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COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. São Paulo, Ática, 1987.

“Enfim, estamos vivendo um momento propício à volta do


maravilhoso. (...) O Realismo Mágico ou Maravilhoso é, desde os
anos 50/60 (sem falarmos nos precursores do início do século),
uma das correntes mais fecundas da nova literatura. ” p. 8-9

Contos de fadas: “seus argumentos desenvolvem-se dentro da


mágica feérica (reis, rainhas, príncipes, princesas, fadas, gênios,
bruxas, gigantes, anões, objetos mágicos, metamorfoses, tempo e
espaço fora da realidade conhecida, etc) e têm como eixo gerador
uma problemática existencial. Ou melhor, têm como núcleo
problemático a realização do herói ou da heroína (...) que, via de
regram está visceralmente ligada à união homem – mulher.” p. 13
“A efabulalação básica expressa obstáculos ou provas que
precisam ser vencidas (...) para que o herói alcance sua auto
realização existencial. ” p. 13

Contos maravilhosos: “(...) narrativas que, sem a presença de


fadas, via de regra se desenvolvem no cotidiano mágico (animais
falantes, tempo e espaço reconhecíveis ou familiares, objetos
mágicos, gênios, duendes etc.) e tem como eixo gerador uma
problemática social (ou ligada à vida prática, concreta.).
Geralmente, a miséria ou a necessidade de sobrevivência física é o
ponto de partida para as aventuras da busca. ” p.14

Origens: “Historicamente nascidos na França do século XVII, na


faustosa corte do rei Luís XIV e pela mão do erudito Charles
Perrault, a verdade os conhecidos contos clássicos infantis têm
suas origens em tempos bem mais recuados, e nasceram para falar
aos adultos. ” p. 16

Fonte mais antiga: oriental. p. 17


Sobre as fadas: “Quanto a serem de origem celta, parece não haver
mais nenhuma dúvida entre os pesquisadores. ” p. 32
“(...) se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna
dualidade da mulher ou da condição feminina”. p. 32

“A esse ideal, liga-se uma imagem poderosa: a da mulher, que


interfere na vida dos homens, com um poder entre divino e
demoníaco, e à qual se tributa um verdadeiro culto sagrado ou se
repudia. Essa mulher vulgarizou-se, em nossa civilização, como
fada ou como bruxa, povoando os contos de fadas.” p. 59
“Com o tempo, todo esse maravilhoso, que nasceu com um
profundo sentido de verdade humana, foi esvaziado de seu
verdadeiro significado e, como simples ‘envoltório’ colorido e
estranho, transformou-se nos contos maravilhosos infantis”. p. 65
Perrault: “É dentro desse contexto que Charles Perrault sente-se
atraído pelos relatos maravilhosos/exemplares, guardados pela
memória do povo, e dispõe-se a redescobri-los.” p. 66

Primeira obra: Histórias ou contos do tempo passado, com suas


moralidades – Contos da minha Mãe Gansa (1697)
Grimm: “Mais de um século separa os contos alemães dos Grimm
daqueles descobertos, na França, por Perrault. Entretanto, as
inúmeras semelhanças de motivos, episódios e personagens... que
todos eles apresentam revelam com evidência o fundo comum das
fontes orientais, célticas e europeias, de onde surgiram. ” p. 75
“Tanto em Grimm como em Perrault, predomina a atmosfera de
leveza, bom humor ou alegria, que neutraliza os dramas ou medos
existentes na raiz de todos os contos. Daí essa literatura entender-
se tão bem com o espírito das crianças.” p. 75
Conclusão: “Todo esse mundo mágico ou sobrenatural, próprio do
arcaico, expressa, no nível do sonho ou do imaginário, as lutas e
paixões que o ser humano enfrenta no mundo real, para encontrar
aí o seu lugar verdadeiro ou para alcançar sua auto-realização.” p.
79

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