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ALBERT CAMUS [An

o]
ALBERT CAMUS
MORTE FELIZ

OBRAS DO AUTOR

O ESTRANGEIRO — romance, 1942


A PESTE — romance, 1947
A QUEDA — romance, 1956
O EXÍLIO E O REINO — contos, 1957
A MORTE FELIZ (obra póstuma) — romance, 1971
DIÁRIO DE VIAGEM (A Visita de Camus ao Brasil)
memórias, 1978

Tradução de
VALERIE RUMJANEK

2 EDIÇÃO

EDITOR RECORD

Título original francês

LA MORT HEUREUSE

Copyright 1971 by Éditions Gallimard

Direitos de publicação exclusiva em língua portuguesa no Brasil


adquiridos pela

DISTRIBUIDORA RECORD DE SERVIÇOS DE IMPRENSA S.A.


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que se reserva a propriedade literária desta tradução
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GÊNESE DE
“A MORTE FELIZ”

Nesta introdução, não se insiste nos dados biográficos. O


essencial do que é preciso saber já foi fornecido por Roger Quilliot nos
dois volumes da coleção Pléiade. A Morte Feliz explora as lembranças
do bairro pobre, em Belcourt, onde Camus passou a infância; de seu
emprego como despachante marítimo; de sua viagem à Europa

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Central, no verão de 1936; de suas passagens pela Itália, em 1936 e
1937; de suas estadas em sanatórios; de sua vida na Maison Fichu, ou
“Casa Diante do Mundo”, nas colinas de Argel, onde se instalou em
novembro de 1936. Podem-se ler, também, alguns episódios de sua
vida amorosa: os dois anos de relações conjugais e o rompimento
com Simone Hié, consumado em Salzburgo, após uma discussão
tempestuosa, estão transcritos nesse livro. Outro personagem
feminino, de difícil identificação, desempenha um papel importante.
Nas notas, poderemos encontrar algumas indicações mais precisas.
Ficam algumas interrogações, que a pesquisa erudita talvez venha a
responder algum dia: quem foi Lucienne? e Roland Zagreus? e o
Doutor Bernard? etc...
Parece-nos mais útil, nesse caso, esboçar uma gênese literária
do que estabelecer a correspondência minuciosa entre um romance e
uma vida.
A primeira menção precisa, nos cadernos, do que se
transformará em A Morte Feliz é um plano para a “Parte 11”, que só
pode ser posterior à viagem à Europa Central. Os últimos esboços
para A Morte Feliz datam de 1938. Encontra-se, ainda, o nome de
Mersault em janeiro de 1939, mas, a partir daí, é O Estrangeiro que
interessa a Camus. Assim é que A Morte Feliz foi concebida e
elaborada de 1936 a 1938. E obra contemporânea dos ensaios de O
Avesso e o Direito em sua primeira forma; dos ensaios de Núpcias em
suas últimas transformações. A esse romance, sucede a primeira
redação de Calígula.
Para se ter a melhor idéia possível da forma pela qual esse
romance foi elaborado, pode-se considerar inicialmente, a versão
final. A Morte Feliz divide-se em duas partes, cada uma
compreendendo cinco capítulos: “Morte Natural”, depois “A Morte
Consciente”. No entanto, de 140 páginas datilografadas, a primeira
parte só comporta 49, ou seja, pouco mais de um terço.
A “Morte Natural” tem como núcleo central o assassinato de
Roland Zagreus. O herói, Mersault, mata-o no primeiro capítulo,
apodera-se de seu dinheiro e resfria-se ao voltar para casa. Os
capítulos seguintes são um retorno ao passado: a vida comum de
Mersault (cap. II); suas relações com Marthe e seu ciúme sexual (cap.
III); sua longa conversa com Zagreus (cap. IV); e, finalmente, o
encontro que teve com Cardona, o tanoeiro, cuja história infeliz é
narrada (cap. V). Condensando, eis o fio condutor da narrativa: um
empregado subalterno, de vida medíocre, Patrice Mersault, vizinho de
um tanoeiro, cuja vida é ainda mais medíocre, amante de uma moça
que teve como primeiro amante o inválido Roland Zagreus, entra,
graças a ela, em contato com este último, e descobre, em conversa
com ele, como fez a sua fortuna: aproveitando-se dessa confidência,
assassina-o; parte, então em viagem, com a saúde claudicante, mas
com a bolsa cheia.

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