Você está na página 1de 2

Sirina Siradiny nasceu em um ambiente conturbado, em um dos feudos de Paraíso do

Invernon Em meio a dunas de neve, o Shogunato de Patches, o grande, reinava sobre a vila
de CastleMir. Uma comunidade pequena onde todos se conheciam, constituída por drows.
Naquela época, os primeiros filhos dos casais do vilarejo, aos 15 anos, deveriam
obrigatoriamente ser oferecidos como sacrifício à Patches, que alegava ser o deus daquela
região, imbatível e inquestionável. Sirina foi a primogênita e filha única do casal Alira e
Hokkan, um humano aventureiro que havia passado pela região e se envolvido com Alira,
mas que foi embora logo depois, deixando a elfa desiludida. Alira considerava sua filha uma
maldição, e por isso, a desprezava com todas as forças e a tratou com desgosto desde
quando nasceu até sua fase adolescente. Sirina sempre tentou ser uma boa filha, mas isso
nunca foi suficiente para Alira. Ela nunca seria pura para Patches, jamais seria um sacrifício
digno.

Sirina apanhava todos os dias e era obrigada a comer os restos do que sua mãe comia,
quando comia. Ela foi deixada diversas vezes exposta ao frio do inverno dos campos de
paraíso como maneira punitiva por sua mãe, e por isso até hoje usa luvas. As pontas de
seus dedos são todas deformadas, quebradas depois de terem sido congeladas várias e
várias vezes. Sirina nunca tira as luvas, e tem gatilhos de pânico quando tentam segurar
sua mão diretamente. Há marcas de queimaduras de gelo por todo seu torso e em seus
seios também.

Sendo uma meio-drow, quando chegou aos seus 15 anos e foi levada à presença de
Patches, ele imediatamente abominou a existência da garota. Não só mandou matar Alira,
que foi queimada diante de sua filha numa fogueira enquanto gritava que a culpa era
inteiramente dela, como foi trancada e torturada pelo Shogun por anos. O fato de que ela
nasceu não poderia passar impune, e cabia a Patches, deus, apagar esse insulto ao seu
Shogunato com muita, muita dor.

Depois de alguns anos, aos 57, Sirina havia perdido suas esperanças de escapar das mãos
de Patches, até que outra pessoa foi aprisionada. Um aventureiro, que se dizia um paladino,
e que disse também que iria ajudá-la a se libertar. Sirina se permitiu acreditar nele mais
uma vez, apenas para ser usada; Quando ambos estavam fugindo, Sirina foi atingida pela
besta dos soldados do Shogun bem na coxa, caindo no meio da neve. Ao invés de ajudá-la,
o paladino havia simplesmente desaparecido e Sirina foi arrastada de volta para sua prisão,
apenas para ser duramente penalizada por tentar escapar. O Shogun a marcou como se
marca gado, e seu brasão estará eternamente queimado na pele da meio-drow, em suas
costas. Naquela noite, ele a disse:

“Você pode tentar fugir de mim o quanto quiser, porquinha. Eu sempre vou encontrar você.”

A gentileza de Sirina se desfaleceu completamente nesses dias. Desde então ela planejou
uma maneira de escapar, mas precisaria contar com a sorte para ter uma oportunidade.
Finalmente, com as guerras rúnicas, essa oportunidade chegou. Durante um ataque à
fortaleza de Patches, aos 65 anos, ela conseguiu enforcar seu carcereiro na própria barra
das celas, pegar as chaves e escapar.

Patches a viu fugir, mas não pôde impedi-la dessa vez. Enquanto corria, ele jurou para a
garota;
“Eu vou te encontrar, porca! Você é MINHA PROPRIEDADE! E quando eu encontrar, eu
juro, matarei você dolorosamente e a qualquer um que signifique algo para você!”

Sirina fugiu como se não houvesse um amanhã, indo parar em Vitrúvia, no distrito inundado,
alguns dias depois. Estava quase morta de fome e pela exaustão. Mas ela foi encontrada,
por alguém que, de fato, lhe foi gentil.

Le’a acolheu Sirina como ninguém. No início, a meio-drow até mesmo a tratava um pouco
mal, ofendendo-a, agindo com desconfiança, e pode-se dizer que não foi embora apenas
por não ter mais opções. Mas, com o tempo, ela começou a gostar cada vez mais da
companhia da Elfa. Não poderia evitar; Le’anir era cativante. Cativante demais. Cativante ao
ponto de fazê-la passar 3 anos em sua companhia, começando a ajudá-la nas coisas que
poderia, mas não a ponto de integrar o Searách. Quando Le’a pensou em apresentá-la para
a organização, algo aconteceu.

Sirina enquanto retornava do centro da cidade com algumas compras para Le’a, viu algo
que a fez tremer dos pés à cabeça. Patches estava ali. O fato é que ele e o Conde Lucien
tinham assuntos a tratar e começaram uma aliança entre o Shogunato de CastleMir e
Dracomir. Mesmo após a guerra, CastleMir ainda era fiel ao império, sendo um braço
escondido do império em paraíso do inverno a ser ativado se necessário.

Naquela noite, tanto Le’a quanto Sirina tinham planos de dizer coisas uma à outra.

Le’a convidaria Sirina para o Searách, integraria ela ainda mais na comunidade.
Sirina diria para Le’a sobre seus sentimentos desenvolvidos durante esses três anos.

Mas antes que chegasse à meia-noite, Sirina já tinha deixado a cidade. Sua presença
esmagaria completamente seus novos aliados. Sirina tingiu seus cabelos de vermelho
carmesim, trocou as vestes e fugiu da cidade, sem despedidas, sem cartas e sem adeus.
Ela sabia que se Patches soubesse que ela estava ali, mataria todos sem piedade. Mataria
Le’a, e isso ela não poderia suportar. Ela poderia ter avisado, poderia ter pedido ajuda,
poderia ter contado com sua nova companheira. Mas não teve forças para abrir o coração
mais uma vez.

E Le’a nunca mais ouviu falar de Sirina Siradiny desde então.

Você também pode gostar