Você está na página 1de 2

Nome: Felipe Petri Correa da Silva Matrícula:16.2.

3750 Data: 26 de Março de 2021

Do Estado de Natureza ao Estado Civil

Em sua obra o Leviatã, Hobbes disserta sobre a natureza humana e suas implicações. Os
desejos dos homens em uma sociedade, ou mesmo em seu estado natural são infinitos, em mundo
finito, ocorre um conflito de interesses entre os homens, a que ele se refere como estado de guerra;
importante ressaltar que o estado de guerra não é uma guerra em si, mas a iminência de uma disputa
prestes a acontecer, um estado de tensão perpétuo.
Rousseau, em seu livro intitulado “O Contrato Social”, expõem o imperativo de se viver em
liberdade, e para isso ele parte de um raciocínio da convivência pacifica através do Pacto Social.
Este pacto é uma união de homens que tem como objetivo se proteger e a seus interesses em
comum, incluindo sua liberdade, de outros homens. Tal pacto, se transforma em um contrato social,
ao estipular uma hierarquia com um soberano e súditos. É a liberdade e a segurança que definem as
semelhanças e diferenças entre o pensamento de Rousseau e Hobbes.
O autor inglês viveu durante a guerra civil inglesa pré revolução gloriosa e fugiu dela, sua
visão de mundo parte da premissa da violência como forma de conquista e da proteção como forma
de defesa. O homem troca sua liberdade por segurança através de um Estado, sendo este Estado
uma constatação interna em sua própria mente, também uma relação emergencial de uma sociedade
onde todos tem o medo da agressão, e portanto fazem a mesma barganha entre liberdade e
segurança. Tal relação social é manifestada através do do Estado Moderno que pune o homem que
agride outro, tirando sua liberdade de agredir, porém, lhe dando o direito de não ser agredido. O
Estado de direito (neste momento Estado moderno) possui o monopólio da violência. O leitor pode
levar a uma falsa ideia de que o Contrato social de Rousseau tem a mesma estrutura, entretanto, não
é algo análogo ou idêntico. A liberdade é a manifestação de uma responsabilidade legal, sendo a
responsabilidade jurídica garantidora da liberdade (um exemplo é a liberdade a propriedade). O
contrato vem do pacto, que por sua vez, não é algo interno do individuo, mas uma relação social
entre um grupo de indivíduos. O soberano tem um pacto consigo mesmo, os cidadão tem um pacto
entre si e com o soberano, a liberdade garante este pacto, pois sem liberdade, nenhum contrato se
faz necessário. Ser livre para pactuar por sua segurança é da natureza humana.
No Leviatã, Hobbes não trata o Estado como tirania, mas como resultado de uma epifania
interna do individuo social, agindo em prol de sua segurança e tolhendo sua liberdade a fim de
diminuir a tensão social de guerra eterna e ter alivio. A manifestação deste comportamento
individual, quando extrapolado ao todo torna as relações sociais menos desagradáveis e violentas,
quando rompida, tal paz deve ser restabelecida pelo Estado moderno através da lei e do poder
jurídico. Sendo este fruto do esforço humano em manter sua própria paz. O autor francês,
diferentemente, enfatiza o projeto de Estado moderno como uma estrutura advinda do contrato
social previamente estabelecido, de maneira organizada, com finalidade de preservar sua própria
liberdade como indivíduo, o cidadão se rende a normas sociais estabelecidas; é necessário
segurança para se ter liberdade, e liberdade para manifestar vontade e organização para a criação do
Estado de Direito. Esta transição do estado de natureza, onde o homem faz uso da sua natureza
egoísta apenas para beneficiar a si mesmo, para o Estado organizado, em que o homem em conjunto
estabelece leis para garantir o seu direito a liberdade de forma sadia é a transição para o Estado
Civil rousseauniano.
A relação entre o Estado Civil e o Estado Hobbesiano é a constatação do estado de natureza
humana, violenta e egoísta. O que torna imprescindível uma organização social e, principalmente
política, entre os indivíduos. Hobbes vê o homem emergir deste estado de selvageria para o Estado
Moderno através do medo e da insegurança. Rousseau, por outro lado, compreende a transformação
do estado de natureza para o Estado Civil por meio da associação de indivíduos como agente sociais
ativos, em conjunto, em uma evolução do pacto para o contrato social.

Você também pode gostar