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Nesta obra, que mereceu o Prêmio Erico Verissimo

de Romance em 1975, Josué Guimarães constrói a


imaginária Lagoa Branca, pequena cidade gaúcha
situada num ponto qualquer entre Passo Fundo e Cruz
Alta.
A história transcorre na Semana da Pátria, em 1936,
época que antecede a implantação do Estado Novo
por Getúlio Vargas. O prefeito, um ditador
empenhado em tornar seu povo "feliz", proíbe a
distribuição de jornais e a posse de aparelhos de
rádio, além de censurar a correspondência dos
cidadãos. Afinal, como ter paz de espírito com tantas
notícias sobre fuzilamento, miséria e epidemias?
Ao contrário das tradicionais epopeias gaúchas, não há nenhum gesto heroico
em Os tambores silenciosos. As personagens presentes são políticos medíocres e
dominados pela ambição, mulheres infiéis e policiais violentos.
Através de um par de binóculos, o leitor vai acompanhar o olhar de sete curiosas
solteironas, penetrando em recantos de alcovas e no gabinete da prefeitura. Com
humor e cinismo, qualidades próprias para compor a caricatura de um sistema
autoritário, Josué Guimarães aniquila essa microditadura e constrói uma obra
perfeita, na melhor linhagem do realismo fantástico.
ANÁLISE

Ao acompanhar uma linhagem de mulheres indomáveis, A mãe da mãe


de sua mãe e suas filhas reconta de forma feminina e nada usual a
história do Brasil, compondo um retrato fiel através dos pequenos – e
ao mesmo tempo mais emblemáticos – detalhes de sua sociedade. As
mulheres de Maria José Silveira sobreviveram à exploração
desenfreada do pau-brasil, da cana-de-açúcar e do ouro, à dominação
e à opressão não apenas dos colonizadores e das ditaduras, mas
também de seus parceiros, maridos e amantes. A história se desenlaça
por mais de quinhentos anos até chegar à sua última descendente,
nascida no início do século XXI, que vai de encontro a um futuro de luz
e sombra, de problemas crônicos e grandes esperanças.

"Um retrato fiel das mulheres brasileiras, que, em todas as suas


diferenças, podem ser descritas de diversas formas, menos como
frágeis e submissas." Harvard Review

ANÁLISE
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas resolve se
tornar um aliado do Terceiro Reich. No cenário alternativo criado por
Miguel Sanches Neto, o país se alinha com o Eixo e, como parte do
acordo, é estabelecido que os estados do sul, com grande presença de
descendentes de alemães, podem pôr em prática os princípios do
nazismo, como o racismo, o antissemitismo e a eugenia. Em
Blumenau, à medida que a saudação Heil Hitler se torna corriqueira, o
engenheiro Adolpho Ventura convive atônito com o progressivo
cerceamento de sua liberdade. Seu crime é ser negro e pai de uma
criança mestiça. Na mesma cidade, desenrola-se a trajetória de Hertha,
jovem sedutora que encarna todos os predicados da superioridade
ariana. A ela é confiada uma misteriosa missão. Com violência e
sensualidade, o autor revela uma paixão proibida, enquanto subverte
os fatos para criar um Brasil que não está nos livros de história, mas
nem por isso deixa de ser assustadoramente plausível.

ANÁLISE

O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à


este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A
linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo
e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos
anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com
três filhos.

ANÁLISE

Décimo mandamento para bem- viver na Terra dos Papagaios:


"naquela terra de fomes tantas e lei tão pouca, quem não come é comido".
A sábia conclusão é de Cosme Fernandes, o Bacharel da Cananéia,
um dos "degredados" que aqui chegaram nos primeiros anos do
descobrimento, cuja vida é recriada com saboroso humor nessa paródia,
escrita por José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Cosme Fernandes tem muito o que contar sobre
suas experiências em terras brasileiras. Ele logo aprendeu que nesta terra é preciso dar presentes sem
parcimônia, fazer alarde de qualquer dificuldade, pois aqui vale mais o colorido do frasco que o próprio remédio,
que na terra de Santa Cruz não há quem não troque honradez por honraria. Com mordaz ironia, Pimenta e
Torero recontam episódios da nossa história, inventam outros tantos, construindo uma narrativa deliciosamente
irreverente e crítica.

ANÁLISE

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