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RETRATOS POÉTICOS DO CEARÁ:OS CROMOS DE X.

DE CASTRO
Humberto Alves de Araújo (UFC)

Introdução
É muito cedo ainda para se fazer um estudo acurado e consciencioso do
poeta, cuja morte, nós seus companheiros de ontem, ainda sentimos, como
uma triste, áspera e desoladora surpresa!
Lopes Filho

Passados mais de cento e onze anos, já não é tão cedo para tal estudo que ainda não
veio à luz. Isto não quer dizer que X. de Castro tenha sido esquecido por nossos críticos,
especialmente aqueles que se dedicaram a estudar o movimento literário cearense do fim do
século XIX. Desde seus contemporâneos até Sânzio de Azevedo (que lhe dedicou até agora o
olhar mais acurado) quem quer que se proponha a estudar a Padaria Espiritual não deixará de
notar X. de Castro, que mereceu em sua homenagem, quando do 30.º dia de sua morte, todo o
número 16 d’O Pão.
O poeta cearense X. de Castro iniciou sua carreira como romântico, mas sua face
mais conhecida é a de autor de cromos. Estes já não são românticos, tampouco parnasianos,
enquadrando-se no que Péricles Eugênio da Silva Ramos chamou de Poesia Realista. Neste
trabalho analisaremos alguns dos cromos de X. de Castro para apresentá-los aos que não os
conhecem e, em segundo lugar, ainda dentro da definição de Silva Ramos, definir se seus cromos
devem ser enquadrados no Realismo agreste ou no urbano.

Um rápido esboço biográfico

Augusto Xavier de Castro nasceu em Fortaleza em 30/01/1858 e morreu na mesma


cidade em 30/04/1895. De família pobre, não teve uma educação esmerada, começando a
trabalhar muito cedo. Aos vinte anos ingressou no funcionalismo público, no qual, por méritos
próprios, chegou a diretor de seção do Tesouro Provincial.
Foi abolicionista, colaborou em vários jornais, fez parte do Clube Literário. Foi padeiro
da segunda fase da Padaria Espiritual, com o criptônimo de Bento Pesqueiro. N’O Pão publicou
regularmente os seus cromos (que já publicava n’A República e no Libertador) até sua morte.
Sua produção poética foi reunida pela Padaria Espiritual, no livro Cromos. O livro foi organizado
em duas partes: a primeira de cromos e a segunda de poema românticos (“Poesias Diversas”).

  Mestrando em Literatura Brasileira (UFC). Orientador: Prof. Dr. Sânzio de Azevedo (UFC).
  RAMOS, 1986.
Os cromos

Com sua origem nas Miniaturas de Gonçalves Crespo, de 1871, os cromos foram
popularizados no Brasil a partir do livro Cromos (1881) de B. Lopes, influenciando vários
poetas que passaram a escrever esse tipo de “soneto descritivo, gracioso e às vezes anedótico,
que é em última análise um sonetilho”. Aqui no Ceará estes poemas foram publicados também
no Libertador entre 9 de junho e 29 de julho de 1884.
Dos poetas do Ceará que praticaram este tipo de poema, destaca-se indubitavelmente X.
de Castro. Nos seus cromos o subjetivismo do eu lírico dá lugar ao objetivismo descritivista do
fino observador das cenas cotidianas cearenses. Mas o cotidiano citadino ou o sertanejo? Dos
que escreveram sobre o autor, a maior parte passa ao largo dessa questão.
Citaremos três autores que, de algum modo, enquadraram os cromos de X. de Castro, ou
alguns deles, em uma dessas duas categorias: Manoel Lobato, Leonardo Mota e, mais uma vez,
Sânzio de Azevedo em fim dos anos 70).
Manoel Lobato, em carta aberta a Sabino Batista, publicada n’O Pão, é o primeiro que,
ao falar dos cromos de X. de Castro, aponta que este já não é romântico e sim realista:

Daí a impossibilidade de o romantismo nos poder agradar, hoje em dia. (...)


Continuando direi que Castro por diversas circunstancias se me afigura um
pintor: em primeiro porque só descreve o que vê, servindo-se do local do
acontecido, em segundo porque não perde as cores do que impressiona e as
traça como são, fazendo-nos palpitar as narinas, como se até o órgão do olfato
tivesse inteiro conhecimento do que se descreve...

E exemplifica com o cromo “Depois do Banho”:

O sol há pouco surgira;


Ela vinha do quintal!...
Assustou-se mal o vira
E ocultou-se no avental!...

De rosa, de seda e neve 5


Seu colo d’alvo frescor
Molhadinho assim de leve...
—Era em neblinas a flor...

Ele lhe disse:—Que alvura...


Nunca vi manhã mais pura... 10
Tanto Amor... mais luz n’Aurora!

Ela, nas murtas pisando,


lhe disse, rindo e corando:
— Nem tem graça!... Vá-se embora!

  AZEVEDO. 1997. p. 195.


  Ibidem.
  O Pão, Fortaleza, 15 de outubro de 1895.
Em seguida comenta: “Quem conhece a mulher nortista, aquela que vive a vida simples
e encantadora dos sertões, sabe quanto é natural essa resposta, e o que de brejeira maliciosidade
ela revela”. E é justamente a maliciosidade brejeira da resposta no último verso que quebra
o tom romântico dos versos anteriores. Ao contrário de B. Lopes, em nenhum dos cromos do
nosso autor a mulher é apresentada como camponesa ou outro adjetivo que aponte para uma
atividade campesina. Assim, parece-nos que a identificação do sertão como o locus amoenus
onde tal cena poderia ocorrer se deve muito mais às convicções de Lobato que às do poeta.
Já Leonardo Mota, no seu livro de 1928, Sertão Alegre, dedica um capítulo a X. de
Castro, no qual afirma que ele “era gracioso poeta, aquarelista de flagrantes sertanejos”. E para
justificar sua afirmação, reproduz o cromo “A Aleluia”:

Nos ares brada o foguete!


Repicam todos os sinos!
Rola o Judas no cacete!
Que algazarra entre os meninos!

Uns rasgam-lhe as calças finas 5


E vão-lhe o corpo arrastando;
Outros tiram-lhe as botinas,
E vão-lhe o fraque arrancando...

Uma mocinha da casa,


Vendo que tudo se arrasa, 10
Por acolá se desliza,

Gritando:—Mamãe, acuda!
Que esta casaca do juda
Papai diz qu’inda precisa!

O que não se justifica é esse cromo ser apontado como flagrante sertanejo, uma vez
que, ainda hoje, tal costume se mantém (agonizante) mesmo na metrópole em que se converteu
Fortaleza.
Leonardo Mota transcreve os cromos “Aguaceiro” e “Distraída” (dos quais trataremos
adiante) e reproduz ainda os cromos “A lavadeira” e “No tempo dos cajus”:

A LAVADEIRA

Iva é moça: vem da fonte


Trazendo a roupa lavada;
Abre a trouxa, ali sentada
Da cozinha bem defronte.

Separa de monte em monte 5


Camisa e saia arrendada,
Depois diz:—siá D. Amada,
Aqui está sua roupa... conte.

  Ibidem.
  MOTA, 2002. p. 173.
Enquanto contam-se as peças,
O preto Tomás, ás pressas, 10
Beija Iva; ela diz:—bruto!!

—Tu deixa de atrevimento...


Moleque, tem fundamento...
Sai d’aí, negro!—charuto!

NO TEMPO DOS CAJUS

No terreiro bem varrido


Fumega acesa coivara;
Pedro, tangendo uma vara,
Mexe o braseiro incendido.

Das castanhas em ruído 5


Fervente azeite dispara;
Queima as pestanas e a cara
D’um pequerrucho garrido.

Corre o menino chorando;


Rosa, os cabelos puxando, 10
Diz:— Mãe de Deus, ajudai-me!

Sai-te d’aqui, danadinho!


Arre! Bem feito... diabinho!
Vem cá... meu Deus perdoai-me!

Uma das possibilidades para discernir se os cromos de X. de Castro se referem ao


campo ao a cidade seria a análise das atividades econômicas neles retratadas. E a lavadeira do
primeiro destes dois cromos pode transitar tanto num cenário quanto noutro. Esse é um dos
únicos cromos do autor em que aparecem negros. Pelas palavras que Iva dirige a Tomás não
devemos acusar o poeta de preconceito racial, menos por ele ter sido abolicionista que por sua
intenção de um traçar um retrato objetivo das relações humanas. Interessante também o registro
da expressão “ter fundamento”, usada ainda hoje em contextos semelhantes.
O segundo cromo nos parece referir-se mais ao campo que a cidade. Dizemos “mais”
por, ainda, não ser impossível encontrar, nas periferias da cidade, alguém assando castanhas.
Leonardo Mota transcreve este cromo não a partir do livro, mas d’O Pão, no qual o vocábulo
“diabinho” do verso 13 aparece substituído por “cãosinho”, que nos parece retratar melhor a
linguagem popular. Chamamos atenção ao tratamento “danadinho” e “diabinho” (ou “cãosinho”)
que a mãe usa com o menino em um momento fugaz de raiva que logo se converte em pena e
desvelo. Recurso interessante usado por X. de Castro para chamar atenção para estas palavras
é o fato de elas virem precedidas por referência à Mãe de Deus e seguidas por uma referência
ao próprio Deus. De mais, este “descuido” no falar, misturando conceitos tão díspares, tem um
sabor popular muito peculiar.
Sânzio de Azevedo, em Literatura Cearense, depois de uma breve nota biográfica,
transcreve cinco cromos de X. de Castro e, em seguida, afirma que “situam-se perfeitamente
dentro daquela tendência que Silva Ramos chamou de Realismo Agreste”, isto é, tratariam de
cenas campesinas. No entanto, ao comentar o cromo seguinte, intitulado “Distraída”, diz que
ele poderia retratar uma cena de subúrbio:

N’uma esteirinha assentada


Branca a velha, no terreiro,
Toca um chorado faceiro
Nos bilros d’alva almofada..

Não falta mais quase nada 5


P’ra levantar todo inteiro
O papelão, qu’é o primeiro
D’uma renda encomendada.

Leva os óc’los à cabeça;


E, como d’eles se esqueça, 10
Diz:—Meu Deus! Inda mais esta!

Perdi meus óc’los!—Chiquinha,


Procura-os aqui...—Dindinha,
Seus óc’los estão na testa!...

A prótese em “assentada”, sem valor métrico, é um dos vários recursos que X. de


Castro utiliza para dar “cor local” à fala de seus personagens, como a síncope em “oc’los”,
aproximando-o da pronúncia do povo do Ceará. Sânzio de Azevedo também apresenta o cromo
“Em Porangaba”, que se passa na estação de trem da “vilazinha” de Porangaba, isto é, num
pequeno aglomerado urbano:

Pára o trem. Da vilazinha


Verde, risonha, engraçada.
Vem para a beira da Estrada
Toda a gente, ali vizinha.

Começa na férrea linha 5


Por gritar a meninada:
—E olha a castanha assada!
E’ nova, é boa, é fresquinha!

—Dé cá, diz um passageiro


E enquanto puxa o dinheiro, 10
Parte o trem já da Estação...

Corre, e o menino aturdido


Grita e brada enraivecido:
—Paga as castanhas, ladrão!

Apesar de apresentar um produto agrícola típico de nossa terra, a atividade econômica


aqui descrita não é a seu plantio ou colheita, o que caracterizaria o mundo rural, e sim sua
comercialização. Chamamos a atenção para a maestria com que X. de Castro usa dois iambos

  AZEVEDO, 1976. p. 96-97.


e um anapesto no verso 8 para reproduzir o ritmo pregoeiro do vendedor. Perceba-se também a
fórmula “Dé cá”, hoje em desuso, mas típica do falar cearense.
Os cromos seguintes tampouco podem ser enquadrados exclusivamente em um cenário
urbano ou rural. “Aguaceiro” mostra a alegria e o alvoroço com que a chuva é recebida no
Ceará e a ânsia de se recolher a sua água limpa:

Cai a chuva. Em casa tudo


Revela grande alegria,
Menos o velho, que chia
Com seu reumatismo agudo.

De semblante carrancudo
Põe-se a velha em gritaria,
Dizendo:—Corre, Maria!...
Oh! Que pé-d’agua barbudo!

Corre, negra! Anda, ronceira!


Bota a jarra na goteira,
Tira da chuva o pilão!...

—Ora!... A gente assim molhada!...


—Tira essa roupa, lesada!
Fica só de cabeção!...

Note-se o emprego dos vocábulos “ronceira” e “lesada”, tão nossos. “Cabeção”, que
aparece no último verso, é uma espécie de camisa longa que as mulheres utilizavam como roupa
íntima.
“Contratados” é mais um dos cromos de X. de Castro em que aparece a mulher cearense,
dotada de uma malicia brejeira que contrasta com a mulher idealizada do Romantismo:

Ela agora foi pedida


Para em Agosto casar-se,
E desde logo pagar-se
Terna promessa devida.

Ao vê-la já prometida 5
Vai o noivo retirar-se...
Mas d’ela ao aproximar-se
Sente-a triste... comovida!...

Diz-lhe então:—Tens pena, filha,


De abandonar a família?... 10
Responde ela, com ardil:

Ah! meu Deus, fazei-me um gosto...


Permiti que o mês de Agosto
Caia este ano em Abril...
Sobre este cromo, Sânzio chama a atenção para a aproximação com o linguajar do povo
na palatalização do L antes dos ditongos crescentes (filha/família, versos 9 e 10) e diz: “Esse
cromo é uma autêntica anedota, sendo imprevista a resposta final da noiva”.
Os cromos apresentados até agora são suficientes para demonstrar que não é possível,
para a maior parte dos cromos de X. de Castro, enquadrá-los exclusivamente no Realismo
agreste ou no Realismo urbano. Apontaremos agora alguns nos quais isto pode ser feito de
forma mais efetiva.
Primeiro “No terreiro”, publicado n’O Pão (01/01/1895), com o título “Na casa de
campo”:

Há um pombal ou poleiro
Bem pouco além da cozinha;
Diva—a morena—e Julinha
—Loira de olhar feiticeiro—

Quando d’aurora o primeiro 5


Raio d’elas se avizinha,
Sae uma da camarinha,
Já a outra está no terreiro...

Laura, consigo baixinho


Fala, beijando um pombinho 10
De plumagem meio nu...

Diva—a mimosa tapuia—


Balança o milho na cuia
Gritando: —Pombú! Pombú!...

Este cromo parece fazer referência a José de Alencar, pelos adjetivos aplicados às duas
moças, loira e morena, que nos lembram o título do capítulo V d’O Guarani, sensação corroborada
pelo verso 12, que nos lembra também a origem indígena de Isabel, no romance supracitado. O
título original do cromo, mais do que a atividade aí apresentada nos permite imaginá-lo como
uma cena campestre. No cromo “A volta” é a caça, como atividade de subsistência, que nos
permite enquadrá-lo na mesma linha de Realismo agreste:

Volta Anastácio da caça,


Traz preá, mocó, jacu,
Inda o sol não vem bem nu
Da matutina fumaça

Toda a família o abraça 5


E lhe rodeia o uru,
Que enraivecido tatu
Estrebuchando espedaça!...

Nenê, criança de peito,


Ouve aquele som desfeito, 10
Quer chorar... faz um beicinho...

  Ibidem.
Martha, sustendo-a no braço,
Desce as rendas do regaço,
Beija-a e diz: —‘stá seu peitinho...

Já “Descoberto” — que apresenta outro tema muito caro a X. de Castro, a infância —


pode ser melhor enquadrado no Realismo urbano, uma vez que Antão é trabalhador assalariado
de obra:

Sábado à tarde, — da obra


Chega Antão, puxa a tripeça,
Senta-se á porta, e começa
Por contar da feria a sobra...

Martha não vê que manobra 5


Faz-se antes qu’ela apareça!
Antão descobre a cabeça,
Sob o gorro uns cobres dobra...

Diz, depois: —Velha, vem cá!


Esta semana foi má... 10
Ganhei pouco!... Está... É teu!

—Só!— diz Martha. Então Zezinho


Grita:—Mamãe, o paizinho
Guardou cédra no chapéu!

Mais uma vez temos o registro de expressões coloquiais, como “cobres”, significando
dinheiro, e a descrição da linguagem infantil, como em outros cromos.
Evidentemente urbano é “O mata-pasto”, dedicado ao delegado Pedro Sampaio,
personagem conhecido da Fortaleza do tempo da Padaria Espiritual:

De azul-escuro o horizonte
Rapidamente se veste;
D’oiro o luzeiro celeste
Nas névoas esconde a fronte!

As flores, o vale e o monte 5


Varre sorrindo o Nordeste,
Da casa as palhas investe,
Remove as folhas da fonte.

Cai a chuva. As raparigas,


Lembrando queixas antigas, 10
Gritam:—Lá vem!... É o Inverno!

—Em breve o campo está basto


Do maldito mata-pasto!...
—Lá vamos nós p’r’esse inferno!
Descobrimos a partir de uma modinha de Ramos Cotôco, chamada “Mata-pasto”, que,
na época em que o cromo e a modinha foram escritos, a polícia prendia vagavam à noite pelas
ruas da cidade e os levava pela manhã para arrancar o mata-pasto10. Isso explica o poema ser
oferecido ao delegado. De mesmo tema (e também urbano) é “No tempo do mata-pasto”:

A criadinha da casa
Tem quinze anos apenas,
Anda por ela uma asa
Caindo, quebrando as penas

Dona Maria, á bodega 5


Ontem mandou-a cedinho
Dizendo: —Felícia, pega:
Vai comprar banha e toucinho

Já lá no beco a esperava
Seu Pedro —a asa que andava 10
Por ela pensa e de rasto.

E a velha espera a Felícia


Dizendo: —Est’hora a polícia
Levou-a p’ra o mata-pasto.

Mais uma vez temos o registro do vocabulário popular: pensa e rasto.


Além do cromo “No tempo dos cajus” que apresentamos antes, estes são aqueles que
podemos, de algum modo, enquadrar em uma das duas categorias de Realismo apresentadas por
Péricles Eugênio da Silva Ramos.

Conclusão

Procuramos com este trabalho apresentar o poeta cearense X. de Castro e sua produção
poética, tanto a romântica como a realista, e distinguir algumas das temáticas que aparecem nesta
última: atividades econômicas típicas, a infância, a linguagem popular, a brejeirice feminina etc.
Também demonstramos com os cromos que analisamos que a produção realista de X. de Castro,
com algumas poucas exceções, descreve cenas, costumes e atividades econômicas que podem
ocorrer tanto no campo quanto na cidade, e, portanto, esta produção deve ser classificada como
Realista, sem a distinção entre Realismo agreste e urbano.
As cenas e a linguagem descritas são típicas do Ceará; do mesmo modo o é o aspecto
anedótico de muitas de suas composições — traço cada vez mais aceito como parte da identidade
cearense. Estes sonetilhos, por sua concisão e pela felicidade com que conseguem retratar não
apenas a paisagem cearense, mas também seus personagens, seu linguajar e as relações sociais e
familiares, além da maestria na utilização do verso breve, com sua dicção cantante, contribuem
para retratar o tipo nordestino em geral e o cearense em particular.

10  ALENCAR. 1967. p. 119.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, Edigar de. A modinha cearense. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará,


1967.
AZEVEDO, Sânzio de. Literatura cearense. Fortaleza: Academia Cearense de Letras, 1976.
______. Para uma teoria do verso. Fortaleza: EUFC, 1997.
CARVALHO, Rodrigues de. “O Ceará Litterario (N’estes ultimos dez annos)”. In Revista da
Academia Cearense, t. IV, 1899.
CASTRO, X. de. Chromos. Fortaleza: Padaria Espiritual, 1895.
O Pão da Padaria Espiritual. Ed. Fac-similar. Fortaleza: Academia Cearense de Letras, UFC
e PMF, 1982.
MOTA, Leonardo. Sertão alegre. Prefácio de Rachel de Queiroz. 3.ª ed. Rio/São
Paulo/Fortaleza: ABC Editora, 2002. (1.ª edição: 1928)
RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. “A renovação parnasiana na poesia”. In: COUTINHO,
Afrânio (org.). A literatura no Brasil. Vol. IV. RJ: José Olympio; Niterói: UFF, 1986.

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