...


ou vagando pelas praias na venda de nosso
camarãozinho frito para ajudar na
subsistência...

Humana ciência que dá voz a todas as outras...


E scuta telefônica entre dois senadores...

- Ei, li no Face que


encontraram outro continente
totalmente novo...
- Mentira,
há índios...
- Fácil,
mata-os.
- É grande
e vai dar trabalho...
- Fácil,
há pretos e japoneses e italianos.
- Dizem que, no futuro,
haverá muitas crianças...
- Fácil,
façam logo escolas com grades,
lares com grades,
ônibus com grades,
e tudo o mais que houver
que se instalem grades...
- Realmente, esperança é um animal
que se mata em criança...
- Um visitante suporá que, a esta altura, estará
civilizado nosso
novo continente.
- Ei, e se aparecer um certo juiz...?
C om um movimento muito lento,

típico de uma entidade eterna que é,


o monstro do estado vai se apoderando,
por aqui e por ali,
de teus traços fisionômicos,
de teus brilhos no olhar,
das tuas canções,
teus profundos mares profundos e,
não deixa de lado,
nem tuas paisagens celestiais...
e mesmo de todo o resto que te diz:
existes, apesar de mim.
E os vai engolindo,
os deglutindo,
e os fazendo desaparecer do teu cotidiano,
contando, sobretudo,
com teus letárgicos órgãos de vigilância
mergulhados na piscina alcalina das redes
sociais.
E pensas que é
isquicimentu?
RH
Desceu pela escada de incêndios e,
antes da porta-corta-fogo do térreo, parou por
um instante...
Limpou, cuidadosamente, mais uma vez, as
lentes dos óculos na barra do vestido.
Teria de se recuperar antes de
atravessar o saguão de entrada do edifício
para chegar ao banheiro feminino.
Sentou-se no último degrau da escada
e, como se rezasse, se martirizava pelo
cometido deslize.
Ela havia chorado... Naquela altura dos
acontecimentos! E era pela segunda vez...!
Depois de tantos anos de RH?
O quê? Mandara mais de mil pessoas
embora da empresa nestes últimos dez anos...?
Sim, talvez até mais!
Como estaria sua cara? A maquiagem,
por certo, diluíra-se... e, ali, sem nenhum
batonzinho?
Já na primeira vez prometera a si
mesma nunca mais chorar, e passaram-se, não
sabia ao certo, talvez, oito meses... Estava
completamente envergonhada de si mesma.
Se emocionar ao mandar aquela cadela
embora?
Estaria perdendo aquele velho “talho”
peculiar, aquele que fora elogiado pelos
professores na faculdade e tão respeitado pelos
seus colegas? Talho composto por certa malícia
e maldade, é certo; mas aquela mesma
maldadezinha, amiga fiel, das horas da
execução...
As melhores demissões são aquelas
demoradas... pensava.
- Liguem pra ela e mandem ela passar
segunda –feira no RH.
Não comentem, nunca, os motivos,
aconselhava, em tons de ordenamento, aos
chefes dos departamentos. Deixe a peste no
vinagre!
- E se a fulana ligar sexta-feira mesmo,
querendo explicações? Exigindo considerações
e tal? Alguém sempre perguntava.
- Digam, então: esta empresa é uma
empresa de 30 anos, séria e tem seu “modus
operandi”!
Não, não importava se tenha 3 anos ou
10 de casa, o ”modus operandi” tem que ser
respeitado, ouviram?
Viu, não desliguem.
Jamais.
Esperem!
Sim, esperem os desgraçadinhos se
despedirem. Vocês vão ver algo sempre servil e
respeitoso no final. Esperem...
Mas que bosta aquela lágrima agora?
Já, já me aparecerá uma coriza me escorrendo
até a boca... Lembrou-se, num
relance, do seu pai. Achava que teria seus 6
aninhos quando ele, passando a água do mar
em seu rosto tirava a areia e a coriza. E falava:
- Não se preocupe, querida, amanhã o
resfriadinho já terá passado e a gente volta pra
praia. Você quer?
Mas aquela cadela ali... Viera
diferente... parecia que queria até sorrir. Sem
um fiapo de tristeza... Enfeitiçada pra me
foder. Foder com minha guarda!
Parcialmente recuperada, levantou-se
súbito, e abriu a porta-corta-fogo com certa
dificuldade. Saiu das escadas em passos
ligeiros atravessando o saguão numa diagonal
que parecia nunca terminar.
Na caminhada quase eufórica, ouvia
estalarem os saltos dos seus sapatos no
mármore de Carrara. Não queria alarido, mas
eram naturais aqueles ruídos!
Segurou, por fim, a maçaneta dourada
do banheiro feminino, empurrou esta outra
porta com força. Sentira, desde seu primeiro dia
na fábrica, aquele peso enorme de carvalho
maciço daquela porta.
Já dentro do banheiro, deu de cara
com aquele espelho corpo inteiro que já lhe
conhecia.
Foi se chegando devagar ao espelho e
reconhecendo na imensa luz fosforescente.
Viu, no traço da sua boca, a alegria
caipira da mana... Na pele dos seus braços,
aquelas quase invisíveis sardas douradas que
também encontrara, há muitos anos, em sua
mãe... e no desenho elegante das
sobrancelhas, a ternura do pai...
Chorou convulsivamente então, por
muitas horas.
Na sexta feira seguinte tocou seu
celular.
O s olhos, em ti, encerram quantas camadas

de silêncio?
E te escapam,
ainda,
pela janela...?

Manusearão, tomara, num futuro remoto, os


fósseis que tu, orgulhosamente, silencias...

Teus olhos estarão translúcidos, e serão, com


certeza, o objeto que merecerá maior reflexão
naquele conjunto mergulhado em soluções...

... depois de fotografá-los, guardarão teus


fósseis, juntamente com um belo e conciso
relatório que deles, finalmente, conheceremos...

Farão um cartaz e será


muito eficaz
aquela pesquisa... revelando
óh (s)...! e áh (s)...!
originais, etc.

Em um arquivo digital qualquer, germinará algo


de ti, enfim.
-É triste a manhã

Em sua corredeira de horas laborais


- Mais triste ainda é a cachoeira.
- A tarde também é triste
Em sua inundação de horas vesperais
- Mais triste ainda é a cachoeira.
- A noite, só passa tristeza
e nos vendavais
e nos varais, e nas
estrelas da imensidão
por sobre as colinas d água
dos oceanos...
- Mais triste que a cachoeira não tem...
- Mas e a pedra aonde arrebenta toda esta
aguera trist?
[Nem me fale]
P é de moleque

pra chutar a bola


ou furar no prego?

Pé de moleque
pra correr os 100 metros
ou fugir da polícia?
Pede moleque
10 centavos pro pão
ou pro trote da facú?.
Pede-moleque
um pé-de-moleque
dos bons
muito amendoim
e caramelo
mas,
e se não te derem... moleque?
Come uma Maria Mole
moleque e
dá no pé!!!
N a porta, maciço

carvalho tatuado a canivete,


se lia:

A noite, estourou a batalha.


os soldados lutaram,
e estavam mortos.

As meninas e suas bonecas lutaram


e estavam mortas.

Mas a luz do sol...


pela manhã,
no assoalho
envernizado,
escrevia:

Minhas sombras estão


grávidas,

Alguém,
na hora pontual das indústrias,
abriu a porta.

Pressentiu-se que
já se poderiam
produzir, ali,
as novas pontes para o
amanhã.

Foi a lousa e desenhou:

Bom dia, classe!


BOLHAS

Era pra eu ser um escritor, romanceiro, best


seller...
mas logo quando começo: era mil novecentos
e...
choro tanto de saudade que...
Esqueça!

E volto a rodopiar entre


bolhas de sabão
da poesia.

Era pra eu ser um músico, forrozeiro, star...


mas quando só, a noite, em silêncio
canta a sanfona
choro tanto da saudade que...
Esqueça!

Sinto dizer que,


mesmo a poesia,
que ainda demorava um tanto a mais pra
eclodir...
Esqueça...
O universo se expande
A partir do centro de uma grande explosão
em direção ao grande e frio infinito...

A partir disto,
um casal hoje,
ambos vestidos com seus pijamas,
um de bolinha, outro de listras,
vendo sua TV no quarto
torna-se, a cada novo segundo,

uma das maiores façanhas


jamais alcançadas
pela humanidade.
E ntre rolos de tapetes voadores

mercadeio a vertigem.

Teus serenos olhos compradores não compram,


não compram cicatrizes...

Em teus olhos que vendem, mercadores,


passeio em teu imenso céu, que finges.

Tuas palavras, tapetes voadores


me vendem o que sempre e sempre do sempre
que me dizem...

-Só estou vendo,


acredites...
M inh gat chamar-se- ´ : Ágat

Para sobrviver
cassar´ rtos ,
achar´ nnhos,
e
cvará ossos
e viver´ feli
incomplet
e
misterios .
D e ti, chão de betume,

brotam livros e árvores,


olhos que choram negrumes,
ventania nas campas de mármore.

Teus olhos de negrume


leem árvores e livros,
rompem campas os perfumes
a argentea flor dos lírios.
H á bem pouco tempo atrás a humanidade,

encoberta pelas trevas da idade média, ou,


mais recentemente, pelas trevas do nazismo, na
sua cegueira para com a imaginação, queimou
muitos livros...

Hoje, não precisamos ter estes escândalos


fumegantes... não há mais livros.

Sou contra as letras que precisam de luz elétrica


para viver...

como soltá-las rumo a grande libertação


levando uma usina presa aos seus pés? E junto
às usinas, hoje chinesas, a Eletrobrás, hoje do
PMDB.
ZEN

1)
O movimento precisa de equilíbrio !
Por isso, entre os barcos que
se salvaram do Tsunami
havia muitas baleias.
Em cada baleia, dois barcos.
2)
O equilíbrio precisa do movimento !
Por isso, entre os elefantes que
se salvaram do Tsunami
havia muitos motociclistas.
Em cada moto, dois elefantes.
3)
O futuro não precisa mais do passado !
Quando olho por cima dos escombros
só procuro alguém com vida
para que possa me achar a mim também.
4)
O passado não precisa mais do futuro !
Porque lá nunca haverá Tsunami.
C horei, chorastes.

Mas eles tiveram de partir,

É muito humilhante estar aqui e ser tratado


como igual... não sendo.

Vai. PARTE!!! Some daqui desta maldita ilha


amarelindia.

Um dia, não esquece, vem me buscar!!!

Deve haver algum Horto por aí pra gente


passear,
ainda uma vez,

de mãos dadas.

Chorei, chorastes. Outros Ets chegam ao


espaço diariamente. Fazer o que?

Bem livres daqui, já,


em suas respectivas espaçonaves, buzinam no
túnel do tempo.
Aos domingos, lembram de nós, terráqueos,
nossas idiossincrasias

e riem.
N a certa, menino,

ser chefinho é ser, um pouco,


como um tardio
pai...

Tanto para o que se aparta


Quanto para o que se aperta.

Menina, ser chefinha


é ser, um pouco,
como uma tardia mãe

Tanto na hora do parto


Quanto na hora da trepa.
A s lacunas da poesia

não são loucuras...

As loucuras da poesia
são lagunas...


alguns peixes
muitas botas
alguns pneus
muitas rochas
alguns verbos
muitas notas
conchas muitas
calças rotas

saem destas lagunas...


principalmente, sombras
mortas
B em pior que a síndrome

do ninho abandonado

é dizer sim pro drone


passear pelo
passado.

Caçar o destino
ainda descalçado

filmar o menino, franzino,


jogado no asfalto

Cavar as histórias
dos malvados sobressaltos

Enfim, ledo engano


levantar os panos
já baixados
P étalas murchas pelo altar

Flores antes do seu jardim


Procuro no espelho algum ar
As recolho, rosas, dentro de mim

Caem as folhas do livro de outrora


Poesia sobre flores, coisas assim.
Procuro nas suas letras algum ar
As recolho, manhãs, cheirando a capim.

Pétalas, páginas, eternos amores


Muitas coisas que eu conheci
Troam sempre atrozes saudades

Por que guardo os algozes


Pergaminhos dourados
Desde a noite na qual morri?
F oram nos mares do sul
Passeavas pelas ilhas ignotas
As ondas do mais profundo azul
Tubos melancólicos que surfavas.

Depois das fritas sardinhas


As tardinhas, mergulhavas.
Compunhas no frio areal
Os versos melancólicos que bolhavas.

À noite, ao lampião, dedilhavas.


A boca do violão arpejava,
Contrariada, saudades insuspeitadas.

Doía-te, sentir a solidão


E a saudade que ressoava:
Ela não mais te amava.
F indo aqui meu livrinho

De poesias já decorado
Espero que tenhas encontrado um pouquinho
Do muito amor que eu tenho guardado.

Sei, de estilos e temáticas


Deveras insipientes
Vocabulário, nem se fala,
Um tanto Inconsistente...

Mas, ainda ouso defender


O indefensável. Declaro o que trago no peito
somente, prematuramente tatuado.

Mais, sádico leitor amado?


Encontrarás facilmente em alguma banca ao
seu lado, um livrinho todinho novo, forrado de
machucados!

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