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O Estrangeiro (livro)

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L'Étranger (em português O estrangeiro) é o mais famoso
romance do escritor Albert Camus. A obra foi lançada em L'étranger
1942, tendo sido traduzida em mais de quarenta línguas e
recebido uma adaptação cinematográfica realizada por Luchino O estrangeiro (PT)
Visconti em 1967. Autor(es) Albert Camus

Faz parte do "ciclo do absurdo" de Camus, trilogia composta de Idioma língua francesa
um romance (L'Étranger), um ensaio (Le mythe de Sisyphe - O País França
mito de Sísifo) e de uma peça de teatro (Calígula) que Editora Éditions Gallimard
descrevem o aspecto fundamental de sua filosofia : o absurdo.
Lançamento 1942
Páginas 185
Edição portuguesa
Índice
Tradução António Quadros
Enredo
Editora Livros do Brasil, Círculo de Leitores
Contexto da história e filosofia
Páginas 169
Influências na cultura
ISBN 972-42-0730-7
Ver também
Referências Edição brasileira
Ligações externas Tradução Maria Jacintha e Antonio Quadros
Editora Abril Cultural
Lançamento 1979
Enredo
Páginas 298

“ Hoje mamãe morreu. Ou talvez


ontem, não sei. Recebi um
telegrama do asilo: "Mãe morta.
Cronologia

O mito de Sísifo
Enterro amanhã. Sinceros
sentimentos." Isso não quer
dizer nada. Talvez tenha sido
ontem. ”
O romance conta a história de um narrador personagem, Meursault, um homem vivente que então comete um assassinato e é
julgado por esse ato. A ação desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colônia francesa, país onde Camus viveu grande
parte da sua vida.

A narrativa começa com o recebimento de um telegrama por Mersault, o protagonista, comunicando o falecimento de sua mãe,
que seria enterrada no dia seguinte. Ele viaja então ao asilo onde ela morava e comparece à cerimônia fúnebre, sem, no entanto,
expressar quaisquer emoções, não sendo praticamente afetado pelo acontecimento. O romance prossegue, documentando os
acontecimentos seguintes na vida de Meursault que forma uma amizade com um dos seus vizinhos, Raymond Sintès, um
conhecido proxeneta. Ele ajuda Raymond a livrar-se de uma de suas amantes árabes. Mais tarde, os dois se confrontam com o
irmão da mulher ("o árabe") em uma praia e Raymond sai ferido depois de uma briga com facas. Depois disso, Meursault volta à
praia e, em um delírio induzido pelo calor e pela luz forte do sol, atira uma vez no árabe causando sua morte e depois dá mais
quatro tiros no corpo já morto.

Durante o julgamento a acusação concentra-se no fato de Meursault não conseguir ou não ter vontade de chorar no funeral da sua
mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos importante do que o fato de Meursault ser ou não capaz de sentir remorsos; o
argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, deve ser considerado um misantropo perigoso e consequentemente
executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num exemplo.

Quando o romance chega ao final, Meursault encontra o capelão da prisão e fica irritado com sua insistência para que ele se volte
a Deus. A história chega ao fim com Meursault reconhecendo a indiferença do universo em relação à humanidade. As linhas
finais ecoam essa ideia que ele agora toma como verdadeira:

“ Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de


esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu me abria pela
primeira vez à terna indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida a mim
mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais
uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só,
restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia de minha
execução e que eles me recebessem com gritos de ódio. ”
Contexto da história e filosofia
Albert Camus, como Meursault, era um pied-noir (literalmente pé negro); um francês que vivia no Magreb, o crescente
setentrional da África às margens do Mar Mediterrâneo, a região que abrigava as colônias francesas. Isso explica parcialmente a
reação da corte, mais preocupada com a atitude de Meursault no enterro de sua mãe, do que com o próprio crime cometido, o
assassinato de um árabe.

O estrangeiro é normalmente classificado como um romance existencial. Como, no entanto, Camus rejeitou essa classificação, é
mais correto afirmar que o romance se insere na teoria do absurdo de Camus, assim como os outros livros da "trilogia do
absurdo". Muitos leitores acreditam que Meursault vive pelas ideias dos existencialistas, principalmente após sua tomada de
consciência final. No entanto, na primeira metade do romance, Meursault é claramente um indivíduo inconsequente e destituído
de objetivo. Ele é movido somente pelas experiências sensoriais (o cortejo fúnebre, nadar na praia, o sexo com Marie, etc.).

Apesar de rejeitar o rótulo de existencialista, Camus foi influenciado, ao escrever o romance, pelas ideias de Jean-Paul Sartre e
Martin Heidegger. Camus e Sartre em particular haviam se envolvido na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e
foram amigos até que diferenças em posições políticas os levaram ao rompimento.

No limite, Camus apresenta o mundo como essencialmente sem sentido e assim, a única forma de chegar a um significado ou
propósito é criar um por si mesmo. Assim, é o indivíduo e não o ato que dá significação a um dado contexto. Camus também lida
com essa questão, assim como as questões de relacionamento humano e o suicídio em outras obras de ficção como La Mort
heureuse (1971 - em português: A Morte Feliz) e La peste (1947 - em português: A Peste), assim como em algumas obras de não-
ficção como L'Homme révolté (1951 - em português: O homem revoltado) e Le Mythe de Sisyphe (1942 - em português: O Mito
de Sísifo).

Influências na cultura
No cinema, o romance inspirou o filme Lo Straniero (1967), dirigido por Luchino Visconti e Yazgi (2001), dirigido por Zeki
Demirkubuz. Ele também inspirou o filme dos Irmãos Coen The Man Who Wasn't There.
Na música popular, inspirou a canção do The Cure Killing an Arab. Também influenciou a canção A Revolta dos Dândis I, do
disco A Revolta dos Dândis, da banda Engenheiros do Hawaii . Há rumores, não confirmados por seus autores, de que tenha
inspirado também a canção Bohemian Rhapsody do Queen. O romance também é citado por Chico Buarque em sua música "As
Caravanas", cujo refrão contém a frase "a culpa deve ser do Sol", dita por Meursault durante seu julgamento.

Ver também
Anexo:Os 100 livros do século do Le Monde

Referências
Artigo adaptado da Wikipédia em inglês, versão consultada: [1] (https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=The_S
tranger_%28novel%29&direction=next&oldid=140884203)
CAMUS, Albert. L'Étranger. Collection Folio, Éditions Gallimard (ISBN 2-07-036002-4). - citações traduzidas
livremente a partir dessa edição.
Sobre o autor:

BARRETTO, Vicente. Camus: vida e obra. [s.L.]: José Álvaro, 1970.

Ligações externas
(em inglês) Long critical article (https://web.archive.org/web/20060701231707/http://nicollsbooks.com/articles/Str
anger.html) on The Stranger by Alan Nicoll

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