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Análise de obras literárias

Sagarana

João Guimarães Rosa

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SumÁrio

1. Contexto social e HISTÓRICO..................................................... 7

2. Estilo literário da época............................................................ 9

3. O AUTOR.................................................................................................. 12

4. A OBRA..................................................................................................... 14

5. Exercícios............................................................................................ 28
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João Guimarães Rosa


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1. Contexto social e HISTÓRICO

O cenário sociopolítico mundial passa por grandes transformações.


Acredita-se num período de paz duradoura em função do fim da Segunda
Guerra Mundial (1945) e da publicação da Declaração dos Direitos do Homem
(ONU). No entanto, mais tarde, o medo da guerra ressurge quando o mundo
se divide em duas partes: socialismo (União Soviética) x capitalismo (EUA)
– período conhecido por Guerra Fria.
No campo literário, em tempos de guerra, surgem vanguardas (surrealismo;
existencialismo – Jean-Paul Sartre; realismo absurdo – Kafka), cuja arte é marca-
da pela fusão de imagens, formas e tempos. O irracionalismo e os impulsos do
inconsciente marcam a vida intelectual dos anos 1940.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, inicia-se uma fase de oposição
à ampla e irracional liberdade artística constituída até então. Instaura-se um
período de criação intelectual consciente e equilibrada.
No Brasil, o ano de 1945 é marcado pelo fim do regime ditatorial de
Getúlio Vargas. Segue-se, então, um período de redemocratização brasileira e de
crescimento para o país: legalizam-se os partidos, convoca-se eleição, investe-se
na modernização, na industrialização etc. Entretanto, logo depois, institui-se
uma época marcada pela retomada de perseguições (políticas e culturais), pela
repressão, pela censura e pelos exílios. O plano social, concomitante à terceira
fase do Modernismo brasileiro, é marcado por alterações significativas.
Nas artes, especialmente na poesia, surge essa terceira geração moderna,
a chamada Geração de 45, que se opõe aos excessos do grupo de 22. Tem por
compromisso estético o apuro da forma e da palavra. A preocupação principal
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é a valorização da palavra, entendida como elemento essencial da poesia. A


postura formalizante dos poetas de 45, que recuperam em suas poesias o ri-
gor formal e o vocabulário mais erudito, evidencia, desde logo, as influências
que os modelos de cunho parnasiano e simbolista tiveram na criação literária
dessa geração.
A influência das tendências artísticas e intelectuais europeias, pós-
Segunda Guerra, manifesta-se nas obras de João Cabral de Melo Neto (poesia
geométrica) e na diversidade de poesias produzidas, desde então, no Brasil:
poesia concreta (Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari),
poesia-práxis (Mário Chamie), poema-processo, poema-social, poesia marginal
e músicos-poetas.
Na prosa, as décadas de 1940 e 1950 são marcadas principalmente pela
valorização da linguagem, pelo regionalismo visto de um prisma universal e
pela exploração psicológica e introspectiva das personagens. Guimarães Rosa
e Clarice Lispector, cada um a seu modo, trabalham com esses traços e recebem
influências de alguns ideais do existencialismo europeu de Jean-Paul Sartre.

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2. Estilo literário da época


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A terceira fase do Modernismo, também chamada de Neomodernismo,


preocupa-se, na prosa, com a invenção linguística, enquanto que, na poesia, há
uma clara rejeição à geração de 22. Pertencem a esse período Guimarães Rosa,
Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto (poesia).
Dentro dessa nova concepção literária, Clarice Lispector busca uma lite-
ratura intimista, de sondagem introspectiva e, por isso, voltada para a análise
do interior das personagens. Ao mesmo tempo, com Guimarães Rosa, os temas
regionalistas, analisados mais profundamente, adquirem uma nova dimensão
que buscava o universalismo nas questões que envolviam os sertanejos do Brasil
central. Também destaca-se nesse momento a preocupação com o uso da lingua-
gem – traço comum entre Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Ambos, por esse
motivo, são chamados de instrumentalistas.
Na poesia, os poetas de 45 têm sua estréia marcada pela publicação da
revista Orfeu (1947), no Rio de Janeiro. A poesia dessa fase defende um estilo
mais rigoroso e equilibrado, que rejeita as revoluções artísticas dos modernistas
da geração de 22, ou seja, a liberdade formal, as ironias, as sátiras, o poema-
piada etc. Segue um modelo mais formal e uma linguagem mais precisa e exata.
Os modelos voltam a ser os parnasianos e os simbolistas. Dentre os grandes nomes
que representam essa geração (Ledo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir
de Campos e Darcy Damasceno), destaca-se, no fim dos anos 1940, João Cabral
de Melo Neto, considerado um dos grandes nomes da literatura no Brasil.
Guimarães Rosa é figura de destaque dentro da prosa Neomodernista.
Produziu contos, novelas e um único romance. O autor compartilhava com Clarice
Lispector a preocupação com a revalorização das palavras. Ambos contestavam
a linguagem convencional. Nas obras de Guimarães, é comum observar a preo-
cupação com a linguagem, pois, utilizando-se das relações sintáticas, semânticas
e fonológicas da língua, criava neologismos e fazia associações imprevistas a
partir de formas da língua portuguesa.
Essa recriação de palavras resulta em formas como “retrovão”, “levan-
tante”, “desfalar” etc. e em frases do tipo: “os passarinhos que bem-me-viam”,
“e aí se deu o que se deu – o isto é”, “o sabiá veio molhar o pio no poço, que é
bom ressoador”.
O objeto de pesquisa que serve de matéria para toda essa elaborada riqueza
linguística encontra-se na fala, nas expressões e particularidades dos jagunços
e vaqueiros do sertão mineiro. Por isso, Guimarães Rosa costuma ser tratado
como regionalista, já que seu trabalho nasce da observação dos costumes e ter-
mos típicos do sertão.

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No entanto, em sua obra, os conceitos do sertanejo, da paisagem e dos


costumes do sertão ganham novas dimensões e se ampliam, ou seja, o sertanejo,
com seus problemas típicos e característicos, passa a representar qualquer ser
humano que vive em qualquer região e que convive com questões atemporais
e de ordem universal, como o bem e o mal, o amor, a violência, a existência ou
não de Deus e do diabo etc. Por essa razão, sua obra é considerada regionalista
universalizante.
Vale ainda ressaltar a transparência com que temas místicos, fantasiosos
e obscuros aparecem em suas tramas, uma vez que há a constante preocupação
com a manutenção do enredo por meio do suspense.
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3. O AUTOR

João Guimarães Rosa nasceu em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo,


Minas Gerais. Era o primeiro dos seis filhos de D. Francisquinha (Chiquitinha)
e de Florduardo Pinto Rosa (seu Fulô), juiz de paz e comerciante.
Com menos de 7 anos, começou a estudar francês por conta própria e, mais
tarde (1917), com a ajuda de um frade franciscano holandês, iniciou os estudos
de holandês. Em Belo Horizonte, terminou o curso primário e, já no curso se-
cundário (colégio Arnaldo), iniciou o estudo do alemão.
Com 16 anos (1925), matriculou-se na então denominada Faculdade de
Medicina da Universidade de Minas Gerais. Em 1930, ao completar 22 anos,
formou-se em Medicina e casou-se com Lígia Cabral Penna, com quem teve duas
filhas: Vilma e Agnes.
Graduado, trabalhou em várias cidades do interior mineiro, sempre demons-
trando interesse pelo estudo da língua. Em 1933, foi para Barbacena e ingressou
no quadro da Força Pública como Oficial Médico. Após clinicar por algum tempo,
em 1934 entrou para a carreira diplomática (prestou concurso para o Ministério do
Exterior), indo servir como diplomata em diversos países da Europa.
Sempre dedicou-se à literatura, participando de concursos literários. Em
1936, recebeu o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras pela coletânea
de poemas Magma, obra que permaneceu inédita até 1997.
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Em 1938, nomeado cônsul adjunto em Hamburgo, seguiu para a Europa


e lá conheceu Aracy Moebius de Carvalho (Ara), que se tornaria sua segunda
esposa. Desquitou-se de Lígia em 1942.
Ainda em 1938, com o livro intitulado Contos, de pseudônimo “Viator”,
o autor concorreu ao prêmio Humberto de Campos, da Livraria José Olympio
Editora, e obteve o 2º lugar. Mais tarde, em 1946, após revisão feita pelo próprio
autor, o volume Contos se tornou Sagarana, rendendo-lhe vários prêmios e o re-
conhecimento por uma das mais importantes obras da literatura brasileira.
Sua vida foi marcada por viagens diplomáticas. De 1945 até 1962, quando
se tornou chefe do Serviço de Demarcação de Fronteiras, passou por Bogotá e
Paris e viajou pelo Brasil (Mato Grosso, Pantanal e o sertão das Gerais).
Em 1956, Guimarães Rosa publicou as novelas Corpo de baile e, em maio
desse mesmo ano, lançou Grande sertão: veredas, sucesso que lhe garantiu três
prêmios nacionais: o Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; o Car-
men Dolores Barbosa, de São Paulo; o Paula Brito, do Rio de Janeiro. Recebeu
ainda, em 1961, o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras
pelo conjunto da obra.
Seus livros foram traduzidos no exterior (França, Itália, Estados Unidos,
Canadá, Alemanha, Espanha, Polônia, Holanda e Checoslováquia).
Em 1963, candidatou-se pela 2ª vez à Academia Brasileira de Letras (a
1ª foi em 1957), sendo eleito por unanimidade. No entanto, sua posse somente
aconteceu após quatro anos, no dia 16 de novembro de 1967.
Três dias depois da investidura (19 de novembro de 1967), Guimarães Rosa
faleceu, vítima de infarto, aos 59 anos.

Bibliografia
1939 – Magma, poemas
1946 – Sagarana, contos e novelas regionalistas
1947 – Com o vaqueiro Mariano
1956 – Corpo de baile, novelas (publicado em três volumes: Manuelzão e Miguilim,
No Urubuquaquá no Pinhém e Noites do sertão)
1956 – Grande sertão: veredas, romance
1962 – Primeiras estórias, contos
1967 – Tutameia: terceiras estórias, contos
1969 – Estas estórias, contos – obra póstuma
1970 – Ave, palavra, diversos – obra póstuma
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4. A OBRA

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Livro de estreia de Guimarães Rosa na prosa de ficção neomodernista, foi


publicado em abril de 1946 pela Editora Universal, de Caio Pinheiro, tornando-se
sucesso imediato. É composto de nove contos que registram a paisagem, a vida,
a fala e os costumes dos sertanejos da região de Minas.
Desde o título, o livro apresenta um dos processos de invenção de palavras
que é constante no trabalho de Guimarães Rosa: o neologismo. A palavra sagarana
é formada pelo radical de origem germânica saga (“lenda”, “canto heróico”) e por
rana (“a maneira de”, “espécie de”) da língua indígena. Seus contos, à maneira
das fábulas e parábolas, sempre apresentam um sentido oculto, uma “moral”,
ou seja, ao simples narrar dos fatos se sobrepõe um segundo sentido, uma outra
significação. Além disso, seguindo os costumes do sertão mineiro, cada conto é
antecedido por uma epígrafe que resume a estória que será narrada.
Sagarana compõe-se dos seguintes contos:
1. “O burrinho pedrês”
2. “A volta do marido pródigo”
3. “Sarapalha”
4. “Duelo”
5. “Minha gente”
6. “São Marcos”
7. “Corpo fechado”
8. “Conversa de bois”
9. “A hora e vez de Augusto Matraga”

1. O BURRINHO PEDRÊS
Era um burrinho pedrês, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição
do Serro, ou não sei onde no sertão. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom, como
outro não existiu e nem pode haver igual.
Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto, que nem seria preciso abaixar-lhe
a maxila teimosa, para espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo à distância:
no algodão bruto do pelo – sementinhas escuras em rama rala e encardida; nos olhos
remelentos, cor de bismuto, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas, em constante
semissono; e na linha, fatigada e respeitável – uma horizontal perfeita, do começo da testa
à raiz da cauda em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as moscas.
Em virtude da fuga de algumas montarias na noite anterior, o burrinho
Sete-de-Ouros (velho e cansado) é escolhido para ajudar no transporte da boiada,
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tornando-se uma cavalgadura de emergência para um dos vaqueiros (João Manico


– o mais leve) do major Saulo.
A viagem, sob muita chuva, parte da Fazenda da Tampa até a cidade onde
a boiada seguiria de trem.
Após entregarem o gado, a comitiva retorna sob o comando de Francolim
(o major Saulo havia permanecido na cidade). Silvino, um dos vaqueiros, está
com ódio de Badu e quer matá-lo pelo fato de este estar namorando uma moça
de quem ele gosta. No entanto, antes de partirem na escuridão da noite, Badu,
que havia bebido além da conta, é enganado e por isso lhe resta apenas o bur-
rinho como montaria.
A chuva que se anunciava na escuridão trevosa da noite embarga a travessia
dos vaqueiros pelo Córrego da Fome e esses são tragados pela enchente do ribeirão.
Salvam-se apenas Francolim e Badu, ambos agarrados ao pequeno, desacreditado
e decrépito burrinho: o primeiro agarrado à cauda de Sete-de-Ouros e o segundo,
à crina do valente animal.

2. A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO


Lalino Salãthiel (mulato divertido, de muito riso e pouco trabalho) é o
marido pródigo. Deixa de trabalhar na estrada de rodagem Belo Horizonte – São
Paulo para se aventurar no Rio de Janeiro, onde se esbalda por completo com as
belezas e beldades de lá.
O dinheiro que patrocina sua viagem vem do espanhol Ramiro que, em
troca do “favor”, fica com Maria Rita – mulher de Lalino.
E foi assim, por um dia haver discursado demais numa pausa de hora de almoço, que
Eulálio de Souza Salãthiel veio a tomar uma vez o trem das oito e cinquenta e cinco, sem
bênçãos e sem matalotagem, e com o bolso do dinheiro defendido por um alfinete-de-mola.
Procurou assento, recostou-se, e fechou os olhos, saboreando a trepidação e sonhando – so-
nhos errados por excesso – com o determinado ponto, em cidade, onde odaliscas veteranas
apregoavam aos transeuntes, com frineica desenvoltura, o amor: bom, barato e bonito,
como o queriam os deuses.
(...) As aventuras de Lalino Salãthiel na capital do país foram bonitas, mas só
podem ser pensadas e não contadas, porque no meio houve demasia de imoralidade.
Todavia, convenientemente expurgadas, talvez mais tarde apareçam, juntamente com a
história daquela rã catacega, que, trepando na laje e vendo o areal rebrilhante à soalheira,
gritou – “Eh, aguão!...” – e pulou com gosto, e, queimando as patinhas, deu outro pulo
depressa para trás.
Passados seis meses, o dinheiro acaba e o marido pródigo volta e encontra
sua esposa amasiada com Ramiro. Pede ajuda a Oscar, filho do major Anacleto,
conseguindo entrar na política como cabo eleitoral do major.

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Lalino, que era esperto e, tinha tino e diplomacia, consegue convencer os


eleitores e traz a vitória para o major Anacleto, que, influenciado pela lábia de
seu astuto cabo, expulsa a colônia espanhola do lugar.
Maria Rita volta para Lalino.

3. SARAPALHA
A narrativa de “Sarapalha” se desenvolve em um povoado, tomado pela
maleita (sezão), às margens do rio Pará. Como consequência, uma parte das
pessoas morreu e a outra abandonou o lugar: “os primeiros para o cemitério, os
outros por aí afora, por este mundão de Deus”.
Numa fazenda em ruínas e deserta, ficaram dois caboclos (primo Argemiro
e primo Ribeiro), uma velha negra chamada Ceição e um cachorro (Jiló).
É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada;
uma cerca de pedra-seca, do tempo de escravos; um rego murcho, um moinho parado;
um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro, uma negra, já velha, que capina e cozinha o
feijão. Tudo é mato, crescendo sem regra; mas, em volta da enorme morada, pés de milho
levantam espigas, no chiqueiro, no curral e no eirado, como se a roça se tivesse encolhido,
para ficar mais ao alcance da mão.
E tem também dois homens sentados, juntinhos, num casco de cocho emborcado,
cabisbaixos, quentando-se ao sol.
(...) O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando é a febre, mais o tremor.
Primo Ribeiro parece um defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos,
desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio, sempre a escorar dos lados
a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira
pegar. Baba, baba, cospe, cospe, fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a
caixinha de remédio, a cornicha de pó e mais o cobertor.
– O seu inchou mais, Primo Argemiro?
– Olha aqui como é que está... E o seu, Primo?
– Hoje está mais alto.
– Inda dói muito?
– Melhorou.
É da passarinha. No vão esquerdo, abaixo das costelas, os baços jamais cessam
de aumentar. E todos os dias eles verificam qual foi o que passou à frente.
À espera do avanço da doença em si mesmo, primo Ribeiro conta sua triste
e trágica história ao primo Argemiro: sua esposa (que era sua prima Luísa) fugira
com um boiadeiro, abandonando-o.
Argemiro, que amava a mulher do primo, revela seu sentimento e o desejo
de ter fugido com ela. Ribeiro expulsa-o dali e Argemiro sai perambulando à
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procura de um lugar para ser consumido pela doença que o ataca.


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4. O DUELO
Turíbio Todo descobre que sua mulher o traía com o ex-militar Cassiano
Gomes. A infidelidade amorosa motivou o duelo (que não houve) entre o marido
enganado e o ex-militar.
Mas, por essa altura, Turíbio Todo teria direito de queixar-se tão-só da sua falta de
saber-viver; porque avisara à mulher que não viria dormir em casa, tencionando chegar até
ao pesqueiro das Quatorze-Cruzes e pernoitar em casa do primo Lucrécio, no Dêcámão.
Mudara de ideia, sem contra-aviso à esposa; bem feito!: veio encontrá-la em pleno (com
perdão da palavra, mas é verídica a narrativa) em pleno adultério, no mais doce, dado e
descuidoso, dos idílios fraudulentos.
Felizmente que os culpados não o pressentiram. Turíbio Todo costumava chegar
com um mínimo de turbulência; ouviu vozes e espiou por uma fisga da porta; a luz da
lamparina, lá dentro, o ajudando, viu. Mas não fez nada. E não fez, porque o outro, era o
Cassiano Gomes, ex-anspeçada do 1º pelotão da 2ª companhia do 5º Batalhão de Infantaria
da Força Pública, onde as gentes aprendiam a manejar, por música, o ZB tchecoslovaco e
até as metralhadoras pesadas Hotchkiss; e era, portanto, muito homem para lhe acertar um
balaço na testa, mesmo estando assim em sumaríssima indumentária e fosse a distância
para duzentos metros, com o alvo mal iluminado e em movimento.
Turíbio Todo vinga-se de sua humilhação, metendo uma bala na nuca de
seu desonrador. No entanto, a vítima da emboscada é o irmão (Levindo Gomes)
de Cassiano Gomes. Inicia-se, então, uma longa peleja: Turíbio fugindo e Cas-
siano perseguindo-o.
Passam-se meses. Turíbio vai para São Paulo e Cassiano retorna para sua
casa (Vista Alegre) e para a mulher do perseguido para descansar.
Recomeça uma nova perseguição e o ex-militar (adoentado do coração)
acaba por falecer em um povoado, onde, à beira da morte, contrata os serviços
de um caboclo (Timpim Vinte-e-Um) para dar fim à vida de Turíbio Todo.
Turíbio, sabendo da morte de Cassiano, retorna para o arraial acompa-
nhado pelo franzino Timpim Vinte-e-Um, que o liquida com uma garrucha de
dois canos.

5. MINHA GENTE
O conto “Minha Gente” é narrado em primeira pessoa.
O protagonista-narrador relata a temporada que vai passar na fazenda
(Saco-do-Sumidouro – interior de Minas) de seu tio Emílio.
Quando vim, nessa viagem, ficar uns tempos na fazenda do meu tio Emílio,
não era a primeira vez. Já sabia que das moitas de beira de estrada trafegam para a
roupa da gente umas bolas de centenas de carrapatinhos, de dispersão rápida, picadas

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milmalditas e difícil catação; que a fruta mal madura da cagaiteira, comida com sol
quente, tonteia como cachaça; que não valia a pena pedir e nem querer tomar beijos
às primas; que uma cilha bem apertada poupa dissabor na caminhada; que parar à
sombra da aroeirinha é ficar com o corpo empipocado de coceira vermelha; que, quan-
do um cavalo começa a parecer mais comprido, é que o arreio está saindo para trás,
com o respectivo cavaleiro; e, assim, longe outras coisas. Mas muitas mais outras eu
ainda tinha que aprender.
Ao desembarcar do trem, o narrador é esperado por Santana (inspetor es-
colar) e por José Malvino (roceiro da fazenda), que o acompanham até a fazenda
de seu tio. Durante o caminho até a fazenda, Malvino fala da vida e dos costumes
mineiros e de aspectos da natureza daquela região.
Na fazenda, reencontra seu tio Emílio (envolvido com a política) e sua
prima Maria Irma (seu amor de infância).
O narrador relata os pormenores da política de seu tio e se empenha para
conquistar o amor de Maria Irma, que se mantém reservada e misteriosa.
Numa pescaria com Bento Porfírio (empregado da fazenda e amante da
de-Lourdes), o narrador presencia o assassinato de Bento pelo marido traído
(Xandão Cabaça). Tal acontecimento não interfere na rotina da fazenda.
A narrativa é entrecortada por histórias: a do vaqueiro que provocara os
marimbondos e a do moleque Nicanor.
Tio Emílio (partido João-de-Barro) vence as eleições. Maria Irma fica noiva
de Ramiro Gouvêia (dos Gouvêias da fazenda da Brejaúba, no Todo-Fim-E-Bom)
e apresenta Armanda ao narrador, que acaba se casando com ela antes do casa-
mento de sua prima com Ramiro.

6. SÃO MARCOS
Narrado também em primeira pessoa, a história se passa no povoado
chamado Calango-Frito.
O narrador (Izé ou José), homem que não acredita em feitiçaria, todos
os domingos, quando se embrenha pela mata das Três Águas para caçar e
observar a natureza, ao passar pela casa de João Mangolô (feiticeiro de fama),
costuma provocá-lo.
Nhá Rita (cozinheira de Izé) sempre o adverte (“Se o senhor não aceita, é rei
no seu; mas abusar não deve-de”).
E eu abusava, todos os domingos, porque, para ir domingar no mato das Três
Águas, o melhor atalho renteava o terreirinho de frente da cafua do Mangolô, de quem
eu zombava já por prática. Com isso eu me crescia, mais mandando, e o preto até que se
ria, acho que achando mesmo graça em mim.
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Para escarmento, o melhor caso-exemplo de Sá Nhá Rita Preta minha criada era
este: “... e a lavadeira então veio entrando, para ajuntar a roupa suja. De repente, deu um
grito horrorendo e caiu sentada no chão, garrada com as duas mãos no pé (lá dela!)... A
gente acudiu, mas não viu nada: não era topada, nem estrepe, nem sapecado de tatarana,
nem ferroada de marimbondo, nem bicho-de-pé apostemado, nem mijacão, nem coisa de
se ver... Não tinha cissura nenhuma, mas a mulher não parava de gritar, e... qu’ é de
remédio?! Nem angu quente, nem fomentação, nem bálsamo, nem emplastro de folha de
fumo com azeite-doce, nem arnica, nem alcanfor!... Aí, ela se alembrou de desfeita que
tinha feito para a Cesária velha, e mandou um portador às pressas, para pedir perdão. Pois
foi o tempo do embaixador chegar lá, para a dor sarar, assim de voo... Porque a Cesária
tornou a tirar fora a agulha do pé do calunga de cera, que tinha feito, aos pouquinhos,
em sete voltas de meia-noite: “Estou fazendo fulana!... Estou fazendo fulana!...”, e depois,
com a agulha: “Estou espetando fulana!... Estou espetando fulana! . . .”
Numa domingueira, como de costume, andando pela mata, encontra Aurísio
Manquitola – conhecedor da “Oração de São Marcos”. Aurísio narra-lhe, então,
alguns casos sobre os temíveis poderes dessa oração. Casos que envolvem a Gestal
da Gaita, o compadre Silvério, o Tião Tranjão, o Cypriano, o Filipe Turco etc.
Finda a prosa, José segue caminhando pela floresta e relembra a história
dos bambus: um jogo poético travado com um anônimo chamado“Quem Será”
no qual eram deixados versos nos nós dos bambus, sem que seus autores se
encontrassem.
Envolto pelas belezas da floresta, segue caminhando e, de repente, ao
descansar debaixo de uma árvore, fica cego.
Desesperado e vagando sem rumo, resolve rezar a oração de São Marcos.
Toma certa direção orientando-se na mata pelos ruídos e pelas vibrações do vento
até chegar à cabana do feiticeiro João Mangolô.
Lá, ao tentar esganar o velho feiticeiro, volta a enxergar e descobre que o
negro velho havia-lhe “amarrado” as vistas (uma tira nos olhos de um retrato)
a fim de lhe ensinar respeito.

7. CORPO FECHADO
Enquanto bebem cerveja, o narrador (médico de Laginha) vai entrevis-
tando Manuel Fulô (“valentão manso e decorativo”) e ouvindo as histórias que
este conta sobre os ciganos que havia enganado, sobre a sua rivalidade com
o feiticeiro Antonio das Pedras e sobre os valentões daquela região: José Boi,
Desidério Cabaça, Adejalma (Dejô), Miligo e Targino. Destes, apenas resta o
temível Targino, que, com seu bando, ousou comer carne e beber cachaça na
frente da igreja numa sexta-feira da Paixão.

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– Não é raiva, não seu doutor: é gastura... Esse-um é maligno e está até exco-
mungado... Ele é de uma turma de gente sem-que-fazer, que comeram carne e bebe-
ram cachaça na frente da igreja, em sexta-feira da Paixão, só p’ra pirraçar o padre e
experimentar a paciência de Deus... Eles todos já foram castigados: o Roque se afogou
numa água rasinha de enxurrada... ele estava de chifre cheio... Gervásio sumiu no
mundo, sem deixar rasto... Laurindo, a mulher mesma torou a cabeça dele com um
machado, uma noite... foi em janeiro do ano passado... Camilo Matias acabou com
mal-de-lázaro... Só quem está sobrando mesmo é o Targino. E o castigo demora, mas
não falta...
– Mas, nesta sobrança , ele é quem vai castigando os outros, por conta própria,
Manuel Fulô...
– Deixa ele, seu doutor... P’ra cavalo ruim, Deus bambeia a rédea... Um dia ele
encontra outro mais grosso... Eu já estou vendo o diabo, com defunto na cacunda!...
Esse sujeitinho ainda vai ter de dançar de ceroula, seu doutor! Isto aqui é terra de
gente brava.
Em meio à conversa, surge no bar o valentão Targino, que avisa Manuel
Fulô que vai passar a noite antes do casamento com a noiva dele (Das Dor).
Manuel Fulô fica desesperado, pois Targino domina o lugarejo.
Surge então Antonico das Pedras-Águas (“que tinha alma de pajé” e era
“curandeiro-feiticeiro”), que propõe um trato a Manuel Fulô: ele fecharia o corpo
deste em troca de sua mula Beija-Flor.
Mané Fulô aceita e, de “corpo fechado”, mata o bandido Targino apenas
com uma faquinha.
O casamento acontece e Mané Fulô assume o posto de valentão daquelas
bandas.

8. CONVERSA DE BOIS
A história, narrada por Manuel Timborna, tem início na encruzilhada de
Ibiúva e procura demonstrar que “boi fala o tempo todo”.
Os protagonistas bovinos (Buscapé e Namorado, Capitão e Brabagato,
Dançador e Brilhante, Realejo e Canindé) formam quatro parelhas que puxam
um carro de boi carregado de rapaduras e de um defunto.
Sobre o carro de boi vão também Agenor Soronho (o carreador), Tiãozinho
(guia dos bois e filho do defunto) e a viúva (amante de Soronho).
Enquanto andam, a conversa dos oito bois intercala-se com a fala dos
humanos.
Tiãozinho é visto pelos bois como “o-bezerro-de-homem-que-caminha-
sempre-na-frente-dos-bois”; enquanto o perverso Agenor é “o-homem-do-pau-
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comprido-com-o-marimbondo-na-ponta”.
21
João Guimarães Rosa

“Nós somos bois... Bois-de-carro... Os outros, que vêm em manadas, para ficarem
um tempo-das-águas pastando na invernada, sem trabalhar, só vivendo e pastando,
e vão-se embora para deixar lugar aos novos que chegam magros, esses todos não são
como nós...”
– Eles não sabem que são bois... – apoia enfim Brabagato, acenando a Capitão
com um esticão da orelha esquerda. – Há também o homem...
– É, tem também o homem-do-pau-comprido-com-o-marimbondo-na-ponta...
– ajunta Dançador, que vem lerdo, mole-mole, negando o corpo. – O homem me chifrou
agora mesmo com o pau...
– O homem é um bicho esmochado, que não devia haver. Nem convém espiar
muito para o homem. É o único vulto que faz ficar zonzo, de se olhar muito. É comprido
demais, para cima, e não cabe todo de uma vez, dentro dos olhos da gente.
Os bois, conversando, criticam a vida do homem e relembram a história
trágica do boi Rodapião, que pensava da mesma forma que os seres humanos.
Durante a marcha, Tiãozinho segue triste, chorando a morte do pai e os
maus tratos de Soronho.
Na ladeira do Morro do Sabão, Agenor encontra o carro da Estiva (de seu
companheiro João Bala) todo espatifado na queda na subida do Morro. Após
consolar seu amigo, segue viagem.
Orgulhoso de sua vitoriosa escalada pelo morro, assume a dianteira do
carro de boi.
Os bois que nutrem a mesma raiva por Agenor decidem derrubá-lo, fazendo
com que a roda do carro passe sobre o seu pescoço, matando-o.

9. A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA


Nhô Augusto ou Matraga é Augusto Esteves, filho do coronel Afonsão
Esteves das Pindaíbas e do Saco-da-Embira.
Nhô Augusto é um homem briguento, perverso e mulherengo – tirava
as namoradas e mulheres dos outros. Não se importava com sua esposa (Dona
Dionóra) e sua filha (Mimita) nem com sua fazenda. Estava em pleno declínio
econômico e político.
Como consequência, sua mulher foge com Ovídio Moura, levando a filha.
Os capangas (mal pagos) põem-se a serviço do major Consilva (antigo inimigo
da família).
Querendo tirar satisfação do ocorrido, Nhô Augusto vai até a fazenda do
major Consilva, onde é recebido por pancadas, além de ser marcado na nádega
direita por ferro quente de marcar gado.

22
Sagarana

O cavalo de Nhô Augusto obedeceu para diante; as ferraduras tiniram e deram


fogo no lajedo; e o cavaleiro, em pé nos estribos, trouxe a taca no ar, querendo a figu-
ra do velho. Mas o Major piscou, apenas, e encolheu a cabeça, porque mais não era
preciso, e os capangas pulavam de cada beirada, e eram só pernas e braços.
– Frecha, povo! Desmancha!
Já os porretes caíam em cima do cavaleiro, que nem pinotes de matrinchãs na
rede. Pauladas na cabeça, nos ombros, nas coxas. Nhô Augusto desdeu o corpo e caiu.
Ainda se ajoelhou em terra, querendo firmar-se nas mãos, mas isso só lhe serviu para
poder ver as caras horríveis dos seus próprios bate-paus, e, no meio deles, o capiau-
zinho mongo que amava a mulher-à-toa Sariema.
E Nhô Augusto fechou os olhos, de gastura, porque ele sabia que capiau de
testa peluda, com o cabelo quase nos olhos, é uma raça de homem capaz de guardar
o passado em casa, em lugar fresco perto do pote, e ir buscar da rua outras raivas
pequenas, tudo para ajuntar à massa-mãe do ódio grande, até chegar o dia de tirar
vingança.
Mas, aí, pachorrenta e cuspida, ressoou a voz do Major: – Arrastem p’ra longe,
para fora das minhas terras... Marquem a ferro, depois matem.
À beira da morte, recobra um pouco de suas forças, jogando-se em um
despenhadeiro do rancho do Barranco.
Semimorto, é encontrado e cuidado por um casal de negros velhos (a mãe
Quitéria e o pai Serapião) e, aos poucos, se restabelece-se.
Arrependido, afasta-se de tudo e leva seus protetores para o povoado do
Tombador.
Procurando penitenciar-se de seus pecados a fim de alcançar o céu, trabalha
o dia todo, reza e ajuda os outros.
Um dia, passados alguns anos, Nhô Augusto dá pousada para Joãozinho
Bem-Bem e seu bando (Flosino Capeta, Tim-Tatu-tá-te-vendo, Zeferino, Juru-
minho, Epifânio). É convidado pelo chefe dos jagunços a seguir com eles, mas
Matraga vence a tentação e se recusa.
Recuperado totalmente, despede-se dos velhinhos e parte sem destino.
Chega ao arraial do Rala-Coco e reencontra Joãozinho Bem-Bem prestes a dizimar
uma família por motivo de vingança. Um velho pede pelos filhos e Matraga se
opõe ao cumprimento da vingança.
Muitos capangas são mortos por suas mãos, mas encontra sua hora e vez
no duelo com Joãozinho Bem-Bem. Ambos morrem.
Muitas são as peculiaridades literárias que fizeram de Guimarães Rosa
um dos mais consagrados representantes da literatura brasileira. Em Sagarana,
podemos destacar algumas delas.
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23
João Guimarães Rosa

Linguagem
Quanto à linguagem, observa-se a preocupação de Guimarães Rosa de
reproduzir a fala do homem do sertão. A retomada do regionalismo em Guima-
rães não se detém à simples incorporação de termos populares. O resgate desse
tema é enriquecido pela invenção linguística que o autor faz criando palavras,
reinventando-as e fazendo associações inesperadas.
A linguagem adotada pelo autor é a da fala de suas personagens (que
também são narradores). São elas que falam, mas é ele que escreve.
Com o intuito de imitar o falar regional e suas peculiaridades, percebe-se,
na obra do autor, uma oralidade escrita cuja leitura oferece certa dificuldade. No
entanto, vale ressalvar a existência de uma linguagem mais erudita em Sagarana,
quando o escritor narra, ou seja, quando não quer registrar as singularidades da
fala sertaneja ou a linguagem popular. É o que podemos observar, mais especi-
ficamente, no conto “São Marcos”.
Entre outros recursos linguísticos que Guimarães Rosa utiliza para expres-
sar a natureza popular da linguagem do sertão, destaca-se a metáfora: “Estou
como ovo depois de dúzia” (para dizer que está sobrando); “Durou o prazo de
se capar um gato” (para dizer que a ação foi rápida).
Há de se lembrar também o uso frequente das reticências e de frases en-
trecortadas que, além de garantir ao texto maior expressividade oral, também
expressam a interrupção do pensamento. É o que se vê, por exemplo, no conto
“A volta do marido pródigo”:

– Ah, que honra, mas que minha honra, senhor Doutor Secretário do Interior...
Entrar nesta cafua, que menos mercê e mais recebe...Esteja à vontade! Se execute! Aqui
o senhor é vós... Já jantaram, ô diacho...

Além das técnicas descritas acima, o autor utiliza ainda certos aspectos
auditivos e visuais, que acabam por dar caráter poético à sua prosa, como as
onomatopeias: “A boiada entra no beco: Tchou! Tchou! Tchou!”(para tanger o
gado); “Prrr-tic-tic-tic!” (para chamar as galinhas); o ritmo e as aliterações (repe-
tição de um dado fonema) vistos, por exemplo, no conto “O burrinho pedrês”, no
qual a narração da caminhada da boiada é intercalada por quadrinhas populares
cantadas pelos vaqueiros:

Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá
de dentro, dá direito...Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
‘Todo passarinh´do mato
tem seu pio diferente.
Cantiga de amor doido
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Sagarana

Não carece ter rompante...


Pouco a pouco, porém, os rostos se desempanam e os homens tomam gestos de
repouso nas selas, satisfeitos. Que de trinta, trezentos ou três mil, só está, quase pronta
a boiada quando as alimárias se aglutinam em bicho inteiro – centopeia -, mesmo pres-
tes assim para surpresas más.
– Tchou!... Tchou!...Eh, booôi!...

Regionalismo
O resgate do regionalismo na obra de Guimarães Rosa reflete uma das
características que mais individualizam seu trabalho.
Embora aproveite o cenário sertanejo mineiro e suas expressões típicas
populares (“Estou como ovo depois de dúzia”, “Suspiro de vaca não arranca
estaca”, “não é nas pintas da vaca que se mede o leite e a espuma”), sua obra
surpreende em virtude da originalidade da linguagem e da indagação a respeito
das questões fundamentais do homem (amor e ódio, vida e morte, violência,
ciúmes, mito e razão, a existência ou não de Deus e do diabo etc.).
Nesse sentido, os contos de Sagarana (repletos de interpretações subjetivas,
espiritualistas e filosóficas) devem ser compreendidos de forma mais profunda,
pois as histórias dos personagens, aparentemente apenas sertanejos de Minas,
ultrapassam os limites do regionalismo e alcançam as questões de valor eterno e uni-
versal. No conto “Conversa de bois”, observam-se, por exemplo, as reflexões sobre
o poder e a fraqueza; o sentimentalismo dos temas de amor e da solidão são res-
gatados em “Sarapalha” e “Minha gente”; ainda em “São Marcos”, “Minha gente”
e “Corpo fechado” evidencia-se o universo fantástico de Guimarães Rosa.
O conceito de sertão é ampliado, passando a refletir a imagem do mundo e
a contemplação metafísica que o autor tem da existência e de seus problemas.
Por esses motivos, considera-se a obra de Guimarães Rosa como a expressão
do regionalismo universalizante.

Técnica Narrativa
Com relação à técnica narrativa, Sagarana reúne contos ora narrados em
primeira pessoa ora em terceira pessoa.
Quando narrados em primeira pessoa, os contos (“São Marcos”, “Minha
gente” e “Corpo fechado”) apresentam um conteúdo temático que gira em
torno de superstições e feitiçarias, fato que evidencia o misticismo e o universo
fantástico e fantasioso de Guimarães Rosa.
Nos contos em terceira pessoa (“O burrinho pedrês”, “A volta do marido
pródigo”, “Sarapalha”, “Duelo”, “Conversa de bois” e “A hora e vez de Augusto
Matraga”), observa-se a onisciência do narrador e ainda a alternância de focos
narrativos, presente, por exemplo, em “Duelo”, no qual uma clarineta fanhosa e
meio fraca e uma tuba solene e penetrante são associadas aos personagens Turíbio
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e Cassiano, respectivamente.
25
João Guimarães Rosa

Personagens
As personagens de Sagarana são os bichos, as crianças, os loucos, os bê-
bados, os homens rudes e simples que vivem situações de conflito, de superação
e de conversão. Ao longo do enredo, desenrolam-se problemas que fazem as
personagens lidar com situações que extrapolam o limite do real. Daí a possibi-
lidade de interpretarmos tais histórias como parábolas e alegorias.
Nesse sentido é que se pode entender a temática de contos como, por
exemplo, “O burrinho pedrês” e “Conversa de bois”, que tratam da superação
da fraqueza que se converte em força; a história de redenção e espiritualidade
presente no conto “A hora e vez de Augusto Matraga”; a esperteza de Maria Irma
no conto “Minha gente” e de Lalino Salãthiel (o herói gaiato) em “A volta do
marido pródigo”; o enfoque da solidão e da falta de esperança em “Sarapalha”,
entre tantos outros.
A nomeação das personagens remete ainda a outro aspecto do estilo de
Guimarães Rosa que evidencia o gosto popular de dar apelidos às pessoas.
Tal recurso permite que o autor revele, por meio de apelidos e distorções
dos nomes próprios, a personalidade e o caráter de cada personagem: Manuel
Fulô, Timpim, Turíbio Todo, Tião da Thereza, Joãozinho Bem-Bem, Lalino Sa-
lãthiel, Badu, Valo Venâncio.
Esse recurso é aproveitado também com os animais, que, por receberem
nome, adquirem identidade, diferindo-se uns dos outros: o burrinho Sete-de-
Ouros; os bois falantes de “Conversa de bois”: Rodapião, Brabagato, Buscapé,
Namorado, Capitão, Dançador, Brilhante, Realejo, Canindé; os cavalos e éguas
de “Corpo fechado”: Beija-Flor, Ventarola, Furta-Moça etc.
Os animais, metaforizados em gente, exercem grande importância nas
estórias de Sagarana e, por isso, devem ser analisados detidamente.

Paisagens e descrições
Ao descrever o sertão mineiro, Guimarães Rosa impressiona o leitor com
uma infinidade de minuciosas descrições de paisagens, pessoas, animais, fazen-
das de gado etc.
Em muitos contos de Sagarana, o tema da viagem e do deslocamento
espacial, além de ser portador de significados ligados à mudança interna do
homem, presta-se também à descrição da paisagem, à medida que o caminho
é percorrido.
A amplidão cultural de Guimarães Rosa permite que ele indique com pre-
cisão as expressões populares da região, além dos nomes de plantas e animais.
No conto “Minha gente” há, por exemplo, enumeração das criações que vivem
no galinheiro: “...havia suras , transilvânias, nanicas, topetudas, calçudas; e gui-
26
Sagarana

nés convexas, aperuadas; e peruas acucadas;…” ; também no conto “O burrinho


pedrês” são relacionados os vários tipos de chifres das vacas:
E pululam, entrecochados, emaranhados, os cornos – longos, curtos, rombos,
achatados, pontuados como estiletes, arqueados, pendentes, pandos, com uma duas
três curvaturas, formando ângulos de todos os graus com os eixos das frontes, mesmo
retorcidos para trás que nem chavelhos, mesmo espetados para diante como presas de
elefante, mas no mais erguidos: em meia-lua, em esgalhos de cacto, em barra de cruz, em
braços de âncora, puas de caranguejo, em ornatos de satanás, em liras sem cordas – tudo
estralejando que nem um fim de queimada, quando há moitas de taboca finas fazendo
ilhas no capinzal.

Toda essa excessiva descrição pretende desvendar por completo o universo


dos homens, dos bichos e das coisas do sertão, pois seu objetivo é permitir que
o leitor tenha uma percepção tridimensional da realidade apresentada. Por isso,
tais descrições não devem ser tomadas como interrupção do enredo, mas como
uma etapa integrante e necessária ao conto.
Em meio a essas descrições, nota-se também o apelo que o autor faz aos
sentidos do leitor, principalmente à visão. Destaca-se, no conto “São Marcos“,
um exemplo da descrição da paisagem e do mundo animal e vegetal, que recorre
ao sentido da visão do leitor:
E levava boa matalotagem (...) Mas cumpria com a lista, porque eu não podia deixar
o povo saber que eu entrava no mato, e lá passava o dia inteiro, só para ver uma mudinha
de cambuí a medrar da terra de-dentro de um buraco no tronco de um camboatã; para
assistir à carga frontal das formigas-cabaças contra a pelugem farpada e eletrificada de
uma tatarana lança-chamas; para namorar o namoro dos guaxes, pousados nos ramos
compridos da aroeira; para saber ao certo se o meu-xará joão-de-barro fecharia mesmo
a sua olaria, guardando o descanso domingueiro; para apostar sozinho, no concurso de
salto-à-vara entre os gafanhotos verdes e os gafanhões cinzentos; para estudar o treino
de concentração do jaburu acromegálico; e para rir-me, à glória das aranhas-d’água, que
vão corre-correndo, pernilongando sobre a casca de água do poço, pensando que aquilo é
mesmo chão para se andar em cima.

Além dessas descrições com ênfase no sentido da visão, há também, nesse


mesmo conto, o trabalho com os referentes olfativos (“alhum” para expressar o
“bodum” do pau-d’alho) e auditivos (“meus olhos o ouvem”), o que enriquece
a estrutura da narrativa.
Nesse sentido, pode-se dizer que o texto passa a ser captado tanto pelo
intelecto quanto pelos sentidos.
Outro exemplo expressivo encontra-se no conto “Conversa de bois”, no qual
o autor, por meio de uma infinidade de elementos descritivos, faz um registro
cinematográfico de um antigo carro de boi e dos bois que o movem.
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27
João Guimarães Rosa

Vinha triste, mas batia as alpercatinhas, porque, a dois palmos da sua cabeça,
avançavam os belfos babosos dos bois da guia – Buscapé, biamarelo, desdescendo entre
mãos a grossa barbela plissada, e Namorado, caracu sapiranga, castanho vinagre tocado
a vermelho – que, a cada momento, armavam modo de querer chifrar e pisar.
Segue-seguindo, a ativa junta do pé-da-guia: Capitão, salmilhado, mais em branco
que em amarelo, dando a direita a Brabagato, mirim-malhado de branco e de preto: meio
chitado, meio chumbado, assim cardim. Ambos maiores do que os da junta da guia.

Observa-se também que, de modo geral, as descrições em Sagarana são


entrecortadas por frases curtas, sendo, na maioria das vezes, frases nominais.
Esse outro aspecto do estilo rosiano recebe a denominação de sintaxe telegráfica
ou pontilhista.
É o que se observa na passagem de “Minha gente”, destacada logo abaixo:

Uma porteira. Mais porteira. Os currais. Vultos de vacas, debandando. A varanda


grande. Luzes. Chegamos. Apear.

5. Exercícios
1.
O conjunto de contos de João Guimarães Rosa
publicado em 1946 aparece sob o título:
a) Corpo de baile.
b) Sagarana.
c) Primeiras estórias.
d) Estas estórias.
e) Grande sertão: veredas.

2. Fuvest-SP
João Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que:
a) explora o folclórico do sertão.
b) em episódios muitas vezes palpitantes, surpreende a realidade nos mais leves
pormenores e trabalha a linguagem com esmero.
c) limita-se ao quadro do regionalismo brasileiro.
d) é muito sutil na apresentação do cotidiano banal do jagunço.
e) é intimista hermético.

28
Sagarana

As questões 3 e 4 referem-se ao seguinte trecho de Guimarães Rosa:

E desse modo ele se doeu no enxergão, muitos meses, porque os ossos tomavam
tempo para se ajuntar, e a fratura exposta criara bicheira. Mas os pretos cuidavam muito
dele, não arrefecendo na dedicação.
– Se eu pudesse ao menos ter absolvição dos meus pecados!...
Então eles trouxeram, uma noite, muito à escondida, o padre que o confessou e
conversou com ele, muito tempo, dando-lhe conselhos que o faziam chorar.
– Mas, será que Deus vai ter pena de mim, com tanta ruindade que fiz, e tendo
nas costas tanto pecado mortal?
– Tem, meu filho. Deus mede a espora pela rédea, e não tira o estribo do pé de
arrependimento nenhum...
E por aí afora foi, com um sermão comprido, que acabou depondo o doente num
desvencido torpor.

3. PUCCamp-SP
O trecho mostrado representa a seguinte possibilidade entre os caminhos da
literatura contemporânea:
a) ficção regionalista, em que se reelabora o gênero e se revaloriza um universo
cultural localizado.
b) narrativa de cunho jornalístico, em que a linguagem comunicativa retoma e
reinterpreta fatos da história recente.
c) ficção de natureza politizante, em que se dramatizam as condições de classes
entre os protagonistas.
d) prosa intimista, psicologizante, em que o narrador expõe e analisa os movi-
mentos da consciência reflexiva.
e) prosa de experimentação formal, em que a pesquisa linguística torna secun-
dária a trama narrativa.
4. PUCCamp-SP
Liga-se a esse trecho de Guimarães Rosa a seguinte afirmação:
a) É um exemplo de crise da fala narrativa, dissolvendo-se a história num estilo
indagador e metafísico.
b) É uma arte marcada pelo grotesco, pela deformação, que coloca em cena tipos
humanos refinadamente exóticos.
c) O autor recolheu lendas de interesse folclórico e as reconta de modo docu-
mental, isento e objetivo.
d) Um universo rude e um plano místico se cruzam com frequência em sua obra,
fundindo-se um no outro.
e) A miséria arrasta as personagens para a desesperança, revelando-se ainda na
pobreza de sua expressão verbal.
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29
João Guimarães Rosa

5. PUCCamp-SP
Sobre “A hora e vez de Augusto Matraga”, é incorreto afirmar:
a) Depois de apanhar até quase morrer, Nhô Augusto passa a viver uma vida de
penitências e duros trabalhos, na tentativa de, pelo esforço do corpo, purificar
a alma, comportamento típico de mártires e santos.
b) Nhô Augusto volta a sentir a sedução da violência quando se depara com o
bando de Seu Joãozinho Bem-Bem, mas resiste, ainda que a duras penas, para
não comprometer seu plano de salvação.
c) No duelo final com Seu Joãozinho Bem-Bem, percebe-se como, em determi-
nados momentos, as intenções e desejos mais egoístas podem se transformar
em instrumentos de redenção do egoísmo e doação de si mesmo: Nhô Au-
gusto faz o bem (ao salvar a família do velho da vingança de Seu Joãozinho
Bem-Bem) – o que garantiria a salvação de sua alma – por meio da violência
destruidora que sempre o fascinou.
d) Os jagunços no conto de Guimarães Rosa são irracionais, arbitrários e praticam a
violência única e exclusivamente para satisfazer seus impulsos sanguinários.
e) A transformação de Nhô Augusto depois da surra pode ser interpretada como
uma morte para a vida de maldades e um renascimento para a vida devota e
contrita. Neste sentido, pode ser compreendida simbolicamente como parte
de um rito de passagem, como o batismo cristão.
6. UEL-PR
Assinale a alternativa correta sobre o conto “O burrinho pedrês”.
a) O burrinho era corajoso e ousado.
b) O burrinho era esperto e prudente.
c) O burrinho era teimoso e valente.
d) O burrinho era decidido e ousado.
e) O burrinho era experiente e tranquilo.
7. UEL-PR
Assinale a alternativa correta.
“A hora e vez de Augusto Matraga” é:
a) um romance de José Lins do Rego, de fundo autobiográfico, no qual é narrada
a decadência de um engenho de açúcar no século XIX.
b) um conto de Graciliano Ramos em que se narram as aventuras de um buro-
crata em busca de afirmação social.
c) um romance de Guimarães Rosa, narrado em primeira pessoa, no qual o
narrador-personagem relata a sua vida aventurosa de cangaceiro.
d) um conto de Guimarães Rosa, narrado em terceira pessoa, que relata a queda
e a redenção de um fazendeiro. As componentes básicas do mundo sertanejo
são a violência e o misticismo. É a união desses dois elementos que permite
a redenção de Matraga.
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Sagarana

8. UEL-PR
Assinale a alternativa correta.
a) A obra de João Guimarães Rosa Sagarana é uma forma interiorizada de re-
presentação ficcional, privilegiada pela vivência psicológica e, pelo fluxo de
consciência desencadeado por um acontecimento fictício.
b) É uma obra modernista, que critica e denuncia o preconceito racial e a minoria
excluída.
c) A obra não apresenta situações de conflito entre seus personagens.
d) A obra Sagarana é do gênero “conto”. Guimarães Rosa, com esta obra, abriu
uma nova perspectiva para o regionalismo, revalorizando a linguagem e a
universalização do regional.
e) A obra retrata fielmente o ciclo da cana-de-açúcar.

9. UEL-PR
Assinale a alternativa correta.
a) Augusto Matraga é um fazendeiro valentão, extremamente prepotente, que
nunca trabalhou e é decadente nas finanças e na política, desrespeitando a
todos, inclusive esposa e filhos.
b) A trajetória de Augusto Matraga é marcada pela bondade, pelo amor ao pró-
ximo e pela solidariedade que o acompanha até o fim da vida.
c) A hora e a vez de Augusto Matraga foram consagradas quando ele escapou
com vida das mãos do major Consilva.
d) João Guimarães Rosa, em Sagarana, não registra detalhes do sertão nem focaliza
o homem com seus fragmentos e valores, deixando transparecer somente a
crítica social e de costumes.
e) Dionóra, esposa de Augusto Matraga, suporta sua opressão, submetendo-se
a ele como esposa fiel até o fim de sua vida.

10. UEL-PR modificado


Assinale a alternativa correta.
a) Em “O burrinho pedrês”, a temática contempla o fanatismo e a violência numa
luta ideológica.
b) Em “Sarapalha”, fala-se do confronto entre jagunços no sertão nordestino.
c) “A hora e vez de Augusto Matraga” tematiza o amor romântico, poético e
telúrico.
d) O lema de vida de Augusto Matraga era a frase dita pelo padre: cada um tem
a sua hora e a sua vez, você há de ter a sua.
e) Em “Sarapalha”, o humor e a ironia se fazem presentes com muita frequência.
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31
João Guimarães Rosa

11. UEL-PR
Assinale a alternativa incorreta.
a) Em “Sarapalha”, a epidemia de malária faz o povo tremer e delirar numa
fragilidade dolorosa.
b) Os delírios da febre em suas alucinações não afetam primo Ribeiro, que tem
o corpo fechado pela negra Ceição.
c) Argemiro, em sua pureza, depois de muito se punir, resolve confessar que
também sentira-se atraído por Luísa, mas era um amor platônico, sem um
mínimo de manifestação.
d) Primo Ribeiro está derrotado pela doença física e morre de forma lenta, psicolo-
gicamente abalado com a partida da esposa, que preferiu um boiadeiro a ele.
e) Argemiro é expulso pelo primo Ribeiro e parte com extremo pesar, pagando
caro por sua honestidade e sinceridade.

12. Fuvest-SP
O romance é narrado na primeira pessoa, em monólogo ininterrupto, por Riobaldo, velho
fazendeiro do norte de Minas, antigo jagunço, que conta a sua vida e a sua angústia.
A. Candido e J. A. Castello
O autor do romance a que se refere o texto acima é também o de:
a) Chapadão do Bugre.
b) O garimpeiro.
c) Vila dos Confins.
d) Sagarana.
e) O coronel e o lobisomem.

13.
Sobre Guimarães Rosa, podemos afirmar que:
a) foi autor regionalista, seguindo a linha do regionalismo romântico.
b) inovou sobretudo nos temas, explorando tipos inéditos.
c) escreveu obra política de contestação à sociedade de consumo.
d) sua obra se revela intimista com raízes surrealistas.
e) inovou sobretudo o aspecto linguístico, revelando trabalho criativo na explo-
ração do potencial da língua.

GABARITO
1. B 6. E 11. B
2. B 7. D 12. D
3. A 8. D 13. E
4. D 9. A
5. D 10. D

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