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Filosofia Política.
Turma: Noturno
E-mail: marcotuliofranca@ufu.br
Introdução
Desenvolvimento
Segundo a teoria de Locke, o estado civil ou qualquer outro modelo de Estado que
governe uma comunidade é criado para proteger a propriedade dos indivíduos que o
compõem. Mas afinal, o que é essa propriedade privada? Quais as características que a fazem
ser tão importante para a concepção do estado? Como ela surge?
De acordo com nosso autor, Deus concedeu o direito a Terra a todos os homens. Isso
implica que tudo que é fruto da criação — seja a terra, os animais, as plantas, os minerais,
etc— atua como um bem comum a todos. Isso é, todos têm o mesmo direito às coisas criadas
por Deus, e não há necessidade de pedir autorização aos demais da comunidade para se
apropriar desse bem. Pois, o homem busca se autopreservar e se dependesse do
consentimento de todos para adquirir esse bem, ele morreria de fome, sede, frio, ou qualquer
outro fator que prejudique sua preservação pelo não consentimento dos demais. Em suma, o
bem comum se dá por um direito natural ao homem.
Entretanto, se o bem é de todos, o direito de consumação ou apropriação dos bens não
deveria ser do particular, mesmo que esse esteja se preservando. Para Locke, não há problema
nenhum nisso, pois o homem tem direito a sua vida, e quando retira da natureza o que é de
todos, ele implica uma força sobre esse bem de forma que esse bem torna-se parte extensiva
de sua vida. Por exemplo, uma maçã (bem geral) quando colhida só é ser enquanto “maçã
colhida” por extensão à vida de quem a colheu. E sendo uma extensão da vida desse
indivíduo, o mesmo tem direito sobre ela, em comparação com os demais. Esse processo que
transforma o bem geral em bem particular é chamado de trabalho.
Em suma, tudo, a princípio, era um bem geral. Entretanto, quando o homem exerce
seu trabalho sobre esse bem, esse se anexa a ele. Todavia, o trabalho deve ser feito de
maneira consciente para que não exista conflito entre os homens. Ou melhor, deve se retirar
da natureza para tornar parte de si somente o necessário para a preservação do homem. E isso
é delimitado pela razão, no qual será apresentada posteriormente. Pois o excedente, para
Locke, pertence a terceiros à medida que não é necessário.
Se houver espaço para todos possuírem um pedaço de terra, todos conseguirem
comida, água e outras condições de sobrevivência, não há problema nenhum segundo o autor
em se apropriar da natureza. Há conflito somente quando assim não é, e nesses casos, os
indivíduos devem chegar a um acordo em comum para resolverem suas diferenças, acordo
novamente delimitado pela razão.
A propriedade privada é, então, aquilo garantido por Deus que resulta do esforço do
homem para com o bem comum, acrescentando esse bem à sua propriedade particular,
possuindo direito sobre ela. O trabalho, no entanto, deve ser limitado pela razão para atuar
somente ao necessário à preservação do indivíduo.
Mas afinal, o que é essa razão que nos torna coerentes e justos na hora de pegar da
natureza para si? Segundo Locke, antes de fazer parte de qualquer coisa, o homem faz parte
de uma comunidade racional, cuja racionalidade é provida de Deus. Essa racionalidade
governa o estado de natureza do homem e o faz ser justo com os demais. Diz Locke:
Considerações Finais
Em suma, o homem nasce igual aos demais e livre, com direito à vida, liberdade e
propriedade. Possuindo o direito de preservar esses direitos e a tudo que lhes remetem. No
qual implica o direito de se defender e portanto usar da força para castigar o outro, ou reparar
sua propriedade, quando o estado de guerra é declarado. O estado civil, cujo objetivo é
proteger a propriedade, tem poder sobre todos os membros que a compõem. Por isso, o
homem deve renunciar o direito natural, passando-o para a autoridade da sociedade. Exclui-se
qualquer julgamento privado de qualquer cidadão, por a autoridade ser soberana. E cria-se
leis, onde a sociedade julga com base no que é estabelecido.
A teoria de Locke é bastante relevante quando se estuda qual a função de um estado.
De fato, o autor é considerado um dos contratualistas principais e escreveu sobre ideias
inspiradoras para os que mais tarde vieram a se chamar liberais. Entender sua teoria é
fundamental para entender a política moderna e contemporânea. Uma vez que suas ideias
inspiraram certos acontecimentos. Agora, se esse conjunto de ideias de Locke, bem como a
aplicação das teorias na prática são ou foram boas e/ou efetivas, é uma questão a ser
estudada. Mas isso é assunto para outra pesquisa.
Referências:
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. In: “Coleção os Pensadores”. John Locke,
São Paulo: editora Abril Cultural, 1983.