Você está na página 1de 51

NATURALISMO

X
REALISMO
A prosa da segunda metade do século XIX no Brasil
Profª Cláudia Helena
NATURALISMO

A prosa da segunda metade do século XIX no Brasil

Profª Cláudia Helena


REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena
Suporte intelectual da geração realista/naturalista
Positivismo de Augusto Connte (Sistema de filosofia positiva –
1850: só devem ser considerados como existentes os fatos positivos, quer
dizer, aqueles que podem ser analisados cientificamente.

Determinismo histórico e geográfico de Taine: o comportamento


humano, e portanto da obra de arte que o investiga, é determinado pela
confluência de três fatores:meio, raça e momento histórico.

Evolucionismo de Darwin ( A origem da espécies – 1850):


na evolução das espécies, há uma seleção natural que faz os mais fortes
derrotarem os mais fracos.

Socialismo utópico de Prodhon e o Socialismo científico de Marx e


Engels: na luta de classes, o poder burguês tende a ser superado pelo poder
do proletariado.

Negação do Cristianismo de Renan (O futuro da ciência – 1848):


a crença absoluta nas conquistas das ciências em detrimento da perspectiva
religiosa como um todo, e do Cristianismo em particular – para explicar o
universo.
Pontos em comum entre
Realismo e Naturalismo
 Antirromânticos
 Racionalidade
 Objetividade
 Cientificismo
 Descrição detalhista
 Foco no coletivo
 Narrador onisciente
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena
Pontos particulares :
Realismo Naturalismo
 Análise comportamental
 Análise psicológica
 Indivíduo submetido às
 Panorama crítico da
sociedade do séc. XIX leis naturais
 Personificação dos
 Análise psicológica das
personagens espaços
 Preferências por espaços
 Denúncia da hipocrisia dos
valores burgueses deprimentes
 zoomorfização do ser
 Ênfase na aparência X
essência humano
 Personagens metonímicas
 Personagens interesseiras  Temas tabus
Evolucionismo Darwin Determinismo de Taine
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena
O DETERMINISMO
nas obras naturalistas
Os narradores têm conhecimento de tudo
que entra no pensamento dos personagens,
faz julgamentos e tenta comprovar, como se
fosse um cientista, as influências do meio, da
raça e do momento histórico.

REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena


Naturalismo no Brasil
1881
publicação de:
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena
O Mulato inaugurou o movimento naturalista no Brasil.
• O título do livro faz referência a seu protagonista, um mulato bastardo que nasceu
numa fazenda no nordeste do país. Obra com forte crítica social.
• Por meio de seus personagens estereotipados, Aluísio de Azevedo aborda temas como o
preconceito racial, a escravidão, a hipocrisia, a corrupção existente dentro do clero e da elite.
Ele denuncia o preconceito racial presente na sociedade, analisando a posição do mestiço
perante os brancos e burgueses. O livro também trata da corrupção existente dentro do clero e
da elite.
• José Pedro, é português e havia enriquecido no contrabando dos negros da África.
Casou-se com Quitéria Inocência de Freitas Santiago, uma viúva, brasileira rica, de muita religião e
escrúpulos de sangue, e para quem um escravo não era nem gente. O fato de não ser branco
constituía por si só um crime.

A esposa Quitéria, desconfiada da vida extraconjugal do marido, devido ao carinho que o homem
tinha com o moleque, filho da escrava, ordena que açoitem a mulher como forma de vingança.
José Pedro da Silva mantinha uma vida matrimonial dupla, já que não considerava a relação com
Domingas apenas uma aventura. Por esse motivo, tentou criar o filho bastardo da forma mais
conveniente e digna possível.

A seguir, um pequeno resumo dessa história que tem como núcleo temático o
preconceito sofrido pelo filho bastardo de um fazendeiro com sua escrava.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena
A obra começa a ser narrada no interior do Maranhão, onde José Pedro da Silva era
fazendeiro e comerciante português que teve um filho bastardo Raimundo com Domingas,
uma de suas escravas. José casou-se com Quitéria Inoc ência de Freitas Santiago e
desconfiada da relação que tinha com sua escrava, a esposa pede para açoitar a mulher e
ainda, queimar suas genitais.
Desesperado, José leva a criança para a casa de seu irmão Manuel. Quando ele re-
torna à fazenda, encontra sua esposa na cama com o Padre Diogo. Num momento
de fúria, ele mata sua esposa e faz um pacto com o padre para que ninguém fique sabendo
do ocorrido. Desolado, José passa a viver com seu irmão, que tinha uma casa na cidade de
São Luís. Pouco depois, ele adoece e, quando decide retornar a sua fazenda, ele é morto a
mando do Padre Diogo.
Diante disso, Raimundo, ainda criança, vai para Lisboa, em Portugal, afastando- se de sua
mãe. Ali, passou anos de sua vida e se formou em Direito. Mais tarde, resolveu retornar ao
Brasil e vai morar no Rio de Janeiro. Decidido a encontrar seu tio, Manuel Pescado,
Raimundo viaja ao Maranhão.
A ideia inicial era saber sobre sua infância e origem. Al ém disso, seu pai deixou a heran ça
para ele que estava aos cuidados de seu tio. Assim, quando encontra Manuel, Raimundo fala
que quer visitar a fazenda onde morava quando era crian ça. L á, ele desvenda alguns fatos
desconhecidos, por exemplo, quem era sua mãe e que fora filho bastardo de Jos é. Durante a
estadia na casa de seu tio, apaixona-se por sua filha, Ana Rosa.
Entretanto, Manuel pensa em casar sua filha com um de seus empregados o C ônego Dias.
Sendo assim, seu tio não lhe concede a mão de Ana. Raimundo , então, co-
meça a desconfiar que essa recusa está associada com sua origem e cor de pele, uma vez que
ele era filho de uma escrava.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena
 Essas abordagens, em “O mulato” de Aluísio geraram muita irritação
na população maranhense, principalmente por ter sido publicado em meio à
forte campanha a favor da abolição da escravatura.

 As relações que permeiam a narrativa de Azevedo trazem consigo temáticas


de cunho crítico. Aluísio era um observador social, descrevia com civilidade e
exatidão os costumes do povo.

 As críticas sociais de Aluísio de Azevedo, também, estão presentes na obra


“O cortiço”, a produção mais famosa do autor.

 Esse livro aborda as desigualdades e explorações sociais sofridas pelos


moradores das estalagens e dos cortiços cariocas no final do século XIX.
Tendo como pano de fundo um cortiço, que difunde as teses naturalistas,
que buscam uma maior aproximação com a realidade ao descrever os
costumes, os conflitos interiores do ser humano, as relações sociais, a crise
das instituições.
O Cortiço
Aluísio Azevedo
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

A área suburbana do Rio de Janeiro do século XIX é o cenário da


história de um esperto e pão-duro comerciante português
chamado João Romão. Comprando um pequeno estabelecimento
comercial, este consegue se aliar a uma negra escrava fugida
de nome Bertoleza, proprietária de uma pequena quitanda. Para
agradá-la, falsifica uma carta de alforria que asseguraria à
negra a tão desejada liberdade.
O pequeno estabelecimento, mantido pela esperteza de João
Romão e o trabalho árduo de Bertoleza, começa a crescer. Aos
poucos o português começa a construir e alugar pequenas
casas o que leva a edificação de um grande cortiço: a
"Estalagem São Romão." Logo se ergueriam novas pendências,
como a pedreira (que servia de emprego aos moradores) e o
armazém (onde os mesmos compravam seus artigos de necessi-
dade). O crescimento só não agrada ao Senhor Miranda, do-
no de um sobrado vizinho.
A seguir, fotos do subúrbio do Rio de Janeiro na época
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

 Romance de cunho social


 habitação coletiva - a área suburbana
do Rio de Janeiro do século XIX- Segun-
do Império - é o cenário da história
 Tema: a ambição e a exploração do
homem pelo próprio homem.
 De um lado, João Romão, que aspira à
riqueza, e Miranda, já rico, que aspira à nobreza.
 Do outro lado, a "gentalha", caracteri-
zada como um conjunto de animais, mo
vidos pelo instinto e pela fome. Todas as existências
se entrelaçam e repercu-
tem umas nas outras.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

O cortiço e o sobrado:
 O cortiço é o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de
seu proprietário, cresce, desenvolve- se e se transforma com
João Romão. Apesar de seu crescimento, desenvolvimento e
transformação acompanharem os mesmos estágios na
pessoas de João Romão, é, na verdade, o estabelecimento
que muda o dono, não o contrário.
 Vê-se na evolução do cortiço um processo que não se pode
evitar ou reverter, determinado desde o início da história,
tendo João Romão apenas feito o que estava em seu instinto
de homem desprovido de livre-arbítrio fazer.
 O sobrado representa para o cortiço o mesmo que Miranda
representa para Romão, criando-se entre eles a mesma
tensão que existe entre os dois homens.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

 Em “O cortiço”, Aluísio denuncia a conquista do poder por


determinados grupos que se utilizam, basicamente, da exploração e do
furto, no segundo momento, a necessidade de não só se manterem no
poder, mas também de se elevarem socialmente, transformando-se em
elites.

 Ao longo do romance vão aparecendo os diferentes modos de


adaptação do cidadão português ao Brasil, além da luta dos negros e,
especialmente, dos mestiços pela sobrevivência.

 A crítica social se dá num universo marcado pelos mais diversos


tipos de "vícios", como a lascívia e a homossexualidade -considerados,
pelo autor, à época, como a degradação moral é inevitável.
Azevedo age como desenhista e pintor que era, justapondo cenas em
que evidencia o caos em que se afundam os personagens do cortiço
dirigido com autoritarismo por Romão....
NATURALISMO profa Cláudia Helena

Aluísio sabe perturbar como ninguém.


Poucos escritores sabiam, como ele,
construir personagens detestáveis que
não ganham a total antipatia do leitor.
Com base nos fragmentos de “O mulato” e de “O
cortiço”, obras naturalistas, compare-as com
“Memórias póstumas de Brás Cubas”, obra realista e
analise o paralelo , a seguir, entre essas duas
correntes literárias.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

Elementos naturalistas que estão presentes em “O


mulato” são:
 a crítica social, através da sátira impiedosa dos tipos de São
Luís: o comerciante rico e grosseiro, a velha beata e raivosa, o
padre relaxado e assassino, e uma série de personagens que
resvalam sempre para o imoral e para o grotesco;
 o anti-clericalismo projetado na figura do padre e depois
cônego Diogo, devasso, hipócrita e assassino;
 preconceito racial que é o fulcro de toda a trama;
 o aspecto sexual referido expressamente em relação à natu
reza carnal da paixão de Ana Rosa pelo mulato Raimundo;
 o triunfo do mal, pois no desfecho, os crimes ficam impunes
e os criminosos gratificados: a heroína acaba se casando com
o assassino de Raimundo (grande amor de sua vida), e o pa-
dre Diogo, responsável por dois crimes, é promovido a cônego.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua


história. A intenção era provar, por meio da obra
literária, como o meio, a raça e a história determinam
o homem e o levam à degradação. A obra está a
serviço de um argumento. Aluísio se propõe a
mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio
desemboca na promiscuidade sexual, moral e na
completa degradação humana. Mas, para além disso,
o livro apresenta outras questões pertinentes para
pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa
desigualdade social.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

O cenário em “O cortiço” é descrito com o ambiente e os


caracteres em toda a sua sujei
ra, podridão e promiscuidade, com uma intenção crítica :
 Aluísio mostra a miséria do proletariado
urbano sem esconder a náusea que o narra
ador sente diante da realidade que revela, mas se
posicionando de maneira solidária junto ao povo do
cortiço:

“Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de


plantas rasteiras ...o prazer animal de existir,... E naquela
terra, ...naquela umidade quente e lodosa, começou a minhoca a
esfervilhar, a crescer,... uma coisa viva, uma geração que parecia
espontânea,... multiplicar-se como larvas no esterco."
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

CARATERÍSTICAS
DO NATURALISMO
NAS OBRAS
 O comportamento humano é determinado por
forças biológicas (o instinto, a herança genética),
sociológicas e históricas.

 Os fatos psicológicos e sociais são vistos, pelo


naturalismo, como manifestações naturais e, portanto,
nada tendo a ver com fenômenos transcendentais.

 A realidade passa por um processo evolutivo, dentro de


um sistema de leis naturais totalmente definidas.

 As circunstâncias externas determinam a natureza dos


seres vivos, inclusive a do homem.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena
Bertoleza, ...Adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era
uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a
ao cativeiro. [...]
- É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a
desgraçada a segui-los. -- Prendam-na!
É escrava minha !
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos
espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada
para eles, sem pestanejar.
[...]
João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com
as mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de
abolicionistas que vinha,
de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.
NATURALISMO: CONCEITOS
 Condicionamento social e hereditário do
comportamento.
 Aprofundamento de alguns traços realistas.
 Cientificismo baseado nas ideias deterministas de Taine,
na teoria evolucionista de Darwin e no positivismo
defendido por Comte.
 Preferência por ambientação da narrativa em tipos
populares, do submundo social.
 Linearidade narrativa, com predominância do foco
narrativo em 3a. pessoa do discurso.
 Crítica às instituições: clero, casamento, sexualidade,
sociedade exploradora da força do trabalho operário,
preconceito racial.
 Didatismo.
 Zoomorfização das personagens.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

A zoomorfização é
própria do
NATURALISMO:
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

"(...) via-se-lhes [das mulheres] a tostada


nudez dos braços e do pescoço, que elas
despiam suspendendo o cabelo todo para o
alto do casco [couro cabeludo]; os homens,
esses não se preocupavam em não molhar
o pêlo, ao contrário, metiam a cabeça bem
debaixo da água e esfregavam com força
as ventas [narizes ou focinhos] e as
barbas, fossando [revolver com o focinho] e
fungando contra as palmas da mão.”
(O cortiço – Aluísio de Azevedo)
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

Os policiais, vendo que ela se não despachava, de sem


bainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de
anta bravia, recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse
alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado
a lado. E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando
moribunda numa lameira de sangue.

Num só lance de vista, como quem apanha uma esfera entre as pontas
de um compasso, mediu com as antenas da sua perspicácia mulheril
toda aquela esterqueira, onde ela, depois de se arrastar como uma
larva, um belo dia acordou borboleta azul à luz do sol. E sentiu diante
dos olhos aquela massa informe de machos e fêmeas, a comichar, a
fremir sufocando-se uns aos outros.

(O cortiço-Aluísio Azevedo)
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

Nota-se que os romances


naturalistas apresentam na
sua gênese uma forte
presença do elemento
erótico e sexual.
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

Veja como o narrador personagem Brás Cubas, personagem de Machado de Assis, relata a
evolução do seu amor por Marcela:

“ ...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras;
achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.”
(MACHADO de ASSIS, 1881)

 Veja como o narrador em O cortiço , relata o comportamento de Rita Baiana,


personagem de Aluísio Azevedo, diante dos homens. Nesse excerto, diante de Jerônimo
, um português que , embora fosse fiel à esposa, deixou-se ser seduzido por essa
mulata e se tornou amante dela.

...ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico segredo


daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aque-
les requebros que não podiam ser sem o cheiro que a mulata
soltava de si sem aquela voz doce, quebrada, harmoniosa, arro-
gante, meiga e suplicante. E Jerônimo via e escutava o grande mistério, a
síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui.

(ALUÍSIO AZEVEDO, 1881)


REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

Revisando:

REALISMO
e
NATURALISMO:
REALISMO NATURALISMO
1. a investigação da sociedade e 1. a investigação da sociedade e
dos caracteres individuais é feita dos caracteres individuais ocorre
“de dentro para fora”, isto é, por “ de fora para dentro”;as
meio de uma análise psicológica personagens tendem a se
capaz de abranger toda a sua simplificar, pois são vistas como
complexidade, que utiliza a ironia, joguetes, frutos dos fatores
que sugere em vez de apontar. biológicos e sociais que
determinam suas ações,
pensamentos e sentimentos.
2. ênfase nas relações entre o 2. ênfase na descrição das
homem e a sociedade coletividades, dos tipos humanos
burguesa,através do ataque a suas que encarnam os vícios, as taras,
instituições e seus fundamentos as patologias e anormalidades
ideológicos: o casamento,o clero, reveladoras do parentesco entre o
a escravização do homem ao homem e o animal(o homem
trabalho como “meio de vencer na desce à condição animalesca
vida”, as contradições entre ricos movido pelo instinto e como mero
e pobres,vista da ótica dos produto das circunstâncias
“vencidos” (os marginais, as externas, da hereditariedade e o
prostitutas,os operários, etc.) e meio ambiente
CARACTERÍSTICAS COMUNS AO
REALISMO E AO NATURALISMO
 Discurso prático sensato, racional;

 Visão da natureza: a natureza passa a ser


focalizada em manifestação no comportamento
humano.

 Visão da mulher e do amor: Os tipos femininos


criados pelo Realismo e Naturalismo dão sinais de
fragilidade, inconstância,debilidade de caráter.

Profª Cláudia Helena


NATURALISMO profa Cláudia Helena

EXERCÍCIOS DE

APRENDIZAGEM
com gabarito nos últimos
slides
NATURALISMO profa Cláudia Helena
1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.
I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a
animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da
literatura naturalista.
II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio
do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da
prostituição etc.
III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que
determina o comportamento de todas as personagens, anulando o
livre-arbítrio.
IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se
percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar
agrupamentos humanos.
Está(ão) correta(s):
a) todas.
b) apenas I.
c) apenas I e II.
d) apenas I, II e III.
e) apenas III e IV.
NATURALISMO profa Cláudia Helena

2- (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se


pede:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os


olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete
horas de chumbo.
[…].
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias
acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído
compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na
venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas
e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação
sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os
pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de
existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.
NATURALISMO profa Cláudia Helena
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível
leitura do fragmento citado:

a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o


cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos,
acorda como uma colmeia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os
elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos
personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do
ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais,
oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador
apresenta os elementos introspectivos dos personagens,
procurando criar correspondências entre o mundo físico e o
metafísico.
e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante
utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em
apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese
determinista.
NATURALISMO profa Cláudia Helena
3. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço
(1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas
pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa
balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões
espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças
esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam
clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um
ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se
baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar. E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível;
nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em
brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas
selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de
fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que
abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas.
(Aluísio Azevedo. O cortiço)
NATURALISMO profa Cláudia Helena
Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com
que o narrador se posicione em terceira pessoa,
onisciente e onipresente, preocupado em oferecer
uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de
que o narrador é testemunha pessoal e muito
próxima dos acontecimentos narrados aparece de
modo mais direto e explícito em:
a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos
defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo
fogo.
b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e
baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…
d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca
de uma fornalha acesa.
e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o
madeiramento da casa incendiada…
NATURALISMO profa Cláudia Helena

GABARITO
REALISMO/NATURALISMO profa Cláudia Helena

1. A
Comentário: Na obra “O Cortiço”, estão presentes as principais
características naturalistas: a animalização das personagens e,
consequentemente, suas ações baseadas em instintos naturais, tais
como os sexuais e os de sobrevivência. Por esse motivo, a opção (I)
está correta. A opção (II) também está correta, pois a sexualidade é
abordada, principalmente, através do adultério (caso de Jerônimo e
Rita Baiana), prostituição e lesbianismo (caso de Leonie e Pombinha, e
banalização do relacionamento (João Romão se livrou de sua amante
Bertoleza para consolidar um casamento por interesse). Mais um dos
fundamentos do Naturalismo é a influência do meio sobre as
personagens. Na obra, o espaço (cortiço) aparece como um
personagem, ou seja, de maneira personificada, comprovando a sua
influência. Por isso, a opção (III) também está correta. E, por fim, não
podemos negar que O Cortiço é uma obra responsável por retratar o
comportamento humano, destacando o caráter das personagens e etc.
Portanto, a resposta certa é a A, pois todas as opções estão cor retas.
NATURALISMO profa Cláudia Helena

2. D
Comentário: No trecho, o narrador descreve o meio (cortiço) e os
personagens como um todo. Como se fossem intrínsecos, ou seja,
tanto o cortiço faz parte dos personagens, quanto os personagens
pertencem ao cortiço. Por isso, a afirmação
(A) é verdadeira.

O autor descreve minuciosamente algumas ações dos morado-


res do cortiço, mostrando, através de figuras de linguagem, como
aquelas ações básicas do dia-a-dia são responsáveis por expor como é
a vida desses personagens, e despertando no leitor sensações
olfativas e auditivas. Dessa forma, comprovamos as afirmações
contidas nas letras (B), (C) e (E).

Em momento algum, no trecho, os personagens são tratados como


particulares, ou tem suas essências exploradas. Pelo contrário, o
cortiço é tratado como um todo. Por isso, a afirmação contida na
opção (D) é falsa.
NATURALISMO profa Cláudia Helena

3. E
Comentário:
A opção que comprova o fato de o narrador
ser onisciente e onipresente é a E, pois ao
dizer “Ia atirar-se cá para fora”, ele
mostra estar inserido no ambiente do texto,
como se estivesse no “lado de fora” para
onde a bruxa iria se atirar. Ou seja, parece
que ele estava ali, assistindo a tudo.
NATURALISMO profa Cláudia Helena

2. D
Comentário: No trecho, o narrador descreve o meio (cortiço) e os
personagens como um todo. Como se fossem intrínsecos, ou seja,
tanto o cortiço faz parte dos personagens, quanto os personagens
pertencem ao cortiço. Por isso, a afirmação
(A) é verdadeira.

O autor descreve minuciosamente algumas ações dos morado-


res do cortiço, mostrando, através de figuras de linguagem, como
aquelas ações básicas do dia-a-dia são responsáveis por expor como é
a vida desses personagens, e despertando no leitor sensações
olfativas e auditivas. Dessa forma, comprovamos as afirmações
contidas nas letras (B), (C) e (E).

Em momento algum, no trecho, os personagens são tratados como


particulares, ou tem suas essências exploradas. Pelo contrário, o
cortiço é tratado como um todo. Por isso, a afirmação contida na
opção (D) é falsa.

Você também pode gostar