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POEMAS DE GELO
AO SOL
Volume Único
Segunda Edição
Ilustração da Capa:
Raquel Loreto
Revisão:
Mércia Loreto
Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
ISBN 978-85-916640-0-9
Houve um Tempo 6
Como se faz uma jangada? 9
Estava subindo a Brigadeiro. 10
Poema dado 11
Árvore de Paus 13
Na terça de carnaval 14
A linguagem é como se diz. 15
É vasto o espaço! 16
Sobre as crianças soro positivo no mundo 18
Escrever no Face 20
No céu espalhado. 21
Por aqui se vai... 23
Eram três as penas do anjo 24
Na areia fria do leito oceano 26
À noite não se ouvem os fazeres... 27
Doces são as mãos que tecem o tear. 28
O Relevo da Alma 29
Firme no seu ginete 30
Não desculpes o poema... 31
Página em branco 32
Sonata 34
Um jogador de basquete sem bola 35
Feche a porta. 36
Aquela Professora 37
Panapaná. 38
Pela ladeira 39
Sim, apenas as recolho. 41
Balaio 42
Coral na Febem 43
Satélites rodam por aqui (Link para partitura coral) 44
Minha Canção 46
Tua alma 49
Não mais que 7 anos 50
Koan 1 51
Dizem assim: 52
4 poemas sobre um Tsunami 53
Canção “Balé dos Minotauros” e seu link 54
Cançao: “Amor Citadino” e seu link 55
Joguei minha rede 56
Não ligo pro tempo 57
Se Deus não está 58
Satellites (Versão do poema “Satélites rodam por aqui” p.44 59
E na China 61
Chove 62
Pelos mais novos 65
O Tempo 66
Chorei, Chorastes 68
Nasceu-me uma poesia... 69
à Mércia e à Raquel
H ouve um tempo,
antigamente,
no qual as palavras, suavemente,
eram aladas,
se perdiam no vento.
Ossos leves,
pouquinha carne.
Voavam alegres
pelos parques.
Passava a vida,
tão serelepe
e as palavras pousavam
no guarda de quepe.
Juntavam os trapinhos,
formavam casais pelos beirais,
nos avarandados xaxins.
pulmões.
C omo se faz uma jangada?
- Primeiro, um violão,
que pulse em sua pele madeira.
Agarre-se a ele, ferozmente!
Salvar-te-á nas corredeiras.
Um livro de cabeceira,
que também tenha por mãe a madeira.
Te levará tranquilo e sereno
sobre as redes dos teus inimigos.
(22-06-2013)
P oema dado
Alguém o lançou
à vida
à tristeza
à morte.
Vem ao mundo
tendo por mãe
a solidão.
Por pai,
um velhote.
Rebenta à noite
em algum bar
entre
o Trianon e o Amargedon
mote...
nasce,
antes,
de um
corte.
(29/10/2013)
Á rvore de paus
frondosas copas
seu destino de ouros
é ser espadas.
Ou arco de flechas,
ou violino de arcos,
ou ripas de telhas,
ou cerejas,
limões,
framboesas,
ácidas laranjas,
Oxigenada.
N a terça de carnaval escrevo um poema
a lápis
nas tiras das serpentinas.
...
e,
há bilhões de anos,
a tudo, sem rancor,
abraça.
E, pela Terra, pelas praças,
há mais céu ainda a passar. Imagine-se!
Céu virgem de homens.
mulheres, nem pensar.
Céu daqueles espaciais, no qual a Terra ainda
não rodou,
nem sequer imaginou um dia
se distrair,
se florir,
se amar,
se casar,
se gerar,
se gastar,
e, por fim,
desfalecer
sem ar.
E o céu hoje, singular, tampouco, jamais viu
Terra assim, mais gorda.
Assim, torna-se inequívoco namorar
este céu vertiginoso
que veio aqui passear!
Levá-lo pra surfar.
Jumping pra lhe agarrar
as pernas no desfiladeiro.
Passear, de bicicleta,
por todo o Rio de Janeiro!
E ficas ai tão cansada...?
Na poltrona de frente pro seu computador,
com seu mesquinho
espaço
virtual...
Sai!
Vá à janela...
Suspirar!
(13/08/2013)
SOBRE AS CRIANÇAS SORO POSITIVA NO
MUNDO
nuvens, como
migalhas de
p
ã
o
n
a
t o
a
l h a.
pelo mundo.
ele
rezava.
P or aqui se vai...
Tudo na calçadinha
que o vento, frívolo,
não ousava avançar.
Deixam os mortos
para os seus mortos,
por fim, enterrar.
(2006)
N a areia fria do leito oceano,
(2012)
À noite
à noite
é todo ausente o clamor,
como também é ausente a cor,
e é por isso ausente a flor
do criado-mudo da dor...
dorme-se logo
ao se por o luzeiro sol
pois que a faina amanhece antes
no cheiro do seu anzol.
J
D oces são as mãos que tecem o tear.
Doces
de lamber os dedos do açúcar,
do creme baunilha
do sonho
quando quer se realizar;
Doces
de lamber os dedos do açúcar,
do amarelo ouro do creme baunilha
do sonho
de amar.
O relevo da alma:
De águas de planícies:
que correm fartas, que correm largas,
que escorrem grossas...
é
Firme em seu ginete
(04/2013)
ô ...,
Lá,
onde corríamos nas margens recém
encharcadas do
Nilo.
Onde
matávamos a
Ema
pra comê-la
e
onde fumávamos
cachimbos
de fumaça espessa
pra
esquecermos.
Na qual rabiscamos versos de amor
e
hinos à pátria
e
mesmo
obituários
e tenebrosos
autos
poli-
ciais
.
ô...,
página em branco
que tudo recebe,
Recebe meu beijo!
Comunica meu amor obsceno,
que declaro,
ensandecido,
a ti!
(2012)
SONATA
A língua fala,
Fálica lí n g u .
A boca fala,
Fálica boc .
é desengonçado.
Um marujo sem navio
é desengonçado.
Um professor sem lousa
é desengonçado.
Percebam que
devemos aos nossos instrumentos preferidos,
também, a tranquilidade
de não sermos engraçados
sem vontade de sê-lo.
na virtualidade!
F eche a porta.
queimar-se-á a escuridão
A quela professora
Aquela professora
tão doce e tão meiga,
tinha um soco na lousa
que acordava até o indiferente.
Aquela professora
tão alegre e tão inteligente,
tinha um sonho tão louco
que nos deixou diferentes.
Aquela professora,
professorinha amada,
declarava, entusiasmada,
que será dente por dente:
valentes!"
P anapaná:
violetas principalmente;
Panapaná:
vindo ao meu encontro;
Panapaná, Paraná:
nos sóis e nas nuvens,
nos eucaliptos;
Panapaná:
figura de mulher
se construindo, se diluindo.
Você
trazia nos sapatos o
barro de que fora feita.
e acabara de desbravar o mistério
lacônico e insólito que te infiltraram.
A alegria!
Ferramentas soltas:
minha vó ouvia
o tempo.
CORAL NA FEBEM
Céu negro,
são pontos que cruzam a órbita,
de lado a lado,
Outros, descolados
à Terra, viajam há anos luz...
mandam cartas...
...poemas de gelo
ao sol...
Os meninos
veem outras galáxias:
jardins exclusivos,
com suas balanças e carrosséis de celestiais
dimensões,
imersos, inexplicavelmente, em frio e silêncio.
As meninas,
com suas longas tranças abandonadas
na pia,
ainda gravitam e vigiam a mãe, Terra,
que anda rebolando
rumo ao pedicuro.
Tristes...
Bisbilhotam
ilhotas
de corações
extintos...
há
milênios!
M inha canção,
só,
irá
caminhar em silêncio
pela prancha que voa.
A tua procura
cairá!
Ou sorrirá, à toa,
ou sentirá,
em fim,
a
carne
que
arpoa.
(17/03/2014)
N o chão,
na
desértica
areia,
o cocar
de um menino
índio
serpenteia.
Pena só
que voa,
branca,
e o vento
que pelo sertão
escoa
levava uma canção:
Não tem mais nada lá, não,
o menino de então,
agora é morto
é morto,
é morto.
Na esquina da avenida paulistana
passa de janela em janela
uma sombra
que murmura,
envolta em
fumaça...
as seguintes palavras...
- Me veja uma moeda!
Me compra uma cachaça!
Me traz meu coração,
que seja uma cereja,
dentro de uma cabaça.
Que seja um violão,
que seja uma mulata!
Seja, talvez, uma azeitona,
no seu martini, gelada.
Traga meu coração!
Mesmo que seja já morto
Dentro deste seu carro de lata.
(18/02/2014)
Tua alma é
lumiará só,
sem pedires...
as vezes
quando tua alegria for triste
ou, na tua tristeza, sorrires.
Ou quando
pelo teu coração, sentires,
estando, no mais das vezes,
prestes
a
partires
N ão mais que 7 anos
E Pedro gritou...:
PUFFF
assim como
tudo cabe no espaço...
é hora do almoço!
palavras.
Na verdade, a foto continua cabendo em
apenas em uma palavra: foto
E não diz mais nada.
O movimento precisa de equilíbrio !
Nada pesquei.
Deitado na rede...
pesquei tudo,
tudo .
Pra nada.
embrulhado,
violão,
enrolado...
N ão ligo pro tempo
já amanheceu?
Já terá luz
os escuros olhos
da menina?
E na China,
o sol,
amanhecerá,
pra mim.
C hove.
Pelos avós
só tenho amor e dó...
por desatarem os nós, e
pelas pegadas no
pó.
De você
só quero um dó
para que cantemos,
largos e afinados:
"que falta eu sinto de um bem,
que falta me faz um xodó
..."
Alvaro Loreto e Gilberto Gil.
(12/03/2015)
U m salto no espaço
seria mortal
à frente de um tiro
que iria atingir alguém especial...
Logo que a vi
achei-lhe certa graça...
Já ia lançá-la ao mar,
uma bola de concreto ao pescoço...
Nada...
Optei,
finalmente.
Abandoná-la então...
aqui mesmo, no Internet, sem coleira.
Mas,
confesso,
de vez em quando...
sonho com seu olhar
(2016)