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Ciência
política
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Ciência
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Gisele de Cássia Galvão Ruaro
Denise da Silva Vieira
Giane Albiazzetti
Silvana Braz Wegrzynovski
Wilson Sanches
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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora
e Distribuidora Educacional S.A.
Albiazzeti, Giane
A335c Ciência política / Giane Albiazzetti, Denise da Silva
Vieira, Wilson Sanches, Silvana Braz Wegrzynovski,
Gisele de Cassia Galvão Ruaro. – Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S. A., 2014.
168 p.
ISBN 978-85-68075-62-3
CDD 320
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Sumário
vi CIÊNCIA POLÍTICA
Apresentação
Unidade 1
A formação do
pensamento político
Giane Albiazzetti
2 CIÊNCIA POLÍTICA
Introdução ao estudo
Esta unidade aborda a formação do pensamento político, tendo como referên-
cia dois períodos históricos distintos — a Grécia Antiga e a Modernidade — e as
ideias centrais de alguns dos principais filósofos que se dedicaram ao tema. Os
conteúdos trabalhados estão divididos em duas seções: na primeira, é apresentada
a gênese ou a origem da política e da ciência política; na segunda, são aborda-
dos alguns autores clássicos do pensamento político ocidental, começando por
Nicolau Maquiavel e seguindo para Thomas Hobbes, Montesquieu, John Locke,
Rousseau, Tocqueville, Karl Marx e Max Weber. Um ótimo estudo a todos!
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Atividades de aprendizagem
1. O que é política e qual a sua importância?
2. Como surgiu o interesse pela política?
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apoio irrestrito (uma relação de troca). Sendo assim, ainda que haja oposi-
tores, o governo se sustenta no poder, pois a maioria da população se sente
politicamente amparada.
Assim que, em muitos casos, o governante irá precisar e até mesmo de-
pender de apoiadores corruptos, e nesse caso deve adaptar-se às suas exi-
gências e condições (MAQUIAVEL, 1999). Impressionante pensarmos que a
corrupção na política já fazia parte dos governos absolutistas da Europa, não
é mesmo? O que parece mais interessante é que Maquiavel destaca que a
aliança do governante com aliados corruptos pode se fazer necessária a fim
de se conquistar e manter o poder. Mais uma vez, ao analisarmos a história
política brasileira, podemos observar claramente esta tese maquiavélica,
especialmente nos governos democráticos, nos quais a vitória nas urnas de-
pende de alianças entre partidos e concessão de altos cargos públicos para
os aliados, ainda que muitos desses possam estar envolvidos em denúncias
ou casos de corrupção. Nesses casos, como ensina o filósofo, é prudente ao
governante adequar-se às circunstâncias e satisfazer os interesses de quem
o apoia, mesmo que corrupto.
Uma outra lição extraída de O príncipe é bastante conhecida, inclusive do
público leigo, quando o filósofo observa que os que pretendem conquistar e
se manter no poder político precisam oferecer ao povo entretenimento, festas
e espetáculos, ou, em outras palavras, o governante deve exercer a prática de
oferecer ao povo pão e circo. Há muitos exemplos de como conquistar a simpa-
tia dos eleitores, e um dos meios mais eficazes é promover ações de concessão
de benefícios não contributivos e grandes eventos festivos.
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zadores e autoritários. Por exemplo, quando tentam minar a ação dos partidos
de oposição ao realizar alianças políticas estratégicas com partidos fisiológicos
(menos ideológicos). Os partidos de oposição, ao se tornarem minorias no
parlamento ou no Congresso, ficam enfraquecidos, com menor possiblidade
de exercer o contracontrole ideológico/programático necessário ao fortaleci-
mento da democracia. Outro exemplo, ainda, é quando tais governos ameaçam
cercear as liberdades de opinião e de manifestação políticas, seja inibindo
movimentos de expressão da sociedade ou ameaçando coibir o trabalho dos
canais midiáticos e dos meios de comunicação de massa (PIERANTI; MARTINS,
2008). Mas, voltando ao pensamento clássico de Charles-Louis de Secondat, o
barão de Montesquieu, o que se observa é uma crítica contundente às formas
despóticas de governar.
Quanto à aristocracia, esta forma de governo pode acontecer em uma so-
ciedade republicana, mas nunca em monarquias. O autor enfatiza que “[...]
o poder soberano encontra-se em mãos de um número certo de pessoas. São
elas que estipulam as leis e as fazem executar” (MONTESQUIEU, 1997, p. 50).
Significa, então, que em uma república aristocrática o poder político se con-
centra nas mãos de uma pequena parcela de homens, os quais compõem uma
elite política e econômica que governa para atender seus próprios interesses.
O povo, neste caso, fica à margem, alheio às decisões de quem governa.
Ainda em relação à república, outra forma de governo destacada por
Montesquieu é a democracia, que, ao contrário da aristocracia, coloca o povo
como soberano das decisões políticas. Neste caso, admite-se o sufrágio, isto
é, o voto como meio de se promover a vontade geral e a participação política
dos cidadãos, sendo que esta deve se dar por meio da eleição de assembleias
(parlamentos). No entanto, o sufrágio não é pensado como um direito universal,
tal como se define nas atuais democracias. Para Montesquieu, os cidadãos re-
presentam somente uma parcela da sociedade, como nas democracias clássicas.
O pensador, entusiasmado com o ideal republicano e democrático de-
fendido pelos muitos iluministas de sua época, afirma que “[...] o povo é ad-
mirável para escolher aqueles a quem deve confiar parte de sua autoridade”
(MONTESQUIEU, 1997, p. 46). Contudo, admite que não é possível ao povo
exercer por si mesmo o governo, sendo necessário, para tanto, que se pro-
ceda com a eleição de representantes mais capacitados. Neste caso, o poder
executivo deve se subordinar às orientações constitucionais elaboradas pelo
legislativo, bem como à rigorosa supervisão do judiciário.
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Atividades de aprendizagem
1. Por que o estudo do pensamento político clássico é importante na
atualidade?
2. Qual a principal diferença na concepção de democracia em Rousseau
e em Tocqueville?
Fique ligado!
Neste capítulo estudamos o surgimento do interesse pela política, inicial-
mente filosófico e depois científico, e as ideias centrais de importantes
pensadores clássicos da teoria política. Esse estudo nos ajuda a distinguir o
que se traduz como uma “boa política” e uma “má política”. Como vimos,
a principal diferença entre a boa política e o bom governo, por um lado,
e a má política e o mau governo, por outro, se revela não na forma pela
qual o poder se realiza, mas sim na finalidade última de toda ação política:
por quem, para quem e por que se governa. Não restam dúvidas de que
o estudo dos pensadores clássicos, assim como dos contemporâneos, nos
ajuda a responder, ao menos em parte, tal questionamento.
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Unidade 2
Teoria política e seus
grandes pensadores
Denise da Silva Vieira
Gisele de Cássia Galvão Ruaro
Objetivos de aprendizagem:
identificar as diversas doutrinas políticas e as formas de governo;
ter o primeiro contato com os clássicos da política, tais como:
Aristóteles; Thomas Hobbes; John Locke; Nicolau Maquiavel;
Platão; Santo Agostinho; São Thomas de Aquino e Sócrates, e
seus respectivos pensamentos e teorias.
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Introdução ao estudo
Caro(a) acadêmico(a), nesta unidade entraremos no mundo intrínseco da
teoria política e vamos fornecer os conceitos necessários à condução da ciên-
cia política. Apresentaremos uma compreensão dos princípios norteadores das
diversas doutrinas políticas e formas de governo, além de propiciar um primeiro
contato com os clássicos das políticas e seus respectivos pensamentos e teorias.
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1.2.1 Liberalismo
O liberalismo teve sua origem no século XVII, na Inglaterra. Surgiu por
meio de publicações sobre a política do filósofo inglês John Locke. No século
XVIII, o liberalismo econômico teve força com os pensamentos defendidos pelo
filósofo e economista escocês Adam Smith.
Liberalismo é um conjunto de princípios e teorias políticas, que apresenta
como questão principal a defesa da liberdade política e econômica, sendo
os liberais contrários à forte influência do Estado na economia e na vida das
pessoas. Segundo Bobbio (1988, p. 17), “[...] liberalismo é uma doutrina do
Estado limitado tanto com respeito aos seus poderes quanto às suas funções”.
Com a industrialização, o crescimento econômico e a democratização, come-
çou a se desenvolver uma alteração no modelo liberal de Estado (mínimo) com
incorporação dos aspectos de justiça social.
Conforme Cruz (2001, p. 106), o liberalismo teve “[...] grande influência de
ambas as correntes de pensamentos, que teve lugar na sociedade em profun-
dos processos de transformação, tantos rurais como nas urbanas indústrias”.
O liberalismo econômico fortalecia o político principalmente na Espanha e
no Brasil, no final do século XIX. Nesse sentido, a Espanha teve de pactuar a
transição com a aristocracia e oligarquia, e o Brasil foi a favor do liberalismo
econômico; inclusive liberalismo pode ser definido como um conjunto de
princípios e teorias políticas que apresenta como ponto principal a defesa da
liberdade política e econômica. Os liberais são contrários ao forte controle
do Estado na economia e na vida das pessoas e trabalham este liberalismo no
terreno cultural para ganhar força.
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1.2.2 Capitalismo
A palavra “capital” provém do latim, e posteriormente derivou o termo “ca-
pitalista”, que se refere ao proprietário de capital. O capitalismo surgiu nos
séculos XIII e XIV, na Europa. Com o renascimento urbano e comercial surgiu
uma nova classe social: a burguesia. Esta nova classe buscava o lucro por meio
de atividades comerciais.
Neste cenário, surgem os banqueiros e cambistas, que ganhavam com o
dinheiro em circulação, em uma economia em pleno desenvolvimento, iden-
tificando lucro, acúmulo de riquezas, controle de produção, expansão nos
negócios, entre outros.
Já dos séculos XVI ao XVIII, surgem as grandes navegações e expansões
marítimas europeias, quando a burguesia começa a buscar riquezas em outras
terras fora da Europa, e os comerciantes procuravam ouro, prata e especiarias —
ocasionando um ciclo de exploração, mão de obra assalariada, com o objetivo
de acumular riquezas, e fortalecendo a burguesia e as desigualdades sociais.
Ainda no século XVIII, começam a surgir mudanças no sistema de produção
europeu. Na Inglaterra iniciava a Revolução Industrial, fortalecendo o sistema
capitalista em todas as regiões do mundo. Modificando o sistema de produção,
os maquinários substituíam a mão de obra, os burgueses aumentavam o capital
e a produção acontecia de forma mais acelerada, consequentemente, os tra-
balhadores estavam sendo prejudicados, com desemprego, baixos salários e
péssimas condições de trabalho.
O capitalista compra a força de trabalho das pessoas para produzir bens ou
serviços que, após serem vendidos, permitem recuperar o capital investido e
obter um acréscimo, uma vantagem, denominada lucro, ou seja, aumento do
capital investido originariamente.
Todos os países onde o modo de produção é o capitalismo são denominados
de países capitalistas, sendo que alguns dos elementos que os caracterizam
são: acúmulo de capital, geração de riquezas, dinheiro, mercados financeiros,
concorrência e inovação tecnológica.
Os Estados Unidos foram os grandes precursores do capitalismo, porém,
depois de liderarem a economia capitalista mundial até 1929, foram abalados
por uma intensa crise econômica, que sacudiu toda a estrutura e também a
credibilidade do, até então, infalível sistema. Por isso, fez-se necessário adotar
medidas que viessem a equilibrar a economia.
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1.2.3 Socialismo
Socialismo surgiu no final do século XVIII, sendo considerado uma doutrina
política e econômica, caracterizado pela ideia de modificação da sociedade
por meio da distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, e enfraque-
cimento da distância entre ricos e pobres. Segundo Cruz (2001, p. 127), “[...]
socialismo é a corrente de pensamento dotada de uma infinidade de expressões
ideológicas concretas que coincidem na busca da igualdade entre os homens
que, entre eles, são — ou deveriam ser — sócios e não adversários”.
O socialismo é o oposto do capitalismo, ou seja, prega que todos os bens e
propriedades particulares deveriam ser de todos os indivíduos, com repartição
de trabalho comum e dos objetos de consumo, com liberdade individual e
coletivização dos meios de produção.
O socialismo é uma linha de pensamento criada para confrontar o libera-
lismo e o capitalismo; sendo também denominado de sistema político-econô-
mico. Surgiu devido à realidade que existia na época, na qual o trabalhador
era subordinado a uma classe minoritária, porém, detentora dos meios de
produção, chamada de burguesia, fazendo com que o proletariado tivesse uma
grande jornada de trabalho, com baixos salários, entre muitas outras formas
de exploração.
Nesse sentido, o socialismo propõe a extinção da propriedade privada
dos meios de produção e a retirada da concentração do poder da burguesia,
buscando o controle pelo Estado e a promoção da divisão igualitária da renda.
Dois pensadores muito importantes para o socialismo são os conhecidos,
e citados na unidade anterior, Karl Marx e Friedrich Engels.
A mais rigorosa crítica ao capitalismo foi feita por Karl Marx, segundo Fer-
nandes (1995, p. 250), “[...] para Marx, o Estado e o poder são fenômenos de
força, que estão em interação permanente com as forças econômicas e sociais.
Por isso, o estudo do Estado e do Poder é orientado para a análise concreta
dessas forças”. Marx foi um ideólogo alemão que propôs a alternativa socialista
para substituir o capitalismo.
Segundo Fernandes (1995, p. 250), a análise do Estado, para Engels, se dá
da seguinte forma:
A transformação da sociedade primitiva em sociedade de
classes tornou necessária uma instituição que colocasse
sobre as novas formas sucessivamente desenvolvidas de
aquisição de propriedade — ou seja, o crescimento cada
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1.2.4 Social-democracia
A social-democracia surgiu no final do século XIX, por partidários do
marxismo, que apostavam que uma sociedade socialista deveria ocorrer sem
revolução, por meio de reforma legislativa do sistema capitalista.
De acordo com Sell (2006, p. 70), a social-democracia “[...] nasceu de uma
divisão no campo das esquerdas”. Com a morte de Karl Marx, “[...] as organi-
zações políticas marxistas se dividiram em duas visões diferentes a respeito do
processo de transição do capitalismo ao socialismo”, originando dois grupos
que já mencionamos no item sobre o socialismo: os socialistas revolucionários
e os socialistas social-democratas. Ainda segundo Sell (2006, p. 71):
A estratégia política fundamental dos socialistas revolu-
cionários era a insurreição política que deveria ser uma
revolução que tinha como objetivo fazer com que o prole-
tariado organizado conquistasse o poder do Estado. Uma
vez conquistado o poder estatal, o proletariado adotaria
a estratégia econômica da eliminação da propriedade
privada e da coletivização de todas as forças produtivas.
A estratégia do socialismo social-democrata era diferente.
Para esta corrente de esquerda, a estratégia política para
a conquista do poder passava pela participação dos partidos
proletários nas eleições. À medida que os partidos operários
fossem chegando ao poder (apoiados pelos votos dos pró-
prios operários), eles adotariam como estratégia econômica
um programa de reformas que fosse eliminando os funda-
mentos da sociedade capitalista e introduzindo, aos poucos,
as características de uma sociedade socialista.
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1.3.2.1 Monarquia
Caro(a) acadêmico(a), vamos entender outras formas de governo como a
monarquia e a república, classificadas por Nicolau Maquiavel.
Entende-se por Monarquia um sistema político na qual o monarca é o líder
do Estado, mantendo-se no poder até a sua morte, tendo como atribuições
coordenar a administração da nação, em vista do bem comum e da harmonia
social.
A monarquia está classificada em monarquia absoluta e monarquia limitada.
Monarquia absoluta, segundo Cicco e Gonzaga (2011, p. 83), “[...] é a forma
de governo por meio da qual o monarca exerce o poder de maneira absoluta
[...] sua principal característica é a inexistência de tripartição do poder”.
De acordo com Maluf (1998, p. 178), entende-se que a monarquia absoluta é:
[...] aquela em que todo o poder se concentra na pessoa
do monarca. Exerce ele, por direito próprio, as funções de
legislador, administrador e supremo aplicador da justiça.
Age por seu próprio e exclusivo arbítrio, não tendo que
prestar contas dos seus atos senão a Deus. O monarca
absolutista justifica-se pela origem divina do seu poder.
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1.3.2.3 República
O termo “república” designava o próprio Estado, considerado coisa de
todos (do latim: res = coisa + publica = pública). Ganhou seu sentido atual
de forma de governo com a Revolução Francesa de 1789 (CICCO; GONZAGA,
2011, p. 85). Nesse tipo de governo, ao contrário da monarquia, o chefe de
governo tem um mandato com prazo de duração de quatro anos, com direito à
reeleição. Segundo Streck e Morais (2000, 1988, p, 154), “[...] a república surge
como aspiração democrática de governo, através de reivindicações populares.
Buscava-se além da participação popular a limitação do poder”.
A República é caracterizada pelo poder temporário, cujo exercício se dará
de forma eletiva, ou seja, é atribuído ao eleitor através do voto. Esta forma de
governo pode ser aristocrática ou democrática, com base na classificação ex-
traída de Maluf (1998, p. 179-180):
República Aristocrática: é aquela na qual exerce o governo uma classe
privilegiada pela origem ou conquistas, era uma espécie de assembleia
representativa, a representação se dava por algum motivo, como: cultura,
patriotismo, riqueza etc. Este regime republicano se afasta da representa-
ção popular, pois se limita a um grupo de pessoas que possuem vantagens
sociais e que eram classificados como os melhores perante o contexto
popular. Foi posto em prática em Atenas e Veneza.
República Democrática: é a república em que o poder do Estado pertence
ao povo ou a um Parlamento que o represente. A república democrática
se baseia no princípio da soberania popular. O povo é aqui o alicerce
principal dos poderes do Estado.
Como uma das diferenças fundamentais entre as repúblicas aristocráticas
e democráticas, tem-se o fato de que, para se candidatar a governante na re-
pública aristocrática, o candidato deveria pertencer a determinado grupo, ter
posses, cultura etc., restringindo o acesso do povo ao governo, mesmo que
de maneira indireta. Como princípios que caracterizam a república temos a
eletividade e a temporariedade:
Eletividade: este princípio garante que os governantes devam ser eleitos
pelo povo de maneira direta ou indireta.
Temporariedade: neste princípio, fica evidente o fato de que o mandato
tem um tempo definido, com um fim determinado, a partir do qual se deve
proceder a nova eleição.
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Atividades de aprendizagem
1. Uma das classificações das formas de governo no pensamento de
Maquiavel foi a Monarquia e a República, explique a diferença entre
as duas formas de governo.
2. As doutrinas políticas proporcionaram, para construção das estru-
turas dos Estados e formas de governabilidade, uma fundamental
contribuição para o desenvolvimento do contexto social. Diante
desse contexto, identifique e explique a diferença entre liberalismo,
socialismo.
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Na busca do conhecimento por meio das experiências que o ser humano vai
estabelecendo novas formas de trabalho, o livre consentimento da sociedade
para a formação de governos, sendo estes para Locke os principais fundamentos
do estado civil.
O autor pontua o “Estado de natureza” e o “Estado Político”; no de natu-
reza, todos têm de fazer valer a lei natural. Acreditava que o trabalho era o que
dava direito à propriedade, desde que não prejudicasse ninguém, assim sendo
assegurado o direito ao fruto do trabalho.
John Locke define as formas de governo em que “[...] a comunidade pode
ser governada por um, por poucos ou por muitos, conforme a escolha a mo-
narquia, oligarquia ou democracia” (WEFFORT, 2006, p. 87). Pontua que essa
escolha poderá incidir sobre o governo misto. Defende como forma de governo
a monarquia absoluta, “[...] desconhecendo limitações de qualquer natureza, é
incompatível com os justos fundamentos da sociedade civil” (MALUF, 1995, p.
121). A adaptação da sociedade e organização do Estado foram dadas em bene-
fícios próprios, não sendo possível neste segmento a afirmação do poder com
amplitude, ao contrário do que o bem público estabelece. Conforme Weffort,
Os direitos naturais inalienáveis do indivíduo à vida, à
liberdade e à propriedade constituem para Locke o cerne
do estado civil e ele é considerado por isso o pai do in-
dividualismo liberal (WEFFORT, 2006, p. 88).
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podendo o homem, com seu papel na história, desafiar e mudar a fortuna. Por
virtù, compreendem-se as qualidades, como: a força de caráter, a coragem
militar, a habilidade no cálculo, a astúcia, a inflexibilidade no trato dos adversá-
rios. Para Maquiavel, a política tem uma ética e lógica próprias, para se pensar e
fazer política que não se enquadra no tradicional moralismo piedoso “[...] a
resistência à aceitação da radicalidade de suas proposições é seguramente o
que dá origem ao ‘maquiavélico’” (WEFFORT, 2006, p. 24). Para Maquiavel,
o governo ideal é aquele que consegue consolidar as forças desfavoráveis
presentes na sociedade, equilibrando o anseio daqueles que impõem o do-
mínio e a resistência dos que não aceitam ser dominados.
Maquiavel defendia, segundo Sell (2006, p. 26), que “[...] a tarefa do estudo
da política é mostrar a verdade efetiva dos fatos, ou seja, como se dá, concre-
tamente, a conquista e manutenção do poder, que seriam, para ele, os reais
objetivos da política”. Na sua obra O príncipe, Maquiavel analisa a constitui-
ção do Estado, em que o governo pode violar todas as regras jurídicas, morais,
políticas e econômicas. Maquiavel distinguiu a moral particular, criando o
conceito “Razão de Estado”, no qual “os fins justificam os meios”.
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Sobre a ética, destaca que consiste em agir de acordo com a natureza ra-
cional, em que todos têm livre-arbítrio, orientados pela consciência e a ordem
moral, praticar o bem e evitar o mal, baseando-se na razão natural de Deus.
Retomou o conceito de Aristóteles e procurou aplicá-lo à teologia cristã e
à sociedade da época, defendendo a ideia de um regime político misto (mo-
narquia, aristocracia e democracia) defendido por Aristóteles.
Seu pensamento define o ser humano em dois elementos distintos: a matéria
(potencialidades) e o princípio realizador, sendo a base da existência humana.
A concepção hilemórfica é coerente com a crença, sendo Deus o salvador de
toda a humanidade.
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Sócrates não escrevia seus pensamentos, gostava de usar a voz, o que se sabe
sobre suas ideias foi deixado nas obras de seus discípulos Platão e Xenofontes.
Acreditava que a sabedoria era limitada a sua própria ignorância e que os
erros eram consequências, com intenção de fazer com que as pessoas refletis-
sem sobre os seus desconhecimentos.
Apontava que a melhor forma para se viver era concentrar-se no próprio
desenvolvimento natural e na melhor forma de conviver e se relacionar com
a comunidade, em vez de buscar a riqueza material. Suas ações confirmam o
que pregava, aceitando a sentença de morte, acreditando que não poderia fugir
de sua comunidade e colocando a virtude acima de tudo.
Na política, acreditava que as ideias e ações pertenciam ao mundo que
somente os sábios conseguiriam entender. Apostando nos filósofos para assumir
o governo, por este pensamento chamou atenção da sociedade, principalmente
atraindo os jovens que queriam vê-lo no poder. Por este motivo não foi visto
com bons olhos, sendo acusado injustamente, aceitando a condenação, pois
acreditava que não se questionava o império da lei.
Atividades de aprendizagem
1. Qual o pensador que afirma que o “homem é o lobo do homem”.
Assinale a alternativa correta:
( ) Nicolau Maquiavel.
( ) Hobbes.
( ) Locke.
( ) Rousseau.
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Fique ligado!
Caro(a) acadêmico(a), apresentamos uma discussão geral acerca da
teoria política e as diferentes doutrinas, na qual foram abordados os
seguintes itens:
A teoria política veio fornecer os conceitos necessários à condução
da ciência política, esclarecer e contribuir para o desenvolvimento
desta ciência e dos valores políticos.
Liberalismo é um conjunto de princípios e teorias políticas, que apresenta
como questão principal a defesa da liberdade política e econômica.
O capitalista compra a força de trabalho das pessoas para produzir bens
ou serviços que, após serem vendidos, permitem recuperar o capital
investido e obter um acréscimo, uma vantagem, denominada lucro, ou
seja, aumento do capital investido originariamente.
Socialismo surgiu no final do século XVIII, sendo considerado uma dou-
trina política e econômica, caracterizada pela ideia de modificação da
sociedade por meio da distribuição equilibrada de riquezas e proprie-
dades, enfraquecendo a distância entre ricos e pobres; é o oposto do
capitalismo.
Social-democracia surgiu no final do século XIX, por partidários do
marxismo, que apostavam que uma sociedade socialista deveria ocorrer
sem revolução, e sim pela reforma legislativa do sistema capitalista.
A classificação do romano Cícero, acrescentando uma quarta forma de
governo: governo misto.
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Referências
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Unidade 3
Ciência política
e sociedade
Wilson Sanches
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Introdução ao estudo
Há uma expressão que diz “a desgraça de quem não se interessa por política
é ser governados pelos que se interessam”. Muitos afirmam que política não
se discute. Ao contrário, nós acreditamos que política se discute sim e que
não se interessar pela política é impossível porque ela está presente em todos
os momentos de nossas vidas. A política enquanto relações interpessoais e a
política como intervenção institucional. Há um conjunto enorme de leis que
governam nosso dia a dia, todas elas decididas no âmbito da política, como
não se interessar? Como não discutir?
Apresentaremos brevemente nesta unidade alguns autores que discutiram a
política em todas as suas vertentes, muitos no sentido de construir uma proposta
que seguimos até hoje, outros que discordaram da forma como a política era e
é feita propondo novos rumos. O interessante é mergulharmos nesta aventura
que é aprender sobre grandes pensadores ao mesmo tempo que pensamos e
refletimos sobre nossa própria realidade.
compreender os homens reais, homens de carne e osso, que são movidos por
suas necessidades materiais e estão dentro de um contexto histórico. Karl Marx
(1818-1883) tentou explicar como os homens produzem sua existência social
por meio do trabalho e, além disso, pintou um quadro bastante completo de
como se dá a emergência da burguesia e o surgimento do proletariado urbano,
como, ao mesmo tempo, surgia o capitalismo industrial e as nações e os Estados
modernos se consolidavam.
Para Marx, o surgimento do Estado moderno não está desvinculado das bases
materiais, não há sentido estudar a política como se fosse algo desconectado
dos outros elementos da vida material, pois não é a política que diz como as
coisas são, é como as coisas são que diz como a política é. Vamos permitir que
o próprio Marx se explique:
O resultado geral ao qual cheguei, e que, uma vez adquirido
serviu de fio condutor aos meus estudos, pode ser formulado
brevemente assim: na produção social de sua existência, os
homens entram em relações determinadas, necessárias e
independentes de suas vontades, relação de produção que
corresponde a um grau de desenvolvimento determinado de
suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações
de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a
base concreta sobre a qual se ergue uma superestrutura jurí-
dica e política e à qual corresponde a formas de consciências
sociais determinadas. O modo de produção da vida material
condiciona o processo de vida social, política e intelectual
em geral. Não é a consciência do homem que determina o
seu ser; é inversamente seu ser social que determina a sua
consciência (MARX, 1978, p. 4).
78 CIÊNCIA POLÍTICA
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Atividades de aprendizagem
1. É possível falar de uma revolução dos trabalhadores hoje? Desenvolva
um pequeno texto argumentativo sobre essa questão.
2. Faça um pequeno texto argumentativo apresentando elementos que
comprovem e que contrariem a afirmação de Marx contida no Mani-
festo do Partido Comunista: “O Governo do Estado moderno é apenas
um comitê para gerir os negócios comuns de toda a burguesia”.
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Atividades de aprendizagem
1. Qual tipo de pacto há no Brasil: pacto legítimo ou ilegítimo? Justifique
sua resposta com dois argumentos.
2. No Brasil, podemos falar de uma soberania da coletividade segundo
os moldes de Rousseau? Utilize exemplos e argumentos para construir
um texto sobre este questionamento.
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88 CIÊNCIA POLÍTICA
Dimensões
Tipo de governo
Natureza Princípio
Um só governa, por meio de leis
Monarquia Honra
fixas e instituições
Governa o povo no todo ou em
República Virtude
parte (repúblicas aristocráticas)
Despotismo Governa a vontade de um só Medo
Fonte: Do autor (2014).
90 CIÊNCIA POLÍTICA
Atividades de aprendizagem
1. Analise a República brasileira e verifique se os três poderes (executivo,
legislativo e judiciário) possuem uma correlação de forças que permita
o equilíbrio ou se há algum poder que se sobreponha ao outro.
2. Faça um pequeno texto argumentativo sobre o seguinte tema: a repre-
sentatividade do cidadão no poder legislativo. Nesse texto você pode
abordar questões sobre se o poder legislativo de fato representa o povo,
e sobre como esse poder poderia desempenhar melhor seu papel.
92 CIÊNCIA POLÍTICA
teresse mais alto é o lucro, pode gerar um descaso nos indivíduos em relação
à coisa pública, de modo que o Estado, aos poucos, tomará para si todas as
atividades públicas e começará a decidir sozinho em todos os assuntos públicos,
e aos poucos irá intervir nas liberdades individuais.
Atividades de aprendizagem
Leia atentamente o texto a seguir de Mendes (2007):
94 CIÊNCIA POLÍTICA
96 CIÊNCIA POLÍTICA
Forma de exercício
Formas de governo Formas de desvio do governo
do poder soberano
Governo de um só Monarquia Tirania
Governo de poucos Aristocracia Oligarquia
Governo de muitos Polida Democracia
Fonte: Do autor (2014).
98 CIÊNCIA POLÍTICA
Permite a soberania nacional porque não precisa esperar quatro anos para
escolher novos representantes; se o chefe de governo não atende aos anseios
da população, ele pode ser destituído pelo parlamento, mesmo que não seja
o período eleitoral. Da mesma forma que o parlamento pode ser dissolvido
pelo chefe de Estado se aquele não atende seus cidadãos. A consulta pública
é constante.
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Atividades de aprendizagem
1. Se você pudesse escolher hoje o sistema de governo do Brasil, es-
colheria o parlamentarismo ou o presidencialismo? Justifique sua
resposta com um pequeno texto argumentativo.
2. Como as formas de governo influenciam nossas vidas? Quais são as
formas de participação política da população no presidencialismo?
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