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ESTADO E SERVIÇO SOCIAL NO

BRASIL
Aula 2

Profª Carla Andréia Alves da Silva Marcelino


CONVERSA INICIAL

Olá! Seja bem-vindo a mais uma aula da disciplina Estado e Serviço Social no Brasil! O foco de

nossa aula hoje será o contratualismo.

O conceito e o desenho de Estado que conhecemos hoje começou a ser traçado a partir do

século XV, tendo seu auge no século XVIII, com os autores que ascenderam durante e após o

Iluminismo. O conceito do Estado Moderno foi delineado, dentre outros, pelos autores do chamado
contratualismo, os quais entendem a sociedade política, os governos, o próprio Estado, como

resultado de um contrato social firmado entre os homens para assegurar seus direitos e liberdades.

Em que pese a tese contratualista nos dê a base para a compreensão do Estado, nos dias de hoje já

possuímos elementos adicionais para a análise deste aparato, permitindo-nos expandir, complexificar

e relativizar a concepção contratualista, que de certa maneira reduz o papel do Estado apenas como

o garantidor do direito natural de exercício das liberdades individuais e dos interesses particulares.

Assim, nesta aula, perpassaremos pela construção do conceito de Estado de Natureza, o qual é

fundamental para entender o contratualismo. Na sequência, apresentaremos as teses dos três

principais autores contratualistas: Hobbes, Locke e Rousseau. Por fim, perpassaremos pela construção

contemporânea, chamada de neocontratualismo, na qual autores como Rawls e Bobbio constroem


com as mesmas categorias, mas sob argumentos diferentes, a ideia do contrato.

CONTEXTUALIZANDO

É comum escutarmos diariamente notícias de tentativas de linchamento, em situações nas quais

os cidadãos tentam “fazer justiça com as próprias mãos”, ignorando as leis e os aparatos existentes

para defender a vida e a propriedade privada, tais como a polícia e o sistema judiciário. Leia a

reportagem a seguir e, após estudarmos sobre o Estado de Natureza e o contratualismo, reflita sobre
a pergunta: temos nós, cidadãos, o direito de ceifar a vida de alguém em nome de uma suposta

“justiça”?

Suspeito sofre tentativa de linchamento ao tentar roubar motocicleta

26/03/2016

Leonardo Queiroz ficou gravemente ferido ao sofrer uma tentativa de linchamento, durante

uma suposta tentativa de roubo de motocicleta na noite desta sexta-feira, 25, no bairro Miro

Cairo, em Vitória da Conquista.

Ele teria tentado roubar uma moto quando populares reagiram e partiram para cima do

suspeito. A polícia foi chamada, mas, enquanto a guarnição estava a caminho, a população

tentou linchá-lo.

O suspeito, que reside no distrito de Bate Pé, município de Vitória da Conquista, ficou

gravemente ferido e teve que ser levado diretamente ao Hospital de Base, onde permanece
internado. Ele está custodiado pela polícia e será apresentado na delegacia, após receber alta

médica.

Fonte: Blitz Conquista. Disponível em: <http://blitzconquista.com.br/v3/2016/03/suspeito-

sofre-tentativa-de-linchamento-ao-tentar-roubar-motocicleta/> Acesso em 25/04/2016.

TEMA 1 - ESTADO DE NATUREZA E A QUESTÃO DA LIBERDADE

Todos os autores chamados contratualistas, dentre eles Kant, que já vimos em nossa aula

anterior, Locke, Hobbes, Rousseau e outros de menor expressão, partem do pressuposto de que o

Estado Civil é uma construção, uma passagem de um outro Estado apolítico, chamado de Estado de

Natureza.

Para esses contratualistas, cada um com as suas especificidades, o Estado de Natureza é aquele

no qual os homens exerciam, ou deveriam exercer, plenamente o seu direito natural, em especial o

de liberdade e o de igualdade. No Estado de Natureza não há leis fortes, apenas regras mínimas,

quando existentes, não sendo delegado a alguém ou a alguma instituição o regramento e a coerção

para o exercício de leis e regras universais e comuns entre todos os homens.


Pela fraqueza das leis ou inexistências delas e de uma instituição reguladora, no Estado de

Natureza os homens estavam fadados a viver a guerra e o caos, já que cada um poderia fazer as suas

próprias leis, visando a defender a sua liberdade e a propriedade privada. Assim, no Estado de

Natureza, os homens eram absolutamente livres em suas escolhas e atos e todos tinham a mesma

liberdade, mas o “preço” dessa liberdade era conviver com o medo, com a possibilidade iminente da

morte, numa sociedade caótica, antissocial e não política, como cita Hobbes em vários pontos de

suas obras. O causador desse caos era o próprio direito à liberdade, pois numa terra onde todos são

livres em seus atos e escolhas, como definir o limite entre a liberdade de um e outro cidadão? Como

exercer a liberdade sem ferir a liberdade de outrem? Qualquer um poderá punir aquele que ferir o

direito à liberdade do outro? Que liberdade é esta de que estamos tratando? Nesse sentido,

analisando a concepção Lockeana da liberdade no Estado de Natureza, Reis (s/d, p. 4), explica-nos:

Esse Estado dá a cada um determinadas prerrogativas: não só a liberdade de ordenar suas ações e

dispor de suas propriedades como achar conveniente, mas, sobretudo, a capacidade de aplicar e
fazer valer a lei de natureza, o que significa poder aplicar castigos aos transgressores dessa lei e

exigir compensações pelos danos sofridos. Mas justamente esse direito universal de executar a lei
da natureza, na ausência de uma autoridade comum, vai estar comprometido com a possibilidade

de perpetuação do estado de guerra no estado de natureza.

Autores como Kant, segundo Scorza (2016), defendem que o Estado de Natureza é a-histórico,

ou seja, que talvez ele nunca tenha existido, sendo apenas uma suposição filosófica para justificar a

existência do Estado Civil ou Estado Social ou Sociedade Política, conforme a denominação dada por

autores diferentes.

TEMA 2 - DO CONTRATO SOCIAL

Como vimos, no Estado de Natureza há um direito ilimitado ao exercício da liberdade e todos

gozam de igualdade para exercício desse direito, estando os homens sujeitos à insegurança e ao caos
pela ausência de leis comuns e de instituições ou pessoas a quem se delegue a tarefa de coerção

para manutenção da ordem. É no sentido de resolver essa situação, ou melhor, mediá-la, que nascem

as teses contratualistas, nas quais o Estado ou a Sociedade Política é formada através de um contrato

social entre os homens, no qual limita-se a liberdade de todos sobre tudo, para que todos possam de

igual forma exercer os seus direitos, inclusive o de manutenção da propriedade privada, sem ferir o

direito do outro. Nessa linha, Reis (s/d, p. 4) explana:


[...] esse direito ilimitado de todos sobre tudo está no fundamento mesmo do estado de guerra,

cuja superação definitiva, assim, está diretamente associada à limitação desse direito, o que só é
tornado possível em última instância com a introdução da sujeição política ao soberano.

O contratualismo moderno, de acordo com Reis (s/d) e Scorza (2016), é uma tese que visa a

justificar a existência do Estado e explicar a autoridade peculiar que esse Estado e os seus

governantes detêm sobre os governados. Na tese moderna do contrato social existem dois

elementos, dois pressupostos presentes e fundamentais para o argumento: a) todos os homens são

naturalmente livres e iguais; b) existência de uma escolha e de um consenso. Explicamos: como todos

os homens são livres e iguais em direitos, é necessário um aparato que garanta o exercício dessa

liberdade e dessa igualdade, um aparato que exerça autoridade sobre tudo e sobre todos. Para que

haja o contrato, para que este aparato possa exercer a sua autoridade e o seu poder coercitivo, é
necessário que haja um consenso dos e entre os homens, consenso este no sentido de “aceite” ao

contrato. Esse aceite implica uma escolha dos homens em abrir mão da sua liberdade, até então

ilimitada, e de sua absoluta independência em detrimento de uma “paz” e uma ordem, evitando o

estado de guerra. Assim, Reis (s/d, p. 3) esclarece:

[...] o Estado tem origem em uma convenção, descrita em geral como um contrato, celebrado entre
indivíduos que se supõe estarem em um estado de absoluta independência. O que dá origem à

obrigação ou o que dá legitimidade às restrições impostas a cada um pela obrigação é, por um

lado, a reciprocidade do ato; por outro, o consentimento mesmo dado aos termos desse contrato.

A partir dessa análise, podemos afirmar que o contratualismo traz as bases do direito, na medida

em que aduz uma carga normativa ao Estado, pois define que este surge e se legitima na função de

estabelecer regras comuns e universais a todos os homens e, principalmente, para cobrar e controlar

o cumprimento dessas regras, responsabilizando aqueles que não respeitam as limitações impostas.

Vejamos a seguir, os três principais autores contratualistas e suas teses: Hobbes, Locke e

Rousseau.

TEMA 3 - CLÁSSICOS DO CONTRATUALISMO: THOMAS HOBBES

Thomas Hobbes (1588-1679), nascido na Inglaterra, foi um filósofo político e matemático; sua

principal obra é “O Leviatã”, escrito por volta de 1651, o qual foi bastante rechaçado na Inglaterra à

época por acusarem Hobbes de ser ateu. O título do livro é uma alusão ao grande e “malvado”
monstro marinho constante no livro de Jó da bíblia cristã. Isso porque o autor compara o Estado e o

seu poder ao referido monstro.

Para Hobbes, todos os homens são egoístas e poderiam ir à extremos para satisfazer suas

necessidades. Por isso, no Estado de Natureza os homens viveriam numa relação constante de

competição entre si, na situação em que Hobbes chama de “guerra de todos contra todos”, numa

perseguição racional do homem pelos seus interesses. Arruda (2013, p. 53) explica-nos:

Apresenta-se então uma condição natural do homem arraigada pela guerra de todos contra todos,

pois a vida é constantemente ameaçada e a única coisa que protege o homem é nada mais que o
seu poder individual. [...] o objetivo do homem é a preservação da vida, pois ele se defende dos

seus inimigos no estado de natureza [...]

Para Hobbes, seriam três as grandes fontes de discórdia entre os homens no Estado de Natureza:
a competição (busca por lucros, por conquistar espaços e bens e para controlar os outros homens); a

desconfiança (sensação de insegurança e de ameaça constante e necessidade de defender as suas


posses); e glória (busca de uma superioridade em relação aos demais, necessidade de desqualificar

os outros homens e de manter melhor reputação). Para Hobbes, por não haverem leis instituídas no
Estado de Natureza, também não há a propriedade, já que não se pode diferenciar entre o que é

“meu” e o que é “seu”; pelo mesmo motivo, também não há a noção do que é justo ou injusto, já que
cada um se rege e faz as suas próprias leis, ilimitando assim o poder de cada homem.

Porém, para Hobbes, conforme explica Arruda (2013, p. 53), os homens, como seres racionais,

conseguem perceber o perigo iminente nessa não existência de limites da liberdade e busca criar
algo para sair dessa condição e garantir a preservação da vida. Assim, estabelecem o contrato e

instituem o Estado Civil de forma intencional. Por isso entende-se que, para Hobbes, o Estado é uma
criação artificial, ou seja, não ocorre naturalmente, como consequência das relações humanas.

Então, cansado de viver neste mundo de incerteza, busca artificialmente criar algo que o faça sair

dessa situação da guerra de todos contra todos. Daí, cria-se uma condição artificial, que seria o

Estado Civil, que nada mais é do que invenção do homem, no afã das melhores condições para
preservar a vida, tudo através de contrato, ou seja, um pacto estabelecido entre os próprios

homens.

Mas se os homens são egoístas, como então fazê-los cumprir as normas do contrato firmado

entre eles? Hobbes responde a essa questão afirmando que a solução é os homens delegarem o
poder a um soberano, a uma pessoa ou assembleia de pessoas que venham a exercer o poder
máximo de controle e coerção dos demais. Assim, ao “assinar o contrato”, os homens transferem seus

direitos para o controle do soberano e abrem mão de sua liberdade ilimitada. Nesse sentido, para
Hobbes o Estado Civil detém um poder soberano sobre todos os homens, capaz de controlá-los e

manter a paz e a ordem social. É por essa soberania absoluta do Estado Civil que Hobbes o
comparou com o poderoso monstro Leviatã.

Porém, importante ressaltar que para Hobbes o contrato social seria um caminho sem volta, pois
uma vez delegado o poder ao soberano, ninguém poderá contestá-lo, pois quem o fizer será punido

por esse mesmo soberano. Vários autores criticaram Hobbes por entenderem que o autor defendia o
absolutismo e os reis absolutistas, por defender esse Estado Civil forte e de soberania incontestável.
O que fica claro na obra de Hobbes é que ele defende, sim, a monarquia, pois para ele a figura mais

adequada para exercer esse papel de soberano seria um rei. Porém, importante frisar que Hobbes
construiu uma tese racional de soberania dos reis, diferentemente daquelas construídas até então,

pautadas no poder divino conferido ao soberano.

TEMA 4 - CLÁSSICOS DO CONTRATUALISMO: LOCKE

John Locke (1632-1704) foi um filósofo político nascido também na Inglaterra. Locke tem uma
vasta obra, sobre vários assuntos, mas a sua principal obra política foi publicada originalmente em

1691: “Dois Tratados sobre o Governo Civil”. Apesar de ter tido Hobbes como uma de suas principais
referências de estudo, na obra citada Locke critica as monarquias absolutistas e os poderes supremos

dos reis, supostamente delegados por Deus, e defende o Estado Liberal (sobre o Estado Liberal nos
aprofundaremos na nossa próxima aula).

Para Locke, no Estado de Natureza, todos os homens são livres e iguais e vivem numa situação

de absoluta independência, pois não há subordinação nenhuma ou qualquer sujeição de um homem


para com outro. Porém, Locke relativiza essa liberdade humana, pois para o autor “onde não há leis,

não há liberdade”. A lei natural delimita a própria liberdade natural, pois se todos executarem a lei
natural e exercerem a liberdade sem limites viverão em estado constante de guerra. Não havendo

uma autoridade comum, todos podem transgredir e todos podem aplicar castigos aos
transgressores.

Assim como grande parte dos filósofos pós-iluminismo, Locke também supervalorizou a razão,

colocando-a como a principal faculdade humana. Para ele, o uso da razão seria uma possibilidade de
vida em sociedade, pois a razão nos orienta à cooperação e à solidariedade. Em sendo todos livres,
iguais e racionais, seria possível para Locke os homens viverem em conjunto, mantendo em suas

mãos o poder de execução da lei natural. Nesse sentido, diferentemente de Hobbes, Locke não
pressupõe que o Estado de Natureza seja ruim, há apenas o inconveniente de que, pelo fato de todos

serem legisladores, não há uma medida da aplicação correta dessas leis. Para Locke, o Estado de
Natureza é social e político, pois ele não pressupõe uma ausência total de leis e regras, mas, sim, que

os homens vivem em comunhão, aplicando as suas próprias leis.

Mas se o Estado de Natureza não é ruim, é social e político, por que os homens consentem
então o contrato social e permitem a formação do Estado Civil? Para Locke, os homens evoluem para

o Estado Civil em razão da propriedade privada.

Como os bens produzidos e acumulados através da transformação da natureza, ou seja, do

trabalho, são propriedade natural do homem, podemos aduzir que para Locke a propriedade privada
é anterior ao Estado e este surge no intuito de garantir ao homem a posse e a preservação desta sua

propriedade natural. O medo da miséria e da morte faria com que instintivamente os homens fossem
aos limites para preservar a sua propriedade, requerendo, assim, uma proteção para evitar que outros
se apropriem daquilo que cada um construiu.

[...] e é assim que surge o Estado, como uma instituição capaz de evitar este conflito, contudo sem

o poder de influenciar a propriedade, mas apenas garantindo-a e regulamentando-a como direito


natural. Assim, o contrato social assume a forma de um pacto de consentimento em que os

homens concordam livremente em formar a sociedade civil para preservar e consolidar ainda mais
os direitos que possuíam originalmente no Estado de Natureza (ARRUDA, 2013, p. 54).

No Estado Civil de Locke, o poder jamais pode ser soberano e ilimitado, tal e qual era para

Hobbes. Para evitar esse poder absoluto, Locke defende a separação dos poderes entre Legislativo,
Executivo e Federativo. Outrossim, para Locke há uma distinção entre o público e o privado, sendo o

privado para ele a esfera na qual nos são resguardados os nossos direitos naturais, os quais são
inalienáveis, dentre eles o predomínio das particularidades e da propriedade privada. O exercício de

direitos pelos cidadãos é que dava o próprio limite ao poder do Estado. Para Locke, ao “assinar” o
contrato, os homens não abrem mão da sua liberdade e igualdade, mas apenas delegam ao Estado o

poder de legislar e de executar as leis. Diferentemente de Hobbes, também, Locke não coloca o
contrato como irrevogável, pois prevê o direito de “insurreição” caso os governantes não cumpram

seus mandatos adequadamente e não estiverem garantindo os direitos naturais dos homens.
TEMA 5 - CLÁSSICOS DO CONTRATUALISMO: ROUSSEAU

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) nasceu na Suíça, mas tinha família de origem francesa, o que
faz com que muitos, erroneamente, digam que ele era francês. Rousseau escreveu sobre filosofia

social, teoria política e também livros de literatura, chegando a ser preso após a publicação de
algumas de suas obras, as quais foram consideradas subversivas à época. Sua principal obra em
teoria política é o livro “Do Contrato Social”, publicado por volta de 1762.

Dentre os principais contratualistas, Rousseau é aquele que se difere em grande parte dos
argumentos dos demais, sendo que alguns comentaristas chegam a dizer que o autor seria o

precursor do socialismo utópico, mais desenvolvido por outros filósofos e sociólogos um ou dois
séculos mais tarde. Para Rousseau, o Estado de Natureza não era mau como Hobbes concebia, pois

acreditava o autor que os homens nascem bons, que sua natureza é boa, mas que a sociedade civil o
corrompe. Afirma também que o Estado de natureza é amoral, pois não haveria naturalmente nem o

bem e nem mal, chegando a comparar o Estado de Natureza com Jardim do Éden, referenciado na
bíblia cristã. Assim, de acordo com Arruda (2013, p. 55), para Rousseau o homem no Estado de
Natureza seria “feliz, dócil e bom”; a vida nessa condição não seria cheia de necessidades criadas

pelos homens, sendo uma vida simples, de “felicidade interior”.

Para Rousseau essa suposta paz, esse mundo livre de conflitos, tem seu fim com a propriedade

privada e com ela nascem todas as desavenças. Aqui, é importante diferenciá-lo de Locke, o qual
acreditava que a propriedade privada era anterior ao contrato social, anterior ao Estado. Já para

Rousseau, o Estado “legaliza” a propriedade privada, ela passa a existir depois dele. Nesse contexto,
Rousseau não coloca o contrato como um acordo ou um consenso entre os homens que eram iguais,

mas o entende como um golpe dos mais ricos e poderosos contra aqueles que tinham pouco ou
nada de posses. Enquanto para os demais contratualistas o Estado surge para garantir a igualdade de

direitos e a ordem, para Rousseau ele surge como uma manobra de um grupo para explorar outro,
ou seja, o Estado surge para legitimar, preservar e proteger a desigualdade entre os homens.

Apesar dessa visão mais pessimista sobre o Estado e o seu papel em favor dos mais ricos e

poderosos, Rousseau admite que um novo contrato social seria possível com a construção de um
Estado justo e igualitário no qual a fonte do poder residisse no povo, ou seja, sem um soberano de

poderes ilimitados, mas de um soberano que representasse e guiasse suas ações pela vontade geral,
e o Estado, fruto desse novo contrato social, trataria a todos como iguais. Assim, cada homem
renunciaria a sua liberdade individual em prol da vontade geral; o homem perderia a liberdade
natural e em troca ganharia a liberdade civil. Diferentemente de Locke e Hobbes, Rousseau não

defende uma forma de governo específica, colocando que independente de vivermos uma
monarquia, uma aristocracia ou uma democracia, o que deve sempre prevalecer é a vontade do

povo; o povo seria o poder soberano.

O Estado assume a forma de funcionário do soberano, como órgão limitado pelo poder do povo e

não como um corpo autônomo ou então como o próprio poder máximo, confundindo-se neste
caso com o soberano. Se a administração é um órgão importante para o bom funcionamento da

máquina política, qualquer forma de governo que se venha a adotar terá que submeter-se ao poder
soberano do povo. É válido somente se o Estado obedecer à vontade geral de todo o povo, isto é,

com a vontade geral superam-se as contradições entre os diversos interesses existentes, primando

não pelo particular, mas pelo coletivo.

TEMA 6 - NEOCONTRATUALISMO

O neocontratualismo é uma tese contemporânea, datada de meados da década de 1980,

seguindo pelos anos 1990, tendo como principais expoentes o americano John Rawls (1921-2002) e o
italiano Norberto Bobbio (1909-2004). Grande parte dos estudiosos no neocontratualismo afirmam

que essa tese não rompe com o contratualismo moderno, mas utiliza o mesmo ponto de partida,
com argumentos e justificações diferentes. Assim como os contratualistas modernos, os

neocontratualistas também tentaram desenvolver uma teoria política que justificasse a existência do
Estado, mas agora com uma suposta preocupação com a questão da moral, já que para Hobbes,

Locke e Rousseau a questão do Estado como aparato mediador ou regulador da moral era
inexistente ou secundária.

No caso de John Rawls, sua principal obra foi “A Teoria da Justiça”, publicada em 1971 pela

primeira vez. Reis (s/d) explica que o trinômio padrão do contratualismo moderno – Estado de
Natureza-contrato-Estado Civil – também está previsto em Rawls: o Estado de Natureza Rawls chama

de “posição original”; quanto ao contrato, também para Rawls, ele é firmado por um consenso entre
os homens, mas na busca de acordos para estabelecer a justiça; quanto ao Estado Civil, Rawls não

fala da construção de um novo Estado, mas sim de um novo acordo entre as partes para um mundo
estável e justo.
Silva (2010) nos explica que John Rawls teria construído sua tese neocontratualista em

contraponto ao Welfare State (veremos sobre o Welfare State em nossa próxima aula) e em defesa do
Estado Liberal burguês. Nesse sentido, segundo o mesmo autor, Rawls tentou justificar que o
governante teria o poder de mudar as leis caso estas se demonstrassem injustas e alheias à vontade

geral, referindo-se possivelmente às leis que regiam o Estado de Bem-Estar Social.

Com o intuito de construir um quadro-teórico referencial que lhe permitisse municiar-se de

chaves de leitura capazes de o levar à construção de uma crítica consistente ao Welfare, Rawls pôs-se
como imperativo desenvolver critérios que pudessem mensurar a normatividade de toda a

institucionalidade vigente, pondo-se como intuito valorar o grau de justiça das instituições e das leis.
Em tal quadro teórico, o momento de mensuração das leis serviria de fundamento para o legislador

emendar ou suprimir as leis que fossem consideradas injustas. A propositura de Rawls visara a
recompor os princípios de justiça do liberalismo originário presentes em Hobbes, Locke e Rousseau,

mas principalmente em Kant,

[...] O arranjo institucional do Welfare fora apreendido por John Rawls enquanto expressão de uma

moralidade utilitarista incapaz de garantir a igualdade formal, de tal forma a caracterizar o princípio
de maximização do bem-estar social como incapaz de oferecer um estatuto procedimental ético-

normativo à institucionalidade e às políticas públicas, pois ao criar e instituir determinadas formas


de políticas públicas, uma parcela da sociedade seria penalizada (SILVA, 2010, p. 158-159).

Para Rawls, a posição original seria uma situação hipotética, na qual todos os homens estariam

igualmente cobertos pelo “véu da ignorância”, não detendo as informações necessárias para poder

conjecturar um quadro futuro conforme as escolhas tomadas. Oliveira (1999, p. 35) afirma que para
Rawls as partes do contrato estariam em condições de igualdade “devido à total incerteza e

desconhecimento sobre seu futuro”. Neste sentido, os homens entrariam em consenso para garantir

uma justiça e uma equidade na distribuição do que autor chama de “bens primários”, que seriam a

liberdade, o poder e a riqueza. Assim, o neocontratualismo de Rawls (1997) se fundamenta em dois


princípios: igualdade na atribuição de direitos e deveres de todos os cidadãos; b) desigualdades

sociais e de poder podem ser justas se resultarem em benefícios compensatórios para os menos

favorecidos. Assim, podemos resumir que para Rawls o contrato seria firmado para garantir a justiça

na sociedade.

Assim como para os contratualistas modernos, Rawls afirma que é necessário em seu contrato
existir um soberano que tenha o poder de exercer a coerção sobre aqueles indivíduos que não
respeitam as regras decididas pela vontade geral, indicando que “um poder soberano coercitivo seja
sempre necessário, mesmo quando numa sociedade bem-ordenada as sanções não sejam severas e

talvez nunca precisem ser impostas” (RAWLS, apud Oliveira, p. 36).

Partindo para o segundo autor neocontratualista escolhido como referência nesta aula, temos as

teses de Norberto Bobbio. Italiano, além de filósofo e teórico político, o autor atuou também na

política em seu país, chegando a ser Senador; tem sua imagem marcada pela defesa intransigente do

Estado Liberal, sendo que Silva (2010, p. 176) chega a indicá-lo como “um dos mais protuberantes
dos liberais da história intelectual”. Segundo relato do mesmo autor, Bobbio chegou a compor os

partidos italianos de esquerda, mas ao longo de sua história foi distanciando-se dos ideários

socialistas por ser um grande defensor da democracia e acreditar que socialismo e democracia
seriam incompatíveis em suas essências, já que as teses socialistas, para Bobbio, previam quem

governa, mas não como se governa, abrindo espaço para condutas de dominação e abuso de poder.

Para Bobbio, o cerne do neocontratualismo está na democracia, pois para o autor seria a

democracia que iria garantir o exercício da vontade geral e das liberdades individuais. Para o autor, o

centro da democracia está no exercício da vontade da maioria, dada na contagem numérica das

vontades individuais: “a regra da maioria é a pedra de toque do neocontratualismo bobbiano” (SILVA,


2010, p. 188).

O mesmo Silva (2010) nos explica que o neocontratualismo de Bobbio é pautado em dois

princípios básicos: a) o único mecanismo de garantir o sistema democrático é o consentimento dado

pelo maior número de indivíduos advindos do voto individual e singular; b) existência de uma

“calculabilidade racional-legal”, que seria a existência de mecanismos técnicos de contagem das


vontades individuais para se ter certeza de que a vontade geral será feita. O autor (p. 189) explica:

Emerge uma calculabilidade racional que permite que um e outro governem, sem precisar recorrer

à espada e ao princípio do extermínio mútuo. Cria-se uma relação institucional mediada pelo
contrato, na qual o pacto é o elemento garantidor da natureza democrática. Trata-se de uma

superposição entre o princípio da maioria e certo compromisso entre as classes em respeitar o


contrato estabelecido através da observância das leis, de forma a fundamentar e dar sustentação à

constituição de uma vontade geral ordenada juridicamente por um ente coletivo superior.

Dessa forma, podemos aduzir que para Bobbio o contrato social ocorre da própria democracia,

quando a sociedade, por meio do voto da maioria de seus componentes, faz uma escolha e sujeita

todos os demais a respeitar essa escolha da maioria e “a concepção de democracia moderna repousa
nos fundamentos de uma concepção individualista da sociedade, pelo fato de encarar a sociedade

política como um produto artificial da vontade dos indivíduos”.

TROCANDO IDEIAS

Os neocontratualistas não trabalham diretamente com a ideia de que o contrato social é firmado
para criar um Estado que seja o responsável por manter a ordem e a paz social. No entanto,

defendem que o contrato é um consenso entre os homens em busca da justiça e da equidade (no

caso de J. Rawls) ou que o contrato social é firmado pela própria organização do processo de

democracia, entendendo essa democracia como a possibilidade do exercício da vontade da maioria,


o que sujeitaria os demais a seguir as leis, normas e regras ditadas pela maioria (nas teses de N.

Bobbio). Com os conhecimentos compartilhados até agora, dê a sua opinião sobre qual seria o papel

do Estado quando os indivíduos “firmam” o contrato social. Acesse o Ambiente Virtual de


Aprendizagem e compartilhe suas ideias com seus colegas!

NA PRÁTICA

Os três autores de maior destaque no contratualismo moderno, embora mantenham uma matriz

única de construção dos seus argumentos, guardam diferenças entre si, se aproximam e se

distanciam, conforme cada categoria de análise. Visando a dar melhor compreensão a essas

similitudes e diferenças, preencha o quadro abaixo:

T. Hobbes J. Locke J.J. Rousseau

Como é o Estado de Natureza?

Soberania? (Quem é o soberano? Uma ou

mais pessoas?)

O que/como é o Estado?

Quem é o titular do poder na sociedade

civil? (Quem rege as regras do direito


privado, das relações particulares?)

Qual é a fonte do poder? (De onde ele


emana?)
Propriedade privada?

Orientações

1. Estudo das rotas dos temas 3, 4 e 5 e Síntese desta aula;


2. Pesquisar na internet, em artigos, textos e sites, se necessário;

3. Preencher o quadro com respostas curtas e objetivas, a fim de montar um esquema

comparativo entre os autores contratualistas.

Núcleo central das respostas esperadas:

T. Hobbes J. Locke J.J. Rousseau

Como é o Estado de Mau, caótico, antissocial, É bom, mas torna-se ruim com É naturalmente bom, a
Natureza? violento, sem leis, situação o surgimento da propriedade criação da sociedade civil

constante de insegurança e privada, que gera disputa, e do Estado é que o


medo da morte. competição e busca por glória. corrompeu.

Soberania? (Quem é o Uma ou mais pessoas que Uma ou mais pessoas, Rousseau não define, só
soberano? Uma ou mais detém o poder divididas em três poderes. diz que em seu novo

pessoas?) permanentemente contrato o soberano é o

(absolutismo). Estado.

O que/como é o Estado? Forte, absoluto, como o Juiz de todos os indivíduos, o É a representação da

monstro Leviatã. legislador e executor das leis. vontade geral.

Quem é o titular do poder Soberano. Povo. Povo.

na sociedade civil? (Quem


rege as regras do direito

privado, das relações


particulares?)

Qual é a fonte do poder? (De O povo, que abre mão de suas O povo, que delega para o O povo, que delega para
onde ele emana?) liberdades individuais em Estado a função de legislar e o Estado a representação

detrimento do Estado que executar as leis. da vontade geral; abre


manterá a ordem e a paz mão das liberdades

social. naturais em detrimento

da liberdade civil.

Propriedade privada no Não existe no Estado de É anterior ao Estado Civil, Não existe no Estado de

Estado de Natureza e no Natureza, pois não há leis que existe no Estado de Natureza Natureza, passa a existir
Estado Civil? digam o que é de cada um. na medida em que o homem na sociedade civil e é
Existe no Estado Civil quando transforma a natureza e se legalizada pelo Estado

as leis definem os limites da apropria do seu trabalho. O Civil.


propriedade. Estado Civil cria leis para

preservar e proteger essa


propriedade.

Indicação de leituras

Para aprofundar seus estudos, faça as leituras indicadas a seguir:

A formação do Estado Moderno sob a concepção dos teóricos contratualistas – Andréia


Aparecida D’Moreira Arruda.

O neocontratualismo de Norberto Bobbio e John Rawls em um contexto de

neoliberalismo e crise estrutural do capital – Marcelo Lira de Oliveira.

SÍNTESE

Nesta aula, pudemos estudar um pouco mais sobre o contratualismo e percebemos que se
tratou de uma ou várias teses que se dedicaram a justificar a existência do Estado, em especial do

Estado Liberal. Vimos que, embora haja diferenças entre os principais contratualistas, Hobbes, Locke

e Rousseau, há um núcleo comum de construção da tese, que pressupõe sempre a existência de um


Estado de Natureza, de um contrato social formado pelo consenso e da existência de um Estado

como fruto desse contrato.

O Estado de Natureza seria a condição humana pré-contrato, na qual não há leis comuns e

universais e nem um aparato institucional de coerção dos homens que regule a vida social; o

contrato social seria o consenso ou a escolha racional dos homens por um acordo no qual os

indivíduos abrem mão do exercício ilimitado de sua liberdade para garantir a sua liberdade civil; e o
Estado seria o fruto desse consenso, existente para ordenar a vida social, garantir a propriedade

privada e julgar aqueles que transgridam as leis e as regras.


Estudamos sobre os três principais contratualistas, sendo que vimos que Hobbes defendia um
Estado forte, com a presença de um soberano poderoso e onipresente, fazendo uma suposta

apologia aos reis absolutistas; para o autor, no Estado de Natureza os homens viviam em um caos,

sujeitos à violência e numa situação de insegurança constante por medo da morte; assim delegam o
poder a um ente soberano, que pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas, o qual tem a

prerrogativa de garantir a segurança e paz social.

Já Locke, o segundo dos contratualistas, era menos pessimista em relação ao Estado de

Natureza, afirmando que nessa condição os homens poderiam viver em paz, exercendo com

igualdade o seu direito à liberdade. Porém, esse Estado de Natureza passou a tornar-se ruim com o

surgimento da propriedade privada, com o acúmulo de bens de cada indivíduo como fruto do seu
trabalho; a disputa pela propriedade privada teria levado os homens a atitudes irracionais e não

cooperativas. Para regrar e criar mecanismos de manutenção e preservação da propriedade surge o

Estado, como o grande legislador, responsável pela criação das leis e regras e pela execução e

aplicação delas. Para Locke, ao “assinar” o contrato, o homem não abre mão de suas liberdades
individuais, apenas delega ao Estado esse poder de legislar. Porém, diferentemente de Hobbes, o

poder não poderia estar nas mãos de um único ente soberano, já que esse autor era contrário ao

absolutismo. Para evitar o poder absoluto, Locke propõe que o Estado seja composto por três
poderes: o legislativo, o executivo e o federativo e que o poder seja emanado a partir do “povo”.

Rousseau, o último dos três principais contratualistas modernos, acreditava que o Estado de
Natureza era uma condição boa e que os homens nesse Estado eram igualmente bons. Para o autor,

o que corrompe os indivíduos é a propriedade privada, pois a partir da sua instituição passa-se a

legalizar a desigualdade, sendo o Estado fruto do contrato em favor da proteção e da legitimidade da

propriedade privada. Assim, para esse autor, o Estado surge como uma obra dos mais ricos para
sustentar a desigualdade. Importante ressaltar que, para Locke, a propriedade privada é anterior ao

Estado e para Rousseau ela só existe porque é legitimada por esse Estado. Já que esse Estado fruto

do contrato não é considerado como algo bom por Rousseau, o autor propõe um novo contrato
social, visando a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Esse Estado teria que

expressar a chamada vontade geral, ou seja, o poder nesse Estado de Rousseau emanaria também do

povo e a sua vontade geral deveria ser a linha mestre da atuação estatal.

Após falarmos do contratualismo moderno, apresentamos as teses neocontratualistas, que nada

mais são do que novos constructos intelectuais na intenção de justificar a existência do Estado, do
acordo entre os homens, a partir de outras vias de argumentação. Para Rawls os homens estabelecem
um consenso em nome da justiça, justiça esta que visa a garantir a equidade na distribuição dos

“bens primários”. Já Bobbio acredita que o contrato se firma através da democracia, quando se

contabiliza a vontade da maioria, legitimando essa vontade e sujeitando os demais ao exercício

desta.

Por fim, é importante ressaltar que o contratualismo é uma das formas explicativas sobre o

Estado e seu papel nas sociedades modernas e contemporâneas e que teve seu início no bojo do
movimento iluminista, o qual tinha como um dos focos principais a crítica ao absolutismo e a

valorização do exercício das liberdades individuais. Passado esse período, temos outras construções e

até mesmo análises um pouco mais críticas acerca do papel do Estado, em especial no contexto do
modo capitalista de produção, o qual teremos a oportunidade de estudar em outras disciplinas deste

curso de graduação.

REFERÊNCIAS

ARRUDA, A. D. M. A formação do estado moderno sob a concepção dos teóricos contratualistas.

Revista do Curso de Direito da Universidade de Formiga – UNIFOR. Formiga, v.4, n.1, jan/jun 2013,

p. 51-57.

BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política. 4.ed. Trad. Marco
Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Trad. Antonio Caruccio-Caporale. São Paulo: L&PM, 2011.

OLIVEIRA, N. A. A teoria da justiça de John Rawls: pressupostos de um neo-contratualismo


hipotético. Revista Sociedade em Debate. Pelotas, v. 5, n.2, ago 1999, p. 33-49.

PEREIRA, G. Concepção de justiça e o fundamento democrático: o papel do neocontratualismo


de John Rawls. Revista Justiça do Direito. Passo Fundo, v.29, n.3, set/dez 2015, p. 606-617.

RAWLS, John. Uma teoria da justiça. Trad. Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. São Paulo:

Martins Fontes, 1997.

REIS, C. A. Contratualismo moderno e contratualismo contemporâneo. Disponível em <

www.xr.pro.br/IF/Contratualismo.RTF> Acesso em 12 mar 2016.


SCORZA, Flavio Agusto Trevisan. O Estado na obra de Kant. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano

12, n. 1348, 11 mar. 2007. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/9580>. Acesso em: 19 abr. 2016.

SILVA, M. L. O neocontratualismo de Norberto Bobbio e John Rawls em um contexto de

neoliberalismo e crise estrutural do capital. Dissertação de Mestrado defendida no Programa de


Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista –

UNESP, 225 p.

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