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Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Unidade de Campo Grande

Jacklene Colman de Oliveira

Literatura e Sociedade

Campo Grande – MS
2023

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul


Unidade Campo Grande MS

Jacklene Colman de Oliveira

Literatura e Sociedade

Trabalho elaborado na disciplina de Literatura e Sociedade,


no Curso de Letras Bacharelado, orientado pela Docente :
Cláudia Sabbag Ozawa Galindo.

Campo Grande – MS
2023
São Bernardo de Graciliano Ramos

"São Bernardo" é um romance escrito por Graciliano Ramos e publicado em 1934. A


história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista, Paulo Honório, um homem rude e
pragmático que se torna proprietário de uma fazenda chamada São Bernardo, no sertão de
Alagoas, Brasil.
Paulo Honório relata sua trajetória desde a infância pobre até se tornar um fazendeiro bem-
sucedido. Ele é caracterizado por sua ambição desmedida e sua busca pelo poder e pelo
dinheiro. No entanto, ao longo da narrativa, percebe-se o vazio e a solidão que permeiam
sua vida.
O enredo se desenvolve em torno de três personagens principais: Paulo Honório,
Madalena, sua esposa, e o professor Teodoro, um intelectual que é contratado para
alfabetizar os trabalhadores da fazenda. Madalena é uma mulher sensível e sonhadora, em
contraste com a personalidade pragmática e materialista de Paulo.
Ao longo da história, Paulo Honório relata suas conquistas e ambições, suas relações com
os trabalhadores da fazenda e seu casamento com Madalena, que acaba sendo marcado
pela infelicidade e pela falta de compreensão mútua. A narrativa também aborda temas
como a exploração dos trabalhadores rurais, a desigualdade social e a solidão existencial.
"São Bernardo" é considerado uma das principais obras do modernismo brasileiro,
explorando a condição humana em um contexto social e econômico adverso. O livro retrata
a vida de Paulo Honório como um retrato crítico da sociedade brasileira da época,
destacando as contradições e as consequências de uma mentalidade voltada exclusivamente
para o sucesso material.
Personagens
Os principais personagens do livro "São Bernardo" de Graciliano Ramos são:
Paulo Honório: É o protagonista e narrador da história. Paulo Honório é um homem rude,
pragmático e ambicioso, que se torna proprietário da fazenda São Bernardo. Ele busca o
poder e a riqueza, mas enfrenta um vazio existencial e uma profunda solidão.
Madalena: É a esposa de Paulo Honório. Madalena é retratada como uma mulher sensível,
sonhadora e insatisfeita com a vida na fazenda. Ela acaba sofrendo com a falta de
compreensão e a falta de afeto em seu casamento com Paulo.
Professor Teodoro: É um intelectual que é contratado por Paulo Honório para alfabetizar
os trabalhadores da fazenda. Ele representa o contraste entre o mundo intelectual e o
mundo rural, além de desempenhar um papel importante na trama.
Além desses personagens principais, o livro também apresenta outros personagens
secundários, como os trabalhadores da fazenda e pessoas da comunidade local. Cada
personagem contribui para a narrativa, trazendo suas perspectivas e experiências para a
história.
Graciliano Ramos
Graciliano Ramos foi um renomado escritor brasileiro nascido em 27 de outubro de 1892,
na cidade de Quebrangulo, estado de Alagoas. Sua vida e trajetória são marcadas por uma
intensa participação no cenário literário e político do Brasil.
Graciliano Ramos iniciou sua carreira como professor, trabalhando em várias cidades do
Nordeste brasileiro. No entanto, sua paixão pela escrita o levou a abandonar o magistério
para se dedicar integralmente à literatura. Ele se envolveu ativamente no modernismo
brasileiro, movimento literário que buscava renovar a produção artística no país.
Sua obra mais conhecida é o romance "Vidas Secas", publicado em 1938, que retrata a
dura realidade dos trabalhadores rurais no sertão nordestino. Com uma linguagem seca e
realista, Graciliano conseguiu retratar com sensibilidade as condições de vida precárias e a
luta pela sobrevivência em meio à seca e à pobreza.
Além de "Vidas Secas", Graciliano Ramos escreveu outros romances importantes, como
"São Bernardo" (1934), "Angústia" (1936) e "Memórias do Cárcere" (1953), este último
baseado em suas experiências como preso político durante o Estado Novo no Brasil.
Graciliano Ramos também teve uma atuação política relevante. Ele foi eleito prefeito de
Palmeira dos Índios, em Alagoas, em 1927, mas foi destituído do cargo e preso durante o
regime autoritário de Getúlio Vargas. Essa experiência influenciou sua visão crítica sobre a
sociedade e sua escrita engajada.
Sua escrita é reconhecida pelo estilo conciso, realista e pela capacidade de retratar as
complexidades da condição humana e das injustiças sociais. Graciliano Ramos faleceu em
20 de março de 1953, na cidade do Rio de Janeiro, deixando um legado literário importante
para a literatura brasileira.

Dom Casmurro de Machado de Assis

"Dom Casmurro" é um romance escrito por Machado de Assis e publicado em 1899. A


história é narrada em primeira pessoa por Bento Santiago, apelidado de Bentinho, que ao
longo da narrativa se autodenomina Dom Casmurro.
O enredo gira em torno do relacionamento conturbado entre Bentinho e Capitu, sua amiga
de infância e posteriormente esposa. Bentinho é um homem introspectivo e melancólico, e
sua narrativa é marcada por reflexões retrospectivas sobre sua vida e o ciúme que sente em
relação a Capitu.
A trama se desenvolve em torno da suspeita de Bentinho de que seu filho Ezequiel seja
fruto de uma traição de Capitu com seu melhor amigo, Escobar. Bentinho analisa
minuciosamente pequenos gestos e indícios para justificar suas desconfianças, mas nunca
obtém uma confirmação definitiva.
O livro aborda temas como amor, ciúme, traição e a falibilidade da memória. A narrativa
de Bentinho é permeada por questionamentos sobre a veracidade dos fatos e a
possibilidade de interpretações equivocadas da realidade.
"Dom Casmurro" é considerado uma das obras-primas da literatura brasileira. Machado de
Assis utiliza uma narrativa sofisticada, com nuances psicológicas e uma prosa irônica e
perspicaz. O livro é uma análise profunda das complexidades humanas, explorando os
limites entre a realidade e a subjetividade. O final do livro deixa em aberto a dúvida sobre
a traição de Capitu, o que provoca debates e interpretações diversas entre os leitores.

Personagens
O livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis apresenta alguns personagens principais
que desempenham papéis fundamentais na trama. São eles:
Bento Santiago (Bentinho) - É o protagonista e narrador da história. Ele é conhecido como
Dom Casmurro devido à sua personalidade introspectiva e melancólica. Bentinho relata
suas memórias e reflexões sobre seu relacionamento com Capitu, sua amiga de infância e
posteriormente esposa.
Capitu - É a personagem feminina central da história. Capitu é descrita como bela,
inteligente e intrigante. Ela é amiga de Bentinho desde a infância e acaba se tornando sua
esposa. Sua personalidade e atitudes ao longo da narrativa geram suspeitas de traição por
parte de Bentinho.
Escobar - É o melhor amigo de Bentinho e posteriormente se torna seu cunhado. Ele é um
personagem carismático e bem-sucedido, despertando a admiração de Bentinho e, ao
mesmo tempo, desconfiança em relação a seu relacionamento com Capitu.
Dona Glória - É a mãe de Bentinho e uma personagem importante na história. Ela é viúva e
faz de tudo para realizar o desejo de seu filho de se tornar padre, mesmo que isso
signifique sacrificar o amor de Bentinho por Capitu.
Esses são os principais personagens que conduzem a trama de "Dom Casmurro". Ao longo
do livro, Machado de Assis desenvolve complexidades psicológicas e nuances em suas
personalidades, proporcionando uma análise profunda das relações humanas e das
incertezas da memória. Outros personagens secundários também desempenham papéis
relevantes na história, contribuindo para a construção do enredo e dos conflitos.

Machado de Assis

Machado de Assis foi um dos mais renomados escritores brasileiros, nascido em 21 de


junho de 1839, no Rio de Janeiro. Ele é considerado um dos grandes mestres da literatura
mundial e um dos principais representantes do realismo no Brasil.
Machado de Assis viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde enfrentou
diversas dificuldades e limitações em sua trajetória. Filho de pais negros e de origem
humilde, teve acesso limitado à educação formal, mas foi autodidata e desenvolveu uma
ampla cultura literária e filosófica.
Durante sua carreira literária, Machado de Assis trabalhou como tipógrafo, funcionário
público e jornalista, o que lhe proporcionou contato com as ideias e debates intelectuais de
sua época. Ele foi membro da Academia Brasileira de Letras, sendo seu presidente por dez
anos.
A obra de Machado de Assis é vasta e abrange diversos gêneros literários, incluindo
romances, contos, poesias e peças teatrais. Seus escritos são caracterizados por uma
profunda análise psicológica dos personagens, ironia refinada, questionamentos morais e
uma prosa elegante e sofisticada.
Algumas de suas obras mais conhecidas são "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881),
"Quincas Borba" (1891), "Dom Casmurro" (1899) e "Memorial de Aires" (1908). Os temas
abordados em suas obras incluem a crítica social, o preconceito racial, os conflitos morais,
a hipocrisia da sociedade e a natureza humana.
Machado de Assis foi um escritor inovador para sua época, explorando técnicas narrativas
e estruturais únicas. Sua escrita é considerada intemporal e suas obras continuam a ser
estudadas e apreciadas até os dias atuais.
Ele faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, deixando um legado literário
que o consagrou como um dos maiores escritores da língua portuguesa e um ícone da
literatura brasileira. Sua influência na literatura e no pensamento crítico perdura até hoje.

Contexto Histórico

O livro "São Bernardo" de Graciliano Ramos foi escrito e publicado em um contexto


histórico e nacional marcado por profundas transformações sociais, políticas e econômicas.
O romance foi publicado em 1934, durante o período conhecido como Era Vargas, que se
estendeu de 1930 a 1945 no Brasil.
Durante a Era Vargas, o país passou por um processo de industrialização e urbanização
acelerado, com o governo de Getúlio Vargas implementando políticas de modernização.
No entanto, essas transformações também levaram a uma maior concentração de poder nas
mãos do Estado e a um aumento da desigualdade social.
O livro "São Bernardo" retrata a vida do protagonista Paulo Honório, que se torna um
fazendeiro bem-sucedido, explorando os trabalhadores rurais e buscando o poder e o
dinheiro. A história aborda temas como a exploração dos trabalhadores, a desigualdade
social e a solidão existencial, refletindo as contradições e injustiças da sociedade brasileira
da época.
Já o livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis foi publicado em 1899, em um contexto
histórico nacional e internacional marcado por profundas transformações. No Brasil, o país
estava passando por um período de transição entre o fim do Império e a consolidação da
República, com a abolição da escravidão em 1888 e a proclamação da República em 1889.
Internacionalmente, o final do século XIX foi marcado por grandes avanços científicos,
tecnológicos e culturais, como a Revolução Industrial, o desenvolvimento do darwinismo e
a disseminação de ideias do positivismo e do naturalismo.
"Dom Casmurro" insere-se nesse contexto ao explorar a psicologia dos personagens e a
complexidade das relações humanas, especialmente no âmbito do casamento e do ciúme. O
livro também aborda questões sociais e culturais do período, como o papel da mulher na
sociedade e o embate entre valores tradicionais e modernos.
Ambos os livros, "São Bernardo" e "Dom Casmurro", são obras-primas da literatura
brasileira que dialogam com o contexto histórico e social em que foram escritos,
proporcionando reflexões profundas sobre a condição humana, as relações sociais e as
contradições da época.

Tema Abordado para Análise


Casamento e Ciúme
O casamento é uma instituição social que envolve a união legal e formal de duas pessoas,
geralmente com o objetivo de estabelecer uma parceria afetiva, econômica e familiar
duradoura. É um compromisso que pode ser baseado no amor, na religião, nas tradições
culturais ou em outros motivos, e é reconhecido e regulamentado pela sociedade.
O ciúme, por sua vez, é uma emoção complexa que surge quando uma pessoa experimenta
insegurança, medo ou apreensão em relação a uma possível perda ou ameaça em um
relacionamento afetivo. O ciúme pode ser desencadeado por várias razões, como suspeita
de infidelidade, atenção direcionada a terceiros ou medo de perder o afeto e a dedicação do
parceiro.
Dentro de uma sociedade, as percepções e atitudes em relação ao casamento e ao ciúme
podem variar. Em algumas culturas, o casamento é considerado uma instituição sagrada e
altamente valorizada, enquanto em outras pode haver uma maior aceitação de arranjos
alternativos, como casamentos não tradicionais ou relacionamentos abertos.
Da mesma forma, as atitudes em relação ao ciúme também podem variar. Em algumas
sociedades, o ciúme pode ser visto como um sinal de amor e cuidado, enquanto em outras
pode ser considerado prejudicial e tóxico para os relacionamentos. As normas culturais, os
valores sociais, as crenças religiosas e as influências históricas podem moldar a forma
como o ciúme é percebido e tratado em uma determinada sociedade.
É importante ressaltar que o casamento e o ciúme são fenômenos complexos e
multifacetados, e suas percepções e interpretações podem variar amplamente entre
diferentes culturas, comunidades e indivíduos.

Casamento e ciúme na sociedade


O casamento é uma instituição social que envolve a união legal e formal de duas pessoas,
geralmente com o objetivo de estabelecer uma parceria afetiva, econômica e familiar
duradoura. É um compromisso que pode ser baseado no amor, na religião, nas tradições
culturais ou em outros motivos, e é reconhecido e regulamentado pela sociedade.
O ciúme, por sua vez, é uma emoção complexa que surge quando uma pessoa experimenta
insegurança, medo ou apreensão em relação a uma possível perda ou ameaça em um
relacionamento afetivo. O ciúme pode ser desencadeado por várias razões, como suspeita
de infidelidade, atenção direcionada a terceiros ou medo de perder o afeto e a dedicação do
parceiro.
Dentro de uma sociedade, as percepções e atitudes em relação ao casamento e ao ciúme
podem variar. Em algumas culturas, o casamento é considerado uma instituição sagrada e
altamente valorizada, enquanto em outras pode haver uma maior aceitação de arranjos
alternativos, como casamentos não tradicionais ou relacionamentos abertos.
Da mesma forma, as atitudes em relação ao ciúme também podem variar. Em algumas
sociedades, o ciúme pode ser visto como um sinal de amor e cuidado, enquanto em outras
pode ser considerado prejudicial e tóxico para os relacionamentos. As normas culturais, os
valores sociais, as crenças religiosas e as influências históricas podem moldar a forma
como o ciúme é percebido e tratado em uma determinada sociedade.
É importante ressaltar que o casamento e o ciúme são fenômenos complexos e
multifacetados, e suas percepções e interpretações podem variar amplamente entre
diferentes culturas, comunidades e indivíduos.

Comparação entre os Autores

Graciliano Ramos e Machado de Assis são dois dos mais renomados escritores da literatura
brasileira. Embora pertençam a diferentes períodos históricos, suas obras compartilham
algumas semelhanças e diferenças notáveis tanto na forma de escrita quanto na abordagem
do ciúme dentro do contexto em que foram escritas.
Graciliano Ramos, um dos representantes do modernismo brasileiro, é conhecido por sua
escrita realista e objetiva, retratando temas sociais e políticos. Seu estilo conciso e direto
reflete a influência do movimento modernista, enfatizando a denúncia social e a
preocupação com a condição humana.
Por outro lado, Machado de Assis, considerado um ícone do realismo no Brasil, escreveu
no final do século XIX e início do século XX. Sua escrita é caracterizada pela ironia,
subjetividade e profundidade psicológica. Assis explorou as complexidades das relações
humanas, incluindo o ciúme. Ele examinou as dimensões da mente humana, abordando
temas como traição, paixão e desconfiança com maestria.
Em relação ao ciúme, tanto Graciliano Ramos quanto Machado de Assis abordaram essa
emoção humana complexa em seus trabalhos. Graciliano Ramos, em São Bernardo,
apresenta um protagonista atormentado por sentimentos de ciúme e possessividade em
relação à mulher que ama. Já em "Dom Casmurro", Machado de Assis construiu uma
narrativa repleta de dúvidas e ambiguidades, em que o ciúme é uma das forças motrizes da
trama, levando o protagonista Bentinho a questionar a fidelidade de sua esposa, Capitu.
É importante considerar o contexto histórico em que essas obras foram escritas. Enquanto
Graciliano Ramos viveu em um período marcado por desigualdades sociais e instabilidade
política, Machado de Assis testemunhou a transição do Brasil do Império para a República.
Ambos os escritores foram influenciados pelas realidades sociais e políticas de seu tempo,
refletindo esses elementos em suas obras literárias.
Em resumo, Graciliano Ramos e Machado de Assis são escritores icônicos da literatura
brasileira, cada um com sua própria abordagem e estilo de escrita. Embora ambos tenham
explorado o tema do ciúme em suas obras, suas abordagens refletem as características
literárias de seus respectivos períodos históricos. A leitura de suas obras oferece aos
leitores uma imersão na riqueza da literatura brasileira e uma oportunidade de refletir sobre
a complexidade da natureza humana.

Análise do Livro São Bernardo sobre casamento e ciúme

"São Bernardo" é um romance escrito por Graciliano Ramos que aborda o tema do
casamento e do ciúme através da complexa relação entre os personagens Paulo Honório e
Madalena. A história narra a trajetória de Paulo, um homem ambicioso que se torna um
próspero fazendeiro em São Bernardo.
No que diz respeito ao casamento, o livro retrata a união de Paulo com Madalena como
uma transação comercial, em que ele busca obter benefícios financeiros e sociais. Paulo vê
o casamento como uma forma de aumentar sua posição na sociedade e de garantir sua
ascensão econômica. Essa visão utilitarista do casamento reflete a mentalidade da época e
revela a falta de afeto e de verdadeira conexão emocional entre o casal.
O ciúme é um elemento central na relação de Paulo e Madalena. Paulo é um homem
possessivo e controlador, que vê Madalena como uma propriedade sua e se sente ameaçado
pela possibilidade de perdê-la. Esse sentimento de posse e a insegurança de Paulo o levam
a tomar atitudes extremas, como restringir a liberdade de Madalena e monitorar seus
passos. O ciúme excessivo de Paulo acaba por sufocar a relação e contribui para o
distanciamento entre o casal.
Através da história de Paulo Honório e Madalena, Graciliano Ramos critica a instituição do
casamento baseado em interesses materiais e a toxicidade do ciúme. O autor mostra como a
falta de amor e de respeito mútuo pode levar a relacionamentos vazios e infelizes. Além
disso, ele evidencia as consequências negativas do ciúme doentio, que corroem a confiança
e a intimidade entre os parceiros.
No geral, "São Bernardo" oferece uma análise crítica sobre o casamento e o ciúme,
destacando as limitações e os problemas inerentes a esses elementos em um
relacionamento. Através da narrativa intensa e realista, Graciliano Ramos nos convida a
refletir sobre a importância do afeto, da comunicação e do respeito mútuo para uma relação
saudável e plena.

Análise do Livro Dom Casmurro sobre casamento e ciúme

"Dom Casmurro" é um romance clássico escrito por Machado de Assis, que aborda o tema
do casamento e do ciúme por meio da complexa relação entre os personagens Bentinho e
Capitu. A história é narrada pelo próprio Bentinho, que suspeita da fidelidade de sua
esposa ao longo do casamento.
No que diz respeito ao casamento, o livro retrata a união de Bentinho e Capitu como um
matrimônio cheio de expectativas e sonhos. Ambos se casaram jovens e apaixonados,
acreditando que a relação será duradoura e feliz. No entanto, ao longo da narrativa, Betinho
começa a duvidar da fidelidade de Capitu, o que coloca em xeque a estabilidade do
casamento.
O ciúme é um elemento central na relação de Bentinho e Capitu. Betinho nutre uma
desconfiança constante em relação à esposa, interpretando gestos, olhares e atitudes como
sinais de traição. Essa desconfiança alimenta a sua imaginação e o leva a criar teorias
conspiratórias em torno da suposta infidelidade de Capitu. O ciúme obsessivo de Betinho
acaba por corroer a confiança e a felicidade do casal.
Através da história de Bentinho e Capitu, Machado de Assis propõe uma reflexão sobre os
limites do ciúme e suas consequências destrutivas. O autor mostra como o ciúme doentio
pode distorcer a percepção da realidade, gerar insegurança e, por fim, destruir a confiança
mútua. Além disso, Machado de Assis deixa em aberto a questão da traição, criando uma
atmosfera de ambiguidade que suscita discussões sobre a culpa e a inocência dos
personagens.
"Dom Casmurro" é uma obra que nos leva a refletir sobre as complexidades do casamento
e do ciúme, mostrando como a desconfiança e a obsessão podem comprometer a felicidade
e a estabilidade de um relacionamento. Machado de Assis nos convida a questionar nossas
próprias percepções e a considerar os danos causados pelo ciúme excessivo, incentivando
uma reflexão crítica sobre as relações afetivas.

Comparação do Livro de São Bernardo e Dom Casmurro sobre Casamento e Ciúme

Tanto o livro "São Bernardo" quanto "Dom Casmurro" exploram os temas do casamento e
do ciúme, embora de maneiras distintas. Os pontos em comum e as diferenças entre esses
dois aspectos nas relações de Paulo Honório e Madalena em "São Bernardo" e de Bentinho
e Capitu em "Dom Casmurro".
Comum:
. Casamento como uma transação: Em ambos os livros, o casamento é retratado como uma
transação ou acordo, em que os personagens esperam obter benefícios materiais ou sociais.
Paulo Honório, em "São Bernardo", vê o casamento como uma forma de melhorar sua
posição social e econômica, enquanto Bentinho, em "Dom Casmurro", cede às pressões
familiares e se casa com Capitu.
. Desconfiança e dúvida: Em ambas as histórias, os protagonistas manifestam desconfiança
e dúvida em relação à fidelidade de suas esposas. Paulo Honório e Bentinho alimentam
suspeitas de traição por parte de Madalena e Capitu, respectivamente, o que desencadeia
um sentimento de ciúme e insegurança em seus casamentos.
. Desconfiança: Tanto Paulo Honório quanto Bentinho desconfiam, criam um ambiente de
incerteza e alimentam o sentimento de ciúme em seus casamentos.
. Sentimento de posse: Ambos os personagens demonstram um sentimento de posse em
relação às suas esposas. Eles veem suas parceiras como propriedades e se sentem
ameaçados pela possibilidade de perdê-las para outros homens.
Diferenças:
. Motivações do casamento: Enquanto Paulo Honório se casa com Madalena
principalmente por motivos econômicos e sociais, Bentinho se casa com Capitu por
influência familiar e pelo amor que sente por ela. A motivação do casamento em "São
Bernardo" é mais utilitarista, enquanto em "Dom Casmurro" é marcada por uma mistura de
amor e pressões externas.
. Intimidade e afeto: Em "São Bernardo", Paulo e Madalena têm uma relação marcada pela
falta de afeto e intimidade. Seu casamento é baseado em interesses práticos e não há uma
conexão emocional profunda entre eles. Já em "Dom Casmurro", Bentinho e Capitu têm
uma relação inicialmente repleta de amor e paixão, com demonstrações de afeto e
cumplicidade, antes da sombra do ciúme se instalar.
. Ambiguidade da traição: Enquanto em "São Bernardo" a traição de Madalena é sugerida,
mas não confirmada, em "Dom Casmurro" há uma ambiguidade em torno da possível
traição de Capitu. A incerteza sobre a fidelidade das esposas alimenta o ciúme e a
desconfiança dos protagonistas, mas cada obra aborda essa ambiguidade de maneira
diferente.
. Motivações do casamento: Enquanto Paulo Honório se casa com Madalena
principalmente por motivos econômicos e sociais, Bentinho se casa com Capitu por amor e
também por influência familiar. As motivações para o casamento são diferentes em cada
história.
. Intimidade e afeto: Em "São Bernardo", Paulo e Madalena têm uma relação marcada pela
falta de afeto e intimidade. Já em "Dom Casmurro", Bentinho e Capitu têm uma relação
inicialmente repleta de amor e paixão, com demonstrações de afeto e cumplicidade. A
dinâmica emocional entre os casais difere nessas obras.
. Confirmação da traição: Em "São Bernardo", a traição de Madalena é sugerida, mas não
confirmada de forma definitiva. Já em "Dom Casmurro", a possibilidade de traição por
parte de Capitu é constantemente questionada, mas também não há uma confirmação clara.
A forma como a traição é abordada é diferente em cada livro.
Em resumo, tanto "São Bernardo" quanto "Dom Casmurro" exploram o casamento e o
ciúme, mas com abordagens distintas. Ambos os livros destacam a presença da
desconfiança e do ciúme nas relações matrimoniais, mas diferem nas motivações do
casamento, na intimidade entre os casais e na forma como tratam a ambiguidade da traição.

Trechos dos livros


Trechos do livro "São Bernardo" de Graciliano Ramos que falam sobre casamento e
ciúme:
1. "Eu casei com Madalena. Conheci-a certa noite, em companhia de amigos que me
apresentaram. Cometi a inconveniência de me apaixonar" (São Bernardo, Capítulo 1).
2. "Nunca afirmei que Madalena me traísse. Às vezes, penso que sim. O ciúme me devora"
(São Bernardo, Capítulo 5).
3. "A minha mulher tinha acordado irritada. Já de há muito, Madalena sofria de ciúmes, um
ciúme absurdo" (São Bernardo, Capítulo 7).
4. "O ciúme é uma tortura. A gente finge que não, mas sabe que é verdade" (São Bernardo,
Capítulo 11).
5. "O ciúme é uma coisa engraçada. Prendo-me à minha mulher, luto para conservá-la, e
isso me faz infeliz. Se a perco, essa perda me infelicitaria mais ainda" (São Bernardo,
Capítulo 13).
6. "A minha mulher tinha razão. Eu a ofendia continuamente. Ela era humilde, e eu,
insolente. Ela era silenciosa, e eu, ruidoso. Ela era previdente, e eu, esbanjador" (São
Bernardo, Capítulo 15).
Esses trechos exemplificam como o casamento e o ciúme são abordados no livro "São
Bernardo". Eles mostram a relação tumultuada entre Paulo Honório e Madalena, com o
protagonista expressando seus sentimentos de ciúme e insegurança em relação à esposa.
Lembrando que esses trechos são apenas uma pequena parte da narrativa completa do
livro.

Trechos do livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis que falam sobre casamento
e ciúme:
1. "Eu casara com Capitu; os anos correram, um filho nos nasceu e morreu; outros filhos
vieram, cresceram e nos abandonaram à nossa velhice; Capitu conservava-se a mesma,
com os seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada" (Dom Casmurro, Capítulo 1).
2. "Mas, se o ciúme é uma das faces do amor, é também o ódio, o ódio mais atroz e mais
cego, o ódio que mata o amor, e que não é senão amor ferido" (Dom Casmurro, Capítulo
11).
3. "Dei comigo a imaginar se teria ciúme de Capitu, e ri-me de mim próprio, como se
nunca tivesse tido ocasião de supor semelhante coisa" (Dom Casmurro, Capítulo 12).
4. "Ciúme é um sentimento que não nasce sempre de fatos positivos. Nasce de suspeitas, e
estas são como as lavas que saem de um vulcão adormecido" (Dom Casmurro, Capítulo
37).
5. "Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam
não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga
que se retira da praia, nos dias de ressaca" (Dom Casmurro, Capítulo 45).
6. "O ciúme é um tirano cruel que, quanto mais amor dá, mais amor exige" (Dom
Casmurro, Capítulo 59).
Esses trechos exemplificam como o casamento e o ciúme são abordados no livro "Dom
Casmurro". Eles mostram o relacionamento entre Bentinho e Capitu, com o protagonista
expressando seus sentimentos de ciúme e reflexões sobre o casamento ao longo da
narrativa.

A teoria de Maurice Halbwachs sobre a memória coletiva pode ser aplicada à análise
das obras "São Bernardo" e "Dom Casmurro", destacando a influência da memória
individual no tema do ciúme.
De acordo com Halbwachs, a memória individual é moldada e influenciada pela memória
coletiva, ou seja, pelas experiências compartilhadas e pelos valores sociais de determinado
grupo. Nesse contexto, a memória individual sobre o ciúme presente nas duas obras pode
ser entendida como uma construção social, influenciada pela visão da sociedade em relação
a esse sentimento e às relações conjugais.
Em "São Bernardo", Paulo Honório narra sua história de ciúme em relação a Madalena,
revelando sua luta para manter o controle sobre ela e sua desconfiança constante. Sua
memória individual é afetada pela visão patriarcal e possessiva da sociedade em relação ao
casamento, onde o ciúme é muitas vezes considerado como uma demonstração de amor e
proteção. Assim, sua memória é moldada pela expectativa social de posse e controle sobre
a esposa.
Já em "Dom Casmurro", Bentinho relembra sua juventude e casamento com Capitu,
enfatizando seu ciúme e suspeitas de traição. Sua memória individual é influenciada pela
visão moralista e patriarcal da sociedade, onde a fidelidade conjugal é valorizada e a
traição é vista como uma grande transgressão. Essas crenças sociais moldam a memória de
Bentinho, alimentando suas suspeitas e fazendo com que ele interprete certas situações
como evidências de traição.
Analisando criticamente essas memórias individuais, podemos questionar a objetividade
das narrativas e a influência da sociedade na construção do ciúme. Ambos os protagonistas
são suscetíveis a distorções e interpretações enviesadas em suas memórias, refletindo as
normas sociais e os estereótipos de gênero presentes em suas épocas.
Em conclusão, a memória individual sobre o ciúme em "São Bernardo" e "Dom Casmurro"
é moldada pela memória coletiva e pelas normas sociais da época. A teoria de Maurice
Halbwachs nos ajuda a compreender como as experiências compartilhadas e os valores
sociais influenciam a construção da memória individual. Ao analisar criticamente essas
memórias, podemos questionar sua objetividade e refletir sobre o papel da sociedade na
construção e interpretação do ciúme.

Referencias Bibliograficas
Halbwachs, Maurice "A Memória Coletiva" tradução de Laurent Léon Schaffter.
https://ofuturodascoisas.com/o-futuro-das-relacoes-como-entender-e-lidar-com-o-ciume
https://www.agazeta.com.br/todaselas/o-ciume-e-romantizado-pela-sociedade-e-disfarca-a-
violencia-diz-ativista-122
Assis, Machado " Dom Casmurro".
Ramos, Graciliano " São Bernardo"
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2015000100012
https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=oW9oDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT17&dq=ciume+e+casamento&ots=oHtE
3-tORS&sig=eeepK9SUB8E5uKkx9gVJvp552UI#v=onepage&q=ciume%20e
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[PDF] O monstro de olhos vários: o ciúme na literatura

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Ciúme romântico e a sua relação com a violência


V Centeville, T de Almeida - Psicologia Revista, 2007 - revistas.pucsp.br

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Literatura comparada: entre o machismo e o ciúme em" Dom Casmurro" e" São
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A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER EM “DOM CASMURRO” E “SÃO


BERNARDO”: UMA ANÁLISE DA FICÇÃO LITERÁRIA À LUZ DO ATUAL DIREITO …
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