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Nos anos 1914 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vive por um
ano e vai trabalhar como jornalista. O ano seguinte ele chega a Palmeira
dos Índios e se casa com Maria Barros. Ela acaba morrendo cinco anos
depois. Graciliano vai escrever neste período para alguns jornais. Mas a
morte de sua mulher vai imprimir um significado negativo à sua vida.
“Graciliano, era um homem tímido, introspectivo, discreto. O
esplendor do autor é revelado somente pela literatura de alguns dos livros;
2
W. BENJAMIM, O narrador, São Paulo, Brasiliense, 1985, p. 212.
Sua morte foi no dia 20 de março de 1953 sem nunca ter se ocupado
em fazer um panorama do Rio de Janeiro onde habitava nos últimos anos
de sua vida. Conta-se que um dia caminhava com o filho pela cidade e
chegando ao famoso bairro das Laranjeiras, onde viviam, o menino parou e
gritou: "Como é lindo aqui!". Graciliano assustou-se e pediu se ele
acreditava realmente que fosse assim tão bonita a cidade, pois, para
Graciliano, Alagoas era o único lugar que amava.
Tendo em conta esta síntese de sua vida, podemos ter uma primeira
referencia de como o autor se relacionava com o mundo moderno. Como já
dissemos, ao ler seus escritos, pode-se perceber a tensão interiorizada pelos
personagens. Suas perguntas sobre o mundo externo exprimem a
hermenêutica de mundo que o autor tem. Por vezes apaixonado por ele,
como faz pensa o Filho mais velho em Vidas Secas: “Tutti i luoghi che
conosceva erano buoni: lo stabbio delle capre, il recinto del bestiame…
mondo in cui esistevano essere reali, la famiglia del bovaro e gli animali
della fazenda…una popolazione di pietre e alberi…Questi mondi vivevano
in pace, a volte sparivano le frontiere, gli abitanti dei due lati si
intendevano perfettamente e si aiutavano. Esistevano senza dubbio
ovunque forze malefiche, ma quelle forze erano sempre vinte. E quando
Fabiano domava un cavallo selvaggio, evidentemente un nume protettore lo
teneva fermo in sella, gli indicava i percorsi meno pericolosi, gli faceva
evitare le spine e i rami.”3 E em muitas outras vezes sem esperança de
encontrar algo de bom e belo como diz Fabiano, na mesma obra: “Tirò
fuori dalla tasca la traccia di tabacco, si preparò una sigaretta triturando il
tabacco con il coltello. Se almeno potesse ricordarsi di qualche fatto
gradevole, la vita non sarebbe del tutto cattiva.”4
Sociedade e Ego se mostram, ambas, como um mundo árido, hostil, de
permanente desconfiança do homem. Mas emerge, também, um sujeito
3
RAMOS, Vite Secche, cit., p.. 55.
4
Ib., p. 91.
árido e hostil. É possível pensar que a relação Eu - Mundo começa num
espírito de incerteza. Como se pode entender nas perguntas de Fabiano, o
pai de família no livro de Vidas Secas, não havia razão para que a vida
fosse assim desordenada, assim desafortunada. Mas a narração dá a
resposta de maneira irônica: “todos eram bestas”. Toda a obra se
desenvolve sobre a falta de respostas aos questionamentos de Fabiano
diante da família: Qual a razão daquela vida?
Escreveu ao todo 11 livros:
Romances: Caetés (1933), São Bernardo (1934), Angústia
(1936), Vidas Secas (1938);
Histórias: Insônia (1947), Alexandre e Outros Heróis (1962);
Memórias: Infância (1945), Memórias do Cárcere (1953);
Crônicas: Linhas Tortas (1962), Viventes das Alagoas (1962);
Viagens: Viagem (1954).