www.greatgamemaster.

com
Créditos
Produtores: Guy Sclanders, Derrick Greyvensteyn
Editores: Janet Forbes, Sherry Voges, Jenny Andersson
Revisores: Suz Lock, Michael Kesevan, Andrew Scarr, Kerri Smith, James Donovan,
Brandon Sallot
Artista: Guy Sclanders
Tradutores: Caio Pereira Zacardi de Freitas, Ettore Cagni, Igor Pinheiro de Carvalho, Lucas Pereira
Zacardi de Freitas, Mateus Mello de Sá
Websites de Valor: www.greatgamemaster.com, www.worldanvil.com
Retratação: Jogadores feridos na produção deste livro participaram de jogos com Guy cientes dos
riscos e aceitaram as consequências.
Dedicado a: O Web Goblin. Sem ele, não haveria “How to be a Great GM”. Outros certamente
realizaram contribuições consideráveis mas o Web Goblin esteve lá desde o princípio e continua a
me inspirar.
Também dedico este livro aos meus patronos que fizeram parte desta jornada. Suas contribuições
me proporcionaram vida e fôlego, sendo fontes constantes de alegria e coragem.

ISBN: 978-0-620-80695-4 Fisga e troca...

First Printing: Outubro 2018
Conteúdos
Introdução 5
Por onde começar 8
A Sentença 12

Nêmesis 18
Tema 18
Trama mestre e Desenvolvedor de Aventuras 22

Gênero 28
Inimigos Incríveis 31
Tipos de Nêmesis 34
Fichas de Nêmese, Vilão e Capanga 51

Tramando 54
Trama mestra / Esboço da aventura 60

Projetando uma Aventura 63

Segue-Trama 68
Faz-Trama 69
Modelo de aventura 75
Planejador de fases de aventura 77

Aventuras de Última Hora 85

Tramas Pessoais 95
Prazo 103
Análise horária 104

Semeando o Futuro 107

PdMs 112
PdMs Descartáveis 112
Ficha de PdMs Descartáveis 114
PdMs Narrativos 114
Fatores que nos fazem gostar de PdMs 117
Ficha de PdMs Narrativos 120

Diálogo de PdM 123

Começando 127
Tabela de Relacionamentos 128

Finalizando 133
World Anvil 136
Conclusão 139
Prefácio Você tem um poder considerável. Mas investir
de cabeça, ignorando qualquer resistência, na
Quando alguém me conta de alguma direção originalmente planejada raramente
campanha incrível que está elaborando, o acaba em diversão para qualquer um na mesa.
primeiro conselho que eu dou é “Aproveite o
controle enquanto ele dura.” Isso soa sinistro, Quando eu comecei a Mestrar jogos, não havia
diria até ameaçador, né? Mas não é. muitos recursos disponíveis. Tal qual Guy,
aprendi por tentativa e erro (houve bastante
Construir mundos e histórias é divertido. Eles erro no meu caso). A sabedoria contida nessas
são viciantes. Você, como Mestre, tem total próximas páginas teriam poupado a mim e a
controle sobre esse universo, salpicando joias meus jogadores de muita frustração. E ainda
de brilhantismo aqui e ali, dando um toque de podem poupar.
riqueza e profundidade. É o seu bebê. Orgulhe-
se. Ame-o. Mas prepare-se para o dia em que Ao longo das décadas, dirigi vários jogos de
seu bebê crescer. Controle absoluto sobre sua diversos sistemas. Alguns foram um estouro.
campanha acaba no instante em que a primeira Outros explodiram na minha cara. Um
sessão começa. Nesse momento, ele não é mais punhado de vezes, elas seguiram o esquema
seu enquanto Mestre, mas seu enquanto passo a passo e foram 100% como planejado
Grupo. (aceno para Hannibal Smith sorrindo por trás
de um charuto, “Adoro quando um plano dá
Seus jogadores não vão só habitar e interagir certo”). Outras vezes, penderam para direções
com esse mundo e essa história que você tão completamente fora do mapa. Só vai. Acende
cuidadosamente cultivou. Eles irão mudá-los. aquele charuto “classe A” e anuncie
Pode haver partes, mesmo as mais incríveis, orgulhosamente para os jogadores que esse
que não prendam a atenção deles. Pode haver era o plano desde o começo. Seu trabalho é
detalhes descartáveis, apenas um enfeite de proporcionar um jogo excitante e memorável.
cortina, mas aos quais eles se garram. Isso Não tem problema se passar por gênio para
ainda antes do Fator Caos da rolagem de isso (jogadores adoram acreditar que o GM é
dados entrar em cena (dados não dão a mínima um gênio; com sorte, os meus nunca vão
para a sua linda campanha; eles são rudes). descobrir a verdade).
Não lute contra isso. Segue o jogo (Sacou?).
Jogar é uma tarefa coletiva. Enquanto seu
Mestrar um jogo é bem como malabares. Se trabalho é proporcionar uma campanha épica
uma bola cair, não pare tudo para pegá-la, ou e excitante (e eu sei que vai, porque você está
vai derrubar todas. Improviso e Adaptação são lendo esse livro), sua missão primária, acima
seus melhores amigos. Como dizem, ‘O show de tudo, é entreter seus jogadores. Desde que
precisa continuar.’ A campanha pode seguir você faça isso, seus jogadores vão adorar.
uma direção completamente diferente do seu
plano inicial. Eu acho mais fácil só aceitar de Aproveite o controle enquanto ele dura. Deixe
cara. Agora, isso não quer dizer que você deva sua campanha crescer e evoluir. Mas acima de
dar poder total aos seus jogadores. Isso leva a tudo, divirta-se.
anarquia, frustração, e frequentemente à
implosão da campanha. E não podemos Seth Skorkowsky
permitir isso. Você é o Mestre afinal de contas. Flower Mound, 2018

4
Introdução
Introdução Líderes devem fazer várias coisas, mas
principalmente eles devem tomar decisões. Essas
decisões, sejam certas ou erradas, guiarão todos
Este livro - e estou certo de que seja um livro,
os demais.
pois uma fonte Goblin extremamente confiável
me disse que era um livro - é sobre compartilhar
LEIA O LIVRO TODO ANTES DE TENTAR
alguns dos métodos através dos quais eu crio
USAR! ACREDITE... DÓI MENOS.
campanhas para meus jogadores. Nestas
páginas, você lerá enquanto eu difamo a
natureza dos jogadores, amaldiçoo a essência da Bom, nesse livro espero ensiná-lo a usar meus
narração de histórias, e proclamo a genialidade truques, minhas manipulações, meus guias que
do meu próprio trabalho. Permita-me assegurá- o auxiliarão a conduzir seu grupelho feliz. O que
lo, caro leitor, de que este não é realmente o caso. não significa que o jogador não seja vital. Sem os
Fui amaldiçoado com uma mistura de Monty jogadores, você é um roteirista ou um novelista.
Python, Basil Fawlty e criação substancialmente Certamente não é um RPGista. Então, embora eu
britânica em um mundo profundamente não- talvez diga coisas depreciativas de jogadores, e
britânico. O resultado é um senso razoavelmente embora talvez eu enalteça o Mestre como um
bizarro de arrogância autoconfiante, o que é gênio narrativo, sempre tem o seguinte caveat
completamente falso, porque eu frequentemente não dito:
estou nu, segurando um peixe chamado Wanda
e no apartamento errado. Se você entender essa Você está lá para co-criar uma história incrível
referência, você entende que eu sou. com seus jogadores. Você cria a trama, eles
criam o enredo. Sem eles, você só está jogando
sozinho, e se você precisa de um livro para fazer
Mas eu divaguei – bom se acostumar, acontece
isso você está fazendo errado.
muito –, o ponto é: você quer criar jogos
incríveis. E fazer isso requer uma quantidade
Esses métodos que eu descrevo vem de
saudável de manipulação dos jogadores. Que
aproximadamente trinta anos e centenas, senão
resmunguem os liberais! Mas não, digo. Não.
milhares, de horas de RPG, e minha carreira de
Esperamos aventura e momentos maiores e
vinte anos como roteirista televisivo. Eu as
melhores que a vida de um bom jogo de RPG.
utilizo em meus jogos, e ao longo o livro farei
Queremos ação, queremos heróis, queremos
referências aos meus Canais do YouTube –
salvar o príncipe em perigo. Não se pode
“How to be a Great Game Master” e “Bacon
alcançar isso tantos de humaninhos tentando
Battalion RPG”. Eu me refiro a eles não para
fazê-lo ao mesmo tempo. Posso garantir com
aumentar o público ou agregar audiência (isso é
propriedade que não dá certo.
um bônus), mas para demonstrar como eu uso
as técnicas descritas e as ramificações para que
Ao menos não com o que esperamos de nossas
você possa ir olhar fisicamente, observar e vê-las
narrativas – um conto dramático e coerente. Ou
em ação. Não é necessário, e duvido que você
seja, precisamos de líderes. Alguém para dirigir,
esteja perdendo alguma coisa por não ver os
editar e guiar o fiasco do jogo. Esse é você,
vídeos.
Mestre. Apenas você tem esse poder. E, quando
jogo, se o Mestre não o faz, eu faço. É um hábito
horrendo que tento controlar.

5
Introdução
Espero que este livro o ajude a criar a espinha
dorsal da sua campanha – a Trama Mestra –
que tornará seu jogo tão épico que seus
jogadores sairão da mesa sorrindo, falando e
animados para a próxima. Para mim, o melhor
momento é quando meus jogadores conversam
comigo fora do jogo sobre suas suspeitas, seus
sonhos e suas metas no meu jogo. Pense sobre
esse privilégio indescritível. Outro ser humano
está explorando um espaço que você criou e
está amando o que encontrou. É estranha a
ideia de que outro ser humano seja inspirado
pela sua imaginação.
Ah, você achou que já estávamos acabando?
Pensou errado... não, sério, achou muito
errado, essa é apenas a introdução do livro.
Bom, pode até parecer muita coisa. Não vai
dar para manter em mente e todas essas
baboseiras de trama ao mesmo tempo. De fato,
não dá. Você também não pode implementar
tudo de uma vez. Leva tempo para absorver,
para interiorizar. E é isso mesmo que você
deve fazer – pegue um capítulo, leia, revire na
sua mente, entenda o que ele quer dizer em
vez de só o que ele diz.
Pegue a ideia, a proposta, e se aproprie dela.
Teste. Creio ter escrito cada capítulo de modo
que possa ser usado individualmente em uma
sessão de jogo. Pratique. Peça sugestões aos
seus jogadores – Ei, você viu que eu fiz tal
coisa? Se eles disserem que não, então você fez
certo. Se pareceu forçado, ou desagradável,
talvez seja interessante praticar mais… e matar
os personagens deles! Não. Não, não faça isso!
Viu, não consigo me segurar? Não consigo
mesmo. Eu preciso de jogadores. Eu amo meus
jogadores… de verdade.
Acredite no entanto, você não sabe quantos
jogadores eu perdi por falhar como Mestre.
Quantos grupos se fragmentaram por minha
causa.
6
Introdução
Então, mesmo se a princípio você cometer
erros, tente novamente, e logo mais você vai
conhecer o 121, a Revelação Brusca, e como
Semear o Jardim. O passo a passo desse livro
está nos seguintes passos:
Lema da Trama Mestra
Tema
Design de Nemesis
Esboçando o Lema Mestre
Delineando a Aventura
Aventuras
PdMs
É nessa ordem que elaboro as campanhas.
Tem capítulos no meio disso que falam sobre
todos os tipos de coisas, não se preocupe, tem
mais coisas nesse livro do que parece. Você
pode ler só um capítulo e já começar a
trabalhar na sua campanha, mas os capítulos
são cumulativos, então cair de paraquedas no
meio do livro pode ser um pouco confuso.
Sem mais delongas… Não, espera, tem mais
delongas!
Meus métodos e abordagens funcional para
TODOS os sistemas de jogo. Eu não vou te
falar como balancear um encontro para
Dungeons and Dragons, ou quais dados rolar
para uma campanha de Star Wars. Se eu der
um exemplo de um cenário de fantasia, saiba
que poderia muito bem ser de sci-fi, ou terror,
ou um cenário moderno.
Quando sugiro pedir que os jogadores façam
um Teste ou um desafio de habilidade, em
geral os sistemas de jogos tem métodos para
determinar desfechos de ações de personagens
– apenas sugiro que use os mecanismos do seu
sistema. E sorte a nossa – boas tramas não
ligam para o sistema. E embora alguns tenham
impacto dramático na trama, são presumidos
neutros nesse livro. Agora corram, seus tolos!
Para o próximo capítulo, no caso.
A Amazona Escarlate,
Dathshiba a Sombria.

Por onde Começar?
Alguém quer muito alguma coisa em um
prazo específico e encontra dificuldade em
conseguir por algum meio por algum motivo.
Fãs do canal “How to be a Great GM” saberão
que essa é minha frase de todas as horas –
bom, ao menos a versão simplificada: Alguém
quer muito algo e não está conseguindo
encontrar. Esse é o único enredo que nós,
enquanto uma espécie no planeta Terra,
conseguimos inventar que nos satisfaça da
perspectiva narrativa. Qualquer história não
considerada ‘arte’ usa isso como esqueleto. O
que significa que também precisamos usar em
nossos jogos. E, se você usar, sua narrativa,
suas tramas e suas aventuras serão imbatíveis.
IMPORTANTE
A Trama Mestra é diferente do Enredo.
Uma Trama Mestra é a grande tela da qual
emergirá a a história. Essa grande tela deve ter
aventuras, PdMs, cenários, encontros, e uma
dúzia de outras coisas pintadas sobre ele para
que seja um quadro interessante. Você, o
Mestre, é o único responsável por essa pintura.
A história, por outro lado, é a cor, as formas e
o significado da arte na tela. É como o enredo
se desenrola. Eu sempre odiei essa descrição
nas aulas de redação de roteiros – não me
ajudava em nada. A história é as decisões que
os heróis tomam ao lidar com problemas que
surgem a partir do enredo. Os jogadores são os
únicos responsáveis pela história. Se você se
descobrir contando a história, então você
falhou, e seus jogadores não estão mais
envolvidos.
Imagine um lago liso e claro. Você, como autor
da Trama Mestra, como Mestre, tem à sua
disposição dúzias de grandes pedras redondas.
8
Por onde Começar?
Com elas você pode traçar um trajeto de um
lado ao outro. Porém, como trajetos diretos são
raramente interessantes, você pode criar
ramificações, caminhos paralelos ou diagonais
que se cruzem sobre o lago. O enredo está
dado. Você cumpriu seu dever. Posicionou
criativamente as pedras.
Agora chegam os jogadores. Cada um com
ideias próprias sobre como atravessar a água.
Alguns testam a estabilidade das pedras antes.
Outros se atiram felizes e saltitantes. Alguns
trouxeram suas próprias pedras para lançar de
tempos em tempos. E isso não tem problema,
porque agora você tem algumas pedras a mais
para adicionar às deles e trazê- los de volta ao
caminho que você traçou. Mas os jogadores
tem a palavra final sobre o caminho a seguir.
Algumas balançam, e os jogadores devem
aprender a se equilibrar, ou pular rápido.
Funcionam separadamente e em conjunto.
Quando eles alcançam a última pedra, a única
que resta, eles aterrissam, e a jornada acaba. Se
você tiver posicionado as pedras com cuidado,
essa última pedra deve ser um grande passo
para os jogadores. Você não disse por onde
seguir, ou como se mover. Você apenas os
instigou de tempos em tempos. O jogo falha
quando os jogadores ficam sem pedras para
pular ou encontram becos sem saída.
Isso ajuda?
Enredo é do Mestre. História é dos jogadores.
Aventuras são enredos encontrando histórias.
Histórias não dependem de enredos, reagem a
eventos do enredo. eventos do enredo devem
reagir a eventos da história. Enredo acontece.
História emerge.
Enredo também não é plano. Não tem plano.
Tem uma rota que o enredo traça, mas não é
fixa. Só são fixos o início e a meta. Tudo no
meio é opcional.
Não tem história até que ela reaja ao enredo. Isso ajuda? Acho que sim. Eu me sinto melhor. Por
isso precisamos saber onde começar e qual a meta de início. Sim?

Sim. E isso nos traz de volta àquela sentença…

Vamos analisá-la, e, por ser um livro, vou usar a versão longa:
Alguém quer muito alguma coisa em um prazo específico e encontra dificuldade em conseguir
por algum meio por algum motivo.

Isso nos dá um começo, ou melhor, um lugar para procurar por um começo. E definitivamente
nos dá uma meta com um prazo. Alguns pontos importantes: o Nêmese precisa de um prazo
para o plano dele. Se não houver um prazo, você acaba criando uma saga de dez livros que não
sabe como terminar. O prazo pode ser de milênios. Mas o relógio está lá e os ponteiros estão
girando. Precisa existir uma meta. Sem uma meta, não há propósito, tem… bem, nada. Eu amo
Mestres que dizem que seus vilões não tem metas. Ótimo! Se funciona, bom para você!

Não sei como pode ser o caso, então ou eles estão mentindo e encontram metas ao longo do
jogo, ou não Mestram campanhas longas que terminem de maneira satisfatória. Também
precisamos de alguém, ou algo, a força antagonística, como Hollywood gosta de dizer. Eu não.
A natureza não é uma força antagonística – ela não liga. Ela não tem meta. Ela é um evento, ela
acontece. Ela cria problemas mas ela não está ativamente atuando contra os jogadores. Pode
até parecer que sim, mas a menos que um cientista maluco controle o tempo, não está.

Então, algo ou alguém, um prazo, e uma meta. Lembre-se disso. Fim do livro. O resto das
páginas são expansões desse ponto e algum recheio, para ser sincero. Mas, como todas as
coisas, só quando você sabe a teoria expandida você pode aplicá-la de maneira orgânica.
Perdão, sem atalhos. Então vamos logo com isso. Sim. Em frente!

No ermo do deserto de Nova Lorhario,

uma boa bala é difícil de encontrar.

9
Por onde Começar?
Alguém
Este, na maioria dos casos, é seu Nêmese
primário. Mas espera, eu sei, RPG deveria ser
sobre a jornada do herói e as escolhas dos
personagens. Sim, concordo. Mas para haver
heróis é preciso que haja algo sobre o que
possam ser heróicos. Luke Skywalker não
seria incrível se o Império não estivesse sendo
terrível, Sherlock Holmes não seria um grande
detetive se nenhum crime fosse cometido.
Seus jogadores simplesmente não podem ser
heróis se não houver algo para se... 'heroizar'
contra. Então, quem é essa pessoa contra quem
eles devem heroizar? Seu Nêmese (Depois eu
elaboro sobre Nêmese, vilão e capanga).
Então, voltando a esse Alguém…
Quem é esse alguém? No próximo capítulo
trataremos de como deixar esse alguém
interessante e legal. Por enquanto, vamos
apenas dizer que é a "Imperatriz Ilianna", a
regente de um vasto império. Ela governa com
punho de ferro e demanda lealdade absoluta
(eu acabei de inventar isso, e ao longo desse
livro é esperado que você faça o mesmo – essa
é a sua tarefa, inventar várias merd… coisas).
Para esclarecer: esse alguém pode ser alguma
coisa, um poder, ou um grupo. Coletivamente,
sua meta é atingir um desfecho – veja a seguir.
Porém, isso complica o enredo (para melhor,
se você fizer corretamente). Use grupos de
pessoas que agem em uníssono, ou "sem
liderança" se preferir, depois que estiver
confortável com antagonistas individuais.
Quer algo…
Isso mesmo, depois disso veremos como
criar desejos e vontades para o Nêmese.
Apenas tenha paciência; tudo a seu tempo...
Bom, tão rápido quanto você leia e entenda,
eu acho...
10
Por onde Começar?
Imperatriz Iliana quer se certificar da lealdade dos
duques das sombras que compõem seu reino.
É certamente o que todo governante quer,
certo? Obedeça, não me traia. E é mais ou
menos o que sempre fazem, certo? Trair, eu
digo. É um plano fraco, mas precisamos
começar por algum lugar e eis aqui uma
digressão que preciso fazer:
Planejar seu jogo trata-se de ajustar, consertar e
remendar suas ideias. Você precisa começar de
algum lugar, então, quando eu começo, eu
escrevo a sentença sobre alguém querendo algo
etc., e então preencho as lacunas. Eu até sento e
grito comigo mesmo por ser entediante. Mas
está tudo bem – porque esse é o primeiro
passo. Esse livro inteiro é sobre transformar
uma ideia entediante em algo que tire o fôlego
de seus jogadores no final. Acredite, entediante
é bom – significa que você preencheu as
lacunas e agora tem algo para lapidar, em vez
de sentar e se lamentar por dias sobre uma
dúzia de ideias, tentando não ser entediante e
terminando com nada nas mãos. De volta à Sua
Majestade Imperial, ela precisa de um prazo.
Imperatriz Ilianna quer se certificar da lealdade dos
duques das sombras que compõem seu reino ao dia de sua
ressurreição…
Não sei de onde isso veio. Mas é um prazo.
Precisávamos de um prazo, então pensei em
algo que envolvesse tempo.
Poderia ser seu casamento, seu funeral, sua
formatura da Universidade de Imperatrizes do
Mal, a maioridade de seu filho… tantas coisas.
Poderia ser bem mais esotérico, poderia ser a
próxima lua cheia, a próxima virada das marés,
o voo do primeiro beija-flor após o chamado da
última cotovia. Quem sabe? Eu não sei! Eu
escolho uma afirmação aleatória.
Mas essa afirmação aleatória prestou serviços
críticos para a elaboração de bons enredos –
disparou milhares de perguntas na minha
cabeça, as quais eu devo responder:
Por que no dia da ressurreição? Quando é
isso? Espera… dia da ressurreição dela? WTF?
Por que ela está sendo ressuscitada? Isso
significa que ela sabe que vai morrer? Como
ela soube? Ou ela já está morta? Quem irá
ressuscitá-la? Por que ela se importa se os
duques são leais?
Dificuldade para conseguir
Essas perguntas serão respondidas em tempo.
Por enquanto, foco! Ainda não terminamos de
escrever nosso enredo:
Imperatriz Ilianna quer se certificar da lealdade dos
duques das sombras que compõem seu reino ao dia de
sua ressurreição, mas está encontrando dificuldade em
assegurar a lealdade usando a ameaça de destruição.
Seu Nêmese deve estar tentando fazer algo
para conseguir o que quer. Não importa o que
seja especificamente porque os jogadores vão
arrombar a porta e destruir tudo no final.
Você precisa de um ponto de partida, então
escolha um. Ela está ameaçando destruir os
duques das sombras caso não permaneçam
leais. Essa é uma desculpa bem direta. Ela
poderia ter usado um exército de mortos
vivos, uma maldição, uma contabilidade tão
distorcida que traria a ruína dos duques
através de sub-taxas e impostos sobre o
número de rodas de carroças…
Não importa muito a essa altura. Lembre-se,
só precisamos terminar a maldita sentença,
OK? Vamos olhar para trás e rir da ideia de
um imposto sobre rodas de carroça… um
imposto sobre cascos de cavalo seria bem
melhor. Enfim…
Imperatriz Ilianna quer se certificar da lealdade dos
duques das sombras que compõem seu reino ao dia de
sua ressurreição, mas está encontrando dificuldade em
assegurar a lealdade usando o a ameaça de destruição
por causa da rebelião.
Eba! Temos nosso enredo. A rebelião está
impedindo que os duques obedeçam, então ela
não está atingindo sua meta. Isso está ótimo.
Não é um enredo singular, mas tem um ou
dois elementos curiosos: a ressurreição dela
(sim, eu estou orgulhoso desse faísca de
inspiração) e a necessidade de lealdade. Por
que os duques sombrios precisam ser leais? O
que isso tem a ver com a ressurreição? Por que
a rebelião impede que a ameaça de destruição
dela funcione? Essa é fácil, os duques veem
resistência como uma opção razoável.
Tantas perguntas, e é exatamente aí que você
quer elaborar sua Trama Mestra. E nesse
sentido, todas as suas sub-tramas, missões
secundárias, missões jornada do personagem,
missões aleatórias de aventura e tudo que
envolva o enredo. Porque ao responder essas
perguntas você resolve a sentença e tem uma
base sólida da qual partir.
11
Por onde Começar?
Tem um milhão de respostas para essas perguntas, e um milhão de formas de preencher as
lacunas… A sentença com lacunas fica assim:

(alguém)_______________ quer (algo) ____________ para/até (prazo) _________________ e está

encontrando dificuldade em conseguir usando (ação)___________ porque (motivo para isso)
_____________

Cada vez que você completa isso, fica infinitamente mais fácil (Isso é uma mentira na cara dura,
mas eu tenho que acumular vendas, certo? Torna-se mais aprazível conforme você procura
encontrar formas mais legais e respostas melhores, só se torna mais difícil conforme você tenta
se superar em relação à última Trama Mestra).
Munido agora com uma sentença completa:

Imperatriz Ilianna quer se certificar da lealdade dos duques das sombras que compõem seu reino ao dia de sua
ressurreição, mas está encontrando dificuldade em assegurar a lealdade usando o a ameaça de destruição por causa
da rebelião.

Essa é nossa Trama Mestra! Béééh! Errado. Esse é o contorno da nossa Trama Mestra.
Precisamos analisá-la agora que juntamos tudo para descobrir a verdadeira Trama Mestra!
A Imperatriz morreu em seus aposentos nupciais
bem como seus assassinos.

12
Por onde Começar?
Nós analisamos usando as seguintes
ferramentas de dissecação:
Quem
O que
Onde
Quando
Por que
Como
Todos vocês conhecem essas perguntas – elas
são sempre jogadas em nós porque, como
humanos, gostamos de poder respondê-las.
Nos faz sentir conhecedores de tudo. O que
significa que precisamos descobrir como
contar tudo isso aos jogadores sem contar…
é. Isso mesmo que eu disse. Em frente!
Quem?
Imperatriz Ilianna, regente de
um vasto império, fria e maligna
e buscando apenas sua própria
ressurreição.
Duques Sombrios, governantes
no império, responsáveis por
manter a ordem e prover poder à
Imperatriz.
A Rebelião, um grupo
aborrecido do povo de Alderaan.
Isso está indo a lugar nenhum e
rápido. Alderaan? Sério? Vou
tentar tolher minhas referências
interculturais (dica: vou falhar).
Continuamos a trabalhar nas respostas às
perguntas com afirmações curtas. Vamos
voltar a essas afirmações mais tarde e ver e
comparar e ajustar conforme necessário.
Relaxe.
O quê?
Típico, escolhi algo nada prático
para o exemplo. Neste caso, o
que se refere a lealdade, rebelião,
discórdia, e poder. A Imperatriz
quer lealdade, seus duques
podem discordar, os rebeldes
claramente querem ela fora,
então o que está em jogo é poder.
Nas primeiras Tramas Mestras,
eu sugeriria usar algo concreto:
um anel, um manto de poder, a
galáxia… Como nota de rodapé,
o que se refere a “o que está em
jogo”, “o que se quer” obter.
Onde?
O Império de Ilianna e os
ducados dos Duques das Trevas.
Isso não descreve todos os locais
pelos quais passaremos em cada
aventura, só parques temáticos
para nossas mentes viajarem.
Nesse ponto, estamos apenas
construindo espaços e ideias,
então não se estresse muito.
Quando?
Essa é fácil – antes da
ressurreição dela. Toda a Trama
Mestra depende desse instante
no tempo. Podemos escolher que
isso seja em 4 anos, 4 meses ou,
se quisermos apimentar o jogo, 4
dias. Mas, por enquanto, vamos
supor 4 meses. Estamos em
meados do outono, então em 4
meses a vida desabrochará em
primavera e Sua Alteza será
ressuscitada. Primavera =
renascimento. Duvido fazer
melhor. Ando escrevendo esse
livro estressado. Primavera.
13
Por onde Começar?
Por quê?
Por que antes da ressurreição?
Aliás, por que ela está sendo
ressuscitada para começar? Hora
de encarar avidamente o teto… E
se ela estiver sendo ressuscitada
porque na verdade está morta,
reinando de um plano externo ao
qual foi exilada, ou algo do tipo?
Sua ressurreição é porque os
Duques Sombrios encontraram o
hospedeiro perfeito para ela
habitar. Bom, funciona para os
filmes d'A Múmia dos anos 90.
OK, ótimo. Isso explica por que
ela precisa da lealdade deles. Eles
precisam encontrar o recipiente
para a ressurreição dela.
Como? Então como e por que ela pode
ameaçá-los a cumprir suas
vontades? Talvez ela possa
influenciar pessoas? Não, e se ela
puder habitar certos corpos?
Vamos chamá-los de Sifonadores
– construtos que residem nos
castelos de cada duque – e, claro,
um enorme habita no castelo da
Imperatriz. Ela pode pular de um
para outro – meio como um
filactério inverso.
Percebe como a cadeia de pensamento segue
aquelas seis perguntas e começa a pintar um
quadro geral? Uma Imperatriz espiritual
morta-viva que habita nesses poderosos
construtos está esperando pela Primavera
para que possa ressuscitar em um corpo
encontrado para ela por seus Duques chorões.
Mas, a Rebelião causa problemas. Como? E
por quê? Voltamos para nossas perguntas.
Primeiro, quem é a Rebelião? Um monte de
riquinhos nobres?
14
Por onde Começar?
Alguns fazendeiros descontentes com o
imposto das rodas? Chega… basta de rodas.
Alguns magos? Uma igreja? Uma ordem
sagrada? Um dragão em busca de seu próprio
poder?
Tipicamente, a Rebelião deveria ser tudo o que
a Imperatriz não é. Gentileza, igualdade,
liberdade. Isso cheira a um paladino liderando
a cruzada. Mas não qualquer paladino – um
paladino caído. Talvez um que tenha servido a
Imperatriz muitos anos atrás, antes dela
morrer e deixar o plano material primordial?
Serve para mim. Então, um ex-paladino da
Imperatriz está se erguendo contra ela porque
ele não… não quer que ela retorne e preferiria
ver o Império implodir e renascer como um
lugar mais justo. Mas como fazer isso? Como
compelir um Império a dar meia volta?
Bem, para responder a essa pergunta eu me
viro à história e, como vocês hão de concordar:
a morte de Alexandre, o Grande. Relaxem, não
vou entediá-los como uma lição de história
meia boca; basta dizer: Alexandre tinha um
bom império, ele morreu, e todos os seus
generais se voltaram uns contra os outros
como um bando de hienas viciadas em crack.
Eles reduziram seu império a pedaços,
clamaram porções para si e procederam a
declarar guerra uns contra os outros, porque
não havia ninguém para impedi-los.
Então, se o ex-paladino puder mostrar que a
Imperatriz pode ser combatida, pode ser
negada, então eles se virarão uns contra os
outros. Boom – fim dos Duques, e vida longa
ao ex-paladino. Essa é sua meta grosso modo.
Pegue um café e volte, não terminamos. Mas
temos nossa Trama Mestra. Temos um
Nêmese Malvadão desesperado para reviver.
Temos Duques servis que serão nossos vilões
principais, e uma força em potencial para
nossos jogadores – a rebelião...
Você talvez tenha reparado que em nenhum ponto deste plano inteiro consideramos os jogadores
ou seus personagens. Há uma razão bem específica para isso. Nós somos Mestres Épicos. E nós
sabemos que não se pode ter heróis sem vilões. Precisamos disso para nossos heróis. Se tivésse-
mos apenas heróis, não teríamos história. Esta é nossa Trama Mestra. Ela será o esqueleto no qual
muitas mais camadas serão adicionadas, até acabarmos com os heróis sendo incríveis, montando
um dragão rumo às entranhas flamejantes dos Nove Infernos e retornando sem um arranhão.

Refine sua sentença. Pondere. Reflita. Teste suas respostas para as perguntas que ela faz. Vire as
coisas de ponta-cabeça. Aqui está um exemplo para você contemplar, ou pular se não gostar de
…ler…

Não precisamos olhar além de uma grande obra: O Senhor dos Anéis. A Trama Mestra era muito
diferente da História. A Trama Mestra (em minha opinião) era a seguinte:

Sauron quer dominar toda a Terra Média quando é restaurado à forma física mas encontra
dificuldade em conseguir isso usando exércitos massivos de orcs, porque os povos livres da
Terra Média estão vagamente unidos contra ele.

Em nenhum momento O Anel é mencionado, nem Frodo, nem Gandalf, nem ninguém. Porque
essa não é a Trama Mestra. A Trama Mestra é esse deus demente querendo conquistar sua terra.
E isso gera uma série de perguntas: Por que ele quer dominá-la? Bem, ele sentiu que era sua e ela
lhe foi negada muito tempo atrás. Ele existe como um olho maligno e pode se manifestar quando
reune força o suficiente. Seu maior problema é que seus exércitos não podem lutar sozinhos.
Gondor, Rohan, os elfos, todos se prostram em seu caminho, e visto que eles já o venceram uma
vez, ele é naturalmente cauteloso. Então ele busca aliados – Saruman, o Rei Bruxo de Angmar e
os povos do sul. Esses aliados o ajudam a se mover rumo à sua meta. Eles ajudam a perturbar os
povos livres, as alianças e assim por diante, ganhando tempo para Sauron juntar poder.

A História é de dois hobbits que desafiam chances extremas, e viajam de um lado do continente
ao outro para destruir um anel de poder que é conhecido como perigoso demais para ser
mantido inteiro. Nessa história conhecemos humanos e elfos que se apaixonam, de reis perdidos,
de grandes magos e árvores maravilhosas. Essa é a história que nos encanta até hoje; é a história
dos heróis. O pobre Sauron não recebe muita atenção de forma alguma. A logística de criar
aqueles exércitos, as negociações mais do que delicadas com Saruman, as disputas por fronteira
que invariavelmente surgiram quando os povos do sul quiseram discutir a divisão de terras após
a guerra, alimentar os trolls – tudo ignorado. Sem mencionar o adestramento das Feras Caídas.

E ainda assim, sem tudo isso acertado, não haveria história. Seria mais um diário de viagem.
Selfies de Sam e Frodo em Rivendell, nadando pelados no rio, montando pôneis, abatidos mas
felizes conforme escalavam o Monte da Perdição. Tudo muito legal para a Nova Zelândia mas
meio entediante como catálogo de eventos. Precisamos que Sauron tentasse capturá-los, para eles
poderem escapar de coisas terríveis e decidirem seguir sob estresse tremendo. De onde veio o
estresse? Sauron. É.
Frodo precisava do Sauron muito mais do que Sauron precisva do Frodo.

15
Por onde Começar?
Então isso significa que nós, enquanto GMs,
devemos ter nossa magnífica Trama Mestra à
mão para que os jogadores e seus personagens
possam marchar sobre eles, sujando de lama
aqui e ali, até por fim derrotarem o Malvadão
sem jamais de fato saber a verdadeira extensão
do treinamento de monstro que você passou
para colocá-los lá.
Agora pode testar sua sentença. Pergunte-se –
isso inspira aventuras? Posso ver uma dúzia
de aventuras baseadas em impedir que isso
ocorra? Se olharmos para a nossa sentença,
temos algumas aventuras: Duques Sombrios
precisam ser derrotados, o que são tipo 4
deles, certo? O Sarcófago da Imperatriz deve
ser enfrentado. O virgem sacrificial, resgatado.
O templo do sacrifício devastado. A Rebelião
terá no mínimo algumas aventuras. A
Imperatriz em si deve ser confrontada. Então
sim. Tem várias aventuras esperando para
serem exploradas aqui.
De novo – e não tenho como dizer demais isso
– sua Trama Mestra não precisa ser incrível.
Precisa funcionar. Incredibilidade vem com
idade, experiência, nuance. Funcionalidade
vem com prática. Os jogadores não o culparão
por não produzir um Game of Thrones 2.0 em
sua primeira campanha. Eles o culparão se sua
aventura nem fizer sentido. Teste sua sentença
e então siga em frente. Não gaste uma porção
de tempo nisso. Como eu disse no começo do
capítulo – você só precisa de um certo alguém,
um prazo e uma meta, e isso nós temos. O
resto mudará conforme os jogadores escavam
o jogo com suas patas grudentas.
Da sua sentença podemos começar o trabalho
de verdade. A ‘arte’ da Trama Mestra. Então
comecemos com a pessoa mais importante – o
Nêmese.
16
Por onde Começar?
Em minha atual campanha do YouTube – as
Aventuras de Windswift – o Nêmese ainda está
para ser revelado. No entanto, a primeira Vilã
foi derrotada. Nos capítulos 1, 2, e 3 ouvimos
sobre ela e os heróis que finalmente a
derrotaram.
Sua meta era sobrepujar a Order de Hastari e
substitui-la por uma ordem mais militante que
restauraria os dragões exilados (senhores
verdadeiramente maus e sadistas) ao poder, já
que sentia que o comando deles era melhor.
Uma vez que sua meta, subjugar a Ordem de
dentro para fora, manipulando aqueles que ela
conseguisse e destruindo aqueles que ela não
pudesse, eu tinha um caminho e um plano
claros para ela seguir. O que tornou tudo
interessante foi que minha missão inicial não
parecia ter nada a ver com ela a princípio. Só
na conclusão tivemos a impressão de que ela
estava envolvida. Apenas na terceira
temporada os jogadores sequer aprenderam
seu nome. A essa altura, o grupo tinha lidado
com Elfos do Gelo extintos, Elfos do Deserto,
Anões, Centauros Canibais, e finalmente seu
inimigo de fato.
Minha sentença era: Gravla Tajak quer
restaurar os dragões destruindo as ordens
vigentes que os mantem exilados antes de ser
descoberta por essa ordem. Ela pode fazê-lo ao
converter todos os membros à sua causa, mas
está com dificuldade pois alguns não querem
se converter.
Para um vilão essa é uma meta ambiciosa, mas
eu queria que meus jogadores começassem a
campanha com um estouro, e experimentassem
a sua Ordem, como ela funciona ou não. Além
de apresentar a ideia de que alguns queriam
trazer os dragões terríveis de volta.
Apenas os mais corajosos enfrentavam
Mathazarkis, o demônio de fogo.

Nêmese
Para começar a criação de um Nêmese,
precisamos pensar cuidadosamente sobre seu
papel na história. Precisamos amarrá-los ao
tema. O que é um tema? Sim, sim – é outro
capítulo. OK… falemos sobre tema. Nêmese
terá que esperar.
Tema
Apesar disso parecer como um exagero
dramático, quando começo a desenvolver uma
campanha, eu olho para um tema que quero
explorar. É uma ideia grandiosa e ousada que
eu acho interessante na hora. Pode ser traição,
pode ser amor, pode ser vingança, pode ser
poder. O que quer que seja seu tema, e há
literalmente dúzias, você deve selecionar ao
menos um ára sua campanha. Aqui está uma
lista breve:
Crime não compensa
Amor sempre triunfa
Coragem
Vingança
Poder Corrompe
Melhores intenções
Humanidade versus mal/ natureza
Triunfo do espírito
Superando chances
Guerra
Ganância
Quer mais? Pergunte pro tio Google.
Neste caso usamos a palavra tema – você
pode chamá-la de sua corrente dramática, sua
linha guia, sua oportunidade de se expressar
sobre algo, sua tese, sua ideia central… A
ideia é que suas aventuras serão então
penduradas no tema. E sim, você pode
misturar alguns temas: Aceitação durante
uma época de guerra traz o triunfo da
humanidade contra o mal.
18
Tema
Esta é sua campanha, você a desenvolve como
quiser. Eu só acho que ter um tema me permite
focar minha narrativa e, a longo prazo, ajudará
com aventuras que eu tenha que criar de última
hora. Se eu souber meu tema e a Trama Mestra,
posso facilmente fazê-lo. E vou ensinar depois.
Segure as pontas.
Vá selecionar o(s) tema(s) para sua campanha.
Esse tema deve então ser expresso em nossa
Trama Mestra. Então, para seguir com o
planejamento da campanha, se nosso tema é
“Superar Chances e o Triunfo do Espírito” (ou
não, no caso da Imperatriz, haha) Isso altera a
história de nossa Imperatriz Ilianna? Bem, não a
sentença, mas para tudo na sentença, se é que
faz sentido?
Deixe-me explicar – precisamos alinhar nossas
notas e planos para demonstrar a Superação
das Chances. O que isso sequer significa? Quais
chances? Ah, então precisamos explorar as
implicações do nosso tema antes de somente
enfiá-lo em nossa Trama Mestra. E como
exploramos as implicações? Fazemos perguntas
– não a bateria completa, só algumas:
O que esperamos desse tema?
O que já foi estabelecido sobre
esse tema?
Qual filme/livro/peça/show de
TV/artigo de jornal tem esse
tema a que possa me referir?
O que posso fazer diferente?
No tema de Superar as Chances – o que podemos
esperar? Esperamos que um oprimido se erga
contra um poder ou autoridade estabelecidos e
se provem dignos, com tudo contra eles. Deve
ser preciso astúcia, habilidade, determinação,
sorte, e motivação pessoal para realizar isso.
O que foi estabelecido sobre esse tema? É uma
história que amamos contar, e contamos de
tantas formas – a humanidade sobrepujando
aliens cominantes para retomar o planeta, um
homem maneta aprendendo a pintar com os
pés e superando as chances, um garoto
aprendendo ballet em segredo para não
precisar ficar no buraco fedorento que é a sua
cidade. Gostamos desse tipo de história. Nos
faz sentir como se pudéssemos alcançar
qualquer coisa. Claro, nesse caso, são os PJs
que superam os poderes do NPC.
Qual filme ou livro posso olhar? Armagedom –
o único jeito de salvar o mundo é explodindo
um asteróide, e é uma viagem só de ida, mas
talvez funcione… Billy Elliot, Dinossauro, Star
Wars – escolha o seu.
A maioria destes tinham algumas coisas em
comum que esperamos: o herói era um novato
inexperiente e em uma piscina funda demais
para ele. O malvado que eles enfrentavam era
um poder que estava estabelecido há algum
tempo (estigma social, asteróide gigantesco,
Imperador). Poucos acreditavam em suas
chances de sucesso, e a maioria tentou pará-los
antes mesmo de começarem.
Isso é tudo incrível para usarmos. Agora como
podemos mudar isso? Superar as Chances não
pega bem se for "superar as coisinhas que não
eram tanto um problema para começo de
conversa". Se fizer isso, você acaba com um
filme do Super Homem. Então o que mudar?
Bem, você pode virar o jogo – e sim, tem livros
e filmes que já fizeram isso, porque estamos
todos contando histórias, e como eu disse, só
temos um enredo. Mas, é como contamos.
Então em vez dos heróis serem párias ou
oprimidos, e se fossem parte da comitiva da
Imperatriz? Trabalharem para ela como
guardas ou executores?
E se eles começarem sendo o sistema? Temos a
rebelião para brincar – talvez seus PJs comecem
caçando-os? Então lentamente percebam que
estão errados? Isso dá um trabalho para passar
mas pode ser incrível. Ao brincar com o que
pode ser mudado, ou simplesmente distorcer o
que está lá, você começa a assinar sua narrativa.
Agora podemos examinar nossa sentença de
novo. Como encaixamos nosso tema na nossa
sentença? O que diabos era a sentença? Eu vou
buscar. Beba seu café.
Imperatriz Iliana quer garantir a lealdade dos
Duques Sombrios que compõem seu reino a
tempo de sua ressurreição, mas encontra
dificuldade em assegurar essa lealdade usando
a ameaça de destruição por causa da Rebelião.
Certo. Encontrei. Tema – Superar as Chances.
Gosto da ideia dos personagens começando
trabalhando para a Imperatriz. Isso oferece
algumas escolhas com ótimos conflitos morais e
pode acabar virando a campanha inteira de
ponta-cabeça se os jogadores decidirem que
continuarão apoiando-na mesmo depois de
descobrir a verdade. De qualquer forma, esse é
um sonho para outra hora.
Como disse, a sentença não precisa mudar. A
Rebelião tem que superar as chances para parar
os Duques. Imperatriz Ilianna tem que superar
as chances de manter os duques leais. A
sentença está cheia de chances a serem
superadas. É uma boa sentença. Entretanto, o
que precisamos de fato fazer é mudar como
expressamos essa sentença.
Queremos que os PJs superem as chanes e
derrotem a Imperatriz no final. Queremos sim.
Então significa que deveríamos estabelecê-la
como uma grande "chance" a ser superada,
assim como cada Duque. Uma Imperatriz por si
só em bem poderosa. Devemos torná-la mais.
19
Tema
Ela tem seu Sarcófago que a protege. Talvez
também haja os 1000 imortais; guardas reais
de terrível poder? E sua fortaleza está no topo
de uma montanha cercada por um lago de
fogo, ou, para os tradicionalistas, água. O
truque aqui é que devemos sempre garantir
que não importa quão incomensuráveis as
chances pareçam, exista uma solução
comensurável. De outro modo nossos
jogadores, não seus personagens, ficarão
desanimados.
A Imperatriz deve ser digna de respeito e
poderosa, e precisamos demonstrar isso no
primeiro encontro com ela. Ela é o poder final.
Coletivamente, os Duques precisam ser
imparáveis; exércitos massivos, territórios
imensos, assassinos nas sombras ou ogros
gigantes sob seu comando. Aparentemente
impossível para um grupo de heróis derrotar.
A Rebelião também deve ser estupidamente
fraca. Tematicamente, a resistência ganhará
força conforme os heróis se movem pela
campanha, até ser totalmente obliterada pela
Imperatriz – lembre-se que por mais que os
heróis tenham sucesso em suas missões, e eles
devem ter, precisamos manter o tema vivo –,
superar chances esmagadoras, e precisamos
manter essas chances esmagadoras. Estaremos
em uma corda-bamba de tensão. Precisamos
que nossos jogadores tenham vitórias,
avancem e conquistem, mas também devemos
avançar o tema – até o definitivo e terrível fim.
Esclarecendo, o tema não precisa estar em
toda missão, só nas que estejam diretamente
ligadas à Trama Mestra. Se puder entrelaçá-la
em suas subtramas isso é ótimo. Mas às vezes
há um limite de plebeus oprimidos superando
as chances que podem aparecer. Espero que
tenha notado que o tema é usado para focar a
expressão da trama, porque não podemos
contar aos jogadores nosso tema, devemos
mostrá-lo através de eventos do enredo.
20
Tema
Como fazemos isso é parte arte, parte tática e
parte sorte. Este é apenas um livro, então não
posso me aprofundar muito em como fazer
isso, mas tentarei ser breve.
A Arte do Tema é mostrá-lo de diversos jeitos
e de diferentes perspectivas. Hollywood
chama isso de Semiótica. Uma cortina preta
atrás de um personagem pode significar
maldade, ou tristeza iminente. Um carrinho de
brinquedo derrubado por uma criança pode
pressagiar o acidente de carro real que deixa o
pai do garoto cego. Filmes tem muitas pessoas
trabalhando neles para realizar estas ideias.
Você geralmente está sozinho. Eu tento achar
uma ou duas imagens fortes para cada espaço,
personagem e trama para representar o tema.
Considere: uma descrição visual desse castelo
negro massivo vigiando a cidade com essa
única roseira escalando uma de suas laterais,
trazendo cor à sua escuridão. Essa rosa está
desafiando as chances e superando o domínio
do castelo. É a expressão de seu tema de uma
maneira visual, e uma escada bem útil para o
castelo. Vai de você o quanto quer colocar em
suas descrições.
Taticamente, você pode usar suas descrições
(eu digo descrições porque geralmente não
tenho muito auxílio visual em meus jogos, dou
o estilo "teatro da mente" de GM, você pode
empregar imagens, modelos, etc. para atingir
isso também) para manter o tema vivo. Nem
todo local precisa de uma referência simbólica.
Às vezes você pode só descrever um campo ao
lado da estrada. Os PJs percebem algumas
crianças atormentando outra, derrubando-a na
lama. A princípio ela resiste, mas só se suja
mais. Então ela muda de ideia e começa a
abraçar as outras crianças – cobrindo-as de
lama, e se limpando ao mesmo tempo. Logo
estão todas cobertas de lama, menos a vítima,
triunfante. É um detalhe simples mas passa o
tema.
Das sombras os tentáculos se esticam,
uma alma para violar...

Sorte acontece de tempos em tempos, quando você prepara uma cena com chances esmagadoras
e seus PJs conseguem vencer mesmo assim. Jogadores são ótimos em se meter nessas situações.
Na próxima, se encaixar em seu tema, faça um NPC comentar depois: "Deuses! Vocês
mostraram pra eles, hein? Bom pra vocês! Os pequenos vencendo os grandões pra variar."

Repita o bastante de jeitos diferentes e os jogadores irão captar. Porque a maioria de nós não
consegue evitar fazer associações, uma vez que o verme de mente do seu tema for visto, o
cérebro formará expectativas. Não podemos evitar. É o que humanos fazem. Agora, o tema nos
está dando três armas:

Ajudará a focar nosso pensamento,

Nos dará inspiração para descrever melhor,
Influenciará as expectativas dos nossos jogadores sobre o jogo.

Ainda convencido que Tema não é importante? Eu conheço algumas pessoas que sentem
que eu penso demais sobre as campanhas que eu crio. Talvez, talvez não! E agora, como
pedido pelos meus patronos e apoiadores, eis o esqueleto que eu uso para juntar isso tudo!

21
Tema
A tabela acima é um amálgama dos básicos Em um prazo específico
das de Sentença e Tema. Colocando-as dessa Quem?
forma você pode verificar cada item da Os Duques Sombrios encontrarão
sentença contra as perguntas usuais, assim
como as do tema. Não precisam ser todas Tendo Dificuldade
respostas completas – só palavras-chave para Quem?
ajudar a guiá-lo. Os PJs ficam interferindo

Usando apenas a primeira pergunta: Quem? Usando

Começando com: Quem?
Uma unidade de elite de batedores
Alguém conhecidos como Panhellion
Quem?
Imperatriz Ilianna Porque...
Quem?
Quer algo Os Panhellions não enxergam no sol
Quem?
Um corpo para ressuscitar Agora, todas essas respostas dizem
respeito a Quem.
22
Tema
Podemos então voltar e responder a próxima
pergunta, O que, da mesma forma.
A coluna tema, quando chegarmos nela,
induz você a decidir como o Tema se
relaciona com cada componente da
Sentença. Como nosso tema de Superar
Todas as Chances se aplica à nossa Sentença?
Alguém
Imperatriz Ilianna será incrivelmente
poderosa em seu Sarcófago. Para
derrotá-la, os PJs terão que descobrir o
segredo de suas operações, ou não
poderão vencê-la.
Quer algo
O quadro geral é sua ressurreição mas
ela precisa de alguns componentes -
tais como um virgem. Podemos aplicar
isso a todos eles, ou só ao seu grande
plano. De todo modo, com o tema,
fazemos ajustes para que o retorno
dela seja extremamente improvável
sem todos os componentes reunidos no
momento certo. Só uma série de atos
monumentais alcançarão seu objetivo.
Em um prazo específico
O tempo não para e cada atraso torna
menor a chance de superar as chances.
Assim, precisamos de um conceito
forte de passagem temporal em nosso
jogo. Talvez precisemos de um
calendário para acompanhar os dias?
Tendo dificuldade
Mantemos as Chances esmagadoras
usando um método conhecido como
complicação incrementada. Cada
vitória é complicada por um novo
desenvolvimento. Isso mantem as
coisas difíceis para ambos Imperatriz
e PJs.
Usando
Os batedores Panhellions são super
assassinos de elite capazes de rastrear
o voo de uma abelha em um furacão.
Evitá-los ou escapar deles será uma
superação de chances tremendas.
Porque...
Apesar de não verem no sol - eles podem
se mover pelas sombras, então se você
produzir uma sombra você pode ser
atacado - superar isso será interessante.
Quando olhamos para as expectativas,
passamos pelas mesmas ideias de novo mas
nos perguntamos - o que esperamos de Quem
ou do O que ou Onde etc.? O que esperamos
das ideias proporcionadas acima? Isso nos
permite ver o que nossos jogadores podem
estar vendo, assim como entender o tipo de
história que estamos contando.
Isso nos ajuda a responder as perguntas
estabelecidas - o que foi estabelecido acima - e
como estabelecemos isso se for o primeiro
encontro dos PJs com a coisa. O que foi feito na
TV e na literatura que possamos usar - os elfos
são no estilo Anime, Pratchett, ou Tolkien?
Por fim, você tem a chance de passar pela sua
sentença passo a passo para torná-la diferente -
suas respostas aos blocos do Esperado e do
Estabelecido irão guiá-lo, e suas respostas para
todo o resto devem inspirá-lo.
Você pode precisar de várias cópias dessa
planilha para completar seu plano inteiro, e
por favor lembre, não precisamos entrar muito
na trama aqui - você está criando diversas
oportunidades para a trama mais tarde, não
forjando um molde definitivo nesse momento.
23
Tema
Uma vez que você tenha todas as suas
respostas você deve ter uma boa noção da sua
Trama Mestra geral. Agora você pode ver as
ramificações do que acontece quando os PJs
negam um desfecho para o Nêmese. Você
também deve conseguir ver se você precisará
adicionar ou remover aventuras quando
estivermos fazendo a análise da sua aventura
mais tarde. Lembre-se que os jogadores devem
poder responder as perguntas ao final do jogo:
Qual era a Sentença para o seu jogo?
Eles só podem responder se você garantir que
eles passaram pelos seus pontos passo a passo,
aventura por aventura. E eles só podem fazer
isso se você lhes tiver proporcionado
aventuras nas quais descobrir seus pontos!
Tema versus Personagens dos
Jogadores
Apesar de termos usado o tema que pegamos
para nos guiar, e vai por mim que não
terminamos com o tema ainda, como ele se
aplica aos PJs fora da Trama Mestra? Ele afeta
a Trama Mestra e tudo que fazemos enquanto
GMs, então certamente deve haver um ponto
de amarração com os PJs?
A resposta é sim, e vai te esgarçar fazer isso.
Com sorte você terá uma chance de ter alguma
informação sobre os personagens que seus
jogadores criem antes de entrarem no seu jogo.
Eu não advogo, e nunca irei, que o GM
interfira com a criação de personagem dos
jogadores. Esse é o espaço dos jogadores. Você
pode aconselhar e guiar, pode oferecer
observações sobre o mundo da campanha se
tiver um. O que você deve fazer é procurar
por momentos nos históricos dos personagens
e suas descrições que se liguem ao seu tema.
24
Tema
Ao procurar momentos em seus históricos que
se encaixem em seu tema, você pode então
desenvolver uma aventura para o personagem
que demonstre o seu tema, enquanto, ao
mesmo tempo, ajuda a explorar o personagem.
O desafio, claro, é que essa aventura que você
está planejando não tem nada a ver com a
Trama Mestra. É uma aventura do PJ, que é
separada. Sinta-se livre para explorá-la como
quiser, mas não esqueça de incluir o tema!
Isso dará a sensação de que o jogo foi feito em
torno dos personagens. E, de fato, é tudo sobre
eles, todo o resto é irrelevante.
Essa não é a única vez em que soldaremos o
tema ao passado dos PJs. Explorar o passado
de um personagem é fantástico e eu tento
fazer isso em todos os jogos que administro.
Da mesma forma, explorar seu presente e seu
futuro também é, mas isso acontece depois.
Quando o jogador decide se aventurar e fazer
algo para o personagem dele, parte do seu kit
de criação de aventuras de última hora será
usar o tema para ajudar a focar essa aventura,
e novamente trazê-la para o quadro geral da
narrativa para que tudo pareça se encaixar.
Você deve estar pensando que isso é muito
sutil também, e nenhum jogador vai perceber.
Você estaria certo até certo ponto – mas
também estaria errado. Jogadores podem
nunca apreciar o tema ou entender a existência
direta dele, mas o jogo como um todo parecerá
conectado, planejado do início, e maravilhosa-
mente coeso. Eles não saberão por que,
assumirão que foi sorte ou destino. Até você
fazer isso de novo na próxima campanha, e na
próxima. E eventualmente vai emplacar o
título de Mestre Épico conforme as pessoas
perceberem que seus jogos simplesmente
funcionam.
Não posso dizer quantas campanhas grandiosas lancei que tiveram um fim prematuro.
Algumas duraram duas sessões e morreram. Outras mancaram por alguns meses antes de
serem executadas nos bastidores. Tentei diferentes sistemas, jogadores, papéis e lanchinhos
na mesa. Nada funcionou até eu começar a estampar um tema nos meus jogos. De repente os
jogadores queriam mais, e minhas campanhas voaram por mais e mais tempo.

Alías, precisamos voltar para o Nêmese agora. Ela esperou pacientemente.

“Ceifem o planeta...”

25
Tema
Meu tema para a aventura de estreia de Gravla Os anões estão deprimidos, perturbados e
Tajak foi "O Passado versus o Presente". Eu abatidos por ações que ocorreram 300 anos
precisava mostrar que o passado está tentando antes. Mais uma vez, meu tema "O passado
destruir o presente, mas o presente pode vencer. versus o presente".
Minha abertura para o jogo foi a destruição de
uma das grandes espaçonaves (o presente), a Um ponto do jogo que eu falhei em mencionar
Kadan Dachi. Ela foi destruída por um grupo de foi que apenas os capitães mais velhos da
elfos do gelo que se pensava estarem extintos (o Ordem tinham sido convertidos. Os mais
passado). O grupo encontrou – sobrevivendo jovens permaneceram resilientes. Planejava que
milagrosamente – um jovem garoto chamado estivessem lá, mas não apareceram. O vilão no
Meos que os ajudou a resolver o enigma de confronto final usou magia de distorção mental
quem tinha feito aquilo. Meos representava o e enviou os personagens para seu próprio
presente e o futuro. passado. Excelentes interpretações permitiram
isso acontecer – passado derrotado pelo
No Zigurate há muito esquecido (o passado) os presente – que de fato significava o fim da
heróis encontraram as primeiras pistas dessa aventura. Eles destruíram Gravla e seus lacaios.
organização obscura. Os PJs destruíram o Esse tema, a propósito, continuou até o fim da
templo (eliminando o passado) e fizeram uma campanha, então não pense que é só para esta
prisioneira. Devido a um dos personagens dos aventura.
jogadores estar em desacordo com o grupo e
preso a seu próprio passado (o personagem), ele Se você assistir à abertura da 4a temporada
soltou a prisioneira antes que ela pudesse falar. onde tivemos audições para escolher novos
jogadores, eu precisava de uma forma de
Isso forçou os personagens a ter que tentar continuar meu tema, mas também testar novos
rastreá-la no deserto. Algo que eles fizeram e jogadores. A ideia de ciclo temporal veio à
que até mesmo através de instâncias passadas mente e isso (o tema) foi então inspirador para
dos Durahags, o povo do deserto encontrado, ajudar a me guiar em como lidar com as
destruindo seus inimigos devido a uma sábia audições enquanto mantinha a história
negociação em nome dos jogadores, causou um principal avançando.
casamento e um elo foi formado. O triunfo do
presente sobre o passado. Com informações, um Meu tema me ajudou a resolver uma situação
nome e uma destinação, o grupo zarpou. complicada de um jeito que eu acho, espero,
que funcionou de uma forma bem legal de
Devido a algumas escolhas interessantes dos começar uma investigação. A aventura não
jogadores eles encontraram um Greifo maligno terminou até o momento em que estou
– uma raça em meu mundo conhecida por ser escrevendo esse livro, mas basta dizer, a
maligna, violenta e extremamente xenofóbica. aventura toda – ambientada em Umbreterna –
Esta, todavia, estendeu um ramo de oliveira culminará em torno da ideia de um ciclo
para ajudar. Eu fiz uma pequena semeadura e temporal – sem parecer uma grande gafe da
os jogadores se seguiram para os anões - uma minha parte. Eu preparei referências o bastante
raça presa em sua própria história. para fazer isso funcionar.

26
Tema
Tokiashi se lançou de corpo e
alma contra Ryudaki...
Gênero
Esse não será um capítulo longo – eu prometo. Gênero é similar a tema considerando que se
trata de outra arma que temos em nosso arsenal para lutar contra bloqueio de escritor, angústia
criativa e os “brancos” de Mestre. Gênero é uma ideia coletiva para um estilo e espaço para a
sua ambientação. Uma breve lista em nosso contexto de jogo:

Fantasia – Alta Magia – D&D

Fantasia – Baixa Magia – Senhor dos Anéis
Fantasia – Sem magia – Vikings

Moderno – Urbano, sem magia – D20 Moderno, Cenários de Colegial

Moderno - Mágico - Arcana Urbana, Mago, Vampiro a Máscara
Moderno – Horror – Chamado de Chtulu

Histórico - Sem magia – Segunda Guerra Mundial, Piratas

Histórico - Magia – Druidas, Mitologia Grega, Steampunk

Ficção Científica - Sem magia – Cyberpunk

Ficção Científica - Baixa Magia – Star Trek
Ficção Científica - Alta Magia – Star Wars, Starfinder Foi na cozinha de Ted
que Jane conjurou um
demônio...

28
Gênero
 Então em qualquer um desses se pode injetar Essa lista não é definitiva, e você deve buscar
elementos mais específicos tipo gênero: opções de Gênero disponíveis para você. O
importante é conversar com seus jogadores
Político sobre isso.
Guerra
Comédia Por quê? Por que, assim como sorvete, nem
Investigação todo mundo gosta de chocolate. Alguns
Resolução de Problemas podem preferir sorvete de menta, banana ou
Suspense talvez abacate. Similarmente, jogadores podem
Drama gostar da ideia de um jogo político ambientado
Romance em um cenário fantástico sem magia, mas não
gostar de ideia de um jogo político ambientado
Portanto, é possível um cenário de Ficção Científica, em um cenário sem magia histórico. O porquê
Mágico e de Guerra – e você teria o período de "A disso? Familiaridade.
Guerra dos Clones" de Star Wars ; onde existe foco
na guerra, em naves espaciais e na Força. Uma Frequentemente jogadores que se sentem
Ficção Científica com magia e comédia é algo mais confortáveis com um cenário, um gênero e um
como S.O.S. – Tem um Louco no Espaço , onde o sistema em específico vão se divertir mais nele,
foco está nos personagens fazendo trapalhadas bem enquanto aqueles sem familiaridade com esses
fantasiosas enquanto viajam em naves espaciais e elementos terão mais dificuldade para se
usam a força. conectar com o jogo. Pedir a um jogador para
rapidamente recapitular 1000 anos de história
O Gênero vai te ajudar a identificar que tipo de greco-romana para que possam participar de
aventuras e desfechos os jogadores esperarão. Em seu jogo ambientado em Cartago é uma
algum lugar neste livro eu falo sobre perguntar aos barreira considerável para entrada no jogo.
jogadores que jogo eles querem, e essas questões
podem ser alteradas para que se consiga ao menos Isso não é razão para não propor jogos
descobrir o gênero. Isso ajudará quando estivermos ambientados em gêneros ou sistemas com os
desenvolvendo as aventuras e, em grande parte, os quais seus jogadores não estão familiarizados.
detalhes ao redor de nossa sentença. Precisamos expandir nosso conhecimento e a
nós mesmos – e nada melhor do que fazer isso
Outro grande exemplo deveria ser comparar as no contexto do jogo. Apenas certifique-se de
diferenças de gêneros. Se olharmos para Star Trek: A que os jogadores estão prontos, cientes e
nova Geração - o programa era muito focado em dispostos antes de passar a tarde toda
"resoluções pacíficas, diplomáticas e inteligentes escrevendo sua sentença sobre os desejos do
para conflitos”. E contrasta com Battlestar Galactica , Teokoles (um vilão da série Spartacus).
sobre sobrevivência, genocídio em massa e forte
presença religiosa. Ambos Ficção Científica, no Eu falei que esse capítulo seria curto... sempre
futuro distante – mas certamente não tem o mesmo cumpra as promessas dos seus PdMs.
tema. Os dois - gênero e tema – andam juntos para
criar expectativas e você deve estar ciente de como
funcionam – o que os torna distintos um do outro
para que você possa manter sempre em mente
enquanto estiver desenvolvendo sua Trama Mestra.

29
Gênero
A carreira de Vashkahn´s como campeão
acabou quando Uhuri encontrou uma brecha...

Inimigos Incríveis
Certo, temos um tema e uma boa ideia de
como será nosso Nêmese. Para começar, ela
será a heroína e benfeitora dos personagens
dos jogadores. Então ela se tornará a ira em
pessoa. Como chegamos nisso? Distorcendo o
tema e fazendo os heróis começarem tendo
tudo. Espera-se que – na terceira ou quarta
aventura – eles abram mão de tudo para se
tornarem inimigos da Imperatriz.
Nêmese, vilão, capangas... Estou sempre
dizendo Nêmese. Por quê?
Existem três tipos de antagonistas que eu gosto
de usar: Nêmese, vilão e capangas. Estes são os
tropos padrão. Usaremos todos eles, mas
apenas um será a estrela da Trama Mestra. O
resto ganha algumas aventuras e cenas.
Capangas são maravilhas de uma
aventura só que estão lá para os
jogadores se sentirem bem por
derrotarem um cara mau.
Vilões estão lá para incitar os jogadores
a permanecerem no jogo, mas também
dão a eles metas para buscar ao longo
da jornada e aparecem e várias
aventuras.
O Nêmese está lá para cutucar a ferida
dos personagens, para eles
continuarem voltando pelo resto do
ano e por toda a extensão da campanha.
A Imperatriz é uma Nêmese. Os Duques são
vilões. Assassinos, caçadores de recompensa,
magos insanos e coisas do tipo são capangas.
Com essa hierarquia é possível perceber quem um com poder suficiente de exilá-la seja morto.
irá requerer mais atenção e quem só precisa de Para isso, ela criará um império e contratará
alguns momentos de reflexão.
Os caras maus precisam ser capazes de
responder algumas perguntas:
Qual o seu objetivo?
Por que esse é o seu objetivo?
Eles tem outros objetivos?
Elas podem parecer redundantes, mas
lembre-se, você precisa garantir que o que
quer que você gaste tempo construindo
ajudará na execução do jogo e a contar uma
história boa e funcional.
Qual o objetivo?
Pode ser tão simples quanto: matar os PJs e
nada mais. Normalmente é algo do tipo:
Capturar os personagens
Roubar um determinado objeto
Atrasar os personagens
Faze-los se perderem na floresta.
Como descobrir o objetivo deles? É complicado
e só pode ser realmente feito quando olhamos
para o caminho que a aventura está tomando.
Por que esse é o objetivo deles?
Essa é uma pergunta importante. A resposta
pode ser: porque eles foram instruídos por um
poder maior; porque eles acham que é moral e
correto; porque eles acreditam que é a coisa
certa a se fazer. Isso abre caminhos para o
personagem. Se ele é um capanga, um servo,
ordens são ordens.
Se fizer essa pergunta direcionada à imperatriz,
por que ela quer ressuscitar? A resposta é chata:
ela quer vida eterna para que ninguém nunca a
machuque de novo, como quem a baniu fez. Ela
governará o mundo para garantir que qualquer
telepatas para achar grandes mentes. Tudo isso
surgiu de uma simples pergunta...
31
Inimigos Incríveis
 Assim que Jane começou a dar chocolate ao
jogador que dormia, o jogo acabou...

Eles tem outros objetivos?

Na maioria das vezes a resposta deveria ser sim. E também deveria ser: viver uma vida feliz. Vejo
que muita gente esquece disso. E, no entanto, isso pode dar uma boa motivação narrativa. Talvez
eles não tenham outros objetivos – zumbis desmiolados, ou cultistas que sofreram lavagem
cerebral. Algumas vezes eles não querem encarar esses outros objetivos. Mas com certeza isso dará
ao capanga padrão um pouco mais de profundidade do que apenas "matar grupo."

Agora temos uma forma razoavelmente boa de conceber uma pessoa má - usamos o tema para
definir os objetivos ou motivações, fazemos três perguntas para criar uma imensidão de soluções.
Mas ainda não é um vilão épico. Temos mais trabalho a fazer. Mesmo que estejamos contando uma
narrativa com nossos amigos, devemos trabalhar dentro de condições humanas, e tendemos a ver
imagens mais claramente do que pensamentos.

Portanto, ao criar os capangas, vilões ou nêmese, nós estaríamos apenas na metade do caminho se
parássemos por aqui. Precisamos dar características que os definam, e sim, usaremos nosso tema
para ajudar a nos guiar no processo criativo.

32
Inimigos Incríveis
Os Goblins atacam a caravana. Seu objetivo é Qualquer um desses pode ser usado. Como
pegar o ouro. O chefe ordenou. A outra meta é regra geral, você deve usar isso o tempo
voltar para casa por uma transa em sua toca, todo em seu jogo para descrever salas,
um charuto e coelho assado com breja gelada. ambientes, locais e afins.
Agora se os jogadores fizerem algo louco como
falar com os goblins antes que ataquem, podem Podemos descrever o comportamento
descobrir esses objetivos, e encontrar possíveis emocional do PdM com o grupo:
soluções — contratar os goblins para ajudá-los
a encontrar alguma coisa e então todo mundo Deprimido, excitado, feliz,
vive feliz para sempre. Se não houvesse o mórbido, reservado, furtivo, etc.
objetivo secundário, a cena se desenrolaria no
estilo porradaria. *Bocejo* Isso dá pistas aos jogadores de como eles devem
tratar o indivíduo.
Características Físicas
Quando você combina essas duas coisas, tem
Características físicas incluem armadura, traços
um indivíduo bem estabelecido que tem alguns
faciais, padrões de fala, cheiros, mãos macias ou
momentos bem legais à frente de si. E quanto
ásperas, etc. Quanto mais descrição melhor.
mais importante ele for para o enredo, mais
Como vincular isso ao tema? Bem, dê à pessoa
informações você pode adicionar à sua história.
algo temático que venha de algum evento
Um capanga que é mero caçador de recompensa
temático. Um chefe de guerra orc em nossa
pode ter pouca informação.
campanha precisa de algo que fale de superar
os limites? Dê a ele uma terrível cicatriz que vá
Boba Fett, por exemplo, na trilogia clássica de
da virilha até o queixo, e faz ele babar quando
Star Wars dos anos 70 e 80, era mero capanga.
fala. Mas ele também usa muleta para andar
Sabíamos muito pouco sobre ele nos filmes,
(ele manca por causa da cicatriz); é feita do osso
exceto que ele gostava de desintegrar pessoas,
do fêmur de um dragão decorada com pedaços
não recuava da autoridade e tinha uma boa
secos da pele velha do monstro. Ele superou
reputação como caçador de recompensa.
seus limites para sobreviver. Esse é um
exemplo óbvio. Você percebeu o quanto foi fácil
Depois, por razões desconhecidas – porque
adicionar detalhes ao chefe orc que fizeram dele
claramente não tinha nada a ver com o enredo –
mais do que um simples chefe de guerra?
vimos que ele era o filho de um sujeito (o que foi
Agora ele tem uma história. Ele já foi um
uma reviravolta) e que se tornou caçador de
excelente guerreiro. Agora não é mais. Apesar
recompensa porque seu pai tinha morrido e ele
de ainda ser um chefe, ele deve demonstrar seu
herdou o manto. Esse é um dos últimos pontos
poder sobre os outros. Esse é a parte que eu
que eu quero fazer ao criar vilões épicos.
adoro quando estou desenvolvendo uma
campanha. Essas histórias e os detalhes que
Precisamos do suficiente para que preencham o
subitamente tomam forma por causa de um
papel que tem na história e nada mais. Não
pensamento meu, e que se tornou realidade em
escreva uma biografia de quarenta páginas para
minha imaginação. Eu amo isso.
um cara qualquer, nem para um vilão. Um
parágrafo para o capanga, uma página, se for o
Podemos descrever a parte física:
caso, para o vilão. Talvez o Nêmese possa ter
mais de uma página. Os jogadores adquirem
Visão, som, cheiro, sabor e tato
informações no jogo em pequenas frases com os
detalhes mais importantes.
33
Inimigos Incríveis
Não há nada pior do que um PJ perguntar a Agora, tenha em mente que uma vez que
um PdM "você conhece o vilão Marboo?" E o você esteja confortável com a ideia do tema
PdM começa uma dissertação de vinte orientando as bases das três áreas gerais de
minutos sobre a história de Marboo, o Louco, e um PdM, você pode criá-los de última hora
sua juventude sofrida. Ninguém se importa, com confiança.
muito menos os jogadores que estão apenas
tentando descobrir se Marboo tem habilidades Formas de interpretar um Nêmese
mágicas ou não. A simples sentença "Ah! Está
Aproveitando que estamos falando de Nêmeses,
falando de Marboo, o Louco?" dá aos
é importante você decidir que tipo de Nêmese
jogadores tudo que precisam saber na menor
você terá em sua campanha. Tradicionalmente
quantidades de palavras possível.
existem dois tipos de Nêmeses, e graças à
cinematografia modernos, temos ainda um
Se eles quiserem saber mais, então dê a eles
terceiro que é considerado aceitável.
outra frase. Dizem que ele tem a habilidade de
entrar em seus sonhos e deixá-lo louco. Bingo.
Os dois tipos tradicionais são:
Outra valiosa informação que deve evitar que
os personagens durmam.
O Trauma por Força Bruta
O Nunca Presente
Alternativamente – dizem que veste um pato
na cabeça durante o jantar. Bingo - clássica E o novo tipo inspirado pela TV:
desinformação. Se os PJs não perguntarem
O Mentor
sobre o pato, então quando invadirem a sala
de jantar de Maboo eles o encontrarão sentado
sob um enorme pato branco mutante enquanto
ele lentamente dilacera um aldeão para Maboo
O Trauma por Força Bruta (TFB)
comer. O pato louco agora atacará os PJs com
O Nêmese Trauma por Força Bruta é o
espinhos venenosos de ornitorrinco, um bico
Nêmese do contato direto, do confronto. O
amarelo cheio de dentes afiados e um grasno
Esqueleto de He-Man e os Mestres do
paralisante. (Notas de descrição – emocionais:
Universo é um grande exemplo. Sauron é
degenerado; visuais: pato branco, bico
outro excelente exemplo de um Nêmese nada
amarelo; som: grasno de paralização).
sutil, que é conhecido do grupo e que quer,
aberta e impiedosamente, destruir o grupo.
Isso significa que você precisa ter uma boa
quantidade de informação mas dar somente o
Esses Nêmeses são os mais fáceis de colocar no
mínimo aos seus jogadores. Você precisa ter
seu jogo, por que eles são apenas malvados
essa informação em sua mente para que poder
truculentos que querem ferir o grupo.
fornecê-la, mas você precisa ter a compostura
para manter o mistério. Eu descobri que
Tradicionalmente, dentro de sua estrutura
quando eu dou menos os jogadores perguntam
narrativa – sim, outro capítulo adiante – você
mais. Quando eu dou muitas, eles passam
fará com que ele encontre o grupo ainda no
batido e planejam os eventos do pós-jogo.
começo da campanha para estabelecê-lo como
o grande mal e como um Nêmese de TFB.
Agora, temos um cara mau com objetivos,
sonhos e descrição física. Pronto? Não. Ainda
tem mais.

34
Inimigos Incríveis
Darth Vader é outro exemplo de um inimigo seu poderoso Nêmese em um fracote que não
mais sutil e ainda assim TFB (sim, ele era um oferece nenhuma ameaça aos personagens.
inimigo simples, não um Nêmese, mas a
franquia original de Star Wars é uma narrativa Eles matarem/derrotarem o Nêmese em uma
maravilhosamente complexa e Vader é o ou duas rodadas de ação monótona é tão
Nêmese de Luke, mas não de Yoda, por insatisfatório que seus jogadores nem mesmo
exemplo). vão se parabenizar por ter encontrado aqueles
fabulosos artefatos que os permitiram superar
Durante o confronto inicial o Nêmese TFB é os desafios, simplesmente irão embora se
arrogante, pode nem mesmo se importar com perguntando para que fizeram tudo isso. Se
os personagens e está apenas tentando você perceber que o jogo está se tornando
conquistar seus objetivos. Tradicionalmente o monótono, você precisa trapacear. De última
Nêmese matará alguém próximo aos hora, elabore alguma nova vantagem
personagens, um pai, um filho, uma vila, o perspicaz para o Nêmese. Isso fará com que ele
planeta, e fará de uma forma absolutamente se torne de novo um terrível inimigo e
insensível e fria. Isso fará com que os permitirá uma batalha final épica. E sim, existe
personagens iniciam uma jornada em busca de um capítulo sobre Semear soluções para
justiça e para derrotar o grande mal. O Nêmese problemas que você ainda não conhece.
achará divertido como alguém tão pequeno
está tentando lutar contra ele e pode de tempos Nêmeses TFBs não precisam ser fisicamente
em tempos entrar em confronto direto, fortes, mas eles devem ser poderosos. Essas
derrotando-os de novo e de novo. Um alerta – são qualidades que você pode incorporar em
embora o Nêmese vença esses conflitos, seus um Nêmese TFB:
jogadores devem sentir que eles estão se
tornando mais fortes contra ele, dando-lhes um Força
senso de evolução e realização. Se eles Presença
perderem o tempo todo, podem se frustrar. Bravado
Tamanho
O Nêmese TFB requer um confronto final com Visibilidade
os personagens que deve testar tudo o que eles
aprenderam. Esse é o momento "derrotar o Força
dragão no alto da montanha" e você deve Força obviamente se refere ao Nêmese ser forte
tomar cuidado para certificar-se de que seja o e poderoso – mental, física, magicamente, ou
momento mais épico na campanha. É nesse todos eles juntos. O Esqueleto é exatamente
momento que eu advogo... trapacear. Fique assim.
quieto e escute. Você gastou meses, talvez
anos, preparando seus jogadores para enfrentar Presença
seu Nêmese. Você criou o Nêmese e o fez com O Nêmese precisa ter presença, uma atmosfera
o máximo da sua capacidade. Os personagens de medo e poder. As pessoas devem sentir
então começam a enfrentar o Nêmese, mas medo se estar próximas ao Nêmese. Os
você se dá conta de que um item que os Espectros do Anel em O Senhor dos Anéis,
personagens obtiveram 10 meses atrás, mesmo que não sejam Nêmeses, são
combinado com algumas outras coisas que exatamente assim. Em alguns jogos existe uma
você colocou ao longo do jogo,transforma mecânica específica, chamada Aura de Medo.
O Nêmese deveria ter algo assim.

35
Inimigos Incríveis
Bravado E isso não deve ser secreto ou sutil. Deve ser
O Nêmese deve agir como se o mundo já fosse óbvio. Os Uruk-hai de Saruman em O Senhor
deles. Não existe timidez ou hesitação. Apenas dos Anéis tinham aquela mão branca enorme
certeza absoluta de que sua vontade está correta. pintada em todo lugar para sabermos bem
Raramente esses tipos questionam suas próprias quem os tinha enviado. Mantendo o TFB
decisões. Podemos ver algo assim em séries de envolvido, mesmo que indiretamente, você
TV ou livros mais complexos – Game of Thrones continuará a construir a animosidade entre os
é um bom exemplo de vermos o lado "humano" jogadores (e seus personagens) e o Nêmese.
dos Nêmeses. Mas aqui não é um livro ou séria
de TV, é improvável que nossos jogadores se
vejam muito do mundo do Nêmese além de
O Nêmese Nunca Presente (NP)
quando estiverem em confronto e, nesse caso, o
Esse é o oposto exato do Nêmese TFB. Esse é o
Nêmese não irá mostra fraqueza ou medo.
ser que mexe as cordas tão sutilmente que nós
não o conhecemos até a história estar bem
Tamanho
avançada. Eles são manipuladores que
Embora seja uma combinação de Presença e
lentamente se mostram como o verdadeiro
Bravado, o Nêmese precisa ser maior que o
poder por trás dos vilões e capangas que
mundo. Mesmo que não fisicamente, pode ser
importunam os grupo. O Professor Moriarty,
nas cores das roupas, características, flutuação –
nos livros originais de Sherlock Holmes, fez
precisamos que os personagens vejam seu
isso por um longo tempo. Nós descobrimos
Nêmese do outro lado do campo de batalha, em
que ele estava por trás dos roubos de banco,
um salão de festas lotado, ou em um mercado
sequestros, escândalos e todo tipo de coisas.
cheio de comerciantes. Eles não precisam se
Ele era apenas um Nêmese distante que agia
esconder, se esgueirar nas sombras. Por que
das sombras.
deveriam afinal? Dê ao Nêmese algo que o faça
se destacar – roupa brilhante, armadura
Foi apenas no final da campanha que Moriarty
luxuosa, um olho flamejante gigante... você
e Sherlock Holmes se encontraram face a face.
pegou a ideia.
Conan Doyle fez disso um confronto épico
mesmo que fossem apenas dois homens se
Visibilidade
batendo no topo de uma cachoeira. O que fez
Espere, isso não é a mesma coisa que Tamanho
esse encontro épico é o fato que Sherlock
ou Presença? Não. Bem, sim, mas diferente.
finalmente tinha sido mais esperto que seu
Visibilidade se refere ao TFB sempre causar
Nêmese.
impacto nos personagens. E a propósito, quero
dizer sempre que estiver avançando a trama
O Nêmese NP é a força que, inicialmente, não
através das missões. Deixe-me explicar: o TFB
age diretamente contra o grupo. Eles têm seus
precisa ser uma força no mundo dos jogadores –
próprios esquemas em movimento e o grupo
sempre presente, sempre iminente.
acidentalmente tropeça neles e causa
distúrbios. Isso não interrompe os planos do
Então, os personagens se engajam com um chefe
Nêmese, ele apenas despacha capangas para
orc aleatório e quando o derrotam descobrem
lidar com os personagens e não se importam
que ele estava blindado pelo Nêmese TFB, ou
muito com como isso será feito.
suas tropas foram treinados pelo Nêmese TFB e
ele agia sob ordem específicas do Nêmese.

36
Inimigos Incríveis
 Eles tem planos maiores. É apenas por volta do
meio da campanha que o Nêmese NP começa a
ficar tão irritado com os PJs frustrando
continuamente planos aparentemente
desconexos que começa a agir diretamente
contra os personagens.

Esse tipo de Nêmese é difícil de desenvolver

porque a revelação dos seus planos é tão sutil e
requer que jogadores sigam pistas e pequenos
detalhes que parecem desconexos. Na primeira
metade da campanha, você pode passar voando
pela sua Trama, mas você apresenta os
desfechos com os Vilões e Capangas que só
tenham alguma dica de que trabalham para um
poder maior. Filmes sobre tráfico de drogas
tipicamente tem esse tipo de Nêmese, um
regente que fica sentado nos bastidores e só
temos pistas dele com o passar do tempo.

Seus jogadores precisam conectar todos os

pontos que você cuidadosamente revelou para
eles. “Espere, o chefe orc tem uma espada do
povo do deserto do outro lado do mundo. Nós
acabamos de interromper um grande roubo de
joias no reino do deserto por alguém que tinha
um colar orc. Será que esses dois estão
conectados?” Eu amo jogadores porque eles
trazem histórias que desafiam meu universo e
uma coisa que faz meu cérebro formigar é um
jogador que consegue conectar os pontos. Eu
encontrei alguns poucos que conseguem. A
maioria relaciona o reino do deserto com um
unicórnio voador que eles viram seis aventuras
atrás, e o chefe orc eles conectam a um caracol
que eles esmagaram nas montanhas. I.e. eles
não conectam nada de maneira lógica. Veja em
Aventuras Ah ha!

O Nêmese NP não vai confrontar os PJs até que

ele – o Nêmese – tenha certeza de que ganhará,
A princípio, eles pareciam pacíficos... e até que tenha certeza que os personagens
sejam uma ameaça real.

37
Inimigos Incríveis
É um momento dos mais maravilhosos em
uma campanha quando o grupo suspeita do
Professor Hob, e então eles são forçados a
encontrá-lo em uma reunião pública sem
nenhuma evidência sólida. Ele irá brincar com
os personagens, incitá-los, mas tudo o que ele
está fazendo na verdade é testá-los. Tudo o
que você está fazendo como GM é estabelecer o
Nêmese como um oponente realmente mau.
Essas são as características de um Nêmese NP:
Oculto
Sutil
Cauteloso
Ordinário
Prepotente
Oculto
Oculto é óbvio. Eles não estão nos holofotes,
não tem posição de destaque, e por uma razão
importante – isso não ajuda a causa deles. Eles
podem ter uma marionete que seja alguém
visível, mas que não tem poder.
Sutil
Sutileza não precisa fazer parte da seu caráter.
Eles podem ser gregários e barulhentos em
público. Sutil aqui se refere a como eles fazem
seus planos. E como você deve revelá-los
lentamente. O Nêmese TFB deve estar na cara
dos jogadores, o NP nunca deve ser visto
diretamente. Sombras dentro de sombras.
Cauteloso
O NP é planejador e estrategista. Manipulador
e mestre do xadrez. Eles projetaram meios para
alcançar seus objetivos e são metódicos em suas
maneiras bem calculadas de fazê-lo. Apenas
quando seus planos estiverem em execução é
que eles revelarão sua verdadeira natureza,
quando já for tarde demais. O que significa que
você pode usar isso – aventuras são sutilmente
marcadas, e conforme os personagens
descarrilham os planos do Nêmese essas
conexões ficam cada vez mais óbvias.
38
Inimigos incríveis
Ordinário
O Nêmese NP não é uma figura pública
chamativa – a menos que seja um disfarce sob
o qual se escondam. O Imperador Palpatine
fazia isso nos filmes de Star Wars. Como
Senador Palpatine, era uma pessoa pública,
mas suas ações sombrias – literalmente nas
sombras – eram sutis e ocultas. Portanto,
diferente do Nêmese TFB que é
instantaneamente reconhecido como o grande
mal, o Nêmese NP não é. Eles são ordinários,
comuns, improváveis de serem malignos. E
sim, todos sabiamos que o Imperador
Palpatine era mau porque os filmes exigiam
que soubéssemos mais do que os personagens
dentro do filme. Nossos jogadores são os
personagens dentro do filme, então eles não
devem saber.
Prepotente
Essa é a primeira fraqueza do Nêmese NP. O
TFB é apenas um brutamonte que precisa
apanhar com um porrete grande. O NP precisa
ser intelectualmente superado. Como os
jogadores fazem isso? Contando com o excesso
de confiança do Nêmese. A falha nos filmes de
Star Wars nos anos 2000 é que o Nêmese -
Senador Palpatine - não se esforçou para
alcançar nada.
Ele simplesmente conseguia o que queria. Os
heróis não interagiam com ele e não poderiam
tê-lo impedido se tentassem. Portanto, não
houve senso de conquista de ninguém, o vilão
venceu sem dificuldade. Os heróis perderam
sem uma chance de ganhar porque eles não
sabiam o que estava acontecendo. Imaginem
se no fim do primeiro filme eles descobrissem
que Palpatine estava por trás de tudo? O
próximo filme seria esse esforço galáctico para
derrota-lo antes que tudo mudasse
irreparavelmente. Isso teria sido uma
verdadeira tragédia e, em minha opinião,
propiciaria filmes muito melhores.
Eu falo disso à exaustão porque o NP deve
abrir o jogo para os jogadores e seus
personagens – admitidamente em um estágio
avançado da trama, mas a revelação deve
acontecer a tempo dos personagens
conseguirem impedi-lo. Caso contrário você
pode jogar sozinho e se dar um tapinha nas
costas quando o Nêmese vencer e então rir da
cara dos jogadores imbecis que não
descobriram o plano dele, assim como George
fez. Não seja como o George.
Como Gary Gygax escreveu em seu excelente
livro O Mestre do Jogo – os jogadores devem
sentir que existe 70% de chance de falharem e
apenas 30% de chance de vitória, quando na
verdade existe apenas 30% de falharem e 70%
de chance de vitória, pois o GM está ao lado
dos jogadores e quer que eles sejam vitoriosos.
O Mentor
Esse é um Nêmese que você deve utilizar com
muito cuidado. Se você acha que o NP é
desafiador, esse aqui é ainda mais. Esse é o
Nêmese que vem de dentro do grupo. Embora
não seja incomum na literatura antiga,
programas de TV modernos recorrem a esse
tipo de Nêmese para fazer suas tramas terem
mais reviravoltas. O mentor que ajuda o herói
a aprender seus poderes e habilidades e
apenas no final da primeira temporada eles
acabam sendo o verdadeiro vilão que vem
aliciando o herói por alguma razão bizarra.
Nesse ponto o Mentor se transforma no TFB.
Eles são conhecidos, eles tem impacto e tem
objetivos pessoais bem específicos.
Por que você usaria esse tipo de vilão no seu
jogo? Talvez você queira inserir os
personagens na história e precisa de uma boa
maneira de descarregar uma quantidade
massiva de informações através de PdMs.
Esse PdM se torna confiável aos jogadores e
seus personagens, e então a traição é muito
mais doce. Essa não é uma tática ruim se usada
uma ou duas vezes. Mas o risco de você usar
muito esse tipo de Nêmese é que seus
jogadores se tornarão assassinos maníacos e
não confiarão em nenhum PdM que apareça
querendo ajudá-los. Esteja avisado, use isso
uma vez e equilibre com PdMs que deem de
tudo para ajudar os personagens para que os
jogadores não desenvolvam uma atitude
negativa em relação a todos os PdMs.
Então como fazer? Como você joga com um
Nêmese Mentor? É uma jornada que deve ser
trilhada cuidadosamente. Ela requer dois
elementos essenciais para funcionar:
Confiança
Dúvida
Elas parecem ser mutuamente exclusivas e não
pertencer ao mesmo personagem, certo? Exceto
que nós, como humanos, andamos nessa corda
bamba todos os dias. Nós confiamos no
governo? Não! Mas confiamos em algumas
pessoas que trabalham nele? Sim! Não! Eu não
sei! Bem, é assim que funciona no mundo do
jogo – a única forma dos jogadores aceitarem
isso, que o Mentor sempre foi um bastardo
desde o início, e que não é você como Mestre
que é um bastardo inglório, é se você estabelecer
uma linha de pistas de partida. Mas se você
estabelecer muitas pistas e os personagens
descobrirem antes do que planejou, então tudo é
desperdiçado e o momento perdido.
Confiança
O Mentor precisa estabelecer confiança com o
grupo dos personagens. Eles podem ser
prestativos, podem fornecer dinheiro, conselho,
ajuda. Você precisa mostrar que essa pessoa
apoia o grupo inteiramente. E realmente, eles
deveriam fazer isso com todo seu poder – desde
que isso caminhe lado a lado com seus objetivos.
Você usará a confiança o quanto puder, e em
quantidades cada vez maiores, à medida que se
aproxima do seu momento principal.
39
Inimigos Incríveis
Você vai usar a Confiança quando os jogadores Dúvida
derem a impressão de suspeitar de algo. Sempre Dúvida do Nêmese Mentor é o seu maior desafio.
que os personagens começarem a questionar o Jogadores são naturalmente desconfiados de PdMs
Mentor ou investigar a fidelidade dele, esse é o que oferecem ajuda. Pelo menos todos os
seu momento de usar a Confiança. Faça o jogadores com quem já joguei eram. Você deve
Mentor sacrificar alguma coisa para ajudá-los. estabelecer a confiança primeiro. Tenha certeza de
que ela é sólida. Então você começa a adicionar
Lembre-se que o Mentor terá um objetivo maior pequenos atos de traição. O grupo encontra a
que ele está tentando alcançar e sacrificará Mentora escrevendo uma nota sobre as ações
qualquer coisa para atingi-lo. De alguma forma deles. Ela alega que se trata de uma carta para a
esse objetivo requer que os personagens dos irmã dela. Mais tarde a Mentora vai apresentar
jogadores façam alguma coisa em nome de – ou uma mulher que é sua irmã. Só que a irmã age de
para – o Mentor antes que ele possa avançar. Já forma estranha ou então é vista momentos depois
imaginou se Sauron chegasse até Frodo e, quieta recebendo moedas da Mentora, que vai negar
e apaixonadamente, pedisse a ajuda dele para qualquer irregularidade de novo alegando dessa
destruir O Anel, ao invés de enviar Espectros do vez que se trata de dinheiro para os filhos dela.
Anel atrás dos pobres hobbits? Se Sauron tivesse Algumas aventuras depois e a Mentora mais uma
oferecido ajuda, destruído orcs e trolls em nome vez faz algo suspeito. Ele demonstra conhecimento
de Frodo, obliterado Gollum, e de forma geral de algo que os personagens fizeram contra um
tivesse mantido os hobbits a salvo, e então inimigo sem os personagens terem mencionado ou
lutado contra Shelob e se ferido no processo, o revelado isso para a Mentora.
hobbit teria ficado feliz levando O Anel ao
Monte da Perdição. Lá, ao invés de Gollum Você deve construir as ações que o Nêmese
esperando, um exército inteiro de orcs estaria Mentor fará para alcançar seus objetivos para que
pronto para derrotar os hobbits, pegar O Anel e os jogadores e seus personagens comecem a
arremessar os Baggins nas chamas do vulcão. duvidar dele, mas apenas levemente. É
Puro e simples! fundamental, portanto, que você tenha a Trama
Mestra do Nêmese Mentor já estabelecida para que
Agora, como leitores, se nós não tivéssemos você possa inserir de maneira lógica os momentos
nenhuma pista de que Sauron é mau e o que duvidosos para os jogadores que depois se
aconteceria no final, nós jogaríamos o livro no encaixem no quadro geral.
fogo por trair nossa jornada.
O que você está buscando é, no momento da
Um Mentor não pensará duas vezes antes de traição do Nêmese Mentor, que os jogadores se
ordenar a seus próprios homens que ataquem o inclinem pra trás e digam: Então, quando você
grupo para que ele possa salvá-los e provar sua enviou aquela nota, não era para sua irmã, era
lealdade. Use essa natureza obsessiva dos para o chefe orc! E o dinheiro era para comprar a
nêmeses – sacrificar tudo pelo seu objetivo! atriz que fingiu ser sua irmã. Você sabia sobre o
Então, é assim que você fará seu Nêmese pacto de morte com os Drow por que você estava
Mentor realmente impressionante – os jogadores lá... observando! Você estava por trás disso o
devem suspeitar. Os personagens não. Se os tempo todo!
jogadores suspeitarem, eles podem ficar felizes
quando suas suspeitas se provarem verdadeiras. É um momento de revelação espetacular para os
Todo mundo gosta de estar certo. Lembre-se jogadores e para você como um GM Épico astuto e
disso. Para fazer isso precisamos ter dúvida. sorrateiro.

40
Inimigos Incríveis
Mas você precisa de um bom plano para então Ou, se quisermos fazer disso um jogo longo –
poder frustrá-lo. Essa é a vida de um GM Épico. alguém dentro da Corte da Luz contratou os PJs
para pequenas missões paralelas. Eventualmente
Lembre que o Nêmese Mentor está disposto a os personagens encontrarão a Imperatriz, que irá
qualquer coisa para atingir seu objetivo. Se há implorar por ajuda para restaurar a ordem de
risco de serem acusados, eles gastarão o que seu amado império, ajudando suas legiões a
tiverem que gastar para provar sua lealdade. Isso expulsar a horrível rebelião. E ela irá prover
também significa que se eles precisarem deixar o tudo o que estiver em seu poder.
grupo para comprovar sua “inocência” e então
serem capturados e torturados pelos seus Esse é um planejamento cuidadoso. Os
próprios seguidores, eles assim farão. A séria de personagens serão de uma vida de regalias nos
TV Star Trek Discovery fez isso até que bem. O ducados ou de fora do reino. Lentamente eles
Nêmese Mentor atuava de formas bizarras nos descobrirão os horrores da Imperatriz da Luz,
enganando e nos levando a pensar de uma certa até que a Imperatriz consiga o que ela quer ou
maneira. Eu, pessoalmente, gostaria de ter mais até que perceba que os personagens estão contra
dicas, mas eles tinham apenas 12 horas para ela. Então se transformará de uma Nêmese
contar a história. Mentora em uma Nêmese TFB. Os personagens e
os jogadores agora tem uma inimiga formidável
Para concluir os tipos de Nêmese e como você para derrotar, e uma que eles sabem que é
pode fazê-los específicos e únicos – lembre-se incrivelmente poderosa. Todas as Chances
que um Nêmese é forjado. Eles não simplesmente Contra eles.
aparecem do nada. Como GM você deve
construir o Nêmese ao longo do tempo dentro do
jogo. É uma criação contínua e uma que você
deve nutrir. O começo da aventura é um bom
momento para introduzir um Nêmese - seja a
partir das sombras, diretamente ou como um
PdM prestativo.

Na campanha que estamos fazendo nesse livro,

estabelecemos que a Imperatriz Iliana será uma
Nêmese Mentora. Queremos que os jogadores
partam em uma jornada de descobrimento, na
qual o que parece ser bom é mau, e o que antes
era tido como mau, é bom. Para estabelecer nosso
tema "Contra Todas as Chances" precisamos
mostrar aos jogadores a proporção do que eles
enfrentarão.

Isso significa que os personagens dos jogadores

começarão trabalhando para a Imperatriz – uma
mulher presa por magia em um cristal (uma
mentira, obviamente) que acolheu os
personagens como campeões de seu reino.
Às vezes as testemunhas precisam pular,
outras vezes não.
41
Inimigos Incríveis
 Era um dia daqueles...

Desejos e Vontades
Falamos sobre seu Nêmese precisar ter um forte desejo ou vontade pelo qual estejam
trabalhando. Mas como você determina qual é esse desejo? E como traçar um planejamento para
eles conseguirem? Nesse capítulo olharemos para a vontade. Planejar o curso é o capítulo
seguinte ao capítulo anterior a ele. Para chegar na "vontade" do seu Nêmese, será mais fácil
pensar em termos dos seis fundamentos o mal:

Poder
Status
Riqueza
Vingança
Justificação
Amor

Antes de continuarmos, um psicopata destruidor de mundos que apenas queira morte e sangue
pode – de acordo com você – olhando para esses seis pontos, não ter nenhuma vontade, apenas
assassinato, morte e destruição.

42
Inimigos Incríveis
Eles tem um desejo, e bem real, mas nada
superficial como o que está pensando. Um
destruidor, alguém que quer que não exista
mais nada, normalmente faz isso porque eles
querem que não tem sobre nada que possa
machucá-los, traí-los ou amá-los.
Porém, a maioria dos RPGs não vão tão
profundamente dentro dos aspectos
psicológicos dos Nêmeses e então seu Nêmese heróis se revela desse jeito – um vilão poderoso
seria simplesmente um maníaco sanguinário
com pouco ou nada de interessante além de
ser esse TFB superficial que não pode ser
vencido ou superado de outras formas, mas
deve simplesmente ser morto. Talvez esse seja tema é relativamente simples para esse tipo de
o estilo do seu grupo? Se sim – então
excelente! Apenas pule este capítulo.
Poder
O Nêmese quer poder – sobre alguém ou
alguma coisa, ou para algo. O poder de criar
novos mundos, destruir mundos antigos,
trazer equilíbrio à galáxia, governar um reino,
um planeta, ou qualquer outra coisa. Esse tipo
de Nêmese é comumente obcecado por
adquirir mais poder. É também um desejo que
nunca poderá ser satisfeito. É contínuo. Uma
vez que governe o planeta, perguntará “E os
outros planetas? E outras dimensões?” Sempre
existe algo mais para ser conquistado.
Para os personagens e os jogadores isso
significa que é um Nêmese que só vai para se
for derrotado. Caso contrário, continuará
perpetuamente. Além disso, a escala de
destruição fica cada vez maior enquanto a
obsessão por poder cresce. “Tenho um milhão
de escravos sob meu comando? Queimarei
todo e cada um deles para conseguir um
milhão e cinco escravos.” Esse é um definitivo
"bicho papão".
Os planos de um Nêmese com fome de poder são
normalmente planos do tipo mano a mano - os
PJs procurarão maneiras de superar o Nêmese,
normalmente vencendo ele em seu próprio jogo.
Um chefão que busque poder físico pode ficar tão
imenso, tão poderoso que os heróis poderão até
se esquivar desse ser fisicamente gigante, mas
precisarão de uma arma maior e mais poderosa
para destruí-lo. A maioria das histórias de super-
deve ser derrotado e para isso o herói deve ter
mais poder interno, mais resiliência, mais
determinação, maior poder pessoal do que o
Nêmese. Alinhar a fome de poder com o seu
Nêmese. Eles são a forma física do tema. Se o
tema é de guerra, esse Nêmese terá maior
exército, melhores tropas e mais poder de fogo
que nossos heróis. Se o tema é ir contra todas as
chances, esse é o monstro que não pode ser
morto por meios comuns.
Chefões que procuram saber descobrem que os
heróis precisam encontrar o saber específico
primeiro, ou uma peça que reverta o poder desse
conhecimento. Apenas então eles poderão
derrotar esse caçador de conhecimento. Nos
romances Discworld de Terry Pratchett, A Cor da
Magia e A Luz Fantástica, o chefão estava atrás
de um conhecimento que apenas um personagem
tinha. Quando esse personagem descobriu isso,
eles conseguiram salvar o mundo e derrotar o
chefão. Quando criar esse tipo de Nêmese, você
precisa observar o conhecimento que está sendo
buscado e alinhá-lo com o seu tema. Se tomarmos
os dois exemplos de tema acima, guerra e ir
contra todas as chances, nesse caso o
conhecimento é o poder de vencer uma batalha
sem conflito físico. Em Guerra nas Estrelas: Uma
Nova Esperança, um dos temas foi a descoberta
de saber para trazer desenvolvimento pessoal.
Quando Luke descobre o saber dos Jedi ele
consegue acertar os torpedos em alvos bem
pequenos. Quando o Grande Moff Tarkin se
recusa a aceitar conhecimento de que sua crença
está errada, sua Estrela da Morte explode.
43
Inimigos Incríveis
Soluções mágicas ou Sci-Fi são as formas finais
de poder. Nem vamos além do tema central de
O Senhor dos Anéis. Ele está em todo lugar. O
poder da magia, e a atração que traz. Resistir
ao poder versus abraçar o poder. Como isso é
diferente de conhecimento? Bem simples, o
desejo por magia ou por um poder estilo ficção
científica é focado em um único desfecho.
QUando tiver o poder da magia em minhas
mãos, posso controlar tudo. Quando tal terror
tecnológico estiver pleno, a galáxia será minha.
O Nêmese aqui não é só um combatente forte
fisicamente. Ele é hiperfocado em adquirir o
dispositivo ou a magia específicos. O que os
diferencia de estudiosos é que estes visam usar
o saber para benefício próprio. Eles não se
importam com poder sobre outros. Magia ou a
Equação Singular da Unificação normalmente
são usadas para controlar o Destino ou alterar
o destino de alguém. É uma linha tênue, mas
conhecimento, normalmente, é poder interno
enquanto magia é poder mental, externo.
Status
Frequentemente confundido com poder, status
não é poder em si, mas pode ser alcançado
com poder. Status é mais sobre
reconhecimento, sobre admiração externa e
respeito. Status pode dar poder ao Nêmese –
uma estrela de cinema famosa tem muito
status e pode usar isso para obter poder, mas
não é seu objetivo. Eles desejam mais status.
Você é o melhor, o mais brilhante, o mais
bonito; Branca de Neve e os Sete Anões é
exatamente sobre status. Aqueles que não tem
status – anões mineradores de carvão com
condições médicas bizarras e uma ex-princesa
deserdada ameaçam o status de uma poderosa
rainha que deseja o status de ser a mais Bela
do Reino.
44
Inimigos Incríveis
A rainha não quer poder, ela já tem poder de
enviar um caçador atrás da Branca de Neve ou
se transformar em um Dragão Gigante.
Status é um guia para o Nêmese e se manifesta
em atos que comprovem esse status. A cientista
louca que não será interrompida porque é um
gênio e provará isso. O feiticeiro capaz de
controlar dragões liberará dragões sobre o
planeta apenas para poder controlá-los em
público e conseguir status. Se você escolher
status como motivação para o seu Nêmese, sua
Trama Mestra deveria focar em demonstrar o
status do Nêmese continuamente, e ele só se
interessaria pelo grupo quando o grupo
desafiasse de alguma forma seu status.
Todavia, diferente de poder, status é finito. Uma
vez que a Nêmese tenha alcançado o status de
ser "A Mais Bela do Reino", o que vem depois?
Ela se estabelece em algum lugar e fica contente?
Não. Eles procuram por algo novo para obter
mais status? Não. Eles começam a caçar
qualquer um que possa ameaçar o seu status. Se
tornam paranoicos. Isso transforma o enredo em
uma história mais sombria se os personagens
continuarem após permitir que o Nêmese
alcance seu desejo por status.
Ou, se sua história começa apenas depois que o
Nêmese tenha alcançado o status, então os
heróis estarão encarando um monstro vingativo
e paranoico que não vai parar por nada para
manter seu status. Branca de Neve, uma vez
coroada rainha e casada com seu príncipe, é a
mais bela de todas até que alguma coisa nova
nasça, com melhor estrutura óssea e uma
natureza mais benevolente. A Branca de Neve
vai sorrir e relaxar sabendo que já não terá mais
tanta pressão sobre ela e poderá chutar gatinhos
mais uma vez, ou ela contrataria sete assassinos
mortais, mesmo que medicados em excesso,
para manter seu status?
Riqueza O dinheiro como um desejo, seja obtê-lo ou usá-
lo, tem duas possibilidades de tramas mestras
Nos três desejos – Poder, Status e Riqueza – que apontam em direções diferentes. A maneira
existem muitas coisas em comum. Cada um de decidir em que direção seguir é olhar para o
permite que o outro aconteça. Muito dinheiro seu tema. Em um tema de guerra, ganhar
leva a um status mais elevado, o que garante dinheiro se torna uma história sobre uma reserva
poder. Alto status é frequentemente de ouro sendo protegida ou roubada, e sobre o
recompensado com dinheiro, que pode Nêmese precisando desse dinheiro para financiar
comprar poder. E assim por diante. alguma coisa que acabe com a guerra, ou a faça
Tipicamente, um Nêmese que esteja atrás de continuar. Se o Nêmese tem muito dinheiro, por
um desses três terá os outros dois. Um que ele estaria envolvido em uma guerra? Talvez
cientista louco que queira status deve ter ele esteja manipulando os políticos para manter a
fundos para bancar seus experimentos, e o guerra porque se diverte com ela? Mais provável
poder para roubar os aparelhos que precisa. – e mais fácil para os jogadores compreenderem
– o vilão ajuda um dos lados da guerra em uma
Diferente de poder infinito ou status finito, proposta para ganhar ativos, ou itens, ou terras
riqueza é uma vontade sem fim. Diferente dos que eles desejam apenas por desejar.
outros desejos, riqueza é especial. Vem de
duas formas; ou é o desejo do vilão – roubar Até misturarem o Predador dentro da franquia
todo o dinheiro do mundo; ou é o meio que do filmes do Alien, o filme era um excelente
permite ao Nêmese fazer o que ele quiser, exemplo de riqueza como motivador do Nêmese,
quando é negado a ele o que ele quer, ele se e um que tristemente nunca foi concluído. O
torna o Nêmese. Nêmese da quadrilogia é a Corporação Weyland
Yutani. Os xenomorfos, os aliens, eram todos
Um exemplo de um Nêmese que quer vilões ou capangas. A Corporação Weyland
dinheiro é Doutor Evil dos filmes Austin Yutani fez o que fez por cobiça. Os filmes não
Powers. Cem bilhões de dólares é muito estavam tentando retratar o fim da civilização
dinheiro. Ele nunca fala o que faria com essa por causa da ganância de uma corporação, então
quantia, exceto, talvez, ajudar seu filho (outro a Tenente Ripley nunca chegou na Weyland e
bom exemplo de um Nêmese complexo). Mas não conseguiu incendiar o xenomorfo enquanto
ele quer dinheiro. A trama mestra é como ele o ejetava do avião. O que é uma pena.
vai conseguir esse dinheiro.

Cruella de Ville de 101 Dálmatas, porém, tem

uma grande quantia de dinheiro e pode fazer
o que quiser, até o momento em que alguém
lhe fala que ela não pode ter um casaco de
pele de filhotes (honestamente, a Disney pode
ser sombria às vezes). Então ela usa o dinheiro
dela para fazer isso acontecer e se frustra
quando o dinheiro não soluciona seus
problemas.

45
Inimigos Incríveis
Vingança
Esse tema é difícil – a vingança precisa ser
injustificada. Se a vingança é justificada, os
PJs podem trocar de lado e ajudar o Nêmese.
Esqueleto buscando vingança contra He-Man
por atrapalhar todos os planos malignos dele
é um bom exemplo de uma história de
vingança que os jogadores provavelmente não
apoiarão. Um Nêmese que esteja buscando
destruir um Rei que aniquilou a vila do
Nêmese, dizimou toda a população e deixou o
Nêmese como o último de sua espécie, pode
ter os personagens dos jogadores se juntando
em sua causa. Talvez algo que você não quer?
Vingança, porém, é um desejo ótimo para seu
Nêmese. É bem divertido descobrir como ele
alcançará a vingança, e ver como isso passa de
obter vingança contra um alvo se vingar do
grupo. Como os PJs frustram repetidas vezes
o Nêmese, ele irá mudar o seu foco para os
heróis. No fim, a vingança é terminal, uma
vez que o Nêmese consiga sua vingança, é
isso. Porém, tipicamente está em seu destino
ser destruído da mesma forma que faria com
a pessoa de quem queria se vingar. Se o
Nêmese queria seu alvo ardendo em chamas
para sempre, a conclusão satisfatória é que o
Nêmese termine do mesmo jeito.
Assim, quando desenvolver a Trama Mestra
em torno do desejo de vingança em um tema
de guerra, a guerra pode ser uma expressão
da vingança do Nêmese. “Eu devastarei sua
nação com guerra. Eu matarei seus filhos e
filhas. Eu tirarei tudo de você. Então eu o
matarei.” A Trama Mestra de vingança é uma
série complexa de ações criadas para aos
poucos despedaçar o alvo, nunca uma morte
instantânea. Você deve assegurar que cada
aventura tenha uma clara demonstração da
vingança sendo promulgada e possivelmente
sendo bem-sucedida ou falhando.
46
Inimigos Incríveis
O desejo de vingança é também mais chato
de escrever porque você precisa ter uma
história sólida vinculada ao Nêmese em
termos do que aconteceu. Um Nêmese que
queira poder ou dinheiro não precisa de um
histórico muito elaborado. Mas um Nêmese
vingativo precisa de uma história completa.
O que aconteceu, por que ele percebeu o
evento como algo digno de vingança?
Justificativa
Essa é a mais maligna das motivações porque é
a última expressão do dilema moral. Não
importa quem você seja: se você puder
justificar, você fará. Assassinato em massa em
escalas galácticas? Se isso salvar a outra metade
da galáxia então OK. A necessidade de muitos
supera a vontade de poucos.
Essa é também uma das mais complexas
motivações de executar porque os jogadores
podem muito bem se convencer da justificativa
e se juntar ao inimigo: “Venha comigo e juntos
podemos governar a galáxia como pai e filho, e
o melhor amigo do filho, e o outro melhor
amigo do filho, e o outro melhor amigo, e você
também, Jorge.” Você precisa fazer o Nêmese
parecer louco em sua justificativa.
“Se nós sacrificarmos todos os unicórnios então
seremos poderosos. Eu preciso ser poderoso
para poder salvar meu reino daqueles heróis
bondosos e paladinos.” Um pouco extremo, mas
você entendeu a ideia. Um Nêmese que acredite
que o que ele está fazendo é correto e
moralmente justificável é um inimigo que não
pode ser questionado, não pode ser detido e
certamente se blindará ainda mais em sua
convicção quanto mais o grupo o pressionar.
Isso permite a você, como o GM, explorar ideias
sociais complexas e apresentá-las de uma forma
que permita ao grupo e aos jogadores
explorarem essas ideias de vários ângulos e,
espera-se, escolherem a correta.
Isso nos dá um Nêmese que não acredita estar
errado, que não acredita que é mau e que
acredita que ele sozinho está disposto a arcar
com as dificuldades do mundo para torná-lo
um lugar melhor, mesmo que ninguém mais
esteja. Esse tipo de Nêmese faz um excelente
jogo político, ou um onde existam muitos
dilemas morais. Thanos, do filme da Marvel, é
um Nêmese Justificado. Ele não acredita que
esteja fazendo nada de errado ou mal. Era algo
necessário. E não era fácil para ele também.
Criar esse tipo de Nêmese é um desafio
formidável pois você precisa se certificar que a
justificativa é sólida o suficiente para cegar o
Nêmese quanto às possíveis alternativas e para
enxergar os erros dos seus caminhos. Em
geral, personagens subjugarão o Nêmese com
sua destruição, mas haverá vezes em que o
vilão pode perceber o seu erro. Um exemplo
excelente disso é o cegamente justificado
Tenente Coronel Nicholson no filme A Ponte
do Rio Kwai - interpretado por Sir Alex
Guinness. Ele realmente acreditava estar certo
em ajudar o inimigo a construir uma boa
ponte. Apenas no fim ele percebeu que sua
justificativa estava errada. Ele não era um
homem mau, apenas um homem que
acreditava que o que tinha decidido fazer
estava certo e estava disposto a mandar seus
homens à beira da morte para conseguir isso.
Amor
Sequestros, casamentos à meia noite por
padres com mérito duvidoso de sua batina e
resgastes de última hora são Tramas Mestras
tradicionais de Nêmeses motivados por amor.
O Nêmese, por qualquer motivo que seja, está
apaixonado por algum personagem e não vai
parar até ter esse personagem em seus braços.
Para citar Mel Brooks do filme A Louca!
Louca História de Robin Hood:
AMA MARIAN
Sim, mas (você pode ter) apenas meu
corpo. Você nunca terá meu coração,
minha mente ou minha alma!
CHERIFE DE ROTTINGHAM
Tudo bem! Eu respeito isso.
O Nêmese busca amor porque, supostamente,
isso é uma coisa importante para ele, e por
que não seria? Amor é grandioso afinal. É
quando o amor se torna símbolo de poder,
aprovação, conquista e reconhecimento que se
torna um problema. E é sobre isso que se
trata, tipicamente, esse tipo de Nêmese.
Como disse antes, Anck Su Namun – o amor
de Imhotep, o sacerdote do filme A Múmia, é
um exemplo de um Nêmese apaixonado
desesperadamente por sua namorada mais
que morta e fará qualquer coisa para salvá-la,
incluindo matar o que se aproxime da tumba
dela. Esse é um tipo de Nêmese trágico que o
grupo pode ser sentir compelido a salvar/
ajudar – consequentemente levando os
escritores da história a tornarem Imhotep
também um assassino psicopata.
O outro tipo de amor é aquele que está sendo
buscado, mas nunca é encontrado, porque o
ser em busca desse amor é destrutivo. O
Monstro de Frankenstein é um grande
exemplo. Ele quer um amor, mas termina
destruindo ou matando todos que entrem em
contato com ele. Como não consegue
encontrar seu amor, ele usa ódio e destruição
como uma forma de expressão e no fim é esse
inimigo triste e miserável. A Fera de A Bela e
a Fera começa como um sujeito violento e
vingativo até que a síndrome de Estocolmo
entra em ação e a Bela se apaixona por ele.
O amor também pode ser por objetos – amor
por ouro (supostamente um fetiche Anão),
amor por dinheiro – isto é, segurar o dinheiro,
por pura cobiça e alegria de tê-lo.
47
Inimigos Incríveis
Muitos bilionários tem esse problema. O amor
por coleções e itens exóticos. Tudo pode ser
um motivador para o Nêmese fazer quase
qualquer coisa para ter o que quer.
Amor é um desejo interessante para o Nêmese,
e pode ser um bom guia, mas vem a triste
desvantagem de ser um tema muito velho e
desgastado. O príncipe mau que sequestra a
bela princesa para ter um casamento secreto é
bem explorado. Existem milhões de formas de
você virar isso de ponta cabeça. E esse é um de
nossos objetivos, então vá em frente! Coloque
essa Trama Mestra em prática!
Armado com a vontade do seu Nêmese, você
pode dar o próximo passo – alinhar o desejo
do Nêmese ao tema da sua Trama Mestra. Se
retornarmos para o tema de guerra e olharmos
a vingança, ou melhor, a justificativa como
motivador do Nêmese – a justificativa pode
ser ganhar a guerra a qualquer custo. Para esse
fim ele irá sacrificar povos e planetas se ele
acreditar que isso trará fim à guerra. Outro
exemplo disso poderia ser um Nêmese que é o
líder de um reino e ele acredita que sua forma
de governar é a forma correta e que qualquer
um que não acredite na democracia, por
exemplo, deve ser executado. Se os PJs são
todos monarquistas convictos, haverá conflito,
que é nosso objetivo como Mestres. Portanto,
você alinha os objetivos do seu Nêmese com o
seu tema, o seu tema com sua Trama Mestra e
você terá um excelente ponto de partida.
48
Inimigos Incríveis
Vilões e Capangas
Mas antes que de sairmos criando Nêmeses
Épicos, nossos vilões e capangas devem passar
pelo mesmo processo, mas uma versão mais
leve. Uma linha de texto deve bastar. Além
disso, geralmente, seus capangas serão o
oposto do seu Nêmese em termos de desejos.
Um capanga de um Nêmese que busque
riqueza será uma pessoa de poder físico ou
uma pessoa vingativa. Seu tema ainda deve
ser refletido nas ações deles e na expressão de
seus desejos, mas você precisa que seu Nêmese
se destaque do resto dos seus malfeitores.
Seus vilões e capangas tem algo em comum
que o Nêmese nunca terá: subserviência. Eles
devem se curvar diante do Nêmese, ou então
serão destruídos. Isso lhes dá uma
desvantagem inerente que pode ser explorada
por jogadores espertos. Existem quatro tipos
de subserviência em minha cabeça:
Desejada
Ignorante
Respeitada
Odiada
Sem se aprofundar muito na psicologia, esses
quatro elementos podem ser ferramentas
úteis para você manter no verso das
descrições de seus vilões e capangas, pois
podem ser um ótimo "passe livre".
Desejada
Esse é o tradicional Igor – o capanga anseia
por saber o que tem que fazer e acredita que
seu valor está em cumprir os comandos do
seu mestre. Eles seguem cegamente qualquer
ordem e defenderão seus mestres com a
própria vida, e frequentemente o fazem.
Fanáticos, cultistas e serviçais profissionais se
enquadram nessa categoria.
Esses te ajudam como GM porque são fáceis de usar, não podem ser manipulados e
prefeririam tomar cianeto do que colocar os planos de seu mestre em risco.

Fogo, vigas de madeira, e saltos –

eles destroem Vampiros.

Ignorante
Esses são os vilões e capangas criados para servir. Eles não sabem fazer outra coisa, e para eles
a vida é isso. Na história do Rei Artur, Mordred nunca questionou sua mãe Morgana porque
ele foi criado para ser seu campeão. Um escravo que tenha sido promovido a senhor dos
escravos não pensará em revolta porque essa nunca foi uma opção. Ele apenas será o melhor
senhor de escravos que puder ser. Para o GM, esse é o vilão que pode ser virado contra o
Nêmese se as opções corretas forem apresentadas a ele pelos personagens dos jogadores.
Precisará de bastante persuasão. Todavia eles são maleáveis e você pode permitir que eles
mudem de ideia se seus jogadores precisarem de uma ajudinha em uma grande batalha ou
para solucionar algum problema.

49
Inimigos Incríveis
Respeitada
Esse é o tipo de vilão ou campanga mais
perigoso. É aquele que respeita a subserviência
porque a exigem daqueles que estão abaixo de
si. “Eu sirvo você porque algum dia estarei
acima de você, e então você me servirá.” É um
combo bem legal no fim das contas. Esse tipo
de inimigo não irá parar até chegar ao topo,
até que todos trabalhem para ele. Se os PJs
tentarem convencê-los de uma alternativa eles
a rejeitarão – eles acreditam em seu mestre e
nos planos dele. Eles precisam acreditar.
Assim que o seu mestre for vitorioso, então
eles o matarão e assumirão o controle. Apenas
uma estratégia tipo agente duplo pode
funcionar aqui – onde os personagens
oferecem ajuda ao vilão ou capanga para que
ele chegue na posição almejada. “Ajude-nos a
derrotar o Nêmese, e nós o colocaremos como
o novo Nêmese.” Logo antes de cortarmos sua
cabeça fora, esse tipo de coisa. Esse é o inimigo
que usará o grupo capturado para fazer sua
própria vontade. O grupo pode agora
"concordar em ajudar" e efetuar uma fuga – é
uma carta de passe livre para os PJs. Entende o
que quero dizer com usar esses quatro tipos
como ferramentas para ajudar os personagens
a “sair de situações difíceis” sem parecer que
você, como GM, está forçando o sucesso deles?
Odiada
Esse é o desejo mais fácil de usar para tirar os
PJs de alguma enrascada. O vilão ou capanga
quer vingança contra seu mestre, e está
disposto a tudo para derrubá-lo. Eles podem
começar como um vilão da aventura, mas, ao
final dela, eles desertam e ajudam os PJs. Essa
é uma reviravolta interessante dos eventos
que contribui para criar uma história épica e
dá a você muitas ferramentas para fazer os
PJs irem aonde você precisa que eles vão.
50
Inimigos Incríveis
No verso da página há um modelo que eu uso
para meus caras maus. Preencha um deles e
não terá problemas com diálogo, motivação ou
ações do seu Nêmese, Vilão ou Capanga. Você
pode incluir mais detalhes, mas eu geralmente
acredito que você não precisará de muito mais
do que isso, e o que você não tiver, você pode
adicionar como um apêndice.
Uma coisa a se pensar é sobre os estados
emocionais deles e como eles se comportam
nesses vários estados. Isso pode te ajudar se
não estiver confiante em interpretar papéis e
ajudará a ajustar palavras, frases e o tom.
Como um Vilão age quando está feliz/
confiante? Bem, felicidade e confiança
costumam ser a mesma coisa para um cara
mau. Você precisa escolher os adjetivos certos
para descrever como eles reagem. Poderia ser:
engomado, presunçoso, nervoso, ousado,
generoso, alegre, jovial. Existem muitos outros
estados. Ao anotar uma palavra que descreva
como ele age quando está feliz/confiante, você
saberá como interpretá-lo quando os
personagens o encontrarem.
Como ele se comporta quando está triste?
Sussurrante, triste, silencioso, violento,
indiferente, insensível - a lista continua.
E se é frustrado pelos PJs, e se desaponta ou
enfurece, como se expressa? Com violência?
Gritando? Calando? Rindo? Calculando? Se
culpando?
Por fim, quando está em um espaço neutro –
dando informação, encontrando os PJs pela
primeira vez como alguém desconhecido, ele é
aberto? Cauteloso? Receoso? Agressivo?
Dominador? Condescendente? Acho isso uma
forma ótima de manter minhas performances
desses PdMs complexos consistentes, tendo
essas palavras como referência.
 51
Inimigos Incríveis
Gravla era uma Nêmese Nunca Presente. Tinha
forças por todo o planeta que interagiam com o
grupo e lhes causavam tormentos sem fim. Ela
era muito Prepotente, mas ficou preocupada
com as ações do grupo conforme derrotavam os
aliados dela. O grupo foi esperto o suficiente
para enganá-la, fazendo-a pensar que estavam
emperrados em uma cidade, enquanto estavam
na verdade entrando sorrateiramente do lar dela.

Os objetivos dela, os desejos, por distorcidos que

fossem, eram sua motivação e ela só usava força
física quando seu controle mental falhava, ou
quando encontrava forte resistência. Era uma
Nêmese Justificada, pois sentia que as Ordens
perderam o rumo. E de fato, me certifiquei que
ela deixasse os PJs perceberem a justificativa
dela – um dos PJs não acredita mais na pureza
da Ordem por isso. Como disse, Justificativa é
uma arma tão poderosa quanto possível, se
observada sob a ótica correta, justificada.

A forma como Gravla expressava isso, claro, foi

pensada para agravar sua posição, não para
ajudá-la. Tenho certeza de que se a tivesse feito
abordar o grupo com os “fatos” sobre a
corrupção nas Ordens, o grupo teria se juntado à
causa dela.

Esse não era meu objetivo, e por isso a fiz matar

tantas pessoas e tentar matar o grupo tantas
vezes quanto pude, para ter certeza de que o
grupo não se unisse a ela, ou de alguma forma
aceitasse sua justificativa. Claro que, quando o
grupo finalmente a matou, me certifiquei de que
seus servos permanecessem leais em sua crença
e que tivessem um momento para semear mais
informações. Jogadores ganharam, PJs também –
na maior parte – e a vida voltou ao normal. E
essa foi meramente a aventura de abertura,
ainda há tanto mais por vir. “Nóis não roubar, achar coisos!” Típica
fala de apresentação dos Gygikki.

52
Inimigos Incríveis
“Sempre vamos para a esquerda.”
“Dessa vez, vamos pra direita!”
“Errado!”

Tramando
Certo, agora é a hora de começar o trabalho de
verdade: precisamos planejar a Trama Mestra
e também a Campanha. Pois é, ok - Vejamos o
que constitui uma campanha, para mim:
A Campanha, a grande história, é composta
por três partes principais unidos por um único
elemento. Os componentes são: Trama,
Cenário e PJs. O principal é o elemento que
mantem eles unidos e esse elemento é você.
A trama – é o proposito desse livro inteiro. A
trama é uma série de eventos e ações que o
Nêmese tomará para alcançar seu sucesso. A
trama deve se ajustar às ações dos jogadores e
PJs, mas sempre em busca do sucesso.
Os personagens – Ah, os queridos PJs. Eles são
a extensão de seus jogadores – geralmente.
Você tem certa influência aqui, e se esse livro
ajudar outras pessoas eu posso transferir
minhas ideias sobre design e desenvolvimento
de PJs para o papel. Ou PDF como é o caso dos
dias de hoje. Personagens também podem ser
PdMs – e estamos lidando com criação de
Personagens interessantes nesse livro.
O cenário – esse é um assunto completamente
diferente, mesmo que eu tenha feito
referências nesse livro sobre alguns elementos
de cenário como uma expressão do tema,
projetar um mundo do zero é uma jornada de
simbolismos, imagens e qualquer outra coisa
empolgante que podemos fazer para tornar
esse mundo imaginário algo real.
Ligamos os personagens à trama e ao cenário
através de nós mesmos – Os Mestres.
Personagens são irrelevantes sem um cenário
ou uma trama. A trama sem personagens não
é uma historia, é uma sequencia de eventos.
Um cenário sem trama ou personagens é um
guia turístico.
54
Tramando
São sua voz, palavras, decisões e precisão que
unirão os elementos. Seja o quinto elemento...
quarto elemento.
Nota, geralmente desenvolvo minha trama,
deixo meus jogadores desenvolverem os seus
PJs, e então, junto a eles, construo o cenário. À
medida que entramos em uma cidade de uma
raça nunca vista antes, ou um jogador me
entrega um PJ de uma raça que eu não havia
pensado sobre ou desenvolvido por completo
no meu cenário, eu os deixo preencherem as
lacunas. Para desenvolver seus próprios
espaços no mundo. Eu acredito que isso pode
fazer com que os jogadores invistam mais no
jogo. Outras pessoas podem achar isso
intimidador. De qualquer forma, percebe
como isso cria uma harmonia entre Jogador e
Mestre que vale a pena? Para esclarecer, eu
sempre tenho vários cenários planejados. Os
jogadores apenas estão adicionando pratos a
um cardápio que já existe.
Voltando para nossa Trama Mestra. Por onde
começar? Geralmente retorno à pergunta
sobre o que o Nêmese quer. O que faço com
isso? Transformo em um plano. Literalmente,
eu trabalho como o Nêmese atingirá seu
objetivo. Geralmente – mas não sempre – o
plano do Nêmese circula por essas linhas:
Obter itens/objetos/pessoas/
projetos/coisas
Construir algo para fazer
alguma coisa com o que obteve.
Testar o que construiu.
Fazer o que precisa para alcançar
seu objetivo.
Agora você preenche as lacunas para seu
Nêmese. No nosso exemplo, a Imperatriz
precisa ser ressuscitada e ela precisa que seus
duques sejam leais.
Algo precisa mudar em algum item do nosso
plano? Acredito que não. Ele não precisa
realmente de nenhuma adição também. Nós
estamos falando do conceito principal aqui.
Vamos quebrá-lo em partes então:
Obtendo as coisas –
Ela precisa obter várias relíquias ao redor do
planeta. Essas relíquias são itens, um homem
virgem inocente (vamos quebrar estereótipos) e
o corpo de uma jovem mulher. Ela também
precisa da magia do Livro de Yi. Você pode
tornar isso simples ou complexo, como desejar.
Só um aviso: deixar muito simples facilita que
os PJs falhem. Quanto mais coisas forem
necessárias, mais fácil é dos PJs deterem os
planos do Nêmese. Se seu Nêmese precisar de
um único ingrediente – conjurar uma magia do
livro – caso os personagens falhem em parar o
Nêmese nisso, o Nêmese ganhou. Em vários
filmes esse é o caso. No filme O Quinto
Elemento , um movimento errado e o universo
inteiro teria acabado. Uma vez que a
interpretação de papéis é provavelmente a mais
longa forma de arte performática narrativa que
podemos nos envolver como humanos,
devemos criar soluções mais complexas para
nosso Nêmese, para que nossos heróis possam
vencer, e ter certeza que de que haja conteúdo
suficiente para mantê-los comprometidos.
Construindo ou criando algo –
Um cetro precisa ser criado das relíquias e
segurado pelo homem virgem inocente no
centro do templo que foi construído em um
ponto específico. Os duques são os
responsáveis por construir o templo, por isso
precisam ser leais.
Testando o que construímos –
A ideia de transferir a mente dela de outra
dimensão para o Plano Material Primordial é
perigosa. Melhor testar antes. Na verdade,
testar uma porção de vezes.
Fazer o que precisa –
Agora podemos iniciar a cerimônia e a vida é
só festa. O clímax da campanha. Resolva todas
as tramas antes do clímax!
Por que é tão importante observar a trama
dessa perspectiva? Isso permite alterarmos
como e o que nosso Nêmese faz conforme os
jogadores mudam a história. Se impedirem a
Imperatriz de conseguir o feitiço do Livro de
Yi, o que ela fará? Desistir? Não. Lembre-se que
o Nêmese sacrificará tudo para alcançar seu
objetivo. Ela encontrará outra maneira.
Não precisa ser uma aventura para os PJs, mas
deve acontecer, e eles devem saber sobre isso.
Eles chegam à cidade e ela foi destruída por
demônios. Por quê? Eles estavam atrás de um
livro. Não o Livro de Yi, mas outro livro com
um feitiço similar. Ou assassinos e ladrões são
contratados para tomá-lo de volta dos PJs.
Sabendo o plano do Nêmese, você pode ajustá-
lo a qualquer momento, mudando e alterando
conforme ele é afetado. Isso não apenas cria um
desfecho incrivelmente dinâmico, mas também
torna seu jogo uma combinação intrínseca de
Jogador e Mestre, não apenas Mestre.
Agora, isso significa que você também tem
menos trabalho a fazer. Observe, você também
pode olhar o plano desta forma:
Conseguir coisas
Construir coisas
Testar coisas
Concluir o objetivo
Nós expandimos a Sentença para descobrir
nossa Trama Mestra. Nós a quebramos nessas
quatro etapas, mas mantivemos sentenças
simples e claras. Essas etapas nós quebraremos
em etapas menores, que irão, por fim, permitir
que as incluamos na construção de nossas
aventuras. Grande, pequeno, para cima e para
baixo. Funciona. Confie em mim...
55
Tramando
Conseguir coisas
Dissemos uma ou duas relíquias, um livro,
um homem e uma mulher. Conte comigo...
1... 2... 3... 4... 5. Se a matemática for muito
difícil talvez você deva continuar como um
jogador. Existem 5 aventuras esperando por
você.
1 – Conseguir a relíquia 1
2 – Conseguir a relíquia 2
3 – Conseguir o Livro de Yi
4 – Arranjar um homem virgem
5 – Arranjar uma mulher jovem
Muito difícil? Acho que não. E o segundo:
Construir coisas?
Construir coisas
Os duques devem construir o templo em
um lugar especifico e forjar o cetro que o
homem inocente irá segurar. 1, 2, 3, 4.
Sim, quatro. Esse deve ser pensado um
pouco mais fora da caixa:
1 – Unir os duques (pois sabemos que
eles estão confusos)
2 – Preparar os suprimentos
3 – Encontrar o local
4 – Forjar o cetro
Você pode dividi-lo em mais partes, mas eu
geralmente procuro criar de 3 a 5 itens por
fase do plano.
Mais do que isso e começa a ficar muito longo.
Digo, nós já temos 9 aventuras. Sim, o número
geralmente diminui conforme passamos pelas
4 fases, mas você entendeu. Mais tarde, nós
falaremos sobre Momento, você verá que uma
dúzia de aventuras podem facilmente levar
um ano para serem jogadas. E uma boa
campanha terá o dobro disso.
56
Tramando
Testar coisas
Usamos um dos homens inocentes (pegamos
alguns) com um cetro (improvisado, já que
espera-se que os PJs tenham destruído uma
parte). O homem fica louco e agressivo.
Durante o segundo teste o homem explode e
abre uma ligeira “brecha”. O terceiro teste dá
certo e alguma alma retorna para a existência.
Contou 3? Ótimo. Foram 3. Pense grande
aqui. Quanto mais próximo chegamos do fim,
mais você pode colocar seu próprio estilo de
estranheza que torna seus jogos únicos.
1 – Louco furioso
2 – Brecha
3 – Alma errada no corpo errado
Agora, por favor, não pense que eu estou
sendo preguiçoso. Eu estou especificamente
NÃO levando esses pontos adiante. Eu não
vou parar para pensar o que é uma Brecha.
Isso é para outro capitulo – transformando sua
Trama Mestra em aventuras. Nós ainda
estamos criando a Trama Mestra. Segura aí.
Por fim, Concluir o Objetivo
A imperatriz deve esperar pelo momento
ideal e então realizar a cerimônia. Ela retorna
e deve ser derrotada ou reclamar seu trono.
Os rebeldes farão de tudo para impedi-la.
1 – Amarrando as pontas soltas
2 – Caminhando para o fim
3 – Clímax da Batalha final da rebelião
Vamos olhar rapidamente esses três pontos:
Amarrar as pontas soltas
Espero que você tenha tido um longo jogo a
essa altura e, quem sabe, algumas pontas
soltas, histórias de personagens que precisam
ser resolvidas, missões secundárias que
precisam de respostas.
Essa é literalmente a aventura, ou a série de
aventuras, dependendo de quão complexa seja
a sua narrativa, em que você mostra para os
seus jogadores uma enorme placa:
Vocês completaram todas as missões? Daqui
para frente é um ponto sem retorno.
Quantas aventuras suas não são feitas da sua
descrição detalhada, da meticulosidade dos
personagens ou outros tantos fatores? Planeje
uma ou duas aventuras aqui. Certifique-se de
encerrar tudo.
Caminhando para o fim
Você precisa ter certeza que isso será uma
batalha desafiadora – não apenas física, mas
mentalmente também. Os jogadores devem
encontrar seu maior desafio, enfrentar o maior
obstáculo, e dar tudo de si para passar nessa
missão. Pense que é o ultimo empurrão para
que eles cheguem até o Nêmese.
Clímax da Batalha final da rebelião
Tem um capítulo inteiro no final do livro que
detalha como fazer esse trabalho muito bem.
Falaremos sobre os 5 C’s. Por enquanto apenas
pense no nosso final épico. Eu estou para
conhecer grupos que depois de tudo isso
ainda queiram uma aventura – ao estilo
Senhor dos Anéis. Eu tive grupos que estavam
desesperados para começar uma nova
campanha. Em outras palavras, é isso. Depois
disso, seu Nêmese deve partir. Seus
personagens devem ser vitoriosos.
Agora, um aviso: Não me diga que seus PJs
podem falhar e morrer no final e o Nêmese
vencer. A vida real já é dura o suficiente sem
que nossos jogos de imaginação sejam tão
sombrios. Se o grupo morrer lutando contra o
Nêmese, de alguma forma faça com que
alguém consiga derrotar o Nêmese. Talvez um
PdM que esteja ajudando há algum tempo.
O Nêmese simplesmente vencer e os jogadores
falharem, a essa altura é, na minha opinião,
um insulto ao tempo e ao esforço deles. Mate a
maioria deles, mas deixe pelo menos um viver
e conseguir derrotar o Nêmese.
De qualquer forma, se você quer matar todos,
ou como alguns diriam, “os dados rolaram, as
escolhas dos personagens fizeram isso, não
eu” – tanto faz –, esteja preparado para
jogadores se levantarem, saírem e nunca mais
voltarem à sua mesa. Também tem jogadores
que vão amar isso! E pensam que é algo
sensacional. Melhor grudar neles feito cola.
15 aventuras. Cada aventura tem 3 atos, então
45 atos. Nada mal para uma única Sentença. E
agora o meu ponto crítico, então preste
atenção – essas não são as únicas histórias. Na
verdade, isso deve ser cerca de METADE das
histórias totais. Deve haver pelo menos outras
20 aventuras! Isso é loucura! 15 de 35 não é
metade, eu sei, eu sou ruim em matemática. As
outras aventuras serão criadas pelos jogadores
e você não precisa se preocupar com elas.
Quem eu estou tentando enganar? Claro, você
precisa, mas você ainda não sabe quais elas
serão, então espere pelo próximo capítulo, que
detalha as Aventuras dos Personagens e
Aventuras de Última Hora.
Outra coisa que devemos lembrar é que não é
só porque os PJs completaram a quarta fase da
Trama Mestra que o jogo acabou. É um final
excelente, e esperamos que seja uma conclusão
espetacular. Geralmente não sabemos encerrar
uma campanha – bem, agora sabemos. Mas às
vezes não queremos, pois estamos nos
divertindo tanto. É o fim da campanha, mas
não do mundo. Com a Imperatriz sugada para
todo o sempre no vazio eterno, nossos heróis
retornam triunfantes. Eba! E, por algum
tempo, tudo é feliz, até que uma sombra se
levanta em um reino distante.
57
Tramando
Agora que a Imperatriz se foi, existe um vácuo Aprender quais questões perguntar é simples
no poder, e uma ameaça sombria quer tomá-lo questão de fazer as perguntas e ver se ajudam
para sim. Boom. Você acabou de começar a criar uma ideia interessante de aventura.
outra campanha.
Outra ferramenta útil para determinar suas
respostas às quatro etapas é perguntar: “o que
Trabalhando nisso esperamos?” Expectativa é uma ferramenta
poderosa que eu já comentei sobre nesse livro.
Como eu decidi como o Nêmese
O que esperamos da nossa única Sentença de
desenvolveria os seus planos?
alguém que quer muito alguma coisa? Isso é
uma questão de interpretação pessoal e
Fiz perguntas práticas, como “o que preciso?”
intuição, mas você deve ter ideias meio sólidas
E, mais importante, “como poderia usar para
de possíveis respostas só assistindo à TV ou
complicar o problema?” Poderia fazer a
alguns a filmes. A Ressureição da Imperatriz é
Imperatriz precisar apenas de uma palavra
um conto simples. Esperamos um ritual,
mágica e, bingo, volta à vida. Isso não é legal.
esperamos forças das trevas. Os Caça-
Isso não é bacana. Acredito que ajuda voltar
Fantasmas nos mostraram isso.
às perguntas de Quem, O que, Onde, Quando
e Por quê. Então as aplico em cada elemento
Um soberano louco tentando construir um
das quatro etapas. Não uso a pergunta
império, nos faz esperar punhaladas nas
“Como”. Nós guardamos ela para mais tarde.
costas, traição, duras guerras, mortes
desnecessárias e politicagem. Ao invés,
Obter coisas
George (Guerra nas Estrelas: a Ameaça
O QUE precisa ser coletado?
Fantasma, etc.) nos deu muito pouco disso.
QUEM precisa ser coletado?
Meu ponto é que nós esperamos desfechos e
ONDE fica guardado?
eventos, e, quando não os recebemos, não
ficamos satisfeitos. Somos RPGistas, caramba!
Construir algo
Nós queremos histórias sólidas e decentes, o
ONDE precisa ser construído?
que significa que queremos saber o que
QUEM está construindo?
acontecerá antes mesmo de começarmos.
Testar o que construiu
Nos baseamos em nossa expectativa da reso-
ONDE está sendo testado?
lução, em nossas experiências com gênero e
QUANDO é testado?
histórias. Lembrem-se, só temos uma trama,
QUEM está testando?
então meio que já sabemos como ela vai se
andar de qualquer forma. Use isso a seu favor.
Conquistar seu objetivo
ONDE isso está acontecendo?
Esperamos que a Imperatriz perca no final.
QUAL é o desfecho?
Esperamos que os Duques sejam lutas difíceis,
QUEM está tentando impedir e QUEM
mas esperamos vencer. Que os Rebeldes sejam
está tentando fazer isso acontecer?
os mocinhos, e que nos ajudem a ganhar.
Perceba que nem toda sessão é detalhada. As
O que há de errado com essa Sentença? Nada.
etapas de Obter e Construir não precisa de
Ela soa como uma ótima história! Vamos jogá-
um Quando. O Quando é agora ou assim
la!
que possível.
58
Tramando
 Voth nunca perdeu
uma batalha.
Nós podemos então fragmentar essas expectativas em coisas cada vez mais específicas, como
“os duques serão combatidos em locais empolgantes”, ou “a Imperatriz estará em um estado de
transição entre os mundos.” “Teremos uma mulher anciã e experiente liderando a Rebelião.”
Nós esperamos batalhas grandiosas. Esperamos um romance com a mulher selecionada para o
sacrifício. Nós esperamos que o virgem inocente perca sua virgindade em uma cena cômica de
amor e paixão com uma Ewok – OK, talvez nós não esperássemos por essa última parte.

E, sim, aí está meu segundo ponto. Nós podemos usar essas expectativas para proporcionar aos
nossos jogadores o que eles desejam, mas então entregá-las de uma forma bizarra. Essa surpresa
é divertida. E, se você pensar bem, é isso que os nossos jogadores fazem conosco toda vez que
jogamos. Eles estão constantemente criando soluções que são de outro mundo. Como Mestres,
espera-se que isso seja parte do que você ama no jogo.

Planejamos nossa Trama Mestra em 15 aventuras. Nós agora temos que pintar essas aventuras
com pinceladas grosseiras. Sempre grosseiras. Por quê? Porque nossos jogadores podem fazer
escolhas que tornem essas aventuras redundantes ou irrelevantes. E precisamos ter raciocínio
ágil e desenvoltura para podermos nos adaptar. Além disso, seria um grande desperdício do
nosso tempo criar todas as aventuras para os jogadores – e se eles pararem de jogar?

59
Tramando
Esboço da Aventura da Trama Mestra
Lembre-se, você está só listando os objetivos que precisam ser completados para que o Nêmese
realize seu Desejo. Certifique-se de cobrir todas as possíveis aventuras que você consiga pensar
relacionadas com a Trama Mestra. Não inclua aventuras que não estejam relacionadas à Trama
Mestra. Essas aventuras são bônus divertidas, e devem ser elaboradas como aventuras próprias.

Apenas como nota – você certamente pode incluir aventuras adicionais que não tenham nada a
ver com a Trama Mestra. Pode ser simplesmente porque você se inspirou em algum programa
de TV, leu um bom módulo ou teve um sonho que daria uma boa, divertida aventura. Esses,
como disse, devem ser pensados como uma aventura própria, sem ligação com a Trama Mestra.

Esse não é um exemplo de um jogo online meu, mas de um offline. Desculpe-me, mas meus
jogos online ainda estão em progresso e eu odiaria que meus jogadores lessem isto e
encontrassem todos os tipos de spoiler.

60
Tramando
Isso arruinaria a diversão deles.
Em um dos meus jogos, o objetivo era tornar os
PJs deuses. O Nêmese do jogo era uma terrível
deidade conhecida como Geshuul – Deus do
Oblívio. Ele queria aniquilar toda a existência e
transformá-la no vazio eterno. Eu redigi e
interpretei uma abertura horrenda para o jogo
– era uma peça de teatro a que os PJs estavam
assistindo em sua pequena aldeia, que falava
sobre esses deuses travando um combate. Eu
tentei interpretar três atores diferentes. Isso não
funcionou exatamente como eu gostaria. De
qualquer forma, Geshuul tinha um plano:
ajudar os personagens a ganharem poder
suficiente para finalmente destruir os inimigos
dele – os outros deuses.
Ele precisou preparar os PJs – essa era sua fase
de construção. Então ele precisou assegurar
que eles se envolvessem em várias missões
divinas. Precisava que eles transformassem os
deuses. Em uma aventura, os jogadores usaram
uma Magia Desejo, foram enviados para o
passado, e encontraram a encarnação física de
um dos maiores oponentes de Geshuul, Brax. O
problema era, eles viajaram para um passado
tão distante que Brax era uma criança
impressionável de 9 anos de idade e ainda não
ascendera a divindade. As interações com os
PJs o tornaram menos militante e mais pacífico,
permitindo que Geshuul dominasse.
Então ele precisou testar os personagens, de
modo que lhes viabilizou a destruição de vários
deuses menores, um particularmente notável
sendo o deus das cores – tingindo o mundo de
preto e branco. Destemidos, os jogadores
prosseguiram. Um deles compreendeu o
padrão e em uma belíssima reviravolta, que
nem eu mesmo previa, encontrou um caminho
para se tornar um deus – Eba! Porém, matando
Geshuul – Eba! – e todos os outros deuses, ele
se tornou o único e verdadeiro deus do mundo.
Ironicamente, ele estava jogando de Paladino.
Agora, o que eu fiz aqui foi assegurar que cada
personagem tivesse uma ligação religiosa com
uma deidade. Um jogador não escrevera
muito da biografia/história do personagem –
apenas que ela (a PJ) fora encontrada ao lado
de uma carroça com todos os passageiros
mortos, inclusive seus pais, ela estava coberta
de sangue, e segurando um enorme machado
antigo. Isso não era muita matéria prima, mas
era excelente para mim. Então, a historia dela
– que descobrimos com o tempo – era que ela
era a Princesa do Inferno. Herdeira direta do
trono. Seu pai, o deus Repht, Senhor do
Inferno, estava doente. Sua mãe – uma mortal
– estava tentando escondê-la. Pouco tempo
depois ela se tornou a Senhora do Inferno e
ajudou o paladino a destruir todos os outros
deuses.
Outro jogador simplesmente mencionara que
seu personagem havia roubado algo em seu
passado e agora estava fugindo. Bingo! – ele
roubara uma arma capaz de matar deuses.
Quando ele descobriu isso, tentou evitar matar
deuses a qualquer custo. É, isso acabou bem.
61
Tramando
Os Vax abduzem qualquer um que
cruzar seu caminho, de qualquer
planeta. Comida é comida...

Projetando aventuras
Você tem sua Trama Mestra épica, e elaborou
em frases rústicas cada Aventura da Trama
Mestra que você precisa para trazer a trama à
vida. Como então você usa essas pinceladas
grosseiras para torná-las aventuras épicas e
ricamente detalhadas? Leia um livro que
explique como. Esse aqui não vai. Ou será que
vai? Quem sabe se você demonstrar amor e
carinho por ele. Sobre o que eu estou falando?
Estou apenas provando alguns pontos.
Primeiro, estou provando que pular autores
tagarelas pode às vezes fazer com que você
tenha que reler as frases. Segundo, eu estou
usando o princípio de “preparação, negação e
saciação” que nós precisaremos empregar
frequentemente em nossas aventuras.
Preparação, negação e saciação é o método
padrão para as pessoas gostarem do resultado.
Não de você, mas do resultado. Por quê?
Pessoas gostam de lutar por algo e então
conquistar. Elas também não sabem o que
querem até que você fale que elas não podem
ter algo. Então elas decidem que é aquilo que
elas. Assim, ao negar algo a elas você cria um
desejo que você pode saciar. Drogas são um
ótimo exemplo. Faça o que as drogas fazem.
Ofereça uma fuga da realidade, seja difícil de
obter (mais ou menos), e então sacie aquela
ânsia da fuga prometida. Exceto que será
necessário mais para a próxima escapada.
Então, a dificuldade se torna obter mais e mais
e mais... Não use drogas! Por favor! Eu não
uso, eu claramente já sou de outro planeta.
Acredito que provei meu ponto. Preparação,
negação, saciação. Uhmmm... isso parece
suspeito não? Algo como... Ato 1, Ato 2 e Ato
3? Afinal, de onde veio isso? Ah, sim –
autoridade internacional de narração de
histórias, cerca de 3094 a.C.
A estrutura de três atos que conhecemos hoje
existe pelo menos desde o século 20, em forma
de filme e mais tarde na TV. Normalmente,
você deve assumir que seus jogadores já
viram filmes e televisão, a menos que você
jogue em um lugar muito especial. Como
resultado, eles já sabem tudo sobre a estrutura
de três atos. Eu, no entanto, gosto de me
lembrar de formas mais práticas, então eu os
chamo de métodos 121 e 122.
Tipos de Aventuras
Esse não seria um subcapítulo? Quieto, afinal,
quem está escrevendo o livro? Certo. Então,
antes de entrarmos em como usar os métodos
121 e 122, nós precisamos saber isso – existem,
grosso modo, quatro tipos de aventuras em
que podemos enviar nossos jogadores:
Impedir
Entregar
Coletar
Descobrir
“Impedir” são aventuras em que damos aos
nossos personagens um alvo claro para
impedir. Geralmente isso significa matar ou
destruir, mas às vezes significa prender ou
inutilizar. Essencialmente, uma missão de
impedimento é fácil de criar – prepare o que
se precisa impedir, dificulte o caminho até a
vítima do impedimento, e então torne-a difícil
de impdir. Entendeu? Observe.
“Entregar” são aventuras clássicas de
personagens recebendo algo ou alguém para
ser entregue em algum lugar e tendo
dificuldade para fazer isso. Quando eles
chegam ao local geralmente percebem que não
deveriam ter entregado e acabam lutando
para manter o que deveria ter sido entregue.
63
Tramando
“Coletar” são missões diferentes, porque, na
missão de Entrega, os PJs precisam lidar com o
objeto ou a pessoa até o ponto de entrega.
Certo, missões de Coleta também podem
conter esse elemento – o item problemático
coletado –, no entanto o objetivo da missão de
Coleta é coletar. Entregar de volta ao dono é
uma segunda aventura recebe seus próprios
tratamentos, monstros e encontros.
“Descobrir” são missões para personagens
irem a algum lugar e encontrarem algo para
fazerem alguma coisa com aquilo. Percebe o
quão similares elas são?
Aqui/Ali há algo (introdução) que deve ir/
vir/acabar (aventura) ali/aqui (conclusão). As
nuances estão nos eventos que acontecem pelo
caminho. Cada uma dessas diferentes
aventuras vem com expectativas. Maldição,
expectativas surgem de todos os lados. Essas
expectativas, como antes, permitem que você
não precise pensar em cada momento
oferecendo uma variedade gama de soluções,
das quais você pode escolher.
PARE! NÃO SE CONFUNDA.
Você tem a Trama Mestra e o esboço da
aventura para isso. Esses são completa, total e
definitivamente separados das aventuras que
compõem a Trama Mestra. É vital entender
isso. A Trama Mestra seguirá em frente e
avante, a despeito do que os PJs ou jogadores
façam – você entendeu –, ela se ajustará, mas
seguirá em frente. Os pontos chave de uma
aventura geralmente também farão isso, mas
são frequentemente muito mais contingentes
em relação às escolhas dos jogadores. Para
usar uma alegoria: a Trama Mestra é como um
sistema solar. Ele nota a estrela, os planetas e
talvez as luas o orbitando. Ele descreve coisas
como bolas gigantes – que orbitam uma
radiante estrela amarela.
64
Tramando
Uma Trama de Aventura pode ser uma história
louca na Terra que leva os PJs a uma nave
espacial ao fugir de 20 alienígenas, ou a dirigir
um tanque e explodir Nova Iorque. A única
ligação entre essas aventuras é que ambas se
passam na Terra e a Terra está na Trama Mestra
como planeta de rocha e água que é invadido.
Certo, de volta ao ponto principal do capítulo –
criar a aventura. Nós temos 4 tipos de
aventuras dentre os quais escolher, e temos
esses métodos 121 e 122. Como encaixamos isso
na Trama Mestra? Bem, de volta aos atos... o
quê? Eu não disse o que são os métodos 121 e
122 ainda? Maldição. Ok, e lá vamos nós –
Então, temos os 3 atos em uma trama de 3 atos
típica – que são basicamente:
Ato 1 – introdução e preparação
– preparação
Ato 2 – a Trama Mestra e a
história se desenrolam – negação
Ato 3 – a conclusão da história e
o final da trama – saciação
Mas antes de tudo, nós precisamos destrinchá-
los um pouco mais para que possamos injetar
um senso de drama na coisa toda e
legitimamente fazer com que nossos jogadores
sintam que eles estão no meio de uma história
épica.
Ato 1
No ato 1 precisamos introduzir um status quo –
o que é normal nesse momento? Não me
entenda mal, o normal nesse momento pode ser
o fim do mundo, um vulcão destruindo tudo,
uma praga ocorrendo solta. O normal agora só
se refere ao estado atual. Esperamos que o
estado atual mude conforme os personagens
dos jogadores interagem com o mundo. Mas
precisamos estabelecer o status quo.
Também precisamos introduzir o mundo. Falo Esses são todos os elementos que permitirão
de PdMs, vilões, capangas, Nêmese (se ele ou aos PJs terem uma Primeira Tentativa. Não
ela for desse tipo de Nêmese). Falaremos mais importa quais forem as peças da Preparação,
sobre como fazer isso depois, mas precisamos os PJs devem receber informação suficiente
dar aos jogadores uma ideia de com quem ele para que consigam escolher um curso de ação.
terá que lidar, agora e no futuro.
Frequentemente os PJs param e reclamam que
Então nós precisamos trazer a trama – esse é o não sabem o que fazer a seguir. Isso porque
momento crítico em que os PJs decidem ou não eles não se concentraram e prestaram atenção
pegar o gancho da trama (em breve, calma). suficiente no Ato 2, ou às vezes é porque o
Mestre pulou essa parte ou não deu dados
Não obstante, no Ato 1 você precisa introduzir suficientes durante ela. De qualquer forma,
seu PJs à trama dessa aventura em particular. E isso se resolve introduzindo um PdM ou fato
é imperativo que sejam eles a decidir iniciá-la. que dê mais informação de Preparação e guie
Isso é tudo, na verdade. Fim do Ato 1. Simples. os jogadores de volta à tomada de decisão.
Há! Disse nenhum Mestre jamais.
A Primeira Tentativa é quando os PJs podem
Você escolhe qual fazer no Ato 1, não importa. efetuar seus planos, agir ou progredir, e não
Você está estabelecendo o cenário, e ordem é precisam mais de informações ou preparação.
uma ferramenta a ser usada dependendo dos Também é crucial pensar que podem vencer.
seus PJs. Podemos analisar isso um pouco mais Ou ao menos sentir que possuem toda a
depois, se vocês me lembrarem. De qualquer informação necessária para tal. Eles enfrentam
forma, o jogador e seu personagem pegam o alguns inimigos duros na queda, encontram a
gancho e seguem com a trama. localização do tesouro perdido ou roubam
uma nave espacial. Ao final da Primeira
Tentativa, percebem que tem apenas metade
Act 2 das peças do quebra-cabeça, do poder e da
informação de que precisavam, e agora o vilão,
O Ato 2 é separado em duas fases diferentes e capanga ou Nêmese triunfará. Eles precisam
não podem ocorrer em nenhuma outra ordem fazer uma confusão doida para mudar seu
que não seja a preparação e a primeira curso e interceptar antes que seja tarde.
tentativa. Você não pode usá-las em nenhuma
outra ordem. Isso simplesmente não faz Isso suavemente nos conduz ao Ato 3.
sentido. Se quiser, vá em frente e desafie isso,
tente fazer na ordem inversa...
Act 3
Preparação
Os PJs decidiram seguir a trama e entraram na Com um novo alvo em mãos, os personagens
floresta, no calabouço, na nébula, tanto faz. A procuram confrontar e superar o adversário e
preparação começa agora e a aproveitaremos clamar a vitória. Como isso se desenrolará
por toda a extensão do jogo. Então, a fica completamente a seu critério. Se usarmos
preparação continua – essa é a jornada até o o método 121, quando eles matam/
ponto, a descoberta dos planos, o despejo de derrotam/ mudam o objetivo da trama, a
informações, a introdução de novos PdMs. aventura acaba com todos no bar tomando
uma. Belo e tranquilo.
65
Tramando
121 e 122
Agora, se olharmos bem, podemos só
aplicar essas fórmulas aos atos:

121 é:
1 sessão de Ato 1
2 sessões de Ato 2
1 sessão de Ato 3

122 é:
1 sessão de Ato 1
2 sessões de Ato 2
2 sessões de Ato 3

A segunda sessão do Ato 3 é um final falso e

um final verdadeiro. Eles são basicamente:

Final Falso
Um final falso é aquele em que os personagens
enfrentam a oposição, pensam que venceram, e
que viram as costas para voltar felizes para casa
eles descobrem que o buraco é mais embaixo e
o verdadeiro mal está para triunfar. Isso então
os conduz ao final verdadeiro.

Final Verdadeiro
Os personagens agora enfrentam e com sorte
derrotam o inimigo/oponente e agora
realmente alcançam o final da aventura.
OK, isso é ótimo. Como usamos isso em nossos
jogos? Sabendo disso e aprendendo essas duas
estruturas, você pode escolher o que precisa
acontecer em seguida baseado em qual parte
você está da estrutura durante uma aventura.
Digamos que os PJs foram a um pântano
procurar uma garotinha perdida por lá. Você
está agora com certeza na preparação do Ato 2.
Você não vai fazer o vilão ou Nêmese atacar o
grupo agora e ter um confronto espetacular –
você tem muito tempo e precisa estabelecer e
preparar mais informações primeiro. Você
pode explorar o pântano com os personagens,
Alguns guerreiros nunca descansam...

66
Tramando
adicionando PdMs para perguntar se viram a
garota, Homens-lagarto que serão agressivos a
princípio, mas trocarão notícias por carne, e
assim por diante. Pode ter areia movediça,
vinhas venenosas, o que você desejar.
Você sabe que a Primeira Tentativa vem em
seguida e, se você não se preparou para ela,
você pode pensar enquanto os personagens
sobrevivem ao pântano. Se você quiser que a
Primeiro Tentativa seja em uma ruína no
pântano, na preparação você pode comentar
sobre construções antigas, os homens-lagarto,
e boatos sobre o Ponto Morto, e assim por
diante. Então a Primeira Tentativa acontece, e
novamente nós sabemos que os personagens
não enfrentarão o Nêmese ou o vilão principal
em um combate significativo, eles precisam
chegar ao local em que farão isso primeiro.
Agora você pode se divertir explorando as
ruínas.
Em outras palavras, se você conhece a
estrutura, você tem um ponto de ancoragem
para impulsionar os próximos encontros ou
eventos e você pode fazer isso com a certeza
de que vai se encaixar na trama maior e não
bagunçar tudo. Seus jogadores tem
dificuldade em contar suas feridas e quanta
munição sobrou, imagine então pistas
complexas da narrativa. Então mantenha tudo
simples e limpo. Não tente colocar o Ato 1 de
uma outra aventura no meio do Ato 2 da
aventura atual. Não se deixe ser indulgente e
mostrar sua maestria sobre a trama e
complicando ela demais.
Você está lendo esse livro, sabemos que será
um ótimo Mestre – não deixe o poder subir à
cabeça! Comece usando tramas simples. Você
pode complicá-las depois, quando souber
fazê-lo. Dito isso, Semear é uma ferramenta
narrativa poderosa que você vai dominar se
ler o outro capítulo desse livro que trata disso.
A conclusão é, o que estamos criando com
técnicas clássicas de peças teatrais e redação
de roteiro é um ambiente em que você, como
Mestre, está no controle total progressão da
trama em todos os momentos. Os jogadores e
seus PJs são responsáveis pela história. Não se
pode esperar que você faça tudo.
Para relembrar as estruturas:
121
Ato 1 – Estabeleça a norma, as
pessoas, a situação e deixe os
jogadores se avançarem.
Ato 2 – Prepare a Primeira
Tentativa de resolver a situação
da jornada da aventura.
Ato 3 - Final Verdadeiro –
Embrulhe tudo e vá para casa.
122
Ato 1 – Estabeleça a norma, as
pessoas, a situação e deixe os
jogadores se avançarem.
Ato 2 – Prepare a Primeira
Tentativa de resolver a situação
da jornada da aventura.
Ato 3 - Final Falso – existe mais
que apenas esse final –
Confronto final – esse é o final
real, vá para casa.
Podemos agora distorcer como desenvolvemos
cada ato. Provavelmente o ato mais simples é o
Ato 2. É apenas o miolo da trama e a diversão.
O Ato 1 é o mais complexo de desenvolver,
porque, se você tiver jogadores difíceis, eles
vão complicar sua vida. O Ato 3 é o mais
trabalhoso porque ele precisa parecer um final
realmente impressionante e não apenas um
monte de baboseiras insossas e anticlimáticas.
67
Tramando
Então como fazemos isso?
Ato 1 – criar a trama para dar o pontapé
inicial na história, preparar alguns PdMs, e
estabelecer o vilão principal na aventura.
Tantas partes. Também precisamos fisgar
os PJs na aventura. E por “PJs” eu quero
dizer “jogadores”. Sejamos sinceros, os PJs
não escolhem nada, os jogadores sim.
Então, vamos começar por aí.
Como envolver os jogadores
na sua aventura?
Comece identificando seus jogadores – são
mais de histórias ou realização pessoal?
Talvez só queiram matar coisas? Eles fisgam
seus ganchos narrativos ou criam os próprios?
Jogadores que fisgam os ganchos da trama
facilmente e gostam da história são fáceis de
trabalhar. O desafio que eles apresentam é ter
certeza de que sua Trama Mestra recompensa
no final de maneira satisfatória. Chamemos
esse tipo de jogadores de Segue-Trama.
Jogadores que só contam as próprias histórias
e sempre evitam ganchos da trama são mais
difíceis. Precisam ser encaixados na trama de
outra forma – geralmente precisa chutar suas
partes baixas, dar um tapa em suas caras e
insultar a pizza preferida deles. Precisa tornar
isso pessoal. Sugiro chamá-los de Faz-Tramas.
Jogadores que só querem matar coisas, ou que
não se importam com a história e só querem
transitar entre cenários, são um tipo diferente
de jogador – para mim – eles são macaquinhos
táticos esnobes que apenas se importam com a
matemática do jogo. Chame-os... do que você
quiser, quando vocês forem ao cinema, ou
peça para deixarem uma pizza, mas não para
a mesa de jogo. Acho que estou exagerando...
68
Tramando
Sua trama deve ser direta, e suas aventuras
devem apontar para uma só direção. Ainda
pode usar o método 121 e a maioria das ideias
desse livro sem problema, você só não precisa
ser sutil a respeito. Eu acho que podemos
chamá-los de Soldadinhos de Tabuleiro e
deixá-los fazerem as coisas deles.
Então só vou focar nos tipos de jogadores que
gosto de jogar – o Segue-Trama e o Faz-Trama.
Nota – vivemos na era da comunicação global
quase instantânea. Eu me converti. Sério. Olhe
meu canal de YouTube, lá tem um vídeo sobre
o porquê do meu ódio de RPG online. Alguns
meses depois, e alguns excelentes jogadores
de RPG me mostrando o meu erro, e eu fiz um
vídeo de reconhecimento. Dois anos depois e
eu quase, quase prefiro jogos online. O que eu
quero dizer é – não tenha medo de jogar os
jogos que você gosta de jogar e procurar
jogadores que se encaixem nisso.
Segue-Trama
Esses jogadores amam uma boa história. Ela
pode ser maravilhosamente complexa e rica
com as histórias dos personagens deles
costuradas nela para gerar uma excelente
narrativa. Sua trama deve ser robusta e sólida,
e você deveria seguir as orientações nesse
livro, pois seus jogadores esperarão por isso.
O Ato 1 então é para provocá-los com as
potenciais tramas que podem vir disso, e
deixar a imaginação deles fazer o resto.
Quando você introduzir um PdM, você pode
descrevê-los cambaleando na névoa. Deixe-o
implorar por ajuda, mas não diga por que.
Segue-Tramas amam uma boa história e isso
significa resolver a trama.
Introduza o vilão ou capanga de formas
dramáticas, no estilo Michael Bay (famoso por
explosões exageradas em seus filmes) –
descrições coloridas e várias áreas para
explorar e seguir. Não dê aos Segue-Tramas só
experiências cotidianas. Cada PdM que eles
encontrarem deve conhecer rumores e
sussurros dos eventos correntes. Quanto mais
semear, melhor. Segue-Tramas são uma delícia
de conduzir pelo Ato 1 porque estão ansiosos
para avançar até o Ato 2. O Ato 1 deve levar
uma sessão de 3 horas aproximadamente.
O Ato 2 é onde pode inventar o quanto quiser,
mas mantenha o passo. Não exagere. Isso não é
uma campanha – apenas parte de uma
aventura. Sugiro 2 sessões no máximo. Você
tem duas sessões para trabalhar, isso pode te
dar alguma noção de tempo. Se você passar 4
sessões só no Ato 2, estará atrasando as coisas
demais, e vai acabar parecendo uma trilogia de
Peter Jackson. Lembre-se, seus jogadores estão
se divertindo seguindo a história mas eles
querem que a história acabe também.
O Ato 3 deve ser misto, algumas vezes vá com
o 121 e outras com o 122 para manter os Segue-
Tramas querendo mais. Se sentir que os PJs
então ficando um pouco entediados com a
trama, encerre-a rápida e dramaticamente.
Coisas a se pensar com os Segue-Tramas:
Eles gostam de uma boa trama
e esperam que a aventura seja
bem planejada e estruturada.
Eles podem conhecer a
estrutura, mas é como você a
revelará que importa para eles.
A fórmula funciona e todos a
entendem.
Faz-Tramas
Estes jogadores estão aqui porque tem um PJ
que querem jogar e estão ansiosos para ver
como esse PJ age e se comporta. Esses são de
longe os mais complicados de trazer para uma
aventura, porque eles fazem as suas próprias.
Seu papel é ser o simulacionista, e suas tramas
não interessam a eles. Sua Trama Mestra está
arruinada? Não, não mesmo. Na verdade, ela
pode se fortalecer por esse tipo de jogador.
Você só precisa ser um pouco mais delicado.
O Ato 1 agora é sobre os jogadores definindo
o status quo e você dando suporte a isso. Os
jogadores podem querer que seus personagens
explorem alguma ruína antiga, mas também
querer ir às vilas dos elfos para descobrir algo
sobre a mãe de um dos personagens. Eles não
vão dar a mínima para o seu ferreiro que teve
o martelo de prata roubado. Não tente fisgar
esses jogadores desta forma. Você deve ir
direto na jugular. Ataque o grupo com
bandidos que seguem para uma caverna onde
a sua trama os aguarda.
Eles se recusam em seguir para o norte? Você é
o deus em seu universo – troque os polos.
Literalmente mova a Torre do Mal do Norte
para o Oeste. A menos que algo já tenha sido
estabelecido por uma visita anterior dos PJs,
quem disse que não há uma torre no Oeste, ou
uma direção qualquer em que os jogadores
queiram seguir? Flexibilidade é a chave para
lidar com os Faz-Tramas. Então seu Ato 1 é
sobre planejar a sua trama e depois escolher
um ângulo para introduzir todas as suas coisas
nas histórias pessoais dos personagens. E aí
você precisa tornar isso pessoal. Semear é uma
ferramenta poderosíssima e o ajudará. OK!
Certo! Vá em frente e leia o capítulo sobre
Semear se você está tão ansioso. Apenas volte
quando estiver preparado, porque tem mais!
Eu juro! Olhe só quantas páginas ainda faltam
para o próximo capítulo!
69
Tramando
O Ato 2 é um delicado balanceamento para os Então, no final das contas, somos responsáveis
Faz-Tramas. Podem recuar, dar meia volta, ou por avançar o enredo. Para onde? Para a nossa
só ignorá-lo. E se sentirem que está dando a trama. E quando chegarmos? Vamos para a
eles uma trama e reagirem fazendo amizade próxima, e a próxima, até morrer de velhice.
com os orcs que você preparou para serem os
capangas do mal nessa aventura? Precisa ser Chega de falatório. Por enquanto.
rápido, olhar suas anotações da trama e ver
que você está na fase de preparação. Você tem O Ato 3 para os Faz-Tramas deve ser curto e
toda a Primeira Tentativa para corrigir a rota. prático. 121 é a melhor resposta para os Faz-
Tramas. Podem ter sido fisgados pela sua
Podemos corrigir qualquer narrativa. Planejou trama, mas agora querem retornar para suas
só uma batalha espacial? Quem disse que não próprias historias. Deixe-os ir. É mais fácil.
pode ter uma segunda briga, ainda maior. Ah,
pensou que esses eram os capangas orc? Não,
Claro, é pressuposto que se você tiver lido a
essa era só a vanguarda. As verdadeiras tropas
história de cada PJ e desenvolvido tramas em
chegarão mais tarde. Faz-Tramas não querem
torno delas, os jogadores se investirão muito
sentir que você está controlando a história
mais na aventura que em um pedido aleatório
deles. Querem sentir que o mundo funciona
de ajuda. E sim, embora eu diga que nós
independentemente de suas ações, e as ações
fazemos a trama da campanha, os jogadores
deles determinam suas próprias tramas.
fazem a história. É um equilíbrio que deve
estar presente – senão nós somos apenas
Preciso bater o pé – então, você acha que os PJs
interpretes de regras e leitores de cenários. Eu
são responsáveis pela trama? Autobiografias
não aceitarei que meu trabalho em uma mesa
são editadas para serem interessantes por
seja só isso. Nunca. Agora sim chega de
editores o tempo todo. Quarenta anos de
falatório. E desse capítulo também. Acreditou
chatice são cortados em uma frase de 2 linhas.
em mim? Eu esperava mais a essa altura.
Sempre haverá o elemento do tempo nas
narrativas que lemos. Quando não tem e elas
se tornam monstruosos tomos de baboseiras, Soluções práticas
nós simplesmente tendemos a não ler. Você
viu Lawrence da Arábia recentemente? Eu
Agora você já tem um esboço de plano de
também não. 6 horas vendo um homem
ação. Mas como chegamos a um plano de
montado em um camelo no deserto é chato.
aventura em primeiro lugar? Esse livro está
tão do avesso. Me desculpe. Tem tantas coisas
O mesmo acontece com os PJs que sentem que
que precisam estar nele, e não tem dimensões
estão dirigindo a história e a trama. Eles
suficientes para que as páginas fiquem na
dirigem a história, com suas decisões. Mas é
ordem correta. Por isso eu sigo me arrastando
nosso dever como Mestres dirigir a trama – de
de uma forma tão linear.
outra forma não há direção e, mais importante,
noção de tempo. Se o mundo se passar sem
Como fazemos isso? Bem, agora podemos usar
tempo, ele será bem diferente. Nós somos esse
as ferramentas, o entendimento que temos dos
elemento no jogo. Nós escolhemos quando as
jogadores, e os métodos descritos acima para
coisas acontecem. Decidimos o fim de tudo –
metódica, calma e racionalmente transformar
quando os dados não podem, e mesmo
os rascunhos de aventuras em módulos da
quando podem, somos nós que interpretamos.
aventura funcionais.
70
Tramando
Digamos que está trabalhando a aventura do meio na Trama Mestra – a construção de um item.
O tema é libertação dos oprimidos. Os PJs recentemente tiveram uma aventura de Coleta.

Por isso, você está ansioso para dar-lhes outra coisa para fazer. Você tem senso de humor, então
decide que os jogadores entregarão algo de valor para o próprio esconderijo do lorde das trevas
(Nêmese), que está construindo um altar de sacrifícios humanos para permitir que demônios
entrem no plano material primordial (Trama Mestra). Então, só de olhar qual dos quatro tipos
de aventuras você oferecerá, você já está facilitando o seu lado.

Sabemos que os personagens precisam encontrar um prédio porque a Trama Mestra define
isso. Sabemos que devem levar algo ou alguém para algum lugar porque o tipo de aventura
define isso. Agora tudo de que precisamos são os detalhes. Também decidimos usar o método
121 porque o 122 foi usado na última aventura. Tão simples.

Precisamos de uma única sentença para amarrar de vez essa trama? Preciso parar de adicionar
frases inúteis? Escolhemos um vilão para isso. Pode ser um capanga. Na verdade, usemos um
capanga. Eles nunca tem suas próprias tramas. Os capangas devem construir algo nessa
aventura, isso é parte do item a ser construído na Trama Mestra. Bem, precisamos de um lugar
para abrigar os demônios, certo? Então por que não isso? Qual a dificuldade em construir uma
estrutura para habitação de demônios?

Vamos explorar o que esperamos desses demônios, e o que esperamos desses canteiros de obras.
Demônios tradicionalmente vivem nos nove infernos onde tem lava e calor. Então, precisamos
de lava. Logo, precisamos construir uma habitação de demônios em um vulcão. Vulcões trazem
problemas. Poços sulfúricos. Fumos venenosos.
O cubo estava brilhando, apenas mais
um dia de trabalho...

71
Tramando
Talvez não gostem de trabalhar assim – são só
capangas de um mal maior ou vilão local.
Precisam de proteção contra essas condições.
Ou algo que os ajude a lidar com isso. Então
bingo, é isso que os PJs devem entregar.
O que for que os capangas precisem. Precisam
de alguma forma lidar com o calor infernal da
zona de construção e com sorte eles não terão
dificuldade em ter os meios para tanto
entregues a eles. Estamos contando com os
personagens para serem a “dificuldade” da
sentença. Então, precisamos garantir que os
personagens sejam uma dificuldade.
O tema é libertação dos oprimidos . Talvez haja
pequeninos, azuis e peludos mamíferos em
jaulas escuras enclausurados no gelo. Eles
tremem e quase não existem nessa forma. Os
PJs são pagos para entregá-los a algum lugar
próximo a um enorme vulcão. Sem perguntas.
E é melhor não deixar as criaturas aquecerem.
Se isso acontecer, elas se tornam os filhotinhos
mais fofos, rechonchudos e amigáveis do
mundo. Sério. Eu disse que você tinha senso
de humor. Eu também! Os PJs pensarão que
essas coisinhas adoráveis se tornarão gremlins,
ou se transformarão em demônios gigantes ou
o que quer que a mente paranoica dos
jogadores possa imaginar. Eu só quero que
sejam fofos. Lambidas de linguinhas rosadas.
Aninhando-se em mantos, ronronando felizes.
Empurrando pedacinhos de carne para o fogo
com a ponta dos narizes. Arrotando depois de
uma refeição. Quero que os jogadores fiquem
totalmente apaixonados por essas coisinhas.
Assim, quando chegarem ao ponto de entrega,
eles veem as criaturinhas empacotadas no gelo
pelos capangas que casualmente lhes contarão
que jogam as coisinhas na lava, para absorver
o calor por umas três ou quatro horas. E então
explodirem. Assim precisando de vários
carregamentos. Prepare-se para a ira dos
jogadores e uma surra nos capangas.
72
Tramando
Também não sou estupido – não muito –
então, quando os PJs destruírem o templo, as
bolas de pelo decidirão morar próximo ao
vulcão, exceto por uma que se tornará amiga
dos PJs (se assim quiserem). E agora eu tenho
uma mascote maravilhosamente inútil para
que um PJ que irá amá-la, adorá-la, e salvá-la
de um vilão, algumas aventuras depois.
Agora ligamos o cenário ao método 121:
Ato 1
Estabelecer a norma, as pessoas,
a situação e deixar os jogadores
avançarem.
PJs encontram uma carroça
sendo atacada por goblins. O
condutor da carroça é ferido,
mas implora aos PJs que
entreguem o carregamento para
uma região florestal próxima.
(Um pouco de combate nunca
falha.)
Além disso, eu preciso de um
possível goblin clandestino para
mais tarde. E, caso o grupo
salve o condutor da carroça,
existe uma certa responsabili-
dade que eles assumiram, o que
ajuda com aqueles Faz-Tramas
que se recusam a aceitar os
ganchos.
Mesmo que eles ajudem os
goblins, eles realmente vão
deixar os bichinhos do gelo para
trás? Então, eu tenho uma
alternativa caso eles tentem
evitar o gancho da trama – o
capanga virá atrás de suas
bolinhas de gelo.
Ato 2
Preparação para a jornada da
aventura. O grupo precisa parar
pela noite, já que os cavalos estão
cansados. Se eles não abriram
ainda as caixas para ver o que tem
na carroça, meu goblin clandes-
tino tentará roubar uma. A caixa
cai e revela uma das criaturas
fofinhas e peludas. Insira aqui
alguma montagem de criação de
laços com as criaturinhas.
Se o grupo abrir a caixa – nunca
houve um goblin clandestino.
Não precisamos dele para instigar
a descoberta das bolas de pelos.
Se o grupo precisa de alguma
ação e uma dica sólida do que
está acontecendo no vulcão, posso
jogar alguns demônios ou
Mephitis de fogo contra o grupo.
Eles estavam supervisionando a
construção e enxergaram no
grupo um pouco de descontração.
A Primeira Tentativa de resolver
a situação é a jornada ao ponto de
entrega – mais fofura e pelos.
Os capangas chegam e pedem a
entrega da carga. Informe os PJs
sobre o destino sombrio das
criaturas. (Eu preciso de um
nome para essas coisas: Cutijin –
sendo “Cute” “fofo” em inglês e
“Jin” no japonês significar
“povo”, viajem por aí e aprendam
coisas, pessoal). Ou os PJs
entregam os Cutijin, são pagos e
vão embora, ou resistem e um
combate se segue. Como isso se
desenrolará?
A mãe dos Cutijin deveria farejar os
personagens e fazer algumas
perguntas sérias para eles (assumindo
que eles entreguem os Cutijins)
empurrando os personagens de volta
para a aventura. Caso eles só
confrontem os capangas, alguns
devem morrer (premie os PJs), mas
alguns terão magias de teletransporte
que permitirão escapar, ou invocar
alguns demônios realmente grandes
demais para os PJs lidarem com. Um
Cutijin se sacrificará para destruir um
demônio – dando aos PJs esperança,
antes deles precisarem recuar. No final
das contas, no entanto, os PJs estão de
volta à nossa trama.
Ato 3
O Final Verdadeiro – amarre tudo e vá
para casa. Esse é o maior conflito entre
os capangas, um demônio gigante de
lava (ainda havia alguma dúvida?) e
os PJs. Os Cutijins podem se sacrificar
para destruir o demônio de lava, se
você for realmente sádico, e se os PJs
não conseguirem derrotá-lo por conta
própria. Os PJs descobrem o real
propósito do templo – pois esse era o
ponto da aventura, lembra?
Tudo pronto? Ainda não. Mas é suficiente para
uma brincadeira. Tudo o que precisa agora é
voltar aos três atos e refinar os detalhes. Talvez
a carroça se torne uma perseguição de carroça
em alta velocidade com os PJs salvando ela e o
condutor em um desfiladeiro nas montanhas
(indicando a chegada do vulcão). Você pode
trabalhar nas habilidades de rastreamento ou
sobrevivência e nos desafios que lançará no
componente da jornada pela floresta do Ato 2.
Se estiver realmente animado, pode escrever
uma canção sobre os Cutijin para o bardo do
grupo lembrar. Também costumo anotar pelo
menos 10 nomes aleatórios para os capangas.
73
Tramando
Ah! Elabore algumas pistas sobre a sua Trama Mestra. O símbolo do Lorde das Trevas está
gravado em uma pedra basilar que ainda está para ser posicionada? Ou talvez um projeto em
pele humana que mostre aos capangas como construir o templo? Apresente o seu tema
visualmente, metaforicamente, tecnicamente e espalhe algumas pistas aqui e ali.

Próximo!
Você também pode testar a força de sua aventura perguntando:

O que nossos jogadores precisam saber ao fim da aventura?

Se não os providenciou com pistas amplas – três, quatro ou cinco – e diretas para responder à
questão, então precisa voltar e se certificar de colocá-las lá. Agora está tudo pronto para começar.

Sinta-se livre para explorar as aventuras Emergentes – eu não falei nada sobre elas ainda, mas
elas são essencialmente aventuras que você não consegue planejar como Mestre, porque elas
surgem como resultado de escolhas do jogador. Aventuras Emergentes são os jogadores
escolhendo viver no templo em vez de destruí-lo. Ou decidindo que explodir o templo necessita
de mais explosivos do que você havia planejado com uma elegante frase de “então vocês
destruíram o templo”. Os jogadores tem a maravilhosa habilidade de criar uma história.

Geralmente, eles tomam decisões baseadas em informações que você proporciona, mas de
formas curiosas. Aventuras Emergentes são como Aventuras de Última Hora, exceto que elas se
ligam à aventura da Trama Mestra. Isso significa que você precisa se assegurar de que há uma
boa dose de revelações da Trama Mestra nessas aventuras, diferente de Aventuras de Última
Hora ou Aventuras de Personagem que não precisam de uma ligação com a Trama Mestra.

Assim que ela (a aventura) estiver em andamento e todo mundo estiver feliz com tesouros e
sujeira de Cutijin em suas mochilas, você pode perguntar aos jogadores (obviamente ao final da
sessão) uma pergunta para ter certeza de que eles ainda estão no caminho certo.

O que eles acham que virá a seguir?

Com sorte, eles darão um miserê (adoro essa palavra) de respostas. Um ou dois farão referência
a ferrar o Nêmese destruindo seu templo. Alguns podem até perceber que o Lorde das Trevas
está planejando abrigar vários demônios por um bom tempo. Se nenhum deles perceber esses
pontos você precisará repetir a aventura. Não literalmente, mas invente outro templo sendo
construído em algum outro lugar. Use outro tipo de aventura para levar os personagens até lá,
mas certifique-se de que eles saibam que o Nêmese está construindo um lar para demônios.

74
Tramando
 75
Tramando
Esse modelo é bem autoexplicativo. Note que
o Objetivo está bem no topo – qual é o
objetivo de sua aventura ou missão? Achar
informações? Derrotar um monstro? Salvar a
cidade? Elabore a razão da aventura. Se não
houver uma razão para ela estar lá – então por
que tê-la? "Porque é legal" é uma ótima razão,
se esta for uma aventura do tipo “Outros”. Se
esta for uma Aventura da Trama Mestra ou
uma Aventura de Personagem, então isso
realmente não basta. Ela deve servir para
avançar o enredo, ensinar algo aos PJs ou
fazê-los crescer, por exemplo.
Simplesmente marque a caixa de Nêmese,
vilão ou capanga. Isso só te lembra quais
personagens estarão envolvidos e a escala da
aventura. Tipicamente, aventuras de
Capangas são mais curtas do que missões de
vilões ou Nêmese.
Há uma lista de nomes – para você ser forçado
a criar esses nomes antes de começar. Você vai
agradecer a si mesmo mais tarde! O que você
semeou? Algum nome ou lugar cruciais?
Apenas anote de passagem.
Como o desfecho afeta sua Trama Mestra? Se
este for um desfecho de Trama Mestra, esta
anotação é vital. Você pode jogar uma única
sentença ou elaborar um pouco mais – o que o
Nêmese sabe sobre os PJs? Como suas ações
atrapalharam o Nêmese? O que deve ser feito
agora para retornar a narrativa aos trilhos para
o Nêmese?

Marque qual tipo de aventura esta é. Então

registre o que esperamos desse tipo, e como
você planeja mudar isso.

É uma missão tipo 121 ou 122? Eu

intencionalmente incluí isso aqui para me
forçar a lembrar dois métodos diferentes e
conscientemente escolher com qual dos dois
seguir.

Outra caixa crítica – o que os jogadores devem

saber ao final; eu tenho que garantir que sei
disso, e preciso perguntar se sabem ao longo
da aventura, senão a aventura falhou. Isso é
mais crítico para Aventuras da Trama Mestra
do que para as outras duas, mas ainda pode
ser um grande farol para guiá-las.

Agora vamos popular os atos, lembrando de

se desafiar. Estas não são sentenças longas a
não ser que queira. Pode incluir anotações e
referências se quiser. Mais abaixo há uma
ficha de análise, se você realmente precisar de Primeiro, tem "ooh" e "ah", então
uma para encarnar cada estágio do ato. os gritos começam.

76
Tramando
 77
Tramando
Cada momento em seu Plano de Aventura
pode ser dividido em cartões de Planejador de
Fase como aquele da página anterior. A seção
“Cena/Situação de Abertura” é exatamente
isto, como você iniciará a aventura?
Ao planejar a cena de abertura de cada
aventura, você saberá para onde alocar os PJs a
fim de que tal cena aconteça. Por exemplo, se
sua Cena de Abertura é uma briga de bar, tudo
o que você pode planejar é o modo como ela
começará. Você não sabe se os PJs irão ao
médico depois disso, se eles darão no pé para
fora da cidade, ou se mandarão o prédio todo
pelos ares. Você terá que se virar.
Então se sua Introdução ao Vilão/Capanga se
dá em uma cena de abertura com um inocente
prestes a ser enforcado em uma árvore, você
precisará encontrar uma maneira de encaixar
isso na história atual dos PJs. Se decidiram, no
primeiro ponto, deixar o bar depois da briga e
cavalgar para as colinas, encaixar a tal árvore
de enforcamento é moleza. Se, no entanto, eles
escolheram explodir a construção e ficar na
cidade, deverá deixar os eventos se sucederem
até que um jovem PdM corra e diga para todos
que um enforcamento está para acontecer em
uma árvore velha. Se os PJs morderem a isca,
então você encaixou perfeitamente o próximo
ponto da aventura no ato e está feito.
Não podemos esquecer que uma grande parte
do jogo é sobre ajustar e construir conexões
improvisadas; e quanto mais você o faz,
melhor fica nisso. Assim, o modelo pode
realmente ajudar a te guiar de volta para onde
planejava estar, a despeito das ações dos PJs.
Seguindo, chegamos ao modelo. O objetivo
está ali. Este é o objetivo do Ato (vindo do
modelo anterior): pode ser a Introdução para o
cenário, ou sua Preparação, ou mesmo o
Confronto Final, dependendo de que fase você
está no processo da trama.
78
Tramando
Este é seu objetivo, e precisa se certificar de
permanecer nos trilhos enquanto planeja as
cenas que, com sorte, guiarão os PJs a entender
do que se trata a aventura a esse ponto. O tema
está lá, sempre. Use-o ou não. A escolha é sua.
Cena de Abertura – aqui é onde você pode
deixar sua imaginação correr solta e pensar na
cena que mais se adeque ao objetivo, o ponto,
o tema e o lugar em que sua trama se encontra.
Nem toda cena precisa ser épica. Algumas
serão mundanas. Algumas aventuras comçam
no mesmo lugar – especialmente se estiver em
um jogo de ficção científica a bordo de uma
espaçonave. Pense: Star Trek, em suas séries
de TV, possui umas 500 histórias diferentes
que ou começam em uma espaçonave, ou em
um planeta, ou ambos. E fica nisto. E, mesmo
assim, essas histórias são diferentes o bastante
para que as pessoas se sintam confortáveis em
ver as séries várias e várias vezes.
Faça algo bacana, se puder, isso é sempre
positivo. Pense em uma reviravolta ou algo que
torne o comum algo um tanto melhor. Algumas
praticidades do modelo – precisa de PdMs ou
monstros? Note que em nenhum lugar deste
livro falei sobre estatísticas, que rolagens,
habilidades ou perícias as coisas deveriam
possuir. A Trama Mestra não se importa com
qual sistema se está usando. Mas você
efetivamente precisa de monstros e PdMs – e
no fim das contas você determina suas
estatísticas, habilidades e feitiços da forma que
desejar, a depender do seu sistema de jogo;
nomeie PdMs específicos que deseja continuar
usando, e quem sabe preencha uma ficha de
personagem apenas para eles.
O que esperamos desta cena? Você escolhe a
briga de bar. O que esperamos? Me pergunto
isto o tempo todo para ter certeza de que estou
constantemente me desafiando. Esperamos
que o próprio bar se envolva, por que ele seria
uma criatura senciente?
Termos Descritores Chave
Eu amo lançar mão de algumas palavras para
que eu me lembre da cena. Então eu incluí
alguns sentidos e palavras que você pode se
utilizar para manter seu vocabulário afiado.

Precisa de mapas? No geral, eu mantenho um

mapa do mundo porque é comum meus PJs
explorarem-no. Posso ter um mapa local da
cidade, se for ocorrer aventuras relevantes lá e
a cidade se tornar importante. Porém não me
preocupo com mapas de localizações como
tavernas e masmorras pequenas. Por quê?
Porque ir criando-os conforme você prossegue
é simples se você seguir o bom senso, e
também você será capaz de adaptá-los aos
interesses dos jogadores. Se eles gostarem do
que está acontecendo, faça-o maior, crie mais.
Se eles se entediarem, você poderá fazê-lo
menor, e tudo parecerá mais dinâmico para os
jogadores. Se você sentir que precisa de
mapas, é claro, faça-os e tenha-os à mão.
www.Dungeonfog.com é ótimo para este fim.

O quê?! 5 Outros nomes? É sério isso? Sim, é

sério! Nomes nunca são demais, e os PJs os
adoram. E a maioria de nós detesta criar
nomes no improviso. É possível, mas na ma-
ioria das vezes estamos muito ocupados pen-
sando em outras vinte coisas para se preocu-
par com um nome. Se ajude a se ajudar.

Muitos PJs também perceberão você criando

nomes de PdMs na hora e pensarão que o
PdM não tem valor porque você o fez na hora.
Este pensamento de metajogo irá acontecer, e
você terá que ser cauteloso para evitá-lo. Ter
uma lista faz com que esse problema suma, e
com que todos os seus PdMs pareçam bem
preparados e inseridos na história. Scarvi sabia que se achassem o local de seu
planeta todos morreriam. Ele apenas tinha que
O que você semeou – como antes, isto pode te esperar pelo próximo desembarque da estação.
ajudar a manter um controle melhor se você
analisar as coisas a esse nível.

79
Tramando
Embora a aventura a que eu me refira nesses
exemplos seja apenas isto – uma aventura – ela
tem sido tão grandiosa que parece quase uma
mini-campanha. Isto, em parte, por eu ter uma
história complexa que precisava contar. Existe
muita história no meu mundo que fica velada
dos olhos do público em geral, e eu precisava
mostrar isso a meus PJs de uma maneira
divertida. Havia o tema que eu precisava
estabelecer, e a aventura passou por quatro
reinos, uma exploração a masmorra, uma
negociação política, e um mistério complexo.
Penso que é justo usá-la como exemplo aqui.
Minha sentença e meu tema foram meus guias.
Gravla queria destruir as Ordens e restaurar os
Dragões. Bem, eu sabia que restaurar os
Dragões nunca iria acontecer. Podia até ser o
objetivo dela, mas não era a história da minha
campanha, então só precisei focar na primeira
metade do plano de Gravla: obter controle
sobre a Ordem. Agora eu precisava de uma
maneira de fazer com que os PJs se
envolvessem. A campanha toda, por sinal,
seguiu a ideia de que existem três Ordens que
protegem o mundo de Braxia do retorno dos
Dragões, tiranos cruéis. As Ordens possuem
aeronaves velozes que patrulham para
prevenir que este tipo de coisa ocorra.
Conectando todas as naves há oráculos
telepatas, e cada nave tem um oráculo. Se
Gravla quer dominar as Ordens, ela precisa
corromper os oráculos. Os oráculos confiam
todo o relativo à Ordem aos capitães das naves
(no caso, os PJs). Então como ela faria isso?
Bem, eu precisei que ela tivesse aliados, e
porque eu sabia que ela nunca estaria presente,
eu necessitava que esses aliados parecessem os
verdadeiros vilões. Isso foi fácil de fazer.
Agora, quando olho para tudo isto, os únicos
“saltos” de imaginação que preciso fazer são:
Aventura Parte 1
Introduzir o cenário – Começar com o
grupo em uma aeronave em
“simulação” de combate com outra
nave. Excelente, divertido e excitante.
80
Tramando
Introduzir o Vilão – Explodir a nave
envolvida na simulação. Tentar explodir
também a nave dos PJs, para tornar
tudo mais pessoal.
Introduzir a Trama – Alguém está
tentando explodir naves da Ordem.
Preparação – Conexões com o Zigurate
Congelado, e outra nave destruída.
Novamente, reforçar que este é o local,
mas também dar dicas que este encontro
pode ser maior do que o anterior.
Primeira Tentativa – O grupo tenta
derrotar o dono do Zigurate, apenas
para saber que um dos sobreviventes da
nave destruída é membro de um grupo
misterioso que busca um item de poder.
Conclusão – Derrotar o mestre do
Zigurate e tomar o membro do grupo
misterioso como refém. Porém, também
fazer com que a Oráculo da nave se
mate – muito embora se trate
aparentemente de um assassinato. Por
que ela fez isso? Bem, porque ela foi
tentada por Gravla. Por que não contou
para ninguém? Porque eu precisava
fazer com que o grupo sentisse que
tinha vencido, mas não contra as
pessoas certas. A Oráculo deixou uma
pista – o nome de uma cidade Anã.
Foi assim que a primeira parte da
aventura se deu. Eu semeei – sim, você
chega lá – toda sorte de coisas. Algumas
renderam muito bem. Outras caíram em
um vácuo e não levaram a lugar algum.
Cenário – batalha de aeronave? Não.
Eles tem naves voadoras legais. Se este
será o palco do meu jogo, como eu poderia não começar com uma aeronave? Então não.

A inclusão do elfo de gelo – esta foi uma cortina de fumaça para o verdadeiro inimigo. Poderia
ter sido qualquer um, goblins, orcs, etc. Mas eu precisava de um inimigo que representasse o
passado. Elfos de gelo extintos. Bingo. Então isto não foi difícil.

Um Zigurate projetado para derrotar os Dragões – bem, por que os elfos de gelo se extinguiram?
Eles lutaram contra os Dragões quando ninguém mais o fez. Então, eles foram destruídos. Mas
como esses poucos sobreviveram? Eles devem ter se escondido dos Dragões. E se o Zigurate
deles tiver sido enterrado debaixo de uma geleira e esquecido? Excelente. Mas precisa ficar bem
no alto. Por quê? Aeronaves. Certo – coloque no topo da maior montanha do mundo. Um
terremoto abre um rombo na geleira e bingo, você tem os elfos de gelo.

O resto consiste apenas em modos discretos em que eu dei pistas sobre uma trama maior.

A segunda parte da aventura não foi planejada. O incidente todo nos desertos de Aki Sadab foi o
resultado de um dos meus jogadores trabalhando contra o grupo. Certamente foi interessante,
mas não estava previsto em meus planos. Foi uma Aventura Emergente – veja a seguir.

Atrasado...

81
Tramando
Mantendo-se nos Trilhos Aventuras Ah-Ha!
Uma coisa de importância vital para você, o A Aventura Ah-Ha! pode ocorrer várias vezes
Mestre, é o feedback. Espere, preciso de uma na sua campanha, ou talvez nunca. Dependerá
bebida. Já volto. Falando nisso, durante uma de quão bom você é em construir a trama, e
pausa para café/cerveja/vinho/fumar, ou no quão astutos são seus PJs. A maioria dos PJs
fim da sessão, pergunte aos seus jogadores: precisa das Aventuras Ah-Ha! apenas para
concretizar a trama em suas mentes.
No que eles acham que consiste a trama?
Uma aventura Ah-Ha! é para descobrir dados
Quem é o inimigo? que você organiza para o benefício de seus
jogadores. Geralmente, acontece por meio de
O que mudará no mundo deles se X um “acidente” ou erro por parte do Nêmese.
acontecer/não acontecer? Os PJs interceptam um mensageiro portando
uma carta – nesta carta está contida
Como seus personagens irão mudar informação suficiente para os jogadores
isso/fazer isso acontecer? juntarem tudo o que sabem e exclamarem Ah-
Ha! Não é apenas um momento, como pode
Quatro questões simples que irão te mostrar parecer na descrição acima. O mensageiro que
instantaneamente o que está passando pela eles interceptarem deve ser cuidadosamente
cabeça dos jogadores e se você precisa, ou não, inserido na aventura. Faça com que os
inserir mais algumas aventuras para preencher jogadores suem para obter a informação.
as lacunas. Idealmente, os jogadores deveriam Disfarce como uma caça ao tesouro ou
responder coisas como: “Bem, eu penso que a exploração de masmorra. Então a descoberta
trama consiste em X... mas pode existir algo acidental ocorre durante a aventura.
mais”. E quando você lhes pergunta seus
planos: “Acho que deveríamos fazer Y.... É vital que você mestre esta aventura da forma
porque isso fará com que Z aconteça.” Mais mais direta e clara possível. Lembre, estamos
importante, suas respostas a “como seus fazendo uma Aventura Ah-Ha! porque fez as
personagens causarão mudanças?” e “qual é a outras aventuras e pistas da trama muito
trama?” deverão indicar se eles estão seguindo complexas para os PJs. Esta aventura não
suas deixas ou não. precisa brilhar, também. Se os PJs obtiverem a
informação, eles não ligarão se a trama foi
Também deve indicar quais jogadores estão trivial. Eles se sentirão vitoriosos. Eles sabem
realmente investidos no jogo. Respostas como – algo que antes não sabiam e isto pode afetar o
“não sei”, e “não faço a menor ideia” tem que jogo inteiro. E isso já é recompensa suficiente.
ser indagadas mais a fundo para estabelecer se
o jogador não se importa, não tomou notas, ou Agora estamos de volta aos trilhos, com os PJs
perdeu muitas sessões. Se eles estão confusos atualizados. Por vezes vejo que os Mestres não
por conta dos diferentes pontos da trama que perguntam a seus PJs questões desta natureza
eles pensam ter, você precisa agir. Não se o suficiente, e então se perguntam por que os
preocupe – está tudo bem, você tem tempo jogadores não estão por dentro no meio da
para fazê-lo. Você tem um Ah-ha! história. Se não souber o que seus jogadores
estão pensando, como saberá se o seu jogo está
indo bem?
82
Tramando
Perguntar se eles estão se divertindo é irrelevante. Eles voltam para mais, então supostamente
estão. Perguntar o que eles acham que está acontecendo é muito mais útil. Lembre-se disso, e
use tantos Ah-Has quanto necessário.

Se isso acontecer no meio da sessão e você tiver outra aventura prestes a começar, pare! A Ah-
Ha se sobrepõe a qualquer cronograma ou estrutura de Ato que você tiver. Jogue o Ah-Ha! É
uma Aventura de Última Hora.

Quem disse que os elfos negros

não sabem o que é a paixão?

83
Tramando
A dor era um instrumento útil. Assim
como o medo. Voth usava ambos.

Aventuras de Última Hora
Você tem tudo planejado – o começo, o meio e Note que eu não pergunto como isso se aplica
o fim. Os mapas estão desenhados e os PdMs
estão todos balanceados à perfeição. Você se
senta, e começa: “A pequena vila de Tatlingtine agora. Você é um Mestre de Campanhas
está calma...” Um de seus PJs de repente te
interrompe. Ele quer roubar um cavalo. Os
outros o seguem. Montados, eles fogem de
Tatlingtine. Um dos PJs declara que se tornarão O que esperamos de suas
bandidos. Você reclina na cadeira e começa a
entrar em pânico. Sua aventura era para ser
uma aventura da Trama Mestra em que você
revelaria o local de invocação do espírito da
Imperatriz. Mas os jogadores se prendem à
estrada, evitam todas as ruínas de templos e o em sua mente. Eles querem ser bandidos? O
truque comum de apenas realocar a aventura
para onde eles estiverem não funciona. É hora
de uma Aventura de Última Hora.
Você já deve, a esse ponto, estar apto a criar
uma trama ágil – você precisa de introdução.
Bem, os PJs acabaram de declarar que serão
bandidos. Em seguida me concentro enquanto
meus jogadores fazem alegremente qualquer
coisa que decidiram fazer:
O que esperamos de suas localizações/
decisões/ações?
Como isso pode se adequar à sentença?
Uma cena de abertura, por favor...
Preciso de quatro nomes – quais serão?
Feito. Isso é tudo. Respondo quatro questões e
estou feito. Estamos prontos para uma
aventura mágica. Cada uma dessas questões
me dá material para trabalhar e também
tempo. Tempo para preencher as lacunas, tirar
minhas conclusões e resolver a situação.
Essas também são perguntas boas de serem
feitam quando os PJs desviarem do caminho
original da sua jornada e fazem algo astuto.
à minha Trama Mestra. Pois não precisa. Eu
tenho tempo para isso. Não é crucial fazê-lo
Épicas, não um deus – se dê uma folga!
localizações/decisões/ações?
Isto depende muito da situação, é claro, mas
funciona como a construção de uma biblioteca
dinâmica de imagens, situações e desfechos
que esperamos disto? Uma disputa por
território com outros bandidos? Bandidagem?
Roubar algo de valor? Há muitos desfechos
possíveis para "o que esperamos” aqui, então
escolha um e teste-o em face da questão dois.
A ideia da primeira questão é inserir alguns
pensamentos em sua cabeça, em vez de entrar
em pânico porque eles não só saíram do
roteiro, não estão nem sequer na maldita peça.
Como isso pode se adequar à
Sentença?
Você está sob pressão – é a vaga pressão de
que você, sendo um Mestre de Campanhas
Épicas, deve ser capaz de tirar uma história da
manga. Então, lembre-se de relaxar. Você tem
A Sentença, não tenha medo de usá-la. Agora,
no contexto do que esperamos das ações dos
jogadores, podemos lançar essa sentença. Um
rico nobre quer que sua filha seja entregue a
seu noivo o mais rápido possível, mas ele
contratou um bando de homens para desviar a
carruagem da estrada e assassiná-la.
Por que ele está tendo dificuldade? Os PJs, é
claro. Como isso se conecta ao fato dos PJs
serem bandidos? Bem, eles roubam.
85
de Última Hora
Então, pergunte aonde irão e onde acamparão.
Eles discutirão alguns minutos. Especialmente
se você lhes oferecer uma travessia de rio, uma
trilha na neve, uma vila abandonada, uma
floresta e um campo aberto onde poderão
estabelecer seu QG de bandidos. Eles estão
“fazendo o próprio jogo”, passarão muito
tempo pensando na decisão. Deixe que eles lhe
digam, então pule para o momento em que
eles estão se aprontando, quando ouvem a
aproximação de uma carruagem.
Você tem sua sentença. Agora pode lançar essa
ideia na situação que seus PJs criaram. Você
precisa de uma cena de abertura, uma
introdução – todas as nossas leis afirmam isso.
Uma cena de abertura, por favor...
Não há sentido algum em arrastar toda a
grande empreitada que seus jogadores estão
tentando fazer. Corte a gordura e apresente-os
ao filé da situação. Se eles querem construir
uma casa, ou explorar uma nébula, ou pilhar
uma vila, ou queimar uma floresta – faça uma
montagem e já os deixe prestes a começar.
Descreva alguns momentos heróicos e
dramáticos e então vá. Comece. Com um
estouro. Às vezes, literalmente.
Não há nada mais excitante que os PJs do
nada no meio de algo – uma perseguição, uma
briga, uma situação perigosa, difícil ou sexual,
há diversas. Escolha uma que se adeque ao
tom da aventura e à Trama Mestra. Não faz
mal trazê-la de volta, certo?
Preciso de quatro nomes
Crie quatro nomes de passagem, mais se
possível. Um nome é do local, o resto são
PdMs. Não surte se os nomes são totalmente
inapropriados – eles estão lá no papel, para
que você possa brincar com eles à vontade.
86
de Última Hora
Lembre-se, os PJs terão que conversar de
tempos em tempos. Nesse intervalo, você
poderá explorar suas próprias ideias, nomes, e
assim por diante, para costurá-los melhor.
E bingo – no intervalo de um breve sorriso,
uns poucos pedidos para os PJs fazerem um
teste aleatório apropriado, ou um comentário
que atrase a história, e você terá um começo.
Espere – que bruxaria é essa? Um comentário
que atrase a história?
Um comentário que atrase
Esses são comentários e frases escolhidos a
dedo que fazem os jogadores pausarem e
debaterem por alguns minutos, durante os
quais você está fazendo anotações e
elaborando os nomes necessários.
Alguns exemplos – isto é específico para cada
grupo, mas se você captar a ideia, poderá usar
em qualquer situação:
Mestre: Já que esta aventura
será um pouco maluca, vocês
poderiam por gentileza anotar sua
munição, e onde seu equipamento
está localizado em seus corpos?
Mestre: Estou fazendo um
novo tipo de teste de habilidade –
chamado combo. Por favor façam
um teste de Sobrevivência,
Percepção e Sabedoria – e somem
os valores. Então me digam o
resultado final.
Mestre: Vocês limpam a
nebulosa e vêem uma estação
espacial construída no estilo da
casa do <JOGADOR A>. Jogador A
– descreva uma casa comum de sua
região para nós.
Você sempre pode contar com o velho truque do “alguém pode pegar uma bebida/um
aperitivo para mim?”. Não é ótimo, por ser tão óbvio. Você quer ser um Mestre de Campanhas
Épicas. E acredite em mim, existe tal coisa como pausas demais para lanche.

O importante é que, enquanto eles estão respondendo, você precisa aparentar estar tomando
notas, mas internamente você está imaginando o cenário e construindo as cenas. O teste de
habilidade combo funciona muito bem, porque não é um teste comum e pode ser uma regra da
casa para adicionar a seus jogos.

Escravos nunca têm nenhum

direito, não importa qual planeta
você visite.
87
de Última Hora
Reviravolta
OK, lembra de quando estávamos criando
nossa resposta à segunda questão sobre a
Sentença? Precisávamos de uma dificuldade
para o nosso vilão. A resposta óbvia “os PJs
são a dificuldade” é, bem... óbvia. Pode
funcionar uma ou duas vezes, mas é bastante
trivial. Nós queremos elevar nosso jogo.
Então, podemos utilizar de alguns meios para
transformar o trivial em algo
extraordinariamente incrível. Bem, talvez só
incrível. Muito bom, pelo menos. Escute aqui,
isso já é difícil o suficiente sem você revirar os
olhos para a ideia de criar uma reviravolta
extraordinariamente incrível de última hora no
começo de uma aventura sobre a qual você
não faz a menor ideia – mas é possível.
E precisamos fazer isso também – lembre-se
que a maioria dos jogadores não são idiotas, e
assim que provar sua habilidade como Mestre,
se tornarão ainda mais aventureiros. Novos
jogadores são cheios de surpresas, evitando
reações cliché que os veteranos teriam.
Entretanto, eles são muito lineares em seu
pensamento, porque não sabem que podem se
desviar do caminho e pisar na grama. Uma vez
que descubram que podem, pode apostar que
eles tentarão queimar aquela grama enquanto
estão no meio da pira.
Uma reviravolta é simplesmente uma maneira
de provar que você planejou toda a aventura
desde o início, e nada que os jogadores fizerem
pode te desequilibrar, porque você está
sempre três passos à frente. Bem, não
precisamos estar três passos à frente, meio
passo basta. Porque é quando você está muitos
passos à frente que os problemas começam a
aparecer.
88
de Última Hora
Seis maneiras de inserir uma reviravolta que
expanda o mundo são:
Revelação Súbita
Reversão Súbita
Conexão Surpresa
Ajuda Secreta
Ordem súbita para parar
Pacto das Trevas – ajuda agora
em troca de ajuda posterior
Estas pode misturar a qualquer momento, e
pode usá-las repetidamente, ou ainda
melhor, uma combinação delas em uma
única aventura, mas não mais que duas,
porque fica um pouco bobo depois disso...
Revelação Súbita
Este é um momento dramático que terá
consequências no futuro e é o suprassumo das
revoltas em geradoras de sementes. Algo que é
tido como certo – algo esperado – é de repente
revelado ser mais complicado do que antes, e
esta revelação é uma conexão pessoal à
situação. Isso precisa ser cuidadosamente
lançado para que não perca a graça.
A noiva está a caminho de seu casamento e seu
próprio assassinato – nossos PJs saltam para o
vagão quando os assassinos atacam. Ocorre
um combate com os assassinos. Ao fim da luta,
os jogadores estão impressionados mas
presumem que a situação acabou. Talvez eles
possam escoltar as vítimas da tentativa de
assassinato de volta à cidade – essa é sua
presunção. A reviravolta ocorre quando a
noiva olha para fora do vagão para um PJ e
declara: Irmão! / Primo! / Tio! / Pai? / Você
pegou a ideia.
A noiva está de alguma maneira ligada a um
dos PJs no encontro.
Não precisa ser um laço de sangue. Pode ser
um amigo de escola, ou um amante de tempos
atrás. Improvise como quiser, mas se lembrar
as histórias dos PJs é muito mais divertido
trazer um personagem de seu passado. Isso faz
com que pareça um Mestre de Campanhas
Épicas e retorna esses PJs ao seu controle. A
menos que eles sejam ruins de interpretação.
A revelação súbita muda completamente o
curso da ação. Por quê? Porque agora os PJs
tem que lidar com alguém que tem um elo
forte com eles. Tudo que precisa fazer é ligar
esse PdM de volta à sua aventura planejada, e
– santa engenhosidade batman! – você está de
volta aos trilhos. Ou, enquanto os jogadores
debatem sobre o que fazer com a prima Enid,
você elabora a próxima parte da aventura.
Agora, se acha que pode usar isso várias vezes,
veja neste exemplo fod... de Revelação Súbita:
Eu sou seu pai, ela é sua irmã, nós somos seus
pais: Star Wars.
Reversão Súbita
Este é um truque divertido, faz com que os PJs
enfrentem um dilema moral, o que faz você
ganhar tempo para tramar a próxima parte da
aventura. A Reversão Súbita é onde você
revela que o objetivo das ações dos PJs não é,
na realidade, o que eles supuseram. Não
abuse, porque os jogadores perdem interesse
na aventura rapidamente se eles começarem a
sentir que toda missão terá uma reversão. Os
PJs chegam no centro de um complexo de
colmeia para destruir a rainha, apenas para
encontrar um papel dizendo “vocês caíram na
minha armadilha”. Então um grande colapso
os soterra na colmeia. Ok... uma vez. Duas,
talvez. Mas mais do que isso, e seus jogadores
começarão a evitar missões. Aviso dado.
A Reversão Súbita pode ser o alvo não estar no
local do ‘confronto final’, ou o inimigo não ser
realmente o inimigo, mas alguém que sofre de
uma compulsão e implora que PJs o ajudem. A
franquia de filmes do Exterminador do Futuro
se baseia nessa ideia. Os PJs estão prestes a
matar o monstro, mas ele implora por ajuda.
Outro aviso... Reversões Súbitas podem ser
perigosas... uma vez que o inimigo tenha se
tornado aliado, deve permanecer um aliado.
Pode até fazer parecer que trairá o grupo, mas
nunca deve fazê-lo. No momento que um
inimigo implora por misericórdia e então,
meses depois, ataca o grupo, seus jogadores
nunca te perdoarão, e matarão qualquer PdM
que peça clemência. Se o PdM pede piedade e
então ataca imediatamente, OK. Uma ou duas
vezes, mas novamente, use com moderação.
Conexão Surpresa
Este é melhor mais tarde na campanha em vez
do começo, mas pode ser usado em qualquer
situação, menos na Aventura Um. Os PJs tem
um encontro que corre de acordo com suas
expectativas. Então descobrem nos escombros
da carruagem uma ligação com uma ação
anterior e uma semente de aventura. Lembra
quando disse que a Revelação Súbita era um
grande modo de semear reviravoltas? Ela não
é nada comparada com a Conexão Surpresa.
A Conexão Surpresa ocorre quando você toma
algo que era trivial nas missões passadas e
insere misteriosamente no encontro atual. No
capítulo sobre semear, que está por vir, uma
adaga negra aparecerá de novo e de novo. Ao
inserir uma ligação com essa aventura meio
rotineira, ela se transforma de trivial para
importante. Os PJs vão de possuírem controle
sobre seu destino, para você tendo o controle
de novo já que você trabalhou aquela Conexão
Surpresa em vista da grande narrativa.
89
de Última Hora
Muitas conexões, contudo, podem fazer com
que seus PJ se afoguem. Você precisa também
manter um registro da conexão. Por exemplo,
se a noiva tiver uma tatuagem de uma adaga
negra em seu pulso. Essa reviravolta é ótima.

Os PJs então esquecem sobre serem bandidos e

querem saber o que a adaga significa. Bom
para você – eles estão de volta nos trilhos.
Você tem um PdM para guiá-los na direção
necessária e tudo vai bem. Lembre da Trama
Mestra, e do exemplo que usei no começo do
capítulo – precisando que seus PJs cheguem ao
local do templo? Bem, a noiva pode se recusar
a responder, mas se um PJ astuto perceber
lama nas rodas do vagão provinda de um vale
específico, o templo é o único lugar em que
esse tipo de lama é geralmente encontrado.

Ajuda Secreta
Esta é uma das melhores cartas de “saída livre
da prisão” que você pode ter como Mestre.
Infelizmente, você poderá usar apenas talvez
duas vezes na campanha, e então evitá-la, se
jogando com o mesmo grupo. Os PJs estão
fazendo suas coisas, e então você eleva o nível
dos perigos. No momento mais crítico, alguma
ajuda vem de algum lugar de alguma forma.
Poderá ser uma voz na cabeça de um PJ? Ou
uma flecha disparada com precisão incrível
contra o líder assassino?

Ajuda secreta é exatamente isso. Os PJs sabem

que foram auxiliados, mas não sabem por
quem. Eles podem procurar por pistas – plante
uma semente aqui. Agora você tem essa força
benevolente que está ajudando os PJs. Mais
tarde, você poderá revelá-la como uma
Revelação Súbita ou Conexão Surpresa. Que
maravilha. Você criou toda uma nova gama de
aventuras possíveis para os PJs, enquanto
semeia uma excelente forma de controle e É inverno, e a comida é escassa. A matriarca
influência sobre as ações dos jogadores. dos dragões precisa caçar, ou morrer de
fome...

90
de Última Hora
A Ajuda Secreta pode ocorrer uma ou duas
vezes até que você avance para a Ajuda
Conhecida, que é o ponto em que se torna uma
série de aventuras que você tinha planejado.
Ordem súbita para parar
Esta requer que os PJs estejam sob o comando
de alguém. Ou, e este é um grande “ou”, seu
Nêmese/Vilão tome um chá de humildade. A
ordem para parar pode ser dada quando a
batalha está prestes a chegar em seu desfecho
sangrento. Ela vira a aventura de pernas para
o ar. Por que a ordem de parar foi dada?
Se a Ordem Súbita para Parar é dada por uma
autoridade maior em que os PJs acreditam ou
que eles seguem, deve haver uma boa razão.
Em centenas de filmes, detetives devem parar
de investigar um caso por uma autoridade
superior. Nada novo. É uma boa maneira de
fazer os PJs fazerem mais daquilo que não
devem. Isto torna a aventura um pouco de um
jogo político, e aquele que ordenou o cessar-
fogo muitas vezes pode ser o verdadeiro vilão.
Também pode haver uma reviravolta nisso.
Se o vilão se revela e ordena a suspensão do
assassinato – por quê? O que causou essa
mudança súbita em seu coração? Nem todos
os vilões e ficam satisfeitos ao verem suas
tropas onerosas e bem treinadas serem
destroçadas. Isso seria uma reviravolta, não?
É claro, eles podem estar testando a resolução
dos PJs – como acontece nos filmes de aliens,
onde os extraterrestres podem vencer com
apenas mais alguns minutos de luta intensa, e
ainda assim eles recuam. Eu odeio essas
reviravoltas. O mestre queria testar suas
defesas? Se eles estavam ganhando, não havia
necessidade de reagrupar e atacar novamente!
Termine o trabalho.
Entretanto, o ataque é uma distração, apenas
longo o suficiente para mantê-los ocupados.
Bem – essa é, em minha opinião, uma jogada
melhor . A Ordem Súbita para Parar é dada,
posteriormente, como sendo apenas uma
distração, e necessária somente por um
período específico de tempo.
Pacto das Trevas
Este é um gerador de sementes de aventura,
um Cavalo de Troia, e uma boa opção se você
tem jogadores no grupo que são sedentos por
poder que acreditam que podem vencer
qualquer ser que você jogue contra eles. O
Pacto das Trevas ocorre quando uma força ou
ser oferece ajudar o PJ, em troca de um favor
posterior. É a maior ratoeira moral.
Meus jogadores sabem – nunca confie em um
Pacto das Trevas, e ainda assim eles os
aceitam porque sabem que sempre levará a
situações mais interessantes no futuro. Você só
pode usá-lo uma ou duas vezes por jogo. Ao
contrário da Ajuda Secreta – à qual o Pacto das
Trevas é bem similar – há definitivamente
“letras miúdas” nesse acordo. Ajuda Secreta é
benevolente. Ele é malevolente. A oferta tem
um preço muito maior do que vencer uma
batalha ou superar um obstáculo.
Veja, o pacto também não resolve a situação. É
só um bônus que, bem utilizado pelos PJs, os
levará à vitória. Isso pode falhar. Este é
frequentemente um resultado melhor, porque
então o Pacto das Trevas foi feito por nada.
Esta situação parece mais satisfatória para os
PJs porque sabem por dentro que nunca
deveriam tê-lo aceitado em primeiro lugar.
O provedor do Pacto retornará posteriormente
em outra aventura para exigir sua parte. Esta
é, novamente, uma aventura controlada em
que você poderá usar sua mágica.
91
de Última Hora
Uma vez que essas reviravoltas aconteçam,
você normalmente terá um novo rumo para a
aventura. É por isso que eu digo que você não
precisa planejar para além da cena de abertura
quando os jogadores se perdem em sua
própria aventura. De qualquer jeito, ela
mudará e evoluirá, então planejar é bobagem.
Você também pode avaliar o modo como seus
PJs estão se sentindo sobre a situação – talvez
eles se arrependam da decisão deles (bem
improvável) e então você poderá finalizar a
aventura bem rápido, ou talvez eles a estejam
adorando e queiram mais. Nesse caso, você
simplesmente desenvolve a trama que ora se
desdobrou conforme a reviravolta usada.
De uma forma ou de outra, você criou um
vilão com um objetivo, e esse objetivo foi
agora subvertido. Haverá consequências. Os
PJs têm um caminho bem claro à sua frente,
talvez – novamente, a depender da reviravolta
usada. Você está no corpo da aventura. Como
com a sua aventura planejada, você sabe o que
é necessário. Jogue e construa seu caminho
rumo à conclusão. Compre tempo para si
mesmo com aquelas perguntas de atraso, ou
tome um fôlego. Você é apenas humano.
Elas frequentemente acontecem porque você
está na sua zona contando a história, e lança
um detalhe sem qualquer valor, mas ao qual
os jogadores atribuem grande significado, e
isso é excelente. É um grande indicador de
que seus PJs estão engajados com a história e
ansiosos para explorá-la – então você deve
acolher aventuras emergentes como a forma
mais perfeita de reconhecimento de seus
esforços e trabalho. Os PJs querem mais.
Essas aventuras também muitas vezes fluem
direto da anterior e podem requerer certa
criatividade na hora, daí sua inclusão aqui.
Jogue-as exatamente como você mestraria
uma aventura qualquer, usando as táticas de
atraso que eu mencionei no início do capítulo
e então as reviravoltas, para fazer com que
tudo pareça conectado e parte do seu plano.

Aventuras Emergentes
Agora que você liberou seus poderes de criar
incríveis Aventuras de Última Hora, você
poderá se focar nas Aventuras Emergentes
que começaram a crescer organicamente em
sua Trama Mestra. Aventuras Emergentes são
aventuras que apareceram por causa de uma
semente aleatória que você plantou, ou devido
a um comentário feito de passagem, ou uma
cena descrita a que os jogadores se apegaram
e quiseram explorar. Alternativamente, os
jogadores decidiram fazer algo inesperado e
isso requer uma aventura para se jogar.

Apenas uma gota de sangue, e

92 o terno estaria arruinado.
de Última Hora
Voltamos para meu jogo online – As Aventuras
de Windswift. Pelo que leu, parte da aventura
se passa no deserto e possui todo tipo de trama
para o grupo. Era totalmente uma Aventura
Emergente. E ela emergiu porque um dos PJs
tinha um antecedente que os fazia procurar por
algo. A prisioneira que o grupo fez no Zigurate
tentou escapar – ver os objetivos de PdMs
depois – e ofereceu informações ao PJ sobre
aquilo que ele procurava em troca de sua
liberdade – um plano comum de prisioneiro,
em minha opinião. Bem, ele a deixou ir.
Minha Trama da Aventura saiu dos trilhos. A
prisioneira não era a única conexão com o resto
da história, mas ela era o caminho mais rápido
que os PJs tinham para terminar a aventura! Ela
seria torturada e revelaria uma porção de
informações. Que diabos? Entretanto, percebi
que eu poderia usá-la para deixar o jogo ainda
mais excitante quando meus outros jogadores
decidiram rastreá-la. Tínhamos uma aventura
emergente e eu precisava capitalizar em cima
dela. Eu sabia meu tema e então percebi que
precisava de um Guia – ver PdMs depois – isso
ajudaria a explicar a situação para meus
jogadores e manter as coisas nos eixos.
O Guia revelou-se um mercador que estava
extremamente ansioso para fazer negócios com
o grupo. Ele dividiu todo tipo de informações,
e posteriormente eles o utilizaram para ajudar
o grupo com seus planos. Eu também percebi
que não queria que esta aventura durasse
muito e precisava dar algum tempo para os
“juramentos” que dois dos meus jogadores
queriam fazer já há algum tempo. Você pode
assistir à temporada para ver como isso se deu,
mas o resumo da ópera é que eles recuperaram
a prisioneira no fim e obtiveram toda a
informação que eu lhes precisava dar. Esse foi
o objetivo da aventura, avançar a trama
principal para a aventura e dar ao grupo uma
linha de ação clara.
Blaxton Rose, Paladina de Brax
Ó mais poderoso dos deuses, Brax,
Prostro-me ante a vós, humilde e precisando
de orientação.
Uma grande Escuridão se alarga sempre mais
perto, Braxia, nós, vosso povo, precisamos da
vossa ajuda novamente.
Há 300 anos vós nos ajudastes a banir a
ameaça para a escuridão e prosperamos por
vosso esforço.
Os mortais falharam convosco, querelando
política e perdendo a visão do quadro todo.
Nós falhamos convosco,
As 3 ordens caíram doentes com ilusões de
grandeza, eles infeccionam em nosso meio, e
corrompem as mentes que juraram servir à
tarefa divina de manter as pessoas do vosso
mundo seguras.
Eu falhei convosco.
A ingenuidade cegou meus sentidos e a
confiança cega, a minha vigília.
O tempo de falhar deve acabar.
Agora eu sei desses traidores,
Agora eu conheço seus planos de abrir os
portões e permitir que os apóstatas retornem.
Agora eu sei de sua sede Insana por poder e
ambição cega que os levou a pensar que
podem controlar o Caos.
Eu me prostro com a convicção ardente
diante de vós, para que me conceda vossa
divina ajuda.
Deixe que me comprometa convosco.
Conceda-me vossa divina orientação,
Vossa divina sabedoria,
Vosso divino poder,
Para caçar esses pecadores
E dilacerar todos esses malfeitores!
Pois juro em meu nome
Manter os horrores distantes do povo;
Pois juro em meu corpo
Levar a espada àqueles que fariam um pacto
com o próprio demônio;
Pois juro em minha alma
Servir vossa divina tarefa mantendo a
escuridão nas sombras às quais ela pertence.
93
de Última Hora
Ela era uma viajante solitária... O
que ela esperava – cavalgando
uma zebra para a batalha...

Tramas de Personagem
Você ajudou seus jogadores a criarem os mais
incríveis antecedentes que não envolvem
ambos os pais do personagem morrendo
tragicamente. Você ajudou seus jogadores
novatos a acolher a interpretação. Você fez
tudo isso e eles ainda esperam mais! E por que
não deveriam? Muitas vezes ouço dizer que o
Mestre não é mais responsável pela história do
que os jogadores. Correto.
As interações dos personagens dos jogadores
com o mundo criado e apresentado pelo
Mestre é a história. A trama advém do Mestre
e apenas dele. Os personagens podem parecer
que querem seguir seus próprios caminhos
desconexos, mas não por mera curiosidade,
como nas Aventuras Emergentes, ou por
desafio, como nas Aventuras de Última Hora,
mas devido ao seu passado.
Isso soa familiar? “Minha personagem tem
uma irmã que ela está procurando. Eu quero
achá-la. Tudo o que tenho é esse pente de
marfim e um cacho de seu cabelo.”
Você deve agora facilitar essas aventuras de
personagem, criando uma trama – uma que se
encaixe bem à narrativa. Diversamente de
outros tipos de aventura, esta é muito pessoal,
e uma que requer que você dê o melhor de si.
Aqui nós não usamos as táticas de atraso das
Aventuras de Última Hora, usamos uma
especial... mas antes, mais sobre a aventura.
Como proceder, quando encara material feito
pelo jogador? Você não faz ideia do que o
jogador estava pensando, nem sabe para onde
ele pode estar indo. Frequentemente, ele
também não. Os jogadores apenas vão porque
tem uma pulsão de encontrar sua própria
história, e por que não? Eu concordo. Eles são
jogadores melhores por causa disso!
Esta não é mais uma aventura aleatória, esta
agora é uma oportunidade de você exercitar
seus músculos de Mestre e mostrar que é de
fato um Mestre do jogo. Ninguém pode se
preparar adequadamente para uma história
dirigida pelo personagem, porque você não leu
os antecedentes dele desde o nível um, que foi
meses atrás, ou mesmo se você for o mais
cuidadoso memorizador, você não pode saber
o que está na mente dos jogadores – mais do
que o usual, quero dizer. Uma única frase no
antecedente “Jonai disse adeus a seu amigo de
infância Morkaid e se mudou para a cidade”
pode ter parecido inofensiva na hora de ser
escrita.
Agora, porém, o jogador ficou matutando
aquela frase. E no começo da sessão, declara:
“Eu quero encontrar Morkaid. Não o vejo há
eras.” O resto do grupo concorda e então o
jogador vira para você: “Eu sei onde o
Morkaid está?” Ou começa sua jornada para a
velha vila onde Morkaid foi visto pela última
vez.
O que fazer? Você conhece Morkaid apenas
como uma frase, e você não faz ideia do
porquê o personagem quer encontrá-lo. Você
pode convocar um intervalo. Diga aos
jogadores para irem pegar bebidas. Enquanto o
fazem, você pode reler o antecedente do
jogador. Você poderia fazer isso. Mas eu não
gosto de interromper um jogo dessa forma, e
além disso, há uma maneia melhor: insira um
velho amigo.
Conforme o grupo traça seu caminho em
direção à vila onde Morkaid foi visto pela
última vez, faça com que encontrem com Usha.
Ela não foi mencionada no antecedente, mas
uma vila é cheia de pessoas. Ela pode
reconhecer o PJ e se aproximar para bater um
papo. Nessa conversa, ela primeiramente
perguntará por que o PJ quer ver Morkaid.
Eles podem dar uma pista quando
responderem. Também podem ser vagos.
95
Tramas de Personagem
O último ato dos “Lanças Sagradas” na batalha de Yellowford. Orcs,
sob o comando de Gr Brcht lançaram uma emboscada, matando toda
a companhia. Assim começou a guerra das Mil Lágrimas.
Item do passado
Eles podem encontrar um objeto – talvez um
riacho em que Morkaid e o PJ costumavam
nadar. Você está inventando tudo obviamente,
mas uma frase rápida lançada para o PJ
resolve tudo: “Você se depara com o canal em
que você e Morkaid costumavam nadar e
apostar corrida de barcos feitos de cascas de
nozes Haffa”. Isto fará talvez com que o PJ te
dê alguma informação relevante, ou outro
perguntar por que Morkaid é tão importante.
Mude o foco emocional
Deixe que os PJs cheguem à vila e então lhes
diga que Morkaid saiu correndo momentos
antes do PJ chegar à cidade. Ao mudar o fardo
emocional de volta para o jogador, você está,
com efeito, retomando o controle sobre a
história. Invariavelmente, os PJs vão querer
encontrar Morkaid. Especialmente se você joga
com essa carga emocional.
NÃO DESTRUA/MATE UMA CRIAÇÃO DO
PASSADO DOS PJS!
Simplesmente afirmar que Morkaid está
morto, e deixar por isso, é quase criminoso.
Por que o jogador se importou em construir
uma história se você vai apagá-la? Você pode e
irá matar ou destruir itens do antecedente do
PJ, mas apenas se o PJ os encontrou NO JOGO
e os declarou como seus. Então você pode
fazer como quiser, porque há valor nisso.
NÃO ATRASE A CHEGADA NO OBJETIVO
ANUNCIADO
Esquivar-se do desfecho jogando obstáculos no
caminho é também uma maneira medíocre, em
minha opinião. Claro, jogue um obstáculo aqui
e ali para testar a resolução do personagem.
Mas lhes entregue seus antecedentes. Então,
transforme-os na fonte de uma aventura.
98
Tramas de Personagem
NÃO DEIXE QUE O PJ CHEGUE EM SEU
OBJETIVO E ACABE ALI!
Nunca deixe que os PJs atinjam seus
objetivos e só. O grupo chega e encontra
Morkaid trabalhando como ferreiro. *Bocejo*.
Morkaid deve estar em apuros, causando
apuros, ou envolvido em apuros e precisando
dos PJs para ajudar de alguma forma.
Por quê?
Bem, basicamente, se os jogadores buscam em
seus antecedentes inspiração e um objetivo,
então você deve ter bastante certeza de que
pareça que você planejou uma aventura
baseado nesses antecedentes. Agora, eu
certamente não tentaria antecipar isso e de fato
criar pequenas missões para cada ponto do
antecedente dos jogadores. A esta altura, você
se arrastou por uma quantidade desumana de
palavras para chegar até aqui (30.000, se você
estiver super interessado), algumas já devem
ter se enraizado, então criar Aventuras de
Última Hora, semear e trabalhar com a trama
deve ser natural já.
Como você trabalhará então com a trama dos
antecedentes dos PJs deve ser determinado
por alguns fatores:
Tom/Atmosfera atual
Posição da Trama Mestra
“Tempo de tela do jogador que controla
o personagem”
Participação dos outros jogadores
Tom/Atmosfera atual
Se os PJs estão tendo muita dificuldade e não
parecem estar progredindo muito na Trama
Mestra, essa trama de personagem deve
certamente resultar em uma grande vitória
para os PJs.
Os PJs ficam desmoralizados. Dê algo para
sorrirem. Crie uma aventura que comece como
uma situação perigosa e então transforme-a
em um triunfo. Por outro lado, se os PJs têm
dominado o jogo e destruido tudo, talvez esta
possa ser uma aventura um pouco mais difícil,
e em que podem falhar se não trabalharem
juntos. Se a atmosfera é de horror e suspense,
faça uma aventura leve. Eu descobri que isso
me ajuda a manter o tom sempre mudando e
dinâmico, e assegura que as histórias tenham
uma percepção variada sobre elas.
Se você possui um tema forte, use isto como
um contraponto. Deixe os PJs enxergarem isso,
para que eles possam refletir sobre a situação.
Um exemplo clássico é Rivendell em O Senhor
dos Anéis . No meio dos horrores dos
Espectros dos Anéis , da morte e da carnificina,
há este lugar de paz. As aventuras aqui são
sobre amor e história, sobre amizade e alegria.
Mas basta pisar do lado de fora que há apenas
escuridão e ódio, sobrevivência e perdição.
A Posição da Trama Mestra
Você deve saber onde está na Trama Mestra.
Se não sabe, então claramente este livro não te
ajudou em nada. Ao saber onde está na Trama
Mestra, pode decidir quanto tempo dar a essa
aventura e pode, então, criá-la sob medida. Se
o Nêmese está em fase de construção, então
você tem quanto tempo desejar. Aquela base
secreta da estrela-da-morte pode aparecer em
minutos ou meses, apenas dependerá de
quanto tempo levará até que os PJs cheguem
lá. Não se apavore, e por favor, pelo amor de
todos os deuses de todos os panteões de todos
os RPGs, não se fie no tempo real para isso.
Durante o período medieval e no auge do
período arquitetônico, levava-se 90 anos
aproximadamente para construir uma
catedral. Sim, é verdade. Eu tenho um vídeo
de turismo de Mestre para provar isto...
Os construtores não tinham acesso a
instrumentos úteis como magia. Os Cardeais
podiam rezar tanto quanto quisessem, mas a
catedral não seria finalizada mais rápido. No
RPG, um clérigo pode literalmente rezar
bastante e abençoar todos os trabalhadores
para obter uma vantagem mecânica. Uau, eu
me desvio demais. Perdão. Outro exemplo:
espaçonaves em filmes de ficção científica
famosos se movem à velocidade da trama, não
da luz. É mais útil e mantém os filmes
correndo. Use o tempo do filme, não o tempo
real. É muito mais interessante.
Se, no entanto, sua Trama Mestra está próxima
do auge do plano do Nêmese e a lua cheia foi
estabelecida seis dias à frente, e mesmo assim
o PJ insiste em procurar suas metas pessoais e
antecedentes, alerte-os (se estiverem a par do
fato) e então planeje uma aventura curta –
como em uma escolta, algo monótono, ruínas
estranhas que podem ser completadas em
uma única noite de pilhagens. Os PJs gostam
de explorar seus antecedentes e, mais uma
vez, eu não acho justo nós Mestres os
punirmos por desviarem da trama principal.
Se eles continuarem insistindo, porém, deixe
que seu Nêmese vença. Há uma certa dose de
respeito devido ao Mestre por parte dos PJs.
Tempo de Tela
Alguns jogadores adoram correr por aí,
explorar e se divertir. Nós amamos esses
jogadores e gostamos de dar o que eles
querem. Se, porém, finalizamos uma aventura
relativa a seu passado, e eles querem partir
para uma próxima logo de cara, é hora de fazê-
la bem curta. Há um limite de tempo que um
jogador deve ter para que os outros também
tenham seu momento de brilhar.
99
Tramas de Personagem
 Armas eram superestimadas. A
gravidade, por outro lado...

Pelo contrário, se o jogador está explorando algum aspecto de seu contexto pela primeira vez,
por todos os poderes à sua disposição, faça um bom trabalho. Os jogadores devem ser
encorajados a olhar para seu passado e explorar aqueles ângulos que eles escreveram há tanto
tempo. Similarmente, se você encontrar uma maneira de conectar um jogador que teve pouco
tempo para brilhar, faça isso. Parte de seu dever como Mestre é dividir o tanto de tempo que
cada jogador tem. Um jeito sorrateiro de fazer isso é perguntar os antecedentes de um
personagem durante um intervalo e encaixá-los na aventura.

Aceitação dos outros jogadores

Há muitos jogadores que não gostam dos holofotes e preferem dar suporte. Eles ansiosamente
seguem o fluxo. Isto é ótimo. Há também muitos jogadores que ficam entediados de explorar o
antecedente do mesmo jogador repetidas vezes. Você deve ‘ler’ seus jogadores e descobrir se
eles estão realmente interessados em explorar a aventura, ou apenas fazendo por obrigação.
Embora seja legal que um jogador tenha uma aventura baseada em seu antecedente, se os outros
parecem desconectados, você deve trazê-los de alguma maneira, ou finalizar esta aventura
rapidamente para poder retomar a Trama Mestra.

100
Tramas de Personagem
Este é geralmente um caso de equilíbrio, uma
habilidade que Mestres novatos geralmente
não têm e com que os mais experientes lidam
como profissionais. Manter em mente quem
tem sido ativo na sessão, quem teve uma
chance de falar, de planejar, de brilhar, e quem
não teve, é uma coisa que você aprende com o
tempo e quase inconscientemente. Até que
você faça direito, no sentido de jogar a bola
para todos os jogadores, encorajando os
passivos a serem mais ativos e aqueles que não
calam a boca a se aquietarem, há um outro
método que funciona bem para treiná-lo a ser
um Mestre, e a trazer um pouco de ordem a
seu caos, além de fazer com que seus jogadores
se sintam mais incluídos.
Ordem de turnos fora de combate. Chame
como quiser, mas fazendo com que os
jogadores rolem um dado para determinar a
ordem de falar e então manter-se atento a isso
é um meio maravilhoso de assegurar
igualdade. A todo momento até que você se
sinta mais confortável, e então apenas quando
necessário para assegurar o entusiasmo, você
deve se prender à ordem, movendo-se de um
jogador para outro, ativamente perguntando a
eles o que querem fazer, dizer, como se
sentem, etc. Realmente ajuda.
Depois de um tempo, fica natural mover-se
por todos na sua mesa metódica e igualmente.
Finalmente, quando trabalhando com o
antecedente do personagem lembre-se de
nunca destruir ou reduzir. Esta é uma
aventura baseada no que o jogador escreveu. É
uma contribuição dele para a história maior.
Tenha certeza de mostrar respeito quando
tornar aquilo em uma aventura. Foque-se em
fazer algo legal. Simplesmente fazer com que o
resultado seja simples ou irrelevante para o
jogo não ajuda ninguém, e certamente não
contribui para uma boa narrativa.
Nas ‘Aventuras de Windswift’ os jogadores
estão todos determinados a não roubar o
holofote uns dos outros, e eu estou sempre
maravilhado de ver como eles tentam, sempre
que possível, incorporar um ao outro na
história. Ao ponto em que algumas vezes isso
causa problemas – tais como todos correndo
para uma caverna da perdição, ou em um dos
últimos episódios, todos embarcando em um
navio com um conhecido Conde Vampiro, em
uma tentativa de atrasar sua partida.
Estaria tudo bem se o Conde fosse apaziguado,
mas quando ele decidiu viajar os PJs não
tiveram alternativa senão atacar. E assim
fizeram. Infelizmente para eles, ao mesmo
tempo, alguns druidas, querendo ajudar,
selaram o navio inteiro em uma gigante esfera
de gelo e água, efetivamente bloqueando suas
únicas rotas de fuga.
Como Mestre, eu estava agora frente a frente
com o dilema que frequentemente encontramos
– o grupo inteiro corre risco de vida, e por
conta de ações narrativas feitas tempos antes, a
morte se torna o único desfecho – sem
esperança de escapar também. Tudo o que
pude fazer foi mestrar o combate entre os PJs e
o Vampiro da melhor maneira possível, de
acordo com a história e contexto do Vampiro.
Desnecessário dizer, o jogo foi salvo por uma
estratégia memoravelmente astuta por parte
dos jogadores, e alguma sorte nos dados.
O episódio todo pode ser encontrado no canal
de YouTube Bacon RPG – capítulo cinco – o
episódio entitulado ‘The Isle of the Druids’ – ‘A
Ilha dos Druidas’ – inicia toda a espiral de caos
e quase morte...
101
Tramas de Personagem
Sempre tentáculos... nunca fio dental.

Prazo
Isto se refere à estrutura de Ato da sua
aventura – não à Trama Mestra! A Trama
Mestra, embora seja dividida em aventuras,
não é limitada pelo tempo. É muito maior que
o tempo e o espaço. Acredite em mim. Então,
este prazo se refere especificamente à sua
aventura, e em relação a uma estrutura 121 ou
122. Uma aventura única pode tomar três ou
quatro sessões para ser jogada, e uma Trama
Mestra poderia em teoria, usando esse prazo,
levar 112 sessões ou mais.
Muitas pessoas empacam – sim, empacam –
com a ideia de trabalhar segundo um prazo
fixo para seu jogo. Eu sou uma dessas pessoas.
Nada está fixado. Nada é perfeito e nada pode
ser apressado sem que se perca algo. Então, eu
não digo que o seu prazo deva ser contado aos
minutos. O que eu digo é que seu prazo deve
ser um guia e uma medida para te ajudar.
Este livro é sobre desenvolver habilidades que
te ajudarão a administrar seu jogo de uma
maneira contínua e aparentemente planejada.
O tempo deve ser um aliado, não um inimigo.
Como fazemos isso? Ato 1 é uma sessão única,
Ato 2 são duas sessões e Ato 3 são uma ou
duas sessões. Significa termos mais ou menos
4 ou 5 sessões por Aventura. É muito? Muito
pouco? Depende de seu grupo e se você tem
Faz-Tramas ou Segue-Tramas. Também
depende de você – como você prefere?
O passo do jogo – que é essencialmente o que
fazemos ao estabelecer um guia aproximado
de prazo – é subjetivo. Alguns filmes se
arrastam, e outros passam em segundos.
Sessões de jogo são a mesma coisa – algumas
duram pela eternidade, outras passam em um
piscar de olhos.
Que mágica é essa? Qual é a motriz dessa
Relatividade do Tempo? Só pode ser a imersão
e a mudança dos eventos que nos cativam.
Você pode preencher uma sessão básica de 3-4
horas com toda a sorte de coisas. Eu já li e ouvi
falar sobre Mestres dizendo que o tempo
aproximado de uma rodada é de 30 segundos
multiplicados pelo número de jogadores e
Mestre. Para 4 jogadores e um Mestre, cada
‘rodada’ seria cerca de 2 minutos e meio. Isso
não leva em conta pausas para tomar café,
deixar os dados caírem no chão, ou dar uma
olhadela nas regras. É uma média.
Mergulhando em matemáticas chatas – o que
odeio, mas admito que tem validade neste caso
– 10 rodadas de combate provavelmente não
terminarão em menos de 20 minutos se houver
4 jogadores. Isso é aproximadamente meia
hora (note minha extensão hiperbólica para
provar um ponto?) para o que é, com efeito,
tempo morto para a narrativa. Sim, você pode
inserir algumas falas vilanescas e pequenos
focos de informação, mas na maioria dos
RPGs, o combate é uma equação matemática
resolvida aleatoriamente, em que a narração
figura apenas como um fundo colorido.
Em uma sessão de 3 horas – ou em um Ato – se
tiver três combates, terá apenas 1h 30 restante
para narração. Não é um problema se deseja
um balanço entre história e narração. Nas
minhas sessões o combate é geralmente bem
reduzido. Raramente dura mais do que 4 ou 5
rodadas – o que significa uns bons 10 minutos.
E eu tenho talvez um ou dois combates em
uma sessão de três horas. Meu foco é na
história – como indicado por este livro.
Qual é meu ponto? Meu ponto é que você
precisa estar ciente das implicações do prazo
no seu jogo. Para dominar a trama, para
dominar o poder de ter esse conhecimento te
ajudando e assistindo – você deve saber como
isso te impactará.
102
Prazo
Para ilustrar: se você sabe que terá uma sessão de 5 horas, ou talvez mais, à sua frente – senta e
relaxa. Você sabe que seus jogadores gostam de combate, e gostam de história. Agora, ficando
atento ao relógio, você pode gastar pelo menos 1 hora explorando a trama e coisas a ela
relacionadas – dinâmicas de personagem, antecedentes, história, etc. Então você terá bastante
tempo para uma porção divertida de ação que durará 35 minutos para ser jogada. Com a
procura dos corpos, a discussão pós combate e a pilhagem, podemos arredondar para 1 hora e
45 minutos. Você decide que o próximo passo necessita de um pouco de elaboração e você sabe
que ainda tem 3 horas e uns trocados livres. Dê ao grupo uma trilha de pistas e uma caminhada
para achar o próximo passo da busca. Uma charada, talvez. Uma hora se esvai. Tempo para
outro combate ou encontro combativo? Se você está no Ato 2 e está se dirigindo para a segunda
metade do Ato – mas isto está planejado para a próxima sessão – você sabe que deve levar o
grupo às ruínas antigas até o fim da sessão, o que deve estar a cerca de duas horas. O combate
foi muito fácil e pareceu ser demasiadamente rápido.

Você tem tempo para pelo menos outro combate maior ou mais complexo, além da sua história
das ruínas antigas. Fácil – você (de última hora) decide que o combate foi um prelúdio para um
encontro maior – um complexo diálogo social entre o chefe e o grupo – e o resultado final será
de que o grupo ajuda a defender a tribo do chefe, para ganhar confiança. Você leu o capítulo
sobre semear – aquele capítulo mítico – e você sabe fazê-lo como um profissional. Então, 30
minutos de discussões com o chefe, e então uma boa hora de combate com objetivos
secundários. O resultado final – o chefe escoltará os personagens às ruínas antigas e lhes
mostrará o caminho mais fácil. 30 minutos do grupo andando pelas ruínas com alguns testes de
habilidade e rolagens pelo caminho e pronto, criança – você está são e salvo.

Você havia planejado apenas dois encontros e não fazia ideia de que havia um chefe que
precisava da ajuda do grupo, até que seu prazo, sua compreensão da estrutura do Ato, e seu
conhecimento recém-adquirido de como introduzir uma boa trama te ajudaram a criar um
momento incrível na história, manter o jogo andando, e a deixar os jogadores decidirem como
fazer as coisas e, assim, contar a história. Não é magia, é apenas gerenciamento do tempo. E
semeaduras. Bastante semeadura.

Qualquer um que já tenha jogado comigo quando eu posso usar música – i.e. em jogos que não
infrinjam direitos autorais – sabe que eu amo usar música. Eles também sabem que eu tenho o
inquietante dom de garantir que o clímax da música ocorra precisamente no momento certo,
para que quando eu pause dramaticamente, a música faça algo que construa a cena ainda mais.
Eles amam isso. Isso é uso cauteloso do prazo e ter a habilidade de saber para onde minha
música está se dirigindo, para que eu possa moldá-la ao momento.
104
Prazo
Isso cria uma ótima sensação e atmosfera e é impossível de fazer se você não sabe como controlar
o próprio tempo. No entanto, eu só uso trilhas sonoras de filmes em meus jogos. Por quê? Porque
eles são escritos em uma estrutura de três atos, e por toda sua beleza e complexidade, eu sei que
eles têm algumas peças quietas e outras dramáticas.

Além disso, uma trilha sonora toca por uns 60 minutos. Sim, eu repito faixas e pulo algumas –
porque eu sei o que vem em seguida, e para mantê-la adequada ao meu prazo do jogo – mas eu
também registro o tempo, para que saiba que no CD – ops, quis dizer lista de reprodução de MP3
– em 5 minutos haverá uma faixa triste, preciso deixar cena triste.

Eu não estou dizendo que você precisa fazer isto, especialmente se folk death metal da
Eslováquia é seu tipo de música preferida. O que estou dizendo é que o prazo se estende para
além de planejar sua sessão de jogo, para também melhorar suas sessões. Pode realmente ser
uma ferramenta poderosa – e novamente, é uma das muitas ferramentas neste livro para te
ajudar a criar uma experiência contínua e dinâmica para seus jogadores.

O abraço da cura – não muito usado exceto

na mais dura das circunstâncias.

105
Prazo
Nunca mais se ouviu falar da Vanguarda Panna’hai
novamente.

Semeando o Futuro
Aqui está – o capítulo que você esperava ver.
Semear! Semear – ou como os profissionais
chamam, Prefiguração – é a arte de dizer aos
jogadores em um momento precoce do jogo
algo que só se concretizará e fará sentido
muito tempo depois. Os jogadores pensam que
você é um mestre contador de histórias porque
você, de alguma maneira, previu o futuro.
Já que não podemos voltar ao passado, nem
alterar o futuro, o único lugar para começar a
semear é o presente. Sei que soa banal, mas é
verdade. E menciono isto especificamente
desta maneira porque eu sei que é importante
percebermos que só podemos Semear agora.
Não na aventura da próxima semana, nem na
aventura da semana passada. Isso é relevante
porque nós frequentemente planejamos fazer
coisas e não fazemos – estamos esperando pelo
momento perfeito. Esse momento é sempre
agora.
O que é uma Semente? Conceito básico: dar
aos PJs um pouco de informação sem conexão
com qualquer coisa. É só algo que você lança.
Depois – semanas em tempo real – revela-se
que a informação está relacionada diretamente
aos acontecimentos do jogo, mas só porque
você disse agora que ela está relacionada.
Curto e grosso – você joga algo aleatório em
seu jogo de hoje, e em um período de seis
meses aquilo aparece de novo e causa
problemas aos PJs. Certo, então Semear requer
que lancemos coisas no jogo agora para usar
depois. Não. Não exatamente. Semear requer
que lancemos coisas no jogo. Ponto final.
A parte de usar depois requer que tenhamos
um plano, o que não temos, porque se
tivéssemos não teríamos a necessidade de
Semear. Então, apenas precisamos lançar
coisas no jogo. Parece mais fácil, não?
Que coisas? Você tinha que perguntar. Bem, há
algumas coisas que podemos Semear:
Nomes
Lugares
Objetos
Pessoas
Sonhos/Augúrios/Presságios/Sinais
Nomes
Um PdM, em sua morte horrível, sussura a
palavra “Rosebud”. Sem motivo. Um lorde
diz: “Imagino se não foi Gasford?” Um bate
papo no rádio diz: “Dan Sombrio está na ativa
de novo”. Pode jogar nomes como um socialite
em uma festa de caridade. Dê a louca.
Deixe que seus PJs anotem todos esses nomes.
Você também deve. Regra Primeira de Semear
– mantenha um registro de todas as Sementes.
Sim. Foi o que eu disse. Lançar um nome é
muito poderoso porque dá aos seus PJs algo
tangível. Eles não sabem se é um lugar, uma
pessoa, um código, ou uma pista. Nem você,
mas isto não é importante. Ela foi plantada.
Lugares
Esta é uma Semente fácil também: PJs
mudam de lugar pra lugar o tempo todo.
Lance uma descrição de um cemitério antigo
pelo qual eles passaram, uma estação espacial
arruinada perto de uma estrela moribunda,
um pântano na beira da estrada. Se seus PJs
quiserem explorá-lo, você tem uma Aventura
Emergente. Se os PJs ignorarem – excelente.
Tome nota disto e lembre-se de que é um
lugar Semeado. Os jogadores ouviram falar
dele. Sua meta com a Semeadura é estabelecer
aquilo na mente do jogador. Uma vez que
está lá, você tem poder total.
107
Semeando
Objetos
Esta pode ser difícil de fazer em jogos de alta
fantasia, ou com PJs tenazes. Eles matam um
mago e encontram uma adaga negra em seu
cinto. É só uma adaga negra. Um capitão tem
um colar militar de cobalto em volta do
pescoço, sem inscrição. Maiores ou menores
bugigangas encontradas com um simples teste
de habilidade. Não se preocupe com o que
significam ou como usá-los depois. Tudo que
precisa fazer é anotá-los. Objetos maiores –
como navios ou espaçonaves – têm uma
função e os PJs podem usá-los sem problemas.
De fato, fica melhor se o fizerem. Fica mais
retido em suas mentes como um item de valor.
Você deve, porém, prestar atenção em como
você descreve o objeto. Ao Semear um objeto,
dê uma descrição um pouco mais extensa do
que a dos itens à sua volta. Os jogadores vão
perceber o foco adicional e tomar nota disso.
Pessoas
PdMs são ou ignorados, ou massacrados, ou
abusados... ah, e ocasionalmente os PJs falam
com eles. Alguns amam PdMs, outros amam
odiá-los. De qualquer forma, um PdM
aleatório mencionar algumas novidades para
os PJs, ou se introduzir em uma taverna,
esbarrando nos PJs e pedindo desculpas,
apenas pedindo ajuda ou algumas moedas (a
escolha realmente é sua) é uma técnica
incrível para Semear. Isso faz seu mundo
parecer mais real e, é claro, Semeia um
personagem na cabeça dos jogadores. Você
não precisa fazer com que seu PdM apareça
demais – não precisa que ele se junte ao
grupo, divida umas cervejas, e então vá
embora. Você pode, é claro, e isso pode
funcionar maravilhosamente, mas um
simples aceno de cabeça na praça do
mercado pode ser o suficiente também.
108
Semeando
Sonhos/Maravilhas/Presságios/Sinais
Muita gente fica apreensiva quando os PJs
veem o futuro ou tem sonhos lúcidos. Eu amo
isso. Os PJs basicamente me pediram para
Semear um montão de coisas. E me ajudaram
a fazê-lo! Ao manejar esses tipos de Semente, é
melhor fazer o seguinte:
Evite informação definitva sobre o PJ – A
imagem se parece com um X, você pode ver
claramente que é Y.
Adote informações definitivas – nomes,
lugares, PdMs, objetos ou itens.
Por quê? Porque você tem o poder de plantar
sementes a qualquer momento. Então, você
diz algo como: “você se vê, e alguém mais está
com você. No brilho da lua uma figura está
sentada em um tronco, envolvida em sombras.
Um cachimbo, esculpido do osso do fêmur de
uma virgem, se ilumina com chamas verdes
que cheiram a jasmim no verão. Em sua mão
esquerda ele segura uma adaga? Não! Uma
Espada. É de prata brilhante e coberta por
estranhos escritos. Os escritos se movem e de
repente a figura ataca! Você desperta.”
Mantenha a experiência do PJ vaga, mantenha
as suas coisas específicas. O quão fácil será
agora, em outra sessão de jogo, ter uma figura
estranha sentada em um tronco, fumando um
cachimbo e segurando uma espada? Pfff, fácil
de morrer. E ainda assim, seus jogadores vão
pensar que você é muito astuto. Tem uma
maneira melhor de fazer isso, por sinal. O
cachimbo deveria ser encontrado fumegando e
abandonado antes que os PJs entrassem na
floresta. Desse modo, seus cérebros começam
a ligar o cachimbo à experiência passada,
tornando o momento muito mais rico. De
qualquer forma... o ponto não é enganar seus
jogadores, mas criar uma experiência
divertida.
Use tudo
Então, semeamos um monte de coisas em
nosso jogo e as anotamos copiosamente. Sente-
se e relaxe, este é um longo plano de jogo e
requer um pouco de raciocínio, então se
prepare. O jogo corre, e por semanas você se
diverte. De repente, um dos jogadores faz com
que seu personagem reviste um mercador
aleatório. Você entra em pânico! O que está
nesse mercador e como você pode usar isso
pra melhorar a história? A Semente! A
Semente! Aquela adaga negra que o mago
tinha meses atrás? Esse mercador tem outra.
Oh! Foi profetizado que outra seria
encontrada.
O que é a adaga negra? Quem sabe? Você a
Semeou uma segunda vez. Mas Sementes
crescem. Então em vez do mercador só ter uma
adaga negra, ele deve se matar para evitar
revelar a informação. Por quê? Porque a
“tensão deve aumentar”. Não a da nossa
Trama Mestra, nem a da trama da aventura. A
trama da Semente, se você preferir.
Você agora criou uma conexão entre o mago e
o mercador. É tempo de revisar suas Sementes.
Qual poderia ser a ligação? E por que é tão
importante que o mercador se suicide? Ou ele
é morto por um assassino? Ou talvez vire
cinzas quando a adaga for removida? Você cria
algo de última hora. Avalie, e então relacione.
Esta é a chave – conectar Sementes. Uma
Semente que se esgota da próxima vez que
você a encontre é perfeitamente OK. Mas não é
Mestrar como um Mestre. Você quer que as
Sementes se conectem por aventuras distintas,
para tecer lendas e histórias secundárias que
pareçam incrivelmente intrincadas. Então, suas
Sementes precisam crescer e se espalhar pela
árvore que será a culminação da Aventura.
Tão poético. Eu sei. Eu sei.
Amarre algumas Sementes juntas. Como?
Avaliando o que esperamos delas. Temos
expectativas sobre quase tudo. Eu te mostro
uma imagem de um hobbit e você cria
expectativas sobre comida, anéis, caminhadas,
cachimbos, elfos, folia, tortas assadas, pés
cabeludos, risadas. Não sei. Mas geralmente
temos ideias preconcebidas sobre a maioria
das coisas, e com elas vem expectativas. Use-
as. Eu prescrevi mergulhar nas expectativas
por este livro inteiro e por todos os vídeos no
canal, porque isso é muito poderoso.
Ao contrário de estereótipos, expectativas são
como uma pilha de bagunça emocional. Conte-
me de uma visita ao dentista e eu esperarei
horror, dor, e aquele cheiro frio de salas de
dentista. Conte-me sobre um por do Sol e eu
esperarei ventos frios, enregelantes, mas belas
cores e sentimentos quentes e felizes de estar
com os amigos. Todos criamos expectativas
diferentes, mas também muitas em comum.
Especialmente no mundo do RPG. Por isso eu
amo jogar RPG com pessoas que nunca o
fizeram antes – eles não estão esperando o que
você espera deles! E isso te dá uma brecha
para experimentar expectativas diferentes.
Desse modo, se você vir duas adagas negras
carregadas por personalidades escusas que
morreram protegendo informações sobre as
adagas, o que você espera disso? O
Campeonato de Confeiteiros da Dona
Margarida? Não. Você espera negócios escusos
com capas e adagas. Um culto secreto. Um
culto maligno. Você espera sacrifícios, ou
tramas para derrubar governos. Use isso!
Deixe que as expectativas dos jogadores te
guiem. Escute-os. Esperançosamente, eles
falarão – eu acho que esse é um culto secreto à
lua que sacrifica pastéis de nata... nah, essa é
uma adaga demoníaca para abrir portais para
reinos demoníacos. Eu amo escutar meus
jogadores. Eu descubro o que eles estão
esperando e então vejo como posso fazer
traquinagens com aquilo.
109
Semeando
Mas não plante sua semente cedo demais. O
grupo tem duas adagas negras e nenhuma
pista. Em outra aventura, pode fazê-los cruzar
com um corpo com uma adaga fincada nas
costas. Ele se revela um necromante. O quê?!
Interessante! Ainda não temos ideia do que
sejam as adagas. Mas o necromante pareceu
uma boa distração na hora. Como podem as
adagas negras serem um culto do mal se
matam necromantes? Fácil. O necromante era
um traidor. Ou será que não?
Geralmente deixo uma Semente germinar por
duas ou três aventuras antes de trazê-la como
uma grande aventura. Às vezes eu conecto a
Semente à Trama Mestra. Sei como essa trama
anda, então é fácil. A Imperatriz tem um
grupo leal conhecido como Adagas Negras.
Eles estão ajudando a ressuscitá-la e matar
qualquer um que entre no caminho. Bingo -
uma aventura secundária da trama baseada
totalmente em sementes. Sementes Oníricas
podem ser recorrentes na mente dos PJs para
adicionar detalhes que você queira.
A alegria das Sementes é que se você lançá-las
e ninguém ligar – melhor ainda. Eles ligarão
quando elas retornarem. Claro, outra
vantagem é que você não precisa trazê-las de
volta em absoluto. Ninguém notará. A não ser
que você tenha um canal de YouTube. Então
as pessoas notarão, e farão anotações sobre.
Por fim, só um comentário sobre Sementes –
você não precisa desenvolver uma aventura.
Algumas podem ser passageiras, outras se
desenvolverem no plano de fundo, e muitas
não precisam chegar em lugar algum. Não
pense que por plantá-la você precisa cuidar
dela. Isso são só opções para você usar depois
se quiser.
110
Semeando
Em “As Aventuras de Windswift”, meus PJs na
Primeira Temporada encontram um drow
morto com uma espada e um anel de valor
particular. Em vez de pilhá-lo, pegaram os
itens e mantiveram seguros. Queriam retorná-
los à sua família. Uma causa nobre, claro. Duas
temporadas depois ofereci aos meus PJs uma
trama na Umbreterna. Totalmente voluntária.
No entanto, sabia sobre a Semente e a fiz
parecer uma boa oferta – ir à Umbreterna, jogar
minha aventura e entregar os itens guardados.
Eles se envolveram em um pesadelo de jogo
político com o sistema jurídico drow, em que
reputação significa mais do que fatos. Eles
enfrentam o Senador drow, de ótima
reputação, enquanto eles não têm nenhuma.
Este anel e espada que foram retornados agora
voltam para ajudá-los, pois os donos atestarão
a honra do grupo. Isso deve ser um bom
suporte. No fim, os jogadores decidiram não se
envolver no caso, e resolveram de forma muito
melhor! Se for assistir à Quarta Temporada de
Windswift, pode ver no que deu!
O anel e a espada foram Semeados quando não
tinha plano algum de levá-los à Umbreterna.
Eu só sabia que precisavam ir lá porque estava
na fase de construção da minha Trama Mestra.
O anel e a espada eram Sementes ou tesouro de
pilhagem para o grupo. Elas se tornaram
Sementes quando um dos PJs declarou que os
itens seriam retornados à Umbreterna e à
família do falecido.
Isto criou uma maravilhosa história paralela
que acabou recompensando os jogadores por
suas boas ações e concluiu uma aventura de
importância crítica à Trama Mestra.
Após ponderar, Washgust, mago do
Círculo de Barost, decidiu que mantê-lo era
uma má ideia.

PdMs
Ah, PdM! Vejo-te. Penso com meu próprio eu:
És um anão do Sertão. PdMs são ferramentas
fenomenais que Mestres Épicos deveriam usar.
São a voz da Trama Mestra para o Jogador,
através das interações entre personagens.
Como expressam essa voz é o que torna cada
PdM único. Como cada PdM interage com os
PJs é diferente e pode construir ou destruir
aventuras. Então, devemos nos focar em
ajudar nossos PdMs a serem o melhor que
puderem. Em geral, PdMs podem ser
divididos em: Narrativos e Descartáveis.
"Narrativos" são PdMs especiais. Capangas,
Vilões, Mentores, Guias, Amantes, os amigos
do universo dos PJs. Geralmente, queremos
que PJs gostem desses PdMs, ou os respeitem,
ou os odeiem, mas esperamos por alguma
conexão ou resposta emocional.
"Descartáveis" são PdMs para os personagens
interagirem a curto prazo. Estes são os
comerciantes, vendedores, ajudantes e a maior
parte dos habitantes do seu mundo. Eles
incluem subalternos que atacam os PJs. Eles
servem um propósito majoritariamente
mecânico de obstáculo, mas ainda podem agir
como voz da Trama Mestra, mesmo se apenas
pela cor da capa, o tipo de armamento, ou o
nome que gritam ao marchar para batalha.
Eles não tem muita função além de prover
informações aqui e ali, equipamentos e talvez
aventuras para os personagens.
PdMs Descartáveis podem virar Narrativos.
PdMs Narrativos jamais devem se tornar
Descartáveis.
Tratarei de PdMs Descartáveis primeiro.
112
PdMs
PdMs Descartáveis
Essencialmente, esses são PdMs passageiros de
uma aventura, que só precisam do seguinte:
Um Nome, um Trabalho, uma Meta, e um Uso.
Quando os PJs os matarem, precisarão de
Equipamento, mas isso é informado pelas
primeiras três coisas de qualquer jeito. Por fim,
eles precisam de um Trejeito, o que inclui
coisas como aparência, sotaques e assim por
diante.
Um Nome
Nomes devem soar pertencentes ao cenário. Eu
escrevo dez nomes antes de sequer começar
uma sessão. Assim, tenho um nome para o
PdM na hora e não preciso apelar para nomes
bobos. Ainda assim acontece às vezes. PdMs
Descartáveis não precisam de nomes
inteligentes. Não gaste tempo neles.
Um Trabalho
Mendigo de rua é um trabalho. Dar ao PdM
um trabalho – e pode ser “atacar os PJs para
pegar seu ouro”, ou matá-los, ou seguir ordens
– lhes dá rumo. Ajuda com os diálogos deles.
Cria expectativas na mente dos jogadores. Veja
– o que vem à mente quando digo: “Você vê a
Capitã de uma nave no bar”? Você tem
imagens de uma Capitã de uma nave espacial.
Onde está a nave dela? Você imagina que ela
saiba falar sobre as cartas astronáuticas, naves
alienígenas, e as pilhagens piratas recentes.
Se eu disser: “Você vê uma velha lavadeira
próxima ao bar”, você não pensa na mesma
coisa. Ela não fala de naves alienígenas. Ela fala
sobre dores nas costas, salário baixo, e talvez
sua vida de dançarina na noite. Não disse que
precisava ser chato. Então o diálogo é facilitado
porque você sabe o que se espera que saia da
boca do PdM.
Uma Meta
Essa não é a mesma do Capanga, Vilão ou
Nêmese. O PdM não vai sacrificar seu terceiro
filho em uma lua cheia para atingir sua meta.
Eles provavelmente se esforçarão tão pouco
quanto necessário para atingir seus objetivos e
pular fora logo em seguida. PdMs não ficam
parados esperando os PJs se aproximarem e
falarem com eles. Eles têm vidas, e precisamos
fazer parecer que eles são parte do mundo
também. Dar uma meta ajuda a desenvolver
diálogos. A meta pode ser: tomar uma bebida,
almoçar, convencer a fazendeira a sair em um
encontro, escrever um dicionário de termos
esotéricos, dê asas à sua imaginação. Junte a
meta ao trabalho e o diálogo está feito.
Um Uso
Às vezes o uso de um PdM é encher a cena.
Alguns PdMs só estão lá porque esperamos
que eles estejam lá. Um porto espacial?
Esperamos um bartender, um porteiro, um
vendedor de ingressos, um criminoso e alguns
capitães. Vila? Onde está o ferreiro? O Xerife?
O padeiro? O fazendeiro?
Outras vezes, o PdM tem um uso específico –
entregar a mensagem aos PJs, atacar os PJs, ser
atacado pelos PJs. Estes podem ter algum
planejamento, mas não muito. Podemos
preparar algumas pistas sobre de onde eles
vieram, quem os matou, etc. Mas você pode
Semear na hora, ou se referir a qualquer
desfecho que precisar para essa aventura, e
adicioná-lo ao espaço dos PdMs.
Misturar a Meta e o Trabalho é bem divertido.
Uma lavadeira cuja meta é se tornar uma
dançarina na noite é bem divertido. Nem todos
precisam ser tão bobos assim, mas de vez em
quando podem, e isso trás vida ao mundo.
Nosso planeta está cheio de pessoas que são
incríveis e tem histórias assim.
Equipamento
Você entende por que saber essas outras
coisas são relevantes para o primeiro encontro
com o PdM, enquanto Equipamento pode ser
adicionado conforme os PJs vasculham a
pessoa? Se estiverem lá para uma bebida no
bar, não estarão em armadura de placas
completa. Se estiverem, isso é suspeito. Se
forem às compras, eles podem ter uma sacola
ou algumas moedas. Talvez uma lista de
compras. Descobri que fazer o Equipamento
por último requer muito pouco esforço.
Trejeito
Para apresentar esses PdMs Descartáveis você
pode, se for ligeiro, descrever algo de valor.
Descrições normais são simples – uma mulher
grande com cabelo loiro e avental sujo.
Descrições de valor podem ser seu sotaque – o
seu jeito de falar ao interpretá-los – pode ser
uma cicatriz, uma deficiência, algo notável.
Anote isso, precisará lembrar mais tarde se os
PJs retornarem a esse PdM. É apenas por
gosto, nada mais. Não prepararia nada mais.
Se os PJs persistirem em falar com o PdM
sobre sua história e sua vida, só deixe sua boca
se mover e veja que tipo de coisa de última
hora consegue inventar. Divirta-se. Estes
PdMs não foram feitos para o longo prazo.
Semeie quanto quiser da sentença. Você está
livre agora. Aproveite!
113
PdMs
Você realmente não precisa de mais do que isso para seus PdMs que estão dentro ou fora do
mundo. Preencha várias seções nas suas notas, e só se esse PdM Semear algo – como lançar um
nome aleatório ou algo do gênero. PJs podem anotar, e Semear requer que você anote! Agora
vamos aos PdMs mais interessantes. Os Narrativos.

PdMs Narrativos
Discutimos Capangas, Vilões e Nêmeses à exaustão, então não irei detalhá-los aqui. Tem cinco
outros tipos de Narrativos que precisamos de fato considerar cuidadosamente se formos
controlar nossas tramas. Eles são:

Guia
Desenvolvedor
Mentor
Longo Prazo
Apoio

O Guia
Estes PdMs estão aqui para direcionarem os PJs para o desfecho da trama que precisamos
que alcançem. Pense neles como fontes de orientação.

114
PdMs
Eles podem ser literalmente qualquer um ou
qualquer coisa: Uma IA de computador, um
velho sargento bêbado de bar. Quando falam
com os PJs, dão orientações que os PJs podem
não saber. Eles também podem fornecer uma
direção que os PJs conhecem – reforçando-a.
Mas eles dão uma direção. Não uma solução.
Não uma pista. Só uma direção.
Conheça Nanrook, o Icilf – uma espécie
alienígena conhecida por seu planeta natal e a
nébula de gelo circundante. Nanrook se juntou
aos PJs como um mercenário. Os PJs estão
debatendo como se aproximar do asteróide do
Nêmese. Você pode ver que eles estão sempre
andando em círculos. Nanrook dá um passo à
frente: “Se me permitem, meu povo tem
ótimos navegadores para obstáculos e perigos
do espaço – nosso lar é uma nébula de gelo. Se
quiserem meu conselho, voem através do
campo de asteróides, não contornem. Isso leva
muito menos tempo e não deve ser tão bem
guardado.” Deixe os PJs escolherem seguir a
orientação ou não. Ele não sabe desativar
redes sensoras, ou se sequer há sensores. Ele é
um guia, apenas isso.
O Desenvolvedor
Este é um PdM que pode empurrar a trama
para frente. Um oficial de patente, um nobre,
um comerciante rico – alguém que possa
chegar nos PJs e ordenar que ajam, e oferecer
um prêmio para que obedeçam. Eles adiantam
a trama porque levam os PJs a agirem. Eles
não fazem muito mais do que isso.
Conheça Tenente Tye, 1a oficial da Windswift.
Ela é eficiente. Os PJs – capitães da nave –
devem levar a nave de A para B. Eu poderia
fazê-los rolar e voar e lentamente irem de A
para B, ou simplesmente a Tenente Tye manda
fazerem isso. Ela o faz. Quaisquer problemas,
ela fala com os capitães, mas não faz muita
coisa além de manter a nave segura.
O Mentor
Este é o que dá dicas e pistas aos PJs. Os seus
PJs já ficaram travados? Eles não sabem como
proceder? Ou estão indo na direção errada? O
Mentor irá puxá-los de lado e oferecer uma
alternativa. Se os PJs vão ou não aceitar, cabe
a eles. Diferente do Guia, o Mentor não sabe a
direção, mas tem um conselho sábio, ditado,
ou informação pertinente para ajudar os PJs.
Conheça Gary. Gary é uma drag queen
travesti, um vampiro, e tem uma pequena
cafeteria no centro de Nova Iorque. É o meio
da nossa Aventura e nossos heróis vampiros
estão empacados. Eles não conseguem
descobrir como pegar um caçador de
vampiros que tem reduzido seus números.
Gary – enquanto serve uma grande dose de
Golpefatal Matinal: “Sabe, se eu fosse um
caçador de vampiros, eu me esconderia onde
nenhum mordedor me acharia. Eu me
esconderia no Solarium – vocês sabem, no
topo do edifício Chrysler? Bastante sol. Vocês
não veriam meu traseiro glorioso em um raio
de um quilômetro de lá.” Gary acabou de dar
uma opção. Agora você precisa prevenir que
os PJs dependam de Gary o tempo todo, então
quando eles chegarem, descobrem o Solarium
vazio, mas que já foi usado pelo caçador de
vampiros. E isso leva para o próximo ponto
na sua aventura.
O Longo Prazo
Estes são PdMs que você usará contra os PJs
em algum ponto, e estão lá para dar sabor ao
jogo. O mordomo que não ajuda ativamente
de uma maneira narrativa e que apenas
cumpre o seu dever. Estes PdMs estão por
perto e prontos para conversar e ajudar,
mesmo se não fizerem mais do que espelhar o
pensamento dos PJs. Eles estão aqui para
fazer os PJs se sentirem em casa, e fazer o
mundo parecer vivo.
115
PdMs
Conheçam Holly. Ela é uma médica halfling,
e das boas. Ela não conhece muito fora da
própria área e experiência, mas consertará
qualquer um que passar pela sua porta, e
escutará atentamente quem quiser desabafar.
Fora do hospital, ela joga cartas com seus
netos, assa tortas deliciosas e sempre tem
elogios aos PJs. Sua casa é deles para usar, e
nunca passarão fome. Curar a alma é tão
importante quanto curar o corpo.

Apoio
Este é o PdM que torce pelos PJs não importa
o que façam. O amante, a esposa, o marido, o
bardo – qualquer que seja seu trabalho no
mundo, eles apoiam os PJs 100%. Não podem
ajudar muito além de estar lá e cantar as
glórias dos PJs. Eu geralmente uso estes para
elevar o moral. Até o Vilão abduzi-los.

Conheçam Axel – o descolado da faculdade

que é meio inútil fora de campo. Mas é 1925 e
a grana está curta. Ele ajuda as PJs estando
basicamente perdido de paixão por elas. Ele
fará qualquer coisa por elas, tal como buscar
informações, coletar coisas, ou só dar uma
volta. Tudo que as PJs façam, Axel apoiará e
torcerá por elas, e se estiverem tristes ou para
baixo, O Ax se revela – uma performance de
palhaço atrapalhado que ele faz para elas se
sentirem melhor. Ele não pode atirar, não
dirige, e desmaia ao menor sinal de sangue,
mas realmente apoia o time.

Cada um desses PdMs não precisa ser

permanente e pode aparecer com a
frequência de uma vez por aventura, exceto
pelo Mentor e o PdM de Longo Prazo. Eles
estão dentro para o que der e vier.

Frodelheim se lançou na boca

aberta de Droganwalder...
116
PdMs
Desejo
Os PdMs deveriam ter um desejo. Isso é
diferente de uma Meta, que é puramente
funcional, para dar um senso de realidade ao
seu mundo. Seus Desejos devem ser pessoais.
"Eles querem ajudar os PJs porque..." é um
bom ponto de partida geralmente.
Mas seu Desejo de ajudar os PJs não deve ser
superficial. Eles devem acreditar, defender e
apoiar os PJs. O que não significa que não
possam discordar. Lembre, você pode apoiar
alguém mas discordar de suas ações.
Seu Desejo também deve ser próprio. Isso lhes
dá algo a mais. Talvez seja ver seus filhos uma
última vez antes de morrer? Ou plantar
batatas? Talvez seja ser amado.
Medo
Dar aos PdMs alguma, ou muitas, coisas que
eles temam é igualmente benéfico a longo
prazo. Isso os faz parecer mais completos, dá a
eles uma personalidade e permite que os PJs
descubram informações pessoais do PdM em
vez de só fatos ou dados relacionados à trama
do jogo. Os faz parecer reais. Os Medos
podem ser racionais ou irracionais, e podem
ser maiores ou menores.
O que ambos - Medo e Desejo - fazem além de
Trabalho, Meta, Uso e Nome é nos levar a
acreditar nessas figuras da nossa imaginação e
engolir suas histórias. Queremos ser parte do
seu espaço. E queremos ajudá-los. No fim, é
nisso que você quer chegar. Os PJs deveriam
querer ajudar os PdMs como se fossem reais.
Acerte nisso e terá os PJs bem onde os quer –
prontos para seguir outra aventura da trama
porque você ameaçou um PdM.
Agora – e sobre as histórias? A história do
PdM é importante. Sim. É preciso criá-la
agora? Não. Deixe-a evoluir e expandir como
precisar. Flexibilidade permite compatibili-
dade. Se firmarmos a história, podemos nos
furtar de futuras aventuras. Quando eu
encontro pessoas com quem vou passar
tempo, não aperto a mão delas e começo a
contar meus 37 anos de história. Eles a
descobrem lentamente, através de diálogo e
com um bom vinho.
Ideias Maneiras
Não tem como incluir um capítulo sobre criar
PdMs sem incluir o fator "bacana". Encontre
uma imagem de um personagem maneiro –
inclua-o como um PdM. Use o fator bacana
para descrevê-lo.Gandalf definiu o tom de
todos os magos quase sozinho por ser o
epítome do descolado. Mas ele era mais do
que isso, ele estava errado, o que nos fez
gostar mais ainda dele. Por este motivo:
O que nos faz gostar de PdMs
Existem três motivos – Competência, Amabili-
dade, Proatividade. Brandon Sanderson fala
destes contribuírem ou não para gostarmos de
alguém. Para mim, este é um ótimo atalho
para usarmos em nossos PdMs, porque nos
ajuda com diálogos, motivação, ação, e criação
de PdMs críveis.
Competência
Um indivíduo altamente competente é alguém
que admiramos. Eles conhecem sua área e dão
andamento ao trabalho. Um caçador sabe
rastrear a presa, abatê-la e prepará-la. Um
ladrão competente sabe entrar, sair e vender o
que for adquirido.
Penso em PdMs competentes como itens
mágicos. Eles podem fazer coisas pelos PJs nos
jogos que tornam a vida maneira.
117
PdMs
Se os PJs tiverem um ferreiro competente que
ande com eles, isso é reparo gratuito de
armaduras, boas armas sendo forjadas, cavalos
ferrados, etc. É um verdadeiro bônus.
Incompetência é igualmente charmosa. Um
ladrão que faz confusão em todos os trabalhos,
derruba espinhos nos próprios pés, destrói
artefatos inestimáveis e escapa apenas com
uma toalha de banho e alguns adoráveis sabo-
netes perfumados. Se tem uma função, é fazer
os PJs se sentirem melhores sobre si mesmos.
Competência pode ser expressa em ação, ou
palavras de conselho, ou memória: “Lembra
quando derrubei um vaso por acidente…?”
Amabilidade
Ah, essa aqui – parece meio redundante.
Como fazer um PdM amável – faça-os ter uma
boa amabilidade. Infelizmente, não é tão fácil.
Sim, gostaremos deles, mas os outros dois
fatores determinarão quanto gostaremos deles
a longo prazo. Amabilidade é específica para a
cultura, e você e seu grupo saberão o que é ou
não um atributo amável. Eles falam muito ou
muito pouco? Eles cantarolam? Compartilham
maçãs e sorrisos? Acariciam filhotes e ajudam
velhinhas a atravesssarem a rua? São
genuínos? Gostam sinceramente de ajudar?
Alguém que não faz isso, que é grosso, mau e
egoísta, provavelmente não será amável…
exceto que frequentemente gostamos desses
tipos rudes e grossos. O motivo é que eles
geralmente tem os outros dois atributos à mão.
Então, um PdM que xinga os PJs, os chama de
inúteis, mas ainda assim conserta suas arma-
duras e inclui um porta cigarros sem que
precisem pedir provavelmente será amável.
Tendemos a fazer vista grossa para a rudeza
ou a falta de personalidade e focar nos outros
atributos.Dr. House , do showHouse M.D é
assim. Ele não é amável. Exceto que ele é,
porque ele é competente e toma iniciativa.
118
PdMs
Proatividade
Literalmente, quanto um personagem está
disposto a fazer as coisas. Como humanos,
passamos por períodos de proatividade intensa
e então caímos em um marasmo em que fazer
café é muito difícil, então colocamos em uma
cápsula e deixamos uma máquina horrível
moê-lo. Porém, PdMs precisam exagerar isso,
para que seja um pouco mais aparente, notório.
Isso ajuda os PJs a identificarem rapidamente
onde esses PdMs estão na escala de proativida-
de e utilizá-los como for preciso.
Um PdM proativo é alguém disposto a fazer as
coisas acontecerem. Um Guia ou Mentor
proativo é aquele que corre para o fronte e late
animado até os PJs o seguirem. Um Apoiador
proativo pode cozinhar o café da manhã para
os PJs, em antecipação a uma missão fabulosa
no dia.
PdMs inativos são vagarosos, entediados, os
preguiçosos e demorados. Como ajudam o
grupo? Lembrando-os que, de tempos em
tempos, é bom reduzir a marcha e checar o
estoque. PdMs inativos ainda podem ser
amáveis – pense em um amigo que não faz
muita coisa mas é engraçado, espirituoso e
muito esperto. Ainda gostamos deles, mesmo
que não façam muita coisa.
Isso significa que PdMs Narrativos estão lá
para você controlar o passo das decisões dos
PJs, seja acelerando – como s PdMs guiando e
ajudando, removendo problemas mundanos e
resolvendo questões chatas que atrasariam a
aventura - ou refreando – sendo raptados,
abduzidos, atacados ou esquecendo de algo.
Eles são, no final, apenas humanos. Exceto se
forem anões. Bem, você entendeu.
Assim, temos três atributos que podem
contribuir para gostarmos ou não de um PdM.
Um PdM incompetente, amável e proativo é
alguém que quer fazer as coisas acontecerem,
mas simplesmente não dá uma dentro. Wylie
Coyote é esse cara. Nunca se rende, nunca diz
nunca, sempre otimista, nunca bem sucedido.
Um PdM competente, insuportável e proativo,
como o Professor Snape deHarry Potter , é um
exemplo de alguém não podemos evitar amar.
Um PdM compente e amável, mas inerte, é o
típico elenco de PdMs figurantes que povoam
o mundo. Eles fazem o necessário e nada mais.
Ou seja, apenas o suficiente para cumprir
ordens. Estes são personagens úteis para o
plano de fundo. O amigo de bar que sempre
tem uma piada pronta, sabe o que faz, mas
nunca sairá do bar… é esse tipo de PdM.
Quando dois ou três componentes estão
faltando, geralmente não gostamos do PdM –
embora os PJs possam ainda usá-lo de tempos
em tempos. PdMs competentes mas insuportá-
veis e inertes – bibliotecários me vem à mente,
por algum motivo – são aqueles que terão
muito pouca interação com os PJs, porque os
PJs só os utilizarão para resolver problemas
técnicos.
Indivíduos amáveis, incompetentes e inertes
são também tratados como uma parada no
caminho para algo mais interessante. Esse
realmente é o parceiro inútil que pode fazer os
PJs sorrirem vez ou outra, mas nada mais. Isso
não é uma coisa ruim, é só... uma coisa.
Pessoas incompetentes e insuportáveis, mas
proativas, como Mr. Bean do show de TV e
dos filmes, estão lá para correr em direção
aos canhões e serem explodidos em milhões
de pedaços. Querem fazer coisas mas só não
conseguem, e não ligamos para eles realmente.
Sem nenhum dos três, ninguém liga pro PdM.
Tenha os três, e em teoria você terá um PJ.
Mas cuidado com os PdMs que podem fazer
tudo. Levanta a pergunta de: “bem, por que
eles não estão salvando o mundo em vez dos
PJs?” Se o Mentor for um guerreiro melhor,
proativo e carismático, por que em nome de
tudo que é sagrado, não é ele O Escolhido?
Se os PJs cruzarem com essas pessoas com
muita frequência no seu mundo, eles
começam a se perguntar por que sequer estão
lá. Eu sou um grande crente de tornar os PJs
os heróis do meu mundo, que no fim serão os
seres mais bem sucedidos do planeta. Não os
sobrepuje com PdMs melhores. Em especial,
porque torna sua ferramenta imaginária para
ajudar no enredo melhor do que a persona
imaginária inteira de alguém.
PdMs Narrativos Parte 2
É um pouco mais complexo que seu PdM
Descartável. O PdM Narrativo realmente tem
tudo que um PdM precisa antes de você
começar a usá-los. Como cangalheiros, PdMs
criam suas próprias personalidades com o
tempo quanto mais você os usa. Para isso,
deixo meus PdMs Narrativos evoluírem e
crescerem. Suas funções continuam as
mesmas, mas geralmente eu vejo como
mudam. É divertido.
Nome, Trabalho, Meta e Uso são os mesmos
de antes. O que muda é seu papel – são
Guias, Desenvolvedores, Mentores, Longo-
Prazos ou Apoios? Basta marcar. Tenho à
mão só para ajustar a informação que passo
de maneira significativa. Se for o Mentor,
não prescreverão um caminho para os PJs
seguirem, apenas como decidir o rumo a
seguir, por exemplo. Nossos espaços de
amabilidade são os próximos. Você pode
inventar maneiras de rastreá-los se quiser –
pontuações de 1 a 10 às vezes funcionam.
119
PdMs
120
PdMs
Você também precisa listar as habilidades deles nessas áreas; um ferreiro competente, um
espião, um alfaiate, um piloto, etc. O que os torna amáveis? São abertos, amigáveis, apoiadores,
generosos, gentis, compassivos, etc? E com o que são proativos? Eles preparam coisas? Eles
arrumam tudo depois? Antecipam necessidades? Sugerem soluções? Vai de você.

“O que os torna maneiros” é bem autoevidente. Nem todos os PdMs Narrativos precisam ser
descolados, tanto quanto nem todos precisam ser amáveis também. Mas os PdMs chave, estes
devem ser descolados. E descolado pode ser um estado de espírito, como fazem as coisas, talvez
sua competência. O que os diferencia do resto? Trejeitos que você conheça, embora sejam
especificamente os pequenos trejeitos do PdM que realmente fazem a diferença.

Desejo e Medo são os próximos, e eles só fazem os PdMs parecerem reais e concretos. Algo para
usar em conversas e tramar aventuras onde este PdM for levado pelo Nêmese.

Sementes – este deveria ser um documento em desenvolvimento e deve crescer conforme os

PdMs vomitam informações, ou melhor, você joga informações nos PJs. Mantenha notas!

A segunda metade da folha é exatamente a mesma dos Nêmeses, Vilões e Capangas, então não
vou entediá-los com repetições. Claro, você está tentando fazer PdMs (suportes e fãs do seu
grupo) divertidos e atrativos para os PJs querem interagir com eles. Lembre disso.

No primeiro episódio de Bacon Battalion – o grupo de aventureiros que começou minhas

gravações de sessões online – o grupo cruzou com uma mulher em uma batalha em um castelo.
Eles estavam se defendendo contra um inimigo invasor de força superior. Essa mulher era um
PdM Descartável. Quando o grupo se aproximou ela perguntou se seria "saqueada", ela
demandou saber se seria pilhada. Quando disseram que não, ela reclamou e exigiu uma boa
pilhagem. Foi um momento de humor e gravou o PdM na mente dos PJs. Mais tarde na
temporada, ela pode ser ouvida exigindo uma boa pilhagem dos guardas.

Em “As Aventuras de Windswift” eu sou cheio de opções, já que a nave dos PJs está cheia de
PdMs Narrativos. Tem a sempre eficiente Tenente Tye, que garante que as coisas aconteçam -
ela é uma PdM Desenvolvedora. Também esteve em um grande arco da história, onde sua
competência foi questionada pelos capitães, quando deixou uma espiã Greifo a bordo da nave
por acidente. Isso terá ramificações no futuro, já que agora tenho que observar o estado
emocional dela ao ter sua competência questionada. Tem Jocken Waffenstoke, o engenheiro da
nave. Ele é excepcionalmente competente e proativo, mas não amável. Ele grita e mente para o
grupo o tempo todo. Meos – o jovem que salvaram – está se tornando competente, é amável em
seu entusiasmo e fascínio, e é razoavelmente proativo. Mas ele tem 14 e é apenas um Apoio.

Por outro lado tem o Archon, que está do lado do grupo mas não parece estar. Por quê? Porque
ele não parece competente, é meio insuportável e pode ou não ser proativo – o juri está votando
nisso. Assim, o grupo não dá a mínima para ele e de fato pode se virar contra ele em breve.

121
PdMs
Se o reflexo de Aric na taça de vinho tinto
não tivesse revelado sua presença, ele teria
nocauteado o Duque...

Diálogo de PdM
Eu não vou entrar em muitos detalhes aqui
porque já mencionei ao longo do capítulo.
Diálogo não deveria ser muito difícil de gerar
na hora para você agora. Por quê? Bem, o que
constitui diálogo? O que te faz dizer coisas na
vida real? Perguntas alheias, se você for do
tipo quieto. Toda e qualquer coisa que passar
pela sua mente, se for como eu. Então como
fazer isso para o PdM? Bem, isso é o que os
seus PdMs tem na cabeça deles:
Informação da Trama Mestra
Informação da Aventura
Informação do Trabalho Deles
Informação da Meta Deles
Informação dos Seus Medos/Desejos
As Sementes
Seus 3 Atributos
Tema
Expectativa
Cor
Conhecimento Local
Sexo
Quer dizer, isso é mais do que passa pela
cabeça do humano padrão. Em resumo,
porque acho que leu bastante a esse ponto:
Informação da Trama Mestra
Isso é uma questão de “sim ou não” para
começar. Os PJs precisam de mais informação
sobre a Trama Mestra? Sim ou não? Se não,
então pule essa parte. Se sim, pense no que
esse PdM pode contar do que precisa ser dito.
É o local do templo?
“Eu não iria para o norte agora, luzes
estranhas tem brilhado por lá. Luzes negras,
senhores. Nada de bom virá disso.”
Ou talvez os PJs precisem de corda para
cruzar um penhasco e não tem nenhuma.
“Não suponho que carregue corda consigo,
madame? É que a vila está sem nenhuma
corda pelo fato de estar um pouco amarrada
em outros assuntos no momento.”
Sério, a mente pode ir para qualquer lugar ao
incluir informações sobre a Trama Mestra.
Informação da Aventura
De novo, uma pergunta de “sim ou não”. Os
PJs precisam de mais informação? Sim ou não?
Se sim, dê a eles. Faça-os trabalhar por ela –
PdMs podem ser relutantes, pedir dinheiro,
podem ser defensivos, abertos ou amigáveis.
Informação do Trabalho Deles
Você sabe isso. A maioria das pessoas reclama
de seus empregos, e PdMs são a maioria das
pessoas. Ou talvez eles queiram mais negócios
dos PJs. Eles querem vender algo, se o
trabalho deles for de vendas. Essa deveria ser
a sua linha de abertura nos diálogos. Por quê?
Porque não tenho problema em falar do meu
trabalho para estranhos. Minha vida sexual
pessoal – nem tanto. Bem, isso também não é
verdade, mas eu sou um bichinho estranho. O
ponto é, esse é um ótimo ponto de partida.
Informação da Meta Deles
Você também deveria ter uma ideia da meta
deles. Isso eles podem confidenciar aos PJs
secretamente, ou abertamente, ou com pesar
se acharem que não vai acontecer. Isso dá
profundidade ao PdM e faz parecer que ele
seguirá em frente quando os PJs saírem da
vila. Essa é a ilusão que você quer criar,
mesmo que não seja o caso em absoluto.
Para PdMs Narrativos, temos tudo o que tem
aí em cima e um pouco mais! Que maravilha?
Uma nota, tente evitar diálogos entre PdMs.
Pode ficar confuso se você não for muito bom
com sotaques ou uma boa performance.
123
Diálogo
Informação de Seus Medos/Desejos
Estes devem ser momentos de extrema
comunicação interpessoal entre PJs e PdMs.
Isso eleva o PdM de Descartável para algo
além, algo um pouco real. Sempre um ótimo
jeito de encorajar a interpretação. PdMs
compartilhando com sorte encorajam PJs a
compartilhar também. “Compartilhe neste
ciclo de confiança, não será julgado.”
Seus 3 Atributos
Discutimos isso à exaustão. Se for amável,
lance uma piada, uma frase esperta ou uma
palavra amiga. Que tal até um elogio? Se for
competente, deixe-o entrar em detalhe sobre
seu campo de competência. Se for proativo,
deixe-o trazer soluções para problemas, ideias,
dicas e sugestões.
Sementes
É aqui que você exercita sua criatividade.
Lance uma história do passado do PdM. Pode
não ter nada a ver com a aventura atual. Pode
literalmente ser uma história de "uma vez no
retiro da igreja". Só anote alguns dos nomes e
eventos que mencionar. É um parquinho de
Semear, fique à vontade.
Tema
Qual o tema da sua Trama Mestre? Bem, você
pode mencionar como diálogo de PdMs. Você
precisa ser um pouco sutil. Descobri que
contos de fadas de dentro do cenário do
mundo ajudam com isso. Ou contos de bardos
em tavernas. Realmente não tem limite.
Expectativa
O que esperamos do PdM? Se o PdM for um
grande e corpulento alienígena de seis braços
que arranca a cabeça das pessoas, esperamos
pouco diálogo, mas - talez porque eu assisti
“Guardiões da Galáxia” - esse brutamontes
gigante pode ter um coração mole ou um
hobby bizarro.
124
Diálogo
Cor
Diferente de Sementes, essa é só enfeite. Fale
sobre o clima, a floresta no outono, a situação
política atual em uma terra distante.
Conhecimento Local
Tem um pouquinho de informação inútil sobre
a área local? Faça um PdM jogá-la na conversa.
Essa ponte foi construída durante o reinado da
velho Mueen, o Louco. Não tão louco se me
perguntar. Lance umas informações úteis que
permitam ao seu mundo respirar um pouco.
Exponha um pouco do cenário do seu mundo.
Sexo
Dependendo dos seus PJs, a faixa etária do seu
jogo e quão confortável você esteja, sexo é uma
das questões mais frequentes na mente das
pessoas. Por que PdMs seriam diferentes? O
PdM da mulher bárbara que viaja com o grupo
pode às vezes rosnar para um servo de
passagem e declarar suas paixões. Esses são
momentos que definem o PdM como sendo
rude, truculento, um dos "caras", civilizado,
decente ou neutro.
Trazendo Diálogos à Vida
Essa é a única parte que eu acho em que você
precisa achar seu próprio método, porque
esses são basicamente atributos sociais e
pessoais que você, como ser humano, precisa
ter na vida real. Não se rola dados para
conseguir fazer conversa fiada. Tenho certeza
de que existem diversos livros disso, e cartas
de deixas para si mesmo é um método que eu
conheço. Para mim, se você seguir os passos
acima, suas cartas já estão prontas.
Como você traz isso à vida no seu jogo é difícil
descrever. Para mim, como Mestre, imagino o
personagem – deixo minha mente passar por
milhares de imagens e rostos de pessoas que já
vi. E escolho uma.
Eu jogo uma personalidade no meio – só uma
forma geral de encarar a vida. Elas podem ser
felizes ou tristes, neutras, entediadas, interes-
sadas. Então me lembro do papel do PdM –
Descartável ou Narrativo. Daí eu aplico todas
as deixas de diálogo – oferecendo um pouco
de graça no diálogo e esperando que os PJs
perguntem. Talvez o PdM faça perguntas de
volta, dependendo do papel deles e como
preciso que os PJs reajam. Lembre que um dos
usos de um PdM é dar informação ou orientar
os PJs. Então, se preciso orientá-los, mantenho
isso em mente.
Também tento lembrar a aparênia dos PJs.
Aqui é onde posso encontrar estereótipos no
meu cenário. Acho muito mais fácil fazer isso
quando meus PJs tem retratos que posso ver.
Esqueço de incluir coisas? Sim. Uso todos os
itens nesse livro? Não. Não preciso. O mundo
está cheio de PdMs. Esqueço de mencionar a
recompensa pelas cabeças dos PJs? Próximo
PdM, próximo diálogo, novas oportunidades.
Ainda esqueço? Coloque um poster na parede
assim que eles saem do porto espacial. Você
tem um universo inteiro para usar, não se
prenda a buscar o momento perfeito.
Use sua voz; para mim, se trata de mim
fingindo ser alguém que não sou, sem me
importar com o que os outros vão pensar. Fui
acusado de ser um ator ruim, um ator terrível,
vergonhoso, sem sal. Não uma vez, mas várias
e não no passado. Olhe meus vídeos no
YouTube – tem pessoas regulares que acham
minha "performance" como Mestre risível,
insana, estúpida ou infantil. Bom para eles. Eu
tenho vários jogadores que discordam e que
amam isso, e gostam tanto das minhas
esquisitices quanto eu. O ponto é fazer o que
te faz feliz, o que ajuda a dar vida ao PdM e
que mantém seus jogadores querendo mais.
Tem muitas formas de trazer à tona a voz –
pode ser na forma de notas copiosas, cartões
de referência, ou só fingir ser alguém que não
é. Você precisa encontrar um sistema que
funcione. O que você definitivamente precisa
fazer, no entanto, é fixar a informação que o
PdM tem à disposição de maneira lógica.
Diálogos são um ato de malabarismo com
informações, coisas aleatórias, dizer palavras
que tragam algumas expectativas, e então
ajeitar com o tempo.
Na Segunda Temporada de “As Aventuras
de Windswift”, o grupo conheceu um
mercador do deserto. O homem venderia
a própria mãe por algumas moedas se
pudesse. Ele tinha uma meta: vender suas
tralhas para o grupo. Canalizei meu vendedor
de roupas interior. O grupo não se interessou.
Eu decidi que a meta desse homem era
vender algo. Se o grupo não comprasse, e aí?
O uso dele na aventura era dar informação e
ajudar o grupo a avançar, sair do deserto
e seguir com a aventura. Ele não podia só
ir embora. Precisava de outra abordagem.
Outra coisa para vender.
Ele ponderou (eu ponderei) que o grupo poderia
precisar de informação e apoio. Ele também
ponderou que o grupo poderia abrir um
mundo de comércio para ele. Então ele ajudou.
Eles usaram seu barco-de-areia, misturaram-no
com Darahags sanguinários, e eventualmente
politicamente conectado com a líder
dos Darahags de forma bem íntima. No
fim ele conseguiu seu acordo comercial, o
grupo teve o que queria e saíram do deserto.
Retornando ao propósito do PdM, ao tema, e
olhando a meta do PdM, pude fazê-lo soar
crível e responder de maneira apropriada.
Aposto que se o grupo algum dia voltar ao
deserto, ele será o primeiro que eles procurarão.
125
Diálogo
O tiro errou os pontos vitais, mas pelo
menos acionou o alarme de incêndio...
 Não consigo entender. Enfim, achei um jeito
Começando de passar por cima dessa obstáculo. Mas é
algo de que você precisa estar ciente – como
Por que isso veio por último? Porque você uni-los e depois mantê-los unidos.
precisa saber todo o resto antes! Esse é a hora
que você temeu a semana toda – começar sua Entretanto, uma vez que tenha decidido sua
campanha. É um momento de ou-vai-ou-racha. Trama Mestra, você sabe ao menos para onde
está indo. Você tem várias aventuras
Quando você lança a campanha, se tiver uma introdutórias à disposição para começar seu
Sessão Zero como é tantas vezes aconselhado jogo. Mas como escolher uma? Como
por Mestres mundo afora, você tem uma desenvolver essa aventura para deixar os
chance de testar sua campanha um pouco. jogadores sem fôlego?
Nelas seu tema pode ser testado. Se não tiver e
só mergulhar de cabeça, saiba que os jogadores
estão igualmente nervosos. Eles estão vendo se Começando pelo começo
esse é realmente o PJ que querem usar. "Esse é
o papel que eu quero?" Se você tiver ótimos Aqui estão alguns jeitos pelos quais eu
jogadores, eles estão tentando encontrar a voz e comecei campanhas com grande sucesso:
a atitude do PJ. E se preocupam que a voz esteja
errada ou a atitude seja abrasiva. Sequência de Batalha Gigantesca
Comece com um combate massivo. Não uma
Você está preocupado que eles não gostem da briga de bar. Guarde isso para depois. Mas
campanha ou não entrem nela. Você pode, algo realmente espetacular. Precisa encaixar no
claro, ter perguntado de antemão aos jogadores seu tema, mas não na Trama Mestra, a não ser
qual tipo de jogo, cenário, tom, etc. eles querem que faça sentido. Os PJs estão numa pequena
e eles respondem “um pouco de tudo”. Então algazarra quando o jogo começa, inimigos por
meu conselho é começar grande. Eu talvez já todos os lados. Eles são forçados a trabalhar
tenha mencionado isso, mas sou acusado de juntos para sobreviver. Se eles tentarem se
sempre fazer jogos épicos. Nunca histórias separar, coloque um grupo de brutamontes
íntimas menores. De fato, e com orgulho. Sim, bloqueando o caminho.
esse sou eu! Meu estilo é épico. Não posso Eles precisam descobrir durante o
evitar. Gosto que meus jogadores sejam heróis. combate quem está causando essa batalha
massiva, e precisam encontrar uma forma de
O outro desafio é unir o grupo. Isso geralmente impedi-los. Ou ao menos causar trauma
é um desastre completo, especialmente se você significativo para forçar uma retirada das
tiver jogadores focados demais em interpretar tropas.
o otário que eles criaram, em vez de trabalhar
em grupo – que eles são, como jogadores, então Gosto desse tipo de abertura porque força o
por que se fazer de difícil com seus PJs? trabalho em equipe. Não tem chance dos PJs
não trabalharem juntos, e isso os coloca em
uma situação difícil, entra com uma série de
perguntas – quem está atacando, por que, o
que querem, como paramos isso, vamos
sobreviver, onde estamos, por que estamos
aqui, etc? Estabeleça alguns elementos chave e
dê a impressão de que o mundo estava aqui
muito antes do jogo. 127
Começando
Histórico Comum
Um grande método para fãs de interpretação é o histórico comum. É uma abordagem muito
mais integrada à criação de personagem e envolvimento na história. Você tem que fazer parte
do processo de criação de personagem com os jogadores. Em outros jogos, você deixa os
jogadores terem uma relativa liberdade para escrever as biografias. Nesse método, você os força
– sim, força – a escrever um grupo de pessoas que se conheçam ou trabalhem juntos.

Carrilhar os históricos para encaixar não é tão ruim quanto parece, especialmente se seu jogo for
focado em missões – como um cenário de nave espacial ou moderno, onde os PJs trabalham
juntos no dia a dia. Faz sentido que conheçam uns aos outros. Incluí aqui duas tabelas aqui que
podem ajudar om o processo criativo e fazer suas relações parecerem menos um carrilhamento.

A Coluna A é para jogadores que ficam desconfortáveis com relações mais íntimas ou
cheias de interpretação. A Coluna B lista relações um pouco mais complexas que podem levar a
situações de interpretação interessantes. Enquanto a Coluna C é para jogadores avançados que
adoram testar seus limites. Interprete as relações como achar melhor.

128
Começando
Comece pelo jogador à sua esquerda. Quem
estiver à esquerda dele será seu par. Ambos
devem concordar com qual coluna rolar para
a tabela de Criação de Relações, depois de
decidir até onde querem levar sua experiência
de interpretação. O primeiro jogador rola um
dado de dez lados. Essa é a relação de seu PJ
ao outro PJ do par.

Então, faça-os rolar um lado de doze lados e

consultar a tabela Atitude para determinar
como seus PJs se sentem sobre aquela pessoa.
Os PJs serem Irmãos de Guerra lhes dá um
histórico comum, contudo, eles podem não se
bicar, ou podem ter um profundo respeito
mútuo. Continue a percorrer a sala até cada
jogador ter uma relação e uma conexão
emocional com os demais PJs do grupo. Os
resultados são geralmente interessantes. Você
pode, claro, desenvolver suas próprias tabelas
e gráficos, essas são só exemplos de como
torná-las interessantes.

Outra variante é um PJ agir como um pivô - e

só rolar conexões entre esse PJ e os demais,
não entre todos os PJs. Gandalf de Senhor dos
Anéis era um personagem assim - Ele tinha
conexões com todos, mas nem todos tinham
conexões com os demais.

Esse método pode ser lento, mas a primeira

aventura pode agora ser o que você quiser. O
time está estabelecido e pronto para partir. O
grupo também tem razões para ficar junto.
Meu conselho nesse caso é sua primeira
aventura se conectar à Trama Mestra.

O outro benefício, claro, é que você pode

personalizar a Trama Mestra para o grupo
com muito mais facilidade. O grupo é
adaptado para o seu jogo, então faz sentido.

129
Começando
Taverna Embaraçosa
Você começa em uma taverna e deixa os PJs
descobrirem o que fazer. Evite. Bons jogadores
procurarão pela trama. Eles conversarão com
todo mundo e lerão cada poster na parede em
uma tentativa desesperada de encontrar o
começo do jogo. Isso os força a pensar fora do
jogo enquanto tentam te ajudar a começar sua
campanha. Jogadores ruins irão beber uma
cerveja e sair. Onde isso te leva? A uma
abertura sem sal que ninguém vai lembrar.
Deixa um tom de “essa campanha vai exigir
muito trabalho fora do jogo, porque eu, como
Mestre, não o fiz.”
Problema Comum
Aqui está. O Problema Comum é uma
situação em que os PJs começam e tem que se
ajudar para sair e sobreviver. Pode ser uma
taverna ou uma hospedaria. Pode ser uma
briga de bar. Pode ser um louco desvairado
que faz a taverna de refém. Mas você começa
com isso. Abre com isso. Não com quatro
horas de pratos típicos do lugar. Pule para as
facas sendo sacadas, as explosões, a briga.
PJs podem estar em uma taverna, em uma
prisão, em um navio afundando, no espaço
sem oxigênio. Isso os coloca em uma posição
difícil – como o combate gigantesco – mas
diferente da abertura de combate gigantesco,
esse é um cenário de interpretação e solução
de problemas. Dependendo dos seus PJs, você
pode escolher o mais apropriado.
Jogo Pré-Jogo
Às vezes chamado de Sessão Zero, esse é o
jogo que rola e permite que todos explorem
seus PJs. Não tem pressão, nenhum senso de
campanha, só uma aventurazinha divertida
envolvendo um combate, um pouco de
interpretação, um enigma e talvez um
segundo combate.
130
Começando
O que isso faz é permitir uma amizade natural
surgir entre os PJs. Isso coloca os PJs no espaço
uns dos outros. Permite que os jogadores vejam
como seus PJs funcionam, e deixa todos confor-
táveis com o mundo. Permite que você relaxe.
A próxima sessão é a primeira aventura, que
pode ser baseada na trama ou não, mas não
tem pressão e todos podem se encaixar no jogo.
O Prólogo – A Sequência de Corte
Antes de começarmos – use com moderação.
Pode ser incrivelmente divertido e dar a
impressão de que você é um Mestre no limite.
Pode ficar cansativo fácil e resultar em
metajogo se seus jogadores não estiverem
acostumados a separar o que eles sabem do que
os PJs sabem. O que isso é, agora que você já foi
avisado, é: você dá aos jogadores personagens
diferentes na primeira sessão. Eles aparecem
com seus PJs prontos e você lhes entrega novos.
Esses são subalternos envolvidos em uma ação
em nome da Trama Mestra - buscando algo,
talvez, ou mantendo algo que foi adquirido.
Você intencionalmente prepara a aventura para
falhar. Os PJs vão morrer no final. Eles nem
precisam ter sucesso. É só um jeito diferente de
abrir o jogo. Mas o que eles estão tentando
fazer deveria estar claro de partida: levar a
princesa para a torre negra, derrotar o dragão
nos esgotos. A missão deveria ser divertida.
Cumpre a função de informar aos jogadores o
que se passa em algum lugar, e então quando
os PJs reais deles cruzarem – na Sessão Dois –
com a mesma carroça arruinada que na Sessão
Um eles acidentalmente destruíram como
subalternos incompetentes, eles irão sorrir e ter
uma ideia do que está por vir.
Claro, faça questão de mudar um pouco –
desenolva a trama de onde os jogadores
deixaram. Se os subalternos tinham que levar
a princesa à torre negra, e pelas estranhezas
da aventura ela escapou para os bosques, a
Sessão Dois deveria começar com a princesa
trombando com os PJs reais dos jogadores.
O Presságio – Um Futuro que Está Por Vir
Michael Kesevan me deu essa e eu a adoro.
Grande aviso – ela gera uma porção de
paradoxos de metajogo, então só use com
jogadores hábeis que sabem separar conheci-
mento de jogador e de personagem e querem
fazer a história funcionar!
O que você faz é começar o jogo do meio da
aventura. Os PJs estão fazendo algo perigoso.
Você joga as cenas até chegar em um momen-
to de suspense. Então volta 10 dias antes…
...E começa a aventura de novo, só que 10 dias
mais cedo. É incrivelmente fresco e meio como
o Prólogo, mas ao mesmo tempo diferente. É
arriscado, como disse – precisa de jogadores
que percebam o que você está fazendo e sigam
junto. Pelo que precisa acontecer agora,
conforme a aventura se desenrola, os jogado-
res estão cientes de como a sessão começou e
precisam levar seus PJs de volta para aquela
situação. Também precisam garantir que não
se planejem para eventos que eles sabem que
estão por vir – porque já passaram por eles na
abertura do jogo. Problemas de toda viagem
no tempo, você precisa ser cuidadoso. Isso é
Semear ao contrário.
Adorei. Por sorte, éramos um ótimo grupo de
jogadores que aceitaram e garantiram que os
PJs escolhessem os caminhos certos para nos
levar ao começo do Presságio, antes de
voltarmos do passado para o presente. Pegou?
Se você assistir ao Primeiro Episódio de
“Bacon Battalion” Temporada Um, verá que
comecei com uma batalha massiva. Tinha aca-
bado de terminar o vídeo sobre evitar tavernas
como ponto de partida – então intencional-
mente comecei o grupo em uma taverna e
quase imediatamente a explodi. Nas "Aventu-
ras de Windswift", nossa abertura é uma
batalha falsa que dá uma guinada para o pior
quando uma das naves repentina e dramatica-
mente explode. Isso joga o grupo em uma
posição de ter que trabalhar em grupo.
Quando introduzi os novos jogadores da
Temporada Quatro, os fiz se infiltrarem em
uma caverna e desobrir um dragão, que os
devorou prontamente. Quando o jogo continua
e o tempo foi corrigido, o grupo não se lembra
de ter sido devorado por um dragão, mas os
jogadores sim, e isso forjou um histórico
comum – mesmo se for a nível de metajogo.
Em meu jogo mano-a-mano, os PJs tinham que
meramente pegar uma caixa de uma carroça...
uma carroça de um super assassino que acaba
usando os PJs como meio de entregar um cor-
po ao cabeça da igreja, e então é assassinado.
Foi puramente um jogo mental – muito pouco
combate ocorreu, e os PJs nunca nem encontra-
ram o assassino. Subsequentemente se tornou
um dos objetivos dos PJs caçar esse assassino –
uma aventura emergente se já houve alguma.
131
Começando
Não era a última tentativa de assassinato
na vida da Imperatriz, mas era dele...

Finalizando
Você começou sua campanha com pernas
tremendo, jogou seu coração na mesa como
PdM Narrativo que morreu pelo grupo, e
agora tudo que resta é a última aventura de
sua Trama Mestra. Um, dois ou mais anos se
passaram. É isso. Estrague isso e se sentirá
miserável. Sem pressão. Então como assegurar
que nossa aventura final seja incrível? Usamos
os 5 C’s.
Fator baCana
Agora é hora de trazer os locais mais loucos. A
geografia deve ser legal, o clima deve ser espe-
tacular, o ambiente deve estar carregado. O
confronto final precisa ser um confronto do
mundo todo. Nesse livro fizemos referência a
lava, vulcões, fortalezas massivas, nebulosas
espaciais, portos estelares e não sei o que mais.
O fim deve contar com tudo isso. Uma
fortaleza espacial massiva em uma nebulosa
com uma estrela prestes a ter uma Supernova e
explodir gás super-quente para todo lado. E os
PJs estão no meio disso.
Não se poupe aqui. Pense no que é descolado –
então acrescente algo. Minimalismo não é
legal. É intelectualmente apelativo. Fogos de
artifício são legais – me poupe dos silenciosos.
Caos e Calmaria
Batalhas gigantescas, explosões titânicas, e um
furacão de fúria, todos cercam um núcleo de
calmaria. Nessa calma – os PJs e o Nêmese. Os
PJs enfrentaram o caos. Ele ainda existe ao seu
redor, mas não no centro. No centro está o
Nêmese. Misturar momentos de calma ao caos
é realmente incrível. Os PdMs que ajudaram os
PJs devem estar envolvidos no caos. Suas
mortes acontecem na calma. Um momento de
quieta reflexão: “tivemos bons momentos…
arrggh.” Amamos pontuar carnificinas.
Contingência
Dividir o grupo em grupos menores e dar a
cada célula uma função vital que deve ser
cumprida para atingir o final. Só ter um grupo
de PJs espanar o Nêmese é meio sem sal. Seria
só uma festa de rolar dado. Dando aos PJs
objetivos múltiplos que, quando resolvidos,
levam a objetivos mais críticos constrói tensão
e torna cada desfecho um fio de navalha.
Consequências Catastróficas
Falha aqui não significa que o grupo se reúne
e tenta de novo semana que vem. É isso. Se o
Nêmese vencer, o jogo acaba, role novos PJs.
Esse deveria ser o risco. Qualquer coisa menos
e você não vai vender sua campanha, os
jogadores não vão dar tudo de si. Deixe claro
que é um desfecho tudo ou nada.
Clímax
Pode soar estranho, mas é o fim de sua
campanha, deveria ser o clímax. Mas como? O
clímax se refere a amarrar as pontas soltas da
trama, Sementes e histórias paralelas. Você
precisa ligá-las no grand finale. Deixe uma de
fora, uma que os jogadores tenham se
interessado mas não tiveram tempo de
perseguir. Essa fica para a próxima campanha.
Mas, ao todo, você quer encerrar tudo. Agora é
a hora.
Conclusão
Sem "Fugas Furtivas do Nêmese", sem falsas
conclusões. Termine. O momento importante é
saber quando acabou. Jogadores podem
querer continuar, encerrar ou seguir uma
subtrama que, sejamos honestos, era uma
Semente que você esqueceu há tempos. Não se
deixe tentar por eles. Vai parecer vazio em
comparação com seu momento climático, e a
última impressão da campanha geralmente é a
que os jogadores lembram mais.
133
Finalizando
Todos Juntos Agora
Agora tudo que precisa fazer é perceber que
tudo isso tem que estar presentes na sua
última aventura. E lembre-se, a última
aventura não significa que precise ser uma
aventura só. Pode ser algumas – amarrando
várias pontas soltas, resolvendo vários
problemas, concluindo tudo. Séries de TV são
geralmente julgadas pela última temporada,
porque é nela que eles juntam todas as pontas
soltas.
Use tudo isso e sua conclusão será ótima, a
menos que seu Nêmese seja poderoso demais
e o grupo todo morra. Eu não investi dois
anos da minha vida para o grupo morrer
agora. E desgosto bastante de quem deixa os
PJs morrerem tão fácil – é parte do jogo, eles
dizem. Por que então eu investi tanto tempo
no jogo? Por que me preocupei em criar um
histórico, ou um arco emocional para o PJ?
Me fale isso antes de começarmos, e que o
jogo é só uma teia de aventuras aleatórias até
os PJs morrerem, então começamos de novo.
Aí posso pular na mesa e inventar as coisas na
hora, já que elas não têm o menor valor.
Para mim - morte de PJs - é o mesmo que
jogadores pararem de jogar no meio da
campanha, porque eles simplesmente rolaram
um dado que dizia: Jogue ou mude de jogo. É
a coisa mais insultante que posso imaginar
para um Mestre; destruir tudo que foi
construído por conta de uma rolagem de
dado. Pessoas como essas provavelmente
usam dados translúcidos, ou dados especiais
com tantos enfeites que você nem consegue
dizer qual número saiu. Não seja uma dessas
pessoas...
Fim da reclamação.
134
Finalizando
Comentários Pós-Jogo
Então sua campanha acabou de acabar, e
todos parecem sorridentes. Hora de perguntar:
O que os jogadores gostaram na
campanha?
Quais foram seus momentos favoritos?
Teve algo que eles não gostaram?
Qual a próxima?
Sinto que essas quatro perguntas dão
orientação para progredir, mas também
permitem diálogo aberto; a pressão saiu e
sem mortes de PJ à vista - fim de jogo.
Ouça como os jogadores falam do que
gostaram. Se foi das sequências de
combate, do sabor, ou dos PdMs, o que
for, significa que deixou uma impressão
neles. Não significa que seus outros
esforços foram à toa! Só que tal PJ
gostou de tal aspecto. Se todos
derem as mesmas respostas, então você
sabe que a área é seu forte. Você pode
então perguntar sobre áreas que pessoalmente
te preocupam, como PdMs ou a trama.
Também sugiro usar um programa de chat
para fazer as perguntas aos jogadores no
privado. Assim não tem respostas de
rebanho, só respostas individuais. A
propósito, você também deveria perguntar as
mesmas coisas a si mesmo e responder o mais
honestamente possível.
Anote as respostas de cada um e reflita
sobre o desfecho. Se quiser mesmo acurar,
olhe áreas que não foram mencionadas, e
veja se a próxima pode melhorar.
A pergunta do que vem a seguir é a única
feita para inflar seu ego. Se todos
disserem que jogam de novo, tudo certo.
Muito bem!
Se mais alguém quiser tentar, encorage, apoie e ajude. Não saia correndo achando que odiaram
seu jogo. Você fez um trabalho tão bom que inspirou outros a vestirem o manto de Mestre, e isso
é realmente incrível, já que não temos bons Mestres o suficiente mundo afora.

Se, claro, nunca te deixarem Mestrar de novo, talvez deva fazer uma introspecção. Mesmo
assim, NÃO PARE. Vá para o online e crie outro grupo. Só depois de seis campanhas encerradas
em que nenhum de seus jogadores quiser que você Mestre de novo você deve considerar
trabalhar só nas suas habilidades de criação de personagens, às vezes as pessoas simplesmente
não servem para serem Mestres, mas são ótimos jogadores. Isso é o mesmo que matar um PJ
com base em uma rolagem de dado? Espero que não, é genética, meus caros. Droga. É mesmo
um rolar de dados. Maldito sejas, universo!

E agora? Bem, ou você cria um PJ ou, essa é minha esperança e meta do meu livro, já esteja
planejando sua próxima Sentença e exatamente como vai fazer um inferno da vida dos PJs...

Quando a gangue dos Garotoz-Verdes vem

para a cidade, é sempre problema!

135
Finalizando

O World Anvil
www.Worldanvil.com é nosso aliado mais
próximo e de mais longa data. O site é um
Agregador de Cenários de Mundo e muito
mais. Trabalhamos com eles para trazer uma
ferramenta que suplemente esse livro.
Todas as tabelas nesse livro podem ser
encotradas em WorldAnvil.com. Isso quer
dizer que você pode desenvolver sua
campanha usando o livro como guia, incluir
todos os seus esquemas loucos e então
continuar a trabalhar no seu mundo e seu jogo
ativo tudo no mesmo site.
Se quiser saber mais, assista ao canal How to
be a Great GM para vídeos sobre como tudo
isso se integra, ou vá para o Worldanvil.com
ou seu espaço homônimo no YouTube para
vídeos com detalhes técnicos.
Claro, você não precisa usar o Worldanvil.com
se não quiser. Pedaços de papel aleatoriamente
jogados pela sua casa com anotações crípticas
que não tem links umas para as outras, não
levam a lugar algum e oferecem zero apoio
criativo e técnico pode ser o jeito que você
prefere, e tudo bem com isso. :p
Se, por outro lado, quiser todo o conteúdo da
sua campanha pesquisável e fácil de cruzar
referências; se quiser dar um jeito em suas
linhas do tempo, linkar seus mapas ao
planejamento da sua campanha, ou para
outros mapas; se quiser as fichas de seus PJs
bem na sua frente e suas músicas e fotos presas
à tela do seu Contador de Histórias Digital,
então talvez World Anvil seja para você.
136
World Anvil
Já explorei seus maravilhosos modelos de
construção de mundo no meu canal How to be
a Great GM . Cada um o leva a pensar em ele-
mentos do cenário do seu mundo que você
normalmente esquece. E seu sistema de refe-
rência cruzada funciona como uma tag no
Twitter, @ e depois três letras. Bingo - a Trama
Mestra tem um link para um artigo mais longo
sobre a Imperatriz Iliana, incluindo foto, músi-
cas de ambientação e mais links para cada um
dos Duques Sombrios. É simples. E deixa seu
trabalho como Mestre mais fácil.
E o recurso dos mapas é outra dádiva. Eu
mesmo ajudei com o design final dele. Você
pode colocar alfinetes (como no Google Maps),
e esses alfinetes podem linkar para textos que
você tenha escrito sobre seu mundo, tais como
descrições de suas cidades, ou outros mapas -
como mapas de masmorras. Você pode mudar
esses alfinetes de lugar também, para que
quando seu "Faz-Trama" sair correndo para o
norte você possa mover o alfinete. Ha! Agora a
masmorra também está no norte. Você
também consegue uma boa visão do seu
mapa, porque quando você clica nos alfinetes
a informação pula na tela no canto esquerdo
do visor, próximo ao mapa.
E, bem, se isso não foi o bastante, tem muito
mais recursos para D&D também. Que tal a
Tela Digital de Mestres deles? Isso te ajuda a
manter a ordem da sua Trama Mestra e das
fases da Aventura, você pode anotar o que
Semear à mão durante o jogo, anexar músicas
e imagens a ela para ter à mão e compartilhar
digitalmente com seus jogadores (ou seja, você
não precisa mandar os jogadores saírem para
comer enquanto tenta encontrar um maldito
pedaço de papel) e pode até ver as fichas dos
seus PJs - para poder julgar uma Aventura de
Última Hora e torná-la mais fácil ou mais difí-
cil, dependendo do arsenal atual deles.
Você também pode fazer com que seus jogadores escrevam diários após as sessões, o que te
dá ainda mais informação sobre as expectativas deles pela frente, e se eles pegaram as deixas
que você Semeou da Trama Mestra. E você também pode escrever seus próprios relatórios das
sessões. Isso ajudará a ter em mente o que Semeou, e como estabeleceu conexões entre
Sementes, para que quando você chegar na sessão final possa amarrar tudo de forma limpa.
Como o Mestre Épico que você é. World Anvil te ajuda a armazenar tudo, e conecta tudo. É
uma Ferramenta Épica para um Mestre Épico… que, claro, tendo lido meu livro, você agora
também é.

As anotações para a campanha estavam prontas, esse seria o melhor jogo

de Escritórios & Gerentes, 5a Edição de todos os tempos!

137
World Anvil
“Ela quer o Fuego del Diablo?”
“Não, ela tá bêbada, e estamos de saída.”

Conclusão
Deixe seu "Gostei"… perdão. Força do
hábito. Fazemos jogos por vários motivos.
Eu, para participar de histórias incríveis e
ver meus jogadores se divertindo em
passar tempo em um mundo que eu co-
criei com eles. Cada um de nós tem seus
motivos para jogar esses Jogos de Inter-
pretação. Este livro é apenas como eu
abordo um aspecto do jogo – a campanha.
Há muito mais para se ver - nuances, PJs,
cenários e coisas do tipo. Para mim, a
trama certa é essencial.
Espero que você olhe para os conselhos
neste livro e veja se são aplicáveis ao seu
jogo, a seus jogadores, seu estilo. Eu talvez
improvise demais para você. Posso ser
muito formulaico para você. Você pode
preferir sentir as batidas da sua aventura,
em vez de ter um plano 121. Isso é lindo, e
admiro quem consegue fazê-lo.
O que eu de fato espero é que as ideias
aqui presentes possam inspirar suas
próprias. O que eu digo que é preto no
branco, você pode achar que ignora os
tons de cinza. Eu o encorajo a desafiar
tudo que eu disse nesse livro. Vire de
ponta-cabeça, jogue fora, reescreva. Use
como um guia do que não fazer. Eu sou
cabeça-dura, arrogante e exigente.
Também sou dedicado a contar uma boa
história com meus jogadores, e se isso
requer que eu tenha tais atributos, que
seja.
Outros são advogados de regras, hackers
de dado ou gados de dado. Esse é o jogo
deles. E espero que em algum lugar desse
livro tenha uma dica que sirva para eles.
Todos devemos a nós mesmos encontrar
grupos compatíveis, que apreciem nossa
abordagem ao jogo e que entendam nossas
razões para jogar em primeiro lugar.
Mestrar um jogo pode parecer um desafio
impossível. Coisa demais para absorver.
Muito para se lidar. À primeira vista, sim.
Por isso dividi o livro em vários capítulos
– com sorte provando que cada passo é
bastante simples se souber que passo dar.
Tendo vários passos, de repen-te tem uma
campanha e pode mestrar.
Com tantos recursos online disponíveis,
World Anvil, Dungeon Fog e o meu
próprio, não tem desculpa para não
começar a mestrar seu próprio jogo.
Quero deixá-lo com essas palavras de des-
pedida que me foram ditas por um Mestre
na primeira convenção a que já fui como
um jovem rapaz de 14 anos – bem, dificil-
mente eu iria como uma jovem moça de 14
anos, certo?
“Você jamais deveria jogar RPG de novo,
você não sabe fazer isso direito.”
Fiquei mortificado. Isso foi dito na frente
de amigos meus, com quem eu jogava
regularmente. Todos ouviram um Mestre a
nível de convenção dizer isso. Ele não se
referia às regras. Conforme saíamos pelo
corredor, um de meus amigos sussurrou:
“Bem, espero que não ouça ele, adoro
nossos jogos caseiros.”
E não ouvi.
E meus jogadores ainda adoram.
137
Conclusão
Página de Apoiadores
Aos bravos heróis que corajosamente apoiaram este projeto

Felipe Moelin
Bárbara Campiotti
Guilherme Fernandes de Ávila
Lauder Cagni

Nossos sinceros agradecimentos!