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REALISMO/

NATURALISMO
• “O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a
apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do caráter. É a
crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos –
para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”
Eça de Queirós
INTRODUÇÃO
• Surgiu como reação a toda idealização romântica que sonhava com
um mundo de sonhos e fantasia, mas que não era real, uma vez, que
viviam num mundo de faz de contas.
• O Realismo/Naturalismo foi um movimento marcado pela visão fria e
pessimista das coisas, que se propunha mostrar a realidade tal como
ela era, sem nenhuma idealização, chegando a ser grotesco, devido ao
fato de salientar os aspectos mais deprimentes, feios e repugnantes.
• Século marcado por profundas transformações sociais, científicas e
tecnológicas (XIX), os autores realistas só aceitavam as explicações
saídas dos laboratórios.
EXEMPLO DE IMAGEM
REALISTA/NATURALISTA
- Semblantes tristes

- Representação da realidade

- Fim das fantasias do Romantismo


CONTEXTO HISTÓRICO
• II Revolução Industrial (aço, eletricidade, petróleo)
• Correntes filosófico-científicas: Positivismo, Evolucionismo, Determinismo e socialismo.
• Consolidação da burguesia ao poder
• Invenção do cálculo binário, desenvolvimento do processo de pasteurização, leis da
hereditariedade, invenção da máquina de escrever, tabela periódica dos elementos
químicos, descoberta dos cromossomos, fonógrafo, lâmpada elétrica, descoberta do
bacilo da tuberculose, automóvel a gasolina, descoberta das ondas eletromagnéticas,
invenção do gramofone e do disco, máquina fotográfica (Kodak), raio X, rádio, telégrafo
sem fio, interpretação dos sonhos por Freud, etc.
• BRASIL
• Abolição da escravatura
• Fim do império e início da república velha (os militares no poder)
CARACTERÍSTICAS DO REALISMO/NATURALISMO
• As características do Realismo/Naturalismo estão ligadas ao momento histórico e as
palavras de ordens são ver, observar e comprovar cientificamente. Refletem a postura das
correntes filosófica, tais como:
• Evolucionismo: de acordo com Darwin, as espécies animais foram criadas ao mesmo
tempo e as mais simples foram dando origem às mais complexas, e o homem é um
exemplo disso.
• Positivismo: segundo Auguste Comte, não havia mais espaço para as questões religiosas,
exigia-se, portanto, uma razão positiva que só considerasse os fenômenos científicos.
• Determinismo: De acordo com o historiador francês Hippolyte Taine, o comportamento
do ser humano é determinado por três fatores: raça (hereditariedade), meio (local em que
se vive) e o momento (histórico ou pessoal).
• Socialismo: propondo uma sociedade mais justa, criticando a injusta relação de trabalho
e da tirania.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
• Propunham uma visão objetiva das coisas, em oposição à idealização romântica
• Postura racional, fria e pessimista das coisas
• Predomínio de uma concepção materialista da realidade
• Postura anticlerical
• Niilismo (pessimismo absoluto)
• Narrativa lenta, com acúmulos de detalhes
• Preferência pela descrição
• Principais alvos de crítica: família (alicerçada em bases falsas)
clero (corrupto, ópio do povo)
exploração do proletariado (capitalismo selvagem)
CARACATERISTICAS REALISTAS
• Análise do indivíduo, o desvendar de sua alma, apresentando seu
perfil psicológico e seu caráter;
• Linguagem clara, discreta e elegante;
• Pormenores relacionados a dimensão psicológica;
• Descrição da vida da elite burguesa;
• Narrativa voltada para um individuo.
CARACTERÍSTICAS NATURALISTAS
• Análise do coletivo (cortiços, favelas), cuja preocupação restringe-se
apenas ao comportamento, ignorando seu interior;
• Linguagem zoomórfica (comparação do homem com o animal), chula,
degradada;
• Pormenores relacionados ao comportamento marginalizado, descrição
de atos sexuais;
• Descrição da vida das classes menos favorecidas (povão);
• Sexualização do amor;
• Preferência por temas relacionados à patologia social (taras,
homossexualismo, prostituição, adultério, etc.).
JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS
REALISMO PORTUGUÊS
• Um dos maiores nomes da Literatura Portuguesa e universal. Deixou
inúmeras obras incluindo:
• Prosa de ficção
• Crítica literária
• Crônica jornalística
• Literatura de viagens
• Biografia de santos
• Nasceu em 1845 em Portugal e faleceu em 1900, em Paris. Formado em
Direito, iniciou sua carreira diplomática e por conta disso trabalhou em
Cuba, Na Inglaterra e na França
ESTILO
• Inovou a prosa portuguesa com seu dinamismo e sagacidade crítica.
Seu estilo é simples, usando com perfeição adjetivos e advérbios; seus
diálogos são bem naturais, empregando a linguagem da burguesia.
• Sua ficção revela o real, mas com humor e subjetividade.
• Sua produção literária pode ser dividida em três fases.
1ª FASE
• Romântica, Pré-realista ou preparatória
• Temas românticos
• Ambientes fantásticos
• Humanização da natureza
• Obras: Prosas Bárbaras
O mistério da estrada de Sintra
2ª FASE
• Realista/ Naturalista
• Visão desencantada da realidade
• Pessimismo
• Crítica mordaz à sociedade burguesa
• Obras: O crime do Pe. Amaro (marco inicial)
O primo Basílio
Os Maias
3ª FASE
• Realista-fantasista
• “Sob a nudez da verdade, o manto diáfano da fantasia”
• Visão mais otimista em relação à fase anterior
• Mescla análise realista da sociedade com preocupações gramaticais
• O campo passa a ser a saída para o ser humano e para seu país
• Obras: A ilustre casa de Ramires
A cidade e as serras
A CIDADE E AS SERRAS – (Romance de
espaço)
• Protagonista: Jacinto de Tormes
• Milionário
• Família antiga e aristocrática

• Narrador em 1ª pessoa (narrador-testemunha): José Fernandes


• Proprietário rural
• Irônico
• Ligado ao mundo da prática
ESPAÇOS
• Paris
• Avanço tecnológico
• Sofisticação social / hipocrisia moral
• Saturação de estímulos

• Tormes (norte de Portugal)


• Simplicidade, beleza, saúde
Trajetória de Jacinto
• Entusiasmo pela cidade / aversão ao campo
• Melancolia em Paris
• Viagem a Portugal: rito de passagem
• Entusiasmo pelo campo / aversão à cidade
• Equilíbrio tradição / modernidade
PRINCIPAIS ESCRITORES DO BRASIL
• Machado de Assis

• Raul Pompéia

• Aluízio Azevedo
MACHADO DE ASSIS

• Neto de escravo em pleno segundo reinado, apropriou-se da cultura das


elites, apesar de pobre.
• Mulato, gago e epilético, venceu suas limitações sendo o primeiro
presidente da Academia Brasileira de Letras, um dos maiores símbolos
culturais da elite branca.
• Escreveu dos 15 anos aos 69 anos ininterruptamente.
• Possuía tendência à misantropia.
• Polígrafo (escrevia todos os gêneros).
• Gênio inclassificável, antenas da vanguarda, por apresentar estilo
próprio.
ESTILO MACHADIANO
• Elegância
• Equilíbrio
• Simplicidade, clareza e concisão
• Coloquialismo
• Técnica do leitor incluso
• Microrrealismo psicológico (examinava a alma, nada ficava escondido, olhares, gestos,
expressões, etc.)
• Digressão (desvios sem aparente continuidade para chegar ao centro da alma humana)
• Intertextualidade / paródia (imitação burlesca de uma obra)
• Metalinguagem
• Humor e ironia (riso dividido entre o cinismo e o excesso de lucidez)
CONSIDERAÇÕES GERAIS
• Início do Realismo no Brasil

• Ambiente social: elites brasileiras

• Sistema de favores

• Relações de dependência
NARRADOR
• 1ª pessoa
• Defunto autor
• Presunção, egocentrismo
• Instabilidade, volubilidade
• Niilismo: pessimismo acentuado
PERSONAGENS
• A família
• Irmã Sabina: disputa de herança
• Cunhado Cotrim: falta de escrúpulos da elite

• As mulheres
• Marcela: prostituta de luxo
• Eugênia: pobre, coxa
• Virgília: amante
• Nhá-Loló: pretendente
MAIS PERSONAGENS
• Escravos e dependentes
• Prudêncio: “cavalo de todos os dias”
• D. Plácida: marginalização do trabalho

• Recursos de estilo
• Humor, ironia
• Capítulos curtos
• Metalinguagem: reflexão sobre a composição literária
• Digressões: suspensão da narrativa
O HUMANITISMO
• Criador: Quincas Borba
• Elogio ao egocentrismo
• Justificativa para maus sentimentos
• Luta pela sobrevivência: preservação da espécie
• Sátira do cientificismo
RAUL POMPÉIA
• Vida agitada, envolveu-se em várias polêmicas, criando inimizades,
atravessando várias crises depressivas. Abandonado pelos amigos, caluniado
no meio jornalístico e intelectual, suicida-se aos 32 anos de idade, no dia do
Natal.
• Pertence ao grupo de autores que entraram para a história literária graças a
um único livro: “O Ateneu”.
• Livro autobiográfico que relata suas experiências de garoto, num colégio
interno para meninos.
• O personagem narrador Sérgio, adulto, recompões pela memória ressentida
sua adolescência, alternando seus pensamentos adolescente (ingênuo) com
sua visão adulta, criticando o sistema educacional falido e a decadente
sociedade monárquica brasileira.
O ATENEU
• O livro apresenta um subtítulo: “Crônicas de saudade” é considerado
irônico, pois as experiências foram dolorosas. O narrador denuncia a
degradação do colégio caracterizando-o como “microcosmo da
sociedade” (macrocosmo), e o diretor Aristarco é a síntese dessa
degradação: responsável pela educação dos garotos, assume várias
facetas (ora autoritário, ora manso; ora pai, ora carrasco; ora
professor, ora comerciante), além do fato de ser narcisista.
FINAL
• O ambiente só de meninos favorece a homossexualidade, e, além disso, há um jogo constante de
fortes x fracos influindo na formação dos adolescentes. Encontramos no livro quatro tendências:
• Naturalista: o homossexualismo
• Realista: crítica ao sistema educacional e a sociedade decadente
• Expressionista: ao apresentar as personagens e os fatos narrados, o narrador deforma, exagera e
faz caricaturas.
• Impressionista: ao relatar suas experiências de forma subjetiva, o narrador expões suas
impressões pessoais.
• Ema, mulher de Aristarco, foi a primeira mulher por quem se apaixonou, num misto de amor
materno e de carência.
• O incêndio final do Ateneu apresenta um valor simbólico: expressaria o seu desejo de destruir
tudo o que o colégio representava tanto do ponto de vista social e político como do ponto de
vista educacional.
ALUÍSIO AZEVEDO
CARACTERÍSTICAS
• Tentando se profissionalizar como escritor, Aluísio produziu uma obra diversificada
(romântica e naturalista); mas é como naturalista que devemos estudá-lo.
• Seguindo as lições de Émile Zola, o autor escreveu romances de tese, com clara
conotação social. Demonstrou nítida preocupação com a classe marginalizada pela
sociedade, criticando o conservadorismo do clero, aliado à classe dominante.
• Valorizou sobremaneira os instintos naturais, comparando constantemente seus
personagens a animais: “tinha ancas de vaca do campo”.
• Soube, como ninguém retratar a vida coletiva, e dar vida a uma série de personagens
que habitam espaços degradados.
• Seus principais livros naturalistas são: “O Cortiço”, “Casa de Pensão” e “O Mulato”
(livro que é considerado o marco do Naturalismo no Brasil).

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