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CURSO DE ENFERMAGEM
ADELAIDE BAIA
JULINETE BARBOSA
KÁTIA CARDIAS
LUCÉLIA OLIVEIRA
LUCIENE VERAS
MAURICIO ESTEVES
BELÉM
2009
ADELAIDE BAIA
JULINETE BARBOSA
KÁTIA CARDIAS
LUCÉLIA OLIVEIRA
LUCIENE VERAS
MAURÍCIO ESTEVES
Ass.: _____________________________________________________________________
BELÉM
2009
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................3
produzir a prova?..........................................................................................................................9
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................22
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................23
INTRODUÇÃO
Este texto sustenta que a violência sofrida pelas crianças e jovens possui fortes
vínculos com a condição de vulnerabilidade social em que se encontra nosso país. Ressalta-se
que a violência, embora, em muitos casos, associada à pobreza, não é sua conseqüência direta,
mas sim da forma como as desigualdades sociais, a negação do direito ao acesso a bens e
equipamentos de lazer, esporte e cultura operam nas especificidades de cada grupo social
desencadeando comportamentos violentos.
“(...) 1) tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de alguém (é
desnaturar); 2) todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de
alguém (é coagir, constranger, torturar,brutalizar); 3) todo ato de transgressão contra
o que alguém ou uma sociedade define como justo e como direito.
Conseqüentemente, violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou
psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela
opressão e intimidação, pelo medo e o terror (...).”
A noção de violência é, por princípio, ambígua. Não existe uma única percepção do
que seja violência, mas multiplicidade de atos violentos, cujas significações devem ser analisadas
a partir das normas, das condições e dos contextos sociais, variando de um período histórico a
outro.
Uma terceira concepção tem por foco a idéia de autoridade, que possui forte
conteúdo subjetivo e, segundo o autor, encontrasse na moda: trata-se da chamada violência moral
ou violência simbólica. Chesnais sustenta que “falar de violência neste sentido é um abuso de
linguagem, próprio a certos intelectuais ocidentais, excessivamente bem instalados na vida para
conhecer o mundo obscuro da miséria e do crime”.
O autor sustenta que somente a primeira concepção tem por base uma definição
etimologicamente correta, encontra amparo nos códigos penais e nas perspectivas profissionais –
médicas e policiais, por exemplo – quanto ao fenômeno. Assim, a violência física é que
significaria efetivamente a agressão contra as pessoas, já que ameaça o que elas têm de mais
precioso: a vida, a saúde, a liberdade.
“O termo é potente demais para que [um consenso] seja possível. Não obstante, um
entendimento do termo ditado pelo senso comum é, grosso modo, que a violência
classifica qualquer agressão física contra seres humanos, cometida com a intenção de
lhes causar dano, dor ou sofrimento. Agressões consideradas, com freqüência, atos
de violência. E é comum falar-se também de violência contra certa categoria de
coisas, sobretudo a propriedade privada.”
Na busca por definições mais finas, alguns autores disputam a relação entre o
conceito de violência, o de força e o de ser a violência necessariamente um regime de
excepcionalidade, tanto quando o nível de analise é o Estado, como grupos sociais e indivíduos.
Discute-se que na contra corrente, por não violência poder-se-ia apelar para a correlação de
forças, ou o reconhecimento de simetrias para resolver conflitos e se obter negociações. Assim,
segundo Bourdon e Borricauld (1982: 613), "a renuncia à violência não resulta de uma
conversão, mas de uma aprendizagem, que parte do reconhecimento de uma relação de forças
que se impõe às duas partes (...) sem ‘perder a face’ ".
Não parece fácil definir exatamente o que seja uma família (figura 1). Para Fukui
(1981), pode-se afirmar que não existe a família, mas uma diversidade de combinações
circunscritas histórica e socialmente. O convívio entre as pessoas pode ser variado, indiferente
ou não a “laços de sangue” e, mesmo assim, podemos defini-lo como um conjunto de relações
familiares.
Com o seu surgimento, a família nuclear trouxe consigo novos padrões de higiene e
novos hábitos alimentares (principalmente para as crianças, no que se refere à amamentação),
definindo novos rumos aos papéis da sexualidade e, consequentemente, ao casamento e à vida
afetiva (Ariés, 1973/1981). Outras transformações ainda ocorreram no seio da família nuclear.
Algumas dessas mudanças se deram principalmente pela nova atitude da mulher e o seu papel na
sociedade, inserindo-se no mercado de trabalho e, muitas vezes, sustentando toda a família. Seus
filhos, que antes viviam exclusivamente sob seus cuidados, hoje cada vez mais precocemente,
são obrigados a freqüentar creches, escolas e outras alternativas, que acabam atuando em sua
educação.
É importante que a família tenha momentos de encontro. A hora das refeições pode
ser um desses momentos. Parte do dinheiro da família deve ser destinada para as despesas com
as crianças. A divisão das tarefas, despesas e responsabilidades deve ser decidida em conjunto e
de acordo com a organização de cada família. Os projetos de vida, os sonhos, os medos também
devem ser compartilhados por todos. A família é responsável por criar, cuidar, educar, proteger e
garantir o desenvolvimento de suas crianças.
Ao ler sobre a violência doméstica (Figura 2) que nossas crianças estão submetidas,
seja ela negligência, violência física, psicológica ou mesmo sexual, pensamos logo em países
subdesenvolvidos, sem emprego e onde a fome toma conta da sua população. Seria verdadeira
essa afirmação? A violência por acaso não ocorre nos países europeus, ou na América do Norte?
O que levaria o agente agressor a tanta barbárie? Existem pesquisas que apontam a própria
família (pai ou mãe) com maio índice de agressão: pai 25% dos casos, mãe, 50%, pais 13%. As
pesquisas também apontam que quem revela os abusos são, na maioria a comunidade ou pessoas
autônomas.
O que existe na verdade é um problema mundial que deve ser considerado um tema
de grande preocupação de todos os poderes. Não conseguimos resolver, apenas instituindo leis,
estatutos sem uma conscientização de todos os envolvidos. Além das leis, a política de
atendimento da criança e do adolescente exige a criação de conselhos municipais, estaduais e
nacional de seus direitos com força de órgãos deliberativos e controladores das ações em todos
os níveis.
Violência física, segundo FERREIRA (2002, p. 21), são violências praticadas pelos
pais e/ou responsáveis que vão desde uma palmada até um espancamento e podem resultar em
hematomas, queimaduras, fraturas, engasgo, hemorragias internas e até a morte. Não é incomum
a comunicação de acidentes, por parte dos adultos responsáveis pelas crianças, para casos de
violência. Especialmente os sinais físicos de queimaduras e hematomas, provenientes de
violências, são mascarados em acidentes e levados diretamente aos profissionais de saúde, por
meio dos hospitais, postos de saúde e pronto socorros.
Devemos então fazer uma discussão não jurídica e sim de política educacional,
porque só a educação será o agente básico para essa transformação.
A infância, historicamente vista como objeto a serviço dos interesses dos adultos, a
partir do século XX, passa a ser compreendida como etapa do desenvolvimento humano. A
violência sexual contra crianças é um tema sobre o qual paira uma barreira de silêncio.
Esporadicamente, vem à baila sob forma de um escândalo envolvendo alguém famoso, como
aconteceu com o cantor Michael Jackson, e rapidamente desaparece. Quando o assunto é o abuso
praticado por alguém da família, o pacto é ainda mais inquebrantável. Não existem sequer
estatísticas confiáveis, porque na maioria das vezes a criança sofre calada a experiência
devastadora do incesto. Um passo importante para encarar a realidade desse crime terrível, pelos
efeitos sobre as pequenas vítimas e por violar um dos tabus fundadores da civilização.
Pizá & Barbosa fundadoras de uma clínica desde de 1996, afirmam ter registrados
mais de 2.000 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes de todas as classes
sociais, dos quais mais de 80% têm como agressor o próprio pai. As psicanalistas debruçaram-se
sobre 853 prontuários de atendimento a crianças entre 2 e 9 anos de idade, para tornar público o
drama do incesto sob o ponto de vista delas.
Como ajudar essas crianças, vitimadas justamente pelas pessoas em quem mais
deveriam confiar, a quebrar a barreira do silêncio? "A criança violentada vive emparedada pelo
seu próprio medo de falar e pela surdez de quem deveria ouvi-la", diz Graça Pizá. Por isso a
proposta do centro é formar uma rede de apoio e atendimento.
O triste é constatar que, mesmo quando a criança consegue ser ouvida em casa, o
crime não consegue ultrapassar as barreiras externas, como mostra o relato de uma mulher que
descobriu que seu ex-marido abusava da filha de 2 anos e quis processá-lo. Não conseguiu. Sem
prova material de estupro (que na maior parte das vezes não existe), seria palavra contra palavra.
Mais do que isso, a denúncia poderia virar contra ela, por acusação sem provas. "O que mais me
chocou foi a impossibilidade de agir. Eu não podia fazer nada", diz. Para a advogada Elizabeth
Sussekind, ex-secretária nacional de Justiça, o problema é que o Judiciário só crê no material, no
incontestável. Com isso, muitas vezes crianças que foram abusadas acabam devolvidas
judicialmente a seus agressores. É preciso começar a mudar essa lógica, definindo os caminhos
jurídicos de reconhecimento da credibilidade das vítimas, ressalvadas evidentemente com as
devidas garantias aos acusados. O principal, em qualquer circunstância, é ouvir o que a criança
tem a dizer. Esse é um direito fundamental de todo ser humano.
Ela demora a perceber que uma parte do que sente é nojo e não consegue
inicialmente expressar esse sentimento em palavras. Mas o exprime através de
monstros que têm "língua de fogo", "língua que me lambe". Um simples programa
de fim de semana com o pai vira história de terror no relato de uma dessas pequenas
vítimas. "Uma vez um caranguejo mordeu o meu dedo. Doeu muito. No domingo
papai me levou à praia, depois ao shopping. Tirou a minha roupa e eu me senti um
caranguejo. Ele é um monstro, um vampiro."
AVERSÃO
O encontro da sexualidade adulta com a infantil é muito violento. A
criança sente a invasão do corpo, mas não absorve seu significado.
"Morri um pouquinho"
SILÊNCIO
A barreira erguida em torno da violência torna invisível a
identidade da criança. A menina se representa num corpo de
mulher, de salto alto – e sem rosto.
Violência "invisível"
Inquirir a vítima, ainda que através de métodos que visam dar outra roupagem à
inquirição , com o intuito de produzir prova e elevar os índices de condenação, não assegura a
credibilidade pretendida, além de expor, a criança, a nova violência, ao forçá-la a reviver
situação traumática, renovando o dano psíquico produzido pelo abuso. Enquanto a primeira
violência foi de origem sexual, a segunda passa a ser psíquica e jurídica, na medida em que se
espera que a materialidade, que deveria ser produzida por peritos capacitados, venha ao bojo dos
autos através do depoimento da criança, sem qualquer respeito às suas condições de imaturidade.
Direito de ser “ouvida”, como prevê a Convenção (art. 12), não tem o mesmo significado de ser
“inquirida”. Considerar a “fala” da criança necessariamente não exige o uso da palavra falada,
porquanto o sentido da norma é muito mais amplo, estando a significar a necessidade de respeito
incondicional à criança em face de suas condições de desenvolvimento. A inquirição destina-se a
produzir prova, podendo levar o abusador, com quem tem laços afetivos, ainda que distorcidos, à
cadeia, recaindo sobre a ela a responsabilidade pelo evento. É comum, a criança avistar o
abusador, no ambiente forense, por ocasião de sua inquirição, ainda que o depoimento não seja
prestado na sua presença, fato que contribui para reacender o conflito e a ambivalência de seus
sentimentos, porquanto, em muitos casos, “nutre forte apego pelo abusador, com quem, no mais
das vezes, mantém vínculos parentais significativos”.
Delegacias de Polícia, Fóruns e Tribunais não são locais apropriados para crianças;
são, essencialmente, espaços de resolução de litígios envolvendo adultos.
A perícia, levada a efeito por psicólogos e/ou psiquiatras, especialistas na infância e
adolescência, no lugar da inquirição judicial da criança, nos crimes envolvendo violência sexual,
com ou sem vestígios físicos, mostra-se a melhor alternativa, permitindo ao Julgador obter a
prova através da constatação das lesões ou danos ao aparelho psíquico da vítima, podendo a
autoridade judiciária e as partes oferecerem quesitos a serem respondidos pelo Perito.
Quando a violência deixa vestígios físicos, não é a autoridade judicial que faz a
constatação direta das lesões, na sala de audiências, cabendo ao médico perito examinar o corpo
da vítima, em ambiente preservado, descrevendo os achados que serão disponibilizados não só
ao Julgador como também às partes, assegurado o contraditório e a ampla defesa preconizados
na Constituição Federal.
Sustentamos que a autoridade judicial, diante de pedido dos representantes legais da
vítima, da própria vítima ou do Ministério Público, devidamente justificado, de dispensa de
prestar depoimento, poderá deferi-lo, levando em consideração as condições pessoais da criança,
como idade, aspectos emocionais, existência de vínculo familiar ou afetivo com o réu. Ademais,
“a criança pode sempre se recusar a falar diante do juiz”, “o direito à oitiva tem como corolário o
direito de recusar de exprimir-se, isto é, o direito ao silêncio”, garantido expressamente na Carta
Maior, inclusive, ao réu (artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal).
A maior parte das crianças que trabalham mora na zona rural. As condições de
trabalho no campo são muito difíceis e prejudicam a saúde. Só as vezes as crianças recebem
pagamento e, mesmo assim muito pouco, em geral, o trabalho infantil é considerado ajuda e não
é remunerado.
Nas cidades, a maioria das crianças trabalham prestando serviços aqui e ali
(“biscates”): em supermercados e feiras livres, como carregadores, empacotadores; as que
trabalham nas ruas vedem frutas, balas, chocolates, ou são guardadores de carros; há ainda
crianças trabalhando em fábricas de roupas, calçados etc...5
Apesar de a incidência de trabalho infantil estar diminuindo, um grande número de
crianças continua trabalhando e por um período longo de horas. O Departamento de Estatística
da Organização Internacional do Trabalho estimou em 2000 que, mundialmente, existiam em
torno de 211 milhões de crianças entre cinco e 14 anos trabalhando. As maiores porcentagens
eram observadas na Ásia, na África e na América Latina. Enquanto a Ásia tinha a maioria dos
trabalhadores infantis em termos absolutos, a África ocupava o primeiro lugar em termos
relativos (ILO, 2002).
No Brasil, dados da PNAD de 2003 mostram que ainda existem mais de dois milhões
e setecentas mil crianças e jovens de cinco a 15 anos trabalhando ou 7,5% do total nessa faixa
etária, apesar de ter havido um declínio acentuado, principalmente, a partir da metade da década
de 90. Em 1992, por exemplo, havia quase cinco milhões e meio de crianças trabalhando,
correspondendo a 14,6% da população entre cinco e 15 anos1.
Trabalho infantil é uma atividade que gera benefícios imediatos na forma de renda,
mas também gera custos por não estudar e/ou por reduzir o tempo de lazer. Assim sendo, fatores
que afetam os benefícios do trabalho (salário), ou os custos (retornos à educação) também
afetarão a decisão com relação ao trabalho infantil.
Kassouf et al. (2001), utilizando dados do Brasil, mostram que quanto mais cedo o
indivíduo começa a trabalhar pior é o seu estado de saúde em uma fase adulta da vida, mesmo
controlando a renda, escolaridade e outros fatores. (O’Donnell et al.,2003), ao analisarem o
trabalho rural de crianças vietnamitas, concluem que as atividades realizadas durante a infância
aumentam o risco de doenças em uma fase posterior da vida.
A escola com o apoio da comunidade escolar e esta com o apoio da escola têm que
trabalhar no sentido de levar os pais à escola. Pais e professores não têm que discutir se devem
ou não colaborar, são obrigados a isso, todos estão ligados a tarefas comuns, "criar" as mesmas
crianças (figura 4). A escola nada pode sem a ajuda e o apoio contínuo, mas não incondicional
dos pais, cuja educação é uma das condições da boa adaptação escolar dos filhos7.
Por fim, também relacionada a esses problemas, encontra-se uma preocupação dos
jovens estudantes, referente a uma outra dimensão crucial de sua vida o trabalho. Em geral, a
principal inquietação dos jovens sobre a educação remete à questão da perda da importância do
ensino formal para sua inserção no mercado de trabalho: "Eu me pergunto: pra que o segundo
grau? E tenho que trabalhar não é? Não vejo bem a necessidade de um segundo grau para ganhar
dinheiro. Pedem mais é experiência." (Castro et al, 2001: 505).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência infantil não pode ser discutida com ressalvas e preconceitos. Deve-se
atentar para fatores tanto sociais, como culturais, políticos e econômicos, colocando de lado os
tabus e realizando ações efetivas de erradicação e prevenção, de forma a diminuir as ocorrências
que são provavelmente muito maiores do que apontam as estatísticas.