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Seminário Literário:

“Memórias de um
Sargento de Milícias”

Leandro de Souza Sertório


Mateus Vicente Lopes dos Santos
Bernardo de Oliveira da Silva
Geovana Jesus Batista
João Pedro Dias de Azevedo
Contexto Histórico

A história inteira se passa no Rio de


Janeiro, entre os anos de 1808 e 1821, período em
que D. João VI e sua corte estiveram no Brasil. A
obra traz é carregada do humor popular da época,
focando em uma abordagem leve, evidenciando o
recorte de uma classe não tão abastada, porém
não miserável culturalmente e artisticamente.

Brasil na Chegada da Família Real Portuguesa (1808)


Biografia do autor

Manuel Antônio de Almeida (1831-1861) foi um


escritor e jornalista brasileiro do século XIX. Ele é mais
conhecido por sua obra "Memórias de um Sargento de
Milícias", um dos primeiros romances que flertou com o
realismo na literatura brasileira..
Almeida nasceu no Rio de Janeiro e estudou medicina,
embora tenha se dedicado mais ao jornalismo e à escrita
literária. Ele foi um colaborador ativo de diversos jornais e
revistas do período, e suas obras frequentemente
refletiam as características sociais e culturais do Brasil
daquela época.
MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA
Biografia do autor

Apesar de seu talento literário, Manuel


Antônio de Almeida enfrentou dificuldades
financeiras e não obteve grande reconhecimento
durante sua vida. Ele faleceu jovem, aos 29 anos,
em decorrência da tuberculose. Após sua morte,
"Memórias de um Sargento de Milícias" ganhou
maior destaque e se tornou um clássico da
literatura brasileira, sendo apreciado por gerações
de leitores e estudiosos.
MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA
Elementos da Narrativa

Por mais que se tenha “Memórias” no título, o livro


é narrado em terceira pessoa, com a presença de um
narrador onisciente, sem qualquer relação física ou
emocional com os personagens da história, ou seja, as
memórias nesse sentido, entram de forma metafórica,
representando o saudosismo do autor. Além disso o
mesmo também se dirige ao leitor em seus comentários.

“Por estas palavras vê-se que ele suspeitara alguma coisa;


e saiba o leitor que suspeitara a verdade”
(Capítulo II.).
Elementos da Narrativa

O tempo é cronológico e linear, há


também a presença de “flashbacks”,
mas nada que prejudique a compreensão
da percepção dos acontecimentos.
Características Literárias

A obra é um bom exemplo de transição entre


movimentos artísticos, pois ela apresenta tanto elementos
do romantismo vigente da época quanto vários indícios do
realismo.
Exemplos:
• Não há vilão, muito menos herói.
• Caracterização ou Caricaturas.
• Presença forte do humor.
• Saudosismo e Nacionalismo (ROMANTISMO).
• Linguagem Simples e Direta, desprovida de metáforas
e rebuscamentos.
Saudosismo e Nacionalismo

Ao decorrer de todo o livro, é notável a


presença de trechos que exaltam a nação
brasileira como um todo, seja as suas
belezas naturais, ou a cultura da sociedade
e das pessoas que habitam ela. Há também
uma exaltação um pouco exarcebada sobre
esse mesmo tema, a ponto do autor criticar
a geração mais nova de 1853
Saudosismo e Nacionalismo (Trechos)
“Os meirinhos de hoje não são mais do que a “Campo um lugar onde pudessem fazer alto para
sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei” cear e ver o fogo. Acharam-no, não sem alguma
(Capítulo I) dificuldade, pois que muitas outras famílias se
haviam adiantado e tomado as melhores posições.
[.. ] já coberta daqueles ranchos sentados em
“Fazia gosto passear por entre eles, e ouvir aqui
esteiras, ceando, conversando, cantando modinhas
a anedota que contava um conviva de bom
ao som de guitarra e viola.”
gosto, ali a modinha cantada naquele tom
(Capítulo XX)
apaixonadamente poético que faz uma
das nossas raras originalidades, apreciar aquele “Entre todas as suas qualidades possuía uma que
movimento e animação que geralmente infelizmente caracterizava naquele tempo, e talvez
reinavam. Era essa a parte (permitam-nos a que ainda hoje, positiva e claramente o
expressão) Verdadeiramente divertida do fluminense, era a maledicência”.
divertimento.” (Capítulo XXI)
(Capítulo XX)
Não há vilão, muito menos herói

Os personagens desta história são


desprovidos de qualquer maniqueísmo da época,
onde inclusive, o personagem principal da história
apresenta traços de um anti-herói, que não busca
fazer o bem mas que não faz o mal por mero
prazer, o mesmo apenas se importa com os próprios
interesses.
Todos apresentam orgulhos, defeitos,
qualidades, sonhos e ambições. A narrativa não busca
demonizar ninguém por nenhuma atitude.
Presença forte do humor (críticas e sátiras)
Ao redor do decorrer do livro se pode
perceber a presença de passagens contendo humor,
críticas e até sátiras envolvendo as personagens do
livro, se assemelhando bem à ficção machadiana, a
exemplo desse trecho:
“Tratava-se de uma cigana; o Leonardo a vira pouco tempo
depois da fuga de Maria, e das cinzas ainda quente de um
amor mal pago nascera outro que também não foi a esse
respeito melhor aquinhoado; mas o homem era romântico,
como se diz hoje, e babão, como se dizia naquele tempo;
não podia passar sem uma paixãozinha.”
(Capítulo IV)
Presença forte do humor (críticas e sátiras)

O trecho além de fazer uma


singela crítica ao movimento romântico,
o mesmo também se utiliza da
linguagem coloquial (informal) para dar
um tom humorístico a passagem,
característica essa que flerta com o
realismo em diversos momentos.
Enredo do Livro.
Personagens:
Leonardo: protagonista da obra, filho de Leonardo-Pataca
Leonardo-Pataca: pai de Leonardo e esposo de Maria da Hortaliça.
Maria da Hortaliça: esposa de Leonardo-Pataca e mãe de Leonardo.
Barbeiro: padrinho de Leonardo.
Parteira: madrinha de Leonardo.
Chiquinha: filha da parteira e futura esposa de Leonardo-Pataca.
Luisinha: menina que Leonardo se apaixona e que por fim, torna-se sua esposa.
Dona Maria: avó de Luisinha.
José Manuel: amigo da família de Luisinha, interessado na fortuna delas.
Vidinha: mulata que se envolve com Leonardo.
Major Vidigal: autoridade militar da região.
Início da História

A história se inicia com


Leonardo Pataca e Maria da
Hortaliça, dois jovens que chegam a
navio ao Brasil, oriundos de Portugal.
Os dois se conhecem se
apaixonam e se casam, logo após
isso Maria engravida, e decide dar o
nome de seu marido à criança.
Briga

Após uma briga entre o


casal, Maria decide ir embora do
Brasil e o pai Leonardo-Pataca
abandona a criança, com isso a
mesma é acolhida na casa do
padrinho e da madrinha de
casamento.
A criança

A criança ficou a cuidado do


padrinho, esse que almejava uma carreira
na igreja para o garoto, sendo um mestre
de rezas e posteriormente padre,
entretanto, o garoto era um santo
diabinho, aprontava travessuras com a
vizinhança inteira, e causava intrigas por
onde passava.
A descoberta do
primeiro amor
Falaremos agora da personagem Dona
Maria, uma velha rica que adorava uma briga
judicial e que mantinha amizade com a
madrinha de Leonardo.
Ocasionalmente a mesma fazia visitas
a amiga e levava o seu afilhado para a casa
da mesma, foi então que ela reparou que o
garoto ficava visivelmente contido em sua
energia quando estava na casa de Dona
Maria, a resposta tinha nome e se chamava
Luisinha.
A descoberta do
primeiro amor
O estilo tímido e frio de Luisinha havia
acalorado o coração do jovem Leonardo.
O garoto não perdia uma única
oportunidade de visita a Dona Maria, com o intuito
claro de apreciar Luisinha, o mesmo até foi em
uma noite de procissão, coisa que Leonardo
detestava.
Durante a noite inteira ficou na companhia
de Luisinha, durante o andar da noite a garota deu
um selinho na sua bochecha, o que fez Leonardo
corar, os dois voltaram de mãos dadas quando se
acabou a cerimônia.
O amor perde
Entretanto, Leonardo logo perderia o seu
amor para um homem que viria a entrar na vida de
Dona Maria, tal homem chamava José Manoel, ele
almejava a mão de Luisinha com o interesse na
herança que a mesma iria receber após a morte de
sua vó.
Visto a sua experiência com relações
sociais o mesmo passa a tentar Dona Maria com a
suas histórias de vida. Ao ver isso a madrinha de
Leonardo tenta se utilizar de sua lábia para
queimar a reputação de José Manuel para sua
amiga.
O amor perde
Tais mentiras são posteriormente
desmentidas e Dona Maria fica extremamente
ressentida com a madrinha de Leonardo, e proíbe a
mesma de frequentar a sua casa, incluindo o seu
afilhado no processo, após isso Leonardo entra em
uma tristeza profunda seu padrinho logo morre
depois de um tempo, e Leonardo vai morar com o
seu pai.
3 dias se passam e logo Leonardo percebe
que seu pai não é a melhor pessoa do mundo para
se conviver, ocorre-se uma briga generalizada entre
os dois e Leonardo-Pataca expulsa seu filho de
casa.
Abandonado
Ao ser expulso da casa dos pais, Leonardo
passa a vadiar por entre a cidade, em sua andança,
ele encontra um antigo amigo dos seus tempos de
travessuras que o acolhe em sua casa, ele
rapidamente encontra uma mulher que canta
modinhas em um bar próximo, seu nome é Vidinha
e ela fisga novamente o coração de Leonardo, até
então acometido pelo seu coração partido.
A paixão dura pouco pois o instinto
zombeteiro de Leonardo não se acalma, suas ações
o condenam novamente, e a família de Vidinha é
visitada pelo Major Vidigal.
Sobre Major Vidigal:

Vidigal era uma autoridade militar de


grande respeito na região, no qual botava
medo por sua mera presença em um local,
orgulhava-se muito de suas conquistas,
contudo, também acumulava muitos
segredos. O mesmo nunca conseguiu pegar
Leonardo em seu auge da malandragem, e
quando o fez decidiu por si mesmo recrutar
o jovem para ser seu soldado.
Leonardo como Soldado:
Leonardo a serviço de Vidigal, era um
soldado bem medíocre, não levava o serviço
a sério, tendo abandonando seu posto
inúmeras vezes, inclusive, quando se teve a
oportunidade, Leonardo mentiu para Vidigal
em favor de proteger um amigo de seu pai
que estava foragido.
O resultado desta mentira, resultou
em um caguete que expôs as suas falácias
ao Major, Ele então promove uma punição
severa, Açoitamento.
Mulheres ao Resgaste:
A madrinha espantada com tamanho
castigo, decidiu unir forças com Dona Maria,
e uma terceira mulher para irem ao
domicilio de Vidigal com a intenção de
persuadi-lo a retirar a punição o Leonardo.
As mulheres ao entrarem na casa
encontram o Major, A madrinha de Leonardo
rapidamente implora por piedade, Dona
Maria se usa de sua lábia e palavras
rebuscadas, mas o homem ainda se mantém
na decisão.
Mulheres ao Resgaste:
Entretanto, Vidigal não contou com a
terceira mulher, Maria-Regalada, um antigo
amor na vida de Vidigal, amor esse que
ainda permanece depois de muitos anos, a
moça vai nos ouvidos do Major e sussurra
uma proposta, tal ato deixa o homem
pensativo, ele remoí essa ideia por bastante
tempo, até que o mesmo cede e perdoa
Leonardo por sua transgressão.
O amor venceu:
Ao ser perdoado da punição, Leonardo aprende a lição e decide por si mesmo que
tal ato não iria se repetir, a primeira coisa que o mesmo faz quando liberto é pedir a
mão de Luisinha, que estava recém viúva de seu marido José Manuel, ela aceita o pedido
de Leonardo sem pedir duas vezes, entretanto soldados na época não podiam se casar,
então Vidigal como forma de se redimir promove o jovem a sargento de milícias.

Milícia: Grupo paramilitar de cidadãos armados que atuam localmente e à margem da lei.
Sargento: O sargento é um gestor da capacitação técnica e tática dos subordinados. É
responsável também pelo bem estar e moral da tropa que comanda, pelo material sob
sua responsabilidade, pela aplicação da doutrina, pelo entusiasmo dos subordinados
Bibliografia:
Livro:
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias. 1. ed. Rio de Janeiro. Clássicos Melhoramentos, 2003. E-book.
ISBN: 978-85-06-00741-9.
Sites:
https://www.todamateria.com.br/memorias-de-um-sargento-de-milicias/
https://www.portugues.com.br/literatura/memorias-um-sargento-milicias-analise-literaria.html
Imagens:
“Proclamação da República” – Benedito Calixto – Óleo sobre tela, 1893.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b7/Proclama%C3%A7%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_by_Benedito_Calixto_1893.jpg
Ilustrações contidas no livro: ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias. 1. ed. Rio de Janeiro. Clássicos Melhoramentos, 2003. E-book.
ISBN: 978-85-06-00741-9. Por Kerem Freitas.
Capa do livro “Memórias de um Sargento de Milicias” de Manuel Antônio de Almeida – Edição comemorativa de 170 anos Anotada; EDITADA
https://cdn.awsli.com.br/2500x2500/544/544067/produto/123033224/6-q04f7vw1hh.jpg
“A Chegada da Família Real Portuguesa ao Rio de Janeiro” – Armando Martins Viana, Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, Século XX
. https://historiadorioparatodos.com.br/wp-content/uploads/2019/08/122-Chegada-de-Dom-Jo%C3%A3o.jpg
Fotografia de Manuel Antônio de Almeida EDITADA. https://www.atelie.com.br/site/wp-content/uploads/2023/02/Manuel-Antonio-de-Almeida.jpg
Screenshot do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=dC3kBsRpkZQ – “The History of Adults Blaming the Younger Generation.”
Máscara da Comédia e da Tragédia:. https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQjgT5mLBLNyLEzJc4h5sHbYLll0YbQ8jBqAz_yVfbE5vd9WLG9
Balança da Justiça :https://png.pngtree.com/png-vector/20211106/ourmid/pngtree-legal-justice-scale-icon-png-image_4023197.png.
Três Mulheres: https://media.istockphoto.com/id/1003199460/vector/faces-of-three-women.jpg

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