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OBRA ANALISADA O país do Carnaval, 1931.

GÊNERO Romance filosófico


AUTOR Jorge Amado
DADOS BIOGRÁFICOS Nome completo: Jorge Amado de Faria
Nascimento: 10 de agosto de 1912, Itabuna, BA
Morte: 06 de agosto de 2001, Salvador, BA
BIBLIOGRAFIA INDIVIDUAIS...

Romances

- O País do Carnaval, 1931


- Cacau, 1933
- Suor, 1934
- Jubiabá, 1935
- Mar Morto, 1936
- Capitães da Areia, 1936
- Terras do Sem Fim, 1943
- São Jorge dos Ilhéus, 1944
- Seara Vermelha, 1946
- Os Subterrâneos da Liberdade (3 volumes), 1954 (v. 1: Os
Ásperos Tempos; v. 2: Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel)
- Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma cidade do interior,
1958
- Os Pastores da Noite, 1964
- Dona Flor e Seus Dois Maridos, 1966
- Tenda dos Milagres, 1969
- Teresa Batista Cansada da Guerra, 1972
- Tieta do Agreste: pastora de cabras ou A volta da filha
pródiga, 1977
- Farda Fardão Camisola de Dormir, 1979
- Tocaia Grande: a face obscura, 1984
- O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988
- A Descoberta da América pelos Turcos ou De como o árabe
Jamil Bichara, desbravador de florestas, de visita à cidade de
Itabuna, para dar abasto ao corpo, ali lhe ofereceram fortuna e
casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994
- O Compadre de Ogum, 1995

Novelas

- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua, 1959


- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada
juntamente com Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade
sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso
de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros,
1961
- Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as
discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão,
capitão de longo curso, 1976

Literatura Infanto-Juvenil
- O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor,
1976
- A Bola e o Goleiro, 1984
- O Capeta Carybé, 1986

Poesia
- A Estrada do Mar, 1938

Teatro

- O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor de


Castro Alves), 1958

Contos

- Sentimentalismo, 1931
- O homem da mulher e a mulher do homem, 1931
- História do carnaval, 1945
- As mortes e o triunfo de Rosalinda, 1965
- Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de
Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco, 1979
- O episódio de Siroca, 1982
- De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto,
1989

Relatos autobiográficos

- O menino grapiúna, 1981


- Navegação de cabotagem: apontamentos para um livro de
memórias que jamais escreverei, 1992

Textos autobiográficos

- ABC de Castro Alves, 1941


- O cavaleiro da esperança, 1945

Guia/Viagens

- Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e de mistérios, 1945


- O mundo da paz (viagens), 1951
- Bahia Boa Terra Bahia, 1967
- Bahia, 1970
- Terra Mágica da Bahia, 1984.

Documento político/oratória

- Homens e coisas do Partido Comunista, 1946


- Discursos, 1993

Livro traduzido
- Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do venezuelano
Rómulo Gallegos, 1934

EM PARCERIA...

- Lenita (novela), com Edison Carneiro e Dias da Costa, 1929


- Descoberta do mundo (literatura infantil), com Matilde Garcia
Rosa, 1933
- Brandão entre o mar e o amor, com José Lins do Rego,
Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, 1942
- O mistério de MMM, com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de
Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Rachel de Queiroz, José
Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa,
1962

RESENHA A personagem principal Paulo Rigger era um advogado criado


em Paris desde a adolescência. Não se sentia brasileiro, não
conhecia sua gente. Voltava ao Brasil depois de bacharel para
cuidar da fazenda do pai.

No navio, conhece uma francesa por quem se apaixona, Julie,


que fica com ele no Rio de Janeiro.

O romance é recheado de quebras narrativas, mas ainda não


vemos as narrativas dentro da narrativa como vemos em seus
romances maduros (já seria um ensaio para uma das maiores
características estruturais da obra de Jorge Amado).

Paulo é apresentado a Pedro Ticiano que será seu grande amigo


e mentor. Pedro, jornalista de 64 anos, de extrema esquerda,
radical e por isso colocado à margem da imprensa baiana.

Formavam um grupo de intelectuais: Pedro Ticiano, Jeronimo


Soares, Ricardo Braz, Gomes, José Lopes e Paulo Rigger.

O romance gira em torno das discussões do grupo sobre a


felicidade e como alcança-la.

Além das discussões filosóficas, os encontros dos amigos são


repletos de teorias sobre o fazer literário, sobre a filosofia e
sobre a boa literatura.

Em meio a divagações filosóficas, corre o tórrido romance entre


Paulo e a francesa. Paulo a amava, mas como se sabia não
amado, negava seu próprio sentimento. Dizia que era apenas
atração, carne. Quando partem para a fazenda, Julie envolve-se
com um capataz.

Paulo a flagra. Manda despedir o empregado e após dar uma


surra em Julie, manda-a ir embora:
(…) Abraçaram-se. Possuíram-se.
E, no grande momento, ela pediu:
-- Perdoa-me.
-- Não!
Empurrou-a. Apertou-lhe a garganta. Ela gritou. Soltou-
a. Tinha uma vontade louca de esmagá-la. Disse-lhe
nomes feios. Ela sorriu. Ele deu-lhe um soco. Ela gritou:
-- Covarde!
E ele bateu-lhe até cansar-se.

Paulo esquece-se de Julie. Compreende que não a amava e que


a relação deles não passava de desejo.

Após o rompimento com francesa, passa a dedicar-se ao jornal


fundado por Gomes. Mais tarde, os amigos romperiam com
Gomes que demite Ticiano por escrever um conto de carnaval
de temática homessexual.

Conhece Maria de Lourdes na fila do cinema e se apaixona.


Maria de Lourdes, menina muito pobre, vivia com madrinha e a
irmã num cortiço. Os dois começam a namorar e logo Paulo a
pede em casamento, levando a jovem às lagrimas. Maria de
Lourdes tinha um passado que acabaria com sua felicidade.
Anos antes, a menina fora noiva, seu noivo morrera antes do
casamento, porém, eles já haviam se relacionado intimamente.

Ao saber que a noiva não era mais virgem, Paulo a abandona,


por não suportar a revelação.

Maria de Lourdes parte para uma cidade do interior. Tempos


depois, Paulo fica sabendo que a menina se casou com um
professor.

Paulo passa a viver infeliz, lamentando não ter tido coragem de


quebrar as convenções e se casar com Lourdinha, mesmo que
ela não fosse mais virgem.

A infelicidade era o estilo de vida daqueles intelectuais,


liderados por Ticiano, o mais cético e infeliz deles.

Alguns, porém, viam na vida simples e cotidiana a felicidade.


Ricardo Braz se casa com uma jovem que conheceu na igreja,
D. Ruth. Apesar de todos afirmarem que ele seria infeliz.

Jeronimo se amasia, em segredo, com uma jovem prostituta


que conhecera no bar. Eles montam uma casa e passa a viver
felizes. Ricardo, entretanto, toda vez que se encontrava com os
amigos, mudava de humor – pois ouvia os amigos dizerem que
a felicidade era para gênios (=inteligência) medíocres, sentia-se
medíocre por se sentir feliz.
Pedro Ticiano, já muito velho, morre. Os amigos ficam muito
abalados.
A morte de Pedro, porém, muda o rumo da vida deles. Paulo
decide voltar para Paris, José Lopes, o mais intelectual de
todos, torna-se comunista. Jeronimo, aceita enfim sua felicidade
e percebe que a única coisa que lhe faltava era Deus. Gomes
torna-se rico com jornal. E Ricardo Braz, que tanto defendia o
casamento, percebe que era completamente infeliz com a
monotonia de sua vida.

Paulo parte do Brasil:

“Lá longe, desaparecia, lentamente, o País do Carnaval”.

ESTILO DE ÉPOCA Segunda geração modernista

INTERTEXTUALIDADE O romance dialoga com diversos filósofos. Passeia pelo niilismo


profético de Nietzsche, citando filósofos como Tomas Aquino.

VISÃO CRÍTICA Obra de estreia de Jorge Amado, de 1931. É, na verdade, um


tratado filosófico sobre a felecidade, sobre a literatura, sobre a
religião, sobre o amor e os relacionamentos.

Nessa obra, não vemos a temática religiosa que tanto marcou


as obras de Jorge Amado, o Candomblé não é manifestado.

Por ser sua obra de estreia, as principais características de


Jorge Amado se mostram muito tenuemente: o romance se
passa na Bahia, mas as ruas de Salvador não são um cenário
forte, principalmente porque é a vida de intelectuais que está
em pauta. O romance circula entre a fazenda de Paulo e o bar
onde os amigos se encontravam. As ruas de Salvador aparecem
apenas de passagem. Também não vemos nessa obra as
personagens marginais (=que ficam à parte), tão comuns em
outros romances. O protagonista é um intelectual de família
abastada (= endinheirada). A única presença de gente do povo
vemos na breve descrião do carnaval do Rio de Janeiro:

Então notou que as ruas estavam cheias de povo.


Automóveis passavam, carregando moças fantasiadas.
Loucural geral.

(...)

Ele pensava em gritar: -- viva o Brasil! –viva o Brasil!


Sentia-se integrado na alma do povo e não pensou que
aquilo era somente no Carnaval quanto todos, como ele
fizera durante toda a sua vida, se entregavam aos
instintos e faziam a Carne o deus da humanidade...

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