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Paula Leite

1. (Organizadora)

NA
VE
GAN
DO
Em poesias
NA
VE
GAN
DO
Em poesias
Paula Leite
(Organizadora)

Edição Independente
Lábrea-AM, 2021
Copyright da edição © 2021
ANTÔNIA PAULA VASCONCELOS LEITE

Copyright do texto © 2021


OS AUTORES E AUTORAS

Diagramação, arte final e capa


NILTON AZEVEDO DE OLIVEIRA NETO
Projeto Cordel & Sonetos
www.cordelesonetos.com.br

Imagem da capa
ANTÔNIA PAULA VASCONCELOS LEITE
Esta é uma publicação independente com todos os direitos
reservados conforme a legislação vigente. Destina-se à
distribuição gratuita na íntegra. São proibidas reproduções
parciais por quaisquer meios, salvo citações breves com indicação
da fonte.

Dados internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


A635 Navegando em poesias/Antônia Paula Vasconcelos
Leite (org.). – Lábrea-AM, 2021.

Formato: livro digital.


Extensão: PDF.
Inclui bibliografias.
ISBN: 978-65-00-24134-1.
1. Literatura Brasileira – Amazonas; 2. Poesia. I. Título.
II. Autor.
CDD: 808.81
Dedicado para meu filho Diego, para um grande
amigo, e para todos que colaboraram e fizeram
este sonho acontecer.

A organizadora
APRESENTAÇÃO

“A maior riqueza do homem é a sua


incompletude”, já escreveu Manoel de Barros. Na
incompletude de (não) ser, vamos buscando no
fazer poético um lugar árido de construção. A
poesia permite-nos ser, surgir, ressurgir,
movimentar-se na efêmera existência concreta.
Nesta antologia “Navegando em Poesia”, elos
existenciais se cruzam. Olhares outros, experiências
outras, escritas múltiplas vão singrando rios, indo
como a imagem experimentada no movimento, pois
como nos disse o poeta: “Navegar é preciso, viver,
não” (Fernando Pessoa). É preciso navegar, é preciso
banhar-se em outros planos da palavra, visitar as
memórias, exortar as dores, transpor o
intransponível, instituir outras imagens,
ressignificar o belo, perfeito.
No ritual dessa liturgia poética, do movimento,
das escolhas alquímicas, foram tecidos os poemas
que embalam esta obra. A escrita, os mundos, as
paisagens configuram os sentimentos poéticos e a
identidade de produção de cada um dos 10 autores
que a compõem. Visitamos lugares comuns, na
superficialidade de cada sujeito que aqui escreve,
no entanto, é no sujeito-caos, impenetrável que
vamos buscando, margeando frestas, o não-dito,
não-imaginado, não-construído, para
experimentar, como leitores, da densidade e textura
de cada poema.
Como nos acenou Fernando Pessoa, vamos
buscando na arte da escrita, a possibilidade de
sermos tocados pela irrealidade do poeta, pelo seu
fingimento completo, pela experiência de um novo
mundo, das dores não sentidas, mas deveras doídas,
das irrealidades, que se tornam tão próximas e
tocáveis nas nossas contradições.
Instaura-se aqui um convite ao leitor para
tocar os textos, visitar as performances destes
autores, e seus mundos imagéticos. É preciso pausas
para sobreviver nesse navegar, é preciso encostar
nas margens de nós mesmos, de nossas invenções.
Desejo bons movimentos, respingos de águas-
palavra, de poesia fluida.

Márcia Dias dos Santos


Professora da Fundação Universidade Federal
de Rondônia.
SUMÁRIO

Lábrea, onde o sol é festa ................................................... 8


Túmulo existencial............................................................. 11
A minha adorável Elza ...................................................... 14
Cachoeira de Santo Antônio ........................................... 16
Ladrão de inocência .......................................................... 19
Sono ou liberdade ............................................................... 20
Pium e carapanã ................................................................. 22
Domingo capitalista .......................................................... 25
Dejavu..................................................................................... 28
Tributo ao centenário da Estrada de ferro Madeira
Mamoré .................................................................................. 30
Iguais na diferença? .......................................................... 31
A gaiola................................................................................... 34
Desinvensão.......................................................................... 35
Navegando ............................................................................ 36
Alimento do poeta .............................................................. 39
Amizade ................................................................................. 40
Clamor de socorro.............................................................. 41
Meu alívio interno ............................................................. 43
Singular ou plural .............................................................. 45
Palavras pétalas ................................................................... 48
A paz de Deus ...................................................................... 49
Mulher.................................................................................... 51
O vai e não vem da vida................................................... 52
Navegantes ............................................................................ 54
Organizadora: Paula Leite – 2021

LÁBREA, ONDE O SOL É FESTA


Elias Bezerra

Lá, bem na orla da floresta virgem,


Onde as barrancas são fragmentárias,
E onde passeia a brisa do crepúsculo,
Festa na praia em cores planetárias.

Na orla da praia a multidão fervilha,


Já na aurora do dia labrense,
Na trilha mole de areia encharcada,
Os transeuntes caminham contentes.

São forasteiros de rincões diversos


A divertir-se na FESTA DO SOL,
E por três dias se deslumbra a vida,
Entre a aurora e o nosso arrebol.

Medida areia, palco de desfiles,


De esculturais silhuetas femininas,
De enamorados e paqueras loucas,
Flertando os lábios das lindas meninas.

8
Navegando em poesias

Onde polpudos quadris feitos dunas


Provocam o ímpeto desejo masculino,
E as donzelas magérrimas exibem
Seus corpos leves de quadris mais finos.

Chega o arrebol e a folia adentra,


Noite cinzenta à luz do luar.
E a areia fria encharcada de amor,
Deixa os casais à vontade pra amar.

E assim, o manto florestal da minha terra,


A lua inveja os casais a enamorar,
E a gaivota no seu voo ornamental,
Faz os cabelos da donzela buliçar.

Festa na terra onde o sol sempre disponta


Num horizonte que é a cara de sua gente,
E o caudaloso Purus centenário
Tem no caudário forma de serpente.

É uma paisagem de ímpar moldura,


De colossal dimensão florestal.
Berço da história onde o boto navega,
Singrando as águas, lendário imortal.
Organizadora: Paula Leite – 2021

Quem nas paragens do Purus se enreda


Sofre a magia das águas barrentas,
E volta um dia para um novo enredo
Nesses cenários que o caboclo inventa.

10
Navegando em poesias

TÚMULO EXISTENCIAL
Elias Bezerra

Um insano cava a cova,


Cava com a ponta dos dedos
Confirmando o voto.
Cava com a língua o bruto
Defendendo o corrupto.
Um cavar desesperado!
E como não cavar, acuado pela necessidade?
E despido de dignidade?
Burrice, ou miséria humana?
Agir consciente ou mente insana?
Desumanizante ou desumanizador?
Razão ou razoabilidade?
Busca pela vida ou pela sobrevivência?
O homem se enterrando ou sendo enterrado?
Quem arrisca responder?
Responde o que?
Fundamental em qual razão?
Na razão do que faz
Ou do que não pode fazer?
Isso mesmo...
Organizadora: Paula Leite – 2021

Estamos sempre cavando covas,


Para nós ou para os outros.
O que é mais ético:
Cavar a cova do outro com dignidade
Ou indignamente cavar a própria cova?
Não temos resposta?
Acho que nos enterramos vivos,
E sem compreendermos,
Suportamos os espinhos da coroa
Sobre o nosso túmulo existencial.

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Navegando em poesias

Elias Bezerra de Souza. Escritor, poeta e professor do


Instituto Federal do Amazonas. Atualmente cursa
Mestrado em Ensino pela Universidade Federal do
Amazonas – UFAM. Têm vários livros publicados, entre
eles Nossos Momentos e Palavras & Versos, ambos pela
Editora Scortecci.
Organizadora: Paula Leite – 2021

A MINHA ADORÁVEL ELZA


Fancliene de Sousa Batista

Seus traços
Não me lembro com perfeição
Nem a sua voz
Ecoa com fidelidade
Seu cheiro da minha memória
Foram esquecidos

Seu corpo
Não se faz presente aqui
Apenas as lembranças
Do amor sem medidas
De uma mãe para a sua filha

Mas ainda assim


Eu choro por não ter você
Sua função foi essencial
A mim deu a vida

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Navegando em poesias

Na sala um porta-retratos
Sua foto embaçada
Remetem a tristeza
Dos meus olhos
Cheio de lágrimas

Minha adorável ELZA!


Organizadora: Paula Leite – 2021

CACHOEIRA DE SANTO ANTÔNIO


Fancliene de Sousa Batista

Lembro-me bem de ti
Com suas corredeiras estrondeantes
Um caminho indomável
Sem fim e sem rumo
A desaguar bem distante

Quando criança brincava


Em suas pedras espelhadas
Um mundo novo a desvendar
Ouvia muitos gritos!
Olha o peixe, o alimento garantido

Menina...
Não se aproxime
Se dessa pedra escorregar
Nunca mais te achará

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Navegando em poesias

A garganta do diabo
Era o local mais disputado
Quando o sol se escondia
Para trás ficava a fantasia
Hora de ir para casa
Toda família se reunia.
Organizadora: Paula Leite – 2021

Fancliene de Souza Batista é graduada em Pedagogia e


pós-graduada em Coordenação Pedagógica, Bacharel em
Administração, atualmente é Mestranda no Programa de
Pós-Graduação Mestrado Acadêmico em Estudos
Literários – UNIR é professora da educação básica pela
Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho –
SEMED e Secretaria Estadual de Educação de Rondônia –
SEDUC, também faz parte do Grupo de Pesquisa em
Letramento Literário: estudos de narrativas da/na
Amazônia (GPELL). Endereço eletrônico:
fan_liene@hotmail.com

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Navegando em poesias

LADRÃO DE INOCÊNCIA
Francisca Lusia

Solo firme Inocência roubada


Árvore movida Interfere
Folhagens seca Cheiro registrado
Água límpida Relances de memória

Riacho Repugnância
Faca Inconsciente
Irmã não vá. Choro
Obedece tio. Psicóloga

Endurecido Tristeza
Imobilidade Inocência
Esfregão Cicatrizes
Líquido branco Sangram...

Criança
Paralização
Silêncio
Dor, vergonha,
tristeza
Organizadora: Paula Leite – 2021

SONO OU LIBERDADE
Francisca Lusia

Reze, ore ,implore Te avisei


Sono profundo Reproduz modelo
Ao Abrir olhos Colonial és tu
Abandonar-te-á Recurso ou selo

Arrogância, violência dormes


Não terá sua Acorda ou reproduz
imanência Durão, garanhão
Sua ira, não rimará Escolha sua
Perdão, paciência
Ela acordou
Seu corpo Vê a luz
Não a silencia Situação outra
Ao te vê E você
Desejarás distância
Qual decisão
Outros irás ter Luz ou escravidão
Escolherás Sono profundo
Nem lembranças Ou libertação?
De você terás

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Navegando em poesias

Francisca Lusia Serrão Ferreira, Pedagoga e


Psicopedagoga. Mestranda em Estudos Literários na
Universidade Federal de Rondônia-UNIR; Pós-Graduada
em Gestão Democrática e em educação Infantil pela
UNIR.
Professora da Rede Pública Estadual e Municipal.
Feminista e Ativista Política na defesa de uma sociedade
mais humana e justa para todos e que inclua as mulheres.
Participou de várias publicações, entre elas: Poesias
sem Rotas (2019), Subjetividade, Culturalidades, Seus
Prefixos e Sufixos (2020) e Olhares Amazônicos (2020).
franciscaserrao13@gmail.com
Organizadora: Paula Leite – 2021

PIUM E CARAPANÃ
Henrique Galvão

Nas festas da Amazônia não falta


Alegria, em meios aos convidados temos
A marcante presença dos carapanãs;
O pium é enxerido, chega na demasia,
Engraçado e cheio de folia, perturba os
Convidados e até os carapanãs,
Como pode um ser tão pequeno ser cheio de
ousadia?
Perturba os seus vizinhos e a até o seu
Irmão, o tão assanhado e barulhento carapanã;
Sem muitas novidades, sem nenhuma enrolação,
Chegam silenciosos e começam a gritaria,
Embriagando-se de sangue fresco não demoram a
incomodar,
Não descansam um só minuto,
Cutucam daqui, cutucam de lá.

É meu conterrâneo,
Essas são as entranhas, da fervorosa Amazônia,
Que temos que aguentar;

22
Navegando em poesias

E para quem não os conhecem e os chamam de


pernilongos,
Eles não gostam nem um pouco deste nome;
Porque aqui no Norte são bem conhecidos,
Mas como piuns e carapanãs.
Organizadora: Paula Leite – 2021

Henrique Pereira Galvão. Natural de Porto Velho-


Rondônia, Historiador, Poeta e Professor no Governo do
Estado de Rondônia, especialista em Educação a Distância
e Docência do Ensino Superior, Especialista em
Metodologia do Ensino e da História e da Geografia, as
duas especializações pela FAVENI, atualmente,
mestrando em Estudos Literários pela Fundação
Universidade Federal de Rondônia. E-mail:
henriquepvhgalvao@hotmail.com

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Navegando em poesias

DOMINGO CAPITALISTA
Izabel de Brito Silva

Domingo de manhã
Acordo com a fragrância inebriante do café
transportado pelo vento
Famílias ao redor da mesa:
Café
Leite
Pão
Muçarela

Requeijão
Presunto
Manteiga
Onze horas!
O vento carrega o aroma embriagador do churrasco
Penetrando em meu olfato
Famílias, saboreiam:
Carnes
Peixes
Frangos
Linguiças
Organizadora: Paula Leite – 2021

Pão de alho
Abacaxi assado

Agora, sedentos de líquidos


jorram para seu interior:
Cervejas
Refris
Sucos

Ainda sobra espaço para a sobremesa:


Sorvete
Trufas
Gelatinas
Mousse
Pudim

É domingo! Pode!

Crianças robustas
Criadas a petit suisse
Faces coradas

Mulheres e homens obesos


Movidos pela glutonaria

26
Navegando em poesias

Ainda é domingo, contemplo


desalentados
Nas calçadas da cidade
famintos
Bichos-homens
revirando
lixos.
Organizadora: Paula Leite – 2021

DEJAVU
Izabel Brito Silva

Por que ainda choro


quando vou ao shopping?

Que sentimento é este?

Um misto de dor e satisfação


Cheiro de Macs, Bobs, Girafas
Misturados aos das grifes.

Alheio em meio à multidão


Permaneço inerte neste mundo
entre o real e a ilusão.

Apego-me à realidade
Como quem apalpa a pragana.

Lampejos de memórias de um tempo vivido?


De um tempo que desejo viver?

28
Navegando em poesias

Shopping: templo de adoração.


Shopping: confusão entre o real
e a imaginação.

Por que ainda choro quando vou ao shopping?


Organizadora: Paula Leite – 2021

TRIBUTO AO CENTENÁRIO DA ESTRADA DE FERRO


MADEIRA MAMORÉ
Izabel Brito Silva

Um centenário!
Quantos prostram para lhe pedir
a benção?

Caquética, agora, encurvada, geme...


Criança que não brincou.
Adolescente que não sonhou.

Qual é a função dos velhos?


Isto faz muito bem.

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Navegando em poesias

IGUAIS NA DIFERENÇA?
Izabel Brito Silva

Vislumbro um dia
em que todos nós, indistintamente
todos, possamos viver em harmonia:
Brancos
Negros
Pardos
Ricos
Pobres
Nordestinos
Sulistas
Religiosos ou não.

Possamos sentar-se à mesma mesa


comer do mesmo pão
Assim como o café e o leite
com suas cores tão opostas
são as duas bebidas universais mais apreciadas

O dia e a noite
um com sua claridade e o outro
com sua obscuridade atraem a humanidade
Organizadora: Paula Leite – 2021

As quatro estações do ano


que são aguardadas com ansiedade
Possamos, nós, todos, indistintamente
Festejar as diferenças
Celebrar os encontros
Perceber o quão a vida seria cinza
Se fôssemos todos iguais.

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Navegando em poesias

Sou Izabel de Brito Silva. Mulher.


Exuberantemente, mulher! Mato-grossense do sul de
nascimento, portovelhense de coração. Professora da Rede
Estadual de Ensino, graduada em Letras/Português pela
Universidade Federal de Rondônia, pós-graduada em
revisão de texto, mestranda em Estudos Literários pela
Universidade Federal de Rondônia. Integrante do grupo de
pesquisa de Letramento Literário Estudos da narrativa
da/na Amazônia e do grupo de pesquisa CriaAmazônia.
Tive a oportunidade de publicar um conto na antologia
Olhares Amazônicos.
Há algum tempo escrevo textos literários e também
crônicas e memórias de experiências pessoais. Tenho o
Deus cristão como meu Deus e minha família como base.
Amo cães, faço caminhada e pedalo como desculpas para
exercitar o corpo, mas na realidade são nesses momentos
que minha cabeça relaxa e “viaja” e isso contribui para
minhas singelas criações.
Organizadora: Paula Leite – 2021

A GAIOLA
Ronilson Lopes

Você me queria sempre bela.


Como um pássaro à janela
Sempre alegre a cantarolar...

A vida era pura alegria


Pois a maior fantasia
Era sempre te agradar.

Mas, com o tempo foi-se a graça,


E eu, só por pirraça
Resolvi desafiar.

O meu canto que era encanto


De repente, resolvi
Desafinar.

Eu queria um pouco mais,


Do que me davas pra me controlar
Rompi as grades, ousei voar...

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Navegando em poesias

DESINVENSÃO
Ronilson Lopes

Você inventou os conceitos,


E, supostamente, me definiu,
E todos da sociedade o conceito repetiu.
Porém, eu não me encaixo no teu conceito,
Não concordo com o que dizem ao meu respeito.
E, como eu também penso, também invento.
No entanto, o meu oficio é desenventar.
Organizadora: Paula Leite – 2021

NAVEGANDO
Ronilson Lopes

Meu barco vai percorrendo


As águas do velho do Purus
E eu, no leme, pedindo a Jesus:
Senhor ensine-me a navegar...
Que os balseiros e rebojos,
Que eu saiba a desviar,
Sobretudo, me dê sabedoria,
Pra nos bancos de areia
D’alguma travessia, meu barco não atracar.
Que de vez em quando eu encontre terra firme
Onde eu possa descansar...
Mas, só de vez em quando,
Porquê, o que me dá gosto na vida
Embora, a lida é árdua e sofrida,
É mirar, as águas ao longe, o horizonte
E esticar a mão, num sonho e puder pegar.
Enfim, minha grande satisfação,
É quando estou navegando.

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Navegando em poesias

Tocando o meu barco com leveza,


Mesmo sabendo que há correntezas
Capazes de fazer o barco afundar
Há uma coisa que eu gosto de pensar
Deus é bom e faz exista tanta beleza
Por onde ando a navegar.
Organizadora: Paula Leite – 2021

Ronilson de Souza Lopes. Maranhense de Carolina.


Tocantinense de coração e de vivências. É escritor, poeta,
contista e professor de Filosofia do Instituto Federal do
Amazonas. Membro correspondente da Academia
Internacional de Artes, Letras e Ciências „A palavra do
século 21‟ – ALPAS 21. Atualmente cursa Mestrado em
Estudos Literários na Universidade Federal de Rondônia –
UNIR.

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Navegando em poesias

ALIMENTO DO POETA
Paula Leite

A rima está em meu sangue,


Correndo em meu ser...
Só vivo pois neste mundo
Se este sangue não parar de correr...

Não te afastes de mim, poema!


Pois sem ti não viverei...
Se um dia fores embora,
Com certeza não suportarei;

Tu és quem me alimenta,
Que me fazes permanecer,
Sigo firme nestas rimas,
Com o sustento do meu ser.
Organizadora: Paula Leite – 2021

AMIZADE
Paula Leite

Não saberia expressar


Por que te escuto.
Mas, sei que compreendes...
Que sabes do que falo.

Não me arrependo,
Não! Em nem um só dia,
De me mostrar como eu sou
Em poesias.

Guardo as tuas palavras...


Embora você esteja tão distante.
Elas embalam meus pensamentos
E fazem pulsar meu coração.

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Navegando em poesias

CLAMOR DE SOCORRO
Paula Leite

Neste mundo em que se vive,


Busco o meu caminho encontrar,
No relento desta vida o meu ser está a gritar;

Suplico piedade dos que estão no poder,


Que transformam nossas vidas,
E que nos deixam desfalecer,
Tão cansada adormeço,
Mas no meu pensamento, sufoco-me por dentro,
Neste pesadelo em pensar:
E amanhã o que acontecerá?

Com o meu filho no ventre,


E minha caneta nas mãos,
Peço a Deus misericórdia,
Para a vida da nossa nação;

Os conflitos se alastram,
Espalhando desunião...
Tento com minhas palavras,
Fortalecer esta nação...
Organizadora: Paula Leite – 2021

Caiam em si, vejam como está o mundo,


Nesta guerra incessante, que perdura a todo instante,
Que destorce as escolhas….
Que nos fazem refletir...
Em pensar que naquele dia o meu voto ia em ti;

Terminando meu clamor,


Meu socorro já fora dito,
Penso que toco você,
Nestas linhas por escrito.

42
Navegando em poesias

MEU ALÍVIO INTERNO


Paula Leite

Sou poeta, vivo assim...


Não sei estar sem escrever,
Vivo nestas linhas por escrito,
Procurando meu alívio.

Meus sentimentos transformo-os em rimas,


E sinto o alívio no meu peito,
Não consigo mais parar,
Espero sempre continuar...

Não se fixe em meu vocabulário,


Já que são meus sentimentos,
O alívio da minh’alma,
Transbordo o que sinto,
Estão expresso assim,
Me desculpe se houver erros,
Mas esta é minha saída,
Alívio e felicidade vivida.
Organizadora: Paula Leite – 2021

Antônia Paula Vasconcelos Leite, nasceu na cidade de


Lábrea – AM, em 15 de março de 2002. Passou sua
infância na Comunidade Prainha. Mudou-se para a cidade
de Lábrea para estudar, possui Curso Técnico em
Agropecuária na forma Integrada, do IFAM Campus
Lábrea. Afiliada de Rosicleia Mendes e Antônio D‟avila.

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Navegando em poesias

SINGULAR OU PLURAL
Henrique Galvão
Renata Silva

O que nos define nessa luta desigual,


Singularmente fiel às classes oprimidas,
Pluralmente atacadas, chacinadas,
Envenenadas, esfaqueiam nossas feridas,
Nos fazendo morrer, pluralmente,
Somos vítimas.

Singularmente oprimidos e pluralmente


Escarnecidos pelas amarras da sociedade
Pluralmente colonizadora.
Somos singulares de alma e com um
Plural de ideologias para lutar
Ferozmente contra o ataque do
Fascismo.

Entojados, crucificados, invadidos e


Encobertos pelas faces mais profanas
Do sacerdócio lusitano, que se satisfaz em
Ludibriar singularmente, o plural tão inocente,
Que porventura são gentes
De mente límpida
Que se deixam enganar.
Organizadora: Paula Leite – 2021

Eis a questão, minha gente,


Singular ou plural,
Não importa o mau,
Mesmo assim é natural sentir medo do
Limbo, que nem de longe
É o pior dos castigos.
Porque eterno é o medo singular
De morrer em instantes nas mãos de um
Plural dominante.

46
Navegando em poesias

Renata Batista Silva. Poetisa, natural do estado do Pará e


rondoniense de coração. Graduada em Língua Portuguesa,
atualmente é mestranda em Estudos Literários, pela
Universidade Federal de Rondônia - UNIR.
Organizadora: Paula Leite – 2021

PALAVRAS PÉTALAS
Maria Malagueta

Faço poema na penumbra do entardecer...


Palavras doces Néctar dos olhos
O florir dos pássaros...
Palavras Pétalas
A noite chega com o tic tac do relógio
É hora de recolher
E os astros brilhante diamante,
Bálsamo negro Rubim,
Gaia verde amazônica Curumim, Curumim,
Curumim.

48
Navegando em poesias

A PAZ DE DEUS
Maria Malagueta

Entre céu e terra


Cantarola o vento
Espumeja o amor
Vindo do Pai das luzes,
Quanta paz que excede a todo o nosso entendimento.
Paz no silêncio da terra,
Paz de Deus,
Paz com Deus,
Paz em Deus,
Gratidão envolutra
No entoar da manhã somos suas criaturas
Mas, no nascer da aurora derrama sobre nós a
verdadeira paz, somos gratos a Ti.
Do eu com Ele, do Ele conosco, do nós em Ti.
Óh! Verdadeira Paz que o mundo não conhece,
Tua Verdade é a resposta para nossas indagações.
Organizadora: Paula Leite – 2021

Maria do Perpétuo Socorro da Silva Malagueta, nasceu em


Lábrea, no Amazonas, é poetisa e professora da SEDUC-AM,
graduada em Letras, pela Universidade Federal do Amazonas –
UFAM, com Pós-Graduação em Direito de Estado; Gestão
Pública, Didática do Ensino Superior e Língua Portuguesa e
Linguística. Já ministrou aulas na Universidade do Estado do
Amazonas – UEA e no Centro de Ensino Técnico do Amazonas
– CETAM. Atualmente curso Direito pela AMBRA. É
evangélica.
Possui três filhos: Tisciany, Allindsey e Tarcyo, duas
netas que ama muito, Camila e Catherine. Desde pequena gosta
de ler, romances, gibis e também de escrever poesias, crônicas e
poemas. Publicados: Antologia Poética, pela Editora Spiccione
e Florilégio Poético Amazônico – Curitiba e Convergência
Poética – Pernambuco.
Hoje seus escritos são voltados para o lado espiritual,
tendo como inspiração Deus, o maior poeta do Universo e sua
natureza que lhe serve como pano de fundo. Pretende publicar o
livro: “Nova Criatura Sou”.

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Navegando em poesias

MULHER
Oziel da Rocha

Dos montes, ouve-se o brado da mulher guerreira


Mulher brasileira.

Do Mistério do universo criador, sua força vem


Apesar de tantas metamorfoses
Algumas impostas, outras da vida
Continua o caminho aguerrida

Versos não traduzem toda existência do seu ser


Sua presença se faz como poesia
Sem a sua ternura
A vida, menos bela, seria

Firme, filha, mãe, companheira,


Trabalhadeira, cuidadora, guerreira
Em tudo, o toque mágico da vida.
Organizadora: Paula Leite – 2021

O VAI E NÃO VEM DA VIDA


Oziel da Rocha

Olhos nos olhos


Certas coisas para dizer
Fomos surpreendidos
Vendidos pelo destino

Dias a mais
Sofrimentos demais
Virão dias de paz
Vidas melhores

Esperamos muito tempo


O tempo não nos agraciou
Perdas, desespero, eis que sobrou
Nenhum alento pós tempestade ficou

Queremos viver
Vamos vencer
Hora de superar o morrer
Vida que brota na grota
Vem para ser.... sempre.... sempre mais.

52
Navegando em poesias

Oziel da Rocha, nascido na cidade de Porecatu-PR.


Graduado em Filosofia, teologia e sociologia, mestrando
em Filosofia pelo PPGFIL-UFU-MG. Professor e vice-
diretor no Ensino Médio Estadual em Patos de Minas –
MG, onde reside com a família.
Organizadora: Paula Leite – 2021

NAVEGANTES
Neto

Duas mochilas de amor: nossa bagagem!


A mão de Deus: nosso dispositivo,
Guiando à frente o nosso objetivo,
Quando embarcamos na nossa viagem.

Desde que o barco do amor fez partida


Vivemos aventuras fascinantes,
Mesmo sendo imaturos navegantes
Nesse violento doce mar da vida!

Mas das tormentas também me recordo,


Fortes ondas batendo a estibordo
E o próprio dia se tornando escuro.

Mas inda que horizonte seja incerto


Não tenho medo, vou de peito aberto!
Porque você é meu porto seguro.

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Navegando em poesias

Nilton Azevedo de Oliveira Neto (1988-) é natural da zona


rural de Codajás/AM, município localizado a 239,6 km da
Capital Manaus. Lá viveu até os 18 anos de idade. Foi lá que
ouviu o canto da Literatura de Cordel e se encantou pela poesia.
Quanto à formação acadêmica, é Licenciado em
Ciências: Biologia e Química pela Universidade Federal do
Amazonas (UFAM, 2016); Esp. em Ensino de Química
(Cândido Mendes, 2017); Esp. em Metodologia de Ensino de
Ciências da Natureza (Estácio, 2020); e Mestre em Educação
Profissional e Tecnológica (IFAM, 2020). Atualmente cursa
Licenciatura em Matemática pela Universidade do Estado do
Amazonas (UEA).
Também é criador e administrador do Projeto Cordel &
sonetos, que, entre outras coisas, presta serviços relativos à
publicação de livros, ajudando autores independentes na
realização de seus sonhos. Site: www.cordelesonetos.com.br.
Instagram: @cordel.e.sonetos.
É casado com Neida Mendonça com quem tem uma filha:
Hadassa Rebeca.

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