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Fichamento – “Segundo tratado sobre o governo civil e outros escritos.


Aluno: Ana Clara Tavares Crodelino
Matrícula: 202033703
Matéria: Teoria Política Moderna – Turma C

Capítulo I

Neste capítulo, Locke revisa brevemente o Primeiro Tratado sobre o Governo Civil, no
qual escreve contra as ideias expressas na obra “O Patriarca”, livro que iguala os tiranos
aos príncipes legítimos, baseando-se no argumento que ambos herdam um direito
divino. Segundo o autor, se falta uma lei da natureza ou Divina que permite identificar o
herdeiro legítimo, o direito de sucessão e de governar não poderia ser determinado com
certeza.

Com isso, a intenção do autor foi retirar dos governantes a de se aproveitarem da


autoridade dada a eles e utilizar de forma excessiva o uso da força e da violência,
utilizando como desculpa “os direitos de prerrogativa privada de Adão e sua autoridade
paterna” (Trecho de “O Patriarca” citado por Locke no Primeiro Tratado sobre o
Governo Civil). Segundo Locke, esse uso da força é comparado às atitudes de animais
selvagens, em que o mais forte domina. E precedem a desordem, a maldade e a rebelião.

Diante disso, afirma que para definir poder político, é necessário diferenciar, o poder de
um magistrado sobre seu súdito do poder do pai sobre seu filho. Locke define poder
político como:

[...] direito de fazer leis, aplicando a pena de morte ou (...) qualquer pena
menos severa, a fim de regulamentar e de preservar a propriedade, assim
como de empregar a força da comunidade para a execução de tais leis e a
defesa da república contra as depredações do estrangeiro, tudo isso tendo em
vista apenas o bem público (p.82).

Capítulo II

Neste capítulo, antes de ampliar sua análise sobre poder político, Locke estabelece a
necessidade de compreender o homem em seu estado de natureza, ou seja, em que todos
são totalmente livres para decidir suas ações, em que há igualdade plena igualdade -
sem subordinação. Segundo o autor, nesse estado, os homens tem obrigação de se
amarem e respeitarem mutuamente, a não ser que alguém tenha praticado o mal para
com os outros.

Contudo, o autor diferencia essa condição natural/ estado de liberdade de


permissividade. A liberdade do estado de natureza é de cada indivíduo sobre si, mas não
a de destruir qualquer criatura que se encontre ao seu redor, pois todos os homens são
obra de um único criador. Para lidar com os casos que em houvessem transgressões na
sociedade, Locke afirma que é sensato não determinar que os homens sejam juízes pois
seriam guiados por sua “má natureza, paixão e vingança” (Locke, Segundo tratado sobre
o Governo Civil - p.88). Assim, “Deus instituiu o governo para conter a parcialidade e a
violência dos homens” (Locke, Segundo tratado sobre o Governo Civil - p.88).

O governo civil seria a medida ideal para conter as inconveniências do estado de


natureza, que devem ser grandes com os homens sendo juízes das próprias causas.

Capítulo III

Neste capítulo Locke fala sobre um estado de guerra, como algo que representa a
inimizade e a destruição. Quando um indivíduo planeja algo contra a vida de outro
indivíduo isso o põe em estado de guerra diante de tal pessoa e significa que está
expondo sua vida ao poder do outro, que também recebe o direito de tirar a vida daquele
que tentou atentar contra a sua, primeiro. Nesse sentido Locke compara os homens a
animais, com seu instinto violento.

Essa característica animalesca do desejo do homem de dominar os demais e submetê-los


a sua vontade evidencia o desejo de fazer do outro um escravo. Segundo o autor, um
homem que perde sua liberdade, perderá todo o resto, pois a liberdade é a base de tudo.

Segundo o autor, o homem deixou seu estado de natureza para viver em sociedade para
fugir do estado de guerra e resguardar-se na proteção das Leis. Na sociedade, todos são
submetidos à lei e têm acesso a um recurso, tendo que reparar o mal cometido e
prevenir o mau futuro. No estado de natureza, não há esse recurso, porque não existem
leis e juízes.
[...] Evitar este estado de guerra (...) é uma das razões principais porque os
homens abandonaram o estado de natureza e se reuniram em sociedade. (p.93
e 94)

Capítulo IV

Neste capítulo, o autor trata sobre a escravidão. Sobre isso, afirma que a liberdade
individual é o que nos torna humanos e está na essência do Homem, que deve estar livre
de qualquer poder superior na terra, exceto um poder estabelecido por consentimento,
na comunidade civil.

A liberdade é extremamente necessária e está estreitamente ligada à preservação do


homem, que não pode abrir mão de sua própria vida por obrigação/ desejo de outro, que
o fez subordinado. O homem não pode tornar-se escravo.

Capítulo V

No capítulo V, Locke trata sobre as noções de propriedade. Para ele, a propriedade


natural foi estabelecida pela conquista através do trabalho do homem. Em um cenário
em que todos trabalham para conquistar seus recursos, seria impossível que um
usurpasse o direito do outro. Nesse momento, é possível observar o valor do trabalho
para Locke, que transforma o objeto natural em uma propriedade e agrega valor à
superfície da terra.

O autor defende que, embora a terra e todos os seus frutos tenham sido dados por Deus
a todos os homens, sendo bens comuns, tudo aquilo que um homem retirar da natureza
através do trabalho e do esforço é propriedade dele. Porém, mesmo através do trabalho,
o homem não pode apoderar-se de tudo. Daí resulta a regra da propriedade: todo homem
deve possuir tanto quanto possa utilizar, não causando prejuízo a outros.

Capítulo VII e VIII

Nestes capítulos, o autor trata da definição e do processo de estabelecimento das


sociedades políticas/ civis. Segundo ele, a sociedade política se estabelece quando os
homens renunciam ao direito de preservar a propriedade e punir os que a ameaçam e
colocam esse poder nas mãos de um corpo único, que possui uma lei estabelecida em
comum e uma judicatura à qual apelar, com autoridade para julgar os conflitos e punir
infratores.

Um povo, segundo Locke, pode ser definido como qualquer número de homens que
renunciam ao estado de natureza para formar um corpo político sob um único governo.
Contudo, Locke destaca que a monarquia absoluta não pode ser considerada uma forma
de governo, uma vez que é incompatível com a sociedade civil. Segundo ele, o estado
de natureza é preferível à monarquia porque o súdito de um príncipe absoluto é, antes,
um escravo e o Homem jamais pode ser escravo.

Locke estabelece que uma vez formado o corpo político, por vontade da maioria, é
obrigação do homem submeter-se às determinações da maioria e acatar suas decisões,
com isso, o ato da maioria se torna o ato do todo. Para o autor, o que faz do homem um
membro de uma sociedade é sua efetiva entrada através de compromisso positivo,
pactuado e expresso, o qual determina a concordância daqueles que abandonam o estado
de natureza a se unirem a uma comunidade e abdicarem ao poder necessário. O pacto
ocorre pela concordância em unir-se a uma sociedade política.

Capítulo XIX

Neste capítulo, Locke, à semelhança de Hobbes, afirma que o poder concedido pelos
homens à sociedade por meio do pacto, não poderia ser tomado de volta.

[...] jamais pode reverter novamente aos indivíduos enquanto durar aquela
sociedade, sempre permanecendo na comunidade, pois sem isso não haveria
nenhuma comunidade, nenhuma comunidade civil, o que seria contrário ao
acordo inicia (p. 103)

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