Você está na página 1de 2

Análise Literária – Memória de um Sargento de Milícias

Memória de um Sargento de Milícias - Tempo


 A história se passa no começo do século XIX, ocasião em que a família real portuguesa se
refugiou no Brasil. 
 Por isso, o romance tem início com a expressão “Era no tempo do rei”, referindo-se ao rei
português dom João VI.
 Essa fórmula também faz referência – e isso é mais relevante para entender a estrutura do
romance – aos inícios dos contos de fada: “Era uma vez...”.
Memória de um Sargento de Milícias - Narrador
 Apesar do título de “memórias”, o romance não é narrado pelo personagem Leonardo, e sim por
um narrador onisciente em terceira pessoa, que faz comentários e digressões no desenrolar dos
acontecimentos.
 O termo “memórias” refere-se à evocação de um tempo passado, reconstruído por meio das
histórias por que passa o personagem Leonardo. 
Memória de um Sargento de Milícias - Ordem e desordem
 Duas forças de tensão movem as personagens do romance: ordem e desordem, que se revelarão
características profundas da sociedade colonial de então.
 A acomodação dos personagens, tanto na ordem como na desordem, está sujeita a uma mudança
repentina de polo, ou seja, não existe quem esteja totalmente situado no campo da ordem nem no
da desordem. Não há, portanto, uma caracterização maniqueísta dos tipos apresentados.
 Personagens como o major Vidigal, a comadre, dona Maria e o compadre pertencem ao lado da
ordem. Mas os personagens desse polo nada têm de retidão, apenas estão em uma situação social
mais estável.
 O polo da desordem é formado pelo malandro Teotônio, o sacristão da Sé e Vidinha.
 Ao longo do livro Major Vidigal é representante da ordem e sua missão é punir a desordem, no
entanto quando ele é surpreendido por D. Maria, Maria Regalada e a madrinha ele estava na
parte de cima de uniforme (representando a ordem e a lei), e na parte de baixo está usando
ceroulas (maneira informal e descontraída), essa mistura revela que a ordem e a desordem estão
misturadas até na figura do chefe de polícia.
Memória de um Sargento de Milícias - Personagens
 Leonardo: anti-herói, herói às avessas, herói picaresco - desde a infância é esperto, vagabundo e
mulherengo, assemelha-se ao protagonista, Macunaíma.
 A vida de Leonardo tinha uma constante: as ocasiões de sorte se transformavam em azar e as
ocasiões de azar se transformavam em sorte, por exemplo:
o Leonardo fica sem casa, depois de ter sido expulso pelo pai (AZAR), mas encontra Tomás da
Sé e conhece Vidinha (SORTE), mas isso causa problemas com os primos dela e ele é preso
pelo Vidigal (AZAR).
o Leonardo ajuda o malandro a fugir do Vidigal (SORTE), mas Vidigal percebe o que Leonardo
fez e o leva para a prisão (AZAR), mas com a ajuda de Maria Regalada ele é solto e
promovido a sargento (SORTE).
 Leonardo-Pataca: oficial de justiça, sentimental, sempre enroscado em suas paixões.
 Maria-da-Hortaliça: mãe do herói
 Major Vidigal: temido e respeitado por todos.Severo punidor, é, ao mesmo tempo, policial e
juiz.
 Comadre: protetora de Leonardo, vive tentando livrá-lo dos enroscos em que se metia.
 Compadre Barbeiro: outro protetor. Cria o menino como se fosse o seu filho, sonhando um
próspero futuro para ele; só que isso não acontece.
 D. Maria: velha, rica e bondosa. Era apaixonada por causas judiciais. Tia e tutora de Luisinha,
amiga da comadre e do compadre.
 Luisinha: primeiro amor de Leonardo. Suas características fogem da idealização dos modelos
românticos: era feia, pálida e desajeitada.
 José Manuel: caça-dotes, representa uma crítica à burguesia.
 Vidinha: cantora de modinas, segunda paixão de Leonardo.
 Chiquinha: filha de D. Maria e esposa de Leonardo-Pataca.
 Maria-Regalada: amante de Vidigal.
Memória de um Sargento de Milícias - Características da Obra
 O livro é um romance urbano e de costumes.
 O narrador tenta se aproximar do leitor usando de linguagem coloquial e informal.
 O autor evita condenar moralmente a conduta dos personagens, como, por exemplo, o hábito da
curiosidade da vida alheia e a excessiva liberdade que o padrinho deu ao Leonardo fazendo ele
não ter noção do certo e do errado.
 Critica o Romantismo, pois do ponto de vista do autor, ser romântico era ser babão, isto é,
excessivamente sentimental.
 Ruptura do bem com o mal, não definindo heróis nem vilões (não há maniqueísmo).
 Personagens populares, apenas classe média da população, não há muita situação de ricos e
escravos.
 Narrador neutro, e o leitor incluso.
 Carnavalização, ou seja, mostra o avesso das instituições (família, Igreja, governo), o humor
substitui a exaltação sentimental dos românticos.
 Jornalismo coloquial.
 Representação de um realismo arcaico.

Você também pode gostar