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SUMÁRIO
3. O AUTOR.........................................................................................12
4. A OBRA............................................................................................14
5. EXERCÍCIOS...................................................................................21
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Grande Sertão: Veredas
Guimarães Rosa
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Grande Sertão: Veredas
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Grande Sertão: Veredas
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Grande Sertão: Veredas
não raramente difícil para o leitor habituado à linguagem convencional, porque
o obriga a deter-se na camada lexical para extrair dela significados novos. Por
exemplo, dado o termo sonoite , um neologismo, o leitor poderia entendê-lo
como só + sono + noite; ou ainda, visli, que o leitor poderia equacioná-lo como vi
+ vislumbrei + li. O leitor, principalmente o leitor brasileiro, pouco familiarizado
com o texto escrito, encontra dificuldade para compreender um autor tão
refinado como Guimarães Rosa. A prosa de ficção da terceira fase do
modernismo brasileiro, sobretudo a de Guimarães Rosa e a de Clarice Lispector,
é o exemplo melhor do uso da linguagem como instrumento para captar o
universo humano e sugerir a amplitude de sua dimensão, apresentando o corpo
humano e a natureza como elementos em que se encontram, sob forte tensão, as
forças contraditórias que regem a vida, como o caos e o cosmos, o amor (Eros) e
o ódio (Tanatos), a história universal e a história pessoal, o bem e o mal, a cólera
e a calma.
Guimarães Rosa universalizou o sertão e sua linguagem. Em suas andanças
pelo sertão, anotava em seus caderninhos os ditados populares, as superstições
e, principalmente, a maneira de falar do povo brasileiro. Só após esse inventário
ele passou a inventar a sua linguagem literária. Guimarães criou uma expressão
verbal profunda que se aproxima da metáfora poética, na qual a palavra assume
um feixe de significações, não só no plano semântico (do significado), mas
também no fonético (sons).
Estabeleceu relações íntimas entre o significado e o significante das palavras,
abolindo as diferenças entre a narrativa e a lírica, empregando linguagem
poética na narrativa. Empregava aliterações, onomatopéias, rimas internas,
ousadias na forma das palavras, elipses, cortes, deslocamentos sintáticos,
vocabulário insólito baseado em arcaísmos ou neologismos, fazendo associações
raras, empregando metáforas, anáforas e metonímias. Seus processos de
invenção fundamentavam-se nos processos da língua (parassíntese, aglutinação
etc.) e estão imersos na musicalidade da fala sertaneja.
O autor não é mero escritor regionalista que fixa e retrata a paisagem, os tipos
humanos e a vida sertaneja. Ele universalizou o sertão à medida que “despojou
das suas cômodas muletas, o pitoresco e o realismo” (Antonio Candido),
mostrando o sertão como um aprendizado sobre a vida, sobre a existência do ser
humano e não apenas do sertanejo. As ações ocorrem num espaço marginal à
civilização moderna, em que o gado, como os demais animais e a natureza,
assume um papel participante, ativo, nos destinos do ser humano. É através
desse mundo regional, simples e despojado de muita instrução, recursos e
tecnologia, que o autor capta e imortaliza os valores espirituais, humanos e
culturais do homem — a travessia humana pelo viver. Ele nos revela a
universalidade do sertanejo que, num mundo marginal à sociedade sofisticada
moderna, apresenta as mesmas angústias e anseios do homem que se considera
moderno, instruído e culto. Através do regional ele atinge o universal.
Personagens como as crianças e os loucos são seres intuitivos, portadores de
uma vocação mágica. A eles é dada a liberdade de criar seus mundos, livres de
racionalismo, podendo perceber e atingir revelações profundas. Para o autor,
nosso mundo é apenas uma passagem para um mundo espiritualmente
complexo. O plano metafísico está brilhantemente representado no conto A
Guimarães Rosa
Terceira Margem do Rio, por exemplo, no qual a terceira margem talvez seja a
metáfora desse outro lado, a transcendência. A razão é uma faca de dois gumes:
instrumento para apreensão ordenada da realidade; ela também pode ser um
modo de evitá-la, de guardar-se de seu contato.
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Grande Sertão: Veredas
3. O AUTOR
OBRAS
1936 - Magma
1946: - Sagarana
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Grande Sertão: Veredas
4. A OBRA
Guimarães Rosa
Riobaldo é um ex-jagunço em idade avançada contando uma história para
um interlocutor. Ele inicia uma narrativa longa sobre o tempo em que fora
jagunço e pertencia a bandos, e percorria o sertão, pilhando cidades, lutando,
matando, fugindo da polícia.
Segundo relata, são três dias para contar a história de sua vida com suas
lutas e medos. Ele aprendeu a ler e a escrever, mas acabou por tornar-se um
jagunço apelidado de Tatarana (lagarta de fogo), por causa de sua boa pontaria.
Ele relata muitos fatos com temas profundos, como a origem do homem,
reflexões sobre a vida, o bem e o mal, deus e o diabo. Mas ele não relata isso com
linearidade, o que torna o relato um pouco bagunçado.
Com a ajuda de um personagem chamado Quelemém de Góis ele
consegue iniciar a narrativa.
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Grande Sertão: Veredas
Riobaldo chega mesmo a fazer um pacto com o demônio num local
chamado Veredas-Mortas para conseguirem vencer o bando de Hermógenes, o
personagem mais odiado por Riobaldo, a personificação do mal. Riobaldo se
tornou o chefe dos jagunços, chamado Urutu-Branco.
Ele chegou com o bando na Bahia, terra onde estava a fazenda de
Hermógenes, mas não o encontrou. Porém se depararam com o grupo de
Ricardão e o matam.
Quando encontram o grupo de Hermógenes a batalha é sangrenta e num
lugar chamado Paredão Diadorim morre em batalha com Hermógenes, mas
também o matando. Por fim, Riobaldo descobre que Diadorim é a filha de Joca
Ramiro, chamada Maria Deadorina da Fé Bittancourt Marins.
Conclusão
O título
“Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso.
Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar
tristonho, e eu perdia meu sossego”.
Guimarães Rosa
Narrativa em Grande Sertão Veredas
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Grande Sertão: Veredas
Sobre o regionalismo
O pacto fáustico
Este é um dos aspectos mais importantes que ressaltamos neste resumo de
Grande Sertão Veredas, nesta parte de análise.
Riobaldo faz um pacto fáustico. Essa é uma referência a outra obra clássica
da literatura mundial: Doutor Fausto. Nesta obra há um pacto com o diabo por
parte do doutor.
Há a presença do diabo na vida de Riobaldo também. É o fausto brasileiro.
O jagunço fez um pacto com o diabo, vendeu sua alma. Ainda assim, o livro
é permeado pela dúvida da existência do diabo e fica ao cargo do leitor
interpretar e refletir se houve realmente um pacto.
Riobaldo toma conhecimento de uma vereda chamada Veredas-Mortas e vai
até lá para encontrar o “bicho”. Isso representa o impossível tornando-se
possível. Ao contar a história de sua vida, Riobaldo reflete se realmente fez esse
pacto, reflete se realmente o diabo existe.
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Grande Sertão: Veredas
5. EXERCÍCIOS
01. (UFRS) GRANDE SERTÃO: VEREDAS rompe com a narrativa conhecida
como Romance de 30 e estabelece um novo padrão para a narrativa longa
brasileira. Entretanto, a obra de Guimarães Rosa NÃO rompe com
a) a ambientação preferencialmente rural.
b) o foco narrativo na terceira pessoa.
c) a crítica ao latifúndio.
d) a denúncia social.
e) a linguagem enxuta e discreta.
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Grande Sertão: Veredas
06. Com base nesse trecho, pode-se afirmar que Grande Sertão: Veredas, de
Guimarães Rosa, é marcado
a) pela riqueza da oralidade;
b) pela escassez da linguagem oral;
c) pela pobreza da variação linguística;
d) pelo preconceito contra as variações linguísticas.
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