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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Humanidades
Unidade Acadêmica de Letras
Disciplina: Fundamentos da Prática Educativa
Professora: Ana Paula Sarmento
Aluna: Ana Carolina Guedes do Nascimento Costa

ESTÁGIO 01

1. Na charge apresentada observa-se a representação de uma sala de aula. No


primeiro quadrinho, uma sala de aula do fim da década de 60 enquanto no
segundo, tem-se uma sala de aula no ano de 2009. Nessa charge é possível
observar algumas mudanças pelas quais a escola passou ao longo do tempo
conforme descritas por Tardif e Lessard (2005). Na primeira imagem nota-se
uma situação onde o professor é a “figura central” da sala de aula, ele é um ser
dotado de autoridade e utiliza desta autoridade para disciplinar e transmitir
saberes/conhecimentos a seus alunos. Pode-se notar isso ao observar a cobrança
dos pais ao filho (aluno) sobre possíveis notas baixas. (Os pais questionam o
filho, enquanto aluno, “Que notas são estas?” enquanto têm em mãos algo que
parece ser um boletim escolar). O professor enquanto autoridade fez sua parte ao
transmitir o conhecimento/saber em sala de aula, cabia ao aluno captar esse
conhecimento/saber e, consequentemente, ter um bom desempenho (notas). O
professor (enquanto autoridade) não é questionado, visto que, neste caso, a
responsabilidade do desempenho/aprendizado cabe, supostamente, ao aluno. Na
segunda imagem, tem-se a mesma situação de sala de aula. Porém, desta vez, o
questionamento “Que notas são estas?” é feito, de maneira indignada, pelos pais
ao professor). Percebe-se a mudança sofrida pelo modelo escolar ao longo do
tempo: agora a escola enxerga o aluno enquanto indivíduo; o professor não é
mais a figura central, ele perdeu sua característica autoritária e disciplinar, neste
momento, espera-se dele uma percepção acerca de individualidades do aluno,
por exemplo, ritmo de aprendizagem, e que este adeque o ensino de acordo com
as necessidades individuais do aluno. Neste segundo momento, nota-se a
responsabilização do professor pelo mau desempenho do aluno, provavelmente
por ele não ter dado atenção às possíveis individualidades do aluno e após isso
ter (re)direcionado sua prática de ensino. Agora, o aluno não é mais diretamente
responsável pelo seu desempenho/aprendizado, este resultado depende, como
visto na charge, do professor.

2. Dentre outros aspectos, Tardif e Lessard (2005) apontam em sua obra que, num
modelo de escola atual (que condiz com o apresentado na charge) a “ordem na
classe” depende, basicamente, de uma ordem na escola, na comunidade e,
essencialmente no âmbito familiar. Observando a charge (um aluno,
possivelmente, pobre que vive uma realidade social de violência e que está
armado em sala de aula. Enquanto a professora, portando uma prova deste aluno
onde ele não conseguiu atingir uma “boa nota”, se vê em uma situação de
vulnerabilidade e ameaça ao ter que informa-lo acerca da nota, por não saber
qual será a reação dele) e comparando-a a esta reflexão apresentada, nota-se uma
perda da postura autoritária e disciplinar por parte do professor para manter a
ordem na classe e respeito às regras escolares. Os alunos, diversas vezes, vivem
uma realidade social de violência, esta realidade “além dos portões da escola”
provavelmente exerce influência no comportamento deles na escola/sala de aula.
Os professores passam a ter medo de exercer sua função e isso interfere
diretamente no ensino-aprendizagem nas escolas: a violência se faz presente na
sala de aula, o professor fica limitado quanto ao exercício de sua função e,
consequentemente, o aluno não consegue um bom desempenho. A interação
professor-aluno fica comprometida.

3. As funções sociais da escola descritas por Sacristán e Gómes(1998) consistem,


primeiramente, garantir a permanência/estabilidade do modelo de sociedade
atual, isto é, transmitir aos alunos saberes, ideias que são considerados aceitáveis
pela sociedade para garantir a existência dela. Basicamente consiste em
perpetuar costumes, ideias e práticas da sociedade. Ainda com base nesses
autores, a escola também exerce a função de “preparar cidadãos” uma vez que é
parte de seu objetivo, despertar um “senso crítico” do aluno enquanto indivíduo
para que este exerça sua “função de cidadão”. Os autores apontam a função de
preparar os alunos para o trabalho como, possivelmente, a função principal da
escola na sociedade moderna: é de interesse da escola preparar estes alunos para
serem indivíduos produtivos, assim como é objetivo da escola ajudar os alunos a
atenuar as dificuldades possíveis de suas realidades sociais e prepara-los para
viver e superar as possíveis “limitações”, adversidades geradas por tais
realidades sociais.

4. Num mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente, é uma das
principais funções da escola, preparar os alunos para serem indivíduos
produtivos. Basicamente, estuda-se na escola (educação básica), para obter-se
aprovação em uma prova de vestibular e ingressar na universidade (ensino
superior) e ter-se uma profissão (estar pronto para o trabalho). Ultimamente,
após “novas configurações” no modelo de educação brasileiro esta preparação
para o trabalho estaria ainda mais como objetivo central da escola: separar os
alunos de acordo com suas habilidades e interesses em determinadas matérias e
direcionar o ensino delas de acordo com a profissão a ser seguida. Preocupa-se,
basicamente, com a construção de um indivíduo produtivo, deixando a desejar,
provavelmente no que diz respeito aos outros aspectos que caracterizam a
função da escola, tais como, formar cidadãos críticos, por exemplo.

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