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Literatura e Sociedade
Campo Grande – MS
2023
Literatura e Sociedade
Campo Grande – MS
2023
São Bernardo de Graciliano Ramos
Personagens
O livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis apresenta alguns personagens principais
que desempenham papéis fundamentais na trama. São eles:
Bento Santiago (Bentinho) - É o protagonista e narrador da história. Ele é conhecido como
Dom Casmurro devido à sua personalidade introspectiva e melancólica. Bentinho relata
suas memórias e reflexões sobre seu relacionamento com Capitu, sua amiga de infância e
posteriormente esposa.
Capitu - É a personagem feminina central da história. Capitu é descrita como bela,
inteligente e intrigante. Ela é amiga de Bentinho desde a infância e acaba se tornando sua
esposa. Sua personalidade e atitudes ao longo da narrativa geram suspeitas de traição por
parte de Bentinho.
Escobar - É o melhor amigo de Bentinho e posteriormente se torna seu cunhado. Ele é um
personagem carismático e bem-sucedido, despertando a admiração de Bentinho e, ao
mesmo tempo, desconfiança em relação a seu relacionamento com Capitu.
Dona Glória - É a mãe de Bentinho e uma personagem importante na história. Ela é viúva e
faz de tudo para realizar o desejo de seu filho de se tornar padre, mesmo que isso
signifique sacrificar o amor de Bentinho por Capitu.
Esses são os principais personagens que conduzem a trama de "Dom Casmurro". Ao longo
do livro, Machado de Assis desenvolve complexidades psicológicas e nuances em suas
personalidades, proporcionando uma análise profunda das relações humanas e das
incertezas da memória. Outros personagens secundários também desempenham papéis
relevantes na história, contribuindo para a construção do enredo e dos conflitos.
Machado de Assis
Contexto Histórico
Graciliano Ramos e Machado de Assis são dois dos mais renomados escritores da literatura
brasileira. Embora pertençam a diferentes períodos históricos, suas obras compartilham
algumas semelhanças e diferenças notáveis tanto na forma de escrita quanto na abordagem
do ciúme dentro do contexto em que foram escritas.
Graciliano Ramos, um dos representantes do modernismo brasileiro, é conhecido por sua
escrita realista e objetiva, retratando temas sociais e políticos. Seu estilo conciso e direto
reflete a influência do movimento modernista, enfatizando a denúncia social e a
preocupação com a condição humana.
Por outro lado, Machado de Assis, considerado um ícone do realismo no Brasil, escreveu
no final do século XIX e início do século XX. Sua escrita é caracterizada pela ironia,
subjetividade e profundidade psicológica. Assis explorou as complexidades das relações
humanas, incluindo o ciúme. Ele examinou as dimensões da mente humana, abordando
temas como traição, paixão e desconfiança com maestria.
Em relação ao ciúme, tanto Graciliano Ramos quanto Machado de Assis abordaram essa
emoção humana complexa em seus trabalhos. Graciliano Ramos, em São Bernardo,
apresenta um protagonista atormentado por sentimentos de ciúme e possessividade em
relação à mulher que ama. Já em "Dom Casmurro", Machado de Assis construiu uma
narrativa repleta de dúvidas e ambiguidades, em que o ciúme é uma das forças motrizes da
trama, levando o protagonista Bentinho a questionar a fidelidade de sua esposa, Capitu.
É importante considerar o contexto histórico em que essas obras foram escritas. Enquanto
Graciliano Ramos viveu em um período marcado por desigualdades sociais e instabilidade
política, Machado de Assis testemunhou a transição do Brasil do Império para a República.
Ambos os escritores foram influenciados pelas realidades sociais e políticas de seu tempo,
refletindo esses elementos em suas obras literárias.
Em resumo, Graciliano Ramos e Machado de Assis são escritores icônicos da literatura
brasileira, cada um com sua própria abordagem e estilo de escrita. Embora ambos tenham
explorado o tema do ciúme em suas obras, suas abordagens refletem as características
literárias de seus respectivos períodos históricos. A leitura de suas obras oferece aos
leitores uma imersão na riqueza da literatura brasileira e uma oportunidade de refletir sobre
a complexidade da natureza humana.
"São Bernardo" é um romance escrito por Graciliano Ramos que aborda o tema do
casamento e do ciúme através da complexa relação entre os personagens Paulo Honório e
Madalena. A história narra a trajetória de Paulo, um homem ambicioso que se torna um
próspero fazendeiro em São Bernardo.
No que diz respeito ao casamento, o livro retrata a união de Paulo com Madalena como
uma transação comercial, em que ele busca obter benefícios financeiros e sociais. Paulo vê
o casamento como uma forma de aumentar sua posição na sociedade e de garantir sua
ascensão econômica. Essa visão utilitarista do casamento reflete a mentalidade da época e
revela a falta de afeto e de verdadeira conexão emocional entre o casal.
O ciúme é um elemento central na relação de Paulo e Madalena. Paulo é um homem
possessivo e controlador, que vê Madalena como uma propriedade sua e se sente ameaçado
pela possibilidade de perdê-la. Esse sentimento de posse e a insegurança de Paulo o levam
a tomar atitudes extremas, como restringir a liberdade de Madalena e monitorar seus
passos. O ciúme excessivo de Paulo acaba por sufocar a relação e contribui para o
distanciamento entre o casal.
Através da história de Paulo Honório e Madalena, Graciliano Ramos critica a instituição do
casamento baseado em interesses materiais e a toxicidade do ciúme. O autor mostra como a
falta de amor e de respeito mútuo pode levar a relacionamentos vazios e infelizes. Além
disso, ele evidencia as consequências negativas do ciúme doentio, que corroem a confiança
e a intimidade entre os parceiros.
No geral, "São Bernardo" oferece uma análise crítica sobre o casamento e o ciúme,
destacando as limitações e os problemas inerentes a esses elementos em um
relacionamento. Através da narrativa intensa e realista, Graciliano Ramos nos convida a
refletir sobre a importância do afeto, da comunicação e do respeito mútuo para uma relação
saudável e plena.
"Dom Casmurro" é um romance clássico escrito por Machado de Assis, que aborda o tema
do casamento e do ciúme por meio da complexa relação entre os personagens Bentinho e
Capitu. A história é narrada pelo próprio Bentinho, que suspeita da fidelidade de sua
esposa ao longo do casamento.
No que diz respeito ao casamento, o livro retrata a união de Bentinho e Capitu como um
matrimônio cheio de expectativas e sonhos. Ambos se casaram jovens e apaixonados,
acreditando que a relação será duradoura e feliz. No entanto, ao longo da narrativa, Betinho
começa a duvidar da fidelidade de Capitu, o que coloca em xeque a estabilidade do
casamento.
O ciúme é um elemento central na relação de Bentinho e Capitu. Betinho nutre uma
desconfiança constante em relação à esposa, interpretando gestos, olhares e atitudes como
sinais de traição. Essa desconfiança alimenta a sua imaginação e o leva a criar teorias
conspiratórias em torno da suposta infidelidade de Capitu. O ciúme obsessivo de Betinho
acaba por corroer a confiança e a felicidade do casal.
Através da história de Bentinho e Capitu, Machado de Assis propõe uma reflexão sobre os
limites do ciúme e suas consequências destrutivas. O autor mostra como o ciúme doentio
pode distorcer a percepção da realidade, gerar insegurança e, por fim, destruir a confiança
mútua. Além disso, Machado de Assis deixa em aberto a questão da traição, criando uma
atmosfera de ambiguidade que suscita discussões sobre a culpa e a inocência dos
personagens.
"Dom Casmurro" é uma obra que nos leva a refletir sobre as complexidades do casamento
e do ciúme, mostrando como a desconfiança e a obsessão podem comprometer a felicidade
e a estabilidade de um relacionamento. Machado de Assis nos convida a questionar nossas
próprias percepções e a considerar os danos causados pelo ciúme excessivo, incentivando
uma reflexão crítica sobre as relações afetivas.
Tanto o livro "São Bernardo" quanto "Dom Casmurro" exploram os temas do casamento e
do ciúme, embora de maneiras distintas. Os pontos em comum e as diferenças entre esses
dois aspectos nas relações de Paulo Honório e Madalena em "São Bernardo" e de Bentinho
e Capitu em "Dom Casmurro".
Comum:
. Casamento como uma transação: Em ambos os livros, o casamento é retratado como uma
transação ou acordo, em que os personagens esperam obter benefícios materiais ou sociais.
Paulo Honório, em "São Bernardo", vê o casamento como uma forma de melhorar sua
posição social e econômica, enquanto Bentinho, em "Dom Casmurro", cede às pressões
familiares e se casa com Capitu.
. Desconfiança e dúvida: Em ambas as histórias, os protagonistas manifestam desconfiança
e dúvida em relação à fidelidade de suas esposas. Paulo Honório e Bentinho alimentam
suspeitas de traição por parte de Madalena e Capitu, respectivamente, o que desencadeia
um sentimento de ciúme e insegurança em seus casamentos.
. Desconfiança: Tanto Paulo Honório quanto Bentinho desconfiam, criam um ambiente de
incerteza e alimentam o sentimento de ciúme em seus casamentos.
. Sentimento de posse: Ambos os personagens demonstram um sentimento de posse em
relação às suas esposas. Eles veem suas parceiras como propriedades e se sentem
ameaçados pela possibilidade de perdê-las para outros homens.
Diferenças:
. Motivações do casamento: Enquanto Paulo Honório se casa com Madalena
principalmente por motivos econômicos e sociais, Bentinho se casa com Capitu por
influência familiar e pelo amor que sente por ela. A motivação do casamento em "São
Bernardo" é mais utilitarista, enquanto em "Dom Casmurro" é marcada por uma mistura de
amor e pressões externas.
. Intimidade e afeto: Em "São Bernardo", Paulo e Madalena têm uma relação marcada pela
falta de afeto e intimidade. Seu casamento é baseado em interesses práticos e não há uma
conexão emocional profunda entre eles. Já em "Dom Casmurro", Bentinho e Capitu têm
uma relação inicialmente repleta de amor e paixão, com demonstrações de afeto e
cumplicidade, antes da sombra do ciúme se instalar.
. Ambiguidade da traição: Enquanto em "São Bernardo" a traição de Madalena é sugerida,
mas não confirmada, em "Dom Casmurro" há uma ambiguidade em torno da possível
traição de Capitu. A incerteza sobre a fidelidade das esposas alimenta o ciúme e a
desconfiança dos protagonistas, mas cada obra aborda essa ambiguidade de maneira
diferente.
. Motivações do casamento: Enquanto Paulo Honório se casa com Madalena
principalmente por motivos econômicos e sociais, Bentinho se casa com Capitu por amor e
também por influência familiar. As motivações para o casamento são diferentes em cada
história.
. Intimidade e afeto: Em "São Bernardo", Paulo e Madalena têm uma relação marcada pela
falta de afeto e intimidade. Já em "Dom Casmurro", Bentinho e Capitu têm uma relação
inicialmente repleta de amor e paixão, com demonstrações de afeto e cumplicidade. A
dinâmica emocional entre os casais difere nessas obras.
. Confirmação da traição: Em "São Bernardo", a traição de Madalena é sugerida, mas não
confirmada de forma definitiva. Já em "Dom Casmurro", a possibilidade de traição por
parte de Capitu é constantemente questionada, mas também não há uma confirmação clara.
A forma como a traição é abordada é diferente em cada livro.
Em resumo, tanto "São Bernardo" quanto "Dom Casmurro" exploram o casamento e o
ciúme, mas com abordagens distintas. Ambos os livros destacam a presença da
desconfiança e do ciúme nas relações matrimoniais, mas diferem nas motivações do
casamento, na intimidade entre os casais e na forma como tratam a ambiguidade da traição.
Trechos do livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis que falam sobre casamento
e ciúme:
1. "Eu casara com Capitu; os anos correram, um filho nos nasceu e morreu; outros filhos
vieram, cresceram e nos abandonaram à nossa velhice; Capitu conservava-se a mesma,
com os seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada" (Dom Casmurro, Capítulo 1).
2. "Mas, se o ciúme é uma das faces do amor, é também o ódio, o ódio mais atroz e mais
cego, o ódio que mata o amor, e que não é senão amor ferido" (Dom Casmurro, Capítulo
11).
3. "Dei comigo a imaginar se teria ciúme de Capitu, e ri-me de mim próprio, como se
nunca tivesse tido ocasião de supor semelhante coisa" (Dom Casmurro, Capítulo 12).
4. "Ciúme é um sentimento que não nasce sempre de fatos positivos. Nasce de suspeitas, e
estas são como as lavas que saem de um vulcão adormecido" (Dom Casmurro, Capítulo
37).
5. "Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam
não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga
que se retira da praia, nos dias de ressaca" (Dom Casmurro, Capítulo 45).
6. "O ciúme é um tirano cruel que, quanto mais amor dá, mais amor exige" (Dom
Casmurro, Capítulo 59).
Esses trechos exemplificam como o casamento e o ciúme são abordados no livro "Dom
Casmurro". Eles mostram o relacionamento entre Bentinho e Capitu, com o protagonista
expressando seus sentimentos de ciúme e reflexões sobre o casamento ao longo da
narrativa.
A teoria de Maurice Halbwachs sobre a memória coletiva pode ser aplicada à análise
das obras "São Bernardo" e "Dom Casmurro", destacando a influência da memória
individual no tema do ciúme.
De acordo com Halbwachs, a memória individual é moldada e influenciada pela memória
coletiva, ou seja, pelas experiências compartilhadas e pelos valores sociais de determinado
grupo. Nesse contexto, a memória individual sobre o ciúme presente nas duas obras pode
ser entendida como uma construção social, influenciada pela visão da sociedade em relação
a esse sentimento e às relações conjugais.
Em "São Bernardo", Paulo Honório narra sua história de ciúme em relação a Madalena,
revelando sua luta para manter o controle sobre ela e sua desconfiança constante. Sua
memória individual é afetada pela visão patriarcal e possessiva da sociedade em relação ao
casamento, onde o ciúme é muitas vezes considerado como uma demonstração de amor e
proteção. Assim, sua memória é moldada pela expectativa social de posse e controle sobre
a esposa.
Já em "Dom Casmurro", Bentinho relembra sua juventude e casamento com Capitu,
enfatizando seu ciúme e suspeitas de traição. Sua memória individual é influenciada pela
visão moralista e patriarcal da sociedade, onde a fidelidade conjugal é valorizada e a
traição é vista como uma grande transgressão. Essas crenças sociais moldam a memória de
Bentinho, alimentando suas suspeitas e fazendo com que ele interprete certas situações
como evidências de traição.
Analisando criticamente essas memórias individuais, podemos questionar a objetividade
das narrativas e a influência da sociedade na construção do ciúme. Ambos os protagonistas
são suscetíveis a distorções e interpretações enviesadas em suas memórias, refletindo as
normas sociais e os estereótipos de gênero presentes em suas épocas.
Em conclusão, a memória individual sobre o ciúme em "São Bernardo" e "Dom Casmurro"
é moldada pela memória coletiva e pelas normas sociais da época. A teoria de Maurice
Halbwachs nos ajuda a compreender como as experiências compartilhadas e os valores
sociais influenciam a construção da memória individual. Ao analisar criticamente essas
memórias, podemos questionar sua objetividade e refletir sobre o papel da sociedade na
construção e interpretação do ciúme.
Referencias Bibliograficas
Halbwachs, Maurice "A Memória Coletiva" tradução de Laurent Léon Schaffter.
https://ofuturodascoisas.com/o-futuro-das-relacoes-como-entender-e-lidar-com-o-ciume
https://www.agazeta.com.br/todaselas/o-ciume-e-romantizado-pela-sociedade-e-disfarca-a-
violencia-diz-ativista-122
Assis, Machado " Dom Casmurro".
Ramos, Graciliano " São Bernardo"
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2015000100012
https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=oW9oDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT17&dq=ciume+e+casamento&ots=oHtE
3-tORS&sig=eeepK9SUB8E5uKkx9gVJvp552UI#v=onepage&q=ciume%20e
%20casamento&f=false
https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/17548
[PDF] O monstro de olhos vários: o ciúme na literatura
Literatura comparada: entre o machismo e o ciúme em" Dom Casmurro" e" São
Bernardo"
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