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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

FILOSOFIA
FILOSOFIA POLÍTICA
PROFESSOR EMANUELE TREDANARO
Hobbes, Leviatã

Cap. XIII. Da condição natural da Humanidade relativamente sua Felicidade e Mis ria.

A natureza fez os homens iguais, porém quanto ao corpo e ao espírito, alguns homens, às vezes, são
mais fortes fisicamente e outros tem maior sabedoria; todavia eles podem desejar as mesmas coisas.

Com a capacidade de espírito sendo uma força maior, tendo a prudência como experiência na qual
todos os homens se dedicam igualmente, logo, se os homens desejarem as mesmas coisas e essas
não poderem ser usufruídas pelos mesmos, consequentemente tal fato faz com que esses homens
tornem-se inimigos uns dos outros, acarretando no extermínio uns dos outros, sem um poder capaz
de manter o respeito de um pelo outro, o que resulta em uma competição na qual um tenta se tornar
senhor do outro. Contudo, essa guerra não é considerada injusta , pois não há uma lei para as noções
de certo ou errado e, por isso, consequentemente não há injustiça.

A justiça e a injustiça, diz Hobbes, não faz parte das faculdades do corpo e do espírito, porque se
caso fosse, não haveria no homem quando este estivesse sozinho, como se seus sentidos e paixões
são qualidades que o pertecem em sociedade e não na solidão, visto que o homem de fato se
encontra na condição miserável por sua simples natureza, com a possibilidade de escapar através da
razões e das paixões. Essas paixões fazem com que o homem procure a paz pelo medo da morte, e a
razão aconselha normas de paz, no qual pode-se chegar a um comum acordo.

Cap. XlV. Da primeira e segunda Leis Naturais

A primeira lei consiste no direito de natureza e a liberdade que cada um possuí para usar em seu
próprio domínio, da maneira como quiser para sua própria preservação, determinando com seu
próprio julgamento e razão, por meio eficazes para tal fim.

Uma lei de natureza é uma regra geral a qual é definida pela razão, proibindo tudo aquilo que o
homem possa fazer para destruição de sua própria vida. O direito natural consiste em o homem
fazer ou omitir, já a lei de natureza determina que ele faça uma dessas duas coisas, sendo que a lei e
o direito são distintas no que tange a obrigação e a liberdade. Se o homem insiste em viver no
direito natural haverá para nenhum homem, por mais sábio ou forte que seja, o viver em segurança,
portanto, todo homem deve se esforçar pela paz, por todos os meios no que possa defender a nós
mesmos.

No que tange a segunda lei, considerando necessária a paz, o homem deve se submeter ao seu
direito de todas as coisas para sua própria defesa, porém se outros não se resignarem a tais direitos,
não teria razão pela qual privar a sua própria, uma vez que seria se oferecer como presa. Resignar
significa se privar de sua própria liberdade, impedir outro de se beneficiar do seu próprio direito;
renunciar e transferir para outro um direito que era dele com objetivo de se atingir atos voluntários e
um bem para si mesmo. A transferência mútua de direitos passa a ser considerada um contrato.



Caso ninguém cumpra sua parte no pacto isso o tornará nulo, porém se houver um poder acima dos
contratantes com direitos e forças para obrigar seu cumprimento, ele não será mais nulo. Nesse
aspecto, pacto celebrado por medo numa condição simples da natureza é considerado obrigatório.
Por exemplo, posso fazer um pacto de pagamento em troca de minha vida, fico preso nesse pacto,
pois é um contrato em benefício da vida em troca de dinheiro.

O pacto no qual eu não possa me defender da força, pela força será nulo, pois todos temos direito de
evitar a morte, ferimentos ou cárcere, uma vez que todo homem tende a escolher pela natureza de
um mal menor, que nesse caso seria a defesa de sua própria vida e não de um mal maior, que seria
sua execução imediata.
Sendo a força das palavras fraca para que seja cumprido os pactos, só há duas maneiras de o
reforçar: pelo medo das consequências de faltar à palavra dada, ou pela glória ou orgulho de
demonstrar não precisar faltar a ela. Sendo esta última especialmente rara de ser encontrada.

O medo, que seria a paixão com a qual se pode contar, possui dois objetos de forma geral: o poder
dos espíritos invisíveis e o poder dos homens que se pode ofender, sendo este aquele que gera maior
medo. O medo de espíritos invisíveis está associado à própria religião dos homens, que surge na
natureza antes mesmo da sociedade civil. Já o segundo é anterior à sociedade civil, uma vez que
apenas se nota a assimetria de poder no desfecho da luta. Assim, conclui-se que tudo o que pode ser
feito entre dois homens que não estão submetidos ao poder civil é jurarem um pelo outro pelo Deus
temidos por ambos.

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