O documento discute a evolução da teoria do Estado da Idade Média até o século XVII. Apresenta como o poder papal foi substituído pelos reinos independentes e como filósofos como Nicolau de Cusa, Wessel e Mário Salamônio desenvolveram a ideia de que o poder emana do povo através de um contrato social. Também discute como Hobbes e Locke influenciaram a ideia de um governo limitado e baseado no consentimento popular.
O documento discute a evolução da teoria do Estado da Idade Média até o século XVII. Apresenta como o poder papal foi substituído pelos reinos independentes e como filósofos como Nicolau de Cusa, Wessel e Mário Salamônio desenvolveram a ideia de que o poder emana do povo através de um contrato social. Também discute como Hobbes e Locke influenciaram a ideia de um governo limitado e baseado no consentimento popular.
O documento discute a evolução da teoria do Estado da Idade Média até o século XVII. Apresenta como o poder papal foi substituído pelos reinos independentes e como filósofos como Nicolau de Cusa, Wessel e Mário Salamônio desenvolveram a ideia de que o poder emana do povo através de um contrato social. Também discute como Hobbes e Locke influenciaram a ideia de um governo limitado e baseado no consentimento popular.
A teoria do Estado no final da idade média e os fundamentos do Estado e do
governo. – Ainoã S. Teixeira. Na época em pauta, antes mesmo da reforma chegar a considerar a constituição dos estados independentes e derrubar a visão medieval de uma sociedade cristã unitária, o conflito dos reinos diante da autoridade do papa já tinha acabado, isto é: O poder de deposição papal foi a ferramenta mais poderosa (Mal comparando, o papa tinha o poder de dar ou tirar os poderes de imperadores). E com a derrubada do poder papal os reinos não deviam mais obediência a vossa santidade. Ao final do século XIV (14), John Wycliffe atribuiu a invenção do governo civil, chamado de ritus gentium, que foi levada a frente e explicada por Nicolau de Cusa no século XV(15), falando que em sua visão a instituição de governo, em ultima instância, era Deus (Novamente vemos que o sagrado ainda fazia parte das ideias de governo), mas Cusa especifica que todo poder surge somente de acordo e do consentimento comum dos cidadãos, visto que por natureza os homens são iguais em liberdade e em poder, e se os homens possuem o mesmo poder comum regular esse poder nas mãos de alguém que por natureza é igual a todos, sua escolha deve ser de todos também. Poucas décadas depois Wessel afirma que o dever de obediência do cidadão ao soberano não é absoluto, mas sim uma obrigação contratual, e se o soberano não cumpre sua parte do contrato o cidadão também não está mais vinculado a ele. (Comentário pessoal: Um pouco depois da época em que estamos retratando, John Locke escreve o contrato social, onde o governo tem responsabilidades de manter o bem- estar da população em todos os sentidos, mostrando que não é somente o cidadão que tem obrigações, o que nos leva a perceber as mudanças civis, pois como dizem, “a corda só arrebenta para o lado mais fraco”, agora a corda começou a puxar para o lado dos governantes.) Já no século XVI (16) Mário Salamônio nos explica o Estado como uma espécie de “sociedade civil” que passa a existir por meio de acordos mútuos. Na Espanha o pensamento a respeito do Estado é destacado como: não uma consequência da vontade humana, mas sim como um crescimento orgânico natural assentado no instinto do homem para se associar e oferecendo-lhe vantagens matérias óbvias, como a solidariedade para se defender dos inimigos e a possibilidade de uma grande diversidade de trocas dentro da sociedade. (Comentário pessoal: Aqui podemos perceber que essa afirmação se encaixa em uma troca de interesses entre o povo e o Estado, e não mais se classifica como a submissão dos cidadãos). Continuando nesse pensamento, Suárez nos explica que a associação dos homens foi consciente e não instintiva, os homens se uniram em um corpo politico para a ajuda mútua, e tinham um governo comum, entretanto, o mesmo comenta que essa obrigação é bilateral (Como já foi falado acima), vinculando o governante com os governados, condição na qual enquanto o governante cumpre seu dever, os cidadãos não podem recusar sua submissão a ele, contudo, se ele se transforma em um tirano, viola a condição sob qual foi aceito como soberano e pode ser deposto. (Comentário pessoal: Nessa parte percebemos que não mais o papa era quem tinha o poder de retirar alguém do cargo, mas sim o povo). A partir desse ponto nós já entendemos a base da teoria do Estado, e podemos partir para o século XVII (17) e entender os fundamentos do Estado e do governo. Neste século era comum imputar a origem da sociedade organizada a uma espécie de acordo firmado entre seus membros, usando a expressão sintética que depois se tornou usual a um “contrato social”, essa teoria desempenhou um papel central nos conflitos constitucionais, tendo como dois famosos expoentes, Thomas Hobbes e o já citado John Locke. Ao longo do tempo e foi se acrescentando elementos a teoria, como as dos alemães contratualistas que dizem que os indivíduos concordam não só em fundar uma comunidade, mas ao darem ao soberano poderes, agora eles esperam justiça e proteção, novamente, em troca de obediência. Futuramente, esse novo elemento foi denominado “contrato de sujeição”. (Comentário pessoal: Parece que todos os estudiosos estão falando a mesma coisa em palavras diferentes, porém, a cada elemento implantado nesse contrato é mais uma responsabilidade que o governo firmou com o povo, e que deverá ser cumprido). Ambas as formas de contrato social, é manifesto um princípio democrático ou centrado no povo, além disso, mesmo que elas conflitassem em percepções antigas, elas podiam até ser posta em harmonia baseado no ser humano de Aristóteles: que tende por natureza a existência cívica. A partir desse ponto entra o pensamento que: Se uma das partes rompe o contrato, quem seria o juiz desse rompimento? Bom, qualquer pessoa com o menor conhecimento de lei sabia que ninguém pode se liberar de um contrato meramente porque pensa que a outra parte o rompeu, é preciso primeiro haver um julgamento imparcial, caso contrário a parte que se autoliberou está se fazendo juíza de sua própria causa. Após várias discussões, o modelo foi posto em prática pelos Pais Peregrinos que navegaram para a América do Norte, com o fim de estabelecer ali uma nova comunidade, livre das proibições que o domínio da Igreja anglicana impunha. A partir daí os primeiros grandes teóricos do século repetiram, em suas próprias variações, atribuíram claramente o domínio humano ao consentimento e concordância do povo; o povo junta-se em um corpo político por sua deliberada vontade e consentimento comum; pode então transferir seus poderes a uma única pessoa, ou mesmo a outro estado, e está pessoa transmitirá seus poderes a seus sucessores sob as mesmas condições em que ele recebeu do povo (Comentário pessoal: Aqui temos indícios do que conhecemos como nosso poder hoje, onde um presidente pode passar seu poder ao seu vice, por alguma razão). Hobbes nos explica melhor a formação de governo e em que se é pautado, isto é: Para erigir um poder comum como esse, que seja capaz de defende-los da invasão de estrangeiros e dos danos de uns para com os outros, e assim protegê-los de tal modo que, por sua própria diligência e pelos frutos da terra, eles possam nutrir e viver contentes, só há um caminho: conferir todo seu poder e força a um só homem, ou a uma assembleia de homens, que reduzirá todas as suas vontades pela pluralidade de vozes, a uma só vontade: ou seja, designar o poder a alguém que possa colocar em prática atos que tragam segurança e paz a todos. Isso é mais que consentir ou concordar; é uma real unidade de todos, em uma única e mesma pessoa, feita pela convenção de todo homem com todo homem, como se cada homem dissesse ao outro: “Eu autorizo e renuncio a meu direito de governar a mim mesmo, em favor desse homem, ou dessa assembleia de homens, desde que tu renuncies a teu direito em favor dele e autorize todas as tuas ações de igual maneira”. Feito isso, a multidão assim unida em uma pessoa é chamada de Civitas. Nesse ponto já temos brecha para falar sobre a legislação, (Platão define a legislação como um meio criado para livrar o homem de ser injusto ou injustiçado). A legislação, embora seja ele o poder supremo em todas as repúblicas, ele não é, nem poderia ser, absolutamente arbitrário sobre as vidas e fortunas das pessoas. Pois ninguém pode transferir a outro mais poder do que tem, e ninguém tem um poder arbitrário absoluto sob si mesmo ou sobre o outro para destruir sua própria vida ou tirar a vida ou a propriedade de outro. Assim, o princípio de que “Nemo dat quod non habet” (Significa: ninguém pode dar aquilo que não tem), foi desenvolvido para limitar o poder de todo governo, que não tem outro fim senão a preservação, e por isso nunca pode ter o direito de destruir, escravizar ou empobrecer intencionalmente os súditos. O legislativo é um poder fiduciário (Significa um poder que depende de confiança), então resta ainda ao povo o poder supremo de remover ou alterar o legislativo, quando achar a ação do legislativo contrária à confiança depositada nele. Obviamente toda a teoria do contrato social apresenta problemas, como, por exemplo, a dificuldade de impor aos sucessores das partes contratantes obrigações que eles nunca consentiram em assumir. Esse problema pode ser resolvido sem o recurso a uma série adicional de construções artificiais. Já nas colônias americanas, Locke era, depois da bíblia, a principal autoridade em que se baseavam os pregadores para sustentar seus ensinamentos políticos, e sua influencia na França nas décadas que procederam a Revolução não seria menor.
Democracia e Jurisdição Constitucional: a Constituição enquanto fundamento democrático e os limites da Jurisdição Constitucional como mecanismo legitimador de sua atuação