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SÃO BERNARDO

GRACILIANO RAMOS
1. INTRODUÇÃO

Quem procura estudar um escritor como Graciliano Ramos, muitas vezes precisa
travar um embate com a sua fortuna crítica. Ao analisarmos o romance São Bernardo,
a primeira coisa que tivemos em mente foi procurar não repetir aquilo que diziam
muitas das publicações, teses e dissertações atuais sobre o texto. Desde a década de
1960, a utilização do conceito de reificação tem sido a tônica quando se procura
explicar a obra. Com o tempo, a crítica tende a se tornar redundante e dá a impressão
de querer inscrever no romance aquilo que não passa de uma das tentativas possíveis
de semantizar os seus vazios. Se não negamos aquilo que existe de clarificador no
conceito, não deixamos de perceber as limitações do estudo que segue apenas esse
víeis e não procura novos campos de referência capazes de possibilitar leituras
diferenciadas e mais abrangentes do romance.
Ao procurarmos verificar de que maneira a linguagem de Graciliano Ramos se
diferenciava do documentalismo preponderante no campo literário de 1930,
constatamos que o escritor, influenciado pelas ideias marxistas, procurava não
reproduzir a visão essencialista do real de muitos dos seus contemporâneos. O
realismo crítico de Graciliano Ramos revela um escritor que, numa autovigilância
rigorosa, procura não repetir os idealismos e ilusões que perpassavam os discursos da
época. O romancista, no seu intento de procurar depurar a linguagem dos seus
excessos, para não mascarar as lutas econômicas que constituíam o real que para ele
importava, aquele do materialismo histórico, abre brechas a partir das quais a
dispersão do imaginário exerce papel preponderante na configuração do ficcional e na
transgressão dos campos de referência inscritos no texto.
2. CONTEXTO HISTÓRICO

O livro São Bernardo, escrito por Graciliano Ramos, foi publicado em 1934.
Para compreender o contexto histórico do livro, é importante considerar algumas
características do momento histórico do Brasil na época:

1. República Velha (1889-1930): O período foi marcado pela predominância


política das oligarquias agrárias e pela concentração de poder nas mãos de poucos.
Essa fase foi caracterizada pelo coronelismo, pelo controle político das elites agrárias
e pela exclusão social de grande parte da população. "São Bernardo" reflete essa
realidade, mostrando os conflitos sociais presentes entre proprietários rurais e
trabalhadores.
2. Movimento Modernista: O livro "São Bernardo" foi publicado no auge do
movimento modernista no Brasil. Esse movimento, iniciado em 1922 com a Semana
de Arte Moderna, buscava renovar as expressões artísticas e culturais do país. Uma
das características era a crítica aos valores tradicionais e às estruturas sociais. "São
Bernardo" tem uma abordagem realista e crítica da realidade social, em sintonia com
os modernistas.
3. Era Vargas (1930-1945): O Brasil vivia o início da Era Vargas, período em
que Getúlio Vargas assumiu o poder após a Revolução de 1930. Durante a década,
ele implantou uma série de reformas políticas e econômicas, como a criação da
Justiça do Trabalho e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Essas mudanças
impactaram na relação entre patrões e empregados, e "São Bernardo" aborda de
forma crítica as questões trabalhistas.
4. Contexto socioeconômico: A economia brasileira no período em que o livro
foi escrito era baseada na produção agroexportadora, principalmente café. A
concentração de terras e riquezas nas mãos de poucos levava a desigualdade social e
à exploração dos trabalhadores rurais. "São Bernardo" retrata esse contexto,
mostrando o protagonista, Paulo Honório, como um fazendeiro ambicioso e autoritário,
explorando seus empregados e buscando apenas riquezas.
Em resumo, "São Bernardo" reflete o contexto histórico do Brasil na década de
1930, marcado pela República Velha, pelo movimento modernista e pela implantação
de reformas trabalhistas durante a Era Vargas. O livro aborda as contradições e as
desigualdades presentes na sociedade brasileira da época, especialmente no campo,
mostrando as tensões de poder e as condições dos trabalhadores rurais.

3. BIOGRAFIA

Graciliano Ramos foi um renomado escritor brasileiro, nascido em 27 de


outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, no estado de Alagoas, Brasil, e falecido
em 20 de março de 1953, no Rio de Janeiro. Ele é considerado um dos grandes
nomes da literatura brasileira do século XX e um dos principais representantes do
movimento literário chamado de "romance de 30"
Graciliano Ramos nasceu em uma família de classe média baixa e teve uma
infância marcada pela pobreza e pelas dificuldades financeiras. Desde cedo, ele teve
que trabalhar para ajudar no sustento da família. Em 1914, mudou-se para o Rio de
Janeiro, onde exerceu diversas profissões, como jornalista, funcionário público e
diretor de escola.
A estreia de Graciliano Ramos como escritor ocorreu em 1933, com a
publicação do romance "Caetés".
Em 1934, Graciliano Ramos lançou sua obra mais conhecida e aclamada,
"Vidas Secas". O livro retrata a dura realidade do sertanejo nordestino e sua luta pela
sobrevivência em meio à seca e à miséria. Graciliano retrata a vida miserável da
família de Fabiano, um vaqueiro, e seus desafios diante de um ambiente hostil. "Vidas
Secas" é considerada uma das obras-primas da literatura brasileira e um dos livros
mais importantes do movimento modernista no Brasil.
Além de "Caetés" e "Vidas Secas", Graciliano Ramos escreveu outros
romances de destaque, como "São Bernardo" (1934), que aborda a história de Paulo
Honório, um fazendeiro do interior de Alagoas, e "Angústia" (1936).
Graciliano Ramos faleceu em 1953, vítima de câncer de pulmão, no Rio de
Janeiro. Sua contribuição para a literatura brasileira foi imensurável, e sua escrita
realista e concisa influenciou gerações de escritores posteriores. Ele é considerado um
dos grandes mestres da prosa brasileira e um dos mais importantes representantes do
movimento modernista no país.
4. RESENHA

"São Bernardo" é um romance escrito por Graciliano Ramos, publicado em


1934. A obra é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Paulo Honório, um
fazendeiro ambicioso e autoritário, que relata sua trajetória de vida e suas reflexões
sobre poder, controle e solidão.
O livro se passa em uma pequena cidade do interior de Alagoas, retratando a
vida de Paulo Honório desde sua infância pobre até sua ascensão como dono da
fazenda São Bernardo. O protagonista é retratado como alguém que busca
incessantemente o poder e a riqueza, utilizando métodos questionáveis para alcançar
seus objetivos. Ao longo da narrativa, Paulo Honório narra suas experiências, seus
relacionamentos e suas conquistas, revelando uma personalidade dominadora e
calculista. Ele trata seus empregados de forma autoritária e explora sua mão de obra,
revelando a desigualdade social e a opressão existente nas relações trabalhistas no
campo.
Apesar de sua busca pelo sucesso material, Paulo Honório acaba se tornando
uma figura solitária e amargurada. Ele percebe que sua riqueza não lhe trouxe
verdadeira felicidade e que o poder que acumulou não foi capaz de preencher o vazio
existencial que o consome. Essa reflexão sobre a solidão e a insatisfação pessoal é
um dos aspectos mais marcantes do livro.
Graciliano Ramos utiliza uma linguagem econômica e precisa, característica de
sua escrita, para retratar o ambiente árido e opressivo da fazenda São Bernardo. Sua
prosa seca e realista enfatiza as contradições sociais e os conflitos internos do
protagonista, transmitindo ao leitor uma sensação de desolação e desesperança.
"São Bernardo" é considerado uma das grandes obras-primas da literatura
brasileira. Graciliano Ramos aborda de forma contundente temas como poder,
exploração, solidão e desigualdades sociais, fazendo uma crítica contundente às
estruturas opressivas presentes na sociedade. O livro é uma reflexão profunda sobre
os limites do poder e a busca por sentido e realização pessoal, que continua relevante
mesmo após décadas de sua publicação.
5. CONCLUSÃO

Nesse trabalho concluímos que o livro "São Bernardo", escrito por Graciliano
Ramos, é uma obra de ficção que nos ensina diversas lições importantes. Publicado
em 1934, o romance retrata a história de Paulo Honório, um homem que se torna dono
de uma fazenda no sertão de Alagoas, e narra sua ascensão social e as
consequências desse processo.
Uma das principais lições que o livro nos ensina é sobre as relações humanas e a
busca pelo poder. Paulo Honório é um personagem ambicioso, determinado e
implacável, disposto a tudo para alcançar suas metas. Ele utiliza métodos muitas
vezes questionáveis e cruéis para alcançar o sucesso e manter o controle sobre sua
fazenda. Através dessa história, o livro nos mostra as consequências negativas da
ganância, da falta de ética e da exploração dos outros.

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