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MODERNISMO

SEGUNDA
GERAÇÃO
Profa. Kessya Steicy
INÍCIO

Publicação em 1928

07/02/2024 TÍTULO DA APRESENTAÇÃO 2


A FASE DE
(RE)CONSTRUÇÃO

• A Geração de 30 – ou Segunda Geração Modernista – tem como base as temáticas sociais,


assumindo uma postura de denúncia contra problemas como a seca, a miséria, as relações de
trabalho injustas, o coronelismo etc.
• O regionalismo também figura como assunto nas produções do período, no entanto, sem o
teor sentimental e idealista das obras românticas.
• Essa geração é responsável, em certa medida, pela apresentação de um Brasil desconhecido
e esquecido das páginas da Literatura.
• Escritores da chamada Geração de 30 apresentaram propostas de retomada de algumas
formas literárias e alguns temas poéticos, como o soneto, o amor romântico e a reflexão
sobre a existência.

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A PROSA

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A PROSA
• Nesse momento, após as conquistas formais e temáticas da geração anterior, os
ficcionistas passaram a reutilizar moldes literários já consagrados, como o
romance realista, apresentando categorias da narrativa, o espaço e o tempo, por
exemplo, de modo demarcado.
• Congresso Regionalista de Recife, em 1926, organizado pelo sociólogo Gilberto
Freyre e pelos escritores José Lins do Rego e José Américo de Almeida.
• Os autores da Geração de 30 trabalharam a relação entre a terra e o ser humano,
e o texto deles ganhou um caráter social, político e participativo. Buscando
mostrar o desenvolvimento da região da seca, mas, ainda, destacando a
permanência de desigualdades e impasses

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JOSÉ LINS DO
REGO: FICÇÃO
E MEMÓRIA

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JOSÉ LINS DO REGO
• José Lins do Rego destacou-se por retratar a desestruturação da velha
oligarquia açucareira do Nordeste. Em seus livros, narra-se a decadência
dos senhores de engenho, cuja supremacia passou a ser contestada pela
proliferação das usinas de açúcar.
• A sua obra romanesca pode ser dividida em três eixos principais: o ciclo
da cana-de-açúcar (componentes autobiográficos, os quais remetem à
vida do escritor no engenho do avô ou às lembranças da época de
internato), o ciclo do cangaço, misticismo e seca (descreve a luta pela
sobrevivência no Sertão nordestino) e as chamadas obras independentes.

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"Fogo morto" é a expressão
utilizada no Nordeste para
denunciar a inatividade de um
engenho.

OBRAS

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RACHEL DE
QUEIROZ: UM
OLHAR
PUNGENTE
PARA O
SERTÃO E
PARA O MUNDO

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RACHEL DE QUEIROZ
• Rachel de Queiroz é considerada a principal responsável pela consolidação do
romance regionalista de temática social, denominado, por alguns críticos
literários, como “romance de tese”, por estabelecer um firme compromisso com
a divulgação dos problemas sociais e com a investigação dos dramas humanos
da realidade brasileira.
• No conjunto, a prosa de Rachel de Queiroz apresenta como principais
características o dinamismo e a concisão. Tais efeitos são alcançados por meio
do uso de uma linguagem coloquial e por meio da utilização do discurso direto,
cujo propósito é construir diálogos com naturalidade e realismo. Do ponto de
vista temático, por vezes, há predomínio da análise social e, por vezes, da
análise psicológica.
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RACHEL DE QUEIROZ
• Deve-se também destacar o papel desempenhado pela autora em favor
da renovação da representação da condição feminina na literatura
brasileira. Em suas obras, a mulher figura, quase sempre, como
protagonista e persegue sua independência em uma sociedade patriarcal
e autoritária. Tal desejo de emancipação manifesta-se de diversas
formas. Leia o seguinte trecho do romance O quinze:

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RACHEL DE QUEIROZ
Maciamente, num passo resvalado de sombra, dona Inácia entrou, de volta
da igreja, com seu rosário de grandes contas pretas pendurado no braço.
Conceição só a viu quando o ferrolho rangeu, abrindo:
— Já de volta, Mãe Nácia?
— E você sem largar esse livro! Até em hora de missa!
A moça fechou o livro, rindo:
— Lá vem Mãe Nácia com briga! Não é domingo? Estou descansando.
Dona Inácia tomou o volume das mãos da neta e olhou o título:
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RACHEL DE QUEIROZ
— E esses livros prestam para moça ler, Conceição? No meu tempo, moça só lia romance que o
padre mandava...
Conceição riu de novo:
— Isso não é romance, Mãe Nácia. Você não está vendo? É um livro sério, de estudo...
— De que trata? Você sabe que eu não entendo francês...
Conceição, ante aquela ouvinte inesperada, tentou fazer uma síntese do tema da obra, procurando
ingenuamente encaminhar a avó para suas tais ideias:
— Trata da questão feminina, da situação da mulher na sociedade, dos direitos maternais, do
problema...
Dona Inácia juntou as mãos, aflita:
— E minha filha, para que uma moça precisa saber disso? [...]
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OBRAS

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JORGE AMADO:
LITERATURA E
MILITÂNCIA

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JORGE AMADO
• Narra-se, nas obras de Jorge Amado, a luta pela sobrevivência dos
trabalhadores, em condições precárias, impostas por coronéis em suas
plantações.
• A obra romanesca de Jorge Amado é comumente dividida em dois momentos
ou fases. O período que se encerra com a trilogia Os subterrâneos da liberdade
é considerado a “fase partidária” ou “fase partidarizada” do autor. Nela, sua
escrita se volta para as questões sociais críticas, apresentando a miséria, o
abandono e a exploração de classes sociais brasileiras. Nos romances desse
período, a formação ideológica do autor se sobrepõe, apontando uma diferente
forma de governo capaz de sanar a desigualdade social.
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JORGE AMADO
• Os subterrâneos da liberdade, obra composta por três
volumes,é a obra mais radical de Jorge Amado. Nela, a
temática social é revisitada, mas sob uma nova perspectiva.
• As obras tematizam a luta social durante o período de
vigência do Estado Novo. Por conseguinte, representa-se,
em parte ficcionalmente, a luta de reconstrução do Partido
Comunista durante o período varguista. Em consequência
do ideário do autor, a luta de classes se faz presente, e as
personagens são divididas em dois polos: por um lado, as
personagens populares são movidas pela vontade de
transformação social; as personagens burguesas, por outro
lado, agem conforme os interesses imediatos de preservação
de seu status quo.
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JORGE AMADO
• O romance Gabriela, cravo e canela, que inicia a segunda fase literária
de Jorge Amado, é publicado em 1958, momento em que o Brasil passa
por substanciais transformações econômicas, sociais e políticas. O
“nacional-desenvolvimentismo”, promovido pelo governo do presidente
Juscelino Kubitschek, impregnou a indústria e os setores da economia
formal.
• Nesse contexto, há uma reordenação da obra de Jorge Amado. Constata-
se a incorporação de novos elementos ao seu projeto literário, como a
valorização do humor e a busca por um sentimento de brasilidade.

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OBRAS

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ERICO
VERISSIMO:
TEMPO E
MEMÓRIA

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ERICO VERISSIMO
• Nos romances de Verissimo, por sua vez, constrói-se o panorama da
formação da sociedade gaúcha, cujo principal alicerce é o poder dos
criadores de gado, possuidores de vastas extensões de terra. Em ambos os
autores, constata-se a análise crítica dos jogos de poder que
caracterizaram cada uma das regiões.
• De estilo simples e despojado, construiu sua prosa de ficção com base em
técnicas narrativas como o discurso indireto livre, o monólogo interior e o
ritmo cinematográfico de ações e acontecimentos. Em suas obras, narram-
se, paralelamente, os destinos individuais das personagens e os
desdobramentos da vida coletiva.
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ERICO VERISSIMO
• Na primeira fase do romancista, descrevem-se os costumes da elite e o cotidiano
da sociedade gaúcha, com ênfase nos problemas sociais, sem deixar de lado o
lirismo e o psicologismo. São exemplos dessa fase os romances Clarissa (1933),
Caminhos cruzados (1935), Música ao longe (1936), Um lugar ao sol (1936).
• Na segunda fase, predomina o romance histórico de caráter regionalista. Esse
período literário abrange a trilogia O tempo e o vento, dividida em O continente
(1949), O retrato (1951) e O arquipélago (1961). Nesses romances, Verissimo
descreve a origem do povo gaúcho sob a ótica de duas famílias: os Terra
Cambará e os Amaral. Por meio da ação de personagens, constrói-se o painel da
região sul do país.

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ERICO VERISSIMO
• O autor, na última fase de sua produção literária, dedica-se a obras com
temáticas políticas e satíricas. Trata-se de uma literatura de caráter
engajado, com a denúncia do autoritarismo dos governos militares e das
violações dos direitos humanos. O senhor embaixador (1965), O
prisioneiro (1967) e Incidente em Antares (1971) são obras produzidas
nessa fase.
• Em Incidente em Antares, Erico Verissimo faz uma sátira política
contundente e hilariante que, mesmo lançada em 1971, em plena ditadura
militar, abordou temas como a tortura, a corrupção e o autoritarismo.

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Uma greve geral na cidade de
Antares, aderida também pelos
coveiros, impede o enterro dos
mortos. Os defuntos, já em
putrefação, resolvem reivindicar o
OBRAS direito de serem enterrados – caso
contrário, assombrarão a cidade.
Seguem pelas ruas e casas e
denunciam as mazelas e a
desonestidade local. O mau cheiro de
corpos espelha a podridão moral que
ronda a cidade.

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AS ALMAS
SECAS E
RUDES DE
GRACILIANO
RAMOS

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GRACILIANO RAMOS
• Sua prosa apresenta uma linguagem concisa, composta por frases curtas, bem como
uma sintaxe simples, marcada pela economia no uso de advérbios e adjetivos. Na
literatura regionalista, notabilizou-se pela sondagem psicológica de suas
personagens, geralmente homens brutos do sertão, cujo comportamento compunha
um retrato da vida desumanizada desses indivíduos. Por isso, para muitos estudiosos,
o escritor é responsável por resgatar e renovar a estética realista do século XIX.
• Na escrita de Graciliano Ramos, são equilibradas análises psicológicas e sociais. Por
um lado, ocorre a observação apurada dos sentimentos e pensamentos das
personagens; por outro, a denúncia das injustiças sociais. Em consequência disso,
suas figuras humanas experimentam uma sensação de incompatibilidade com o meio
em que estão inseridas.

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GRACILIANO RAMOS
• Nos romances de Graciliano Ramos, as condições degradantes impostas
pelo ambiente implacável do sertão nivelam todos os seres, os quais
competem pela sobrevivência. Por isso, uma palavra que se repete na
obra do escritor é “bicho”, termo cujo emprego enfatiza o processo de
desumanização e de rebaixamento moral que atingia os homens simples
do interior nordestino.

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SÃO BERNARDO
Bichos. As criaturas que me serviram durante anos eram bichos. Havia
bichos domésticos, como o Padilha, bichos do mato, como Casimiro
Lopes, e muitos bichos pra o serviço do campo, bois mansos. Os currais
que se escoram uns aos outros, lá embaixo, tinham lâmpadas elétricas. E
os bezerrinhos mais taludos soletravam a cartilha e aprendiam de cor os
mandamentos da lei de Deus.
Bichos. Alguns mudaram de espécie e estão no exército, volvendo à
esquerda, volvendo à direita, fazendo sentinela. Outros buscaram pastos
diferentes.

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SÃO BERNARDO
Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado,
com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio,
debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a
mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam
ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera. […]
— Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.

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VIDAS SECAS
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam
admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era um homem:
era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Olhou em
torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a
frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
— Você é um bicho, Fabiano.
Isso para ele era motivo de orgulho.
— Sim senhor, um bicho capaz de vencer dificuldades.

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OBRAS

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A POESIA

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A POESIA
• No século XX, eventos históricos como o crash da Bolsa de Valores de
Nova York, em 1929, e a Era Vargas, iniciada em 1930, influenciaram a
produção artística na segunda fase do Modernismo, que consolidou
conquistas artísticas sugeridas pela Geração de 1922.
• Nesse contexto, a poesia levantou questionamentos sobre o papel do
poeta no mundo e a inevitável reflexão sobre o fazer poético, por vezes,
revelando uma natureza religiosa, espiritual.

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JORGE DE
LIMA: A
POESIA EM
METAMORFOSE

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JORGE DE LIMA
• Entre as principais características das obras de Jorge de Lima estão o
diálogo do extraordinário com o comum, do universal com o regional e
do tradicional com o novo. Essa combinação de elementos reflete a
natureza de um artista multifacetado, que mesclou estilos. Por esse
motivo, percebe-se, em seus textos, ora a religiosidade de inspiração
barroca, ora o apuro formal parnasiano, ora o regionalismo modernista.
Em outras palavras, nota-se uma consciência poética em permanente
estado de mudança e de busca por diferentes modos de expressão.

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JORGE DE LIMA
Madorna de Iaiá que Iaiá tem vontade de dormir.
Iaiá está Com quem?
na rede de tucum. [...]
A mucama de Iaiá tange os piuns, Iaiá ferra no sono
balança a rede, pende a cabeça,
canta um lundum abre-se a rede
tão bambo, tão molengo, tão como uma ingá.
dengoso,
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JORGE DE LIMA
Para a mucama de cantar, balança a rede,
tange os piuns, tange os piuns,
cala o ram-rem, canta um lundum
abre a janela, tão bambo,
olha o curral: tão molengo,
— um bruto sossego no curral! tão dengoso,
que Iaiá sem se acordar,
Muito longe uma peitica faz si-dó... se coça,
si-dó... si-dó... si-dó... se estira
e se abre toda, na rede de tucum.
Antes que Iaiá corte a madorna, Sonha com quem?
a moleca de Iaiá
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MURILO
MENDES:
RELIGIOSIDADE
E
SURREALISMO

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MURILO MENDES
• Murilo Mendes fez parte de um grupo de escritores dos anos 1930 e cujos
textos voltavam-se para a religiosidade.
• Em sua poesia, Murilo passou a assumir temas além do mundo físico,
seguindo o Surrealismo como influência.
• Como exemplo de sua inovação estilística, é possível destacar, principalmente
em suas últimas produções literárias, a utilização de dualismos, neologismos e
do espaço em branco da página. Seus poemas curtos, batizados de
“murilogramas”, tornaram-se bastante conhecidos. Neles, o poeta homenageia
autores de sua predileção, entre os quais encontram-se Baudelaire, Camões,
Fernando Pessoa, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
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MURILO MENDES

Homo brasiliensis
O homem
é o único animal que joga no bicho.

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MURILO MENDES
Vocação do poeta Vim para ignorar os grandes e consolar
os pequenos
Não nasci no começo deste século: Não vim para construir a minha própria
riqueza
Nasci no plano eterno,
Nem para destruir a riqueza dos outros.
Nasci de mil vidas superpostas,
Vim para reprimir o choro formidável
Nasci de mil ternuras desdobradas
Que as gerações anteriores me
Vim para conhecer o mal e o bem transmitiram.
E para separar o mal e o bem. Vim para experimentar dúvidas e
Vim para amar e ser desamado. contradições.
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MURILO MENDES
Vim para sofrer as influências do máquina,
tempo E que a palavra essencial de Jesus
E para afirmar o princípio eterno de Cristo
onde vim. Dominará as palavras do patrão e do
Vim para distribuir inspiração às operário.
musas. Vim para conhecer Deus meu
Vim para anunciar que a voz dos criador, pouco a pouco,
homens Pois se O visse de repente, sem
Abafará a voz da sirene e da preparo, morreria.
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CECÍLIA
MEIRELES:
SENSIBILIDADE
E MEDITAÇÃO
POÉTICA

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CECÍLIA MEIRELES
• A poesia de Cecília Meireles é considerada, por muitos estudiosos, uma experiência
literária neossimbolista, destacando muitas vezes a vocação espiritualista de sua poesia.
Isso porque, além das impressões sinestésicas constantemente evocadas em seus versos,
encontra-se a presença de símbolos como a água, o mar, o ar, o tempo, que são
característicos da atmosfera etérea e de comunhão com o universo do Simbolismo do
século XIX.
• No plano temático, os assuntos mais recorrentes dizem respeito à efemeridade da vida, à
transitoriedade das coisas, à solidão e à dor. Tudo isso se expressa por meio de uma poesia
lírica de extrema sensibilidade e delicadeza. Como resultado, nos poemas da escritora, vê-
se um eu lírico com postura contemplativa e extática em relação aos mistérios da vida e da
morte, do ser e do não ser. Muitos dos versos assemelham-se a uma espécie de meditação,
cujo propósito é a compreensão de si e do mundo à sua volta.
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CECÍLIA MEIRES
Retrato Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Eu não tinha este rosto de hoje, Que nem se mostra.
Assim calmo, assim triste, assim
magro, Eu não dei por esta mudança,
Nem estes olhos tão vazios, Tão simples, tão certa, tão fácil:
Nem o lábio amargo. — Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Eu não tinha estas mãos sem força,
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VINICIUS DE
MORAES:
MÚSICA E
POESIA

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VINÍCIUS DE
MORAES
• Obra dividida em dois períodos. No primeiro, influenciado por sua formação
religiosa e pelo misticismo católico, mesclam-se motivos cristãos e elementos
simbolistas. Essa fase inicia-se com O caminho para a distância (1933), e encerra-se
com o poema Ariana, a mulher (1936). No segundo período, inaugurado pela
publicação de Cinco elegias (1943), sua obra adquire, de acordo com o próprio
Vinicius, aspectos de uma poesia mais viril, sensual, aproximando-se do mundo
material e pragmático e refutando o abstracionismo das primeiras obras.
• É importante notar que, para além de sua produção poética tradicional, Vinicius de
Moraes teve participação relevante na composição de canções populares, criando
parcerias com diversos compositores brasileiros e exercendo papel de influenciador
nos rumos da música popular no Brasil.
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VINÍCIUS DE
MORAES
• Obra dividida em dois períodos. No primeiro, influenciado por sua
formação religiosa e pelo misticismo católico, mesclam-se motivos
cristãos e elementos simbolistas. Essa fase inicia-se com O caminho
para a distância (1933), e encerra-se com o poema Ariana, a mulher
(1936). No segundo período, inaugurado pela publicação de Cinco
elegias (1943), sua obra adquire, de acordo com o próprio Vinicius,
aspectos de uma poesia mais viril, sensual, aproximando-se do mundo
material e pragmático e refutando o abstracionismo das primeiras obras.

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VINÍCIUS DE
MORAES
Soneto de separação
De repente da calma fez-se o vento
De repente do riso fez-se o pranto Que dos olhos desfez a última
Silencioso e branco como a bruma chama
E das bocas unidas fez-se a espuma E da paixão fez-se o
pressentimento
E das mãos espalmadas fez-se o
espanto E do momento imóvel fez-se o
drama

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VINÍCIUS DE
MORAES
De repente não mais que de
repente Fez-se do amigo próximo,
Fez-se de triste o que se fez distante
amante Fez-se da vida uma aventura
E de sozinho o que se fez errante
contente De repente, não mais que de
repente

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CARLOS
DRUMMOND DE
ANDRADE: O
POETA DE SEU
TEMPO

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CARLOS DRUMMOND
DE ANDREADE
• Vivendo às vésperas da Segunda Guerra Mundial, Carlos Drummond de
Andrade captou as dores de um mundo apreensivo e com medo. Por
isso, muitos de seus poemas são marcados e lembrados pelo pessimismo
e pela melancolia. No entanto, deve-se destacar que Drummond foi um
poeta multifacetado, movido por interesses temáticos variados e por
tipos de versificação diversos.

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CARLOS DRUMMOND
DE ANDREADE
“Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não
considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor de
cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as
forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e
secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os
poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de
inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos. Infelizmente, exige-se
pouco do nosso poeta; menos do que se reclama ao pintor, ao músico, ao
romancista...”

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CARLOS DRUMMOND
DE ANDREADE
Congresso internacional do medo o medo grande dos sertões, dos mares, dos
desertos,
Provisoriamente não cantaremos o amor, o medo dos soldados, o medo das mães, o
medo das igrejas,
que se refugiou mais abaixo dos
subterrâneos. cantaremos o medo dos ditadores, o medo
dos democratas,
Cantaremos o medo, que esteriliza os
abraços, cantaremos o medo da morte e o medo de
depois da morte,
não cantaremos o ódio porque este não
existe, depois morreremos de medo
existe apenas o medo, nosso pai e nosso e sobre nossos túmulos nascerão flores
companheiro, amarelas e medrosas.
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