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Pitágoras e a Música - Donald no País da Matemágica:

https://www.youtube.com/watch?v=66l6MBQgcRg

Logaritmos e Música
https://www.youtube.com/watch?v=8fR5iOFtY2c

“Um certo Pitágoras, numa das suas viagens, passou por acaso numa oficina
onde se batia numa bigorna com cinco martelos. Espantado pela agradável
harmonia (concordiam) que eles produziam, o nosso filósofo aproximou-se e,
pensando inicialmente que a qualidade do som e da harmonia (modulationis)
estava nas diferentes mãos, trocou os martelos. Assim feito, cada martelo
conservava o som que lhe era próprio. Após ter retirado um que era
dissonante, pesou os outros e, coisa admirável, pela graça de Deus, o primeiro
pesava doze, o segundo nove, o terceiro oito, o quarto seis de não sei que
unidade de peso.” Assim descreve Guido d’Arezzo (992 -1050?), no seu
pequeno mas influente tratado de música Micrologus, a lenda que atribui a
Pitágoras (séc. VI AC) a descoberta fundamental da dependência dos
intervalos musicais dos quocientes dos primeiros números inteiros, i.e.,
parafraseando o romano Boécio (séc. VI), “a grande, espantosa e muito sutil
relação (concordiam) que existe entre a música e as proporções dos números
(numerum proportione)”.
A música das esferas, artigo de Marcelo Gleiser publicado na 'Folha de SP':

A música fala diretamente ao inconsciente, criando ressonâncias emotivas que são únicas. É
bem verdade que um poema ou um quadro também afetam pessoas de modo diferente. Mas a
mensagem é mais concreta, mais direta. Existe algo de imponderável na música, um apelo
primordial, algo que antecede palavras ou imagens Marcelo Gleiser é professor de física
teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro 'O Fim da Terra e do Céu'.

A música, dentre as artes, é a mais misteriosa. Como podem os sons invocar emoções tão
fortes, alegrias e tristezas, lembranças de momentos especiais ou dolorosos, paixões passadas
e esperanças futuras, patriotismo, ódio, ternura? Quando se pensa que sons nada mais são
que vibrações que se propagam pelo ar, o mistério aumenta ainda mais. A física explica como
ondas sonoras se comportam, suas frequências e amplitudes. A biologia e as ciências
cognitivas explicam como o aparelho auditivo transforma essas vibrações em impulsos elétricos
que são propagados ao longo de nervos para os locais apropriados do cérebro. Mas daí até
entender por que um adágio faz uma pessoa chorar, enquanto outra fica indiferente ou até
acha aquilo chato, o pulo é enorme. A música fala diretamente ao inconsciente, criando
ressonâncias emotivas que são únicas. É bem verdade que um poema ou um quadro também
afetam pessoas de modo diferente. Mas a mensagem é mais concreta, mais direta. Existe algo
de imponderável na música, um apelo primordial, algo que antecede palavras ou imagens. Não
é por acaso que a música teve, desde o início da história, um papel tão fundamental nos rituais.
Ritmos evocam transes em que o eu é anulado em nome de algo muito mais amplo. Quando
um grupo de pessoas escuta o mesmo ritmo, as separações entre elas deixam de existir, e um
sentimento de união se faz presente. Mais explicitamente, todo mundo gosta de sambar com
uma boa batucada. E todos no mesmo ritmo, ou seja, indivíduos se unificam por meio da
dança. A dança dá realidade espacial à música, tornando-a concreta. A música foi o primeiro
veículo de transcendência do homem. Daí sua presença tão fundamental nas várias religiões.
E ela foi, também, a primeira porta para a ciência. Tudo começou em torno de 520 a.C.,
quando o filósofo grego Pitágoras, vivendo na época no sul da Itália, descobriu uma relação
matemática entre som e harmonia. Ele mostrou que os sons que chamamos de harmônicos,
prazerosos, obedecem a uma relação matemática simples. Usando uma lira, uma espécie de
harpa antiga, ele mostrou que o tom de uma corda, quando soada na metade de seu
comprimento, é uma oitava acima do som da corda livre, portanto satisfazendo uma razão de
1:2. Quando a corda é soada em 2:3 de seu comprimento, o som é uma quinta mais alto; em
3:4, uma quarta mais alto. Com isso, Pitágoras construiu uma escala musical baseada em
razões simples entre os números inteiros. Como essa escala era de caráter tonal, os
pitagóricos associaram o que é harmônico com o que obedece a relações simples entre os
números inteiros. E foi aqui que eles deram o grande pulo: não só a música que ouvimos, mas
todas as harmonias e proporções geométricas que existem na natureza podem ser descritas
por relações simples entre números inteiros. Afinal, formas podem ser aproximadas por
triângulos, quadrados, esferas etc., e essas figuras podem ser descritas por números. Portanto,
do mesmo modo que a corda da lira gera música harmônica para determinadas razões de seu
comprimento, os padrões geométricos do mundo também geram as suas melodias: a música
se torna expressão da harmonia da natureza, e a matemática, a linguagem com que essa
harmonia é expressa. Som, forma e número são unificados no conceito de harmonia. Pitágoras
não deixou as suas harmonias apenas na Terra. Ele as lançou para os céus, para as esferas
celestes. Embora os detalhes tenham se perdido para sempre, segundo a lenda apenas o
mestre podia ouvir a música das esferas. Na época, ainda se acreditava que a Terra era o
centro do cosmo. Os planetas eram transportados através dos céus grudados nas esferas
celestes. Se as distâncias entre essas esferas obedeciam a certas razões, elas também
gerariam música ao girar pelos céus, a música das esferas. Pitágoras e seus sucessores não
só estabeleceram a essência matemática da natureza como levaram essa essência além da
Terra, unificando o homem com o restante do cosmo por meio da música como veículo de
transcendência. (Folha de SP, 14/12)

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=14985

Pitágoras (571 a.C./570 a.C. – 497 a.C./496 a.C.) propôs a noção d


Música das Esferas, estabelecendo que o Sol e os planetas,
girando nos céus em proporções harmônicas, geram uma melodia
que expressa a arquitetura cósmica. O Divino Monocórdio de Fludd
– um instrumento de uma só corda – faz a ponte entre o Céu e a
Terra, dispndo os astros segundo regras da harmonia musical. Em
torno do instrumento, há inúmeros semicírculos, nos quais estão
inscritas as várias forças da Natureza. A nota de cada planeta é
associada a uma divisão da corda do Monocórdio. De uma nuvem,
sai uma mão que aperta a cravelha do instrumento, elevando as
freqüências à medida que aperta a corda. O som associado a cada
planeta será tão mais agudo quanto mais distante estiver da Terra.
Já Johannes Kepler (1571 – 1630) deduziu os intervalos musicais
produzidos por cada planeta. Para ele, a melodia produzida por
cada planeta não era uma seqüência de notas distintas, mas, sim,
um único som eterno, a variar continuamente entre o mais grave e o
mais agudo, como o som produzido por um violinista deslocando
continuamente o seu dedo, sem o levantar, sobre a corda do seu
violino.
Robert Fludd (1574-1637), um filósofo, artista e famoso ocultista inglês do século XVI
tentou transmitir conhecimentos metafísicos na forma de desenhos. Em De
Monochordum Mundi (1623), Fludd compara o Universo com um monocórdio
(instrumento musical duma só corda) e, desse modo, consegue expor ideias de uma
harmonia matemática e musical presente na Criação, provavelmente baseado na ideia
pitagórica da “música das esferas”, em que cada corpo celeste vibraria uma nota
musical. O que Fludd pretendia transmitir era a ideia de que todo o universo reproduz
uma música inaudível e harmoniosa que reflete a inteligência e a unidade da criação.

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