Você está na página 1de 20

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE

MILÍCIAS

MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA


“ERA NO TEMPO DO REI...”

DOM JOÃO VI
A família real portuguesa e
sua corte se instalaram no
Rio de Janeiro em 1808,
fugidos de Napoleão.
A CORTE

O pintor Jean Baptiste Debret, que chegou ao


Brasil com a Missão Artística Francesa de 1816,
também ficou escandalizado com a falta de boas
maneiras dos ricos durante as refeições: “O dono
da casa come com os cotovelos fincados na
mesa; a mulher, com o prato sobre os joelhos,
sentada na sua marquesa, à moda asiática; e as
crianças, deitadas ou de cócoras nas esteiras,
lambuzam-se à vontade com a pasta de comida
nas mãos. Se for mais abastado, o negociante
acrescenta à refeição lombo de peixe assado ou
peixe cozido na água com um raminho de salsa,
um quarto de cebola e três ou quatro tomates.
Mas, para torná-lo mais apetitoso, mergulha cada
bocado no molho picante. Completam a refeição
bananas e laranjas. Bebe-se água unicamente. As
mulheres e crianças não usam colheres nem
garfos; comem todos com os dedos”. (Laurentino
Gomes, 1808)
A POPULAÇÃO

Outro aspecto que despertava a curiosidade dos


visitantes era o número de negros, mulatos e mestiços
nas ruas. Os escravos realizavam todo tipo de trabalho
manual. Entre outras atividades, eram barbeiros,
sapateiros, moleques de recado, fazedores de cestas e
vendedores de capim, refrescos, doces, pães-de-ló, angu
e café. Também carregavam gente e mercadorias. Pela
manhã, centenas deles iam buscar água no chafariz do
aqueduto da Carioca, que era transportada em barris
semelhantes aos usados para levar os excrementos até
as praias no final da tarde. (Laurentino Gomes, 1808)
A vida dos desocupados, Debret
A POLÍCIA

Segundo-comandante da nova Guarda Real, Vidigal tornou-se o


terror da malandragem carioca. Ficava à espreita nas esquinas ou
aparecia de repente nas rodas de capoeira ou nos batuques em
que os escravos se confraternizavam bebendo cachaça até tarde
da noite. Sem se importar com qualquer procedimento legal,
mandava que seus soldados prendessem e espancassem qualquer
participante desse tipo de atividade — fosse um delinquente ou
apenas um cidadão comum que estivesse se divertindo. Em lugar
do sabre militar, os soldados de Vidigal usavam um chicote de
haste longa e pesada, com tiras de couro cru nas pontas.
(Laurentino Gomes, 1808)
http://dc659.4shared.com/doc/CqUy5YaF/preview.html
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS

•Publicada em forma de folhetim entre 1852 e 1853,


assinada com um pseudônimo, “Um brasileiro”;

•romance de costumes que apresenta a vida de classes


populares, com seus hábitos e superstições, e cujo
cenário é a cidade do Rio de Janeiro, no tempo de D.
João VI (1808-1821);

•eixo central da narrativa: a vida tumultuada de


Leonardo (filho).
NARRADOR

• Caracteriza-se como em 3ª pessoa observador


(predominantemente);

• assume tom debochado, irônico e crítico;

• mantém-se próximo do leitor;

• não julga a conduta das personagens;

• adota posturas antirromânticas.


TEMPO

1. Tempo do enunciado (passado: período joanino);

2. Tempo da enunciação (presente: período do relato);

3. Distanciamento temporal: possibilita ao narrador comparar, criticar,


debochar, ironizar os fatos que conta.

4. Certa atemporalidade provocada pela referência a elementos típicos


de narrativas folclóricas, lendárias (“Era no tempo do rei”; “madrinha”;
“padrinho”).
PERSONAGENS

• tipos sociais populares;

• perfis caricaturais: caracterização de


comportamentos, hábitos e costumes frequentes da
população pobre, que vive na periferia da corte;

• planas: falta de aprofundamento psicológico e


previsibilidade
Leonardo-Pataca: pai do herói da história - Leonardo.
Vem de Lisboa, onde era alfaiate e torna-se oficial de
justiça no Rio de Janeiro.

Maria da hortaliça: mãe de Leonardo. Era quitandeira


em Lisboa. Trai Leonardo Pataca, abandona o filho
fugindo com o capitão de um navio.

Leonardo: personagem principal da narrativa. É o anti-


herói: vadio, malandro, mentiroso, vingativo, esperto.

Luisinha: sobrinha de D. Maria. Moça sem atrativos,


apática, submissa, que se casa com Leonardo.
Comadre: madrinha de Leonardo. É parteira e
protetora do herói.

Compadre: barbeiro, adota Leonardo quando este é


expulso de casa.

Major Vidigal: é chefe de polícia, representa o poder


policial. Personagem real, viveu no Rio de Janeiro no
início do século XIX e empresta seu nome ao famoso
Morro do Vidigal.

D. Maria: dedica-se a lutar por questões judiciais, é


rica e cria a sobrinha Luisinha.
Vidinha: Toca viola e canta modinhas, é namoradeira,
tem um caso amoroso breve com Leonardo.

José Manuel: homem aproveitador, violento, que se


casa com Luisinha.

Maria Regalada: antiga namorada do Major Vidigal.

Toma-largura: homem rude que trabalha na Ucharia


(despensa do Palácio Real).
ENREDO

Aspectos principais:

•Origem: relacionamento
informal e problemático dos
pais;

•Infância: abandono dos


pais; mimo por parte do
padrinho e travessuras;
http://livromdsm.blogspot.com.br/
• Juventude de vadiagem e
amores
Favores:

1.Agregado na casa de Vidinha

2.Empregado da Ucharia Real

3.Liberto da cadeia

4.Nomeado Sargento de Milícias

http://not1.xpg.uol.com.br/livro-memorias-de-um-sargento-de-
milicias-caracteristicas-e-resumo/
ESTILO

• Aproxima-se das narrativas folclóricas (oralidade):


obra baseada em relatos orais; mescla de realidade
e ficção;

• apresenta traços cômicos: teatro (comédias);

• contém linguagem coloquial;

• aproxima-se das crônicas jornalísticas: descrições


sobre o cotidiano das classes populares do Rio de
Janeiro do início do século XIX.
• metalinguagem

• diálogo com o leitor

• digressões
ORIGINALIDADE

•romance urbano que retrata o cotidiano das classes


populares;

•protagonista é um malandro simpático: anti-herói;

•ausência de maniqueísmo: os personagens transitam


do lícito para o ilícito, da ordem para a desordem; sem o
moralismo comum ao Romantismo;

•ausência de sentimentalismo e idealização.


ASPECTOS ROMÂNTICOS

• Narrativa de entretenimento;

• há soluções fantasiosas e um
final feliz (típicos das obras
românticas).

http://rodrigorosa.com/SARGENTO-DE-MILICIAS

Você também pode gostar