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RESENHA

Leviatã

HOBBES, Thomas. Leviatã; ou Matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil.


São Paulo: Nova Cultural, 1999. Capítulos XIII, XIV; XVII, XVIII, XIX; e XXI

Leviatã é considerada uma obra indispensável para entender o pensamento


político moderno. Hobbes vai tratar do estado de natureza antes do Estado,
organização e constituição do Estado, Leis, Contrato. Tendo uma preocupação
excessiva com a segurança, sendo citada diversas vezes pelo autor e considerada
como um “bem maior”.

O primeiro capítulo estudado (XIII), vem discorrer “Da CONDIÇÃO


NATURAL da Humanidade relativamente à sua Felicidade e Miséria”, onde o filósofo
esboça uma idéia de igualdade natural entre os homens, todavia dessa igualdade
provém a desconfiança, da desconfiança o conflito e esse é o percurso usado por
Hobbes para afirmar sua teoria de que a condição natural da humanidade consiste
uma constante guerra entre os homens.

E é esta condição de ausência de paz e dominância do medo pela morte que


leva o homem a uma vida solitária, miserável, sórdida, brutal e curta. Sendo a razão
que sugere a regulação de normas de paz, das quais levariam os homens a disfrutar
de sociedade harmônica, a razão sugere o acordo. Isto posto o filósofo prepara a
base ideal para propor sua teoria onde um modelo político monárquico absolutista
seria o meio para esta condição natural de medo ser superada.

No capítulo seguinte (XIV) “Da primeira e segunda LEIS NATURAIS e dos


CONTRATOS”, trata de diversos conceitos, sendo o primeiro e citado aqui, o do
Direito Natural, definido como o poder natural que cada indivíduo possui para
buscar sua autopreservação, sendo seu próprio julgamento e razão a estabelecer o
limite de suas próprias ações. Por conseguinte vem falar sobre o conceito de
liberdade como na palavra propriamente dita, liberdade para agir conforme suas
próprias concepções. Não havendo um limite ou fator externo para conter as ações
humanas.

Ademais vem fazer uso da definição de uma Lei de Natureza (como a justiça,
a eqüidade, a modéstia, a piedade, etc) para regular a ação humana de tudo aquilo
que pode destruir sua vida ou colocá-la em risco. Isso posto o Direito Natural se
difere da Lei da Natureza, já que o primeiro é caracterizado pela liberdade de fazer
ou omitir, enquanto a segunda é o meio pelo qual se determinará ou obrigará a uma
dessas duas coisas.
Partindo para a definição de contrato, este surge como uma transferência
mútua de direitos, e para que a execução e cumprimento das leis aconteça se faz
necessário a existência de um poder de coerção, já que vínculos estabelecidos por
palavras, o pacto, não têm uma real garantia de cumprimento: “Portanto, não é de
admirar que seja necessária alguma coisa mais, além de um pacto, para tornar
constante e duradouro o seu acordo; ou seja, um poder comum que os mantenha
em respeito, e que dirija as suas ações para o benefício comum” (1999, p.147).

Em “Das Causas, Geração e Definição de uma República”, é definida a ideia


de república e aparece a figura do Leviatã, que está vinculada a forma de como
deve estar constituído o Estado: “É esta a geração daquele grande LEVIATÃ, ou
antes (para falar em termos mais reverentes) daquele Deus mortal, ao qual
devemos, abaixo do Deus imortal, a nossa paz e defesa” (1999, p.147). Em Hobbes
o poder deve ser concedido a um soberano, onde este será o representante da
vontade do povo que abdicou de seu poder de liberdade através do contrato.

Hobbes sempre faz referência ao total poder na figura do soberano, onde um


pacto não pode ser rompido ou desfeito, e até mesmo os súditos são responsáveis
pelas ações do rei, mesmo que estas sejam contrárias aos ideais de equidade
estabelecidos anteriormente já que transferiram seu poder para este representante
todas decisões inclusive de violência são justificadas. Todavia para ele é preferível
sofrer essa repressão a ter que enfrentar um cenário de guerra civil.

No capítulo “Das diversas Espécies de Repúblicas por Instituição e da


Sucessão do Poder Soberano” trata dos tipos de repúblicas, que segundo Hobbes
estão constituídas em três, sendo estas: Monarquia, Democracia e Aristocracia,
trazendo uma breve conceituação de cada uma. Ademais parte para o um modelo
de sucessão deste soberano, seguindo o mesmo padrão de pensamento de poder e
escolhas apenas por um pequeno grupo constituído pela nobreza: “Torna-se assim
evidente que, pela instituição de uma monarquia, a escolha do sucessor é sempre
deixada ao juízo e vontade do possessor atual” (1999, p.167).

Para finalizar “Da LIBERDADE dos Súditos” discute a liberdade quanto ao


âmbito do Estado, já que, seja no Estado por aquisição ou instituição, a sua função
está vinculado ao controle da liberdade individual. A necessidade de uma força
reguladora para Hobbes surge no medo.

Considerando todos os demais aspectos discutidos ao longo dos capítulos


anteriores, sabendo que Hobbes era um defensor do absolutismo, a liberdade dos
súditos é determinada pelo soberano conforme aquilo que entendeu ser o ideal para
seus subalternos: “Portanto, essa liberdade em alguns lugares é maior e noutros
menor, e em algumas épocas maior e noutras menor, conforme os que detêm a
soberania consideram mais conveniente” (1999, p.187), a liberdade individual
subtraída pelo contrato e pertencente ao Estado.

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