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ANÁLISE DE OBRAS LITERÁRIAS

GRANDE SERTÃO: VEREDAS

JOÃO GUIMARÃES ROSA


Grande Sertão: Veredas
Guimarães Rosa

SUMÁRIO

1. CONTEXTO SOCIAL E HISTÓRICO............................................05

2. ESTILO LITERÁRIO DA ÉPOCA..................................................08

3. O AUTOR.........................................................................................12

4. A OBRA............................................................................................14

5. EXERCÍCIOS...................................................................................21

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Grande Sertão: Veredas
Guimarães Rosa

GRANDE SERTÃO: VEREDAS

JOÃO GUIMARÃES ROSA

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Grande Sertão: Veredas

1. CONTEXTO SOCIAL E HISTÓRICO

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Europa começou o lento


processo de reconstrução em meio aos destroços humanos e políticos. A Guerra-
Fria, iniciada com a ameaça de uma hecatombe nuclear, dividiu o mundo em dois
blocos: um capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e outro socialista, sob o
comando da ex-União Soviética.
O Brasil aliou-se aos norte-americanos, contra a expansão do comunismo. O
Partido Comunista, abrigo de muitos intelectuais, entrou na ilegalidade.
Escritores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado tiveram suas
obras queimadas em praça pública. Alguns foram presos, outros, exilaram-se.
Crises internas enfraqueceram a ditadura Vargas, e ele acabou destituído por
aqueles que o ajudaram a chegar ao poder: os militares. Em 1946, Eurico Gaspar
Dutra assumiu a presidência. Getúlio, porém, idolatrado pelo povo, que o via
como o “pai dos pobres”, voltou ao poder em 1951.
O cenário político, no entanto, havia mudado. A resistência da elite à nova
administração de Vargas deixou o presidente acuado, envolvido em escândalos
que envolviam pessoas muito próximas a ele. Os militares voltaram a pressionar
Getúlio para se afastar do governo. Em 24 de agosto de 1954, Vargas cometeu
suicídio.
A repercussão popular pela morte de Vargas superou muito a expectativa dos
militares. Tanto eles quanto os conservadores viram-se obrigados a recuar.
A solução encontrada foi convocar eleições diretas. Juscelino Kubitschek foi
eleito presidente com a promessa de realizar, em cinco anos, o equivalente a
cinqüenta anos de mandato. O símbolo de seu governo, que resumia a ideia do
“Brasil Grande”, foi a construção de Brasília, a nova capital, no planalto central
do país.
O padrão arquitetônico de Brasília é típico do modernismo. A cultura estava
também valorizada, e surgiu, inclusive, no campo da música, a batida da Bossa
Nova, com João Gilberto e Tom Jobim, que colocaram o Brasil em destaque
mundial.
Guimarães Rosa
Durante o governo de JK o país floresceu: indústrias foram estimuladas a vir
para o Brasil com a promessa de grandes isenções fiscais. O crescimento
industrial acelerado desencadeou um crescimento urbano equivalente,
comprometendo a estrutura dos grandes centros.
Massas humanas deslocaram-se do campo para a cidade à procura de
oportunidades. Até hoje sofremos as consequências sociais e econômicas da
industrialização acelerada promovida por JK. Era tudo modernismo.
Em 1958 a Bossa Nova conquistou um espaço no cenário musical
internacional. A canção Garota de Ipanema surgiu em 1962, com letra de Vinícius
de Moraes e música de Tom Jobim, e tornou-se a música mais tocada do mundo
durante quase duas décadas.
O sucessor de Juscelino, Jânio Quadros, chegou ao poder com forte apoio
popular. Contando com ele, e desprezando o Congresso Nacional, desejou
alargar as suas próprias forças. Vendo-se impedido, renunciou depois de sete
meses. Nova Crise se instalou, porque o vice-presidente João Goulart tinha
francas simpatias pelas ideologias de esquerda.
Depois de um breve período Parlamentarista, Goulart assumiu o governo,
para descontentamento de setores militares, que viam nele a ameaça do avanço
do comunismo no Brasil. Em 1964, o descontentamento converteu-se em ação, e
o governo foi derrubado pelo golpe militar. Uma nova ditadura instalou-se.

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Grande Sertão: Veredas

2. ESTILO LITERÁRIO DA ÉPOCA


Guimarães Rosa
Ao lado da poesia de 45, a prosa ficcional brasileira neomodernista produziu,
entre numerosos exemplos, dois grandes criadores: João Guimarães Rosa e
Clarice Lispector.
Tais prosadores, além de considerarem a literatura como constante pesquisa
de linguagem, têm o senso do compromisso entre arte e realidade, ou seja,
engajam-se, e também à sua obra, nas questões fundamentais da existência mais
que social; trata-se aqui da existência humana, em sentido profundo.
Portanto, a sutileza do elo entre a fala e o texto transfigurador das narrativas
mitopoéticas de Guimarães Rosa e o diálogo com as fronteiras do indizível dos
romances e contos introspectivos de Clarice Lispector retomam e fecundam as
experiências modernistas desenvolvidas no país.
Sendo assim, simultaneamente, podemos ver esses autores como alicerces de
nossa produção literária contemporânea.
O Modernismo no Brasil é marcado pelo experimentalismo, por uma
literatura que procura novos caminhos para a criação artística, quer quanto à
estrutura de composição, quer quanto aos processos de invenção verbal. Na
Geração de 45, o romance deixou de ser uma mera representação da realidade
para ter um valor em si, tanto na busca do universal, como na pesquisa da
linguagem. Surgiram os romances instrumentalistas, que apresentavam a
preocupação extrema do autor com relação à construção da obra, através da
pesquisa da linguagem e da reinvenção do código linguístico. Para Guimarães
Rosa, a linguagem corrente era incapaz de representar a realidade em sua
dinâmica e suas camadas mais profundas, por achar-se cristalizada em uma série
de clichês e fórmulas feitas.
A prosa de 45 assumiu um tom universal, pois sondava o mundo interior dos
personagens, com poder generalizante. Seus personagens buscavam entender o
mundo a seu redor, as relações humanas e a razão da vida, demonstrando uma
preocupação com a essência íntima da realidade, com o sentido último da
existência, para além daquilo que mostram as aparências, independentemente do
tempo ou da geografia em que viviam.

A Terceira Fase do Modernismo (1945 – 1960)


A primeira impressão que temos da prosa de ficção da terceira fase
modernista é a de que ela se afasta das preocupações extraliterárias da fase
anterior para investigar a linguagem como instrumento expressivo. De fato,
enquanto a prosa de ficção da segunda fase modernista procurou empregar a
literatura como instrumento de denúncia da realidade, a terceira fase preocupa-
se, sobremaneira, em explorar as potencialidades da palavra como instrumento
expressivo. Entretanto, o espírito de crítica da realidade não desaparece, ele
assume outros aspectos. Agora, procura-se denunciar os próprios mecanismos
que compõem o discurso literário e , a partir deles, revelar a realidade que se
oculta por trás da superfície dos signos (palavras). A prosa de Guimarães Rosa é
marcada por invenções linguísticas no plano lexical e sintático, fazendo uso de
expressões regionalistas, de arcaísmos, latinismos e mesmo de termos tomados
de outras línguas, dando novos significados às palavras e expressões, além da
criação de neologismos (novas palavras). Todo esse processo resulta em um texto

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Grande Sertão: Veredas
não raramente difícil para o leitor habituado à linguagem convencional, porque
o obriga a deter-se na camada lexical para extrair dela significados novos. Por
exemplo, dado o termo sonoite , um neologismo, o leitor poderia entendê-lo
como só + sono + noite; ou ainda, visli, que o leitor poderia equacioná-lo como vi
+ vislumbrei + li. O leitor, principalmente o leitor brasileiro, pouco familiarizado
com o texto escrito, encontra dificuldade para compreender um autor tão
refinado como Guimarães Rosa. A prosa de ficção da terceira fase do
modernismo brasileiro, sobretudo a de Guimarães Rosa e a de Clarice Lispector,
é o exemplo melhor do uso da linguagem como instrumento para captar o
universo humano e sugerir a amplitude de sua dimensão, apresentando o corpo
humano e a natureza como elementos em que se encontram, sob forte tensão, as
forças contraditórias que regem a vida, como o caos e o cosmos, o amor (Eros) e
o ódio (Tanatos), a história universal e a história pessoal, o bem e o mal, a cólera
e a calma.
Guimarães Rosa universalizou o sertão e sua linguagem. Em suas andanças
pelo sertão, anotava em seus caderninhos os ditados populares, as superstições
e, principalmente, a maneira de falar do povo brasileiro. Só após esse inventário
ele passou a inventar a sua linguagem literária. Guimarães criou uma expressão
verbal profunda que se aproxima da metáfora poética, na qual a palavra assume
um feixe de significações, não só no plano semântico (do significado), mas
também no fonético (sons).
Estabeleceu relações íntimas entre o significado e o significante das palavras,
abolindo as diferenças entre a narrativa e a lírica, empregando linguagem
poética na narrativa. Empregava aliterações, onomatopéias, rimas internas,
ousadias na forma das palavras, elipses, cortes, deslocamentos sintáticos,
vocabulário insólito baseado em arcaísmos ou neologismos, fazendo associações
raras, empregando metáforas, anáforas e metonímias. Seus processos de
invenção fundamentavam-se nos processos da língua (parassíntese, aglutinação
etc.) e estão imersos na musicalidade da fala sertaneja.
O autor não é mero escritor regionalista que fixa e retrata a paisagem, os tipos
humanos e a vida sertaneja. Ele universalizou o sertão à medida que “despojou
das suas cômodas muletas, o pitoresco e o realismo” (Antonio Candido),
mostrando o sertão como um aprendizado sobre a vida, sobre a existência do ser
humano e não apenas do sertanejo. As ações ocorrem num espaço marginal à
civilização moderna, em que o gado, como os demais animais e a natureza,
assume um papel participante, ativo, nos destinos do ser humano. É através
desse mundo regional, simples e despojado de muita instrução, recursos e
tecnologia, que o autor capta e imortaliza os valores espirituais, humanos e
culturais do homem — a travessia humana pelo viver. Ele nos revela a
universalidade do sertanejo que, num mundo marginal à sociedade sofisticada
moderna, apresenta as mesmas angústias e anseios do homem que se considera
moderno, instruído e culto. Através do regional ele atinge o universal.
Personagens como as crianças e os loucos são seres intuitivos, portadores de
uma vocação mágica. A eles é dada a liberdade de criar seus mundos, livres de
racionalismo, podendo perceber e atingir revelações profundas. Para o autor,
nosso mundo é apenas uma passagem para um mundo espiritualmente
complexo. O plano metafísico está brilhantemente representado no conto A
Guimarães Rosa
Terceira Margem do Rio, por exemplo, no qual a terceira margem talvez seja a
metáfora desse outro lado, a transcendência. A razão é uma faca de dois gumes:
instrumento para apreensão ordenada da realidade; ela também pode ser um
modo de evitá-la, de guardar-se de seu contato.

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Grande Sertão: Veredas

3. O AUTOR

Cordisburgo (MG), 1908 - Rio de Janeiro (RJ), 1967

João Guimarães Rosa nasceu a 27 de junho de 1908, em Cordisburgo,


pequena cidade mineira situada entre Curvelo e Sete Lagoas — zona de fazendas
e engorda de gado. Era o filho mais velho de um grupo de seis do casal Floduardo
Pinto Rosa e Francisca Guimarães Rosa. Iniciou seus estudos na pequena cidade
natal, onde seu pai era pequeno comerciante. Sua infância marcou sua obra,
principalmente Sagarana (contos) e Campo Geral.
Aos seis anos, leu o primeiro livro em francês, já demonstrando seu amor
pelas línguas. Em 1918, iniciou o ginásio em Belo Horizonte, mostrando-se um
estudante entusiasta, principalmente de História Natural e Línguas. Essas
paixões eram reveladas através da coleção de insetos, de seu amor pelos animais
e da exploração dos matos em Cordisburgo, durante as férias. Mas sua principal
paixão foi pelas Línguas e suas respectivas gramáticas, tendo estudado sozinho
o russo e o alemão.
Cursou Medicina em Minas Gerais, onde exerceu a profissão em pequenas
cidades que não possuíam médicos. Aproveitava os momentos de folga para
estudar e cobrava sua consulta pela distância que tinha de percorrer a cavalo.
Tornou-se um médico respeitadíssimo naquela região. Ingressou como médico
voluntário na Revolução de 32, entrando posteriormente para a Força Pública,
chegando a ser oficial médico do 9o Batalhão de Infantaria.
Em 1934, ingressou na carreira diplomática, servindo como cônsul adjunto
em Hamburgo, tendo permanecido internado em Baden Baden por ocasião da
declaração de guerra à Alemanha pelo Brasil. Exerceu, ainda, funções
diplomáticas em Bogotá e Paris.
Ascendeu a ministro em 1958, tendo participado da decisão de assuntos
complexos, como os do Pico da Neblina e das Sete Quedas. Suas viagens ao
Exterior não impediram que mantivesse contato com sua terra natal. De suas
Guimarães Rosa
andanças pelo norte de Minas, sul da Bahia e pelo Mato Grosso o autor colheu a
matéria-prima de suas obras. A natureza e as pequenas vilas com seus tipos
humanos, linguagens, usos, costumes e crenças são a base da criação literária
de Guimarães Rosa.
Em 1946, publicou Sagarana, livro de contos. Mas foi em 1956, com a
publicação de Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile, que veio o
reconhecimento e a glória do autor. Seguiram-se Primeiras Estórias (1962) e
Tutaméia: Terceiras Estórias (1967). A partir de 1964, Corpo de Baile,
originariamente em dois volumes, passou a ser publicado em três, a saber:
Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá do Pinhém e Noites do Sertão.
Suas obras foram publicadas em vários países, tendo sido traduzidas para
o francês, o italiano, o espanhol, o inglês e o alemão. Guimarães Rosa foi indicado
duas vezes para a Academia Brasileira de Letras, porém só aceitou posse em
novembro de 1967, receando suas próprias emoções. De fato, três dias após a
solenidade, na noite de domingo, 19 de novembro de 1967, faleceu vítima de
enfarte. Em 1969, foi publicado Estas Estórias. Seu livro de poemas, Magma,
permanece inédito, a pedido do próprio autor.
Guimarães Rosa respirou a democracia do país com o final da Segunda
Guerra Mundial, em 1945, e a deposição de Getúlio Vargas, no mesmo ano. Em
1946, a Constituição estabeleceu um novo pacto social, promovendo a liberdade
de organização partidária, eleições diretas e secretas. Porém, logo após surgiu a
“guerra fria” entre Estados Unidos e a ex-União Soviética, ressurgindo as
perseguições e a censura. Nesse clima de “pós-guerra” surgiu a Geração de 45,
chamada por muitos de Pós-Modernismo, da qual Guimarães Rosa fez parte.

OBRAS
1936 - Magma

1946: - Sagarana

1952 - Com o Vaqueiro Mariano

1956 - Corpo de Baile: Noites do Sertão

1956 - Grande Sertão: Veredas

1962 - Primeiras Estórias

1964 - Campo Geral

1967 - Tutaméia – Terceiras Estórias

1969 - Estas Estórias (póstumo)

1970 - Ave, Palavra (póstumo)

2011 - Antes das Primeiras Estórias (póstumo)

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Grande Sertão: Veredas

4. A OBRA
Guimarães Rosa
Riobaldo é um ex-jagunço em idade avançada contando uma história para
um interlocutor. Ele inicia uma narrativa longa sobre o tempo em que fora
jagunço e pertencia a bandos, e percorria o sertão, pilhando cidades, lutando,
matando, fugindo da polícia.
Segundo relata, são três dias para contar a história de sua vida com suas
lutas e medos. Ele aprendeu a ler e a escrever, mas acabou por tornar-se um
jagunço apelidado de Tatarana (lagarta de fogo), por causa de sua boa pontaria.
Ele relata muitos fatos com temas profundos, como a origem do homem,
reflexões sobre a vida, o bem e o mal, deus e o diabo. Mas ele não relata isso com
linearidade, o que torna o relato um pouco bagunçado.
Com a ajuda de um personagem chamado Quelemém de Góis ele
consegue iniciar a narrativa.

Como tudo começou

Acompanhe abaixo um resumo de Grande Sertão Veredas mais detalhado.


Riobaldo teve vida difícil com a mãe. Quando ela faleceu ele foi morar com o
padrinho Selorico Mendes na fazenda São Gregório, suas terras futuras. Nesse
período conheceu Joca Ramiro, chefe dos jagunços e homem de fibra que ele
passou a admirar.
Uma das missões que recebeu foi a de ensinar um dono de terras do lugar,
chamado Zé Bebelo. Este senhor tinha pretensões políticas e queria acabar com a
jagunçagem.
Riobaldo entrou para o bando desse fazendeiro, guerreou contra o grupo
de jagunços de Hermógenes e venceu. Porém, deixou o grupo de Zé Bebelo para
pertencer ao grupo de Joca Ramiro, cuja fama era de homem virtuoso, grande
guerreiro, líder sábio, justo e corajoso.

A amizade com Reinaldo, o Diadorim

Reinaldo, cujo verdadeiro nome era Diadorim pertencia a este grupo de


Joca Ramiro e a amizade dele com Riobaldo só se fortalecia. Eles já se conheciam
de criança, pois Riobaldo o salvara de ser violentado e os dois fizeram uma
marcante travessia no rio São Francisco em uma pequena canoa (metáfora da
travessia que é a vida humana nesse mundão).
Ele não só deixou o grupo de Zé Bebelo, como contra ele lutou também.
Joca Ramiro porém não permite que Zé Bebelo seja sentenciado à morte e é
apenas exilado.
O grupo se espalha e Riobaldo e Diadorim juntam-se ao grupo liderado
pelo jagunço Tião dos Passos.

A segunda guerra dos jagunços

Continuando o resumo de Grande Sertão Veredas, vemos que após um


tempo de paz os jagunços são obrigados a lutar novamente, desta vez contra os
“judas”, que eram jagunços que haviam traído e assassinado Joca Ramiro. Eram
Hermógenes e Ricardão.

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Grande Sertão: Veredas
Riobaldo chega mesmo a fazer um pacto com o demônio num local
chamado Veredas-Mortas para conseguirem vencer o bando de Hermógenes, o
personagem mais odiado por Riobaldo, a personificação do mal. Riobaldo se
tornou o chefe dos jagunços, chamado Urutu-Branco.
Ele chegou com o bando na Bahia, terra onde estava a fazenda de
Hermógenes, mas não o encontrou. Porém se depararam com o grupo de
Ricardão e o matam.
Quando encontram o grupo de Hermógenes a batalha é sangrenta e num
lugar chamado Paredão Diadorim morre em batalha com Hermógenes, mas
também o matando. Por fim, Riobaldo descobre que Diadorim é a filha de Joca
Ramiro, chamada Maria Deadorina da Fé Bittancourt Marins.

Conclusão

Vimos no resumo de Grande Sertão Veredas, que se trata de um romance


de guerra e amor. Aborda questões ligadas ao acaso da vida, ao destino, se a
existência é planejada por nós ou não, se temos poder sobre nossa história, se
podemos mudar nossos caminhos…
Grande Sertão Veredas permite inúmeras análises literárias, já que é uma
obra abrangente que discute a travessia da vida com todos os seus conflitos e
labirintos diabólicos.
O sertão brasileiro foi palco de muitas revoltas, principalmente no
Segundo Reinado de Dom Pedro II.

O título

O título apresenta uma ideia de duplicidade. O sertão é árido e seco, já as


veredas são pequenos rios. Veredas também possui duplo sentido, pois é o lugar
onde habita a sucuri e nelas se pode afundar.
Essa duplicidade já denotada no título é percebida ao longo da obra e neste
resumo de Grande Sertão Veredas te ajudaremos a reconhecer isso. As memórias
relatadas são de luta e de amor. Sobre as batalhas de jagunçagem e sobre o amor
torto por Maria Deodorina, que se vestia de homem para estar entre os jagunços.

Mais exemplos de dualidades na obra:


O passado tem um poder de corroer a memória que causa confusão nos
acontecimentos na mente do narrador. Riobaldo não consegue separar o falso do
verdadeiro, o vivido do imaginado.
Diadorim representa a presença da dualidade também. Ele é,
simultaneamente, a representação do masculino e do feminino, do celeste e do
demoníaco, da certeza e da dúvida.
Suas características impressionavam Riobaldo e exerciam sobre ele muita
admiração:

“Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso.
Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar
tristonho, e eu perdia meu sossego”.
Guimarães Rosa
Narrativa em Grande Sertão Veredas

A narrativa é um monólogo e também um diálogo. É uma obra estranha


na forma, por ser um livro contado oralmente, como um discurso. Parece um
monólogo, mas há algumas interferências do interlocutor.
A opção pelo “monólogo” que trás as memórias à tona com uma
distribuição desordenada das sequências dos fatos, num ritmo fragmentário e
caótico conferem ao narrador um poder mágico na linguagem.
Trata-se de um homem do sertão contando a história de sua vida para
alguém que tem óculos e que anota. Seria um alter ego (um outro “eu”) do
Guimarães? Ou é um analista anotando uma sessão de análise onde o jagunço
tenta entender a si mesmo?
Como é que se narra uma vida que se faz no exato momento em que ela está
sendo narrada? Ela começa a existir quando o jagunço começa a encaixar as
palavras e dar nome ao que viveu. O resgate da palavra faz o sujeito existir, afinal
somos seres de linguagem.

Narrador – Riobaldo Tatarana


O narrador é o personagem principal, e conta tudo em primeira pessoa. Sua
narração é como o próprio sertão: labiríntica, com muitas digressões. Ele conta
sua história a alguém não identificado. Por algumas pistas infere-se que é um
jovem doutor, que porém não tem falas.

Linguagem de Guimarães Rosa


A linguagem constitui um universo, reinventa a vida dos sertanejos, suas
falas, tristezas, alegrias e descobertas.
Como é comum em Rosa e já é mesmo de se esperar, no início não é muito
fácil fazer a leitura. Há muitas palavras diferentes e inventadas. Além disso ele
escreveu segundo a oralidade, ou seja, como se fala.
A obra é repleta de neologismos, arcaísmos e brasileirismos.

Confira abaixo, trechos do livro para perceber como o autor se expressava.


“O diabo existe e não existe. Dou o dito. Abrenúncio. Essas melancolias. O
senhor vê: existe cachoeira; e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água
caindo por ele, retombando; o senhor conso me essa água, ou desfaz o barranco,
sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso…”

“Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o


mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há -de a gente perdidos no vaivem, e
a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo
facilitar – é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar
um pouquinho, pois no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não
tem licença de coisa nenhuma! Porque e xiste dor.”
João Guimarães Rosa conseguiu fundir uma linguagem experimental com
metáforas às expressões linguísticas regionais bem típicas do sertão,
principalmente o mineiro.

Análise do tempo em Grande Sertão Veredas

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Grande Sertão: Veredas

O tempo é psicológico e não cronológico.


Há dificuldade na compreensão da passagem do tempo, principalmente
pelo fato do romance não ser dividido em capítulos e pelo fato do narrador
misturar muitos acontecimentos de tempos diferentes enquanto fala.
Riobaldo não segue uma linearidade, antes segue suas memórias.
 Num primeiro momento os personagens e o local são introduzidos.
 Num segundo momento, já o meio da narrativa, é relatada a segunda guerra
dos jagunços.
 Num terceiro momento Riobaldo volta a falar de sua juventude, contando
sobre quando conheceu “Reinaldo” e tentou atravessar o grande rio São
Francisco numa pequena embarcação.
 Num quarto momento vemos o conflito com Zé Bebelo e a transformação de
Riobaldo Tatarana em Urutu Branco, após o pacto fáustico.
 Num quinto momento ele retoma a linearidade, fala do seu casamento com
Otacília e sobre as terras do padrinho que lhe ficam de herança. A narrativa
termina com a palavra travessia, seguida do símbolo do infinito.

Espaço: De qual sertão se fala em Grande Sertão Veredas?


Trata-se dos sertões de Goiás, de Minas Gerais e do sul Bahia, em toda a sua
aridez e dificuldade, assim como a leitura da narrativa cheia de digressões e
palavras estranhas. É a metáfora da vida, da travessia que é viver neste mundo.
Rosa usa do sertão para falar da relação do ser humano com o mundo, já que
retrata o sertão como um mundo próprio, mítico, ativo e interativo.

Sobre o regionalismo

O autor não é mero escritor regionalista que fixa e retrata a paisagem, os


tipos humanos e a vida sertaneja. Ele universalizou o sertão à medida que
“despojou das suas cômodas muletas, o pitoresco e o realismo” (Antonio
Candido), mostrando o sertão como um aprendizado sobre a vida, sobre a
existência do ser humano e não apenas do sertanejo. As ações ocorrem num
espaço marginal à civilização moderna, em que o gado, como os demais animais
e a natureza, assume um papel participante, ativo, nos destinos do ser humano.
É através desse mundo regional, simples e despojado de muita instrução,
recursos e tecnologia, que o autor capta e imortaliza os valores espirituais,
humanos e culturais do homem — a travessia humana pelo viver. Ele nos revela
a universalidade do sertanejo que, num mundo marginal à sociedade sofisticada
moderna, apresenta as mesmas angústias e anseios do homem que se considera
moderno, instruído e culto. Através do regional ele atinge o universal.
Ele faz o que não se dá entre os regionalistas: acrescenta temas universais
da literatura e problemas universais da natureza humana em seus personagens
sertanejos. Logo, não aborda somente os problemas e o tipo de vida regionais.
É regionalismo não pelo tema, mas pelo romance, pelo formato. Ele retomou uma
tendência cansada da literatura, justamente o regionalismo nos seguintes
aspectos: o pitoresco na linguagem, o arcaísmo, o tema caipira, o tema jagunço, o
tema caboclo. Tudo isso já havia sido muito trabalhado.
Guimarães Rosa
Mesmo a linguagem não era regionalista, porque não era documentária.
Ela era plantada na região, mas vinculada ao passado da língua junto de suas
próprias criações.
Para Guimarães Rosa o problema fundamental do homem era saber se
Deus existe ou não. No resumo de Grande Sertão Veredas vemos também, que
Riobaldo reflete muito na existência ou não do diabo.
Na obra não há determinismo. O homem faz o meio mais do que é feito
por ele. No Sertão o homem se faz mais forte que o poder do lugar. Mas há uma
ambiguidade, pois o homem sente que foi um joguete.
O jagunço de Rosa é uma forma de ser homem. Um modelo ontológico
que supera o sertanejo e toca todo ser humano. Há um plano psicológico forte. O
que é o ser humano no sertão vivendo a guerra e fazendo reflexões filosóficas?
Fechado nesse universo do sertão, com exuberância verbal (mesmo o
regionalismo sendo considerado ruim e pitoresco), ele faz algo novo e universal
com os problemas do homem. Antônio Candido, estudioso de Guimarães Rosa,
considera isso o transregionalismo, ou seja, o regionalismo que ao mesmo tempo
supera a si mesmo.

Sobre as mulheres em Grande Sertão Veredas, os amores de Riobaldo


 O amor torto e impossível é o por Diadorim. O jagunço, que admirava e
cultivava um terno laço com Diadorim, perturbava-se com toda aquela
relação. Como poderia entender que amava outro jagunço, cujos olhos
verdes o queimavam?
Ainda assim alimentava essa amizade com uma pureza que ia contra toda
a rudeza do sertão. Este amor se confirmou quando Riobaldo descobriu a
verdadeira identidade do “amigo”.
 O amor carnal se dá pela prostituta Nhorinhá
 O amor verdadeiro e de pureza se dá por Otacília, com quem Riobaldo se
casa.

O pacto fáustico
Este é um dos aspectos mais importantes que ressaltamos neste resumo de
Grande Sertão Veredas, nesta parte de análise.
Riobaldo faz um pacto fáustico. Essa é uma referência a outra obra clássica
da literatura mundial: Doutor Fausto. Nesta obra há um pacto com o diabo por
parte do doutor.
Há a presença do diabo na vida de Riobaldo também. É o fausto brasileiro.
O jagunço fez um pacto com o diabo, vendeu sua alma. Ainda assim, o livro
é permeado pela dúvida da existência do diabo e fica ao cargo do leitor
interpretar e refletir se houve realmente um pacto.
Riobaldo toma conhecimento de uma vereda chamada Veredas-Mortas e vai
até lá para encontrar o “bicho”. Isso representa o impossível tornando-se
possível. Ao contar a história de sua vida, Riobaldo reflete se realmente fez esse
pacto, reflete se realmente o diabo existe.

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Grande Sertão: Veredas

5. EXERCÍCIOS
01. (UFRS) GRANDE SERTÃO: VEREDAS rompe com a narrativa conhecida
como Romance de 30 e estabelece um novo padrão para a narrativa longa
brasileira. Entretanto, a obra de Guimarães Rosa NÃO rompe com
a) a ambientação preferencialmente rural.
b) o foco narrativo na terceira pessoa.
c) a crítica ao latifúndio.
d) a denúncia social.
e) a linguagem enxuta e discreta.

02.(IELUSC) Texto para a próxima questão:


O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é
por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais
do Urucúia. Toleima. […] Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de
fechos; onde um pode torar, dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador;
e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de
autoridade. (Guimarães Rosa)
O texto é um fragmento de Grande sertão: veredas (1956), único romance de
Guimarães Rosa. Sobre esta grandiosa obra, assinale a alternativa CORRETA.
a) Trata-se de uma história em que o autor fala da vida dos cangaceiros, “os
errantes sem eira nem beira”, que sofriam com o calor das matas amazônicas.
b) É uma história apresentada como um imenso monólogo em que Riobaldo, ex-
jagunço do norte de Minas e agora pacato fazendeiro, conta os casos que viveu a
um compadre.
c) Conta a saga de Severino, um retirante que atravessa o sertão de Pernambuco
em busca de uma vida mais digna.
d) Narra a história de amor entre Gabriela e Nacib, tendo os traços exóticos da
região de Ilhéus como cenário.
e) Valendo-se do realismo fantástico em sua segunda parte, traz, como
personagens centrais, mortos que ressuscitam para denunciar a corrupção dos
vivos.

03. (PUC-PR) Em ” Grande Sertão: Veredas”, o jagunço Riobaldo, que é o


narrador da história, já no início da narrativa, se autocensura: “Ai, arre, que esta
minha boca não tem ordem nenhuma. Estou contando fora, coisas divagadas”.
(GSV, p.19).

Este modo de mostrar os bastidores da narração identifica uma das características


da narrativa contemporânea.
Escolha a alternativa que identifica esta característica.
a) A ordem da narração está fora da vontade do narrador.
b) Não importa quando os fatos narrados acontecem, e, sim, seu significado.
c) O narrador é sempre um personagem confuso e dominado pelos fatos
narrados.
Guimarães Rosa
d) A ordem da narração deixou de ser linear, isto é, dos fatos mais antigos para
os mais recentes.
e) O romance emprega palavras de gíria, porque o narrador é um homem inculto.

04. (UFRS) Leia os trechos abaixo, extraídos do romance “Grande Sertão:


Veredas”, de João Guimarães Rosa.
1. “O que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em
trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho
que nem não misturam.”
2. “Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja.
Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. […] Daí, vieram me
chamar. Causa dum bezerro; um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se
viu -; e com máscara de cachorro.”
3. “O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: […] Lugar sertão se
divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze
léguas, sem topar com casa de morador; é onde criminoso vive seu cristo-jesus,
arredado do arrocho de autoridade.”
4. “Eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando não é uma
vida de sertanejo, seja se for jagunço, mas a matéria vertente. Queria entender do
medo e da coragem, e da gã que empurra a gente para fazer tantos atos, dar corpo
ao suceder.”
5. “[…] sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e
cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na ideia, querendo
e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama
inteiriço fatal, carecendo de quer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse,
cresce primeiro; brota é depois.”
Associe adequadamente as seis afirmações abaixo com os cinco fragmentos
transcritos acima.
( ) Sob o forte impacto do seu amor por Diadorim, Riobaldo procura entender a
diferença desse amor imposto pelo destino.
( ) O narrador busca definições exemplares do sertão, espaço que não se pode
dimensionar.
( ) Trata-se das palavras iniciais do romance, que já dão sinais da existência de
um interlocutor presente.
( ) Riobaldo ultrapassa a condição de homem da sua região, narrando o seu desejo
de compreender os sentimentos e as forças que movem a vida humana.
( ) Trata-se de uma reflexão sobre a memória dos episódios vividos pelos seres
humanos.
( ) O diabo, que Riobaldo vai enfrentar na cena do pacto, pode assumir várias
formas, como as de animais.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é


a) 3 – 2 – 5 – 4 – 1 – 3.
b) 5 – 3 – 2 – 4 – 1 – 2.
c) 4 – 2 – 3 – 1 – 5 – 4.
d) 5 – 3 – 4 – 2 – 2 – 1.
e) 4 – 1 – 3 – 1 – 5 – 2.

21
Grande Sertão: Veredas

(UFVJM) Leia este trecho.


Hem? Hem? Ah. Figuração minha, de pior pra trás, as certas lembranças. Mal
haja-me! Sofro pena de contar não… Melhor, se arrepare: pois, num chão, e com
igual formato de ramos e folhas, não dá a mandioca mansa, que se come comum,
e a mandioca-brava, que mata? Agora, o senhor já viu uma estranhez? A
mandioca-doce pode de repente virar azangada – motivos não sei; às vezes se diz
que é por replantada no terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas – vai
em amargando, de tanto em tanto, de si mesma toma peçonhas. E, ora veja: a
outra, a mandioca brava, também é que às vezes pode ficar mansa, a esmo, de se
comer sem nenhum mal.
ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. P.
27

06. Com base nesse trecho, pode-se afirmar que Grande Sertão: Veredas, de
Guimarães Rosa, é marcado
a) pela riqueza da oralidade;
b) pela escassez da linguagem oral;
c) pela pobreza da variação linguística;
d) pelo preconceito contra as variações linguísticas.

07. (UNILAVRAS) Com relação à obra Grande Sertão: veredas, de João


Guimarães, podemos afirmar:
I- O personagem principal, Riobaldo, é um ex-jagunço do norte de Minas que
gasta seu tempo com conversas com as pessoas que passam pelo local.
II- Riobaldo, o personagem-narrador conta sua vida, numa espécie de monólogo
ininterrupto, a um interlocutor que jamais tem a palavra.
III- O narrador-personagem, apesar de ter pertencido à plebe rural e ter aderido
à jagunçagem, recebeu educação formal, o que justifica o caráter metafísico de
seu discurso.

a) Apenas a alternativa I está correta.


b) Apenas a alternativa II está correta.
c) Apenas a alternativa III está correta.
d) Estão corretas apenas as alternativas II e III.
e) Todas as alternativas estão corretas.

08. (UFVJM) A respeito do enredo de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães


Rosa, é correto afirmar que
a) Diadorim, Urutu-Branco e Tatarana são irmãos.
b) Riobaldo e Diadorim tentam vingar a morte de Joca Ramiro.
c) O Diabo, na verdade, é um ex-jagunço que narra sua história.
d) Joca Ramiro é um sacerdote católico mineiro que aconselha os jagunços.

(UFPR) Leia trecho de Grande sertão: veredas.


“Tem cisma não. Pensa para diante. Comprar ou vender, às vezes, são as ações
que são as quase iguais…” E me cerro, aqui, mire e veja. Isto não é o de um relatar
passagens de sua vida, em toda admiração. Conto o que fui e vi, no levantar do
Guimarães Rosa
dia. Auroras. Cerro. O senhor vê. Contei tudo. Agora estou aqui quase
barranqueiro. Para a velhice vou, com ordem e trabalho. Sei de mim? Cumpro. O
Rio de São Francisco – que de tão grande se comparece – parece um pau grosso,
em pé, enorme… Amável o senhor me ouviu, minha ideia confirmou: que o
Diabo não existe. Pois não? O senhor é um homem soberano, circunspecto.
Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é
homem humano. Travessia.

09. O texto apresenta


a) o início da narrativa, revelando a precaução que o narrador tem ao referir-se
ao Diabo, preferindo negar-lhe a existência.
b) a conclusão da narrativa, na qual o narrador mostra que, mais do que
questionar a existência do Diabo, é necessário conhecer a natureza humana.
c) os entremeios da narrativa, mostrando a forma agressiva como o narrador se
põe a falar da existência do Diabo.
d) o início da narrativa, enfatizando que o Diabo não existe, pois o narrador teme
que seu interlocutor se sinta ofendido.
e) a conclusão da narrativa, revelando que o narrador, ao contrário do que pensa
seu interlocutor, acredita mesmo no Diabo.

10.(ENEM) A imagem integra uma adaptação em


quadrinhos da obra Grande sertão: veredas, de
Guimarães Rosa. Na representação gráfica, a inter-
relação de diferentes linguagens caracteriza-se por:

a) romper com a linearidade das ações da narrativa


literária.
b) ilustrar de modo fidedigno passagens
representativas da história.
c) articular a tensão do romance à
desproporcionalidade das formas.
d) potencializar a dramaticidade do episódio com
recursos das artes visuais.
e) desconstruir a diagramação do texto literário pelo
desequilíbrio da composição.

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