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“Vocês estão explorando a caverna, quando dão de frente com um Beholder!


“Poxa Mestre… Mas a gente ainda tá no nível 2, não tem nenhum lugar por onde a gente
possa fugir?”
“Não, vocês estão completamente presos. Porém, para a SORTE de vocês, o npc baixinho
e com capuz que estava andando com vocês revela ser um MAGNÍFICO ELFO
ARQUEIRO, e ele puxa seu arco, atirando com tanta destreza e perícia que eu nem vou
precisar rolar os dados para ele, já que ele tem +20 de bônus para todos os testes! Ele
salva vocês em segundos com suas flechas de fogo, e se vira para o grupo enquanto seus
cabelos louros esvoaçam com o vento, dizendo: Vocês estão bem?”
“Mas não tem vento dentro da caverna…”

Se você já passou por uma situação como essa, com certeza sente a raiva que eu senti ao
jogar um RPG de mesa onde o NPC do mestre é mais protagonista do que os próprios
jogadores, e mesmo tirando só crítico no dado, vai ser impossível derrotá-lo.

Isso claro, fora as incontáveis vezes em que esse mesmo NPC serviu como desculpa para
impedir o grupo de seguir por um caminho que eles mesmos decidiram para ir pelo que o
mestre tinha programado, o que é definitivamente frustrante.

Geralmente, esse tal NPC não é assim por ter um nível alto ou ser alguém importante para
a história andar, mas sim por conta do amor que o mestre tem pelo desgraçado
personagem. Seja por um desejo íntimo que ele possa ter de também ser um dos heróis da
campanha, ou simplesmente pela graça em irritar seus jogadores, esse tipo de personagem
é irritante e completamente dispensável quando se quer ter uma boa experiência de jogo.

E a verdade é que raramente discutir com o mestre vai ser uma solução boa. Ele pode
argumentar com coisas como “o NPC é assim mesmo, é pra campanha continuar”, ou “Não
é ele que é forte, vocês que são fracos”, ou até mesmo “Eu sou mestre, é assim e ponto”.

Entendeu? Frustrante.

Ainda tem os que tentam desafiar o tal NPC, o que é uma ideia ainda pior. Seu tiefling
incrível que você demorou HORAS pra criar uma lore sensacional, montar a ficha - e quiçá
até aprendido um pouco de infernal para interpretar - vai ser derrotado com facilidade e até
morto só para reafirmar a superioridade do favorito do mestre.

Mas nem tudo está perdido.

Converse com seu Mestre de Jogo.

Talvez a mais óbvia das atitudes à se tomar, eu concordo, seja o diálogo. Mas ainda sim, é
muito funcional. Conversar com o mestre da mesa e dizer como os jogadores estão se
sentindo diminuídos por conta daquele NPC, ou perdendo o seu senso de importância na
história pode ser bem efetivo para um mestre que se preocupa com seus jogadores. Afinal,
pode ser que ele esteja tão interessado em contar uma boa história, que esqueceu de que
ele não é o único responsável por fazer isso acontecer, já que o RPG é uma experiência
compartilhada. Sente-se, converse, exponha seu ponto de vista; Talvez somente isso já seja
o suficiente para resolver o problema. Seria muito bom se todos os jogadores fizessem isso
juntos, afinal, é um problema que afeta o grupo todo.

A verdade é que se depois de uma conversa sincera e compreensiva com o mestre ele
continuar com esse tipo de atitude, com certeza não vale a pena continuar na mesa. Ele
não mais narra e cria história para todos, mas apenas para si mesmo, e incentivar que ele
continue fazendo isso não vai ajudar à ninguém, além de resultar em mais chateação pro
grupo de jogadores, que agora já parecem os personagens secundários da história.

Vale lembrar também que caso se trate de um mestre iniciante, ter paciência é mais do que
essencial, já que ele também está aprendendo, e pode estar cometendo o erro sem saber.
Sempre manter aberto o diálogo é o essencial para que o RPG continue sendo esse
ambiente seguro, livre e divertido para todos que jogam e desejam jogar esse jogo
maravilhoso que forja amizades tão fortes quanto a pele de um dragão!

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