Você está na página 1de 5

AULA 31 REVISÃO 14 – UFAM-PSC

ETAPA 2
desses beijos exuberantes que são verdadeiras
1. (UFAM-PSC2-2011) “Senhora”, de José de explosões da alma irrupta pelo fogo de uma pai-
Alencar, desmente a ideia de que a sensua- xão subterrânea, longamente recalcada.”
lidade é prerrogativa dos romances con-
Resposta: A
temporâneos, e que aos romances românti-
COMENTÁRIOS:
cos cabia apenas amor platônico. Observe
os fragmentos abaixo, todos retirados de 1. Senhora – Uma das últimas obras de Alencar,
ALENCAR, José. Senhora. 34 ed. São Pau- “Senhora” (1875) é um romance urbano que re-
lo: Ática, 2003, e assinale a alternativa que trata o casamento por interesse financeiro numa
não comprova a ideia apresentada acima: sociedade de aparências do século XIX, mesma
época em que o autor vivia.
a) “Sem galopes infernais e as extravagantes figu-
ras que fazem das quadrilhas e valsas um per- 2. Visão crítica – Por meio dos diálogos entre
feito corrupio de doidos ou um redemoinho de Fernando Seixas e Aurélia, pode-se notar a vi-
gente tocada da tarântula, reinava ali sempre são crítica que eles têm da sociedade: o casa-
uma animação de bom gosto que excitava o mento não é apenas por amor, envolve interes-
prazer e derramava a alegria sem amarrotar as ses materiais.
moças, nem espremer as damas entre os cava- 3. Linguagem comercial – A obra é dividida em
lheiros.” quatro partes; os títulos evidenciam uma lingua-
b) “Aurélia cerrara a meio as pálpebras; seus lon- gem mercantil: “Preço”, “Quitação”, “Posse”, e
gos cílios franjados, que roçavam o cetim das “Resgate”.
faces, sombrearam o fogo intenso do olhar, que
escapava-se agora em chispas sutis, e feriam o 4. Final romântico – Apesar da proximidade com
semblante de Seixas com os rútilos de uma es- o Realismo, a obra termina em felicidade: Auré-
trela. A valsa é filha das brumas da Alemanha, e lia, agora rica, perdoa Fernando Seixas, e os
irmã das louras valquírias do norte. [...] Há nes- dois selam o pacto da felicidade.
sa dança impetuosa alguma cousa que lembra
os mistérios consagrados a Vênus pela Grécia
pagã, ou o delírio das bacantes quando agita-
vam o tirso.”
c) “Se Adelaide inclinava-se à frente para trocar
alguma observação, bombeava graciosamente
diante de Fernando as espáduas que a luz do
gás esbatendo-se em cheio jaspeava. Se a mo-
ça apoiava-se indolentemente à coluna, era o
seu lindo colo vazado por decote de ninfa, que
se oferecia aos olhos de Fernando.”
d) “Aurélia procurou a mão do marido e encostou-a
na testa. Debruçando-se para ela com esse mo-
vimento, Seixas roçara com o braço o contorno
de um seio palpitante. A moça estremeceu co-
mo se a percutisse uma vibração íntima, e aper-
tou com uma crispação nervosa a mão do mari-
do que ela conservara na sua.”
e) “Aurélia fitou o retrato com delícia. Arrebatada
pela veemência do afeto que intumescia-lhe o
seio, pousou nos lábios frios e mortos da ima- https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-
gem um beijo férvido, pujante, impetuoso; um 1093986342-senhora-jose-de-alencar-editora-trs-
capa-dura-_JM

1
verbos que indicam vozes dos animais são em-
2. (UFAM-PSC2-2011) Leia: pregados largamente: berrar, ulular, mugir, arru-
“Daí a pouco, em volta das bicas era um zun- lhar, grunhir, miar.
zum crescente, uma aglomeração tumultuosa 4. Filme – Há um filme, criado em 1978 por Fran-
de machos e fêmeas. Uns, após outros, lava- cisco Ramalho Jr., com roteiro totalmente base-
vam a cara, incomodamente, debaixo do fio ado no livro “O Cortiço”. Conta com a participa-
d’água que escorria da altura de uns cinco ção especial de Betty Faria (Rita Baiana), Mário
palmos. O chão inundava-se. As mulheres Gomes (Jerônimo) e Armando Bógus (João
precisavam já prender as saias entre as coxas Romão).
para não as molhar; via-se-lhes a tostada nu-
dez dos braços e do pescoço, que elas despi-
am, suspendendo o cabelo todo para o alto do
casco; os homens, esses não se preocupavam
em não molhar o pelo, ao contrário metiam a
cabeça bem debaixo da água e esfregavam
com força as ventas e as barbas, fossando e
fungando contra as palmas das mãos.” (AZE-
VEDO, Aluísio de. O Cortiço. São Paulo: Martins Fontes,
1968.)

Esse fragmento pertence a “O Cortiço”, obra


emblemática do Naturalismo. São característi-
cas desse fragmento, típicas desse movimento
literário, entre outras,
a) o idealismo na descrição feminina.
b) a sensualidade idealizada.
c) a visão da realidade atrelada aos elementos na-
turais.
d) a fuga à realidade, a partir de um local idealiza-
do, como o cortiço.
e) a descrição visando aproximar homens de ani- http://filmes-literarios.blogspot.com/2011/07/dvd-filme-o-
cortico-1978.html
mais e destacar aspectos desagradáveis do
ambiente. 3. (UFAM-PSC2-2011) O Realismo e o Natura-
Resposta: E lismo são movimentos surgidos na segun-
COMENTÁRIOS: da metade do século XIX, marcada por
transformações econômicas, científicas e
1. O Cortiço – O cenário de “O Cortiço” é um am-
ideológicas. Sobre esses dois movimentos,
biente degradante, habitado por seres que con-
assinale a alternativa INCORRETA.
centram inúmeros aspectos negativos: a ganân-
cia, o racismo, o adultério, a loucura, as taras a) Para realistas e naturalistas (em linhas gerais
sexuais, a exploração econômica. dos movimentos), a neutralidade diante do tema
é fundamental, por isso preferem a narrativa em
2. A principal personagem de “O Cortiço” é o pró-
3.ª pessoa.
prio Cortiço. É ele quem acorda cedo, quem
b) O Realismo brasileiro teve poucos seguidores.
promove saraus, quem organiza motins, quem
Iniciou-se com Machado de Assis, porém seu
pratica todas as ações enfim.
expoente máximo foi Augusto dos Anjos com
3. A redução das criaturas ao nível animal é traço sua poesia de cunho cientificista.
do Naturalismo e aspecto antirromântico. Os
2
 Determinismo social e biológico (o ser huma-
c) O Naturalismo é considerando uma radicaliza-
no também é fruto da evolução).
ção do Realismo, acrescentando-lhe aos princí-
pios e características uma visão fisiológica da  Personagens construídos com ênfase nos
existência. aspectos psicológicos (patologia).

d) O Naturalismo prefere retratar em seus textos  Cientificismo.


as camadas mais baixas da sociedade, sendo
esse um dos pontos de afastamento em relação
ao Realismo, que retrata a elite.
e) Aluísio de Azevedo iniciou o Naturalismo no
Brasil, com “O Mulato”.
Resposta: B
COMENTÁRIOS:
1. Realismo:
 1881: “Memórias póstumas de Brás Cubas”.
 Linguagem direta, objetiva e descritiva.
 Personagens comuns e cotidianos, mas
construídos com profundidade.
 Crítica à sociedade burguesa.

https://www.traca.com.br/livro/1013126/m
ulato/

4. (UFAM-PSC2-2011) Para responder à ques-


tão, coloque V para afirmativas verdadeiras
e F para as falsas. Assinale a sequência
correta.
Pode-se descrever o Parnasianismo como
um movimento
( ) cujo conteúdo é mais importante que a forma de
seus textos.
( ) que trabalha com temas greco-latinos e prefere
formas fixas, como o soneto.
( ) que legou obras de cunho social, preocupado
com a situação do país em seu tempo.
https://www.extra.com.br/livros/literaturainfantojuvenil/
paradidaticos/reencontro-literatura-memorias-postumas-
( ) cujo descritivismo dos poemas se iguala ao
de-bras-cubas-293313.html Romantismo, ambos preocupados com o ambi-
ente político de seus respectivos momentos his-
2. Naturalismo:
tóricos.
 1881: “O Mulato”. ( ) em que a mulher é apresentada como a musa
 Foco nas características animais e sexuais inspiradora, situada em meio à natureza brasilei-
dos seres humanos. ra.
3
Quando Ismália enlouqueceu,
a) F – V – F – V – F
Pôs-se na torre a sonhar...
b) V – V – F – F – V
Viu uma lua no céu,
c) F – V – F – F – F
Viu outra lua no mar.
d) F – F – F – V – V
e) V – F – F – F – V No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Resposta: C
Queria subir ao céu,
COMENTÁRIOS:
Queria descer ao mar...
1. Características do PARNASIANISMO:
E, no desvario seu,
 Arte pela arte.
Na torre pôs-se a cantar...
 Perfeição formal (valorização de rima, métri- Estava perto do céu,
ca e palavreado). Estava longe do mar...
 Valorização da estética em detrimento do
E como um anjo pendeu
conteúdo.
As asas para voar...
 Preferência pelo soneto. Queria a lua do céu,
 Valorização da cultura clássica. Queria a lua do mar...

 Impessoalidade: o “eu” poético não faz parte As asas que Deus lhe deu
das cenas descritas. Ruflaram de par em par...
2. Principais representantes – Alberto de Olivei- Sua alma subiu ao céu,
ra, Raimundo Correia e Olavo Bilac. Seu corpo desceu ao mar...

Sobre ele é INCORRETO afirmar que


a) é um texto que caracteriza a essência do Sim-
bolismo ao usar a loucura e a torre como alego-
rias do distanciamento do mundo terreno.
b) a presença da música, da cor prateada, da lou-
cura, do mar e do céu, confirmam a inserção do
texto no Simbolismo.
c) a dualidade corpo e alma está presente no po-
ema, nas imagens do mar e do céu, unidas pelo
objeto de desejo: a lua.
d) é um poema que traz como tema o suicídio reli-
gioso.
e) Ismália recebeu um par de asas para o corpo e
outro para a alma, conduzindo a alma ao céu e
o corpo ao mar, desfazendo a ideia de suicídio,
que pressuporia queda.
Resposta: D
COMENTÁRIOS:

1. O poema está escrito em REDONDILHAS MAI-


http://www.imeolavobilac.seed.pr.gov.br/modules/ ORES (versos de 7 sílabas poéticas); veja:
conteudo/conteudo.php?conteudo=11
“quan/do Is/má/lia en/lou/que/ceu”
1 2 3 4 5 6 7
5. (UFAM-PSC2-2011) Considere o poema se- 2. Antíteses: “céu” e “mar”, “subir” e “descer”, “per-
guinte, de Alphonsus de Guimaraens: to” e “longe”.

4
3. Ode – Entre os antigos gregos, poema lírico des-
tinado ao canto. De modo geral, poema lírico
composto de estrofes de versos com medida
igual.
4. No desvario, Ismália oscila entre o plano físico
(o corpo) e o plano espiritual (a alma). A loucura
e o sonho transportam a personagem para uma
outra dimensão, fazendo-a atravessar a fronteira
entre a vida e a morte. Essas características fili-
am o poema ao SIMBOLISMO.

https://www.flickr.com/photos/chenepan/4457499008

RESPOSTAS:
1-A; 2-E; 3-B; 4-C; 5-D
REFERÊNCIAS
AMORA, Antônio Soares. Obras de Cláudio Manuel da
Costa. Lisboa, Bertrand, 1962.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira.
São Paulo: Cultrix, 1994.
BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Capítulos de Literatu-
ra Colonial. São Paulo: Brasiliense, 1991.
CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. Rio
de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004
CASTELLO, José Aderaldo. Literatura brasileira/origens
e unidade/vol.II. São Paulo: Edusp, 1999.
Moisés, Massaud. A literatura brasileira através dos tex-
tos. São Paulo: Editora Cultrix, 1997.

Você também pode gostar