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1. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2020) De acordo com esse movimento, a arte deve valer-se
dos métodos científicos de observação e experimentação no tratamento dos fatos e dos
personagens. Tal movimento substitui o estudo do homem abstrato e metafísico pelo do
homem sujeito a leis físico-químicas e determinado pela influência do meio.

(Afrânio Coutinho. Introdução à literatura no Brasil, 1976. Adaptado.)

O excerto trata do movimento


a) árcade.
b) simbolista.
c) romântico.
d) naturalista.
e) modernista.

2. (Enem PPL 2019) – Não digo que seja uma mulher perdida, mas recebeu uma educação
muito livre, saracoteia sozinha por toda a cidade e não tem podido, por conseguinte, escapar à
implacável maledicência dos fluminenses. Demais, está habituada ao luxo, ao luxo da rua, que
é o mais caro; em casa arranjam-se ela e a tia sabe Deus como. Não é mulher com quem a
gente se case. Depois, lembra-te que apenas começas e não tens ainda onde cair morto.
Enfim, és um homem: faze o que bem te parecer.
Essas palavras, proferidas com uma franqueza por tantos motivos autorizada, calaram no
ânimo do bacharel. Intimamente ele estimava que o velho amigo de seu pai o dissuadisse de
requestar a moça, não pelas consequências morais do casamento, mas pela obrigação, que
este lhe impunha, de satisfazer uma dívida de vinte contos de réis, quando, apesar de todos os
seus esforços, não conseguira até então pôr de parte nem o terço daquela quantia.

AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2017.

O texto, publicado no fim do século XIX, traz à tona representações sociais da sociedade
brasileira da época. Em consonância com a estética realista, traços da visão crítica do narrador
manifestam-se na
a) caracterização pejorativa do comportamento da mulher solteira.
b) concepção irônica acerca dos valores morais inerentes à vida conjugal.
c) contraposição entre a idealização do amor e as imposições do trabalho.
d) expressão caricatural do casamento pelo viés do sentimentalismo burguês.
e) sobreposição da preocupação financeira em relação ao sentimento amoroso.

3. (Enem PPL 2019) A nossa emotividade literária só se interessa pelos populares do sertão,
unicamente porque são pitorescos e talvez não se possa verificar a verdade de suas criações.
No mais é uma continuação do exame de português, uma retórica mais difícil, a se desenvolver
por este tema sempre o mesmo: Dona Dulce, moça de Botafogo em Petrópolis, que se casa
com o Dr. Frederico. O comendador seu pai não quer porque o tal Dr. Frederico, apesar de
doutor, não tem emprego. Dulce vai à superiora do colégio de irmãs. Esta escreve à mulher do
ministro, antiga aluna do colégio, que arranja um emprego para o rapaz. Está acabada a
história. É preciso não esquecer que Frederico é moço pobre, isto é, o pai tem dinheiro,
fazenda ou engenho, mas não pode dar uma mesada grande.
Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o tema de seu ciclo literário.

BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá. Disponível em: www.brasiliana.usp.br.


Acesso em: 10 ago. 2017.

Situado num momento de transição, Lima Barreto produziu uma literatura renovadora em
diversos aspectos. No fragmento, esse viés se fundamenta na
a) releitura da importância do regionalismo.
b) ironia ao folhetim da tradição romântica.
c) desconstrução da formalidade parnasiana.

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d) quebra da padronização do gênero narrativo.


e) rejeição à classificação dos estilos de época.

4. (Ufpr 2019) Considere o seguinte trecho do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto:

Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da
cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos,
empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.
(Clara dos Anjos, p. 38.)

Com base no trecho selecionado e na leitura integral do romance Clara dos Anjos, de Lima
Barreto, assinale a alternativa correta.
a) O narrador é imparcial ao descrever os cenários do subúrbio e de outros pontos da cidade,
demonstrando neutralidade na constatação das diferenças entre as regiões.
b) O subúrbio é descrito ora de modo realista, ora de modo idealizado, contribuindo para a
construção de uma visão, por vezes, romantizada da pobreza.
c) O narrador disseca com rigor quase sociológico os problemas políticos da época, citando
fatos e personagens históricos reais que se misturam à narrativa.
d) O romance apresenta o ambiente do subúrbio aliando a descrição pormenorizada do espaço
físico à caracterização dos personagens que o habitam.
e) Os vários bairros e personagens que estão nos arredores da linha férrea do trem urbano são
descritos como um conjunto indiferenciado, como se cada bairro não tivesse sua
característica própria.

5. (Ufrgs 2020) Assinale a alternativa correta a respeito do romance São Bernardo, de


Graciliano Ramos.
a) O romance inicia com uma discussão sobre o processo de escrita, que o narrador delega a
pessoas cultas, por julgá-las mais capazes de representar literariamente os modos de falar
da gente do sertão.
b) Paulo Honório, apesar da realidade hostil e da decadência moral e material que se abate
sobre ele, registra, ao escrever suas memórias, as amizades que acumulou ao longo da
vida, o amor e a harmoniosa convivência ao lado da esposa Madalena.
c) O sentimento de posse e de propriedade por bens materiais domina a personalidade de
Paulo Honório, estendendo-se às suas relações afetivas, concretizadas em termos utilitários.
d) A narrativa de Paulo Honório é objetiva, seca e curta, uma vez que reflete a personalidade
autoritária de seu autor, sem abrir espaço para indagações, hesitações, negações ou
dúvidas.
e) A objetividade e a assertividade da escrita, diante dos fatos duros e cruéis do mundo,
impedem que se desencadeie um processo de tomada de consciência, revelador das
contradições do narrador.

6. (Ufrgs 2020) Considere as afirmações abaixo, sobre o romance São Bernardo, de Graciliano
Ramos.

I. A obra está integrada à Geração de 30, momento do Modernismo brasileiro voltado


sobretudo para a representação das contradições entre o processo de modernização e o
atraso das estruturas patriarcais da sociedade brasileira.
II. As tensões psicológicas do narrador e personagem Paulo Honório conferem uma carga
intimista que enfraquece as pressões da natureza e do meio social sobre as ações do
romance.
III. As tensões psicológicas e a problematização do processo de escrita caracterizam a obra,
que, assim, ultrapassa os limites do regionalismo, afeito ao descritivismo da paisagem local.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.

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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


TEXTO I

“Guimarães Rosa escreveu sua obra no português do Brasil, uma língua muito mais rica do que
o português europeu, na medida em que assimilou um sem-número de elementos provenientes
dos idiomas dos índios e negros que desempenharam papel de relevo na formação étnica e
cultural do país. Entretanto, o autor não se limitou apenas a reproduzir a linguagem falada no
Brasil. E à síntese já existente, acrescentou sua própria síntese: uma estrutura sintática
bastante peculiar e um léxico que inclui grande número de neologismos; vocábulos extraídos
de idiomas estrangeiros ou revitalizados do antigo português; e uma série de termos indígenas
ou dialetais que ainda não tinham sido incorporados à sua língua de origem [...]”.

COUTINHO, Afrânio. Guimarães Rosa e o processo de revitalização da linguagem. In:


COUTINHO, Eduardo F. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1983.

TEXTO II

“Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta vida é
embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice
reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade.
Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem que fui, e homem por mulheres!
– nunca tive inclinação para os vícios desencontrados. Repito o que, o sem preceito. Então – o
senhor me perguntará – o que era aquilo? Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o
que, durando todo o tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela
mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava
dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era
ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, eu só nele
pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu
mesmo entender não queria [...]”.

ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

TEXTO III

“A experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorrem todos os narradores. E,
entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais
contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem dois grupos, que se
interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se torna plenamente tangível se
temos presentes esses dois grupos. ‘Quem viaja tem muito que contar’, diz o povo, e com isso
imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas também escutamos com prazer o
homem que ganhou honestamente sua vida sem sair do seu país e que conhece suas histórias
e tradições. Se quisermos concretizar esses dois grupos através dos seus representantes
arcaicos, podemos dizer que um é exemplificado pelo camponês sedentário, e outro, pelo
marinheiro comerciante [...]”.

BENJAMIN, Walter. O narrador – Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In:_________


Magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.

7. (Ufjf-pism 1 2020) Marque a opção em que a afirmação sobre os textos acima esteja
correta:
a) Para Walter Benjamin, a narrativa será menos eficiente tanto quanto mais se confundir às
histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos.
b) No trecho selecionado de Grande sertão: veredas, o narrador deseja fazer com que seu
interlocutor perceba sua dificuldade em aceitar dar o nome de “paixão” àquilo que ele sente.

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c) No texto de Afrânio Coutinho, o que importa é o conteúdo da prosa de Guimarães Rosa, e


não a forma da linguagem com a qual ela é construída.
d) Seguindo o raciocínio de Walter Benjamin e aceitando o que Afrânio Coutinho diz em relação
à prosa de Guimarães Rosa, podemos afirmar que o narrador do fragmento de Grande
sertão: veredas parece mais próximo do marinheiro mercante do que do camponês
sedentário.
e) De acordo com o fragmento de Walter Benjamin, o narrador não precisa estabelecer
nenhuma relação com a sua comunidade de ouvintes ou de leitores para ser eficiente como
contador de histórias.

8. (Ufjf-pism 1 2020) Ainda em relação aos três textos apresentados, marque a opção correta:
a) O narrador do Grande sertão: veredas se situa no tempo presente e faz um exercício de
rememoração, de volta ao passado, para tentar compreender o que se sucedeu com ele.
b) O narrador do Grande sertão: veredas desenvolve um monólogo cheio de certezas
indiscutíveis e ignora o seu interlocutor, como se o seu fluxo verbal fosse capaz, por si
mesmo, de fornecer todas as respostas para suas indagações acerca dos caminhos que sua
vida trilhou até ali.
c) Afrânio Coutinho afirma que a linguagem na prosa de ficção de Guimarães Rosa faz com
que ele se posicione entre os autores que menos relevância tiveram para a renovação dos
meios expressivos da literatura brasileira.
d) Para Walter Benjamin, os procedimentos narrativos das duas grandes famílias de narradores
não se aproximam em momento algum, fazendo com que seja simples identificá-los em suas
particularidades e em seus universos restritos.
e) O texto de Afrânio Coutinho é literário. O texto de João Guimarães Rosa é literário. E o texto
de Walter Benjamin é não-literário.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


Leia o texto abaixo:

“A gente viemos do inferno – nós todos – compadre meu Quelemém instrui. Duns lugares
inferiores, tão monstro-medonhos, que Cristo mesmo lá só conseguiu aprofundar por um
relance a graça de sua sustância alumiável, em as trevas de véspera para o Terceiro Dia.
Senhor quer crer? Que lá o prazer trivial de cada um é judiar dos outros, bom atormentar; e o
calor e o frio mais perseguem; e, para digerir o que se come, é preciso de esforçar no meio,
com fortes dores; e até respirar custa dor; e nenhum sossego não se tem. Se creio? Acho
proseável. Repenso no acampo da Macaúba da Jaíba, soante que mesmo vi e assaz me
contaram; e outros – as ruindades de regra que executavam em tanto pobrezinhos arraiais:
baleando, esfaqueando, estripando, furando os olhos, cortando línguas e orelhas, não
economizando as crianças pequenas, atirando na inocência do gado, queimando pessoas
ainda meio vivas, na beira de estrago de sangues... Esses não vieram do inferno? Saudações.
Se vê que subiram de lá antes dos prazos, figuro que por empreitada de punir os outros,
exemplação de nunca se esquecer do que está reinando por debaixo. Em tanto, que muitos
retombam para lá, constante que morrem... Viver é muito perigoso.”

ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

9. (Ufjf-pism 1 2020) No fragmento acima, transcrito do Grande sertão: veredas, de Guimarães


Rosa, Riobaldo, o narrador-personagem, expõe ao seu interlocutor uma argumentação que o
conduz à conclusão de que “Viver é muito perigoso”. Sobre que tema trata a sua argumentação
e por que ele chega a essa conclusão?

10. (Ufjf-pism 1 2020) Que expressões contidas no texto demonstram a aceitação pelo
narrador-personagem da possibilidade de o interlocutor poder concordar ou não com sua
teoria?

11. (G1 - cftmg 2019) Um boi vê os homens

Tão delicados (mais que um arbusto) e correm e correm de um para o outro lado, sempre
esquecidos de alguma coisa. Certamente falta-lhes não sei que atributo essencial, posto se

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apresentem nobres e graves, por vezes.

Ah, espantosamente graves, até sinistros.

Coitados, dir-se-ia que não escutam nem o canto do ar nem os segredos do feno, como
também parecem não enxergar o que é visível e comum a cada um de nós, no espaço.

E ficam tristes e no rasto da tristeza chegam à crueldade.

Toda a expressão deles mora nos olhos - e perde-se a um simples baixar de cílios, a uma
sombra.

Nada nos pelos, nos extremos de inconcebível fragilidade, e como neles há pouca montanha, e
que secura e que reentrâncias e que impossibilidade de se organizarem em formas calmas,
permanentes e necessárias.

Têm, talvez, certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem perdoar a agitação
incômoda e o translúcido vazio interior que os torna tão pobres e carecidos de emitir sons
absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme (que sabemos nós), sons que se despedaçam e
tombam no campo como pedras aflitas e queimam a erva e a água, e difícil, depois disto, é
ruminarmos nossa verdade.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

No texto, a perspectiva adotada pelo poeta


a) opõe a fragilidade física à racionalidade humana.
b) compara a vida na manada ao homem na multidão.
c) constata a falta de finalidade da existência humana.
d) elabora uma representação desiludida dos homens.

12. (Enem 2019) Inverno! inverno! inverno!


Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite
escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde
apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da
cidade de catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e
animam, tudo isto: decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa
como o vento, tudo isto é o frio inverno da vida.
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por
meses, à espera do sol avaro que não vem.

POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013.

Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética,


em que se observa
a) imprecisão no sentido dos vocábulos.
b) dramaticidade como elemento expressivo.
c) subjetividade em oposição à verossimilhança.
d) valorização da imagem com efeito persuasivo.
e) plasticidade verbal vinculada à cadência melódica.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Entre 11 de fevereiro e 03 de junho de 2018, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque
(MoMA) abrigou a primeira exposição nos Estados Unidos dedicada à pintora brasileira Tarsila
do Amaral.

Leia a apresentação de uma das pinturas expostas para responder à(s) questão(ões) a seguir.

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The painting Sleep (1928) is a dreamlike representation of tropical landscape, with this major
motif of her repetitive figure that disappears in the background.

This painting is an example of Tarsila’s venture into surrealism. Elements such as repetition,
random association, and dreamlike figures are typical of surrealism that we can see as main
elements of this composition. She was never a truly surrealist painter, but she was totally aware
of surrealism’s legacy.

(www.moma.org. Adaptado.)

13. (Unesp 2019) A apresentação sublinha a influência de uma determinada vanguarda


europeia sobre a pintura de Tarsila do Amaral. A influência dessa vanguarda europeia também
se encontra nos seguintes versos do poeta modernista Murilo Mendes:

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a) No fim de um ano seu Naum progrediu,


já sabe que tem Rui Barbosa, Mangue, Lampião.
Joga no bicho todo dia, está ajuntando pro carnaval,
depois do almoço anda às turras com a mulher.
As filhas dele instalaram-se na vida nacional.
Sabem dançar o maxixe
conversam com os sargentos em bom brasileiro.

(“Família russa no Brasil”)

b) Eu sou triste como um prático de farmácia,


sou quase tão triste como um homem que usa costeletas.
Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher
mas só ouço o tectec das máquinas de escrever.
Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.
Quantas meninas pela vida afora!
E eu alinhando no papel as fortunas dos outros.

(“Modinha do empregado de banco”)


c) Ele acredita que o chão é duro
Que todos os homens estão presos
Que há limites para a poesia
Que não há sorrisos nas crianças
Nem amor nas mulheres
Que só de pão vive o homem
Que não há um outro mundo.

(“O utopista”)
d) A costureira, moça, alta, bonita,
ancas largas,
os seios estourando debaixo do vestido,
(os olhos profundos faziam a sombra na cara),
morreu.
Desde então o viúvo passa os dias no quarto olhando pro manequim.

(“Afinidades”)
e) O cavalo mecânico arrebata o manequim pensativo
que invade a sombra das casas no espaço elástico.
Ao sinal do sonho a vida move direitinho as estátuas
que retomam seu lugar na série do planeta.
Os homens largam a ação na paisagem elementar
e invocam os pesadelos de mármore na beira do infinito.

(“O mundo inimigo”)

14. (Fuvest 2019) Os trechos seguintes foram extraídos do texto “Casas de cômodos”, que
consiste em um apanhado de impressões recolhidas pelo escritor Aluísio Azevedo. Leia-os
para responder às questões.

I. Há no Rio de Janeiro, entre os que não trabalham e conseguem sem base pecuniária fazer
pecúlio e até enriquecer, um tipo digno de estudo – é o “dono de casa de cômodos”; mais
curioso e mais completo no gênero que o “dono de casa de jogo”, pois este ao menos
representa o capital da sua banca, suscetível de ir à glória, ao passo que o outro nenhum
capital representa, nem arrisca, ficando, além de tudo, isento da pecha de mal procedido.
Quase sempre forasteiro, exercia dantes um ofício na pátria que deixou para vir tentar fortuna
no Brasil; mas, percebendo que aqui a especulação velhaca produz muito mais do que o
trabalho honesto, tratou logo de esconder as ferramentas do ofício e de fariscar os meios de,
sem nada fazer, fazer dinheiro.

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II. (...) há sempre uma quitandeira de quem o dono da casa de cômodos, começando por
merecer a simpatia, acaba por conquistar a confiança e o amor. Juntam-se e, quando ela dá
por si, está cozinhando e lavando para todos os hóspedes do eleito do seu coração, sem
outros vencimentos além das carícias, que lhe dá o amado sócio.
Assim chega a empresa ao seu completo desenvolvimento, e o dono da casa de pensão
começa a ganhar em grosso, acumulando forte, sem trabalhar nunca, nem empregar capital
próprio, até que um dia, farto de aturar o Brasil, passa com luvas o estabelecimento e retira-
se para a pátria, deixando, naturalmente também com luvas, a preciosa quitandeira ao seu
substituto.

Aluísio Azevedo, Casas de cômodos.

a) Que recurso da estética naturalista surge já no início das notas, feitas em razão do cotidiano
nacional da época? Justifique.
b) Para o leitor de O Cortiço, salta à vista o aproveitamento que Aluísio Azevedo fez de parte
dessas impressões ao conceber a relação entre João Romão e Bertoleza. Há também,
contudo, diferenças relevantes. Qual o fator que, central na sociedade brasileira do século
XIX, acentua o tom perverso do final do romance? Justifique com base no enredo.

15. (Enem 2019) 1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da
temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar
o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o
soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza
da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos,
semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr
sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a
Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto e munificiência, para aumentar o
entusiástico fervor dos elementos primordiais.

MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. In: TELES, G. M. Vanguardas europeias e Modernismo


brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.

O documento de Marinetti, de 1909, propõe os referenciais estéticos do Futurismo, que


valorizam a
a) composição estática.
b) inovação tecnológica.
c) suspensão do tempo.
d) retomada do helenismo.
e) manutenção das tradições.

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Gabarito:

Resposta da questão 1:
[D]

A referência a “métodos científicos de observação e experimentação no tratamento dos fatos e


dos personagens” e a estudo do “homem sujeito a leis físico-químicas e determinado pela
influência do meio” permite concluir que o excerto trata do movimento naturalista, como
transcrito em [D]. Este movimento artístico recebeu influências de correntes científicas das
últimas décadas do séc. XIX: Positivismo, de Auguste Comte (valoriza o que é empiricamente
comprovado), Determinismo, de Taine (enfatiza o contexto para determinar as ações do
indivíduo), Evolucionismo, de Darwin (reduz a capacidade de sobrevivência àquele que é mais
apto) e o Socialismo, de Karl Marx (explica a História à luz da luta de classes).

Resposta da questão 2:
[E]

Em vários de seus contos, Artur Azevedo dedicou-se a fazer sátiras ao espírito sonhador e
sentimental da literatura romântica, representando caricaturalmente hábitos e comportamentos
das camadas médias e altas da sociedade do Segundo Império e dos primeiros anos da
República. O excerto de “A dívida” de Artur Azevedo coloca em evidência que a maior
preocupação do personagem era com o pagamento da dívida da aposta e não com a
realização afetiva com a mulher amada. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 3:
[B]

A referência irônica ao final feliz de uma narrativa, que tratava de amenidades e da vida
cotidiana da classe média com a pretensão de adaptá-la ao gosto do público leitor e sem
vínculo com a realidade, permite deduzir que o autor rejeitava o gênero folhetinesco da estética
romântica da época para produzir uma literatura renovadora em diversos aspectos. Assim, é
correta a opção [B].

Resposta da questão 4:
[D]

Sobre o romance “Clara dos Anjos”, o narrador não é imparcial, não apresenta visão idealizada
da pobreza, nem fatos históricos que se misturam à narrativa, enquanto que os subúrbios
cariocas são apresentados de forma diferenciada, o que elimina as opções [A], [B], [C] e [E],
respectivamente. Assim, é correta apenas [D].

Resposta da questão 5:
[C]

Depois da morte de Madalena e só na companhia de Casimiro Abreu, Paulo Honório, mesmo


com consciência das suas limitações, resolve escrever a história de sua vida e da sua relação
conflituosa com a mulher, o que invalida as opções [A] e [B]. Também [D] e [E] são incorretas,
pois a narrativa é repleta de muita indagação, hesitação, negação e dúvida, desencadeando
um processo de tomada de consciência, revelador das contradições de Paulo Honório. Assim,
é correta apenas [C], pois a trajetória do personagem em direção ao poder e enriquecimento
provocou o embrutecimento de sua alma, desumanizando-o a ponto de impedi-lo de ter
relações afetivas com os outros.

Resposta da questão 6:
[E]

O Romance de 30, categoria em que se inclui São Bernardo, ficou conhecido pelo engajamento
político e social, expondo o conflito dramático entre homem e mundo o que caracteriza como
“romance de tensão crítica”. Nele, o herói opõe-se e resiste às pressões da natureza e do meio

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social, transmitindo ao leitor o seu mal-estar permanente, afastando-se, assim, do regionalismo


convencional do século anterior. Como todos os itens são verdadeiros, é correta a opção [E].

Resposta da questão 7:
[B]

No trecho selecionado de Grande sertão: veredas, vemos o narrador refletindo sobre seus
sentimentos em relação a Diadorim, colocando o lugar da amizade em questionamento, e
percebendo que sentia algo intenso, ainda que não soubesse nomear. Vê-se portanto, uma
descrição de um sentimento de paixão, mas com uma dificuldade do narrador em aceitar esse
nome.

Resposta da questão 8:
[A]

No início do excerto selecionado de Grande sertão: Veredas, vemos a marca do presente em


“Estou contando ao senhor”, revelando que o narrador se situa nesse tempo. Porém, depois, há
um deslocamento para o passado a partir de um processo de rememoração, como vemos
principalmente na marca “o que era aquilo?”. Com esse questão, o narrador passa a analisar
fatos passados para tentar entender o que aconteceu com ele.

Resposta da questão 9:
Sua argumentação trata da maldade humana. Ele chega à conclusão de que “Viver é muito
perigoso” porque, de acordo com a sua experiência, a natureza humana é má, perversa, e a
“ruindade” é a regra de convivência entre os homens. Traz, inclusive, a analogia da
humanidade vinda do inferno, revelando toda essa ruindade humana.

Resposta da questão 10:


Possibilidades de resposta: Expressões tais como “o senhor quer crer?”, “Se creio? Acho
proseável”.

Resposta da questão 11:


[D]

No texto, vemos que o homem é uma criatura de certa melancolia, que apresenta um vazio
interior e pobreza. Vemos, portanto, uma representação bastante desiludida dos seres
humanos, que devem ruminar sua verdade.

Resposta da questão 12:


[E]

No excerto de “Canções sem metro”, de Raul Pompeia, observa-se uso de recursos


característicos da linguagem impressionista: valorização da memória no registro das
impressões, emoções e sentimentos despertados no momento em que são vividos segundo a
perspectiva do narrador, marcado pela frustração, falta de comunicação e cansaço da vida.
Trata-se de um estilo fundamentalmente sensorial, no qual a natureza não é vista de forma
objetiva e sim, interpretada segundo o estado psicológico do personagem. Para tal, o autor
recorre a figuras de linguagem como anacoluto, metáfora, comparação, prosopopeia, uso do
gerúndio e presente do indicativo para descrever factos ocorridos no passado (presente
narrativo) dando a ideia de continuidade da ação (aspecto permansivo) no momento em que é
lembrado. A cadência melódica é marcada pela sintaxe fragmentada, às vezes em
frases curtas sobrepostas em períodos mais ou menos longos, uso da pontuação como vírgula
e ponto final para marcar uma pausa, descanso momentâneo, ou momento final de uma
evocação. Marque-se como correta, portanto, a opção [E].

Resposta da questão 13:


[E]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Inglês]

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A alternativa [E] está correta, pois os versos relacionam-se ao Surrealismo, vanguarda


europeia com a qual Tarsila do Amaral teve contato. O poema possui imagens impossíveis,
oníricas (manequim pensativo, espaço elástico, pesadelos de mármore).

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]


A apresentação da obra de Tarsila do Amaral no Museu de Arte Moderna de Nova faz
referência ao Surrealismo, estética artística que terá influenciado o quadro “Sono”, uma
representação onírica da paisagem tropical com uma figura repetitiva que desaparece ao
fundo. A estrofe em [E] apresenta características dessa mesma estética, através da
reconstrução elaborada de um mundo ilógico, típico de sonho: “O cavalo mecânico arrebata o
manequim pensativo”, “a vida move direitinho as estátuas” ou “invocam os pesadelos de
mármore na beira do infinito”.

Resposta da questão 14:


a) No início do texto, a expressão “um tipo digno de estudo“ estabelece intertextualidade
com o Cientificismo, concepção filosófica que afirma a superioridade da ciência sobre todas
as outras formas de compreensão da realidade e do mundo. Ao analisar a sociedade da
época, em que era comum o enriquecimento de indivíduos afetos à malandragem, em
contraste com a exploração e privação de condições dignas a que era sujeito o trabalhador
honesto, Aluísio Azevedo dá enfoque coletivo aos problemas sociais da pobreza, da
exploração e da discriminação racial, como descritas em “Casa de cômodos”.

b) O fator central que, na sociedade brasileira do século XIX, acentua o tom perverso do final
do romance “O Cortiço” é a situação de escravidão de Bertoleza. Convencida de ter sida
alforriada por João Romão, trabalhará de sol a sol como forma de gratidão ao seu benfeitor
que, de forma perversa, envia carta anônima à polícia, informando o paradeiro da escrava
fugida. Ao perceber o engano e para não ser conduzida pela polícia à sua antiga condição,
Bertoleza comete suicídio, ao mesmo tempo que João Romão recebe homenagem pelo
contributo em dinheiro que doou à causa abolicionista.

Resposta da questão 15:


[B]

O Manifesto futurista de Marinetti propõe os referenciais estéticos do Futurismo, movimento


literário e artístico inserido nas vanguardas europeias que tinha como principal característica a
valorização da tecnologia e da velocidade. Assim, é correta a opção [B].

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Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 09/03/2021 às 09:19


Nome do arquivo: Literatura - 6ª semana (19/04)

Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo

1.............194701.....Média.............Português......Fac. Albert Einstein - Medicin/2020 Múltipla


escolha

2.............190107.....Média.............Português......Enem PPL/2019...................Múltipla escolha

3.............190085.....Elevada.........Português......Enem PPL/2019...................Múltipla escolha

4.............182040.....Média.............Português......Ufpr/2019.............................Múltipla escolha

5.............192282.....Média.............Português......Ufrgs/2020............................Múltipla escolha

6.............192283.....Média.............Português......Ufrgs/2020............................Múltipla escolha

7.............191931.....Elevada.........Português......Ufjf-pism 1/2020...................Múltipla escolha

8.............191932.....Média.............Português......Ufjf-pism 1/2020...................Múltipla escolha

9.............191934.....Média.............Português......Ufjf-pism 1/2020...................Analítica

10...........191935.....Média.............Português......Ufjf-pism 1/2020...................Analítica

11...........185052.....Média.............Português......G1 - cftmg/2019...................Múltipla escolha

12...........189434.....Elevada.........Português......Enem/2019...........................Múltipla escolha

13...........182194.....Média.............Inglês.............Unesp/2019..........................Múltipla escolha .

14...........182861.....Elevada.........Português......Fuvest/2019.........................Analítica

15...........189429.....Baixa.............Português......Enem/2019...........................Múltipla escolha

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Estatísticas - Questões do Enem

Q/prova Q/DB Cor/prova Ano Acerto

12............................189434..........azul.................................2019...................7%

15............................189429..........azul.................................2019...................44%

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