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FLP0101 – Política I – Pensamento Político Moderno (2021)

26/06/2021
Fichamento V – Sintético 10828558

Texto: HOBBES, Thomas. Leviatã. Organizado por Richard Tuck. 2a Ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2008. p. 106 - 169

Problema: Sabendo que os homens em estado de natureza vivem na condição de guerra,


como viabilizar a vida em sociedade?

Tese: O autor defende que se os homens não estiverem sob um poder superior comum,
estarão em constante condição de guerra, portanto, a vida em sociedade só é possível sob um
poder coercitivo comum. A coerção tem como objetivo manter todos em respeito mútuo e
fazer valer pactos celebrados, sendo a República (o Estado Leviatã) a única maneira de
instituir tal poder comum, com a finalidade de garantir a segurança individual juntamente com
uma vida em sociedade mais satisfeita.

Estrutura argumentativa: O autor parte do pressuposto de que a natureza fez todos os


homens iguais, dessa igualdade veio a desconfiança e dessa desconfiança a guerra. Hobbes vai
apresentar os vícios causadores da discórdia entre os homens e em seguida os males da guerra
para o progresso humano. Em seguida, vai definir alguns conceitos que utilizará na sua
argumentação, sendo o principal o da Lei de Natureza, pois a partir do entendimento de que a
Lex Naturalis proíbe a um homem fazer tudo o que possa destruir a sua vida ele estabelecerá
que a primeira lei fundamental da natureza é “procurar a paz”, sendo essa lei condensada na
segunda: que o homem contrate para obter a paz. São essas duas leis que vão dar
embasamento para toda a argumentação que virá em seguida. Hobbes vai delimitar o que é
direito e como se dá a sua transferência, ou seja, vai definir e sistematizar o contrato social.
Ainda, o autor apresenta a Terceira Lei Natural(“pactos devem ser cumpridos”), para ele, não
haveria racionalidade nos contratos sem essa premissa. Além dessas três leis, Hobbes vai
ordenar uma série de outras Leis de Natureza, porém, acaba por sintetizá-las na noção de que
para o cumprimento dessas leis o mínimo balizador seria: não faças a outro o que não queres
que te façam, onde não há nenhuma lei de natureza no qual não lhe pareça absolutamente
aplicável. Tendo posto isso, Hobbes argumenta que as leis da natureza na ausência de um
poder comum fariam a humanidade tender para o orgulho e vingança, e os pactos sem a
espada não passariam de palavras, sem força para dar segurança a ninguém. Daí a
centralidade da coerção (poder comum) para a segurança da vida em sociedade, sendo a
República (o Estado Leviatã) a única maneira de instituir tal poder comum, conferindo toda
força, via acordo, a um homem, ou assembleia de homens – o portador dessa força é o
soberano. O autor vai argumentar que juntamente com o poder soberano virão anexados uma
série de direitos e faculdades, via autorização. Por conseguinte, Hobbes apresenta três tipos
de república (Monarquia, Democracia e Aristocracia) e suas formas corrompidas (tirania,
anarquia e oligarquia, respectivamente), destacando que a diferença entre as repúblicas se dá
pela diferença da pessoa soberana (ou pessoa representante de todos e cada um dos membros
da sociedade). No entanto, ele admite a limitação da caracterização das repúblicas, pois
aqueles que examinam as repúblicas que existiram e existem no mundo, vão encontrar
dificuldades em reduzi-las a três. Finalmente, o autor propõe e clarifica o direito de sucessão e
destaca que da mesma maneira que as medidas necessárias para a criação de um homem
artificial foram tomadas para a conservação da paz entre os homens, também deve-se tomar
medidas para a manutenção de uma eternidade artificial, tendo em vista que todas as formas
de governo são mortais. Sem isso, os homens voltariam à condição de guerra a cada geração,
ou na medida em que seu governante, ou monarca, morresse.

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