Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Na página 1 do Volume 1 diz assim “Na primeira publicação do Conceito do Lídio Cromático
(1953) é demonstrado que uma escala soa em unidade com o gênero harmônico de qualquer
acorde estruturado em terças”. Isso significa que esses quatro acordes (X7M, Xm7, Xm7(b5) e
X7), mais as inversões do I estão em perfeita harmonia com a escala lídia e a razão para isso é
que o acorde é um modo desta escala.
Modo, como você sabe, significa medida. O acorde é uma forma de representar a escala lídia
em forma de acorde, pois eles são uma coisa só.
A razão da escala lídia ser estruturada em quintas serve para demonstrar a gravidade tonal,
mas para demonstrar que a escala lídia, diferente da escala maior, representa a consonância e
que harmonia é unidade, isto é, o acorde vem da escala e eles devem ser uma coisa só.
Diferente do sistema tradicional, onde você monta os acordes da escala maior, George Russell
chama os acordes de Gêneros modais, ou seja, medidas (modos) verticais que possuem a
mesma origem e esta origem é a escala lídia, desta forma o acorde representa a escala lídia.
Outro ponto que devemos nos atentar é a tonalidade. No Conceito do Lídio Cromático a escala
lídia e o acorde maior são uma coisa só e os demais modos representam esta escala, então
estamos falando de tonalidades verticais, ou seja, cada modo irá gerar uma cor.
I – Maior
Gravidade Tonal
Gravidade é atração e para ter uma atração basta ter uma tônica definida. A série harmônica
demostra que o primeiro intervalo harmônico é a quinta justa, pois em um intervalo de quinta
a tônica é a nota inferior.
A escala lídia, na sua ordem primária, gera um campo magnético que vai até a sua tônica
lídia, ou seja, pensando em F lídio temos a nota B sendo a quinta de E, que é quinta de A e por
aí vai até chegar na tônica lídia que é F.
Tônica Lídia
Você deve entender as tônicas neste Conceito e para isso você deve saber:
Bb
Eb
Ab
Db
Gb
Cb
Isso só demonstra que a escala lídia, em sua ordem primária, representa um campo
gravitacional auto-organizado e que, sendo cada nota uma tônica, então temos 12 centros
tonais.
Temos uma mega organização tonal que demostra todos os eventos tonais e isso é a alma
deste Conceito.
CDR
3 – Forma textual
Lembrando que você pode substituir por números, ou seja, a relação intervalar com a tônica
lídia principal que sempre vai ficar no centro.
A escala maior não possui gêneros harmônicos, apenas a escala lídia e é por isso que a escala
lídia é uma escala vertical.
Como a escala lídia é a tônica, ela não vai para lugar algum ela simplesmente fica “parada”, ou
seja, diferente da escala maior que busca o acorde maior ou seu relativo menor, a escala lídia
é o acorde maior e seu relativo menor.
Diferente do sistema tradicional, isto é, a diferença entre o modo jônio e o modo lídio é a
sonoridade, no Conceito do Lídio Cromático o ponto crucial é a gravidade tonal e a escala
maior representa essa horizontalidade, a direção, a chegada. Já a escala lídia representa a
verticalidade, o acorde, por isso o termo escala lídia e não modo lídio.
Exemplos
O Conceito do Lídio Cromático faz a gente observar que a melodia tem a sua gravidade
separada do acorde (gravidade tonal vertical) e que o acorde é apenas uma tonalidade, uma
cor que colore uma melodia feita com a escala maior/menor. Toque atentamente as
melodias abaixo e perceba que:
Para você se acostumar com a sonoridade da direção harmônica, faça a análise melódica e
harmonize de diversas formas usando apenas o I e VI de cada tônica lídia.
Observação: Anote suas harmonizações, pois você vai comparar com a harmonização do
conteúdo da próxima aula.
CDR
Fazer o CDR é o mesmo que ter toda a organização tonal da música, desta forma você
compreende melhor a composição facilitando a harmonização e improvisação.
O primeiro passo é definir a tônica lídia principal, pois é com ela que iremos visualizar a relação
de distanciamento.
Bom, a melodia é o primeiro ponto que você deve analisar, pois tendo uma melodia feita com
a escala maior/menor, então já temos uma tônica definida. No exemplo da música Sapo
Cururu temos uma melodia em C maior que soa dó maior, ou seja, temos uma escala que vai
em direção ao acorde de C maior e o acorde é a escala lídia. Desta forma temos a melodia
indicando uma direção e chegada, por isso a tônica lídia principal é C lídio, pois ele está sendo
o ponto de atração do momento, isto é, na duração da frase.
E se a melodia for feita com a escala lídia e não com a escala maior? E se tiver apenas um
acorde?
Neste caso temos uma melodia vertical, pois ela soa a tônica lídia do momento.
Vamos pegar o bom e velho ciclo das terças, ou seja, o velho clichê da progressão harmônica
utilizando acordes menores com relação pela mediante (terça).
Como exemplo Cm7 Ebm7 F#m7 e Am7. A relação é pela mediante pois Eb é terça menor de
C. F# (Gb) é terça menor de Eb e A é terça menor de F#.
Como devemos relacionar o distanciamento entre as tônicas, então o Cm/Eb que é o primeiro
acorde, passa a ser o ponto de referência. Desta forma eu tenho o seguinte mapa:
Pratique a percepção musical, toque esses acordes e depois depois toque somente com os
acordes maiores e perceba a progressão harmônica pela gravidade tonal.
Faça o CDR da melodia da música Nimbus e o CDR completo da música Prince of Darkness do
Wayne Shorter.
Esta belíssima composição do Bill Evans feita apenas com dois gêneros harmônicos, fica fácil
de compreender com o Conceito do Lídio Cromático, pois diferente do sistema tradicional,
você não precisa analisar/relacionar a progressão dos acordes em uma tonalidade/centro
tonal, afinal de contas o acorde é a tonalidade. Quando temos uma nova perspectiva sobre o
acorde, no caso ele sendo a escala lídia, fica fácil de compreendermos o que ele representa no
momento e com a gravidade tonal conseguimos compreender o movimento harmônico da
composição.
O sistema tradicional faz você reconhecer os acordes de uma progressão em um centro tonal
que define a tonalidade, isto é, o campo harmônico define se a tonalidade é maior ou menor.
O Conceito do Lídio Cromático é diferente, pois ele demonstra que o acorde é um modo da
escala lídia e com isso conseguimos ter uma melhor compreensão do que está acontecendo na
música em termos de movimento e direção.
A natureza da escala maior é de soar a sua tônica e buscar o seu acorde maior ou seu relativo
menor e é exatamente isso o que acontece na música inteira.
A partir do compasso 15 temos uma melodia em sol sustenido menor e sol sustenido menor é
relativo de B maior, observe que as cadencias (notas longas da frases) são feitas com os
acordes de B maior e G#m e no final temos o B7 sendo o modo II de A lídio que vai em direção
ao E, pois vai voltar para a parte A (compasso 5).
Norwegian Wood é um perfeito exemplo do acorde colorindo uma melodia horizontal feita
com a escala maior com a sétima menor, também conhecida como modo mixolídio.
Chegamos naquela parte que você descobre a liberdade, pois para cada tônica lídia há sete
acordes, sete gêneros modais que representam a escala. Enquanto você estiver dentro da
tônica lídia do momento você está livre para substituir um acorde pelo outro, pois um acorde é
apenas um modo.
Agora você tem quatro acordes diferentes para substituir, é muita possibilidade.
Colocando em Prática
Pegue a sua harmonização feita com o I e VI e substitua livremente pelo modo II e modo #IV.
Lembre-se que a estação tônica (cadência) é feita com o I e VI.
Analises
CDR
Exercícios
A Banda
Chico Buarque
Faça o CDR deste trecho da música A Banda como exercício.
Com o Conceito do Lídio Cromático você consegue ter uma sonoridade rebuscada rapidamente
com essa técnica de Harmonização pela Linha do Baixo, pois sendo o acorde uma forma de
representar a escala lídia, você consegue criar uma progressão harmônica rebuscada de forma
bem mais rápida e simples. A escala lídia ou escala maior sendo a linha do baixo serve para
definir uma tônica modal e com a gravidade tonal o céu é o limite.
Vamos aplicar esta técnica na boa e velha melodia do Sapo Cururu, mas desta vez eu vou
colocar a escala de G lídio na linha do baixo.
Nem tudo são flores, pois se eu aplicar a escala de sol lídio pelo movimento ascendente eu vou
“fugir” da escala lídia, veja:
O penúltimo compasso eu tenho as notas Lá, Sol e Fá. As notas lá e sol são ok, mas o fá não e
isso faz com que eu não consiga usar a escala lídia, pois o fá sendo sétima maior, o lá e sol são
terça menor e segunda menor, isto é, não consigo usar o Gb lídio. Como ainda não estamos
lidando com cromatismo, vamos descartar essa possibilidade.
Bom, uma vez com a tônica lídia definida, basta escolher um dos sete acordes. Não custa
lembrar que você deve terminar sempre com o acorde maior ou seu relativo menor (estação
tônica). Lembre-se disso na hora de criar a sua linha de baixo sob uma melodia.
Agora vou colocar a escala de Bb lídio, mas pensando nas inversões (verticalidade).
Primeiramente você deve pensar nos modos III, V e VII, pois são as inversões do I grau de cada
tônica lídia.
O Portão – Roberto Carlos
A música O Portão do Roberto Carlos e Erasmo Carlos possui apenas duas tônicas, F e Bb.
Observe a diferença de tonalidade quando F lídio se movimenta para Bb Lídio e depois observe
Bb lídio indo para F Lídio.
Outro ponto que você deve observar bem é a harmonia em Bb Lídio, mesmo com as inversões
você percebe que não há movimentação.
Análise
Vimos como os modos III, V e VII podem soar diferentes das inversões do modo I e para
diferenciar as inversões do modo I para outras possibilidades como Xm(b6), Xsus e Xsus(b2)
podemos analisar estes acordes da forma “normal” sendo modo III, V e VII e para as inversões
do modo I colocamos o grau com o “B” ao lado.
F/A = F – I/IIIB
Am(b6) = F – III
Exercício