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A Escala Lídia Cromática

Um ponto que devemos notar é que O Conceito do Lídio Cromático é apenas uma organização
tonal (The Lydian Chromatic Concept of Tonal Organization). Russell organizou a relação
escala/acorde em uma hierarquia que vai da sonoridade do acorde maior (ingoing) até a sua
“desintegração” (outgoing) gradativamente, ou seja, A Gravidade Tonal Vertical representa
uma ordem tonal que demonstra claramente o efeito da dissonância sobre o acorde maior e
que escala lídia cromática é, na verdade, um conjunto de onze escalas sendo sete escalas
verticais e quatro horizontais.

Escala Vertical x Horizontal

Tudo que for vertical está relacionado ao acorde e sua origem, pois o acorde é a versão vertical
da escala. De acordo com o Russell a tendência natural das sete escalas verticais é criar o
gênero harmônico das quatro famílias de acordes da música ocidental (maior, menor,
aumentado e diminuto).

As escalas horizontais tem a tendência de criar as estações tônicas nos acordes do I e VI. A
razão disso é que a escala maior busca a sua tônica, uma escala de C maior soa dó maior e
resolve em C maior, já a escala vertical é a própria tônica, ela não vai para lugar algum a não
ser que você caminhe pela gravidade tonal. As escalas verticais são passivas, apenas geram
cores para o acorde sem ter a tendência de resolução.

Gravidade Tonal

A escala lídia representa o campo gravitacional na sua ordem primária, ou seja, uma tônica
lídia é o centro dessa organização.

Russell usou a gravidade tonal para organizar e demonstrar a origem dos acordes pela escala
lídia, ou seja, a Gravidade Tonal Vertical, por isso há uma quebra das quintas.

F C G D A E B C# Ab Eb Bb Gb/F#

Além de demonstrar a origem dos acordes “tradicionais”, observe que estas notas estão no
campo gravitacional da escala lídia e a escala lídia e o acorde maior são a mesma coisa.
Quando tocamos essas notas sobre o acorde maior você vai perceber que a qualidade do
acorde, a sua identidade sonora, vai ficando camuflada ou “desintegrando” gradativamente
até ficar irreconhecível. Esse é o efeito que a dissonância gera, Russell chama esse fenômeno
de ingoing e outgoing.

Mais uma vez, Russell não criou nada, apenas organizou as notas cromáticas partindo da escala
lídia, partindo da gravidade tonal. Temos a escala lídia aumentada que é a escala menor
melódica representando a 8ª ordem tonal. A escala lídia diminuta (terça alterada) que é a
escala maior harmônica sendo a 9ª ordem tonal e a escala lídia com a sétima menor (lídio
bemol 7) que é a escala menor melódica sendo a 10ª ordem tonal. Tem, ainda, três escalas
auxiliares, que intensificam a dissonância que são: a escala Auxiliar Aumentada (tons inteiros)
sendo a 10ª ordem tonal, a escala Auxiliar Diminuta (escala diminuta) sendo a 11ª ordem tonal
e a escala Auxiliar Blues Diminuta (escala dominante diminuta) sendo a 12ª ordem tonal.
Escalas Horizontais

Escalas horizontais são escalas que possuem a quarta justa como a escala maior e a escala
maior com a sétima menor, o modo mixolídio.

Como Russell criou o Conceito baseado nos músicos de jazz, então temos a escala bebop e a
escala blues, que pode ser a pentatônica, ou seja, não deixa de ser uma variação dessa escala.

8PMG (Gêneros modais Primários)


Os 8 Gêneros Modais Primários da Escala Lídia

As sete escalas verticais dão a origem dos acordes, desta forma há uma escala em unidade
para qualquer tipo de acorde.

Depois da escala lídia aumentada não há novos gêneros, há apenas versões mais dissonantes
dos modos (acordes).
Por que temos 8 PMG’s se temos o acorde aumentado e diminuto?

A razão disso é simples, a escala lídia é o acorde maior, certo? A alteração na escala também é
uma alteração no acorde maior e isso significa que o acorde aumentado e diminuto são o
acorde maior com alterações.

O oitavo gênero modal é o modo #V da escala lídia aumentada, pois ele um acorde maior com
a sétima menor, mas com a quinta aumentada, isso significa que a escala lídia aumentada é a
escala pai de qualquer acorde X7(#5) ou acorde alterado (o famoso alt). Com a escala lídia
cromática temos todos os acordes mapeados em níveis de dissonância que vão se distanciando
ou desincorporando da escala lídia.

A base vai até a escala lídia diminuta, pois com a escala lídia, lídia aumentada e lídia diminuta,
conseguimos ter todos os acordes da música ocidental. As demais escalas, incluindo o lídio b7,
irão gerar dissonâncias sobre cada gênero estabelecido.

Sendo assim, temos:

I – Maior e suas alterações (Quinta, terça e sétima)

II – Maior com sétima e suas alterações

III – Inversão do I

#IV – Meio diminuto, diminuto e dominante

V – Inversão do I

VI – Menor e suas alterações (Quinta e sétima)

VII – Inversão do I, Dominante sus com a nona menor, dominante com a nona menor

#V – “Dominante” Alterado

Exercícios

Escreva os gêneros modais das 12 tônicas. Faça o seu mapa dos acordes.

Quanto mais Longe, Mais Perto – Hermeto Pascoal


CDR - Círculo da Direção Harmônica
(Circle of Close to Distant Relationships)
Baixe as músicas em pdf no link abaixo e faça a análise harmônica e o CDR.

Seu Encanto – Marcos Valle

Observe a sonoridade da música Seu Encanto pelo CDR e perceba os contrastes de A Lídio para
C Lídio, G Lídio para Bb Lídio.

Além disso, veja como a análise aplicando o CDR (gravidade tonal) é mais objetiva e te mostra
o que realmente está acontecendo na música.
Coloque em Prática

Faça a rearmonização da melodia abaixo, use a abuse do cromatismo, a hora de experimentar


é agora.

Substituindo Acordes

Como o acorde é apenas um modo, uma representação da escala lídia e temos sete escalas
que vão da sonoridade mais consonante (7 T.O.) para a mais dissonante (12 T.O.), você está
livre para escolher o nível de dissonância. Desta forma, você tem muito mais possibilidades.

Exemplo

Veja como é simples ter uma sonoridade rebuscada com este conceito.
Exercício

Esta melodia da música Meu Bem Querer do Djavan é perfeita para você aplicar as
dissonâncias na harmonia. Explore, use e abuse. Tente rearmonizar também.
Análises
Análises extraídas do livro do Russell
Os Guizos – Hermeto Pascoal

Com o Conceito do Lídio Cromático conseguimos analisar as músicas do Hermeto Pascoal de


forma simples, pois diferente do sistema tradicional, a progressão de acordes é a escala lídia e
com o CDR conseguimos visualizar o distanciamento entre as escalas, entre as tônicas.

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