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Carnavalização

& Epígrafe
Ana Júlia, Arthur, Luís e Marcelo
CARNAVALIZAÇÃO
apropriação dos elementos próprios dos festejos carnavalescos da
. Idade Média e do Renascimento pelas obras literárias.

● IDADE MÉDIA
A ideia do carnaval medieval era propor um momento de viver a vida
sem as imposições e restrições da vida em sociedade, ou seja, período
de liberdade antes da quaresma

● RENASCIMENTO
Figura central nos festejos carnavalesco era o Bufão, figura semelhante
ao conhecido como “Bobo da corte”, que era apenas um personagem
fantasiado, mas eram pessoas que tinham como modo de vida o viés
cômico em todas as suas relações cotidianas.
Reinações de Narizinho
Descrição do sítio do Picapau Amarelo
como um espaço maravilhoso em que
aparecem elementos que podem ser
comparados aos elementos presentes
no carnaval da Idade Média e do
Renascimento, como expostos na teoria
de Bakhtin, filósofo russo, que começou
a ser reconhecido por estudiosos russos
na década de 1960.
A linguagem empregada no
enredo de Reinações de
Narizinho é altamente
carnavalizada, pois cria uma nova
linguagem repleta de
A carnavalização é construída pelo neologismos, criando novas
próprio enredo em que fantasia e terminologias. Como exemplo,
realidade se misturam até mesmo na temos “tartarugando”
“inspetorada”
percepção de uma representante do
conhecimento científico: D. Benta. Além
disso, Rabicó e Tia Nastácia ajudam a
construir a carnavalização de modo mais
explícito por meio da instauração do
realismo grotesco e do riso carnavalesco.
A pintura, a seu turno, também integra o ramo
artístico envolvido com o fenômeno
carnavalesco brasileiro. Tarsila do Amaral, em
seu quadro “Carnaval”, apresenta a mais
famosa torre francesa, transfigurada por
adornos carnavalescos, rodeada de negros
brasileiros em contemplação. A escolha
pictórica da artista reforça o poder da temática
carnavalesca no ideário cultural brasileiro.
Brasil
Resta comentar a teoria da carnavalização de
O Zé Pereira chegou de caravela
Bakhtin. Conforme aventado pelo filólogo
russo, acredita-se que a transposição da E preguntou pro guarani da mata virgem

carnavalização para a literatura, do grotesco, - Sois cristão?


da ironia, do estapafúrdio, como fez Oswald
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
em “brasil”, presta-se a um fim colimado e
específico: a subversão momentânea da Teterê tetê Quizá Quecê!
ordem, durante o carnaval, para garantir a
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
manutenção da ordem no porvir. Consoante
essa interpretação, negar o carnaval ao povo O negro zonzo saído da fornalha

brasileiro poria em risco a continuidade da


Tomou a palavra e respondeu
ordem social estabelecida.
- Sim pela graça de Deus

Canhem Babá Canhem Babá Cum cum!


(Oswald de
E fizeram o Carnaval Andrade, em
Poesias reunidas)
EPÍGRAFE
Epígrafe é um título ou frase que serve de tema ou introdução de assunto. O
termo tem origem no Grego "epigrafhé" que significa "inscrição", "título".

Em uma obra literária, epígrafe é uma curta citação


colocada em uma página no início da obra ou em destaque "Gnôthi seautón" -
na abertura de um capítulo. Funciona como um resumo do conhece-te a ti mesmo!
que se vai ler em seguida. - estava gravado no
frontispício do templo
de Delfos, na antiga
Na Grécia Clássica, as epígrafes eram gravadas em Grécia síntese da
monumentos, pedras, medalhas ou estátuas, como uma filosofia da arte.
referência ao momento histórico ou pessoa homenageada.
Profissão de Fé

Le poète est ciseleur,


Le ciseleur est poète.
Victor Hugo

Não quero o Zeus Capitolino Le poète est ciseleur


Hercúleo e belo,
(o poeta é um entalhador)
Talhar no mármore divino
Com o camartelo. Le ciseleur est poète
[...] (o entalhador é um poeta)
Caia eu também, sem esperança, Victor Hugo
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Um dos escritores brasileiros que mais fizeram uso desse recurso foi
Machado de Assis, que utilizava a epígrafe para dar pistas falsas ao leitor,
numa tentativa de ludibria-lo e envolvê-lo mais na obra.

Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, por exemplo (que é considerada


uma obra-prima da literatura brasileira), Machado de Assis apresenta uma
epígrafe que se consagrou pela ironia
Todos os elementos de intertextualidade são mencionados na epígrafe
machadiana, citando outros autores e a própria obra em si.

Detalhe importante: esse recurso não é uma dedicatória


Memórias Póstumas de Brás Cubas
"Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna. O que não
admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte,
e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, adotei a forma livre
de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado.
Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a
gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance
usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor
prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o
processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas
nimiamente extenso, aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor,
pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.

Brás Cubas”
Obrigada!

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