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Segunda geração modernista: o romance

social de 1930
3ª série EM
Sobre o contexto histórico
A Revolução de 1930 conduziu Getúlio Vargas ao poder e marcou
uma nova fase no país: o presidente passou a ser o responsável
por uma política que tentava integrar os vários brasis numa voz
única e modernizar a política e a economia.
No final da década de 1930, o governo getulista estabelecer a
ditadura do Estado Novo.
O cenário mundial era de instabilidade, com a ascensão do
nazismo, na Alemanha, bem como do fascismo, na Itália. Tais
movimentos foram o estopim da Segunda Guerra Mundial (1939-
1945) e abriram caminho pra uma série de outras ditaduras,
como a de Salazar (1932-1974), em Portugal, e a de Franco (1939-
1976), na Espanha.
Literatura e História
A vivência de um período marcado por inseguranças "[...] não há dúvida que depois de 1930 houve
e guerra intensificou a discussão de ideias e a alargamento de participação dentro do âmbito existente,
que por sua vez se ampliou. Isto ocorreu em diversos
problematização da sociedade. Era necessário
setores: instrução pública, vida artística e literária,
repensar os valores que regiam a economia e a estudos históricos e sociais, meios de difusão cultural
política, assim como o próprio sistema social, como o livro e o rádio (que teve desenvolvimento
gerador de desigualdades e de conflitos. Nesse espetacular). Tudo ligado a uma correlação nova entre,
contexto, o papel dos escritores de 1930 teve de um lado, o intelectual e o artista; do outro, a
sociedade e o estado – devido às novas condições
enorme relevância. Muitos desses intelectuais se
econômico-sociais. E também à surpreendente tomada
dedicaram a estudar e a compreender as cisões que de consciência ideológica de intelectuais e artistas,
marcavam a sociedade brasileira e produziram numa radicalização que antes era quase inexistente."
obras que buscavam denunciar um Brasil arcaico e CANDIDO, Antonio. A Revolução de 1930 e a cultura.
socialmente injusto. São Paulo: Novos Estudos Cebrap, 1984. v. 2. p. 27-28.
Aspectos do romance social da década de 1930
Os novos estudos sociais A prosa de ficção dos anos 1930
Consolidou-se o que pode ser
começaram a assumir feição dá continuidade ao projeto
chamado de “novo sistema
mais sistemática e repercutiram político-literário dos modernistas
cultural” no Brasil. Diante da
diretamente na elaboração de da 1ª geração, caracterizando-se
politização dos intelectuais e por temas e linguagem que
uma ficção regionalista,
escritores, em diálogo com as podem ser considerados
centrada principalmente no
ideologias que atuavam na regionalistas. O Brasil agrário,
Nordeste, que rompeu com a
Europa (notadamente o tradição idealista na apreensão
com estrutura arcaica e
comunismo e o fascismo), exploratória, permaneceu no
da realidade desenvolvida desde
intensificaram-se os estudos Sertão, mas foi paulatinamente
o Romantismo. Essa ficção é
históricos, sociológicos e substituído por uma estrutura
fundamental para explicar os
capitalista que não era capaz de
antropológicos sobre o país e fenômenos políticos e sociais
resolver as mazelas sociais; ao
surgiu um olhar renovado que passaram a configurar o
contrário, algumas delas se
sobre a realidade nacional. Brasil desde então. acentuaram,
02
01 Em sua esteira, escritores como Rachel de
O romance de estreia de José Américo de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado
Almeida, intitulado A bagaceira (1928), é o e Graciliano Ramos foram porta-vozes
marco da literatura social nordestina. dessa então nova perspectiva crítica.

Mar c o s i n i c i ai s
03 04
Dois pontos caracterizam os romances ditos
Os romances sociais do período, que evidenciam os regionalistas: eles apresentam linguagem
anseios e os limites de grupos socialmente coloquial e, em grande parte, abordam uma
marginalizados e expõem a tensão entre os temática relacionada à vivência nordestina,
protagonistas e as pressões da natureza e do meio
como o flagelo das secas, o ciclo da cana-de-
social, repercutiram em todo o universo literário de
língua portuguesa. açúcar, as lavouras de cacau e o coronelismo.
A prosa de 1930: regional e universal
A prosa social de 1930 ficou conhecida como “prosa regionalista”. A expressão faz
referência ao “Manifesto Regionalista”, de Gilberto Freyre, e aos escritores nordestinos
do período que se dedicaram a investigar os problemas sociais que assolavam sua região.
O emprego do termo “regional” pressupõe a existência de um romance “central”, ou seja,
de uma escrita de maior alcance. A categorização acaba por restringir o alcance dos
chamados “regionalistas de 30”, já que esses autores não se detiveram apenas no aspecto
regional, visto que suas obras extrapolam em muito esse rótulo, pois tratam de temas
humanos, muitos deles universais.
Em contrapartida, o termo “regionalista” acentua uma tendência marcante do período: a
regionalização dos dramas sociais e da própria linguagem literária. Para o escritor
baiano Ruy Espinheira Filho, toda literatura de ficção é regionalista, mesmo que se passe
em vários países, já que acontece em “regiões”. Para o autor, o termo “regionalista”
guardaria um tanto de preconceito, pois tornaria a prosa regionalista de 1930 menos
abrangente, restrita a uma região do Brasil, ao contrário do que se escrevia no Sul do
país, por exemplo. Enfim, toda literatura é universal e guarda em si algo de regional.
Rachel de Queiroz: as metáforas do seco
O romance O Quinze tem como tema a seca do ano de 1915, de que
a autora guardava lembranças infantis, histórias que ouvira dos
mais velhos.
O texto aborda a seca com base em dois contrapontos: o social e o
individual.
O aspecto social trata da viagem do retirante Chico Bento e de sua
família rumo ao litoral.
O individual trata do amor entre Conceição e Vicente e das
aflições de ambos diante do cenário da seca.
A obra foi recebida pela crítica de maneira desconfiada, pois
houve quem acreditasse tratar-se de um romance de autoria
masculina, por sua linguagem objetiva. Assim, O Quinze rompeu o
estereótipo de que as mulheres escreviam obras necessariamente
sentimentais.
Rachel de Queiroz: as metáforas do seco
O olhar de Rachel de Queiroz sobre sua região é duplo: ao mesmo
tempo que apresenta uma abordagem aparentemente mais
objetiva dos temas ali presentes, como a seca, seu regionalismo
abrange também a investigação do feminino.
As metáforas da secura da terra e dos discursos se
complementam e multiplicam. No jogo entre interioridade e
exterioridade, sua prosa revela o corpo feminino tão desgastado e
seco quanto a própria terra.
Nos romances seguintes, Rachel de Queiroz adensa
psicologicamente seu texto. Aspectos sociais e individuais
passaram a ser tramados de modo mais consistente e a questão
do feminino se impôs definitivamente como tema de eleição da
autora.
Jorge Amado e a sedução da escrita
A caracterização da Bahia na obra de Jorge Amado funciona como
um painel que apresenta o Nordeste para o restante do país. Ao
mesmo tempo que o autor aborda os problemas de sua região,
como o coronelismo e o abandono das crianças que vivem nas
ruas, retrata também um Nordeste marcado pela miscigenação,
pelas trocas culturais, pela tradição da capoeira, pelo sincretismo
religioso em que a religião cristã e o candomblé dialogam
constantemente.
A linguagem simples e as descrições de caráter poético funcionam
como atrativos para seduzir o leitor. O cenário, muitas vezes
exótico das praias baianas, o aspecto sensual de suas
protagonistas, bem como a descrição sensorial do ambiente,
repleto de cheiros e de sabores da culinária da região, são também
elementos importantes na obra do autor
Jorge Amado e a sedução da escrita
Na fase inicial, há forte engajamento político, destaca-se a obra
Capitães da Areia, que narra as aventuras de um grupo de cerca
de cem meninos que vivem sozinhos num trapiche abandonado.
Ao mesmo tempo que são descritos como homens que roubam,
aplicam golpes, fumam e amam, são também retratados como
crianças que brincam no carrossel, alimentam sonhos, sentem
falta de alguém que cuide delas e de um lar onde se sintam
seguras.
A galeria de personagens que aparece na trama é responsável por
traçar um painel da questão do menor abandonado e das
possibilidades de inserção social que podem ou não se apresentar
a alguém que vive nas ruas.
Gabriela, cravo e canela
Por que casara com ela? Era ruim ser casada, gostava não... Vestido bonito,
o armário cheio. Sapato apertado, mais de três pares. Até joias lhe dava. Um
anel valia dinheiro, dona Arminda soubera: custara quase dois contos de
réis. Que ia fazer com esse mundo de coisas? Do que gostava, nada podia
fazer... Roda na praça com Rosinha e Tuísca não podia fazer. Ir ao bar,
levando a marmita, não podia fazer. Rir pra seu Tonico, pra Josué, pra seu
Ari, seu Epaminondas? Não podia fazer. Andar descalça no passeio da casa,
não podia fazer. Correr pela praia, todos os ventos em seus cabelos,
descabelada, os pés dentro d’água? Rir quando tinha vontade, fosse onde
fosse, na frente dos outros, não podia fazer. Dizer o que lhe vinha à boca,
não podia fazer. Tudo quando gostava, nada disso podia fazer. Era a
senhora Saad. Podia não. Era ruim ser casada.

AMADO, Jorge. Gabriela, cravo e canela. In: Quatro mulheres, quatro


romances. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1989. p. 247.
Graciliano Ramos: contenção e denúncia
A escrita de Graciliano Ramos é marcada por uma intensa contenção
narrativa. Em seus textos, a palavra é precisa, não há sobras. Raramente
usa-se adjetivos e eles só aparecem quando se fazem necessários, jamais
para enfeitar o texto ou construir uma descrição poética.
Sua escrita é pautada na precisão: a palavra aguda que denuncia a
opressão e a dor que atingem o ser humano. Os romances de Graciliano
não apresentam finais felizes: eles só seriam possíveis numa sociedade
transformada. A função do autor, nesse contexto, é conscientizar o leitor
do que precisa ser revisto em termos sociais, sem oferecer a ele uma
sensação ilusória com um final improvável.
Os romances de Graciliano Ramos instauram o questionamento social,
independentemente do cenário. Se em Vidas secas o foco está no Sertão
sofrido da seca, em São Bernardo o tema é o latifúndio, lugar em que, mais
do que a lavoura, prospera a opressão. Neste último, escrito em primeira
pessoa, o narrador- -personagem parece comprovar, por meio de suas
memórias, o caráter destrutivo das relações humanas.
Graciliano Ramos: contenção e denúncia
Já em Vidas secas, Graciliano Ramos opta por uma "Em Vidas secas, o narrador constrói um discurso poderoso
escrita mínima, por uma narrativa em terceira a partir de personagens incapazes de falar, devido à
rusticidade extrema, para os quais o narrador elabora uma
pessoa que acompanha a saga da família de
linguagem virtual a partir do silêncio. Como diz Lúcia
retirantes que vive à mercê do clima, sem voz social Miguel Pereira, trata-se de “romance mudo como um filme
para se afirmar. Assim como a terra é seca, seco é de Carlitos”. Esta nova imagem aprofunda a visão crítica
também o discurso daqueles que vivem à espera da sobre o livro, assinalando a força criadora de um estilo
parcimonioso que parece estar no limite da expressão
benevolência das chuvas. Simbolicamente, o
possível – em contraste com a caudalosa falação de tantos
papagaio da família era incapaz de falar e foi romances daquela hora. Do mesmo modo, pouco antes, em
devorado num momento de fome extrema. Fabiano, Tempos modernos, Chaplin tentara manter a força da
Sinhá Vitória e os dois filhos pouco se comunicam, imagem silenciosa em meio à orgia de sonoridade do
não conseguem expressar por meio de palavras sua cinema falado." CANDIDO, Antonio. 50 anos de Vidas
secas. In: Ficção e confissão: ensaios sobre Graciliano
riqueza interior.
Ramos. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. p. 104.
Graciliano Ramos: contenção e denúncia
Além de temas que podem ser considerados mais regionais,
como o martírio da seca, a obra de Graciliano Ramos permite ao
leitor acompanhar dramas universais do homem: a
animalização do ser humano decorrente dos limites que se
impõem à sua sobrevivência, a luta cotidiana entre o sonho e a
dura realidade, a necessidade de questionar as arbitrariedades
dos poderosos, a resistência contra ações e palavras violentas, a
solidão do homem no contexto de uma estrutura capitalista em
que o ser humano se coisifica.
O questionamento do meio natural vem, na obra de Ramos,
sempre acompanhado do questionamento do meio social.
Érico Veríssimo: o épico e o prosaico no sul do país
Érico Veríssimo foi um autor bastante popular. Escreveu
romances que tratam do cotidiano da burguesia no sul do
Brasil, como Clarissa, e também O tempo e o vento, que retoma
a formação histórica do Rio Grande do Sul.
Considerada um romance épico pela maneira grandiosa como
conduz o enredo, a obra é dividida em três partes: “O
continente”, “O retrato” e “O arquipélago”, e abrange a
formação do estado gaúcho desde 1680 até 1945.
Por meio das falas de alguns personagens, a crítica de Érico
Veríssimo denuncia a crise de valores e a opressão política por
que passa o Brasil no contexto da década de 1960.
Érico Veríssimo: o épico e o prosaico no sul do país
Ai! Fui roubada, doutor! O bandido levou todas as minhas joias! – Levanta-se.
– Fui roubada! Meu Deus! Joias antigas de família...
– Desculpe-me, D. Quitéria, mas asseguro- -lhe que a senhora foi posta no seu
esquife sem nenhuma das suas joias, nem mesmo a aliança de casamento.
– Como é que o senhor sabe?
– Simples. Fui ao seu velório prestar-lhe uma homenagem. [...] Mas repito, sob
palavra de honra, que não vi no seu corpo nenhuma joia.
– Mas eu deixei com minhas filhas e meus genros disposições escritas muito claras:
queria trazer comigo para a sepultura todas as joias que herdei de meus
antepassados...
– As suas disposições não foram então cumpridas.
– Tratantes! Gananciosos! – D. Quitéria, eu não os censuro. Seria um desperdício
sepultar nesse caixão algumas centenas de milhões de cruzeiros... – Mas não basta
o que lhes deixo em terras, casas, títulos, dinheiro, sim, e outras joias de valor?
VERISSIMO, Erico. Incidente em Antares. Porto Alegre: Globo, 1971. p. 232-233.
Exercícios
1) São características da obra de Jorge Amado, exceto:
a) Produziu uma literatura ideológica nos anos 30 e 40, vertente que abandonou
na última fase de sua produção literária, abrindo espaço para o romance de
costumes provincianos, entre eles Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e Seus
Dois Maridos.
b) Depois de Lima Barreto e Euclides da Cunha, ambos representantes do Pré-
Modernismo brasileiro, Jorge Amado certamente foi quem melhor apontou, por
meio da literatura, as mazelas físicas, sociais e mentais do Brasil oligárquico e da
Primeira República.
c) Em sua obra, destaca os marginalizados, os excluídos da sociedade,
retratando-os de maneira estereotipada e folclórica.
d) A preocupação político-social foi um dos motes para a sua obra: denunciou a
miséria e a opressão do trabalhador rural e das classes populares.
Exercícios
2) (UFPE)
Os comentários a seguir foram publicados na imprensa por ocasião da morte de um
romancista brasileiro famoso. Analise-os.
1) "Mais do que qualquer outro autor, ele deixou um legado literário, detentor de enorme
carisma. Suas tramas parecem puxar um prazeroso fio condutor de imagens que remetem
às praias, ladeiras e paisagem humana, gente, mitos africanos e sabores de seu estado
natal." (Schneider Carpegiani /JC)
2) "Apesar de estar o autor situado dentro do Romance Regional de 30, esse gênero não o
limita, pois é um enorme guarda-chuva, abarcando várias facções. Diferente dos demais
autores desta fase, suas narrativas trazem uma mínima tensão entre mundo e
personagem. Estes se resolvem bem, sabendo adaptar-se às situações." (Lourival de
Holanda / UFPE)
3) "Quem nasceu primeiro, a mulher brasileira, tal como é divulgada, ou essa imagem
retratada em vários personagens desse criador admirado pelas suas criaturas adoráveis,
sensuais, brejeiras, que viraram mulheres-símbolos de uma nação cuja variedade racial é a
maior característica?" (Flávia de Gusmão /JC)
Exercícios
O autor em questão é:
a) José Lins do Rego
b) Gilberto Freyre
c) Jorge Amado
d) Guimarães Rosa
e) Graciliano Ramos
Exercícios
3) (UCMG) Graciliano Ramos é autor que, no Modernismo, faz parte
da:
a) fase destruidora, que procura romper com o passado.
b) segunda fase, em que se destaca a ficção regionalista.
c) fase irreverente, que busca motivos no primitivismo.
d) geração de 45, que procura estabelecer uma ordem no caos
anterior.
e) década de 60, que transcendentaliza o regionalismo.
Exercícios
4) Tendo em vista que as criações artísticas, independentemente se
manifestadas na prosa ou na poesia, traduzem os posicionamentos
oriundos de todo um contexto histórico, social, econômico e político,
adornadas, é claro, com um leve toque das habilidades que se
atribuem aos escritores de uma forma geral, explique, ainda que em
breves palavras, acerca dos traços ideológicos presentes na obra de
Graciliano Ramos, Vidas Secas.
Exercícios
5) Sinhá Vitória, Baleia, o menino mais velho, cujo nome se torna uma
incógnita para o leitor, todos esses personagens são retratados,
nomeados, digamos assim, de forma intencional, levando em conta
os traços ideológicos a que se propôs Graciliano ao criar Vidas Secas.
Assim, levando em conta esses pressupostos, comente acerca disso.
Gabarito
1) B
2) C
3) B
4) A obra em questão, uma vez analisada, representa uma espécie de denúncia
acerca das condições em que viviam os habitantes nordestinos naquela época
em que foi escrita. O Nordeste, acometido pela seca, pelo abandono das pessoas
que lá viviam, representando assim os retirantes que iam em busca de melhores
condições de vida, deslocando-se para o eixo Sul-Sudeste, representava o
cenário ideal para os artistas, sobretudo Graciliano Ramos, comporem suas
obras. Nesse sentido, Vidas Secas simboliza na íntegra tais condições e, através
do trabalho com os caracteres físicos, psicológicos, até mesmo o próprio nome,
denuncia essa nítida questão de cunho econômico, social e político, acima de
tudo.
Gabarito
1) B
2) C
3) B
4) A obra em questão, uma vez analisada, representa uma espécie de denúncia
acerca das condições em que viviam os habitantes nordestinos naquela época
em que foi escrita. O Nordeste, acometido pela seca, pelo abandono das pessoas
que lá viviam, representando assim os retirantes que iam em busca de melhores
condições de vida, deslocando-se para o eixo Sul-Sudeste, representava o
cenário ideal para os artistas, sobretudo Graciliano Ramos, comporem suas
obras. Nesse sentido, Vidas Secas simboliza na íntegra tais condições e, através
do trabalho com os caracteres físicos, psicológicos, até mesmo o próprio nome,
denuncia essa nítida questão de cunho econômico, social e político, acima de
tudo.
Gabarito
5) Tendo em vista que Baleia representa um mamífero de grande porte, envolto
por uma robustez vista a olhos nus, bem como Vitória, a começar pelo sentido
estrito da palavra, a qual simboliza conquistas, algo voltado para aspectos
somente de cunho positivo, percebe-se que o autor da obra em questão fez uso
de uma perceptível ironia, haja vista que as condições em que se encontravam os
personagens retratados não eram das melhores. Continuando com os aspectos
ideológicos, a falta de um nome, de uma identidade, empreendida pelos dois
filhos do casal, tão bem denuncia essa questão da falta de posição enquanto ser
presente na sociedade, marginalizada, jogada ao descaso.
Referências CANDIDO, Antonio. A Revolução de 1930 e a

bibliográficas: cultura. São Paulo: Novos Estudos Cebrap,


1984. v. 2. p. 27-28.
SM, Edições (org.). Ser Protagonista. 3. ed. São
Paulo: Sm, 2016, 352 p.

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