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Título: Leviatã (Capítulos XII, XIV, XV, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI.
Autor: Thomas Hobbes.
Dados da Publicação: Trechos selecionados obtidos em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7420134/mod_resource/content/2/HOBBES.%20L
eviata.%20Trechos%20selecionados..pdf
Contratualismo:
O que é o contrato: O contrato é descrito como uma transferência mútua de direitos,
visando um direito que foi reciprocamente transferido ou qualquer outro bem. Alguns
direitos são impossíveis de abandonar ou transferir, como o direito à defesa.
Os sinais de contrato podem ser expressos (sendo as palavras proferidas) ou por inferências
(sendo tudo o que mostra a vontade do contratante).
O autor cita alguns tipos de contratos, como o pacto ou a convenção, que é quando um dos
contratantes entrega o direito contratado com fé que o outro irá cumprir a sua parte no
futuro. A fé ou a observância da promessa é a denominação do ato de confiar que a outra
parte do contrato irá cumprir com a sua parte. Já a doação é uma transferência não mútua
que depende apenas da boa vontade do doador.
Pactos: Antes, na condição natural de natureza, os pactos não podiam ser firmados. Com a
criação de um poder comum acima dos contratantes, que possui força para impor o seu
cumprimento, os pactos não são mais nulos.
Os homens são liberados de seus pactos de duas maneiras: cumprindo-o (pois, ao
cumprir se encerra a obrigação) ou sendo perdoado (pois cessa o interesse do
contratante).
Pactos anteriores anulam pactos posteriores. Não existe possibilidade de transmitir
um direito a alguém e logo transmiti-lo para outro.
Sobre a justiça: Os substantivos justiça ou injustiça, quando aplicada às ações, indicavam
conformidade ou incompatibilidade com a razão e certas ações determinadas
A justiça das ações se divide em
Comutativa: Igualdade do valor dos objetos de um contrato.
Distributiva: É a justiça definida por um árbitro, sendo a distribuição de
benefícios a pessoas de mesmo mérito. Tal justiça tem como base a lei
fundamental de igualdade, e sua violação é caracterizada como prosolepsia.
Motivos que a humanidade precisa do Contrato Social: Nessa seção, Hobbes compara os
homens com animais como formigas e abelhas, que vivem socialmente entre si. Os motivos
são…
Os homens competem entre si pela honra e dignidade.
O homem só encontra felicidade na comparação com os outros, e distinguem o bem
comum e o individual.
Os homens se julgam mais sábios e capacitados que os outros.
Os homens são capazes de ludibriar outros, semeando descontentamento.
Logo, se o acordo entre homens ocorre de maneira artificial, precisa-se de um poder comum
que mantenha em respeito às leis naturais.
Criação do Estado: A população precisa conferir todo o seu poder na figura de um só
homem (ou assembleia de homens) para defendê-los de ameaças estrangeiras e garantir-lhes
segurança.
Resumo das leis de natureza: “Faz aos outros o que gostariam que te fizessem a ti”.
Essas leis são imutáveis e eternas, e a ciência por trás dessas leis é a filosofia moral.
Estado:
● A formação do estado se dá quando a sociedade em estado de natureza transfere os
seus direitos a um homem (ou assembleia de homens, que possa reduzir as diversas
vontades a apenas uma mediante voto) para obter mais segurança. Assim, se estes
lhe dão o direito de governar, também lhe dão outros direitos como recolher
impostos, por exemplo.
○ Todos devem submeter suas vontades à vontade do representante, visto que
representa a unidade de todos.
○ O portador de todo o poder é o soberano, enquanto os outros são os súditos.
Poder coercitivo: O Estado é capaz de obrigar sua população a cumprir os pactos firmados
entre eles pelo medo que algum castigo seja aplicado.
Justiça: A definição clássica de justiça é “dar a cada um o que é seu”. Para Hobbes, essa
frase também se refere ao direito à propriedade, que não ocorre sem o Estado. E assim, sem
propriedade não existe justiça.
Indivisibilidade: A grande autoridade é indivisível e atribuída ao soberano. Segundo
Hobbes, “um reino dividido em si mesmo não pode manter-se”, pois causaria discordâncias
e, logo, guerras civis.
Diferenças entre diversas espécies de governos: Podem existir apenas três tipos de governo,
pois o representante é necessariamente um homem ou mais de um, e em caso de
assembleia, de todos ou de uma parte.
Monarquia: Representação feita por um só homem. É chamada de tirania por
aqueles que se desagradam.
Na monarquia a pessoa do povo também é pessoa natural, e por isso o
interesse pessoal é o mesmo que o interesse público (o que não é
considerado como algo negativo).
A riqueza, honra e poder de um monarca é relacionada à riqueza, honra e
poder de seus súditos.
As resoluções de um monarca só estão sujeitas à natureza humana, visto que
é impossível discordar de si mesmo.
Pode ocorrer do monarca ter um “adulador favorito” e privilegiá-lo; ou que a
monarquia seja herdada por uma criança. Assim, o governo deverá passar
para outro homem ou assembleia (o que, caso não tenha sido escolhido um
tutor pelo monarca antecedente, poderia ocasionar competição entre os
elegíveis).
Direito de sucessão: A escolha do sucessor é sempre deixada pela vontade
do monarca atual, de modo que os homens não se vejam desamparados sem
soberano e, assim, retornar ao estado de guerra. Pode ser regido pelo
testamento ou pelo costume.
Democracia ou Governo Popular: Representação feita por assembleia composta de
todos. É chamada de anarquia por aqueles que se desagradam.
Aristocracia: Representação feita por uma assembleia formada por apenas uma
parte da população. É chamada de oligarquia por aqueles que se desagradam.
Tipos de domínio:
Domínio paterno: Como no Estado por aquisição, ocorre por geração.
Na sociedade tradicional, o domínio familiar pertence ao pai; mas em
condição de natureza, pertence à mãe.
Aquele que tem domínio sobre um filho, tem domínio sobre tudo que o filho
pertence.
Domínio despótico: É adquirido por conquista militar, ocorre quando o amo se
sujeita ao senhor.
Como o pacto não foi firmado de maneira consensual, escravos ou cativos
possuem o poder de, sem injustiça, destruir suas cadeias ou matar seu
senhor. Portanto, não é só a vitória que confere poder, mas o pacto
celebrado.
Da mesma maneira que no domínio paterno o pai é senhor de tudo que o
filho possui, o senhor possui todos os bens de seu servo.
Soberania:
Maneiras de adquirir o poder soberano:
Estado por aquisição: Naturalmente, como ocorre nas famílias com pais e filhos.
Estado Político ou Estado por Instituição: Quando os homens concordam
submeterem-se a um homem ou assembleia de homens em troca de segurança.
Direitos do soberano: São intransferíveis, inseparáveis e essenciais ao soberano.
Primeiro direito: A soberania é única, e os seus súditos não podem fazer pacto com
outro. A quebra deste pacto é injusta.
Segundo direito: A soberania surge quando os homens se unem entre si, pois o
soberano não poderia firmar pacto com todos.
Terceiro direito: Todos devem aceitar as decisões do soberano, mesmo se não
votaram em favor do soberano vigente.
Quarto direito: Os súditos também são autores dos atos e decisões do soberano,
portanto não sendo possível que o soberano seja acusado de injúria ou injustiça
(pois praticar esses atos contra si mesmo é impossível).
Quinto direito: O objetivo do Soberano é garantir a paz e a defesa.
Sexto direito: O soberano é juiz de o que é contrário ou favorável à paz.
Sétimo direito: O soberano dá origem ao direito civil no Estado criando a existência
de propriedades.
Oitavo direito: É autoridade judicial, garantindo que nenhum dos lados seja
beneficiado de maneira injusta.
Nono direito: O soberano é o general dos exércitos, e decide sobre eles.
Décimo direito: O soberano pode escolher seus funcionários públicos.
Décimo primeiro direito: O soberano pode aplicar recompensas ou punições para
qualquer súdito.
Décimo segundo direito: O soberano pode conceder títulos de honra.