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RESUMO – O Cortiço e O Mulato

Prof ª Bárbara Rodrigues


O Cortiço” é um romance escrito por Aluísio Azevedo que tem como cenário e personagem
principal uma habitação coletiva de pessoas pobres. O autor conta sobre a rotina e as
relações dos personagens que nela vivem, explicando seus comportamentos a partir das
influências do meio-ambiente, da raça e do contexto histórico. Isso o classifica como um
romance naturalista.
Obra
“O Cortiço” foi lançado em 1890 e teve boa recepção da crítica literária e do público leitor da
época. Isso porque Aluísio Azevedo e seu livro estavam em sintonia com o naturalismo, uma
doutrina muito bem aceita na Europa nesse período histórico do final do século XIX.
Escrito e ambientado no Rio de Janeiro, o romance trata das profundas mudanças urbanas e
sociais que a cidade vinha passando. Sem idealização alguma, o autor fala sobre essa
realidade que ele testemunhava em seus aspectos mais baixos: a exploração humana, a
desonestidade, o crime.
Segundo o naturalismo literário, os escritores deveriam ser objetivos com relação à realidade,
representando precisamente aquilo que observava na sociedade. Para isso, eles tinham como
referência conceitos biológicos. Com isso, romances naturalistas como “O Cortiço” buscavam
em condicionamentos biológicos e ambientais a origem dos comportamentos humanos.
Seguindo esses preceitos, a obra de Aluísio Azevedo não se preocupa em construir um
enredo, mas sim em criar personagens que convencem e envolvem o leitor.
O enredo do livro, como veremos, acontece em função dos personagens envolvidos. E o
próprio cortiço é o personagem mais convincente e envolvente de todos.
Além disso, “O Cortiço” é um dos primeiros romances brasileiros a falar sobre
homossexualidade. O autor interpreta isso, assim como todos os outros comportamentos, a
partir de sua chave de análise naturalista e fatalista na qual a natureza brasileira tem papel
fundamental.
Enredo
O enredo de “O Cortiço” passa pela história de João Romão, que busca a qualquer custo
enriquecer e ascender socialmente. Ele é dono de uma venda, de uma pedreira e do cortiço
no qual vivem os personagens que conhecemos durante a leitura.
As casinhas simples do cortiço são em sua maioria alugadas pelos trabalhadores da pedreira,
os quais por sua vez fazem suas compras na venda. Detentor desse monopólio, João Romão
consegue enriquecer rapidamente.
Com esse objetivo do enriquecimento, que se torna uma obsessão, o personagem também
economiza tudo o que recebe e explora pessoas sem escrúpulos. Um exemplo disso é a
história de sua amante Bertoleza, uma escrava fugida para quem João Romão falsifica um
documento de alforria. Em vez de com isso conquistar a liberdade, porém, Bertoleza passa a
ser explorada pelo próprio João Romão. Ela trabalha para ele todos os dias sem descanso.
O outro espaço no qual o livro se passa é o rico sobrado de Miranda, um comerciante de
muito prestígio social. Tal sobrado se localiza ao lado do cortiço, o que explicita a gritante
desigualdade social do Rio de Janeiro em período de urbanização.
Conforme João Romão enriquece, Miranda considera oferecer-lhe a mão de sua filha Zulmira
em casamento. Isso faria com que ele cumprisse seu objetivo de atingir um patamar superior
na hierarquia social, para além da ascensão econômica. Bertoleza, porém, não aceita que
João Romão a descarte e se case com outra mulher. Para se livrar dela, Romão denuncia
Bertoleza como escrava fugida e seu verdadeiro dono aparece para colocá-la novamente no
cativeiro. Desesperada, ela se mata.
Vários episódios de diferentes moradores do cortiço nos são contados de forma intercalada
com esse enredo que envolve a busca de João Romão pela ascensão social e econômica.
Para esses moradores, a luta pela sobrevivência é muito mais difícil. A partir das histórias
desses personagens, o autor defende sua tese naturalista, segundo a qual o meio em que a
pessoa está inserida molda seus comportamentos.
Um exemplo disso é a vida de Jerônimo, um operário português que trabalha na pedreira.
Quando chega ao cortiço, Jerônimo é uma pessoa honesta, trabalhadora, disciplinada e
moralmente admirável. É casado com uma moça também portuguesa de nome Piedade e
com ela têm uma filhinha. Ao se expor ao ambiente de degradação do cortiço, porém, ele se
transforma: apaixona-se pela mulata Rita Baiana, descrita como sensual. Por ela, Jerônimo
deixa a família e chega até mesmo a cometer um assassinato. Outro caso de degradação
através do meio é a história de Pombinha. No início da narrativa ela é uma moça culta e
inocente que aguarda a primeira menstruação para que possa se casar. Seduzida pela
prostituta Léonie, ela foge para viver com a amante e também se torna prostituta.
O próprio cortiço, personagem principal do livro, também evolui juntamente com a evolução
social de seu dono João Romão. Durante a história, ele passa por reformas e sua aparência e
estrutura se tornam mais agradáveis. Aqueles que nele passam a morar, consequentemente,
são mais ordeiros e de um nível social superior.
Assim, os personagens pobres e degradados que conhecemos se mudam para outro cortiço
de estrutura inferior. Com isso, ao final, Aluísio Azevedo tenta provar que a lei do mais forte é
a que predomina naquela estrutura social.
Quem foi Aluísio Azevedo?
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo foi um escritor, diplomata, caricaturista e jornalista
brasileiro nascido em São Luís do Maranhão.
Ele dá início ao Naturalismo na literatura brasileira ao publicar o romance O Mulato em 1881,
no qual revela ser abolicionista. Foi membro da Academia Brasileira de Letras.
Embora tenha inaugurado no Brasil essa escola literária, sua obra é considerada irregular por
muitos críticos. Isso porque sua produção varia entre aspectos do romantismo, do cunho
comercial voltado para um público mais amplo e da própria estética naturalista em obra s mais
elaboradas.

O Mulato
O Mulato é uma obra do escritor naturalista Aluísio de Azevedo. Foi publicada em 1881
inaugurando o movimento naturalista no Brasil. O nome do livro faz referência a seu
protagonista, um mulato bastardo que nasceu numa fazendo no nordeste do país. A obra
começa a ser narrada no interior do Maranhão, onde José Pedro da Silva era fazendeiro e
comerciante português. Com Domingas, uma de suas escravas, ele teve um filho bastardo:
Raimundo. José casou-se com Quitéria Inocência de Freitas Santiago e desconfiada da
relação que tinha com sua escrava, a esposa pede para açoitar a mulher e ainda, queimar
suas genitais.
Desesperado, José leva a criança para a casa de seu irmão Manuel. Quando ele retorna à
fazenda, encontra sua esposa na cama com o Padre Diogo. Num momento de fúria, ele mata
sua esposa e faz um pacto com o padre para que ninguém fique sabendo do ocorrido.
Desolado, José passa a viver com seu irmão, que tinha uma casa na cidade de São Luís.
Pouco depois, ele adoece. Quando decide retornar a sua fazenda, ele é morto a mando do
Padre Diogo. Diante de tudo isso, Raimundo, ainda criança, vai para Lisboa, em Portugal, se
afastando de sua mãe. Ali passou anos de sua vida e se formou em Direito.
Mais tarde, resolveu retornar ao Brasil e vai morar no Rio de Janeiro. Decidido a encontrar
seu tio Manuel Pescado, Raimundo viaja ao Maranhão.

A ideia inicial era saber sobre sua infância e origem. Além disso, seu pai deixou a herança
para ele que estava aos cuidados de seu tio.
Assim, quando encontra Manuel, Raimundo fala que quer visitar fazenda onde morava
quando era criança. Ali, ele desvenda alguns fatos desconhecidos, por exemplo, quem era
sua mãe e que fora filho bastardo de José. Durante a estadia na casa de seu tio, apaixona-se
por sua filha, Ana Rosa.
Entretanto, Manuel pensa em casar sua filha com um de seus empregados o Cônego Dias.
Sendo assim, seu tio não lhe concede a mão de Ana.
Diante disso, Raimundo começa a desconfiar que essa recusa está associada com sua
origem e cor de pele, uma vez que ele era filho de uma escrava. Ana Rosa também nutre
sentimentos por Raimundo e o casal resolve fugir. Na hora da fuga, eles são surpreendidos
por Padre Diogo e mediante a confusão, Raimundo é morto por Luís Dias, seu rival. Ana, que
estava grávida de Raimundo, fica em choque com a morte de seu amado e acaba abortando
a criança. Por fim, ela se casa com o assassino de Raimundo e com ele teve três filhos.
Análise da obra
O Mulato é uma obra com forte crítica social. Por meio de seus personagens estereotipados,
Aluísio de Azevedo aborda temas como o preconceito racial, a escravidão, a hipocrisia do
clero e ainda o provincianismo.
Com 19 capítulos sem título, O Mulato foi uma revelação para a sociedade da época e
recebeu muitas críticas. Além dos temas explorados pelo autor, o final da obra distancia-se
dos moldes clássicos e românticos onde o bem sempre vence o mal.
Aqui, o mal e a infelicidade das pessoas permeiam a obra. São encobertas por uma falsa
felicidade onde os interesses, a futilidade, a imoralidade e a discriminação estão acima de
tudo. Isso pode ser revelado no desfecho da obra. No fim do livro aparece Ana Rosa e o
assassino de Raimundo supostamente felizes vivendo uma vida burguesa e cuidando dos três
filho

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